A RECREAÃ+O COMO METODOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIà

April 26, 2018 | Author: Anonymous | Category: Documents
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A RECREAÇÃO COMO METODOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Lisete Maria Massulini Pigatto1 Resumo O trabalho investigou as “Contribuições da Recreação no processo de ensino aprendizagem para o desenvolvimento da Cidadania” na sala de aula e nos Ambientes de Recreação com os (as) alunos (as) da primeira a quarta série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maia Bertoia, na cidade de Santa Maria, RS. O seu objetivo foi desenvolver a cidadania utilizando a Recreação como metodologia com alunos (as) que apresentam dificuldade de aprendizagem e adaptação. A Recreação define-se como uma metodologia que apresenta uma proposta construtivista-sociointeracionista, alegre e muito divertida. De abordagem inter e transdiciplinar, em que o processo de aprendizagem se dá pela interação numa dimensão individual e coletiva. A Recreação caracteriza-se por uma seqüência de ações e atividades educativas para instigar processos internos de desenvolvimento mental para criar o novo. O trabalho justifica-se pelos estímulos, pelos motivadores e pelas oportunidades que proporciona. A avaliação é formativa e emancipatória com a proposta. Envolvendo o (a) aluno (a) nas suas funções afetivas cognitivas e psicomotoras, nos níveis de conhecimento como um todo. A Educação Fiscal se mostrou eficaz como estratégia para desenvolver a cidadania. Conclui-se que esse trabalho precisa ser desenvolvido nas escolas, qualificando professores para trabalhar com esta metodologia, preparando as futuras gerações para o exercício da cidadania proativa no processo inclusivo. Palavras-chave: Recreação, metodologia, aprendizagem, cidadania, inclusão. Introdução O presente trabalho é o resultado de uma experiência educativa que investiga as “Contribuições da Recreação2 no processo de ensino aprendizagem para a construção da Cidadania” na sala de aula e nos Ambientes de Recreação com os (as) alunos (as) da primeira a quarta série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maia Bertoia , localizada na Avenida Walter Jobim nº 268, na cidade de Santa Maria, RS, Brasil. Uma Escola que acolhe crianças com dificuldade de aprendizagem3 e adaptação4, em idade escolar entre oito a quinze anos de idade. O trabalho com a Recreação, como 1 Educadora Especial atua na Rede Municipal e Estadual na cidade de Santa Maria, RS, Brasil. Doutoranda pela Universidade Tecnológica Intercontinental, Asuncion, Paraguai. 2 Recreação: é uma atividade para divertimento que permite recrear, criar ou produzir novamente alguma coisa ou promover entretenimento. (DIAZ Y GARCIA – TALAVERA, MIGUEL 2003, p.134). 3 Dificuldade de aprendizagem: está relacionado a problemas de ordem psicopedagógica e/ou socioculturais, concepção relacionada à prevenção (FRANÇA, 1996). 2 metodologia para construir Cidadania, já se desenvolve na escola há quatro anos e justifica-se tanto pelos estímulos, pelos motivadores e pelas oportunidades de ensino aprendizagem que proporcionam tanto aos alunos (as), como na qualificação de professores (as). Define-se a Recreação como uma metodologia que apresenta uma proposta de ensinoaprendizagem construtivista e sociointeracionista alegre e muito divertida, e de abordagem inter e transdiciplinar, em que o processo de aprendizagem se dá pela interação numa dimensão individual e coletiva. A recreação se caracteriza por uma seqüência de ações e atividades educativas com um objetivo:, instigar processos internos de desenvolvimento mental para desenvolver a cidadania, para que os (as) alunos (as) sejam capazes de produzir, reproduzir e criar o novo. O Processo de ensino-aprendizagem faz parte de um todo. Um complexo modelo interativo, centrado na construção do saber do (a) aluno (a) e na diversidade. O aluno, enquanto indivíduo é o responsável pela transformação, mediada pelo (a) professor (a) numa relação dialógica problematizadora. A partir de perguntas, constrói uma hipótese, busca a teoria, faz a intervenção, volta à realidade e problematiza novamente. Além dessas relações, não se pode ignorar a integração de mecanismos neurológicos, dependentes da evolução dos sistemas piramidal e extrapiramidal da pessoa humana. O primeiro, entendido como um sistema mecânico responsável pela motricidade fina, voluntária e ideomotora; o segundo constitui o sistema de fundo tônico-motor automático, que se opõe ao primeiro, servindo de guia às impulsões piramidais. Nessa dinâmica, o processo de ensino aprendizagem ocorre por meio da metodologia da recreação. Pela análise e síntese, estende-se da teoria à prática e da prática à teoria, propõe situações problematizadoras, estimula a curiosidade, a compreensão e a construção de novas alternativas, numa aprendizagem significativa, que deriva da observação feita pelos alunos (as), a partir do contato com a realidade. Estimulados pelo (a) professor (a), os alunos (as) elaboraram conceitos e conteúdos, traduzindo as suas vivências e os seus interesses. Na proposta, o ensinar e o avaliar são concomitantes. Primam pela avaliação formativa e emancipatória, com um nível de abrangência compatível com a proposta. Envolvem o (a) 4 Segundo o Ministério da Educação e Cultura – Secretaria de Educação Especial, Condutas Típicas são “manifestações comportamentais típicas de portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento da pessoa e prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado”.(MEC-SEESP,1994, p.7-8). 2 3 aluno (a) nas suas funções afetivas cognitivas e psicomotoras, no seu conhecimento como um todo e o professor (a) que tem uma visão do processo bem como de suas expectativas. A Cidadania é o conjunto de direitos e deveres de um indivíduo no processo democrático, o que lhe permite intervir na direção dos negócios públicos do Estado, de forma proativa, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração. A Educação Fiscal é uma nova modalidade educacional para desenvolver a participação democrática, conscientizando a população sobre a importância do exercício pleno da cidadania. No trabalho desenvolvido com alunos (as) e com ess+as experiências, perceb-se a qualidade da pessoa inserida no tempo e no espaço humano, vivenciando uma série de situações de conflito, de interesses e de necessidades. A possibilidade de múltiplas interpretações demonstra um caráter político e as ações rotineiras aumentam exponencialmente na sociedade, portanto, qualificar professores (as), para acompanharem essa evolução, torna-se inevitável. A pesquisa envolve a Recreação, a Cidadania e a Educação Fiscal5. Atende o nosso tempo e do nosso espaço, contemplando a área educacional, econômica e social. Responde ao problema da pesquisa com eficácia e proporciona conhecer o sistema instigando a participação e a reorganização. Estimulam o (a) aluno (a) a ser um Auditor (a) Social colaborador6 capaz de contribuir com a sociedade na resolução dos seus problemas respeitando a diversidade. O objetivo, neste trabalho, foi despertar no (a) aluno (a) a cidadania e o Programa da Educação Fiscal traz com ele o vínculo que faltava, o objeto do desejo, o foco da atenção e da concentração, “a moeda” e a oportunidade de aprender a lidar com o sistema. A partir desse programa, desenvolveram-se atividades para a cidadania, que abordam a educação fiscal de forma recreativa, associada ao calendário escolar e aos conteúdos, concomitantemente. 5 Conceito de Educação Fiscal: Educação é um processo de formação do ser humano que objetiva prepará-lo para a vida, dotando-o de conhecimento e habilidades que o tornam capaz de compreender o mundo e intervir conscientemente para modificar a realidade em que vivemos, de modo a edificar uma sociedade justa, livre e solidária. (PNEF - Programa Nacional de Educação Fiscal, 2ªed. Caderno 1, 2005 P.36) Disponível em: Acesso em 10 de maio de 2006. 6 Auditor (a) Social Colaborador: Pessoa capaz de organizar, fiscalizar, orientar e promover atividades sociais e econômicas em benefício da comunidade. (termo criado pela autora). 3 4 A partir disso, provoca-se uma mudança de atitude na linguagem e no comportamento, por meio das dinâmicas promovidas em sala de aula e nos ambientes de recreação7, nos (as) alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem8 e adaptação social. A dificuldade de aprendizagem identifica os nossos alunos (as). A partir desse quadro, inicia-se o nosso desafio, ressignificar os saberes, despertar interesse, criar um novo método que possa encantálos para que compreendam os conceitos, os conteúdos, aprendam a investigar, a analisar e a sugerir, de forma reflexiva, as práticas pedagógicas rotineiras, de forma cosmopolita. O trabalho sugere uma prática didática metodológica, mediada pela Recreação na sala de aula e em Ambientes de Recreação, em um contexto Dialógico Problematizador facilitando a resolução de problemas. A investigação ação-escolar9 possibilita ao professor (a) identificar os problemas que enfrenta e o motiva a buscar uma solução para a sua prática profissional. O estudo relata a experiência no âmbito teórico-metodológico de caráter inclusivo que procura detectar novas formas de pensar a Recreação em sala de aula e nos Ambientes de Recreação. Essa serve como um suporte pedagógico, pois permite desenvolver os saberes dos cidadãos e aprimorar o seu espírito numa relação de afeto, cognição e prazer no intuito de construir cidadania numa perspectiva ética, sensível e inteligente. No contexto, os direitos, os deveres, a democracia, a cidadania indicam caminhos para a inclusão escolar, econômica e social. Representam o respeito e a valorização da diversidade humana, como instrumento de bem-estar social e de desenvolvimento. A inclusão é percebida como um todo. Não é apenas a inclusão gradativa do aluno no processo escolar, , mas visa garantir o seu acesso a todos os setores, ações e atividades sociais que lhe permitam participar deste maravilhoso exercício de cidadania. A educação hoje considera a inclusão escolar e social como um processo cultural a ser construído. A comunicação é uma importante ferramenta para a transformação da sociedade e a formação da pessoa humana que nela atua. Portanto, é preciso ressaltar que as leis e as políticas públicas representam caminhos para a promoção da garantia da igualdade social. O 7 Ambientes de Recreação – ambientes reais ou imaginários nos quais os alunos desenvolvem as atividades referentes ao tema abordado. Ex: mercadinho, padaria e outros 8 Segundo Moojen (1999), existe um grupo de crianças que apresentam um baixo rendimento escolar em decorrência de fatores isolados ou em interação. Alunos (as) identificados como “portadores de dificuldade de aprendizagem”, que apresentam atrasos no desempenho escolar por falta de interesse, perturbação emocional, inadequação metodológica, mudança no padrão de exigência da escola ou alterações evolutivas normais, ditas como patológicas. 9 A investigação-ação tem seus interesses nos problemas práticos quotidianos experienciados pelos professores, mais do que em “problemas teóricos” definidos por investigadores puros dentro de uma disciplina do conhecimento. Ela pode ser desenvolvida pelos próprios professores ou por alguém por eles encarregado de desenvolvê-la para eles. (ELLIOT, 1978, p.1, citado por Mazzardo 2005). 4 5 movimento pela inclusão deve atuar de forma vigilante e coordenada para que esses direitos sejam realmente consolidados. Assim, surgiu esta metodologia, dessa diversidade, como uma nova concepção de educação, para a ela aderir, é preciso explorar as suas potencialidades nas situações de ensinoaprendizagem, de forma adequada, com organização e sistematização. A metodologia da recreação requer um planejamento com objetivos definidos, organizado na forma de ações educativas e atividades que contemplem um resultado esperado. Isso, além dos saberes que formam e emancipam o aluno para refletir, analisar e problematizar, de forma crítica, a aprendizagem e o seu entorno. O professor deve instigar o (a) aluno (a) a elaborar hipóteses ou sugestões para a resolução dos problemas, como reflexos dessas questões na educação e na sua vida futura. O acesso ao conhecimento é de fundamental importância para explorar as suas potencialidades e requer uma prática para determinar critérios e buscar opções mais apropriadas de ação e entendimento. A possibilidade de compreensão surge do diálogo, da leitura e da interpretação, quando essas passam a ter significado e sentido nas experiências vividas. A Fundamentação. A sociedade pode tornar-se melhor. Projetos que impulsionam a escola cidadã são muitos, mas é preciso que se estabeleçam vínculos entre o Projeto Político e o Projeto social para atender a uma população afastada de seus direitos mais elementares: a consciência de sua cultura, a afirmação de suas identidades, a expressão de sua voz política e o sentimento de responsabilidade coletiva. Educar para a cidadania é aspirar a uma escola que prepare pessoas não apenas para o trabalho, mas para participarem no mundo globalizado de forma crítica, reflexiva e emancipatória. Assim, estamos nos referindo à cidadania como algo a ser conquistado e ainda não acessível à maioria da população, por isso a necessidade de trabalhos para que os (as) alunos (as) e a comunidade percebam a sua importância. A teoria e a prática devem ser uma constante, os conteúdos devem ser vinculados aos contextos culturais, étnicos, sociais, econômicos. Portanto, cada tópico de conteúdo só adquire sentido quando se relaciona aos objetivos gerais e específicos, pois interpreta a realidade, levando a uma conscientização e a um compromisso social. Assim, os (as) alunos 5 6 (as) poderão assumir, com consciência, uma identidade e aprenderão a conviver com a diversidade, com a humanização numa cultura de paz. Ao participar das atividades com a Recreação e Cidadania, os (as) alunos (as) e os (as) professores (as) precisam coordenar cada ação e seus efeitos no pensamento, pois constantemente, vão se defrontar com um problema a resolver. Esses conflitos geram o funcionamento de um processo nas estruturas do pensamento à medida que essa é exercitada, promovendo a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual no ser humano. A leitura é um pré-requisito fundamental no trabalho com a cidadania, para a construção de conceitos e conhecimentos. É de fundamental importância que os (as) alunos (as) saibam ler com atenção, concentração e sensibilidade não apenas as palavras, mas as imagens, as artes, as falas, as expressões, os sentimentos e os comportamentos. A Recreação na sala de aula e nos Ambientes de Recreação apresenta dois ingredientes fundamentais: a ação e a interação biológica, psicológica, sociológica, emocional do (a) aluno (a) com o aprendizado. À medida que o aluno (a) foi desafiado pelo diálogo-problematizador, organizou as suas ações e o seu pensamento. Esta metodologia envolveu um conjunto organizado de ações educativas e atividades recreativas, que utilizam o brinquedo, a brincadeira, os jogos educativos e o laboratório de informática para atender aos objetivos estabelecidos. A Recreação permite as práticas educacionais inclusivas em sala de aula, em Ambientes de Recreação, e essas abordam a cognição, a aprendizagem, despertam os sentimentos, facilitam as relações humanas e realizam o processo com muita alegria e prazer. A abordagem pedagógica do estudo situa-se numa linha desenvolvimentista, progressista, construtivista, sociointeracionista com aportes teóricos de Piaget, Wygotsky, Wallon, Paulo Freire, Ausubel, além da contribuição de outros autores e atores sociais, sem os quais este estudo não seria possível. Na fundamentação legal que apóia este trabalho, além da LDB10 e de outras leis complementares, o ECA11 é fundamental, pois as crianças e adolescentes são sujeitos de direito e, ao Poder Público cabe o dever para efetivar essas regras que a constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente prevêem. A democracia no Brasil é representativa, mas com a Constituição de 1988, aplica a democracia participativa que prevê as emendas populares, a instituição de conselhos para determinar Políticas Públicas pela população. 10 11 LDB – Lei de Diretrizes e Bases ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente 6 7 Portanto, à educação cabe o compromisso de introjetar valores éticos e sociais, bem como garantir as condições para a sobrevivência aos menos favorecidos, o que justifica este trabalho. Segundo Scoz (1994, p.22), “as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade”. Para isso, a escola deve adaptar os currículos com qualidade, permitir o exercício da cidadania e valorizar os (as) professores (as) de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases. Segundo o Dr. José Olimpio12, à população cabe acompanhar as Leis Orçamentárias, a elaboração do Plano Plurianual, a Lei do Orçamento e a execução da Lei Orçamentária, pois a Constituição de 88 prevê aplicação de 18% dos impostos federais e 25 dos estaduais em educação. Portanto, Políticas sem recursos não existem. O lugar de criança é na escola e nos orçamentos públicos, para que assim se cumpram os preceitos constitucionais. Os resultados O ensino-aprendizagem oferece estímulos, motivadores e oportunidades de participação, de conscientização sobre os direitos e deveres. A cooperação solidária inspira a busca de alternativas de vida entre os alunos (as) e os professores (as), para que se desenvolva um convívio fraterno, diante deste grave dilema que se instaura entre o ser e o ter, neste complexo processo de sobrevivência entre os habitantes do planeta. Nas atividades desenvolvidas, utilizaram-se os impostos, a arrecadação, a redistribuição de renda e outros conceitos e conteúdos para desenvolver a cidadania nos alunos (as) da escola. Na seqüência das atividades do ano de 2004, retoma-se o entendimento sobre o que é ser um cidadão, como funciona o sistema socioeconômico de forma recreativa. As ações educativas contemplam a diversidade e são muito divertidas. Para entender o sistema, é preciso que se compreenda que, em todas as atividades, em todas as operações e em todos os produtos, o estado arrecada um tributo, uma taxa, ou seja, uma pequena prestação para os cofres públicos. Esses serão distribuídos, posteriormente, em benefícios, salários e outros em função do bem-estar social e de um processo de humanização. Assim, os (as) alunos (as) brincam, percebem a importância do cidadão, pensam e fazem sugestões para melhorar o sistema. As atividades foram trabalhadas no concreto, mas instigando o imaginário social dos (as) alunos (as) de forma sociointeracionista. 12 O Dr. Olímpio de Sá Souto Maior Neto, Procurador de Justiça do Paraná, em sua palestra proferida pelo sistema de vídeo conferência, promovida pelo IESDE Brasil, aborda o Estatuto da Criança e do Adolescente com muita proeminência. Na Elaboração do estatuto, houve uma relevante participação, pois o antigo código de menores não previa os direitos fundamentais, apenas atendimento religioso à infância e à juventude (2003) 7 8 O ano letivo de 2005 iniciou com uma viagem imaginária ao Rio de Janeiro, onde os (as) alunos (as) tiveram a oportunidade de comprar uma passagem e preencher o boleto. Chegando lá, fomos ao Teatro. Em sala de aula se trabalhou a leitura, a escrita e a interpretação da música “Cidade Maravilhosa”, utilizando o batuque, o canto, a dança, a encenação feita pelos alunos (as) e as problematizações13. Na seqüência, foram ao teatro e ao circo da Escola onde compraram o ingresso e trabalharam com a música “A barata diz que tem” e o “Circo da Xuxa”, salientando-se a importância da comunicação, dos valores, das emoções e da mentira. Brinco-se de Livraria, de Mercadinho, de Correio, com Quebra-cabeça, Jogos, como o “Jogo da Vida” e tantos outros. Foram aos bailes, dançaram valsa, rock, funk, capoeira e fezse o bolo na padaria14. Participo-se da Semana do Trânsito, em que se trabalharam as regras e os acordos. Revisaram-se os Direitos, os deveres dos (as) alunos (as) e dos (as) professores (as) como cidadãos e visitou-se uma Loja no Céu, via e-mail. Criou-se uma Oficina de Tatoo para poder trabalhar o ISSQN e o IPTU, com as revistinhas. A Dona Formiga e o Compadre Tatu se tornaram amigos dos (as) alunos (as). Além de recolher as notinhas e trocar por cautelas, fez-se uma visita a Câmara de Vereadores como cidadãos ativos, com o objetivo de apresentar o trabalho: tocar o tambor, mostrar o teatro de fantoches e reivindicar aquilo que se quer para ter uma sociedade melhor, como a implantação da “Agenda 21”15, no planeta. Era o que Paulo Freire (1971) queria, pretendia por meio do diálogo, a busca pela autonomia pelo conhecimento científico, técnico ou pelo experiencial. Problematizar o conhecimento e a sua relação com a realidade, com a qual se gera e se incide, para que se possa compreender, explicar e transformá-la. O trabalho coletivo que proporciona por meio do diálogo uma atividade de construção e reconstrução do conhecimento é de fundamental importância. Nesta origem coletiva para equacionar os seus conflitos, certamente se encontram as dificuldades que o indivíduo e a coletividade manifestam. Para isso se faz necessário: “... dialogar com a realidade, inserindo-se nela como sujeito criativo”. (DEMO, 1993, p.21) Só se aprende a fazer, fazendo e refletindo sobre as suas práticas vivenciais. A Recreação faz parte da dimensão humana, pois é um dos elementos fundamentais na socialização do indivíduo, na formação do caráter e da personalidade. Nas primeiras Questionamentos que fizeram: - Se eu não ler a placa do ônibus, já viu onde vou parar? Com isso se desperta a consciência de quanto à leitura e a escrita são importantes para a nossa cidadania. 14 A Padaria é o ambiente de recreação feito na cozinha da escola. 15 Agenda 21é a proposta para se alcançar o desenvolvimento sustentável, com ações de curto, médio e longo prazo. 13 8 9 interações se percebeu uma dependência muito grande dos (as) alunos (as) em todos os sentidos, uma insegurança para lidar com qualquer situação apresentada e uma necessidade de respostas imediatas. Não havia generalização para o avanço cognitivo. À medida que se problematizava, surgiam conflitos, os quais geravam novos questionamentos, reflexões e confrontos, entrando, então, em funcionamento estruturas lógicas mais profundas da ação e do pensamento, que propiciavam a evolução diferenciada dos (as) alunos (as) e dos grupos. A intervenção dos (as) professores (as) foi fundamental para ajudar os (as) alunos (as) a coordenar a sua ação mental no controle da impulsividade dos hábitos e atitudes. Isso ocorreu na resolução de problemas, na leitura e escrita, nas questões relativas aos numerais ordinais e o uso das vírgulas para trabalhar com o dinheiro. Embora sem compreender os valores exatos, os (as) alunos chegaram a critérios qualitativos. As limitações encontradas nos alunos (as) não impediram que todos tivessem um avanço significativo em todas as áreas. Conclusão A Recreação como metodologia é o caminho que leva à cidadania e à inclusão social. A Inclusão, na sua essência, é a arte da democracia na diversidade. Portanto, incluir não quer dizer balizar todas as pessoas uniformemente, mas procurar um consenso entre os níveis de desenvolvimento, os tempos e os espaços humanos. Os nossos tempos e os espaços diferem em gênero, número e grau evolutivo. A escola, a sala de aula, os ambientes de recreação, o processo de ensino aprendizagem só têm sentido se puderem ser aplicados em função do bem-estar social. A integração dos componentes cognitivos, psicomotores da ação com os socioeconômicos, impulsionados pela motivação interna, que emerge com os estímulos das atividades desenvolvidas nas salas de aula e nos Ambientes de Recreação fez dessas ações educativas oportunidades de experiência. Há recursos válidos para superar limites, avançar no processo de ensino-aprendizagem e aprimorar a qualificação de professores (as). Contudo, essas mudanças propostas só fazem sentido quando inseridas num projeto mais amplo de transformação e melhoria na qualidade do ensino, capaz de garantir não apenas os conhecimentos, mas também permitir o exercício e o desenvolvimento de uma cidadania proativa que valorize a dignidade humana, a democracia e uma cultura de paz. A atração pela moeda é um fato inegável, apesar das suas limitações e dificuldades, em várias áreas, para construir cidadania, ativaram o funcionamento mental de maneira não usual nas atividades escolares. Trabalharam sempre nos limites das suas potencialidades, 9 10 porém motivados para realizar os seus projetos, com bons resultados. A educação fiscal se mostrou eficaz como estratégia para se conquistar a cidadania. Portanto, para exercer a cidadania e promover a inclusão é preciso dialogar, buscar acordos e parcerias. É preciso respeitar, perceber-se como um ser humano em evolução, consciente, inspirando aos outro a buscar o novo visando ao bem comum. Conclui-se assim, que este trabalho precisa ser desenvolvido nas escolas. Qualificar os professores para trabalhar com esta metodologia a fim de preparar as futuras gerações para o exercício da cidadania, pois os (as) alunos (as) de hoje, serão o estado do amanhã.. O Projeto Recreação e Cidadania Tem como justificativa a integração; Como objetivo, a vida; Como método, a recreação; Como avaliação, a alegria e Como essência, a Inclusão Social. Referência Bibliográfica DEMO, Pedro. Desafios modernos da educação. Petrópolis: Vozes, 1993. Documento Subsidiário À Política de Inclusão, MEC, 2006. FERRERO, E.TEBEROVSKY, Psicogênese da Língua Escrita: Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. FRANÇA, C. Um novato na Psicopedagogia. In: SISTO, F. et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971. _______ Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa 7ª ed. 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