ADJETIVOS DE PRIMEIRA CLASSE E DE SEGUNDA CLASSE Os adjetivos em latim são divididos em duas classes, para fins de enquadramento nas declinações. Assim, os adjetivos que seguem as duas primeiras declinações, ou seja, a forma feminina segue a primeira declinação e as formas masculina e neutra seguem a segunda, são considerados adjetivos da primeira classe. Exemplos de adjetivos da 1a. classe: Bonus, bona, bonum – bom, boa; (bona segue a 1a. declinação; bonus e bonum seguem a 2a.) Pulcher, pulchra, pulchrum – belo, bela; Dignus, a, um – digno, digna; Jucundus, a, um – alegre; Liber, libera, liberum – livre; Os adjetivos que seguem a terceira declinação em todas as suas formas são considerados de segunda classe. Estes adjetivos podem ser uniformes, biformes ou triformes, dependendo de terem uma única forma para todos os gêneros, ou de terem a mesma forma para o masculino e o feminino e uma outra forma para o neutro ou então terem uma forma para cada gênero. Exemplos de adjetivos uniformes: Sapiens, sapientis – sábio; Velox, velocis – veloz – assumem a mesma forma no masculino, no feminino e no neutro; Exemplos de adjetivos biformes: Communis, commune – comum; (a primeira forma corresponde ao masculino e feminino; a outra é o neutro) civilis, civile – civil; Omnis, omne – todo, toda. Exemplos de adjetivos triformes: Celeber, celebris, celebre – célebre, famoso; (masculino, feminino e neutro) Terrester, terrestris, terrestre – terrestre. CASOS ESPECIAIS 1 – Os particípios presentes dos veerbos em latim terminam sempre em ‘ns’ e são conjugados como adjetivos de segunda classe, seguindo a terceira declinação. Exemplos: Docens, docentis – docente, aquele que ensina; Discens, discentis – discente, aquele que aprende; Laborans, laborantis – aquele que trabalha, o trabalhador; Dicens, dicentis – dizente, aquele que diz; Dormiens, dormientis – aquele que dorme. 2 – Quase sempre, os adjetivos desta classe são empregados também como substantivos. 3 – Ao adjetivo empregado na forma neutra plural, desacompanhado de substantivo, na tradução para o português, faz-se necessário acrescentar a palavra ‘coisa’, que em latim fica subentendida. Exemplos: Omnia viventia – todas (as coisas) vivas (seres vivos); Bona iuvant. – (as coisas) boas agradam; Mirabilia laudo semper. – Louvo sempre (as coisas) admiráveis. Declinação Chama-se declinação a flexão de nomes nos diversos casos que podem assumir. Também se conhece por declinação cada um dos cinco grandes grupos em que essas flexões se agrupam. Em termos de gramática histórica, a diferença entre as cinco declinações seria a vogal temática, uma vogal colocada entre a raiz da palavra (podendo ou não ser parte integrante dela) e a terminaçãoprópria a cada caso. À época do latim clássico, as transformações da língua já haviam tornado a vogal temática irreconhecível em muitos casos; em tempos posteriores, as declinações acabaram se fundindo e, na maioria das línguas românicas, desaparecendo. Entretanto, ainda que a vogal temática às vezes seja irreconhecível, normalmente se podem detectar as marcas de cada caso. Nos casos já vistos, a marca mais constante é o M do acusativo singular. Caso e número Nominativo singular plural Acusativo singular Primeira Segunda Terceira Quarta Quinta liber libri librum urbs urbes urbem Das palavras vistas nesta lição, o substantivo uir se flexiona como liber: uir, uiri, uirum. Como urbs se flexionam homo, miles e mulier: homo, homines, hominem miles, milites, militem mulier, mulieres, mulierem Repare que as palavras de uma mesma declinação podem pertencer a gêneros diferentes. Na segunda declinação, tanto "liber" quanto "uir" são nomes masculinos. Já na terceira, enquanto "urbs" e "mulier" são femininos, "homo" e "miles" são masculinos. Ambas estas conjugações apresentarão também nomes neutros, que veremos adiante. Os adjetivos vistos até aqui (magnus, nouus, paruus), se relacionados a um nome masculino de qualquer declinação, seguem a segunda. Assim: magnus miles magni milites magnum militem [editar]Conjugação Assim como os nomes assumem diversas formas segundo sua declinação, os verbos também o fazem, segundo sua conjugação. Há quatro conjugações em latim, e nelas a existência de uma vogal temática é mais patente. A primeira conjugação é a do "a" longo, ā. A segunda, do "e" longo, ē. A terceira é a do "e" breve, ĕ. A quarta, do "i" longo, ī. Veremos, por enquanto, apenas o tempo presente do modo indicativo da voz ativa dos verbos. Mais adiante, estudaremos outros tempos, modos e a voz passiva. Neste Apêndice, você terá duas tabelas: a primeira é o paradigma de conjugação para todos os verbos regulares. A segunda serve para indicar a conjugação de um verbo irregular, isto é, que não segue inteiramente o paradigma, o verbo SVM. Há outros verbos irregulares, que serão apresentados mais adiante. Primeira Segunda Terceira Primeira pessoa do amo singular Segunda pessoa do amas singular Terceira pessoa do amat singular Primeira pessoa do amamus plural Segunda pessoa do amatis plural Terceira pessoa do amant plural uideo lego Mista Quarta (3a./4a.) uides legis uidet legit uidemus legimus uidetis legitis uident legunt Repare que, nas três conjugações já vistas, as terminações permanecem as mesmas: Pessoa Terminação 1a. sing. Ō (M) 2a. sing. S 3a. sing. T 1a. pl. 2a. pl. 3a. pl. MVS TIS NT Essas terminações se mantêm no verbo SVM, cuja conjugação apresentamos a seguir. Incluímos o M como desinência porque todos os verbos vão apresentar essa terminação mais adiante, em outros tempos e modos. 1a. sing. 2a. sing. SVM ES 3a. sing. 1a. pl. 2a. pl. 3a. pl. Lição 1: Cogito, ergo sum. EST SVMVS ESTIS SVNT Vocabulário | Exercícios | Correção | Apêndice Cogito, ergo sum. (Renatus Cartesius) [editar]Verbos. O verbo SVM (Esse) Um verbo é uma palavra que expressa uma ação, um fato; algo que se possa dizer que algo ou alguém faz. Os verbos, em latim, apresentam diversas flexões, isto é: mudam sua forma para indicar diversas características da ação que expressam. [editar]Flexões Uma flexão do verbo é a de número: Vir sum. Eu sou um homem. Homines sumus. Nós somos pessoas. O número indica se a ação do verbo se refere a um único agente (caso em que o verbo está no singular) ou a mais de um (o verbo, então, se apresenta no plural). Das frases acima, a primeira está no singular, a segunda, no plural. Outra flexão é a de pessoa: Vir sum, mulier es. Eu sou um homem, tu és uma mulher. Cartesius homo est. Descartes é um ser humano. A pessoa verbal indica se o verbo se refere à pessoa que fala (primeira pessoa: sum), àquela com quem ela fala (segunda pessoa: es) ou a qualquer outra pessoa ou coisa (terceira pessoa: est). As duas flexões podem ser combinadas: Noui sumus. Somos novos. Parui estis, sed miles et mulier magni sunt. Sois pequenos, mas o soldado e a mulher são grandes. Nestas duas frases, aparecem a primeira, segunda e terceira pessoas do plural; nas duas anteriores, do singular. [editar]SVM Além destas, há flexões de voz, tempo e modo. Por enquanto, veremos apenas verbos na voz ativa, no tempo presente e no modo indicativo. Ao se referir a um verbo em latim, se usa a primeira pessoa do singular do presente do indicativo ativo; assim, para se referir ao verbo que vimos estudando, dizemos simplesmente: "o verbo SVM" (lembrese que a forma maiúscula do u latino é V). Como você já reparou, o verbo SVM estabelece uma identidade entre um sujeito e um predicativo. Se o verbo é usado para expressar uma ação ou fato, o sujeito é aquele ou aquilo a quem essa ação ou fato se refere. Já o predicativo dá uma informação sobre aquilo a que se refere. O verbo SVM liga um sujeito a um predicativo referido a ele, um predicativo do sujeito. É um verbo de ligação. [editar]Casos Cogitant homines. Os seres humanos raciocinam. Há verbos em latim que não são de ligação. Eles podem ser intransitivos, isto é, seu sentido se completa em si mesmo. Um exemplo é a frase acima: nela, o verbo cogitant representa uma idéia que não necessita de um complemento. [editar]Acusativo e nominativo Mulier militem amat. A mulher ama um soldado. Librum legit uir magnum. O homem lê um livro grande. Outros verbos podem ser transitivos. Nesse caso, virão acompanhados de um complemento. Estas frases são exemplos disso. Nos dois casos, as ações expressas (amat, ama e legit, lê) têm um complemento que indica a "direção", o "alvo", a "meta", o "sentido" da ação verbal. Um complemento que expressa "direção, sentido" vem, em latim, no caso acusativo. Os nomes, em latim, não precisam vir em posições específicas da frase para indicar que são complementos de verbos. Em vez disso, indicam sua função na frase através do caso. O caso é indicado por uma terminação, acrescentada ao final da palavra. O caso do complemento, como dissemos, é o acusativo. Uma forma comum das terminações do acusativo é um M: militem, magnum librum. Há também o caso do sujeito: é o nominativo. Ele não tem uma terminação específica: das palavras vistas até agora, tanto uir e mulier quanto homo e Cartesius estão no nominativo. [editar]Concordância Vidimus magnas urbes. Vemos grandes cidades. Algo importante que você deve ter em mente é a concordância: um sujeito e seu verbo devem estar no mesmo número. Assim, diz-se "homines cogitant", no plural, mas "homo cogitat", no singular. Além disso, um adjetivo (que é uma palavra que expressa uma qualidade de algo) deve estar no mesmo número e caso da palavra a que se refere: magnum librum, no acusativo singular. Aliás, é esta concordância que permite, na frase-exemplo, que se saiba que é o livro, não o homem, que é grande, já que o homem, uir, está no nominativo singular. Ademais, um predicativo concorda com a palavra a que se refere: liber magnus est. A concordância de casos não requer que as palavras assumam a mesma forma. Cada uma flexiona-se de acordo com sua própria declinação, isto é, seu próprio modo de assumir os diferentes casos. Por exemplo, o plural de magnus (nominativo) é magni. Então, diz-se tanto magni libri e magni uiri quanto magni milites e magni homines. Por fim, há a concordância de gênero: a palavra urbs é feminina; seu acusativo plural urbes, então, requer que o adjetivo magnus, ao se aplicar a ele, também esteja no acusativo feminino plural: magnas. [editar]Na seqüência... As palavras desta lição encontram-se no Vocabulário. Não se esqueça de fazer os Exercícios e conferir a Correção Uma sistematização da conjugação verbal e da declinação vistas até agora encontra-se no Apêndice. Declinações Latim Existem três formas de pronúncia na língua latina: a pronúncia eclesiástica ou italiana, usada pela igreja, a pronúncia clássica (reconstruída), que foi elaborada a partir de estudos sobre a pronúncia de povos próximos, que se acredita ser a mais próxima da pronúncia praticada na antiguidade e a pronúncia portuguesa, usada nas escolas no Brasil e em Portugal apenas para fins didáticos. [editar]Pronúncia clássica O latim só tinha letras maiúsculas, as minúsculas são utilizadas por primeira vez na Idade Média. A pronúncia é por sílabas, muito parecida ao português. Todas as vogais podem ser longas ou curtas. A pronúncia das vogais cá descrita é muito aproximada e fundamentada na evolução do latim para o português (vogais longas tornam-se fechadas, breves tornam-se abertas). A, letra chamada em latim A, quando longo mais ou menos como em levar, quando breve como em chazinho B, BE, como em barco C, CE, sempre como em carro (também em -CE-, -CI-). Arcaicamente, o C também podia ser um G (cfr. CAIVS e GAIVS) D, DE, como em deixar E, E, quando longo como em dedo, quando breve como em vetar F, EF, como em fevereiro G, GE, sempre o g português em gato (também em -GE-, -GI-; nos -GUE-, -GUI- o u é pronunciado, como semivogal) H, HACCA, só os falantes muito cultos aspiravam o H (como o inglês hen) mesmo na época clássica, para a maioria era mudo na altura I, I, quando longo como em ruído, quando breve como em enorme J: esta letra não existia em latim clássico, foi criada na Idade Média para fazer diferença entre o i vogal e o i consonântico para o que muitos i latinos foram evoluindo K, KA, como o C latino; arcaicamente havia uma diferença entre C e K, mas perdeu-se e o K só ficou nalgumas palavras: KARTHAGO (mas também CARTHAGO), KALENDA... muitas delas emprestadas da língua grega; L, EL, como em levar M, EM, como em muito, não nasaliza as vogais anteriores a ele N, EN, como em nome O, O, quando longo como em toda, quando breve como em mormente P, PE, como em português Q, QV, sempre antes do u semivogal, -QV-. A diferença é clara em, p.ex. CVI e QVI: em CVI o u é vogal e tónico, "cú-i", em QVI o u é semivogal e o i é o tónico, "kwí" R, ER, possivelmente como em caro, ou talvez como em carro (rr não uvular, mas alveolar, o "clássico" europeu e como se pronúncia ainda nas zonas rurais de Portugal, em África ou na Galiza), talvez ambos dois segundo regras similares às do português S, ES, possivelmente como em só T, TE, como em tempo (t do padrão europeu) V, V, nunca como o v português, sempre é vogal ou semivogal: quando vogal longo, como em miúdo, quando vogal breve como em surdo, quando semivogal como em mau. É semivogal quando diante de outra vogal, como em SOLVO ou QVARTVS. Na Idade Média, o V minúsculo grafava-se "u", o "u" afinal foi utilizado só para o som vogal e "v" para o consonântico (como no português); X, EX, "gs" ou "ks", segundo a palavra (LEX-LEGIS, gs; DUX-DUCIS, ks) Y, YPSILLON, como o u francês ou o ü/ue alemão, a letra é grega e não latina (este som não existe em latim), mas empregou-se para empréstimos do grego; Z, ZETA, como o z alemão, aproximadamente "ts", também para empréstimos do grego; Há também estes dígrafos para empréstimos gregos: CH, como o j espanhol ou o ch alemão; também aparece em palavras latinas, nelas é talvez um K levemente aspirado, é dizer, K+H, (PVLCHER, LACHRIMA) ou apenas um simples K PH, aproximadamente como um P aspirado (PHILOSOPHIA) RH, como o R ou RR (RHETOR, RHOMBVS) TH, como em inglês thin ou o c/z espanhol da península As letras para os empréstimos gregos tendiam a ser pronunciadas com os sons mais próximos do latim, assim o Y pronunciava-s I ou V, o Z como S, CH como K, TH como T, PH como F, etc. As letras das consoantes podem ser duplas, BB, CC, DD, FF, GG, LL, MM, NN, LL, PP, RR, SS, TT, mesmo a vogal VV (MORTVVS)... a pronúncia é como duas letras separadas em sílabas diferentes, ILLE é "IL-LE" (ou um L mais longo), têm valor fonológico, p.ex. ANVS, "A-NVS", "(mulher) velha", não é, nem se pronúncia como ANNVS, "AN-NVS", "ano", SVMVS, "SV-MVS", "nós somos", não tem a ver com SVMMVS, "SVM-MVS", "o mais alto". Arcaicamente, as vogais longas por vezes eram escritas como duplas, nos tempos da República com um acento grave (APEX), e no Império com algo parecido a um acento agudo. Mas nunca foi universal nem unanimemente aceite. Na Idade Média, sobretudo nos livros de aprendizagem, adoptou-se o costume de grafar as vogais longas com um tracinho acima (mácron), e as breves com um u pequeninho (bráquia). Há ditongos e tritongos (muito raros), AE, AV, EI, EV, OE, OI, VI, e pronunciavam-se com os sons correspondentes, mas muito cedo foram evoluindo para outros sons, p.ex. AE passou a ser pronunciado como um E aberto, OE como E fechado, AV como o "ou" (ow) português, etc. Há estes grupos consonânticos: BL, BR, CL, CR, DR, FL, FR, GL, GN, GR, PL, PR, SC, SCR, SGR, SP, SPL, ST, STR, TR, a pronúncia deles é a união dos sons, mas fazem parte duma única sílaba: DRV-SVS, GNA-TVS; qualquer outro caso as consonantes fazem parte de sílabas diferentes: AR-TIS, MOR-TEM, PROP-TER, OM-NI-A Hoje o latim é escrito empregando letras maiúsculas e minúsculas segundo as regras universais, e utilizando a diferença na escrita do u vogal e consonântico, u/v, isto é, mortuus e não MORTVVS ouunum e não VNVM, mas cave (de CAVE) e não caue (em geral: v sempre entre vogais). O emprego do i/j fica à vontade mas dentro duma coerência (ou é utilizado o j, ou não é). As sílabas em latim são abertas se terminam em vogal, fechadas se em consoante. Uma sílaba é breve se aberta e contém uma vogal breve: fu-ga, do-mi-na, ou quando vai diante doutra vogal (ainda que tiver uma vogal longa ou um ditongo): au-re-us, om-ni-a. A sílaba é longa se fechada ou contém uma vogal longa. No latim não há palavras oxítonas, excepto as poucas que perdem uma vogal final: educ (edúc, de educe), illic (il-líc, de illice). As palavras com duas sílabas são paroxítonas: unda (únda), rosa (rósa). Se houver mais de duas sílabas: são paroxítonas se a penúltima sílaba é longa, amicus (amícus), frumentum (fruméntum). Também se a última sílaba é uma partícula enclítica, fratresque (fratrésque, mas frâtres), reginave (regináve, mas regína). Em todos os demais casos são proparoxítonas: dominus (dóminus), agricola (agrícola). Há palavras átonas, proclíticas ("colam" por diante) ou enclíticas (por trás). As enclíticas puxam para si o acento: Inter (átona) +homines (hómines) = interhomines (interhómines); ipse (ípse) + met(átona) = ipsemet (ipsémet). Mas se não era considerada composta (como em português "porém" ou "decerto", p.ex.), não acontecia: itaque (ítaque, "então"), itaque (ita+que > itáque, "e assim"). [editar]Pronúncia eclesiástica ou italiana Durante a Idade Média o latim era pronunciado segundo as regras fonéticas da língua mãe do falante. Assim, na Galiza e Portugal era falado ao jeito "português", em Castela doutro diferente ("à espanhola"), nos países de língua catalã e occitana de mais outro, na Lombardia, na Itália, na França, na Escandinávia, nos países germânicos e eslavos, etc., cada um segundo o seu próprio sistema fonético -e empregando fonemas alheios ao latim original. A Igreja tentou serodiamente unificar pelo menos no seu seio todas as pronúncias para lograr uma língua litúrgica unificada, com bem pouco sucesso. A escolha fonética, ficando lá o Vaticano, foi a da pronúncia italiana do latim, que tem as regras desta língua. Pronúncia das vogais: Os ditongos ae e oe são sempre pronunciados como a vogal e aberta Pronúncia das consoantes: Pronúncia do C: Como o ch de alguns dialetos do norte de Portugal ou da língua galega, antes de i e de e Como o tch da palavra tchau Pronúncia do G: Como dj Exemplo: Regina (rainha) lê-se /redjina/ Pronúncia do R: Como o r da palavra caro Pronúncia Reconhecem-se dois sistemas de pronúncia para o Latim: [editar]Pronúncia Tradicional A pronúncia tradicional não tem basicamente uma norma definida. Em geral, corresponde à pronúncia do Italiano, mas varia de acordo com o país. No Brasil, por exemplo, pronuncia-se da mesma maneira que se pronuncia o Português. Suas principais características são: C: pronunciado como africada (/'K'/, /ʦ/) ou como sibilante (/s/) diante de E, I, Æ e Œ. G: pronunciado como africada (/ʤ/) ou como fricativa palatal (/ʒ/) diante de E, I, Æ e Œ. H: sempre é muda. S: pronunciado como /z/ quando vem entre vogais SC: diante de E, I, Æ e Œ, pronunciada como uma fricativa palatal (/ʃ). Æ e Œ: pronunciados como /ɛ/ (aberto) e /e/ (fechado), respectivamente. Exemplos: CAESAR, pron. /'sɛsaɾ/, /'sɛzaɾ/, /'ʦɛsaɾ/, /'ʦɛzaɾ/, /'ʧɛsaɾ/, /'ʧɛzaɾ/ MANCIPIVM, pron. /man'ʧipium/, /man'ʦipium/, /man'sipium/ [editar]Pronúncia Restaurada A pronúncia restaurada é resultado de pesquisa lingüística com o objetivo de se reconstruir a pronúncia do período clássico da língua. Principais características: C: pronunciado sempre como oclusiva velar (/k/). G: pronunciado sempre como oclusiva velar (/g/). H: aspiração leve, semelhante ao spiritus asper do Grego. S: sempre com pronúncia não-vozeada (/s/). SC: pronunciado como uma simples seqüência de /s/ e /k/. Æ ou AE: ditongo /aj/ Œ ou OE: ditongo /ɔj/ Exemplos: CAESAR, pron. /'kajsaɾ/ MANCIPIVM, pron. /man'kipium/ [editar]Alfabeto O alfabeto latino clássico consta das seguintes letras: ABCDEFGHILMNOPQRSTV às quais se acrescentam os símbolos Æ e Œ para a representação dos ditongos AE e OE, respectivamente. As letras K Y Z são usadas na grafia de palavras oriundas do Grego. As letras J e U foram criadas tardiamente para se distinguir, na escrita, entre o I e o V vogal e semivogal. O Latim propriamente dito não utiliza nenhum acento. Porém, em obras didáticas, costuma-se colocar um acento sobre as vogais para indicar sua duração. As vogais longas são representadas com o acento conhecido como MACRON: Ā Ē Ī Ō Ū; e as vogais breves são marcadas com a BRACHIA: Ă Ĕ Ĭ Ŏ Ŭ. A análise sintática é um elemento fundamental para a leitura de um texto latino, isso porque a forma das palavras (substantivos, adjetivos, pronomes e numerais) indica a função sintática que elas ocupam e vice-versa. Ou seja, em latim, a morfologia indica a sintaxe. Em latim, a função sintática de um nome não depende de sua posição na frase, como em português. Ela é indicada pelo caso, noção que será tratada no próximo capítulo. Para uma correta análise sintática (e tradução) da frase, é preciso identificar a forma de cada palavra, delas deduzir seu sentido e, finalmente, "montar" o sentido de toda a frase. Em primeiro lugar, analisam-se os verbos, o núcleo da oração; em segundo, os nomes. Nesse módulo se fará uma revisão de algumas funções sintáticas de acordo com as definições tradicionais das gramáticas, pois esse conhecimento é necessário em latim. Caso o estudante já esteja familiarizado com a análise sintática em português poderá, sem prejuízo, saltar esse módulo, embora nunca seja demais uma revisão. Em primeiro lugar, o que é uma oração? A oração pode ser definida como um enunciado que se estrutura ao redor de um verbo. O verbo é a palavra que indica ação, estado, mudança de estado, fenômeno da natureza, acontecimento e desejo, entre outras coisas. Como em português, o verbo pode ter o seu sentido completo, sendo chamado intransitivo, ou incompleto. Nesse caso, se seu complemento vier precedido de preposição ele será chamado de transitivo indireto; se não vier, de transitivo direto. Eis algumas funções sintáticas: Índice [esconder] 1 Sujeito 2 Objeto 3 Predicativo do sujeito 4 Adjunto adnominal 5 Adjunto adverbial 6 Vocativo 7 Aposto 8 Exemplo [editar]Sujeito O sujeito é tradicionalmente definido pelas gramáticas como o ser que pratica a ação, sobre o qual se faz uma declaração, se informa, se interroga ou a quem se dá uma ação. O sujeito pode ser simples ou composto. Em latim não há orações com sujeito indeterminado ou sem sujeito. Exemplo: O menino lê alguns livros. O sujeito da frase à cima é o menino, que pratica a ação. Neste caso é um sujeito simples. [editar]Objeto O objeto é o complemento do verbo. Se o objeto completar um verbo transitivo indireto, ele será chamado de objeto indireto e virá regido, isto é mediado, por uma preposição; mas se ele completar um verbo transitivo direto, será chamado objeto direto. [editar]Predicativo do sujeito O predicativo do sujeito é um tipo de complemento do sujeito que fica no predicado. Nesse caso, o verbo precisa ser de ligação, ou seja, destituído de significação. O predicativo caracteriza o sujeito [editar]Adjunto adnominal O adjunto adnominal é o termo da oração que qualifica, especifica, determina ou indertemina um substantivo. [editar]Adjunto adverbial O adjunto adverbial por sua vez, faz o mesmo que o adjunto adnominal só que em relação ao verbo, ou seja, é o termo da oração que vem junto ao verbo e o modifica. [editar]Vocativo O vocativo é um termo independente dentro da oração, pois não está ligado nem ao sujeito, nem ao predicado. O vocativo tem a função de chamamento de uma pessoa. Exemplo:Explicaram a histótia ao advogado com exatidão. explicaram=verbo transitivo direto ou indireto (v.t.d.i); a= adjunto adnominal (ad;adn); história= objeto direto (o.d); ao advogado=objeto indireto (O.i); com exatidão=adjunto adverbial de modo (ad;adv;modo). Exemplo de vocativo: João, escuta o que te dizem! Neste caso, João é o vocativo. [editar]Aposto Um aposto é uma explicação, uma caracterização de alguma outra palavra, geralmente encontrando-se entre vírgulas. Exemplo: O Amazonas, o maior rio brasileiro, é um verdadeiro mar de água doce! A expressão "o maior rio brasileiro" é o aposto. [editar]Exemplo O garoto procurava alguns poemas. Sujeito: "garoto" (sujeito simples) Predicado: "procurava alguns poemas" (predicado verbal) verbo: "procurava" (verbo transitivo) Objeto: "alguns poemas" (objeto direto) Declinação é um tipo de flexão que palavras das classes substantivo, adjetivo, pronome, numeral e artigo (esta última inexistente no Latim) sofrem em virtude da função sintática que exercem. O latim possui cinco declinações, que se dividem em sete casos básicos cada, que para serem corretamente declinados, deve-se decompor a frase e analisá-la sintaticamente. As declinações são identificadas pelo genitivo singular, que corresponde, respectivamente a "ae", "i", "is", "us", "ei". A declinação permite que as orações latinas sejam estruturadas das mais diversas formas, diferentemente do Português onde a estrutura geral das orações é sujeito-verboobjeto. Isto obriga o latinista a atentar-se à declinação das palavras para compreender corretamente as frases. Por exemplo, alguém desatento às declinações poderia interpretar a seguinte frase "Philosophum non facit barba."como "o filósofo não faz a barba", sendo que o correto é "A barba não faz o filósofo". Índice [esconder] 1 Nominat ivo 2 Genitivo 3 Dativo 4 Acusativ o 5 Ablativo 6 Vocativo 7 Locativo [editar]Nominativo Indica o sujeito e predicativo do sujeito. homo - [o] homem (ex: homō ibi stat - o homem está de pé aí) [editar]Genitivo Expressa posse, matéria ou origem (fonte). Geralmente indica o adjunto adnominal restritivo. hominis - de [o] homem (ex: nōmen hominis est Claudius - O nome do homem é Claudius) [editar]Dativo Indica quem sofre a ação, o objeto indireto da oração. hominī - para/a [o] homem [como objeto indireto] (ex: hominī donum dedī - eu dei um presente ao homem) [editar]Acusativo Expressa o objeto direto do verbo. hominem - [o] homem [como objeto direto] (ex: hominem vidi - Eu vi o homem.) [editar]Ablativo Indica separação ou os meios pelos quais uma ação é efetuada. homine - [o] homem (ex:sum altior homine - sou mais alto que o homem) [editar]Vocativo Usado na comunicação direta para chamar o interlocutor. É o mesmo vocativo da língua portuguesa.Indica apelo, chamado. [editar]Locativo Indica tempo ou lugar no qual a ação é efetuada. Consiste em um caso mais marginal no Latim com uso muito restrito: nomes de cidades, ilhas pequenas e algumas outras palavras. É idêntico ao genitivo (na 1ª e 2ª declinação no singular), ao dativo (na 1ª e 2ª no plural e na 3ª declinação) e ao ablativo (na 4ª e 5ª declinação). Obs:. O Locativo foi Muito usado no latim antigo. Lição 2: Ciuis Romanus sum. Vocabulário | Exercícios | Correção | Apêndice Ciuis Romanus sum. (Marcus Tullius Cicero) [editar]A Primeira Declinação Chama-se primeira a declinação cuja vogal temática é A. Ela aparece com uma clareza maior do que em outras declinações. Roma magna urbs est. Incolae Romani sunt. Roma é uma grande cidade. Os habitantes são os romanos. Puella litteras facit. A menina escreve uma carta. Nas frases anteriores, as palavras Roma, incola, puella e littera pertencem, todas, à primeira declinação. Chegou até o português o fato de palavras terminadas com A tenderem a ser femininas; é o caso de Roma, puella e littera. Além disso, adjetivos como os que você viu na lição 1 (magnus, nouus, paruus) levam as terminações da primeira declinação quando acompanham nomes femininos (de qualquer declinação). É por isto que o adjetivo magnus, que acompanha o feminino urbs, está na forma magna. Entretanto, nem todas as palavras da primeira declinação são femininas. Em geral, as que designam nomes de atividades ou profissões comumente exercidas por homens são masculinas; é o caso de incola. Por outro lado, não há na primeira declinação nomes neutros. [editar]Nomes neutros Paruum templum ciues sacros facit. O pequeno templo torna os cidadãos sagrados. Milites ad taetra bella semper eunt. Soldados sempre vão a guerras horríveis. Além dos gêneros masculino e feminino, o latim apresenta um terceiro gênero: o neutro. Em geral, não é possível saber o gênero de uma palavra apenas pelo sentido; no entanto, a terminação é um bom indício para reconhecer os neutros. Palavras como templum seguem a segunda declinação (como liber), embora isso por enquanto ainda não seja totalmente aparente. No entanto, assim como o acusativo de liber é librum, o detemplum é templum, ou seja, a terminação -VM é a mesma. Vale dizer que isso se aplica a qualquer palavra neutra, mesmo em outras declinações: o nominativo e o acusativo são iguais. [editar]Acusativo plural Milites, cum taetras litteras legunt, tum magna arma capiunt. Os soldados, quando lêem as terríveis cartas, apanham as grandes armas. Nesta frase-exemplo, temos os acusativos plurais da primeira declinação e dos neutros da segunda. O sujeito, no nominativo plural, é milites; o acusativo do verbo legunt é taetras tubas. Tuba, palavra feminina da primeira declinação, tem como acusativo plural tubas. Acompanhando tubas temos o adjetivo taetras. O acusativo do verbo capiunt (tomam, pegam, apanham) é magna arma. Arma é uma palavra da segunda declinação, neutra plural; a terminação -A aparece em todos os neutros plurais, de todas as declinações, no nominativo e no acusativo. Aliás, como no singular, o nominativo e o acusativo plural são iguais. Em outras palavras: mais acima temos a palavra bellum, um neutro da segunda. No entanto, por estar no plural, ela aparece como bella; é o mesmo caso do neutro plural arma. As palavras bella earma, isoladas, poderiam tanto estar no nominativo quanto no acusativo; o contexto é quem nos diz que, em ambas as frases, trata-se do caso acusativo. [editar]Predicativo do objeto Como dissemos na lição 1, o predicativo, palavra que dá uma característica a um nome, vem sempre no caso do nome em questão. Havíamos visto predicativos do sujeito, que vinham no nominativo. Porém, na frase "paruum templum ciues sacros facit", temos outro tipo de predicativo. O sujeito é o templo; o objeto, ciues, são os cidadãos. A ação é no sentido de atribuirlhes uma característica, de torná-los algo: sacros, sagrados. Então, sacros é um predicativo do objeto; como todo predicativo, concorda com seu nome em número e caso; aqui, acusativo plural. [editar]Terminações dos adjetivos Repare nas expressões: magnum templum taetra arma Já vimos adjetivos como magnus; os adjetivos que você está aprendendo nesta lição, Romanus, sacer e taeter, são da mesma classe (a primeira) dos que você conheceu na primeira lição (magnus,nouus, paruus). Estes adjetivos de primeira classe seguem a segunda declinação para o masculino e o neutro, e a primeira para o feminino. Então, teríamos: Littera sacra est; liber sacer, templum sacrum. As letras são sagradas; o livro é sagrado, o templo é sagrado. Litteram paruam, librum paruum lego; sed templum uideo magnum. Leio uma letra pequena, um livro pequeno; mas vejo um templo grande. Mulieres sacrae, uiri taetri, bella taetra. (em latim, pode-se omitir o verbo SVM) As mulheres são sagradas; os homens e as guerras, horríveis. Sacras mulieres uideo. Viros amant taetros; taetra bella faciunt. Vejo as mulheres sagradas. Elas amam homens terríveis; eles fazem terríveis guerras. [editar]Enfim... Estes foram exemplos dos substantivos e adjetivos nos casos e números que você já viu. Conferindo sempre o Vocabulário, não deixe de fazer os Exercícios. Tendo feito a Correção, leia mais no Apêndice, que sistematiza a flexão vista nesta lição. Lição 3: Consilium in rem publicam. Vocabulário | Exercícios | Correção | Apêndice Catilina consilium in rem publicam habet. Exitium totae rei publicae cogitat, uitasque omnium Romanorum ferre uult. No século I a.C., período em que viveram autores tidos como "clássicos" como Gaius Iulius Caesar (Júlio César) e Marcus Tullius Cicero (Cícero), houve grandes disputas dentro do Estado romano, que culminaram no fim da República e estabelecimento do Principado, comumente conhecido por Império. Nos anos 60 daquele século, aparentemente houve uma conspiração contra os consules, principais magistrados romanos, envolvendo o senador Lucius Sergius Catilina. Dois dos principais relatos dos eventos que sobreviveram até nossos dias são contrários a Catilina, o que não nos permite ter uma idéia mais imparcial do que realmente se passou. Trata-se das quatro Orationes in Catilinam ("Discursos contra Catilina" ou Catilinárias), de Cícero, e do Bellum Catilinae, de Gaius Sallustius Crispus (Salústio). As frases acima, e as demais desta lição, são adaptadas ou livremente inspiradas no tema. Como veremos, há alguns tópicos a tratar. [editar]Novo vocabulário Para começar, vejamos a tradução das frases acima. Catilina consilium in rem publicam habet. Catilina tem um plano contra a República. Exitium totae rei publicae cogitat. Elabora a destruição da República inteira. Vitas omnium Romanorum ferre vult. Quer tomar a vida de todos os romanos. Aqui temos uma nova preposição usada com acusativo, in; uma expressão bastante comum, res publica; e dois verbos irregulares, igualmente comuns. Aqui eles aparecem como "ferre" e "uult", mas, como vimos, a convenção é representar os verbos pela primeira pessoa do singular; você encontrará estes verbos no Vocabulário e num dicionário como fero e uolo, respectivamente. [editar]Quarta e quinta declinações Catilina magnos exercitus in urbem ducit. Catilina conduz grandes exércitos contra a cidade. Nesta lição, concluímos as cinco declinações do latim; as três primeiras abrangem todos os casos de todos os adjetivos, mas para os substantivos é preciso incluir a quarta e a quinta. Uma vez que você as tenha aprendido, poderá identificar a declinação de qualquer nome, e já estará familiarizado com a declinação dos pronomes quando formos estudá-los. A palavra da quarta declinação que aparece nesta lição é exercitus, e a da quinta é res. Eis como se declinam: 4a. singular 4a. plural 5a. sing. 5a. plur. Nominativo exercitus Acusativo exercitum exercitus exercitus res rem res res [editar]Gramática O ponto gramatical mais relevante nesta lição é um novo caso do nome. Já víramos o nominativo, o caso do sujeito, e o acusativo, o caso do alvo, destino ou objeto de uma ação. O genitivo é o terceiro caso que estudaremos. Seu nome, uma tradução do grego hê genikê ptôsis, está relacionado com as palavras da terceira declinação gens e genus. O genitivo estabelece entre duas palavras uma relação, que pode ser: de parentesco: gentes Ciceronis, os familiares de Cícero de posse ou domínio: exercitus Catilinae, os exércitos de Catilina de localidade: incolae (nom.) Romae (gen.), os habitantes de Roma Normalmente, a relação estabelecida pelo genitivo pode ser traduzida em português pela preposição DE, como você pode ver nos exemplos acima. A morfologia do genitivo, isto é, suas formas em todas as declinações, pode ser encontrada no Apêndice. [editar]Adjetivos de segunda classe Omnes Romani ciues milites sunt. Todos os cidadãos romanos são soldados. Os adjetivos que víramos até agora haviam sido magnus, nouus, paruus, sacer e taeter. Como foi dito, eles seguem a segunda declinação para o masculino (alguns em -VS e outros em -ER), a primeira (em -A) para o feminino e novamente a segunda (em -VM) para o neutro. Além desses adjetivos de primeira classe, há os de segunda classe. Estes seguem apenas a terceira declinação. Os adjetivos de primeira classe são triformes, isto é, possuem uma forma masculina, uma feminina e uma neutra. Os de segunda classe, por outro lado, são, na maioria, biformes. Ao lado de uma forma neutra, há outra, comum ao masculino e ao feminino. O adjetivo de segunda classe que vimos nesta lição é omnis. Esta é a forma masculina e feminina nominativa singular; seu plural é omnes. O neutro é omne, plural omnia, no nominativo e no acusativo. No genitivo, os três gêneros são iguais: omnis, omnium. [editar]O infinitivo Vimos, nas frases desta lição, uma nova forma verbal. Trata-se do infinitivo. O infinitivo em latim é uma forma impessoal, isto é, não tem flexão de pessoa nem número. O significado do infinitivo é o daação verbal em si, o fato de ela ocorrer. Contraste isto com o sentido do presente do indicativo, que enfatiza a ação realizada por alguém. Exercitus in Romam ducere bellum est. Conduzir exércitos contra Roma é uma guerra. Por este exemplo fica claro por que o infinitivo é classificado como uma das formas nominais do verbo. Ele funciona como um nome: o sujeito do verbo conjugado, est, é o infinitivo ducere, que faz as vezes de um nominativo na frase. Em outras palavras, o que se constitui em guerra, ou num ato de guerra, é conduzir os exércitos, a ação de os conduzir, não importa por quem seja praticada. Mesmo sendo uma forma nominal, o infinitivo não deixa de ser um verbo. Assim, vem acompanhado de complementos, como uma forma conjugada do verbo viria; no caso, trata-se de exercitus e in Romam, dois complementos de acusativo ligados ao verbo ducere. Observe, no alto da lição, a frase-exemplo Catilina uitas omnium Romanorum ferre uult. Antes de seguir com a leitura, considere: qual é o verbo conjugado desta frase? Ele está na terceira pessoa do singular, e tem portanto a desinência comum a toda terceira do singular. Há algum nominativo na frase? Se houver, ele será o sujeito do verbo que você identificou. Qual deve ser, portanto, a função do infinitivo ferre? A qual dos dois verbos, o que está na forma nominal ou o conjugado, se referem o acusativo e seus genitivos presentes na frase? Após ter refletido, você pode ter chegado à conclusão de que o verbo conjugado é uult, que tem a desinência de terceira pessoa T. Seu sujeito, nominativo, é Catilina. Pela tradução dada, você pode ver que o objeto do verbo, a resposta à pergunta "o que Catilina quer?", é o infinitivo ferre, tomar. É a este infinitivo que estão ligados o acusativo (uitas) e seus genitivos (omnium Romanorum). Tudo isto é para dizer que o infinitivo pode assumir as funções de um nominativo ou de um acusativo. Como declinar uma forma nominal de um verbo em outros casos será visto mais adiante. [editar]Coordenação de orações Um aspecto muito importante do estudo do latim é a compreensão da sintaxe (lê-se "sintásse"). Ela se ocupa da forma como se articulam as diversas orações. Uma oração é um elemento básico de qualquer discurso, seja de um orador como Cícero, um poeta épico como Publius Vergilius Maro (Vergílio) ou um comediógrafo como Titus Macchius Plautus(Plauto). Uma oração consiste de um verbo conjugado e tudo o que a ele está direta ou indiretamente relacionado. O que está diretamente relacionado ao verbo é seu sujeito, seu objeto e seuscomplementos de lugar, de tempo etc. O que lhe está indiretamente associado são os complementos do sujeito e do objeto. Evidentemente, nem toda oração precisa ter todos estes termos; ocasionalmente, até o sujeito é dispensável ("Chove." -> isto é uma oração, em português). Mas o verbo, soberano, sempre está presente. Ele é tão central para o discurso que os gregos o chamavamrhêma, a unidade básica da fala. Se uma oração consiste de um verbo e palavras relacionadas, uma frase, por sua vez, é o conjunto mínimo de sons dotados de significado. Sua representação gráfica é uma seqüência de letras, começando com uma maiúscula e terminando com um sinal de pontuação. Por exemplo, "Psiu!" é uma frase em português. Frases podem conter orações. Esta última que apresentamos não contém nenhuma, pois não possui verbo; "Chove.", que indicáramos acima, é uma frase que contém uma oração. Também é possível que frases agrupem mais de uma oração, neste caso, as orações relacionar-se-ão entre si. São estas relações, num sentido mais estrito, o objeto de estudo da sintaxe. Até agora, vimos uma forma de relação entre orações chamada coordenação. As orações coordenadas se definem pelo fato de poderem ser separadas umas das outras e manter seu pleno sentido. Enquanto no começo da lição apresentáramos as orações unidas, mais adiante as separamos, e elas não perderam seu sentido por isto; assim, são coordenadas. Os vínculos sintáticos entre orações são estabelecidos por palavras conhecidas como conjunções. Um tipo de vínculo de coordenação que pode ser estabelecido é a coordenação aditiva, operada porconjunções aditivas. Nelas, o sentido de uma oração é simplesmente acrescentado ao da outra: Videmus urbem, et ad urbem imus. Vemos uma cidade, e vamos à cidade. Além da conjunção aditiva et, que você já vira, aparece nesta lição a conjunção enclítica "-que". Uma palavra enclítica, como "-ne", se apóia no final de outra palavra, não existindo sozinha. Ao adicionar "-que" ao fim de uma palavra, ela passa a ser a primeira de um grupo de palavras em coordenação aditiva com as anteriores. Podemos dizer simplesmente: Mulier puellaque, a mulher e a menina Mas podemos também, como nas frases-exemplo desta lição, ligar duas orações inteiras com um simples "-que". [editar]Finis Como sempre, consulte o Vocabulário, faça os Exercícios e, após tê-los corrigido, estude o Apêndice. Declinação em adjetivos No Latim os adjetivos concordam com o substantivo em gênero e número. A maioria dos adjetivos são declinados na primeira ou segunda declinação, em função de estarem no gênero feminino ou masculino, respectivamente; e alguns são de terceira declinação. No grau comparativo, são declinados na terceira declinação. [editar]Adjetivos de 1ª e 3 declinações malus m, mala f, malum n mau, má, malvado, ruim Número Caso \ Gênero Singular Masculino Feminino Neutro mala malae malae malam malā malum malī malō malum malō Plural Masculino Feminino Neutro malī malōrum malīs malōs malīs malae malārum malīs malās malīs mala malōrum malīs mala malīs Nominativo malus Genitivo Dativo Acusativo Ablativo malī malō malum malō "Cum recte vivis, ne cures verba malorum". (Catão) "Se vives corretamente, não preocupar-te-ás com as palavras más/maldizeres". magnus m, magna f, magnum n grande Número Singular Plural Caso \ Gênero Masculi Femini Neutr no no o magna magnu m Masculi Femini no no magnī magnae Neutro Nominati magnus vo Genitivo Dativo Acusativ o Ablativo magnī magnō magnum magnō magna magnae magnī magnae magnō magna m magnā magnu m magnō magnōru magnāru magnōru m m m magnīs magnōs magnīs magnīs magnās magnīs magnīs magna magnīs Consuetudinis vis magna est. [A] força do hábito é grande. "Potest ex casa magnus vir exire". (Seneca) Um grande homem pode sair de uma choupana. [editar]3ª declinação celer, –eris rápido, veloz Número Caso \ Gênero Singular M.F. celer (m), celeris (f ) celeris celerī N. Plural MM.FF NN. . Nominativ o celere celerēs celeria Genitivo Dativo celeris celerī celerium celerium celeribus celeribus Acusativo Ablativo celerem celere celerī celerī celerēs celeria celeribus celeribus [editar]Comparativo e superlativo [editar]Regulares Comparativo Superlativo benīgnus, –a, –um benīgnior, – (bom, ius benigno) benīgnissimus, –a, –um frīgidus, – frīgidissimus, – a, –um frīgidior, –ius a, –um (frio) Adjetiv calidus, – calidissimus, – o a, –um calidior, –ius a, –um (quente) pūgnāx, – pūgnācior, – ācis ius (pugnaz) pūgnācissimus, –a, –um fortis, –e fortior, –ius (forte) fortissimus, –a, –um aequālis, aequālissimus, aequālior, –ius –e (igual) –a, –um Para adjetivos terminados em "er": Adjetiv o Comparativo Superlativo pulcher, – pulchrior, –ius pulcherrimus, cra, –crum (bonito) –a, –um sacer, –cra, –crum sacrior, –ius (sagrado) sacerrimus, –a, –um tener, –era, tenerrimus, –a, –erum tenerior, –ius –um (delicado) ācer, –cris, –cre ācrior, –ius (afiado) ācerrimus, –a, –um celēber, – bris, –bre (célebre) celēbrior, –ius celēberrimus, –a, –um celer, –eris, celerrimus, –a, –ere celerior, –ius –um (rápido) Para adjetivos terminados em "lis": Adjetiv o facilis, –e (fácil) Comparativo Superlativo facilior, –ius facillimus, –a, –um difficilis, – difficilior, – e (difícil) ius difficillimus, – a, –um similis, –e simillimus, –a, similior, –ius (similar) –um dissimilis, dissimilior, – dissimillimus, –e (diferente) ius –a, –um humilis, –e humillimus, – humilior, –ius (humilde) a, –um Citius Altius Fortius. "Mais Rápido, Mais Alto, Mais Forte" (lema das Olimpíadas) [editar]Irregulares bonus,-a,um (bom) Comparativo Superlativo melior,-ius optimus,-a,um extremus,-a,um māximus,-a,um pessimus,-a,um exterus,-a,um exterior (exterior) māgnus,-a,māior,-ius um (grande) malus,-a,um (mau) pēior,-ius multus,-a,- plus (somente plūrimus,-a,um (muito) neutro) um nequam (indigno) novus,-a,um (novo) nequior recentior,-us nequissimus,a,-um novissimus,a,-um postremus,-a,um minimus,-a,um supremus,-a,um posterus,-a,um posterior (posterior) parvus,-a,um (pequeno) minor,-us superus,-a,um superior,-us (superior) Fames est optimus coquus. A fome é o melhor cozinheiro. "Pessimus inimicorum genus, laudantes". (Tacitus) [O] pior tipo de inimigo, [os] bajuladores. Pax melior est quam iustissimum bellum. [A] paz é melhor que a guerra mais justa. Bona valetudo melior est quam maximae divitiae. A boa saúde é melhor que a maior riqueza. Peior est bello timor ipse belli. Pior que a guerra é o medo da guerra. "Hic mundus perfectissimus est etiam mundorum possibilium omnium optimus". (Immanuel Kant, citando Leibniz). Este mundo mais perfeito é ainda o melhor de todos os mundos possíveis. Número Caso \ Gênero Singular M.F. N. melius meliōris meliōrī Plural MM.FF. meliōrēs meliōrum NN. meliōra meliōrum Nominativo melior Genitivo Dativo Acusativo Ablativo Melius tarde, quam nunquam Melhor tarde do que nunca. Conjunções meliōris meliōrī meliōribus meliōribus meliōrēs meliōra meliōrem melius meliōrī meliōrī meliōribus meliōribus et - e aut - ou at - mas autem - mas/porém/contudo/também/além disso sed - mas neque - e não/nem Neque... neque - Não... nem nec - e não/nem Nec... nec - Não... nem igitur - logo "Panem et circenses". - Pão e circo. (Juvenalis) "Non ut edam vivo, sed vivam edo". - Não vivo para comer, mas como para viver.(Quintilianus) Marcus videbit ludos aut dormit. - Marcus verá os jogos ou dormirá. Aut vincere aut mori. - Ou vencer ou morrer. "Nec possum tecum vivere, nec sine te". - Não posso viver contigo nem sem ti. (Martial) Advérbios não são declinados, mas é necessário compreender a declinação em adjetivos para formar advérbios a partir deles. [editar]Advérbios derivados de adjetivos de 1ª e 2ª declinação Adjetivo Advérbio clārus, –a, –um (claro) clārē (claramente) validus, –a, –um (forte) validē (fortemente) īnfīrmus, –a, –um (fraco) īnfīrmē (fracamente) solidus, –a, –um (firme) solidē (firmemente) integer, –gra, –grum (integral) integrē (integralmente) līber, –era, –erum (livre) līberē (livremente) [editar]Advérbios derivados de adjetivos de 3ª declinação Adjetivo Advérbio prūdēns, –entis (prudente) prūdenter (prudentemente) audāx, –ācis (audaz) audācter (audaciosamente) docilis, –e (dócil) dociliter (docilmente) virilis, –e (corajoso) viriliter (corajosamente) salūber, –bris, –bre (sadio) salūbriter (sadiamente) pauper, –eris, –ere (escasso) pauperiter (escassamente) [editar]Comparativo e superlativo Regulares Comparativo Superlativo clārē (claramente) clārius clārissimē solidē (firmemente) solidius solidissimē līberē (livremente) līberius līberissimē prudenter (prudentemente) prudentius prudentissimē dociliter (docilmente) docilius docilissimē salūbriter (sadiamente) salūberius salūberissimē Irregulares Comparativo Superlativo Positivo bene (bem) melius optimē male (mal) peius pessimē māgnoperē (grandiosamente) magis maximē multum (muito) plūs plūrimum nōn multum (pouco) minus minimē nēquiter (indignamente) nēquius nēquissimē saepe (freqüentemente) saepius saepissimē "Bene vixit qui bene latuit". Vive bem quem vive desapercebido. (Ovídio) Praevenire melius est quam praeveniri. Melhor prevenir do que remediar. "Qui multum habet, plus cupit". Quem muito tem, mais deseja. "Cui peccare licet peccat minus". Aquele [para o qual] pecar é permitido menos peca. (Ovídio) "Saepe creat molles aspera spina rosas". Frequentemente o espinheiro produz rosas. (Ovídio) Pronomes pessoais Observações: Pronomes pessoais latinos no genitivo serão traduzidos para o Português como pronomes possessivos. Como todos os verbos conjugam em função do número e pessoa, o uso de pronomes pessoais como sujeito das orações latinas é opcional. ego eu Caso \ # Singular Plural nōs nostrī nōbīs nōs nōbīs Nominativo ego Genitivo Dativo Acusativo Ablativo meī mihi mē mē "Aliena nobis, nostra plus aliis placent". (Publilius Syrus) O que é dos outros é mais agradável para nós; o que nosso, para os outros. tū tu Caso \ # Singular Plural vōs vestrī vōbīs vōs vōbīs Nominativo tū Genitivo Dativo Acusativo Ablativo tuī tibi tē tē "Tu quoque Brute fili mi?". (Júlio César) Tu também, Brutus, meu filho? Tibi non credo. Não acredito em ti. is m.; (f. ea, n. id, pl. ei) ele Número Caso \ Gênero Singular M. F. N. Plural MM. FF. NN. Nominati is vo Genitivo Dativo Acusativ o Ablativo Id est. (i.e.) Isto é. Id est mihi, id non est tibi! Isto é meu, não teu! Cuius regio, eius religio. Non est ei similis. Não existe ninguém similar a ele. ea id eī, iī eōru m eīs eōs eīs eae eāru m eīs eās eīs ea eōru m eīs ea eīs eiu eiu eiu s s s eī eu m eō eī ea m eā eī id eō "Olim habeas eorum pecuniam, numquam eam reddis" (Primeira regra de aquisição Ferengi) Uma vez que tenha seu dinheiro, nunca o devolva. [editar]Pron omes demonstrati vos hic m, h aec f, h oc n este, esta, isto, aqui N ú m Sing e ular r o C MF N a ae e s s mu o c i t unr Plur al MF N ae e s mu c i t unr \ Gl i ê i no nn o e o r o N o m i h n i a c t i v o G e h n u i i t u i s v o D a h t u i i v c o A c u h s u a n t c i v o l i i no n o o h h a o e c c h h h a a ī e e c h u i u s h u i u s hhh ōā ō r r r uuu mmm h u i c h u i c hhh ī ī ī s s s h h a o n c c h hh a ōā e s s c Ah h h b ōā ō l c c c hhh ī ī ī s s s a t i v o Hic habitat felicitas. Aqui mora a felicidade. Post hoc ergo propter hoc. Depois disto, logo por causa disto. In hoc signo vinces. Por este signo vencerás. iste m, ista f, istud n esse, essa, isso ille m, illa f, il dn aquele, aquela, aquilo (em alguns casos, fica melhor traduzido como ele/ela) [editar]Pronomes relativos quī m, quae f, n quem, o que, qual Qui rogat, non errat. Quem pergunta não erra. Beati hispani, quibus vivere bibere est. Sorturdos espanhóis, para os quais viver é beber. (Referência à pronúncia hispânica do Latim). Quod erat demonstrandum. O que estava para ser demonstrado. Geralmente aparece no fim de demonstrações geométricas, sob a sigla Q.e.d. Quod erat faciendum. O que estava para ser feito. Geralmente aparece sob a sigla Q.e.f. "Difficile est tenere quae acceperis nisi exerceas". (Plínio, o jovem) É difícil reter o que se aprende a não ser pela prática. [editar]Pronomes nihil n nada indeclinável Nos casos em que substituída por "nu nēmō ninguém "Homo nemo in cruciatum poterit dari, suppliciis atrocibus adhibendis". (DECLARATIONEM HOMINIS IURIUM UNIVERSAM) Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. (Declaração Universal dos Direitos Humanos) "Nemo saltat sobrius." (Cícero) Ninguém dança sóbrio. Ignorantia juris neminem excusat. [A] ignorância da lei isenta ninguém.
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Report "Alemão : Adjetivos de Primeira Classe e de Segunda Classe"