LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS ³Não basta ser alfabetizado para realmente saber ler. Há leitores que deixam os olhos passarem pelas palavras, enquanto sua mente voa por esferas distantes. Esses lêem apenas com os olhos. Só percebem que não leram quando chegam ao fim de uma página, um capítulo ou um livro. Então devem recomeçar tudo de novo porque de fato não aprenderam a ler. É preciso ler, mas, também é preciso saber ler. Não adianta orgulhar-se que leu um livro rapidamente em algumas dezenas de minutos , se ao terminar a leitura é incapaz de dizer sobre o que acabou de ler´. Galliano (1986:70) A LEITURA E SEU APRIMORAMENTO A leitura é tão significativa que nos motiva ao aprendizado logo nos primeiros anos de nossas vidas. Sem a leitura o avanço no conhecimento científico torna-se impossível, pois nos detemos ao discurso dos outros. Podemos afirmar que a leitura constitui um fator decisivo, porque, através dela, temos a oportunidade de ampliar e aprofundar os estudos, visto que os textos formam uma fonte praticamente inesgotável de conhecimentos. Normalmente existem duas espécies de leitura: uma praticada por cultura geral ou entretenimento desinteressado, que ocorre quando você lê uma revista ou um jornal; e outra que requer atenção especial e profunda concentração mental, realizada por necessidade de saber, como por exemplo, quando você lê um livro, um texto de estudo ou uma revista especializada. Para que a leitura seja eficiente, eficaz e proveitosa, orienta-se dedicada atenção no que se está lendo, caso contrário a leitura será superficial e, portanto, pouco entendida. Além de atenção, há necessidade de velocidade na leitura. Pela orientação de Galliano (1986:70), ao ler um parágrafo, o leitor deve fazer uma leitura rápida, obedecendo as pausas que, com um bom treinamento, passam ser momentos de fixação. Em um texto já existem as pausas, que se apresentam em forma de pontuação, já efetivadas pelo autor. A pontuação tanto assinala as pausas e entonação na leitura, como também serve para separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas. Uma outra finalidade da pontuação é esclarecer o sentido da frase. A duração da pausa é também um problema importante, porque está diretamente relacionada com a sustentação da atenção do leitor no texto. A leitura é tanto melhor quanto mais curta é a pausa de fixação dos olhos. Com relação a velocidade na leitura proveitosa, Galliano (1986:79) ressalta que ³campo de visão, quanto à leitura, é o número de palavras que os olhos são capazes de absorver numa única parada. Quando encontram seu momento de fixação eles enfocam uma palavra, mas são capazes de captar outras tantas à esquerda e à direita da enfocada. Ora, quanto maior for o número de palavras captadas entre uma pausa e outra, maior será o campo de v isão do leitor. E quanto mais amplo for este campo, melhor será a leitura, pois em cada parada poderá absorver maior quantidade de texto, ou seja, abranger maior µextensão¶ do conteúdo expresso pelas palavras´. Se o seu campo de visão for estreito, limitando somente a palavra que você está lendo naquele momento, torna-se prejudicial e sua leitura fica comprometida, e, portanto, lenta. Quando o comportamento ocorre desta maneira, sua percepção acaba ligando palavras sem sentido, devido às interrupções das pausas e o ritmo apropriado. Quanto mais lenta é a leitura, mais facilmente a atenção se dispersa. Convém você aumentar o seu campo de visão, treinando absorver na leitura o máximo de palavras à esquerda e à direita da palavra enfocada no momento da leitura. Outra orientação importante sugerida por Galliano (1986:80) para você tornar a leitura mais veloz é a seguinte: ao enfocar a última palavra de uma linha, passe rapidamente para a primeira palavra da linha seguinte, mas já se fixando nas palavras que se encontram no centro desta mesma linha. Cada assunto requer uma velocidade própria de leitura. A velocidade visual e mental de um livro técnico é diferente da de uma história em quadrinhos, pois a literatura de ficção pode ser absorvida mais rapidamente do que uma obra teórica especializada, já que exige menos reflexão por parte do leitor. Após um bom treinamento em sua leitura, mostrando sensíveis melhoras, que unem melhor rendimento com maior velocidade de leitura, não se pode esquecer que, para o domínio de um texto, exige-se: avaliação, discussão e aplicação. É preciso questionar a validade do texto, discutir com outras pessoas, porque, às vezes, a opinião de outras pessoas permite a descoberta de pontos importantes que passaram despercebidos durante a leit ra, ou então u acrescenta informações em alguns aspectos, bastante relevantes. Discutir é também uma forma de melhor analisar e avaliar o que se lê. Para concluir o significado da leitura, devemos fazer aplicação, quando possível, do conteúdo lido. Tal procedimento corresponde ao coroamento final da aprendizagem de um texto absorvido. A eficiência de uma boa leitura está, geralmente, relacionada com o ambiente. É preciso, portanto, que o leitor proporcione condições ambientes favoráveis para efetuar sua leitura, de modo que se sinta fisicamente confortável para dedicar toda a sua atenção ao que lê. Para um bom rendimento na leitura, devem ser evitados: má iluminação, agitação, posição de má acomodação do corpo e barulho. Estes fatores perturbam a concentração e conduzem à dispersão das idéias. Quando as condições ambientais não são propícias para a leitura, torna-se difícil captar o sentido do que se lê. Caso seja impossível dispor de condições ambientais favoráveis, deve -se estabelecer um determinado controle, concentrando bem mais na leitura, esquecendo os fatores externos. O que também colabora com uma boa leitura é o silêncio interior. Cada leitor pode desenvolver seu processo pessoal. A preparação mental por alguns minutos, buscando a concentração, é uma ótima técnica para se obter o silêncio interior, e tem mostrado ser um fator positivo em numerosos estudantes. Um outro fator preponderante na leitura de um texto é o domínio do vocabulário. Se o leitor tem o hábito de ler freqüentemente e sua leitura é ampla e abrange vários assuntos distintos, então deve realmente dominar um vocabulário significativo. Existem vocábulos de uso comum, popular e geral, e vocábulos especializados, de uso restrito a determinadas áreas. Quando o vocabulário do leitor for reduzido, constitui-se um obstáculo à leitura proveitosa. Quando se desconhece o significado de certas palavras, a melhor maneira é consultar um dicionário, a fim de que seu sentido seja imediatamente esclarecido. Outra possibilidade consiste em prorrogar este esclarecimento, dando-lhe a possibilidade de ocorrer no prosseguimento da leitura, isto é, tentar descobrir o sentido do vocábulo desconhecido, através do contexto em que está inserido. Uma palavra mal compreendida ou mal interpretada pode definir ou mudar todo o sentido do texto. Quando esta palavra acontece de ser a palavra chave, então a situação será ainda mais desastrosa. ESTUDO DO TEXTO Para estudar um determinado texto, devemos fazê-lo como um todo até adquirir uma visão global, para que possamos dominar e entender a mensagem que o autor pretendia relatar quando escreveu. Os textos de estudos requerem reflexão por aqueles que os estudam e, portanto, a leitura dos mesmos exige um método de abordagem. Devemos compreender, analisar, interpretar e, para isso, temos que criar condições capazes de permitir a compreensão, a análise, a síntese e a interpretação de seu conteúdo. Analisar ± decompor um texto completo em suas partes para melhor estudá-las. Sintetizar ± reconstituir o texto decomposto pela análise. Interpretar ± tomar uma posição própria a respeito das idéias enunciadas no texto, isto é, dialogar com o autor. Antes de analisar um texto, convém sublinhar, esquematizar e resumir. Como sublinhar: Sublinhar é passar um traço abaixo de uma palavra ou frase. Hoje, com o emprego do computador, podemos sublinhar de uma outra forma, ora digitando em negrito, ora em itálico. Galliano (1986:86) sugere as seguintes etapas para o leitor sublinhar corretamente: I ± Ler atentamente o texto e questioná-lo, procurando encontrar as respostas para os questionamentos iniciais. II ± Assinalar em uma folha de papel os termos, conceitos, idéias etc, que deverão ser pesquisados após a leitura inicial. III ± Fazer a segunda leitura e, a partir daí, sublinhar a idéia principal, os pormenores mais significativos, enfim, os elementos básicos da unidade de leitura. A prática possibilitará que o leitor perceba que raramente será necessário sublinhar uma oração inteira. Quase sempre é uma palavra-chave que se apresenta como elemento essencial. Na realidade, a regra fundamental é sublinhar apenas o que é importante para o estudo realizado, e somente depois de estar seguro dessa importância. O correto é que, ao ler o sublinhado, seja possível obter claramente o conteúdo do que foi lido. Como esquematizar: Esquematizar é fazer um esquema do que se leu, que na realidade corresponde a uma representação gráfica e sintética do texto. O esquema é montado em uma seqüência lógica, que apresenta as principais partes do conteúdo do texto, mediante divisões e subdivisões. Ele facilita a compreensão do texto, permitindo uma reflexão melhor, além de possibilitar a rápida recordação da leitura no caso de consultas futuras. Exemplo: Ocorrência periódica (época do Natal) Águas do Oceano Pacífico Atividade de pesca do Peru Corrente marítima de Humboldt Águas frias das regiões polares para as regiões sul-equatorianas Inflete para oeste antes de atingir o equador (costas da Austrália e das Ilhas Salomão) Microrganismos animais e vegetais de vida aquática (plâncton) FENÔMENO EL NIÑO Desvio da corrente de águas frias Alimentos para os peixes Inflete para oeste, antes de atingir as costas do Peru Ventos provindos do oeste Ar quente Aquecimento das águas costeiras do Peru Diminuição da quantidade de plâncton Queda do rendimento pesqueiro Uma outra forma de apresentar um esquema é através de uma listagem hierarquizada por diferenciação de espaço e/ou subdivisão numérica, como o seguinte: FENÔMENO EL NIÑO 1. Ocorrência periódica (época do Natal). Águas do Oceano Pacífico. 1.1.1. Atividades de pesca do Peru. 2. Corrente marítima de Humboldt. Águas frias das regiões polares para as regiões sulequatorianas. 2.1.1. Inflete para oeste antes de atingir o equador (costas da Austrália e das Ilhas Salomão). 3. 4. 5. Microrganismos animais e vegetais da vida aquática (plâncton). Alimentos para os peixes. Desvio da corrente de águas frias. Inflete para oeste, antes de atingir as costas do Peru. Ventos provindos do oeste Ar quente. 5.1.1. Aquecimento das águas costeiras do Peru. 6. Diminuição da quantidade de plâncton. Queda do rendimento pesqueiro. Como resumir: O resumo é uma técnica empregada para a condensação de um texto, sendo bastante útil quando há necessidade de uma rápida leitura, para recordar o essencial do que se estudou e a conclusão a que se chegou. A Norma NB-88, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), define resumo como ³apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto´. Em outras palavras: apresentação sucinta, compacta, sintética, dos pontos mais importantes de um texto, selecionando as principais idéias do autor. Para fazer um resumo é aconselhável uma primeira leitura, seguida de um esboço do texto, na tentativa de captação da idéia principal. Duas questões deverão ser levantadas: de que trata este texto? O que pretende demonstrar? Acreditamos que ao proceder desta maneira, o estudante identificará a idéia central e os propósitos que nortearam o autor a escrever o texto. Segue-se a este procedimento a tentativa de descoberta das partes principais que estruturam o texto. Galliano (1986:90) destaca três itens que apresentam as normas práticas de elaboração do resumo: Não resumir antes de levantar o esquema ou preparar as anotações da leitura. É praticamente impossível resumir o que não se conhece. Por isso, para elaborar o resumo o estudante deve basear-se em suas anotações prévias e guiar-se pelo esquema do texto. É possível resumir o que se conhece sobre algum assunto. No entanto, resumo de texto implica, necessariamente, fidelidade ao texto original e, neste caso, não se pode confiar na memória. Ao redigir, usar frases breves, diretas e objetivas. O resumo tem a finalidade essencial de abreviar. É preciso ser conciso e claro ao transpor o pensamento do autor. Para isso, use as idéias mais importantes do texto, tratando de abrevia-las em poucas palavras e encadeá-las em seqüência. Mas não se deve ser tão conciso no resumo quanto no esquema. Havendo necessidade, as transcrições devem ser feitas e colocadas entre aspas, completando a referência com o número da página entre parênteses, a fim de indicar o local onde se encontra no texto original. Acrescentar referências bibliográficas e observações de caráter pessoal, sempre que necessário. Como o esquema, o resumo é também um instrumento de trabalho e deve ser o mais funcional possível. Portanto, pode e deve oferecer, ainda que de maneira concisa, todos os elementos necessários à evocação do que se estudou, sem que seja necessária uma nova leitura do texto original. Como a fidelidade do texto é obrigatória, assegure-se de que fique clara a diferenciação entre o que é resumo do texto e o que é complementar e resultado do estudo, tais como idéias integradoras, referências bibliográficas, e observações de caráter pessoal ou citações de outras fontes. As regras para a elaboração de um resumo, segundo Serafini (1986:149), citado em Medeiros (1997:104), são: supressão, generalização, seleção, construção. A supressão elimina palavras secundárias do texto. Em geral são os advérbios, adjetivos, preposições, e outras, desde que não necessários à compreensã do texto. o A generalização permite substituir elementos específicos por outros genéricos. Por exemplo: ³Em geral as águas frias são ricas em microorganismos animais e vegetais de vida aquática´. Generalizando, temos: ³Em geral as águas frias são ricas em plâncton´. A seleção cuida de eliminar obviedades ou informações secundárias e ater às idéias -se principais. Exemplo: ³Mas periodicamente, por ocasião das festas natalinas, havia um desvio dessa corrente, que infletia para oeste antes de atingir as costas do Peru. Ao mesmo tempo, ventos provindos de oeste traziam ar quente, que causava um aquecimento anômalo das águas costeiras do Peru´. Selecionando alguns elementos, temos : ³Por ocasião das festas natalinas, as correntes infletidas para o oeste e ventos provindos, também do oeste, traziam ar quente, causando aquecimento das águas costeiras do Peru´. A construção de uma nova frase (paráfrase), respeitando-se, porém, o conteúdo daquela que lhe deu origem, torna este texto anterior apresentado como: As águas costeiras do Peru apresentam aquecimento no período natalino, devido a dois fatos: águas correntes que inflete para oeste e ventos com ar quente trazidos desta mesma região. O resumo difere do esquema quanto à forma de apresentação, mas ambos apresentam a mesma finalidade: sintetizar as idéias do autor, mantendo fidelidade. Para Lakatos e Marconi (1992:74), os tipos de resumo são: indicativo ou descritivo, informativo ou analítico, e crítico. Ele é indicativo ou descritivo, quando faz referência às partes mais importantes, componentes do texto. Esta forma de resumo utiliza frases curtas, cada uma correspondendo a um elemento importante da obra. Não é simples enumeração do sumário ou índice do trabalho e não dispensa a leitura do texto completo, pois apenas descreve sua natureza, forma e propósito. Conforme Medeiros (1997:119), o resumo do tipo indicativo caracteriza-se como um sumário narrativo, que elimina dados qualitativos e quantitativos e refere-se às partes mais importantes do texto. O resumo informativo ou analítico é mais amplo do que o indicativo contém todas as informações principais apresentadas no texto e permite a dispensa da sua leitura. Tem a finalidade de informar o conteúdo e as principais idéias do autor, salientando: os objetivos e o assunto (a menos que se encontre explicitado no título); os métodos e as técnicas (descritivas de forma concisa, exceto quando um dos objetivos do trabalho é a apresentação de novas técnicas); os resultados e as conclusões. Este tipo de resumo não deve conter comentários pessoais ou julgamento de valor, do mesmo modo que não deve formular críticas. Deve ser seletivo e não mera repetição sintetizada de todas as idéias do autor. Utilizam-se, de preferência, as próprias palavras de quem fez o resumo, e quando citam-se as do autor, estas são apresentadas entre aspas. Ao final do resumo, deve-se indicar as palavras-chaves do texto e evitar expressões como: o autor disse, o autor falou, segundo o autor ou segundo ele, a seguir, este livro (ou artigo, ou documento) e outras do gênero. Ou seja, todas as palavras supérfluas. Nesse tipo de resumo deve-se dar preferência à forma impessoal. O resumo crítico é aquele onde se efetua um julgamento sobre o trabalho. É a crítica da forma, no que se refere aos aspectos met dológicos; do conteúdo, quanto ao o desenvolvimento da lógica da demonstração; da técnica da apresentação das idéias principais. No resumo crítico não pode haver citações. Medeiros (1997:120) enfatiza que o resumo crítico também é denominado de resenha e compreende a análise e interpretação de um texto. Segundo a NB 88, da ABNT, deve-se evitar o uso de parágrafos no meio do resumo. Portanto, o resumo é constituído de um só parágrafo. Análise de Texto: É necessário o leitor relembrar que análise significa estudar um todo, dividindo em partes, interpretando cada uma delas, para a compreensão do todo. Quando se faz análise de texto, penetramos na idéia e no pensamento do autor que originou o texto. Para que o estudo do texto seja completo, temos que decompô-lo em partes e, ao fazê-lo, estamos efetuando sua análise. Para a análise do texto, Galliano (1986:91), apresenta um esquema que inclui: a) b) c) Análise Textual ± leitura visando obter uma visão do todo, dirimindo todas Análise Temática ± compreensão e apreensão do texto, que inclui: idéias, Análise Interpretativa ± demonstração dos tipos de relações entre as idéias as dúvidas possíveis, e um esquema do texto. problemas, processos de raciocínio, comparações e esquema do pensamento do autor. do autor em razão do contexto científico e filosófico, de diferentes épocas, e exame crítico e objetivo do texto: discussão e resumo. Severino (2000:54) elaborou um modelo de análise de texto, com o acréscimo de mais dois itens: problematização e síntese pessoal. A problematização consiste no levantamento dos problemas e discussão, enquanto a síntese pessoal trata da reunião dos elementos de um todo, após a reflexão. Lakatos e Marconi (1992:23) enfatizam que ³a análise do texto ou a maneira de estudá lo depende sempre do fim a que se destina. Os textos de estudo de caráter científico requerem, por parte de quem os analisa, um método de abordagem e certa disciplina intelectual´. Afirmam ainda que a análise do texto tem como objetivo levar o estudante a: aprender a ler, a ver, a escolher o mais importante dentro do texto: reconhecer a organização e estrutura de uma obra ou texto; interpretar o texto, familiarizando-se com idéias, estilos, vocabulários; chegar a níveis mais profundos de compreensão; reconhecer o valor do material, separando o importante do secundário ou acessório; desenvolver a capacidade de distinguir fatos, hipóteses e problemas: encontrar as idéias principais ou diretrizes e as secundárias; perceber como as idéias se relacionam; identificar as conclusões e as bases que as sustentam. Análise Textual: Para efetivar a análise textual, inicialmente o leitor deve ler o texto do começo ao fim, com o objetivo de uma primeira apresentação do pensamento do autor. Não há necessidade dessa leitura ser profunda. Trata-se apenas dos primeiros contatos iniciais, quando se sugere que já sejam feitas anotações dos vocábulos desconhecidos, pontos não entendidos em um primeiro momento, e todas as dúvidas que impeçam a compreensão do pensamento do autor. Após a leitura inicial, o leitor deve esclarecer as dúvidas assinaladas que, dirimidas, permitem que o leitor passe a uma nova leitura, visando a compreensão do todo. Nesta segunda leitura, com todas as dúvidas resolvidas, o leitor prepara um esquema provisório do que foi estudado, que facilitará a interpretação das idéias e/ou fenômenos, na tentativa de descobrir conclusões a que o autor chegou. Para Galliano (1986:92), um melhor entendimento da análise textual é ³informar se melhor a respeito do autor. Freqüentemente uma pesquisa em boas enciclopédias é suficiente para a obtenção de dados muito úteis ao estudo, pois costuma oferecer referências valiosas sobre a vida, a obra e, quando é o caso, a doutrina do autor. Ao mesmo tempo, o estudante deve aproveitar a oportunidade para resolver as ambigüidades e dúvidas que por ac so a persistirem em determinados conceitos ou idéias expostas no texto e cuja compreensão deixou a desejar. Muitas vezes as enciclopédias também apresentam pequenos resumos de obras específicas, dando destaque e explicitando seus elementos fundamentais, o q ue ajuda consideravelmente a elucidar questões surgidas durante a leitura. Se o texto faz referência a outros elementos que o estudante não domina, tais como fatos históricos, obras, doutrinas, autores etc., é ainda indispensável que obtenha os esclarecimentos requeridos. Para isso deve recorrer aos dicionários gerais e especializados, enciclopédias, manuais didáticos, apostilas, enfim, às obras de referência que se façam necessárias, ou consultar especialistas da área em foco´. Severino (2000:51) aborda a análise textual através da leitura, visando o levantamento de todos os elementos importantes do texto, ou seja, credenciais do autor, metodologia, estilo, vocabulário, fatos, autores e doutrinas. Análise Temática: A análise temática vem logo após a análise textual, cuja finalidade é compreender profundamente o texto. Nesta etapa o leitor ainda não interpretará o texto, preocupando -se apenas em aprender, sem discutir nem debater com o autor. Questiona e procura respostas. Nesta análise o leitor deverá descobrir a idéia principal, diretriz do trabalho do autor, tarefa nem sempre fácil, visto que, às vezes, ela não está incluída no título do texto, dificultando a percepção através da leitura do sumário ou do índice da obra. Quando a diretriz não está clara, o leitor deve investigar, e Galliano (1986:93) sugere que a maneira mais prática de se encontrar a temática do texto é durante a leitura, quando se busca permanentemente respostas para as perguntas: De que trata este texto? O que mantém sua unidade global? Nem todos os textos são redigidos com clareza, alguns são até confusos. Nesses casos, o leitor tem que procurar o processo do raciocínio do autor, e reconstituí lo esquematicamente, fornecendo a representação gráfica do que vem a ser, conforme Gallian o (1986:93), a ³coluna vertebral´ do texto. Este esquema pode ser diferente do realizado na primeira leitura, durante a análise textual, que após obtido, possibilitará a compreensão de todo o conteúdo essencial exposto pelo autor no desenvolvimento do seu problema. A análise temática estará concluída quando o leitor conseguir estabelecer, com segurança, o esquema definitivo do pensamento do autor, evidenciando que realmente aprendeu o conteúdo do texto. Para Severino (2000:53), a análise temática trata da apreensão do conteúdo, isto é, tema, problema, idéias (central e secundárias), raciocínio e argumentação. É importante a análise para a elaboração de resumos e organogramas. Análise interpretativa: Esta análise visa a interpretação do texto. De acordo com Medeiros (1997:86), ³interpretação é processo, num primeiro momento, de dizer o que o autor disse, parafraseando o texto, resumindo-o; é reproduzir as idéias do texto. Num segundo momento, entende -se interpretação como comentário, discussão das idéias do autor´. Nas duas análises anteriores, o leitor ³ouviu´ o autor, mas na análise interpretativa já há um ³diálogo´, levando aquele a tomar uma posição própria a respeito das idéias deste. É o momento do leitor também apresentar suas idéias. Para realizar a análise interpretativa de um texto, Galliano (1986:94) sugere o seguinte procedimento: Não se deixe tomar pela subjetividade; Relacione as idéias do autor com o contexto filosófico e científico de sua época e de nossos dias; Faça a leitura das ³entrelinhas´ a fim de inferir o que não está explícito no texto; Adote uma posição crítica, a mais objetiva possível, com relação ao texto. Essa posição tem de estar fundamentada em argumentos válidos, lógicos e convincentes; Faça o resumo do que estudou; Discuta o resultado obtido no estudo. Ao finalizar a análise interpretativa, com certeza, o leitor terá adquirido conhecimento qualitativo e quantitativo sobre o tema estudado. A análise interpretativa conduz o leitor a atuar como crítico do que o autor escreveu. Lakatos e Marconi (1992:24) não consideram os três tipos de análises separadamente, mas simplesmente ³análise de texto´. Orientam, portanto, o seguinte procedimento para realizá-la: Escolhida a obra ou selecionado o texto, que deve ter sentido completo, procede-se à leitura integral do mesmo, para se ter uma visão do todo; Reler o texto, assinalando ou anotando palavras ou expressões desconhecidas, valendo-se de um dicionário para esclarecer seus significados; Dirimidas as dúvidas, fazer nova leitura, visando a compreensão do todo. Se necessário, consultar fontes secundárias; Tornar a ler, procurando a idéia principal ou palavra-chave, que pode estar explícita no texto; às vezes, confundida com aspectos secundários ou acessórios; Localizar acontecimentos ou idéias, comparando-os entre si e procurando semelhanças e diferenças existentes; Agrupá-los pelo menos por uma semelhança importante e organizá -los em ordem hierárquica de importância; Interpretar as idéias e/ou fenômenos, tentando descobrir conclusões a que o autor chegou. Fonte : (informações extraídas do livro) SILVA, Airton Marques da e MOURA, Epitácio Macário. Metodologia do trabalho científico . Fortaleza, 2000. 188p.