Política Segundo a Bíblia - Wayne Grudem

June 7, 2018 | Author: danielsolano1000 | Category: Bible, God, Sin, State (Polity), Faith
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Política segundo a BíbliaWayne Grudem CINCO VISÕES EQUIVOCADAS A RESPEITO DE CRISTIANISMO E GOVERNO 1. O governo deve impor a religião Atualmente não é defendido por nenhum grupo cristão importante. Já aconteceu muitas vezes no passado com os cristãos e acontece ainda hoje com o Islamismo. Jesus distingue entre o reino espiritual e político (Mt 22:17-21). Jesus não obrigou ninguém a crer nele (Lc 9:52-54). Não é possível impor a fé autêntica. O reino de Jesus não é deste mundo. Devemos ser os primeiros a apoiar a liberdade religiosa. Igrejas estatais vão contra este princípio (Angicana/Inglaterra, Luterana/Noruega/Suécia, Católica/Espanha, etc). Não há problema com os benefícios fiscais desde que não privilegiem uma religião. Impor o Cristianismo só o destrói. 2. O governo deve excluir a religião Alegam que a religião é questão de foro íntimo e deve ser praticada em casa e ser excluída de eventos e locais governamentais. É um pensamento adotado por grande parte da sociedade secularizada de hoje. Ex: a exigênciade retirada de símbolos ou menções religiosas de eventos/locais públicos (exemplos nas páginas 35-38). Essa visão não distingue os motivos para uma lei e o conteúdo dela. Por esse raciocínio, todas as opiniões e até os votos dos cidadãos religiosos podem ser anulados. Esse pensamento desconsidera a vontade do povo. Transforma a liberdade religiosa em ausência de religião. Restringe a liberdade religiosa e de expressão. Afasta do governo as definições divinas de bem e mal. Na Bíblia, o povo de Deus aconselha os governantes, inclusive os ímpios (p. 45). A base espiritual dessa visão é a secularização do governo, que leva à secularização da sociedade, que leva à eliminação de valores morais absolutos (já que estes estão ligados à concepções religiosas), que leva à desintegração da sociedade. 3. Todos os governos são perversos e demoníacos Defendido por Greg Boyd em "O mito da nação cristã". Baseados em Lc 4:6 afirmam que todo governo serve a Satanás. Porém quem diz isso em Lc 4:6 é o Pai da mentira (Jo 8:44). A Bíblia afirma que Deus domina sobre o reino dos homens e que a função do governo civil é punir os que praticam o mal e honrar os que fzem o bem (Dn 4:17, Rm 13:1-6, I Pe 2:13,14). Eles afirmam que, segundo o ensinamento de Jesus, o Estado deve oferecer a outra face (Mt 5:39), não se envolvendo em guerras. São extremamente pacifistas, condenando a luta pela própria vida ou pelos inocentes. Confundem conduta individual com responsabilidade do governo. Uma abordagem mais pacifista teria acabado com a escravidão no EUA ou detido Hitler? Rejeitam qualquer tipo de poder imposto. Não distinguem um ato terrorista do combate ao terrorismo: se veio do governo é mau! Vêem a política como nas obras de Homero: os deuses (aqui, os demônios) induzem os homens à guerra e se divertem com eles. O grande perigo é que este raciocínio induz os cristãos a se oporem ao governo se ele combater o mal. 4. A Igreja deve se dedicar apenas ao evangelismo e não à política Defendido por Cal Thomas e John MacArthur em "Why government can't save you". Devemos ensinar toda a Bíblia e não apenas os evangelhos, e a Bíblia fala sobre a influência política e isso é fazer o bem. Os governos fazem muita diferença na obra do reino de Deus, facilitando ou impedindo a evangelização, condenando ou promovendo o mal, etc. O evangelho transforma pessoas, conseqüentemente transformando famílias, bairros, escolas, negócios, sociedades e governos. Desprezar o mundo material e só focar o espiritual é platonismo e gnosticismo. Neste caso teríamos que negar todos os textos bíblicos que falam sobre política, governo e leis: Rm 13:1-7, IPe 2:13-14, Gn 9:5,6 etc. Os cristãos estão na terra para pregar o evangelho e fazer o bem em todas as áreas da vida humana. O governo civil é usado por Deus para refrear o mal. Cristão exerceram muita influência positiva sobre os governos ao longo da história: lutaram contra o infanticídio, torturas, escravidão, sacrifícios humanos, racismo, pelos direitos humanos, liberdade, igualdade perante a lei etc. (ver livro: How Cristianity changed the world; Alvin Schmidt). O trabalho político não compete com o evangelístico, pois cada um tem a sua vocação. 5. A Igreja deve se dedicar à política e não ao evangelismo Era a ênfase do movimento do evangelho social do final do séc. IXX e início do séc. XX (parece-me a mesma da Teologia da Missão Integral). É um pensamento errado, já que a igreja deve acima de tudo pregar o evangelho, que transforma o coração humano. Mudanças autênticas e duradouras em uma nação só ocorrerão: 1 - Se o coração das pessoas mudar para fazerem o bem e não o mal (pelo evangelismo e poder do Evangelho); 2 - Se a mente das pessoas mudar para que suas convicções morais se alinhem com a Bíblia (pelo ensino, diálogo e debate público); 3 - Se as leis mudarem para incentivar a boa conduta e a punição do mal (pelo envolvimento político dos cristãos). UMA SOLUÇÃO MELHOR: INFLUÊNCIA CRISTÃ EXPRESSIVA SOBRE O GOVERNO Uma compreensão correta da Bíblia é necessária Isso é possível porque a maioria dos cristãos concordam nos temas mais importantes. A interpretação liberal distorce a Bíblia Base bíblica: • Daniel, Jeremias, José, Moisés, Neemias, Mordecai, Ester, Obadias, Jonas, Naum e vários outros são exemplos de homens usados por Deus para influenciarem governos pagãos no VT. João Batista e Paulo são exemplos no NT. • Os textos de Rm 13 e IPe 2 mostram a vontade de Deus para os governos. Estes textos estão na Bíblia para serem pregados. • Os cristãos têm a responsabilidade de saber a vontade de Deus, na Bíblia, para os governos. A história registra muitas influências positivas dos cristão sobre o governo A Teonomia (utilização das leis do VT como base para leis atuais) é um equívoco. Eleitores cristão não têm que votar exclusivamente em cristãos, mas em candidatos que defendam princípios mais próximos aos revelados na Bíblia. Sem a influência cristã os governos utilizarão qualquer padrão moral. Isso é catastrófico que considerarmos as forças espirituais envolvidas. Os pastores têm a responsabilidade de ensinar sobre política. Todos os cristãos têm a responsabilidade de se informar, votar e trabalhar pelo país. PRINCÍPIOS BÍBLICOS A RESPEITO DO GOVERNO A. Os governos devem punir o mal e incentivar o bem Em Gn 9:5-6 Deus afirma que usará pessoas para punir o mal feito por outras pessoas. A anarquia é vista como destrutiva em Jz 17 a 25. Os governos devem fazer justiça e defender os fracos (Sl 82:2-4). Os governos devem aplicar a punição sem demora para não incentivar o mal (Ec 8:11). Em Rm 13:1-7 vemos que o governo foi instituído por Deus, é servo de Deus (não que seja sempre obediente), é agente de punição da ira de Deus (cf. Rm 12:19), e deve incentivar o bem. I Pe 2:13,14 reforça estes princípios. Oferecer a outra face (Mt 5:39) é um princípio moral de regra geral para ser aplicado individualmente. B. E quanto às leis para Israel no Pentateuco? Não se deve aplicar diretamente essas leis hoje, devido a várias singularidades daquele contexto, por exemplo, Israel ser uma teocracia. C. Deus é soberano sobre todas as nações e todos devem prestar contas à ele. Deus governa sobre todos e é quem nomeia os governantes (Dn 2:21, 4:25). Deus responsabiliza as nações incrédulas por suas ações (diversos textos nos Profetas). D. O governo deve servir ao povo e buscar o seu bem. Conforme Rm 13:1-7 e I Pe 2:13-14. Usar o governo para benefício próprio é repetidamente condenado na Bíblia (Pv 17:23, Is 33:15 etc. pág. 123). E. Os cidadãos devem se sujeitar ao governo exceto em situações muito específicas. Conforme Rm 13:1-2 a regra geral é a sujeição ao governo, exceto quando se tem que escolher entre a lei dos homens e a de Deus (At 4:20, Dn 3:18, Ex 1:17-21, Dn 6:10, Mt 2:8-12). Os governantes são estabelecidos por Deus, mas Deus usa as pessoas para substituí-los, desde uma simples eleição até uma revolução. Rebelar-se contra governos tiranos historicamente tem sido considerado pelos autores cristãos como legítimo, desde tomas de Aquino e João Calvino até hoje. O raciocínio é que governos tiranos (e que não estão cumprindo sua missão de Rm 13), na verdade são criminosos se passando por governantes, ou seja, não são legítimos. Moisés e diversos Juízes lutaram contra a tirania. F. Os governos devem proteger a liberdade humana. A escravidão e opressão sempre são vistas de forma negativa nas Escrituras (Ex 20:2 etc.). O governo tem o dever de incentivar o bem. G. O governo não é capaz de salvar as pessoas nem de transformar, de modo fundamental, o coração humano. É Deus quem transforma o coração humano (Ez 36:26, Hb 8:10). Para que a sociedade seja transformada, as pessoas devem ser transformadas interiormente. Entretanto, os governos influenciam fortemente as convicções e comportamento moral das pessoas. As leis exercem uma função educativa. H. Princípios para uma relação correta entre igreja e Estado. A igreja não deve governar o Estado e o Estado não deve governar a igreja. O Estado deve apoiar grupos religiosos (isentando de impostos, por exemplo) no sentido de incentivar o bem. I. Os governos devem estabelecer uma divisão de poderes firme e clara. Na Bíblia os reis constantemente abusaram do poder. Jesus nomeou doze apóstolos como liderança, não um. As decisões importantes na igreja primitiva eram tomadas em concílios. As igrejas eram lideradas por presbíteros. O poder era sempre compartilhado. J. A lei deve estar acima dos governantes. K. A Bíblia apóia, de modo indireto, a democracia. A Bíblia não ordena explicitamente nenhum tipo de governo. Se todos foram criados à imagem de Deus, e são iguais perante Ele, então ninguém tem o direito de governar sobre o povo sem o consentimento dele. Como a função do governo (punir o mal e incentivar o bem) é para com o povo, então ninguém melhor que o povo para escolher o governo. Na Bíblia, muitos líderes escolhidos por Deus, buscaram a aprovação do povo (Ex 4:29-31, I Sm 7:5-6, I Sm 10:24). L. As nações devem valorizar o patriotismo. Deus é quem determinou a existência das nações (Jó 12:23). A existência de muitas nações não permitem que o poder sobre a Terra seja concentrado. UMA COSMOVISÃO BÍBLIA Deus criou todas as coisas. Esse é o fato mais importante do universo. Como e quando deve ser ensinado às crianças é um assunto a ser discutido. Na Bíblia Deus revela a si mesmo e seus padrões morais. Todos prestarão contas a Deus independente de sua fé. A criação original era muito boa. O trabalho, sendo parte da criação original, também é bom. Por causa do pecado original, o mal está presente em todo o coração humano. Isso tem várias implicações: O padrão moral não deve derivar do próprio ser humano, mas de uma fonte externa e confiável. A natureza humana não é fundamentalmente boa, e a prática do mal é fruto de escolhas. O ser humano é responsável por suas escolhas. O mal violento e irracional deve ser refreado pelas autoridades. Por causa do pecado Deus amaldiçoou todo o mundo natural. A natureza não é mais pura e boa. Deus quer que os seres humanos desenvolvam e utilizem os recursos da terra com sabedoria e alegria. Sem destruir a terra, cumprindo o mandamento de amar o próximo, inclusive as próximas gerações. CONCLUSÃO Deus governa os governantes e destino das nações. Deus realizará os bons propósitos que tem para os cristãos, a igreja e toda a história. Cristo voltará e governará as nações. Um avivamento que transformará a nação se desenvolve da seguinte forma: Um grande número de demonstrações de amor e compromisso com a oração no povo de Deus; Um profundo arrependimento do pecado e busca por santidade; Muitas conversões; A evangelização dará muitos frutos, inclusive em locais de influência como universidades e governo; Manifestações miraculosas acompanharão o avivamento; O ensino dentro da igreja será mais sólido e comprometido com mudança de caráter; Transformação da sociedade. _______________________________________________________________________________________________ PARTE DA BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Sobre o reino de Deus e governo civil Da autoridade secular, até que ponto se lhe deve obediência (1523); Martinho Lutero Institutas da Religião cristã (1559); João Calvino Calvinismo (1898); Abraham Kuyper Um manifesto cristão (1982); Francis Schaeffer Cristo e cultura, uma releitura; D. A. Carson Dezenas de outras referências sobre esse tema nas páginas 9-12 e 21-22. Ética cristã: Diversas referências (em inglês) nas páginas 80-81. Ética do Antigo Testamento: Diversas referências (em inglês) na página 119.


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