Modos Gregos - Parte IPor Victor H. Guidini Falae galera! Nesta coluna começaremos a entrar num campo muito interessante: a improvisação. Para início de conversa, veremos algumas considerações sobre os modos gregos, que são as escalas básicas para qualquer improvisador. Como este assunto é bem extenso, vamos dividi-lo em 3 colunas. A escala maior natural Para entrarmos este assunto, primeiro precisamos entender a escala maior natural. No exemplo abaixo, temos a escala de dó maior: Essa é formada por sete notas, e a distância entre cada uma dessas notas e a nota seguinte pode ser de um tom ou meio. O intervalo de meio tom ocorre apenas entre o III-IV graus e entre o VII e I. Vimos assim que a escala maior natural é formadas por T T ST T T T ST, gerando os intervalos de 2M, 3M, 4J, 5J, 6M e 7M em relação à tônica da escala. Os modos gregos Os modos gregos são uma espécie de inversões da escala maior. Se tocarmos a escala de dó maior, a partir da nota dó, teremos o modo dó jônio, que nada mais é do que a própria escala natural em seu estado fundamental (continuaremos com a configuração de T T ST T T T ST). Se tocarmos essa mesma escala a partir do segundo grau, a nota ré, teremos o modo ré dórico, e obteremos assim uma nova configuração de escala T ST T T T ST T (e conseqüentemente novos intervalos) , conforme mostra a figura abaixo: Veremos na tabela abaixo a seqüência dos sete modos da escala maior natural. os modos maiores e os menores. por exemplo.Se quisermos montar o modo de Dó Dórico. podemos dividir estes 7 modos em 2 grupos. Para uma análise prática. Os modos maiores possuem uma terça maior (3M) e os menores uma terça menor (3m). Usaremos estas duas escalas para comparar as diferenças entre os modos: . A escala maior natural é o modo jônio e a menor natural é o modo eólio. basta seguir esta seqüência de intervalos T ST T T T ST T a partir da nota dó: Outra maneira de pensar no dó dórico é você imaginar a escala de Bb maior natural começando no segundo grau. porém a 5º possui maior importância que a 2m.O quadro acima mostra as diferenças entre os modos e as escalas naturais. que vai apresentar duas notas diferentes da menor natural (eólio). Os números indicados são a digitação da mão esquerda que utilizo para tocar cada shapes: . O mesmo raciocínio vale para os outros modos. Ex: A única diferença entre a escala de Sol maior (jônio) e Sol Lídio vai ser a quarta aumentada. cada um com uma digitação começando com a tônica de um modo na 6ª corda. Para guitarristas de rock/metal proponho utilizar sete “shapes” dos modos. substituindo o dó natural em Sol maior / jônio. estas são as famosas “notas características”. Os intervalos diferentes caracterizam a sonoridade de cada modo. e pode ser feita de várias maneiras.. Pegando a guitarra. que vem a ser o dó# no modo de Sol Lídio. com um pequeno porém para o lócrio. Transpor essa teoria para a guitarra é muito simples. Dizemos assim que a quarta aumentada é a nota característica do modo lídio. Consideramos estas duas notas características.. . para aproveitar o sentido da palhetada. . utilizando a escala de dó maior como exemplo. A segunda é fazendo um sweep.Todos estes shapes são formados por 3 notas por corda. A seguir veremos como estes modos ficam dispostos por todo o braço da guitarra. cada vez que mudar de corda. para facilitar a execução da palhetada. A primeira é alternando todas. Você pode optar por duas maneiras de palhetar estes shapes. . Dó Frígio. começando pela sexta corda. Dó Mixolídio. O exercício que proponho para esta etapa. subindo e descendo a escala.. Dó dórico. e toque o modo de dó jônio. Praticando. Agora toque o modo dó dórico. é tocar todos os modos sobre a nota dó (Dó jônio. . e em seqüência o frígio. Localize a nota dó na sexta corda (casa 8). eólio e lócrio. lídio. Dó Lídio.. Dó Eólio e Dó lócrio).É importante ter na ponta dos dedos estes sete shapes e conseguir tocá-los com fluência em todos os 12 tons. mixolídio. . pratique em todos os 12 tons: C – G – D – A – E – B – F# . assim como praticar com o metrônomo.html#ixzz2ahGJm7mg .Se você realmente quiser assimilar esta etapa. Abraços. veremos como improvisar sobre uma harmonia utilizando esses modos.Db – Ab – Eb – Bb – F Lembre-se sempre de manter a clareza e definição das notas. Continuem escrevendo e mandando suas dúvidas. bom estudo e até! Fonte: Modos Gregos . Na próxima coluna.Parte I http://whiplash.net/materias/guitarshred/000598. A sonoridade do jônio é dada. dos Beatles e a primeira parte de Always With Me. um acorde menor com uma sexta maior (nota característica) define o modo. Nesta cadência. Cada modo possui um acorde característico.Modos Gregos . mas sinta-se à vontade para adicionar todas as extensões diatônicas que quiser. A sexta maior de Cm (a nota Lá) aparece no próximo acorde (F) como sua a terça maior. Podemos citar Let It Be. mais sua nota característica. Always With You do Satriani como exemplos deste modo. O acorde de Cm isolado não define a sonoridade do dórico. Uma cadência IV . pois não apresenta a sexta maior. ou uma cadência de acordes que representam sua sonoridade. No caso acima. poderíamos substituir o acorde de F por qualquer outro acorde do campo harmônico de Sib maior para obtermos a sonoridade do dórico. (cadência do inicio de Wave de Tom Jobim).Parte II Por Victor H. Ex: ré dórico: Toca-se . Utilizaremos somente tríades nestes exemplos. Jônio A sonoridade do modo jônio é a mesma da escala maior natural. Guidini Falae galera! Veremos nesta segunda parte da coluna alguns exercícios para a improvisação sobre os modos gregos. Dórico O modo dórico possui uma sonoridade “jazzística”. desde que este acorde apresente a nota Lá em sua formação. Cm é o segundo grau do campo harmônico de Sib Maior natural e F é o quinto grau desta mesma escala. Uma boa maneira de pensar em sonoridades modais é tocando a tríade da tônica do modo seguido de um outro acorde contendo as extensões do acorde anterior.V – I define bem esta sonoridade. Esta sonoridade pode ser obtida pela tríade da tônica do modo. basicamente. pelo repouso da harmonia no I grau do campo harmônico. Uma cadência bem comum mostrando a sonoridade do dórico é um IIm – V. Ex: Cm6. que é terceiro grau da escala de Ab maior. e Db que vem a ser o quarto grau desta escala. Porém o próximo acorde mostra algumas notas que caracterizam o ré dórico: a tônica de Em. ré frígio ou ré eólio. Sempre que encontrar um acorde m6. é a sexta maior de Dm. . C é o quarto grau da escala de Sol Maior e D é o quinto grau. portanto não podemos ter o modo frígio neste caso. No caso acima temos Cm. Frígio O modo frígio é um modo menor. Uma cadência de acordes que caracteriza o modo frígio é a IIIm – IV. A nota si. Lídio O Lídio é o único modo que apresenta a quarta aumentada e uma quinta justa ao mesmo tempo. indicando que este Dm é dórico e não eólio ou frígio. Cadência comum deste modo é IV – V. a nota fá#. A terça maior do acorde de D. É empregado com alguma freqüência no Heavy. O som isolado deste acorde nos remeterá a este modo. Assim afirmamos que o acorde característico do modo dórico é o m6. Podemos aplicar no Dm os modos de ré dórico. é uma quarta aumentada em relação ao acorde de C. O modo frígio também é caracterizado pelo acorde sus4(b9). com a segunda menor como nota característica. como nas músicas Wherever I May Roam do Metallica e Trust do Megadeth. utilize o modo dórico para improvisar sobre ele. é uma segunda menor em relação a Cm.o acorde de Dm e em seqüência Em. quinta do acorde de Em. A tônica de Db. que vem a ser a segunda maior do acorde de Dm. caracterizando o frígio. OBS: o acorde m6 isolado também pode ser encarado como o primeiro grau da escala menor melódica. C e Gm são respectivamente o quinto e o segundo graus do campo harmônico de Fá maior. O acorde de Ab em relação ao Cm define a uma sexta menor e o acorde de Bb define uma segunda maior em relação ao acorde de Cm. O acorde característico do modo mixolídio é o acorde dominante “7” (ex: C7) . O acorde característico do modo lídio é o maj7(#11). Eólio Modo característico do metal. que consagrou a sonoridade “Iron Maiden”. Cm. O acorde m(b6) é o acorde característico deste modo. Uma cadência V – IIm é um bom exemplo da sonoridade do mixolídio. a nota característica do modo mixolídio. para mostrar a sonoridade deste modo. Ab e Bb são respectivamente VI IV e V graus do campo harmônico de Mib Maior. Ex: Scuttle Buttin e Pride and Joy do Stevie Ray Vaughan. Ex: Cmaj7(#11) Vale também ressaltar que este modo pode ser aplicado em qualquer acorde maior com sétima maior.Encontramos o modo lídio freqüentemente no rock e afins. utilizaremos a famosa cadência VIm – IV – V. assim como o início de Overture 1928 do Dream Theater são bons exemplos deste modo.. Lócrio . A terça menor de Gm (a nota Sib) é a sétima menor de C. caracterizando o modo eólio. Running Free e Still Life são alguns exemplos que utilizam esta cadência. Mixolídio O mixolídio é o quinto grau da escala maior natural. Hallowed be thy name. Fear of the dark. Estes acordes estão presentes em qualquer blues de tonalidade maior.. Answears e The Riddle do Steve Vai. Podemos sentir a sonoridade do lócrio na seqüência VIIIm(b5) . e bons sons! . Ex: as notas da escala de ré mixolídio (ré. dando a este modo uma sonoridade bem peculiar. No rock. o único exemplo que me vem na cabeça é a primeira parte da música Painkiller. são as mesmas notas que compõem a escala de dó lídio. fa#.. utilizando a harmonia característica de cada modo vista anteriormente. Nesta parte do processo você já está improvisando sobre uma harmonia. Um software-seqüenciador bem interessante para fazer este exercício é o Band in a Box.. Um erro freqüente dos estudantes é ficar preso ao “shape do modo”.V. crie um loop e improvise sobre eles com a escala de dó maior. Tocando. e se realmente quiser ir fundo no assunto.. toque a escala de Ab maior e assim por diante. você pode utilizar este programa para seqüênciar as cadências de cada modo. sol. utilizando todos os shapes dentro da escala. Estas notas “funcionam” perfeitamente sobre todos os acordes do campo harmônico de Sol Maior natural (G Am Bm C D Em F#m(b5)). mi. Na próxima coluna veremos a última parte sobre os modos. Este acorde sozinho já gera toda a sonoridade do modo lócrio.O modo lócrio é o único modo que possui uma quinta diminuta. si. que também são as mesmas de fa# lócrio. do Judas Priest. utilizando a escala de Bb maior.. que é o improviso utilizando diferentes centros tonais. o outro acorde (Ab) foi colocado para não criar um movimento de tensão – resolução. o que importa é a relação de cada nota que você toca em relação ao(s) acorde(s) da harmonia. Os shapes geram a sonoridade do modo quando tocados sozinhos. dó). Caso você não tenha como gravar as progressões manualmente. toque os exemplos em todos os tons. A primeira parte do exercício consiste em improvisar sobre os sete modos de dó. la. Pratique bastante os exemplos. Portanto a grande jogada neste exercício é você “passear” pelo braço inteiro da guitarra. Grave um playback com a cadência de acordes de dó Jônio. Abraço pra vocês. Depois faça o mesmo sobre o modo dó dórico. O acorde m7(b5) é o acorde característico do modo lócrio. O sétimo grau do campo harmônico de Db Maior é Cm(b5). No dó frígio. Parte II http://whiplash.html#ixzz2ahOJyzAd .Fonte: Modos Gregos .net/materias/guitarshred/000628. Bb Jônio e A Jônio). Jônio A progressão abaixo mostra quatro centros tonais diferentes para improvisar numa única progressão harmônica (C Jônio. veremos como funciona a improvisação sobre diferentes centros tonais numa única sequência harmônica. O Mesmo raciocínio seque para os outros exemplos. . Guidini Nesta última coluna sobre os modos. As escalas estão indicadas pelas linhas pontilhadas.Parte III Por Victor H.Modos Gregos . B Jônio. . que ocorrem irregularmente. Tente desenvolver suas ideias nas modulações. prefira os graus conjuntos. O próximo exercício é uma junção de todos os modos em um único exemplo. Aqui a principal dificuldade é nas mudanças de escalas. Evite saltos nestes momentos.Improvise sobre estas cadências. No início estas harmonias podem parecer muito difíceis e complexas para desenvolver suas ideias musicais. Há material para vários meses de estudo nestes exemplos. . mas vale sua perseverança e empenho para adquirir fluência nestas situações. prestando muita atenção na hora de mudança de modo. três. quatro.Parte III http://whiplash. depois duas.. Bom estudo para vocês! Fonte: Modos Gregos .net/materias/guitarshred/000778. siga aumentando a velocidade progressivamente.Pratiquem com muita calma e com um playback num andamento lento.html#ixzz2ahOT85cV . Outra opção é utilizar somente uma nota por compasso..