Pichon Rivière e os Grupos Operativos

May 1, 2018 | Author: Anonymous | Category: Documents
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Pichon Rivière e os Grupos Operativos 1- UM POUCO DA HISTÓRIA DE PICHON-RIVIÈRE De origem Suíça, mas filho de pais franceses Alfonso Pichon e Josefina de La Riviére, Enrique Pichon-Rivière definia a sua família como forte, unida e muito lutadora. Eram seis irmãos muito unidos e Pichon era o caçula. Seu pai foi expulso da academia por suas idéias políticas e foram então para Manchester, decidindo e seguida ir para a região do Chaco em plena selva argentina, mas devido às chuvas e inundações foram residir em Corrientes onde plantavam algodão e tabaco. Em Cacho Pichon viveu situações de inundações e colaborava na evacuação das pessoas do local e organizava um futebol para aliviar a tensão. Amante dos esportes foi campeão de e praticava natação, futebol, boxe (a exemplo do pai) e tênis. Gostava muito de observar a mãe quando esta se reunia com umas senhoras do povoado para conversar. Aos dezoito anos vai para Rosário para estudar medicina onde teve problemas com professores, pois dizia que os alunos ao estudar cadáveres eram preparados para os mortos e não para os vivos. Mas antes mesmo de entrar na academia estudou psiquiatria como autodidata para entender o mistério da tristeza. Inicia sua prática no Asilo de Torres onde utiliza o futebol como terapia grupal dinâmica. Atividades desenvolvidas por ele: • • • • • • • • • Funda a Associação Psicanalítica Argentina Funda o primeiro serviço especializado de atendimento para crianças e adolescentes Funda o Clube de Futebol Matienzo Fundador do Partido Socialista Candidato a Deputado pelo Partido Socialista Crítico de arte da revista Nervio Secretário do Comitê de Ajuda a Espanha Republicana Funda a IADES – Instituto Argentino de Estudos Sociais Membro titular da Associação Psicanalítica do Brasil Pichon-Riviére faleceu em um sábado 16 de Julho de 1977. Poucos dias antes do seu falecimento toda intelectualidade argentina se reuniu em um teatro para festejar seu aniversário em um ato que se chamou "Ao Mestre com Carinho". 2- O NASCIMENTO DOS GRUPOS OPERATIVOS Grossmann e Kohlrausch (2006, pág., 2) descrevem sobre grupos: Quando se pensa em grupo, logo pode ser feita a associação de que todo o ser humano faz parte de grupos ao longo de sua vida, desde o nascimento, quando inicia um relacionamento familiar, na escola, creche, igreja, comunidade, entre outros. Pode-se dizer que o ser humano só existe em função de seus relacionamentos grupais, já que é um ser gregário e busca constantemente uma identidade individual, grupal e social. Existem dois tipos de grupos: a família é o grupo primário, trabalho, estudos, instituições e outros são grupos secundários. Dentro do grupo familiar todos desempenham um papel, um denuncia o que se faz ausente, o que agüenta as situações, o que se deixa levar pelas emoções entre outras. Esses papéis se mantêm ao longo da vida e quando não são elaborados conscientemente e educados cristalizam-se, se tornam estereotipados acontecendo à repetição mecânica desse papel (FREIRE, 2000). Sendo um dos mais talentosos psicanalistas do hemisfério sul, Pichon-rivière criou a teoria dos grupos operativos a partir dos aportes teóricos psicanalíticos de Melanie Klein e de dinâmica de grupos de Kurt Lewin.. Sua formulação de grupos operativos foi considerada a maior contribuição latina americana para uma teoria unificada do funcionamento grupal. Quanto à denominação "grupos operativos ele disse tê-la concebido em uma situação de grupo em um ambiente de tarefa concreta. Em 1945, quando Pichon dirigia o setor de pacientes adolescentes no hospital psiquiátrico de Rosário, cidade da Argentina, viu-se obrigado a improvisar pacientes na função de enfermeiros pela falta de funcionários. Assim nascia os grupos operativos, habilitando pacientes para operarem a função de enfermeiros. Descobriu-se o benefício terapêutico proveniente dessa própria aprendizagem dos pacientes, entendendo que não há distinção clara entre grupo terapêutico e grupo de aprendizagem (OSÓRIO, 2003). 3- OS GRUPOS OPERATIVOS 3.1 Características Segundo Pichon-Rivière, entende-se por grupo um conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes e se reúnem em torno de uma tarefa específica, um objetivo mútuo, onde cada participante é diferente e exercita sua fala, sua opinião, seu silêncio, defendendo seu ponto de vista. E neste grupo o indivíduo constrói sua identidade introjetando o outro dentro de si, ou seja, mesmo quando uma pessoa está longe posso chamá-la em pensamento ou mesmo todo conjunto. Assim o sujeito constrói sua identidade na sua relação com o outro, estando povoado de outros grupos internos de forma que todos esses integrantes do nosso mundo interno estão presentes em nossas ações. (FREIRE, 2000) Os grupos operativos se caracterizam pela relação que seus integrantes mantêm com a tarefa, que pode ser de cura ou aquisição de conhecimentos por exemplo. As finalidades e propósitos dos grupos operativos são as atividades centradas na solução de situações estereotipadas, dificuldades de aprendizagem e comunicação, devido à acumulação de ansiedade que desperta toda mudança. A ansiedade diante da mudança pode ser depressiva (abandono do vínculo anterior) ou paranóide (criada pelo novo vínculo e as inseguranças) (OSÒRIO, 2003). 3.2 Como se forma a estrutura de um grupo Segundo Pichon a estrutura de um grupo se compõe pela dinâmica dos 3D: • • • Depositado Depositário Depositante Depositado é algo que o grupo ou um indivíduo, não pode assumir em seu conjunto e o coloca em alguém, que aceita.Depositário é aquele em que é projetado, descarregada a debilidade familiar, ele assume o doente, o frágil, e assim os demais se sentem fortes e sadios, pois o problema está nele. Depositantes são todos aqueles que colocam para fora que depositam no depositário (FREIRE, 2000). 3.3 Os componentes do grupo Segundo Pichon são cinco os papéis que constituem um grupo: • • • • • Líder de mudança Líder de resistência Bode expiatório Representantes do silêncio Porta voz O líder de mudança é aquele que leva a tarefa adiante, enfrenta conflitos e busca soluções, arrisca-se diante do novo. O líder de resistência puxa o grupo para trás, freia avanços, ele sabota as tarefas, levantando as melhores intenções de desenvolvê-las, mas poucas vezes cumpre. O líder de mudança na direção dos ideais do grupo às vezes se descuida do princípio de realidade, de forma que para cada acelerada sua é importante uma brecada do líder de resistência de forma que os dois são necessários para o equilíbrio do grupo. O bode expiatório assume as culpas do grupo, o livrando dos conteúdos que provocam medo, ansiedade, etc. O representante do silêncio assume as dificuldades dos demais para estabelecer a comunicação, obrigando o resto do grupo a falar. O porta voz é aquele que denuncia a enfermidade grupal, é ele quem denuncia as ansiedades do grupo, verbaliza os conflitos que estão latentes no grupo. Para identificar se alguém está desenvolvendo o papel de porta voz deve-se observar como o conteúdo expressado causa ressonâncias no grupo (Freire, 2000). UMA ÚLTIMA TAREFA Para elaborar a consideração final deste trabalho propomos a tarefa de apontar alguns pontos importantes que não foram contemplados no decorrer do texto. Além das influencias psicanalíticas e deda dinâmica de grupos os grupos operativos têm ainda como marco conceitual, as idéias sobre teoria de campo, a tarefa, o esclarecimento, a aprendizagem, a investigação operativa, a ambigüidade, a decisão, a vocação, as técnicas interdisciplinares e acumulativas, a comunicação e os desenvolvimentos dialéticos em espiral (Pichon-Rivière, 1998) Picho-Rivière também criou a teoria do vínculo que vai mais além da visão intrapsíquica da psicanálise situando o homem no contexto de suas relações. Elaborou o Esquema Conceitual Referencial Operativo (ECRO), um dos eixos de sua teoria, onde o referencial é o conjunto de experiências, conhecimentos e afetos prévios que os indivíduos pensam e agem em grupos, mas que para se tornar operativo gerar as mudanças pretendidas, precisa da aplicação de uma estratégia (a criação de uma situação de laboratório social), de uma tática (a abordagem grupal) e de uma técnica (focando na tarefa proposta), onde o papel do copensor (nome que Pichon gostava de dar para o coordenador) é de criar, manter e fomentar a comunicação entre os membros do grupo (OSÒRIO, 2003). Entre muitas outras coisas Pichon vai nos falar das defesas que impedem dificultam a realização da tarefa, dos conceitos de horizontalidade, verticalidade, descobertas de universais, somatória de idéias etc. Acreditando já ter atingido o objetivo deste estudo de apresentar e dar um entendimento breve sobre a teoria dos grupos operativos nos limitaremos ao que já foi falado e passamos a palavra para esse que foi sem dúvida um dos grandes intelectuais de todos os tempos na área da Psicologia Grupal, Pichon-Rivière: É a confrontação que implica a experiência corretiva, quando o sujeito pode se integrar, em uma situação de sofrimento tolerável pela discriminação dos medos básicos, o que determina um manejo mais adequado das técnicas do ego, na tarefa de preservação do bom e controle do mau (1998, pág., 204). REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ABDUCH, Chafi Grupos Operativos com Adolescentes. Abs Adolec, BIREME,http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap28/cap28.ht m acesso no 07/05/2010. FREIRE, Madalena. O que é um grupo? In: Paixão de Aprender, ano I. nº.1, dez 2000 GROSSMANN, E; KOHLRAUSCH, E. Grupo e funcionamento grupal na atividade dos enfermeiros: Um conhecimento necessário. Revista Gaucha de Enfermagem, v.27, 2006. OSÓRIO, Luiz Carlos. Psicologia Grupal: Uma nova disciplina para o advento de uma era. Porto Alegre: Artmed, 2003. PICHON-REVIÉRE, E. O processo grupal. 6ºed. Rev. São Paulo: Martins Fontes, 1998


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