1. Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus – Amazonas. André Girão dos Santos Orientadora: Dra. Cristina Motta Bührnheim Manaus, AM. 2015 - 2 Universidade do Estado do Amazonas – UEA Escola Normal Superior – ENS Licenciatura em Ciências Biológicas 2. Introdução • No Brasil ocorrem 426 espécies de ofídios, sendo 75 peçonhentas (COSTA e BÉRNILS, 2014). • Peçonhentas(os) são animais que produzem toxinas e possuem algum aparato para a sua inoculação, nesse caso, as presas. • No Brasil existem duas famílias de ofídios que representam algum tipo de perigo para os humanos. • Viperidae e Elapidae (BERNARDE, 2009). • A Viperidae tem como representantes, os gêneros: Bothrops; Bothriopsis; Bothrocophias; Crotalus; Lachesis (jararacas, cascavéis e surucucus). Com 9 espécies na Amazônia. • E a Elapidae, os gêneros: Micrurus; Leptomicrurus (corais- verdadeiras). Com 18 espécies na Amazônia. 3. Bothrops atrox – jararaca. Fonte: Lucian Veras Micrurus spixii – coral-verdadeira. Fonte: Google imagem. Viperidae Elapidae 4. • Existem outras famílias de ofídios no Brasil, mas que não trazem risco a saúde humana. • A Boidae, com os gêneros Boa; Corallus; Epicrates e Eunectes (matam por constrição), com cinco espécies na Amazônia. • Colubridae, dividida em sete sub-famílias, mas somente duas sub-famílias ocorrendo no Brasil: Colibrinae com seguintes gêneros, Chironius; Dendrophidion; Drymoluber; Mastigodryas; Oxybelis; Rhinobothryum; Spilotes e Tantilla, tendo 13 espécies na Amazônia. Dipsadinae, com os gêneros, Apostolepsis; Atractus; Clelia; Dipsas; Drepanoides; Erythrolamprus; Helicops; Hydrodynastes; Hydrops; Imantodes; Leptodeira; Leptophis; Liophis; Oxyrhopus; Philodryas; Pseudoboa; Siphlophis; Taeniophallus; Umbrivaga; Xenodon e Xenopholis, com 36 espécies na Amazônia. • Leptotyphlopidae com uma espécie na região de Manaus, Epictia tenella. • Typhlopidade com uma espécie na região de Manaus, Typhlops reticulatus. • Anomalepididae com uma espécie na região de Manaus, Typhlophis squamosus. • Aniliidae com um gênero e uma espécie existente, Anilius scytale. 5. Boa constrictor – jiboia. Fonte: Google imagem. Mastigodryas boddaerti. Fonte: Lucian Veras. Boidae Colubridae - Colubrinae 6. Leptophis ahaetulla. Fonte: Lucian Veras Epictia tenella. Fonte: Google imagem. Colubridae - Dipsadinae Leptotyphlopidae 7. Typhlops reticulatus. Fonte: Google imagem. Typhlophis squamosus. Fonte: Google imagem. Typhlipidae Anomalepididae 8. Anilius scytale. Fonte: Google imagem. Aniliidae 9. • Em Manaus, na Reserva Adolpho Ducke foram identificadas 66 spp. de serpentes (Martins, 1998). Mais recentemente, em um fragmento urbano, o Parque Estadual Sumaúma, Gordo (2006) referiu 2 spp. • Sabendo disso, é importante conhecer os ofídios que vivem nos parques e áreas verdes da cidade. • Sendo feito então um estudo dos ofídios no Parque Estadual Sumaúma, como único PAREST na região de Manaus, através de uma rápida amostragem. 10. Material e Métodos • Área de estudo: • O Parque Estadual Sumaúma foi criado através do decreto nº 23.721/03 e com área de 51 ha e foi redelimitado pela Lei Estadual 3.741/12 para 52,62 ha (Figura 1). • Está localizado na rua Bacurí, s/n , Bairro Cidade Nova II, Zona Norte de Manaus – AM. • É formado por floresta de mata alta, mantendo elementos de floresta primária, terra firme e a sua vegetação original denominada de ombrófila densa. 11. Área total atual do PAREST Sumaúma. Fonte: Google earth. 12. • Possui uma sede central; uma cozinha; quatro banheiros; um laboratório de informática; uma biblioteca; uma academia ao ar-livre; e cinco trilhas. Trilhas do PAREST Sumaúma. Fonte: Kelly Oliveira 13. • Métodos: • Foram feitas 12 visitas ao PAREST Sumaúma, nos períodos diurno – manhã e tarde – (9/10 h até 12 h) (14 h até 17 h) e noturno (18/19 h até 21 h), totalizando 32 horas de amostragem. • Foi utilizado o método de observação direta, “ad libidum” (DEL-CLARO, 2004). • Sendo feito registro fotográfico do animal para identificação; captura utilizando gancho herpetológico; registro das coordenadas geográficas; medição do indivíduo; medição da temperatura do ambiente; registro do horário; identificação do terreno (solo, aquático, arbóreo); e lanterna para focagem noturna. • Foram seguidas as trilhas que já existem no parque. A cada 10 metros percorridos, foi feito focagem na mata adjacente da trilha em 20 metros para esquerda e para a direita da trilha. 14. • Com os dados coletados, foi feita uma análise para que pudesse se constatar as condições físicas dos indivíduos capturados. Quantidade de indivíduos coletados Quantidade de indivíduos adultos Desnutrição Ferimentos ou amputações Morto 9 7 Não Não 3 15. Resultados e Discussão • Nos 12 dias de amostragem foram feitas seis capturas de ofídios no PAREST Sumaúma, e três observações pela equipe de AAV’s (Agentes Ambientais Voluntários), que trabalham no parque. • Destas nove capturas/observações, foi possível a identificação ao menor nível taxonômico (espécie), no qual foram identificados cinco espécies de ofídios. • Quase todos os espécimes estavam saudáveis e bem alimentados, não fosse por três indivíduos, uma Boa constrictor e duas de Mastigodryas boddaerti. • Também foram encontradas duas mudas (ecdise), uma de Boa constrictor (150 cm) e a outra de algum espécime de Colubridae. 16. (A) Mastigodryas boddaerti; (B) Mastigodryas boddaerti; (C) Boa contrictor. (A) Muda de Boa constrictor; (B) Muda de Colubridae. 17. • As espécies identificadas foram: Boa constrictor – jiboia; Oxybelis fulgidus – cobra-cipó; Bothrops atrox – jararaca; Mastigodryas boddaerti; e Leptophis ahaetulla. Espécie Quantidade de indivíduos Localidade espacial Condição Boa constrictor 1 Solo Morto Oxybelis fulgidus 1 Árvore Vivo Bothrops atrox 3 Solo Vivo Mastigodryas boddaerti 3 Solo Vivo/Morto∗ Leptophis ahaetulla 1 Árvore Vivo * Um espécime de Mastigodryas boddaerti encontrado morto e outro espécime que morreu após a captura. 18. • O número de espécies e quantidade de indivíduos é bem promissor, ainda mais se comparado a outro trabalho feito no PAREST Sumaúma de caracterização biológica. • Que difere em quantidade de espécies encontradas, cinco espécies em 2015, contra duas espécies (Bothrops atrox e Micrurus spixii) em 2006. • O fato de não ter sido encontrado um único espécime de Micrurus spixii, pode ser por motivo de predação (cães, gatos ou outros), ou a falta de chuva. • A maioria dos indivíduos foram encontrados nos arredores da sede central, o que pode indicar falta de alimento no parque, um alto índice de poluição no parque, ou ainda, por ser mais fácil a visualização dos ofídios. • Foram encontradas uma Mastigodryas boddaerti e uma Bothrops atrox no mesmo local, e o primeiro espécime estaca com sangue e o olho esquerdo quase todo fora da órbita ocular, o que indica predação por parte do Bothrops atrox (ofiofagia) (TURCI 2009). 19. (A) Boa constrictor; (B) Leptophis ahaetulla; (C) Oxybelis fulgidus; (D) Mastigodryas boddaerti; (E) Bothrops atrox. 20. Pontos onde foram encontrados os espécimes. Pontos verdes: Encontrados durante o trabalho; Pontos vermelhos: Encontrados pelos AAVs. 21. Data Horário Coordenadas Geográficas Temperatura do Ambiente Espécie/Tamanho (cm) Localidade espacial/Condição Latitude Longitude 03/09/15 09:02 S 03º 02’ 05.3” W 059º 58’ 54.4” 34.2ºC Boa constrictor / 150 cm Solo/Morta 16/10/15 12:00 S 03º 02’ 05.8” W 059º 58’ 56.6” 34ºC Oxybelis fulgidus / 135 cm Árvore/Viva 24/10/15 09:57 S 03º 02’ 08.4” W 059º 58’ 46.5” 30°C Bothrops atrox / 110 cm Solo/Viva 07/11/15 17:05 S 03º 02’ 06.0” W 059º 58’ 58.3” 34.5ºC Mastigodryas boddaerti / 90 cm Solo/Viva 07/11/15 17:31 S 03º 02’ 06.0” W 059º 58’ 58.3” 34.5ºC Bothrops atrox / 110 cm Solo/Viva 21/11/15 12:00 S 03º 02’ 05.7” W 059º 58’ 54.4” 34ºC Mastigodryas boddaerti / 65 cm Solo/Morta - - S 03º 01’ 59.9” W 059º 58’ 47.3” - Bothrops atrox Solo/Viva - - S 03º 02’ 01.8” W 059º 58’ 59.9” - Leptophis ahaetulla Árvore/Viva - - S 03º 02’ 01.1” W 059º 59’ 00.1” - Mastigodryas boddaerti Solo/Viva 22. Considerações Finais e Recomendações • O PAREST Sumaúma mostra-se com grande potencial para trabalhos científicos, porém existem alguns empecilhos, como: pontes deterioradas, muita poluição nos igarapés e na mata do parque, trilhas mexidas pelos morados dos arredores, pouca quantidade de guias, e falta de recursos (bebedouro, papel- higienico, entre outros). • Existem também a fragmentação do parque, para a construção da continuação da Av. Timbiras, e também será feito um corte de 600 metros de extensão por 5/7 metros de largura, para a tubulação de agua pluviais dessa nova parte da Av. Timbiras. • O Shopping Sumaúma joga seus afluentes para dentro do parque, sem que haja o devido cuidado para tal, o que influencia na contaminação dos igarapés do parque. 23. Efluente oriundo do Shopping Sumaúma. Fonte: Lucian Veras. Poluição de resíduos sólidos em um dos igarapés do parque. Fonte: Lucian Veras 24. • O que se busca então é a melhoria do Parque Estadual Sumaúma e a abertura do parque para o público em geral, para que o parque tenha a sua finalidade alcançada. 25. Referências• BERNARDE, P. S. Acidentes Ofídicos. Apostila. UFAC, 2009,p. 26. • COSTA, H. C.; BÉRNILS, R. S. Répteis brasileiros: Lista de espécies. Herpetologia Brasileira, v. 3, n. 3, p. 74-84, 2014. • DEL-CLARO, K. Comportamento animal: uma introdução à ecologia comportamental. Jundiaí: Livraria Conceito, p. 132, 2004. • FONTES, T. A.; RIBEIRO, K. C. C. Parque Estadual Sumaúma em Manaus: Considerações sobre a Educação Ambiental e sua utilização para a conservação do local. Revista Eletrônica Aboré, p. 91 – 106, 2010. • FRAGA, R. de; LIMA, A. P.; PRUDENTE, A. L. C. da; MAGNUSSON, W. E. Guia de cobras da região de Manaus: Amazônia Central. Manaus: Editora Inpa, p. 303, 2013. • GORDO, M. Caracterização Biológica do Parque Estadual Sumaúma. Manaus: Universidade Federal do Amazonas, Relatório Técnico, p. 42, 2006. • MARTINS, M.; OLIVEIRA, M. E. História natural das cobras nas florestas da região de Manaus, Amazônia central, Brasil. Herpetological Natural History, v. 6, n. 2, p. 78 – 150, 1998. • MOURA, V. M. de; MOURÃO, R. S. V.; SANTOS, M. C dos. Acidentes ofídicos na Região Norte do Brasil e o uso de espécies vegetais como tratamento alternativo e complementar à soroterapia. Scientia Amazonia, v.4, n.1, p. 73-84, 2015. • NAVARRETE, L. F. S.; LÓPEZ-JOHNSTON, J. C.; DÁVILA, A. B. Guía de las serpientes de Venezuela: biologia, venenos, conservación y listado de especies. Caracas: Zoocriadero Ecopets, p. 103, 2009. • SANTOS, M. C. dos; MARTINS, M.; BOECHAT, A. L.; SÁ-NETO, R. P. de; OLIVEIRA, M. E. de. Serpentes de interesse médico da Amazônia: biologia, venenos e tratamento de acidentes. Manaus: Universidade do Amazonas, p. 70,1995. • SDS - CEUC. Rede de conservação Amazonas. FERREIRA, N. C. D.; MACEDO, D.; FORSBERG, M. 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