LITERATURA ARCADISMO OU NEOCLASSICISMO 1. INTRODUÇÃO O nome Arcadismo designa, especialmente, o novo estilo de época na literatura e provém da palavra Arcádia, região lendária da Grécia, habitada por pastores e protegida pelo deus Pan. Vivia-se ali em perfeita integração com a natureza. A Arcádia simbolizava, portanto, “o paraíso”. O Arcadismo é também chamado Neoclassicismo, porque é uma volta à Antigüidade clássica greco-romana, propondo-se a explorar a estética desta época e também a do Renascimento, no século XVI. O ano de 1768 é considerado a data inicial do Arcadismo no Brasil, com dois fatos marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica; a publicação de “Obras”, de Cláudio Manuel da Costa. Nesse período, houve diversas revoltas no Brasil, como a Conjuração Mineira e a Conjuração Baiana, todas inspiradas nos ideais da Revolução Francesa. Essas informações chegavam ao país através de livros importados, adquiridos por estudantes, em geral, filhos de mineradores afetados pela política tributária da metrópole, cada vez mais preocupada em manter o país dependente e continuar a exploração predatória. Além disso, a declaração de independência dos Estados Unidos, em 4 de julho de 1776, incentivou movimentos separatistas como o de Minas Gerais. Teremos no Arcadismo lançadas as sementes do nacionalismo, uma das características da próxima estética literária, pois a realidade brasileira já começa a aparecer nas obras do momento. A doutrina iluminista guiará o pensamento no século XVIII. Segundo Locke, cuja filosofia influenciou sobremaneira os iluministas, a alma existia de forma autônoma, sendo o mundo do conhecimento humano uma esfera independente. Dessa maneira, seria fácil conciliar razão e fé, já que representariam campos diferentes. Deus seria, então, a Suprema Inteligência, dando-se a conhecer através da natureza, cujas leis regeriam tudo o que existe (teoria mecanicista, baseada na filosofia de Descartes), sem necessidade de orações e outras cerimônias religiosas. Daí, a tentativa de imitação da natureza pelos poetas árcades. A palavra de ordem era a razão, a ser utilizada no sentido de construir um mundo melhor, onde a felicidade seria absolutamente possível para todos. Daí, também, o nome Neoclassicismo dado ao Arcadismo, já que haverá um predomínio do racionalismo, acompanhado de culto aos deuses pagãos. É importante notar que o Arcadismo fecha essa fase chamada Renascimento, composta também pelo Editora Exato 20 Classicismo e pelo barroco. O romantismo representará uma inovação em todos os sentidos. 2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS PRODUÇÃO ARTÍSTICA DA A literatura produzida no Brasil revela características neoclássicas do Arcadismo português, embora já se note preocupação por parte dos brasileiros em afastar-se dos modelos portugueses e uma busca de expressão nacional. 1. Racionalismo - ênfase à razão, ao conhecimento e à ciência. A beleza e o racional caminham lado a lado. 2. Objetividade - o equilíbrio e o aspecto intelectual sobrepõem-se à emoção e ao sentimento. 3. Cientificismo - negação da excessiva religiosidade e misticismo e preocupação com verdades universais. 4. Convencionalismo ou imitação dos clássicos - a obediência a regras e convenções clássicas como sinônimo de “imitação”, não de “cópia” pura e simples. Aspectos imitados: forma (busca da perfeição formal; obediência aos gêneros literários) e conteúdo (temática preferencial: amor, vida e morte, vida campestre, poesia didática ou doutrinária; recorrência à mitologia pagã). 5. Bucolismo - a paisagem rural é retratada de forma idealizada: a natureza é símbolo do que é belo, puro e perfeito e, portanto, do que deve ser “imitado”. O mito do “bom selvagem”, de Rousseau, acarreta a valorização do homem simples do campo. 6. Pastoralismo ou tendência democratizante - o eu lírico transforma-se, via de regra, na figura de um pastor, dotado inclusive de um pseudônimo. Como exemplo, pode-se citar Tomás Antônio Gonzaga com os pseudônimos Dirceu, na poesia lírica, e Critilo, na poesia satírica (Cartas Chilenas). 7. Idealização da mulher e do amor - a figura feminina aparece idealizada aos moldes camonianos e o amor é quase sempre não-passional - é fonte de prazer e serenidade. 8. Simplicidade - períodos curtos, clareza, simplicidade vocabular, livre estrofação “verso branco” (sem rima) e preferência pela comparação em lugar de metáforas. 9. Artificialismo ou fingimento poético - observase com facilidade no Arcadismo brasileiro, que incorpora elementos genuinamente europeus: ilhas, pastores, neve etc. 10. Tendência introspectiva e morte por amor traços pré-românticos. Expressões latinas relacionadas ao Arcadismo “Inutilia truncat” - acabe-se com as inutilidades (oposição ao rebuscamento, à complexidade, à ornamentação excessiva do Barroco). “Fugere Urbem” - fugir para o campo (fugir da cidade) através da poesia. “Locus amoenus” - o campo como lugar tranqüilo, com paisagens amenas. “Aurea mediocritas” - mediocridade áurea - existência tranqüila, sem excessos. “Carpe diem” - viver o presente, o momento, o dia. 3. CLÁUDIO MANUEL DA COSTA 4. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (DIRCEU) Cláudio Manuel da Costa nasceu nas proximidades de Mariana, Minas Gerais, em 1729. Após seus primeiros estudos com os jesuítas no Brasil, vai para Coimbra estudar Direito. Formado, vive um tempo em Lisboa, onde respira o clima das primeiras manifestações árcades. Em 1768, já de volta a Vila Rica, lança seu livro de poesias, “Obras”, e funda a “Arcádia Ultramarina” (observe-se que o nome faz menção a uma arcádia portuguesa, só que além-mar). Tendo participado da Inconfidência Mineira, é preso e encontrado enforcado na cadeia, em 1789. Sua obra anterior a 1768 compõe-se de algumas poesias no estilo gongórico, escritas sob a influência jesuítica. Desde aquela data procurou trabalhar sempre de acordo com o pensamento árcade, destacando-se por seus sonetos, perfeitos na forma e na linguagem, mas sem profundidade em relação ao conteúdo. Seus temas giram em torno das reflexões morais, das contradições da vida, tão ao gosto dos poetas quinhentistas, percebendo-se inclusive uma marcante influência camoniana em seus sonetos. Cultivou a poesia bucólica, pastoril, na qual menciona a natureza como refúgio: “Sou pastor; não te nego; os meus montados São esses, que aí vês, contente Ao trazer entre a relva florescente A doce companhia dos meus gados” Ou ainda o sofrimento amoroso, as musas: “Parece que estes prados, e estas fontes Já sabem, que é o assunto da porfia Nise, a melhor pastora destes montes”. Deixou-nos também o poema épico Vila Rica, no qual exalta os bandeirantes, fundadores de inúmeras cidades na região mineradora, e narra a história da atual Ouro Preto desde a sua fundação. Nascido no Porto, Portugal, em 1744, Gonzaga era filho de pai brasileiro e mãe portuguesa. Passou parte da infância no Brasil e formou-se em Direito por Coimbra. Após sua graduação, escreve uma tese dentro dos princípios iluministas e a dedica ao Marquês de Pombal: Tratado de Direito Natural - consta que com a intenção de concorrer a uma cátedra na Universidade de Coimbra. Aos 38 anos, vem definitivamente para o Brasil, instalando-se em Vila Rica como ouvidor e juiz. Quando da inconfidência Mineira, estava prestes a casar com a jovem Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a Marília; preso, é condenado ao degredo em Moçambique. Lá, casa-se com Juliana de Sousa Mascarenhas; morre em 1810. Sua principal obra são as liras de Marília de Dirceu, inspiradas em seu romance com Maria Dorotéia. Esta obra apresenta-se dividida em duas partes distintas (alguns estudiosos de sua produção chegam a reconhecer uma terceira parte): a primeira discorre sobre a iniciação amorosa, o namoro, a felicidade do amante, os sonhos de uma família, a defesa da tradição e da propriedade, sempre numa postura patriarcal; a segunda, escrita durante os sofrimentos provocados pela cadeia, mostra-nos uma série de reflexões que abordam desde a justiça dos homens até os caminhos do destino e a eterna consolação no amor que sente por Marília. Entretanto, é interessante atentar para alguns aspectos da obra: “Marília de Dirceu”: Marília é quase sempre um vocativo; embora tenha a estrutura de um diálogo, a obra é um monólogo - só Gonzaga fala, raciocina; Marília é apenas um pretexto, pois o centro do poema é o próprio Gonzaga. Como bem lembra o crítico Antônio Soares Amora, o melhor título para a obra seria “Dirceu de Marília, mas o patriarcalismo de Gonzaga jamais lhe permitiria colocar-se como a coisa possuída; Marília, a pastorinha, aparece na obra ora loira, ora morena, obedecendo às sugestões da inspiração do poeta. Na obra, é patente a oposição entre o pobre pastor Dirceu - que cuida de ovelhinhas brancas e vive numa choça no alto do monte - e o burguês Dr. Tomás Antônio Gonzaga, juiz que lê altos volumes, instalado em espaçosa mesa. (Esta é uma das contradições em que o poeta cai ao compor a lira). Outro trabalho importante de Gonzaga foram as “Cartas chilenas” - poemas satíricos que circularam em Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mineira. Esses poemas eram escritos em versos decassílabos e tinham a estrutura de uma carta, assinada por Critilo (Tomás Antônio Gonzaga) e endereçada a Doroteu (Cláudio Manuel da Costa). Critilo, 21 Editora Exato habitante de Santiago do Chile (na verdade, Vila Rica), narra a Doroteu (residente em Madri) os desmandos e arbitrariedades do governador chileno, um político sem moral, despótico e narcisista, o Fanfarrão Minésio (na realidade, Luís da Cunha Meneses, governador de Minas Gerais até pouco antes da Inconfidência). Esta obra teve sua autoria discutida por muito tempo. Após os estudos de Afonso Arinos e, principalmente, o trabalho de Rodrigues Lapa, a dúvida teve fim: Critilo é realmente Tomás Antônio Gonzaga e Doroteu é Cláudio Manuel da Costa. 5. PRODUÇÃO LITERÁRIA 6. BASÍLIO DA GAMA “Serás lido, Uraguai, cubra os meus olhos Embora um dia a escura noite eterna. Tu vive e goza a luz serena e pura”. (Basílio da Gama) Santa Rita Durão - Aonde vais, Caramuru? - Eu vou para França, vou levar Paraguaçu.” José de Santa Rita Durão nasceu em Catapreta, proximidades de Mariana, Minas Gerais, em 1722. Após os primeiros estudos com os jesuítas no Rio de Janeiro, segue para Portugal, onde ingressa na Ordem de Santo Agostinho. Em 1759, quando da expulsão dos jesuítas, prega violento sermão contra os padres da Companhia de Jesus (mais tarde, arrepende-se de tal atitude). Peregrina pela Espanha, Itália e França. Em 1781, publica o seu poema épico Caramuru. Falece em Portugal a 24 de janeiro de 1784. Caramuru - Poema Épico do Descobrimento da Bahia, é o título que consta da capa da edição original, já antecipando o seu tema: o descobrimento e a conquista da Bahia por Diogo Álvares Correia, português vítima de um naufrágio no litoral baiano. O poema caracteriza-se pela exaltação da terra brasileira, incorrendo o autor em descrições da paisagem que lembram a literatura informativa do Quinhentismo. O elemento indígena é tratado dentro de um prisma informativo e, no geral, Santa Rita paga um tributo ao século XVIII, valorizando a vida natural (mais pura, distante da corrupção). É evidente a influência camoniana na distribuição da matéria épica e na forma; por outro lado, Santa Rita não se utiliza da mitologia pagã, como Camões em “Os lusíadas”, mas apenas de um conservadorismo cristão. Quanto à forma, o poema é composto de dez cantos, versos decassílabos, oitava rima camoniana (ABABABCC). A divisão é a tradicional das epopéias, constando de proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. Seus heróis são: Diogo Álvares Correia, o Caramuru; Paraguaçu, com quem Diogo se casa e vai a Paris; Moema, a bela amante pretendida no casamento e que morre, nadando atrás de Diogo; Gupeva e Sergipe. José Basílio da Gama (pseudônimo árcadeTerminado Sipílio) nasceu a 08 de abril de 1741, na então cidade de São José do Rio das Mortes, hoje Tiradentes, Minas Gerais. Estudou no Colégio dos Jesuítas, no Rio de Janeiro, e era noviço, em 1759, quando da expulsão daqueles religiosos. Vai para Roma, ingressando na Arcádia Romana com o pseudônimo de Terminado Sipílio. Em 1768, já em Lisboa, é preso por jesuitismo e condenado ao degredo em Angola; livra-se do exílio ao escrever um epitalâmio à filha do Marquês de Pombal. Em 1769, publica O Uraguai - criticando os jesuítas e defendendo a política pombalina - torna-se secretário de Pombal. Falece em Lisboa a 31 de julho de 1795. O poema épico O Uraguai tem dois objetivos básicos: a defesa e a exaltação da política pombalina, e a crítica virulenta aos jesuítas, seus antigos mestres. São palavras de Basílio da Gama nas notas ao poema: “Os jesuítas nunca declamaram contra o cativeiro destes miseráveis racionais (os índios), senão porque pretendiam ser só eles os seus senhores”, encontramos ainda referência aos jesuítas, com suas restrições mentais. O tema histórico do poema é a luta empreendida pelas tropas portuguesas, auxiliadas pelos espanhóis, contra os índios dos Sete Povos das Missões, instigados pelos jesuítas; portanto, a culpa caberia aos jesuítas e não aos índios. Em conseqüência do Tratado de Madri (1750), a missão dos Sete Povos passaria aos portugueses, enquanto a de Sacramento, em terras uruguaias, passaria aos espanhóis. Com tema pouco propício e contemporâneo do autor, o que não é comum nos poemas épicos, Basílio da Gama consegue criar uma obra de fôlego e certa elegância poética, apesar de residir seu maior feito na quebra da estrutura camoniana. Embora fizesse a exaltação da natureza e do “bom selvagem”, soube fugir dos lugares comuns do bucolismo vigente. No aspecto formal, algumas inovações: os versos são decassílabos brancos (sem rima), não apresentam divisão em estrofes e constam de apenas cinco cantos. Embora apresente a divisão tradicional em proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo, quebra essa estrutura ao iniciar o poema pela narração: “Fuma ainda nas desertas praias Lagos de sangue tépidos, e impuros Em que ondeiam cadáveres despidos Pasto de corvos.” Editora Exato 22 O Uraguai foi dedicado ao “Ilmo. e Exmo. Sr. Francisco Xavier de Mendonça Furtado”, mas o livro curiosamente se inicia com um soneto dedicado ao seu irmão, o Conde de Oeiras, mais tarde, Marquês de Pombal. São personagens do poema: Gomes Freire de Andrada, herói português, Balda, o vilão, jesuíta caricaturizado; e os indígenas: Lindóia, Cacambo, marido de Lindóia, Cepé; Tatu-Guaçu, Caitutu e Tanajura, a vidente. ESTUDO DIRIGIDO 1 Leia o texto para responder às questões: Marília de Dirceu (Lira XIX - 1ª parte) a) Faça uma análise da primeira estrofe da Lira XIX, a partir dos adjetivos usados por Gonzaga. b) A natureza é sábia e nos ensina que as fêmeas vivem para a reprodução; esta é a idéia da segunda e da terceira estrofe da Lira XIX. Qual a relação destas com a quarta estrofe? c) A partir da análise da quarta estrofe da Lira XIX, você diria que Dirceu/Gonzaga é patriarcal? Justifique sua resposta? d) Faça uma análise da Lira XV da segunda parte. Percebe-se nela a passagem do poeta pela prisão? Justifique sua resposta. 2 Leia o texto a seguir: Caramuru “Copiosa multidão da nau francesa Corre a ver o espetáculo, assombrada; E ignorando a ocasião da estranha empresa, Pasma da turba feminil, que nada. Uma que às mais precede em gentileza, Não vinha menos bela, do que irada; Era Moema, que de inveja geme, E já vizinha à nau se apega ao leme. (...) “Bárbaro (a bela diz) tigre e não homem ... Porém o tigre, por cruel que brame, Acha forças no amor, que enfim o domem; Só a ti não domou, por mais que eu te ame. Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem, Como não consumis aquele infame? Mas pagar tanto amor com tédio e asco ... Ah! que corisco és tu ... raio ... penhasco! Enfim, tens coração de ver-me aflita, Flutuar, moribunda, entre estas ondas; A um ai somente, com que aos meus respondas. Bárbaro, se esta fé teu peito irrita Nem o passado amor teu peito incita (Disse, vendo-o fugir) ah! Não te escondas Dispara sobre mim teu cruel raio ...” “Perde o lume dos olhos, pasma e treme, Pálida a cor, o aspecto moribundo; Com mão já sem vigor, soltando o leme Entre as salsas escumas desce ao fundo. Mas na onda do mar, que, irado, freme, Tornando a aparecer desde o profundo, Ah! Diogo cruel ! - disse com mágoa E sem mais vista ser, sorveu-se na água.” (DURÃO, Santa Rita. Caramuru) Enquanto pasta alegre o manso gado, Minha bela Marília, nos sentemos À sombra deste cedro levantado. Um pouco meditemos Na regular beleza, Que em tudo quanto vive, nos descobre A sábia natureza. Atende, como aquela vaca preta O novilho seu dos mais separa E o lambe enquanto chupa a lisa teta Atente mais, ó cara, Como a ruiva cadela Suportará que lhe morda o filho o corpo, E salte em cima dela. Repara, como cheia de ternura Entre as asas ao filho essa ave aquenta, Como aquela esgravata a terra dura, E os seus assim sustenta; Como se encoleriza. E salta sem receio a todo o vulto, que junto deles pisa Que gosto não terá a esposa amante Quando der ao filhinho o peito brando, E refletir então no seu semblante! Quando, Marília, quando Disser consigo: “É esta De teu querido pai a mesma barba, A mesma boca, e testa”. (Lira XV 2ª parte) Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro Fui honrado Pastor da tua aldeia; Vestia finas lãs, e tinha sempre A minha choça do preciso cheia. Tiraram-me o casal, e o manso gado. Nem tenho, a que me encoste, um só cajado. a) Faça a divisão silábica poética do verso “Pasma da turba feminil, que nada” b) Faça o esquema das rimas das estrofes acima. c) Moema morre pelo homem amado. Esse tema, comum no Arcadismo, antecipa um novo estilo de época. Identifique-o. 23 Editora Exato 3 Leia o texto a seguir e responda às questões: O Uraguai “................................... Mais de perto Descobrem que se enrola no seu corpo Verde serpente, e lhe passeia, e cinge Pescoço e braços, e lhe lambe o seio. Fogem de a ver assim, sobressaltados. E param cheios de temor ao longe; E nem se atrevem a chamá-la e temem que desperte assustada, e irrite o monstro. E fuja, e apresse no fugir a morte. Porém o destro Caitutu, que treme Do perigo da Irmã, sem mais demora Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes Soltar o tiro, e vacilou três vezes Entre a ira e o temor. Enfim sacode O arco e faz voar a aguda seta, Que toca o peito de Lindóia, e fere A serpente na testa, e a boca e os dentes Deixou cravados no vizinho tronco. Açouta o campo com a ligeira cauda O irado monstro, e em tortuosos giros Se enrosca no cipreste, e verte envolto Em negro sangue o lívido veneno. Leva nos braços a infeliz Lindóia O desgraçado irmão, que ao despertá-la Conhece, com que dor! no frio rosto os sinais do veneno, e vê ferido Pelo dente sutil o brando peito Os olhos, em que Amor reinava, um dia, Cheios de morte, e muda aquela língua Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes Contou a larga história de seus males. Nos olhos Caitutu não sofre o pranto. E rompe em profundíssimos suspiros. Lendo na testa da fronteira gruta O alheio crime e a voluntária morte. O suspirado nome de Cacambo. Ainda conserva o pálido semblante Um não sei que de magoado e triste, Que os corações mais duros enternece. Tanto era bela no seu rosto a morte”. (GAMA, Basílio da. O Uraguai. 2 ed. Rio de Janeiro, Agir, 1972. P 82-4) EXERCÍCIOS 1 Identifique os itens referentes ao Barroco e ao Arcadismo, separando uns de outros: a) Racionalismo; b) Retorno à Idade Média; c) Cultismo; d) Complexidade; e) Clareza; f) Fusionismo; g) Simplicidade; h) Volta ao Renascimento; i) Cristianismo; j) Mitologia. (OSEC-SP) I – Culto do contraste; oposição do homem voltado para o céu ao homem voltado para a terra; linguagem excessivamente ornada. II – Simplicidade, mas nobreza de linguagem, busca de motivos bucólicos. As características acima referem-se, respectivamente: a) Ao Barroco e ao Romantismo. b) Ao Parnasianismo e ao Arcadismo. c) Ao Parnasianismo e ao Barroco. d) Ao Barroco e ao Arcadismo. e) Ao Barroco e ao Modernismo. (UC-MG) Das características abaixo, presentes na obra de Tómas Antônio Gonzaga, a única que se refere às convenções do neoclassicismo é: a) apresentação objetiva da realidade brasileira; b) consciente manifestação de estados emocionais; c) elogio da vida burguesa numa linguagem coloquial; d) freqüentes referências a figuras mitológicas; e) versos com nítida caracterização de crônica amorosa. (MACK-SP) Aponte a alternativa cujo conteúdo não se aplica ao Arcadismo: a) desenvolvimento do gênero épico, registrando o início da corrente indianista na poesia brasileira. b) presença da mitologia grega na poesia de alguns poetas desse período. c) propagação do gênero lírico em que os poetas assumem a postura de pastores e transformam a realidade num quadro idealizado. d) circulação de manuscritos anônimos de teor satírico e conteúdo político. e) penetração da tendência mística e religiosa, vinculada à expressão de ter ou não ter fé. 2 3 4 a) Faça um quadro comparativo entre Caramuru e o Uraguai, salientando as semelhanças e as diferenças entre essas obras. b) Comente as oposições de interesses entre os seguidores do Iluminismo e a Companhia de Jesus (consulte o momento histórico). Editora Exato 24 5 (UFRS) Assinale: a) se só a proposição I for correta. b) se só a proposição II for correta. c) se só a proposição III for correta. d) se forem corretas as proposições I e II. e) se forem corretas as proposições II e III. I - Dirceu era o pseudônimo arcádico do poeta Cláudio Manuel da Costa. II - O Uraguai, poema composto em moldes rigorosamente camonianos, gira em torno das aventuras de um naufrágio português entre os índios do Brasil. III - Os rondós e madrigais dedicados a GIaura constituem a obra lírica-amorosa de Silva Alvarenga. Para as proposições abaixo, assinale: I. Caramuru, poema composto em moldes rigorosamente camonianos, gira em torno das aventuras de um naufrágio vivenciadas por Lindóia e Diogo Álvares Correia. II. Quanto ao gênero épico na Literatura Brasileira, registram-se apenas tentativas de fazer uma epopéia seguindo os moldes clássicos “Cartas Chilenas” exemplifica essas tentativas. III. As manifestações literárias brasileiras durante o período colonial, embora incipientes, representam o esplendor das tendências literárias do medievalismo português. a) apenas I é correta. b) apenas II é correta. c) apenas III é correta. d) todas são corretas. e) todas são incorretas. (UA-AM) Leia as afirmativas abaixo, também referentes ao Arcadismo. I. Sua estrutura inverte a tradição criada por Camões (proposição, invocação, oferecimento, narrativa e epílogo), pois o enredo começa pelo desfecho. II. A ação se passa, entre índios e jesuítas, na região do Recôncavo Baiano. III. Segundo muitos estudiosos, é um poema épico, mas não uma epopéia, pois não narra os maiores momentos de nosso povo. IV. É construído em decassílabos brancos e estrofação livre. Aplicadas ao poema épico O Uraguai, produzido na vigência da estética arcádica, podemos defender como corretas as seguintes afirmativas: a) II, III e IV.. b) Somente I e III. c) Somente I e II. d) I, III e IV e) Somente II e IV. GABARITO Estudo Dirigido 1 a) b) c) d) 2 a) b) c) 3 a) b) Exercícios 1 Barroco: B, C, D, F, I Arcadismo: A, E, G, H, J 2 3 4 5 6 7 D D E C E D 6 7 Editora Exato 25