Raúl Prebisch - Keynes, uma introdução

June 17, 2018 | Author: joaoperin | Category: John Maynard Keynes, Saving, Keynesian Economics, Economics, Investing
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABCHistória do Pensamento Econômico - Professor Dr. Vitor Eduardo Schincariol João Luiz Calisto Perin – RA: 21025213 Keynes, uma Introdução – Prebisch, Raúl. Editora Brasiliense, 1991. Resumo Literário: O autor divide o livro em cinco principais capítulos que se subdividem-se em outros estudos de caso que se baseiam, principalmente, na obra “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” de John Maynard Keynes, publicado em 1936. O livro é caracterizado pela exposição dos argumentos de Keynes diante do estudo econômico, contraponto suas respectivas opiniões com os clássicos e os neoclassicistas. Em seu primeiro capítulo, denominado “Introdução ao Sistema Keynesiano”, o autor inicia expondo os quesitos de salário e desemprego na perspectiva keynesiana que, em certas partes, se alinha com as definições dos clássicos. A definição convergente vem da teoria de que os salários correspondem à produtividade marginal do trabalho, ou seja, “ [...] o incremento do produto correspondente ao incremento de emprego, deduzidos previamente os outros custos.” (p. 28). E o que, Keynes, segundo Prebisch, discorda em relação aos clássicos é no quesito da resistência marginal ao trabalho, que faz uma relação com a questão do desemprego. Os clássicos acreditam que o desemprego é dado devido à redução dos salários que é resultado de uma diminuição da produtividade, ou seja, o desemprego se deve ao fato do salário oferecido decorrente da produção não ser suficiente para atrair os trabalhadores para o trabalho. Já Keynes acredita que a questão do desemprego não se deve à decisão dos trabalhadores, mas sim a insuficiência da demanda que contrai a economia levando a um aumento no desemprego. A segunda parte do primeiro capítulo é dedicada à exposição dos quesitos de renda, poupança e investimento, em que, respectivamente, os 52). levando à uma maior ou menor propensão ao consumo. “visto que qualquer um deles é igual ao excedente da renda sobre o consumo”(p. a política fiscal de um país. haverá um aumento de Y vezes no número de empregos (considerando que não haja redução no número de empregados de outros setores). e sim está atrelado à diversos fatores como. Já a renda corresponde ao lucro dos empresários mais as rendas de todos os fatores produtivos. A teoria do multiplicador é baseada no pressuposto de que só há aumento do emprego se houver novos investimentos na sociedade ou a propensão à consumir de uma população mude. por exemplo. que é a do multiplicador. o comportando exercido pelas pessoas diante do mercado consumidor. Existem dois tipos de multiplicadores. introduzir esta teoria. o multiplicador de investimentos e o multiplicador de emprego. um acrescimento em X vezes da renda agregada da população. também. para. a propensão à consumir é dada de acordo com fatores objetivos e subjetivos. . O fator objetivo é. E o fator subjetivo é colocado como as reações institucionais e culturais dentro de uma sociedade. se fez a necessidade da explicação da questão da propensão ao consumo da população que são as “características psicológicas”(p. por exemplo. que seguem o mesmo raciocínio lógico que é de que se há um aumento do investimento em X vezes. 41). pelos quais se baseiam no nível do pleno emprego). em que a reforma de seus respectivos estatutos beneficiando a distribuição social da renda.dois últimos são classificados como iguais. há. pode influir diretamente na propensão ao consumo. O segundo capítulo é de muita importância pois o autor esclarece uma teoria importante de Keynes. o aumento da taxa juros (induzindo a população a poupar mais). Segundo o autor. ou seja. O autor relaciona o efeito multiplicador com a poupança baseando-se na análise de que o aumento desta não está diretamente atrelado ao aumento dos investimentos (como diriam os clássicos. e o mesmo ocorre caso haja um aumento em Y vezes nas obras públicas. E. da população diante do mercado. A eficiência marginal do capital é caracterizada pela “[.. ou seja. somente. a preferência pelo momento do consumo em relação ao momento em que esse consumo. Dentro da mesma perspectiva depressiva dos ciclos. por um lado. a principal característica da fase ascendente dos ciclos era o excesso de investimentos causado por um falsas perspectivas de crescimento para o mercado futuro.77). a preferência enquanto a forma que se desejava realizar a reserva caso a preferência pelo consumo seja postergada para o futuro. era um erro a elevação da taxa de juros diante de uma crise. para que. Keynes acreditava que. que acreditava que as depressões dos ciclos eram caracterizadas não tão somente pela alta da taxa de juros. dentro do sistema. O autor acrescenta no quarto capítulo a questão dos ciclos econômicos segundo a perspectiva de Keynes. já que era necessário a adição da preferencia por liquidez dentro do contexto.. principalmente. como. Foi então que Keynes afirmou que esta era uma forma incorreta de se elaborar a taxa de juros. as perspectivas comportamentais das pessoas dentro do mercado financeiro em um determinado espaço de tempo. e seu custo do outro” (p.O capítulo de número três é composto pela exposição dos conceitos de eficiência marginal do capital e das taxas de juros. piorando ainda mais a fase depressiva dos ciclos. foi realizado (no presente ou no futuro). de fato. Além disso. já que elas consistiam na determinação da taxa de acordo com. por um “repentino colapso da eficiência marginal do capital” (p. mas sim. já que esta desestimularia a produção de novos investimentos. segundo Prebisch. que resultava no decaimento direto dos investimentos. É a partir disso que Keynes sugere uma intervenção do Estado na propensão ao consumo da população. . Já a teoria geral da taxa de juros nos oferece uma explicação diferenciada das teorias até então publicadas. é acrescentado a questão da propensão ao consumo da população e o desemprego causado por esta crise devido ao baixo nível de investimento e consumo da população. 104). e existem alguns fatores que devem ser levados em conta quando se referir à eficiência de capital.] relação entre o rendimento futuro que se espera hipoteticamente de uma unidade adicional de capital. Este é o primeiro momento que Prebisch cita a questão do emprego. ele comenta a relação do desemprego entre a teoria de Keynes e o que os clássicos pensavam sobre este tema. Keynes sustenta que o produto marginal. no primeiro capítulo. Segundo Keynes. ou seja. Como já descrito. podemos analisar a crítica. porém sem que haja mudanças na estrutura produtiva e sua organização técnica. de fato. como já citado no resumo da obra. e consequentemente aumento do número de empregos e um maior nível de investimentos. O último capítulo do livro é usado para estudos de caso dentro das definições apresentadas por Keynes sobre as principais variáveis econômicas em seu livro. do Juro e da Moeda”. O autor segue fazendo comparações com os clássicos. as empresas podem ter decréscimos em seus rendimentos totais. o que. em um curto prazo de tempo. Os clássicos acreditavam que o desemprego era causado pela resistência marginal ao trabalho. diminui na mesma medida em que há o aumento do emprego pelo simples fato de que. dentro de um cenário em que não . os trabalhadores não faziam parte de atividades produtivas devido à causas específicas como a insuficiência do salário proposto para o emprego. Discussões sobre o livro: O livro escrito por Raúl Prebisch se mostra uma amostra crítica daquilo que Keynes expôs sobre conceitos e teorias econômicas em seu livro “A Teoria Geral do Emprego. o salário é igual ao produto marginal do trabalho. teoria pela qual Keynes refuta sua veracidade. Partindo do início do livro. exposição e comparação feitas por Prebisch em relação à teoria de Keynes sobre salário e todos os fatores que são influenciados quando este é modificado. em que logo após esta citação. ou seja. partindo desse pressuposto. e. provoca o desemprego é a falta de demanda agregada para o consumo de todos os bens ofertados. o salário.ocorra uma maior demanda agregada. agora se referindo à teoria de que o volume da demanda agregada seria o mesmo volume de produtos ofertados ao público. segundo ele. e Keynes contraria esta afirmação dizendo que este nível de equilíbrio da oferta e demanda é dado apenas em situações extremamente específicas e. Além disso. ou de consumir uma coisa específica numa data especificada. a população pode contar com recursos financeiros guardados. entende-se por lucro dos empresários a diferença entre as vendas e os custos dos produtos produzidos. seus conceitos dos ciclos econômicos. de fato é um absurdo. o conceito de renda agregada que. deixando para trás o nível de equilíbrio desejado. em um nível inferior ao nível do pleno emprego da sociedade. o que. produz um efeito depressivo sobre as atividades econômicas aplicadas na preparação .importa o nível de emprego existente. em caso desta depressão cíclica se agravar. em que sua extensa fase depressiva pode ser causada pela não propensão ao consumo da população. ou seja. a decisão de jantar ou de comprar um par de sapatos daqui uma semana ou um ano. necessariamente. mas não implica. ou até mesmo se estender mais do que esperado. representam mesma demanda necessária para que haja a circulação dos bens produzidos. que sob a perspectiva keynesiana. pois quando se ultrapassa este “subnível” a demanda se torna menor que a oferta. Assim sendo. a população tende a guardar mais seu próprio dinheiro. para que. por exemplo. em tempos de crise. é o lucro dos empresários acrescido das rendas dos fatores produtivos. A questão da poupança é bastante enfatizada durante todo o livro pois ela envolve inúmeros conceitos que Keynes. Prebisch esclarece. já que toda a remuneração paga pelos empresários aos trabalhadores. como. trouxe de maneira inovadora para a sociedade da época. diz serem iguais já que ambos representam a parte que não foi gasta no consumo de bens. Os temas poupança e investimento são abordados pelo autor. O trecho a seguir mostra a definição de poupança segundo Keynes: “Um ato de poupança individual – por assim dizer – uma decisão de não jantar hoje. também. o que os diferencia é que a poupança é o montante não gasto pelos indivíduos e o investimento é o montante não gasto pelos empresários. de certa maneira. ao contrário do que se acredita. O primeiro tipo de multiplicador muito se assemelha ao segundo já que ele representa a mesma quantidade de vezes acrescida no investimento e influencia com a mesma intensidade a renda agregada. aumentando em demasia sua produção. Voltando aos ciclos econômicos. Keynes é muito conhecido pela criação do efeito multiplicador em sua teoria. as variáveis são modificadas pelo investimento em obras públicas e a quantidade de emprego primário. Esta perspectiva é mostrada em contraste com as teorias existentes anteriormente que por sua vez estavam incompletas. tivemos a chance de entender como a questão do ato de poupar pode influenciar a economia. Partindo desta definição acima exposta pelo autor a taxa de juros era composta pela relação entre as preferências psicológicas . Este efeito multiplicador é dividido entre multiplicador de investimento e multiplicador de emprego.. e. 83). segundo Prebisch.] A taxa de juros é o fator de equilíbrio entre a demanda de fundos para novos investimentos e a oferta de poupança resultante das propensões psicológicas da comunidade” (p. bem como qual poderá ser o comportamento das pessoas dispostas ao acúmulo de poupança (a pessoa tendo a possibilidade de poupar para estar apta a realizar uma compra. devido a uma expectativa dilatada em relação ao consumo (acontecimento que não ocorre nas proporções desejadas). sendo a já descrita fase decadente e a fase ascendente.. Por meio de um exemplo bastante palpável. o ciclo. O autor dedica também uma boa parte do livro para a exposição da teoria geral da taxa de juros segundo a perspectiva keynesiana. entra em uma depressão. A fase ascendente é descrita como o momento em que há um grande excesso de investimentos nos setores produtivos. mas apenas a diminuição líquida desta demandas” (p. 71). A diferença entre ambos multiplicadores é que com relação ao emprego. ou somente a espera de um momento em que haja a necessidade do uso imediato do dinheiro). sem estimular as que preparam algum ato futuro de consumo. Não é uma substituição da demanda de consumo presente por uma demanda de consumo futuro. Keynes define estes ciclos econômicos por duas fases.do jantar de hoje. consequentemente. “[. ]”. reestabelecer a economia. teria sido necessário reduzir consideravelmente a taxa de juros. a saída encontrada por Keynes foi a de fazer exatamente o contrário. e além disso.. e. que é devido as baixas taxas de juros.. além de evitar investimentos mal dirigidos.. Ou seja. e baseando-se no que Keynes afirmava de que os investimentos e a poupança são iguais. aparentemente. em 1929. melhor discutidos. O que Keynes diz ser necessário acrescentar na elaboração da taxa de juros é qual seria a maneira escolhida pelo indivíduo para gerar liquidez. tenha havido um sobreinvestimento no sentido estrito da palavra [. de acordo com a análise do exemplo de Prebisch: “Seria absurdo pretender que nos Estados Unidos. já que o . todavia. ao invés de se elevar as taxas de juros para. há o aumento da taxa de juros. A crenças pelas quais se baseiam os teóricos sobre o aumento da taxa de juros durante os períodos de crise vem primeiramente da questão de que. A taxa de juros também influi diretamente na questão dos ciclos econômicos. durante este período o montante de investimentos acaba se revelando maior do que o montante da poupança. a de diminuir as taxas de juros para que os investimentos possam continuar a serem feitos. supostamente. estes devem entrar em equilíbrio novamente. diante de um momento em que haja um sobreinvestimento nos setores produtivos.de um indivíduo para a liquidez e sua preferência pelo momento pelo qual irá se consumir essa reserva. e para que isso se torna efetivo. ao invés de ser acompanhado pelo crescimento da poupança ele é coberto pelo aumento da quantidade de moeda circulante.. com isso. Outra questão levantada pelo autor com relação a razão do aumento da taxa de juros durante os períodos de crise é que com este incremento dos investimentos. Ocorreu. exatamente o contrário: “a taxa de juros manteve-se elevada o bastante para desanimar os novos investimentos”[. subentende-se a necessidade do aumento das taxas.] e para que a expansão se desenvolvesse sobre bases sadias. para que. Conclusão: O livro apresentado por Prebisch apresenta muitos conceitos keynesianos melhor explanados. Raúl. Referências bibliográficas: Keynes. 1991 . Editora Brasiliense. “escondidos” dentre seus dizeres. com teóricos anteriores a ele. contendo pontos teóricos. A razão pela qual o autor decidiu escrever o livro também se encaixa muito com a descrição desta conclusão já que o autor considerava a obra de Keynes bastante polêmica. uma Introdução – Prebisch. muitas vezes. bem como teóricos que surgiram depois dele (clássicos e neoclássicos).autor faz comparativos diretos entre o que Keynes apresentou.


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