Manual Cuidados na saúde materna Módulo 8 SAÚDE.pdf

May 29, 2018 | Author: Clara Abegão | Category: Pregnancy, Childbirth, Anatomy, Reproduction, Wellness
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CUIDADOS NA SAÚDE MATERNACurso Profissional Técnico Auxiliar de Saúde Módulo 8 Disciplina SAÚDE Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód.145567 Objetivos  Identificar aspetos relativos à hereditariedade, reprodução e desenvolvimento embrionário.  Reconhecer eventuais repercussões de alterações da hereditariedade, reprodução e desenvolvimento embrionário na vida da família.  Identificar especificidades dos cuidados de saúde prestados à mulher grávida e à puérpera.  Identificar aspectos gerais relativos à fisiologia normal do trabalho parto bem como nomear diferentes tipos de parto.  Identificar principais alterações maternas no pós-parto e sinais de alerta a sinalizar ao profissional de saúde.  Explicar que as tarefas que se integram no seu âmbito de intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde terão de ser sempre executadas com orientação e supervisão de um profissional de saúde.  Identificar as tarefas que têm de ser executadas sob supervisão directa do profissional de saúde e aquelas que podem ser executadas sozinho.  Explicar a importância de demonstrar interesse e disponibilidade na interação com utentes.  Explicar a importância de manter autocontrolo em situações críticas e de limite.  Explicar o dever de agir em função das orientações do profissional de saúde.  Explicar o impacte das suas acções na interação e bem-estar emocional de terceiros.  Explicar a importância da sua atividade para o trabalho de equipa multidisciplinar.  Explicar a importância de assumir uma atitude pró-ativa na melhoria contínua da qualidade, no âmbito da sua ação profissional.  Explicar a importância de cumprir as normas de segurança, higiene e saúde no trabalho assim como preservar a sua apresentação pessoal.  Explicar a importância de agir de acordo com normas e/ou procedimentos definidos no âmbito das suas atividades. Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód.145567  Explicar a importância de desenvolver as suas actividades promovendo a humanização do serviço Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód.  Explicar a importância de demonstrar segurança durante a execução das suas tarefas.145567 .  Explicar a importância de prever e antecipar riscos.  Explicar a importância da concentração na execução das suas tarefas. Explicar a importância de adequar a sua acção profissional a diferentes públicos e culturas. sob orientação e supervisão de um Enfermeiro de saúde.Noções sobre hereditariedade.145567 .Os cuidados à puérpera • Mobilização • Alimentação • A amamentação • Higiene 7 . tem de executar sob sua supervisão directa • Tarefas que. reprodução e desenvolvimento embrionário 2 .A Importância da vigilância da saúde materna 3 .Índice 1 .Noções gerais sobre tipos de parto 5 .Lóquios (características normais e sinais de alerta) 8 .Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de saúde • Tarefas que.Noções sobre algumas das complicações maternas no pós-parto 9 .A Fisiologia normal do parto 4 . sob orientação de um Enfermeiro. pode executar sozinho/a Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód.Ambiente e emoções durante o parto 6 . reprodução e desenvolvimento embrionário Fases do desenvolvimento Embora o desenvolvimento do produto da fertilização seja ininterrupto. cujo crescimento e penetração no endométrio provoca a erosão dos vasos sanguíneos presentes no endométrio. o órgão responsável pela sua oxigenação e nutrição. levando à formação de lagos de sangue na espessura do mesmo. período ao longo do qual todos os órgãos do corpo vão sendo formados. é a denominada fase fetal e compreende o tempo que resta até ao momento do nascimento. correspondendo ao período de amadurecimento. uma externa. e outra interna. A primeira fase é a denominada fase embrionária e corresponde ao período que se inicia no momento da fertilização e termina com a nidificação da blástula na mucosa uterina. A terceira fase. acabam de adquirir a sua estrutura definitiva. Ao longo desta fase. as membranas que o irão proteger e a placenta. de modo a distinguir três grandes períodos bem diferentes. A camada externa é constituída por uma massa de células.145567 . factores essenciais para possibilitar uma vida independente fora do organismo materno. já formados na etapa anterior. o novo ser é denominado embrião. por um lado. o produto da fertilização deve ser denominado feto. alcançando a sua plena actividade.Noções sobre hereditariedade. A primeira transformação ocorre no trofoblasto. que se diferencia em duas camadas. o citotrofoblasto. que pouco depois irão desempenhar um papel essencial na Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. Desenvolvimento embrionário A nidificação proporciona o desencadeamento de transformações espectaculares. denominada sinciciotrofoblasto. Ao longo desta fase.1 . a mais prolongada. deve-se falar de ovo ou produto da concepção. Primeiro mês. constituir o embrião e. ao longo do qual os órgãos. Durante esta fase. pode ser dividido de forma arbitrária em três fases. já que ao fim de poucos dias a existência de vários mecanismos codificados na constituição genética que desconhecemos faz com que uma simples aglomeração de células se diferencie em várias estruturas que irão. por outro lado. A segunda fase designa-se fase embrionária e engloba o primeiro trimestre de desenvolvimento. ainda muito flectida sobre o tronco. Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. Esta cavidade vai aumentando gradualmente de tamanho. Estas transformações proporcionam a conversão do embrioblasto num disco. a bater. a cavidade repleta de líquido delimitada pelo citotrofo-blasto que já existia anteriormente. embora o embrião apenas meça 5 mm e o seu peso nem sequer alcance 1 g. o celoma. vai sendo progressivamente substituída pela cavidade amniótica.circulação placentária. que irão proporcionar a formação de várias estruturas orgânicas: uma situada mais perto da parede uterina. o polo embrionário desenvolve um espaço. e com polpas que irão proporcionar os membros. evidencia-se um folheto blastodérmico situado entre as anteriores. e outra situada mais profundamente. que originará órgãos como os do aparelho digestivo. o conjunto constituído pelo embrioblasto pelas suas camadas distintas. o pedúnculo do embrião. a endoderme. Pouco depois. igualmente. do qual derivarão o aparelho locomotor e o circulatório. ou saco amniótico. o que faz com que o embrião fique a flutuar no líquido amniótico. Dado que é nesta fase que tanto o sistema nervoso como o aparelho circulatório se começam a formar. O blastocelo. respiratório e urinário. é ao mesmo tempo revestida por uma camada de células que constitui o denominado saco vitelino. onde o saco vitelino é substituído pelo cordão umbilical que o liga à placenta. a ectoderme. fica unido ao trofoblasto apenas por um cordão de células. unido à parede uterina apenas pelo pedúnculo. mesmo que de forma descompassada. ficando revestida por uma camada que formará o âmnio. com uma proeminência numa das suas extremidades que corresponde à cabeça. À medida que a placenta se vai desenvolvendo. a cavidade amniótica vai aumentando de tamanho. que originará a pele e o tecido nervoso. o saco vitelino e o saco amniótico. ou folhetos blastodérmicos. Como esta cavidade é temporária. já apresenta uma forma comprida. o coração começa. a mesoderme. No fim do primeiro mês. onde se irá formar o cordão umbilical. Entretanto. Ao longo desta fase. denominado cavidade amniótica.145567 . É igualmente possível encontrar uma camada celular denominada mesoderme extra-embrionária que irá formar uma terceira cavidade. ou seja. que separa as estruturas embrionárias das que constituem a placenta. cuja repleção de líquido irá separar o embrioblasto do trofoblasto. no qual é possível distinguir duas camadas celulares. um elemento normalmente conhecido como "bolsa das águas''. enquanto que o celoma vai diminuindo até desaparecer. passando a ser designado feto. já é possível distinguir os orifícios da boca e do nariz na cabeça. proporcionalmente muito maior do que o resto do corpo. ainda não totalmente moldadas. Ao longo do segundo mês. É ao longo do terceiro mês que o feto adquire um aspecto definitivamente humano. ocupam uma posição mais baixa. o tubo digestivo começa a funcionar e os rins trabalham em perfeitas condições.. começando igualmente a formar-se os órgãos do aparelho digestivo. vai progressivamente endireitando-se e o rosto acabando de se constituir: os olhos. De facto. pois apenas falta o seu amadurecimento e o início do seu funcionamento. Quando apresentarem um comprimento de apenas 3 a 4 cm e peso de 2 a 3 g. De facto. embora muito separados. Desenvolvimento fetal O período fetal inicia-se com todos os órgãos do corpo formados na sua quase totalidade. revestidos por uma pele que se transformará nas pálpebras. em cada mês ocorrem transformações características.. começa a ser possível distinguir os dedos das mãos e dos pés. passam a estar à frente. Nos lados do tronco vão crescendo os membros e desenvolvendo-se as mãos e os pés. que é absorvido nos intestinos. durante a quinta semana. anteriormente situados nos lados. acabando por verter urina no meio que o Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. Embora as alterações se processem de maneira ininterrupta. o embrião já tem um aspecto mais humano e conta com todos os aparelhos e sistemas orgânicos. O fígado encontra-se muito desenvolvido. assim como os botões dos ouvidos e dos olhos. fazendo com que o embrião adopte uma forma semelhante a um girino ou um cavalo marinho. o seu crescimento duplica.145567 . sobretudo os superiores. no final da oitava semana. rins. A cabeça. alguns já em funcionamento. que acaba por desaparecer. Terceiro mês. Ao longo deste mês. fígado. pâncreas. começam a surgir os esboços de todos os restantes órgãos e o crescimento do embrião intensifica-se. com todos os seus dedos. Como os membros ficam mais compridos. pois o feto ingere líquido amniótico.Segundo mês. com uma cabeça muito grande em relação ao corpo e um tronco que vai diminuindo de dimensão até terminar num pequeno colo. os vários músculos. pode-se considerar que o embrião está completamente formado. os lábios vão ganhando a sua forma. enquanto que as orelhas. O quinto mês é a etapa de amadurecimento do funcionamento dos órgãos. No final do terceiro mês. existindo momentos em que chupa o polegar com satisfação. Embora a cabeça continue a ser grande. não se consegue distinguir o sexo através da ecografia. em que agita as pernas e os braços. ocorrendo também períodos de sono e de vigília. Para além disso. enquanto que as sobrancelhas e o cabelo vão crescendo. pode-se saber o sexo do feto através da realização de uma ecografia. chupa frequentemente o polegar Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. Os olhos ainda permanecem proeminentes e as pálpebras continuam fechadas. O crescimento do feto ao longo deste mês é muito significativo. em algumas zonas do corpo. A lanugem começa. a ser substituída por cabelo verdadeiro. denominado lanugem. o feto mede cerca de 10 cm e pesa perto de 30 g. enquanto que o queixo é muito pequeno. Nesta fase.rodeia. começa a reagir perante os ruídos externos. Os membros encontram-se igualmente desenvolvidos e as mãos tão formadas que as impressões digitais já se encontram definidas. Dado que os genitais já estão diferenciados. sobretudo quando a mãe está deitada. o feto mede cerca de 25 cm e pesa entre 250 a 300 g. os olhos. não é tão desproporcionada em relação ao resto do corpo. embora já sejam grandes. que se vai progressivamente estendendo a todo o corpo. ou seja. o feto começa a movimentar-se. No final do quarto mês. O feto continua a movimentar-se bastante. O coração bate com tanta força que pode ser facilmente auscultado com um estetoscópio obstétrico. Na pele vai surgindo um fino pêlo de cor escura. Quinto mês. mesmo que o faça de forma desordenada. Embora os órgãos genitais já se encontrem diferenciados. Sexto mês. tal como a boca. Os movimentos do feto são tão nítidos que são perceptíveis períodos de sono intercalados com outros de plena actividade. as orelhas adquirem a sua localização definitiva. Apesar de a mãe ainda o não conseguir detectar. o feto mede cerca de 16 cm e pesa perto de 150 g.145567 . continuam a estar muito separados. O fortalecimento dos músculos faz com que os movimentos do feto comecem a ser activos. O coração já bate com tanta força que se pode detectar a sua actividade através de um aparelho electrónico especial. sendo perceptíveis para a mãe. sendo possível observar progressivas alterações no rosto. Quarto mês. o organismo do feto já está praticamente preparado para enfrentar o mundo exterior.145567 . tem soluços. Embora todos os órgãos já estejam completamente formados. ao longo deste mês. De facto. pode-se constatar como o crescimento ao longo desta etapa foi considerável. No entanto.4 kg. seja mais lento.5 kg. na medida em que o feto movimenta as mãos com suavidade e precisão. Oitavo mês. a pele ainda esteja tão fina que não lhe proporciona uma boa camada isoladora e o sistema termorregulador não funcione perfeitamente. denominada vérnix caseosa. A superfície cutânea vai-se revestindo de uma substância untuosa de cor esbranquiçada. com um aumento da sua frequência cardíaca. No fim do sexto mês. o feto movimenta-se menos porque já ocupa praticamente todo o espaço disponível no interior do útero que o acolhe. A cabeça deixa de ser tão desproporcionada em relação ao corpo. Embora o crescimento. O nariz fica maior e as orelhas aumentam de tamanho. caso nascesse prematuramente. alguns ainda não amadureceram o suficiente para que o feto tenha uma vida independente. que muito provavelmente seriam destruídos se o parto ocorresse nesta altura e o bebé fosse exposto ao ar livre. por vezes. Nesta fase. sobretudo com a devida ajuda técnica. Ao longo deste mês. Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. sobretudo os pulmões. como uma luz intensa ou sons. colocando a cabeça para baixo e as nádegas para cima.e. Para além disso. que a protege do contínuo contacto com o líquido amniótico. já que o feto mede 32 cm e pesa cerca de 600 g. a camada de gordura subcutânea aumenta.2 a 1. o sistema nervoso amadurece significativamente. que impediria a sua destruição. e a pele fica mais lisa e suave. Mede cerca de 47 cm e pesa entre 2 e 2. já que o septo interno dos alvéolos se reveste de uma substância denominada surfatante. o pescoço torna-se mais evidente e a cara fica mais fina. abre e fecha os olhos. apontando para a pélvis materna. caso o feto nascesse e respirasse. o feto prepara-se para nascer. isolando-o do exterior. o feto costuma girar e colocar-se com a cabeça para baixo. reage a estímulos externos. É ao longo deste mês que o amadurecimento dos pulmões chega ao fim. o feto teria elevadas probabilidades de sobreviver. Sétimo mês. a partir do sétimo mês. como se estivesse a preparar-se para nascer. Embora os movimentos sejam ativos. No fim do sétimo mês. embora os pulmões ainda não estejam maduros. o feto mede cerca de 40 cm e pesa entre 1. o feto mede. A cabeça está muito mais proporcional.Obedece ao esquema proposto pelo SNS . Os reflexos estão muito apurados.Valoriza os elementos a colher em função da idade gestacional Durante a gravidez a vida do bebé depende da vida mãe.5 kg. a sua cabeça encaixa-se na pélvis materna. enquanto que nas raparigas a vulva ganha forma. No fim do último mês. Por fim. é evidente que durante a gestação os cuidados devem ser redobrados e a vigilância mais apertada. cerca de 50 cm e pesa entre 3 a 3. o desenvolvimento dos ossos é acelerado. a pele tornase mais espessa e a lanugem tem tendência para desaparecer. Os genitais externos adquirem as características definitivas consoante o sexo.145567 . sobretudo os de sucção. É dentro e a partir da mãe que ele se alimenta. O organismo do feto já está preparado para o nascimento. durante mais ou menos 40 semanas. para que o bem-estar materno-fetal se verifique. em média. já que nos rapazes os testículos descem do abdómen e situam-se no interior do escroto.Nono mês. de modo a preparar-se para o nascimento. Assim. pois mede 1/4 do comprimento total do corpo. 2.A Importância da vigilância da saúde materna . se os comportamentos e atitudes prévios à concepção podem influenciar a gravidez. Ao longo das últimas semanas. o nariz bem formado e os olhos adoptam uma cor azul acinzentada. encontrando-se praticamente revestida pelos grandes lábios. Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. algo que será indispensável para mamar correctamente. que respira e que cresce. as orelhas estão separadas do crânio. Inicialmente e até às 36 semanas. o objectivo geral da vigilância pré-natal: promover através da adequada vigilância pré-natal um impacto positivo na qualidade de saúde maternofetal. a gravidez deve envolver o casal. Trata-se de um exame indolor. a periodicidade das consultas é mensal.Este é. Neste contexto.145567 . Nesses casos faz-se o encaminhamento precoce da grávida para um Hospital de Cuidados Diferenciados ou para uma Maternidade. havendo consultas de referência num Hospital de Cuidados Diferenciados e/ou numa Maternidade. testes à urina. quer esta vá a uma consulta planeada. a Direcção-Geral de Saúde preconiza como esquema desejável a realização de 10 consultas de vigilância. têm lugar procedimentos comuns. Deve. O atendimento nas consultas. quer na médica. será individualizado e adequado a cada grávida. até ao parto. o Boletim de Saúde da Grávida tem uma importância fundamental. entre outros). quer na de enfermagem. com o Médico de Família e com o Enfermeiro Especialista em Saúde Materna e Obstétrica. É fundamental que a grávida não falte a nenhuma consulta. Em situações de risco acrescido há necessidade de um acompanhamento da gravidez por parte de especialistas. O pai tem um papel fulcral no apoio à grávida. e mesmo quando for para o parto. efectuados a todas as grávidas. que permite despistar precocemente qualquer problema com o bebé (malformações. Desde o primeiro momento. É nele que são registadas (pelo enfermeiro. análises ao sangue. pelo médico. entre outros. auscultação dos batimentos cardíacos fetais. Para este efeito. devendo acompanhá-la às consultas de vigilância e Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. Nestes últimos realizar-se-ão as ecografias. seguindo-se consultas quinzenais. Permite a todos os profissionais de saúde que contactam com a grávida ter acesso às informações mais importantes relativas à gestação. por isso. atrasos de crescimento intra-uterino. No entanto. O ideal é que se realize uma ecografia em cada trimestre. ou mesmo semanais. medição da altura do fundo do útero. e até pela própria grávida) as informações relativas à grávida e à gravidez. quer recorra à urgência. e que incluem a avaliação do peso e da tensão arterial. aliás. Quando a gravidez é “normal”. acompanhar sempre a grávida. as consultas são realizadas nos Cuidados de Saúde Primários (Centro de Saúde). chegou à fase activa da primeira parte do trabalho de parto. Tente descontrair-se em casa até as contracções se tornarem suficientemente frequentes (normalmente com intervalos de cinco minutos durante uma hora. tem início a segunda etapa do trabalho de parto: a descida e aparecimento do bebé. e o colo do útero começa a dilatar mais rapidamente. Quando as contracções se tornam mais frequentes. já que assinala a transição para a segunda etapa do trabalho de parto. A última parte da fase ativa é designada por período de transição. entrou oficialmente em trabalho de parto. com contracções normalmente muito fortes e rápidas – com intervalos dois minutos e meio a três minutos. as contracções não são geralmente tão intensas como serão nas fases posteriores. possa demorar 12 a 24 horas. Embora este período. fale com o seu médico) para se dirigir ao hospital. Esta fase pode demorar seis horas ou mais. O seu envolvimento nestes e noutros aspectos da gravidez é protegido pela Lei.também às aulas de preparação para o parto.A Fisiologia normal do parto  O trabalho de parto desenvolve-se em três fases  Dilatação  Expulsão  Dequitadura  Primeira etapa Quando as contrações começam a surgir com intervalos regulares e o colo do útero começa a dilatar. ou mais. Esta é a fase Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. 3 . mais longas e mais intensas.  Segunda etapa Quando o colo do útero está completamente dilatado. Esta é a fase mais intensa do trabalho de parto. A entidade patronal deve permitir que o pai acompanhe de perto a gravidez. a que se chama a fase latente. Estas contrações dilatam o colo de útero até 8 a 10 centímetros.145567 . com uma duração de um minuto ou mesmo um pouco mais. 145567 . A cabeça do bebé continuará a avançar a cada vez que faz força. Depois de sair a cabeça do bebé. sem indução e respeitando apenas a vontade da natureza. Com a contracção seguinte. a mãe sente-se mais segura e sentirá menos dor. seguidos de todo o corpo. Sem epidural. com os ombros a rodar no interior da pélvis para assumir a posição de saída. 4 – Noções gerais sobre os tipos de parto Parto Natural ou vaginal Apesar de não ser muito comum que as mulheres o prefiram. Sempre que necessário poderá ser-lhe aplicada uma anestesia para melhor suporte das dores no período da expulsão. o médico aspira a boca e o nariz e vê se o cordão umbilical está enrolado no pescoço. Durante o desenrolar do parto. Parto sem dor O verdadeiro parto sem dor inicia-se uns meses antes do parto com hipnose ou técnicas de respiração para o relaxamento e a concentração da grávida na hora do parto.em que tem de “fazer força” e pode durar de minutos a horas. até fazer a sua apresentação — quando a parte mais larga da cabeça do bebé é finalmente visível. Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód.  Terceira etapa A etapa final do trabalho de parto começa imediatamente após o nascimento do bebé e termina com a expulsão da placenta. Hoje em dia. um de cada vez. este tipo de parto ocorre geralmente quando a mulher temo parto a caminho do Hospital ou quando chega à instituição como período expulsivo iminente. As contracções da terceira etapa são relativamente moderadas. A cabeça vira-se então para o lado. A mulher sofrerá as dores de parto e o médico poderá apenas proceder à ruptura da bolsa para que o parto se desenvolva mais depressa. é a forma natural do bebé vir ao mundo. dir-lhe-ão para fazer força para os ombros saírem. Muito embora ainda não existam conclusões definitivas sobre os efeitos benéficos da realização do parto na água. este parto deve ser sempre assistido por pessoal especializado e numa unidade hospitalar. Apenas não se efectua uma incisão horizontal em caso de cesariana extremamente urgente e de cesariana prévia em que já se tenha efectuado uma incisão longitudinal ou quando existem condicionantes específicos que assim o aconselhem. Pode ainda considerar-se alguns dos efeitos benéficos para o bebé que ao nascer passa de um meio líquido – o líquido amniótico onde tem permanecido ao longo de toda a gestação – para outro meio líquido.Parto na Água Pode considerar-se uma opção para quem prefere o parto natural. sabe-se dos benefícios calmantes e antiespasmódicos da água quando à temperatura corporal. Cesariana A técnica da operação na cesariana programada e na de urgência é praticamente semelhante. Posteriormente o bebé é colocado sobre a mãe que lhe ministra uma massagem no cordão umbilical até que o bebé comece a respirar. paralela à extremidade superior da púbis. desde debaixo do umbigo até à púbis. Contudo. ou uma incisão longitudinal na linha média do abdómen. É também de salientar que o parto na água realizado numa instituição hospitalar. permite a qualquer momento que a parturiente seja transferida para a sala de partos e que aí se realize a expulsão. Após se efectuar a incisão na pele. Após se desinfectar a zona onde se irá realizar a intervenção e se colocar toalhas esterilizadas à sua volta para delimitar o campo operatório. para depois se separar os músculos rectos anteriores do abdómen e se Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. deve-se efectuar uma incisão na parede abdominal. que pode ser de dois tipos: uma incisão horizontal baixa. As vantagens da imersão da parturiente na água tépida são pela comunidade médica consideradas vantajosas. deve-se proceder à depilação da zona púbica e à colocação de uma sonda vesical (algaliação). deve-se fazer o mesmo com os tecidos subjacentes.145567 . Todavia. Antes de se iniciar a intervenção. que a expulsão se realize na água é ainda motivo de grande controvérsia entre a comunidade médica. mais estética porque fica dissimulada pelo pêlo da zona. de modo a evitar-se micções involuntárias ao longo da operação. pela expulsão do feto (período expulsivo). na camada mais superficial. para que este efectue um primeiro exame.145567 . a mulher atravessa consideráveis transformações físicas: as contracções uterinas e mais tarde os músculos abdominais. especialmente o enfermeiro especialista de saúde materna e obstétrica (pelo facto de permanecer 24 horas por dia junto da parturiente) por uma verdadeira e eficaz relação de ajuda em todos os momentos do trabalho de parto. consoante o seu próprio linear dolorígeno. Em seguida. A situação implica um certo estado de dependência parcial. o bebé deve ser entregue ao pediatra. em experiências negativas e traumatizantes. pela saída da placenta e membranas (período de dequitadura) e pelo retorno do organismo às posições inicias (pós-parto imediato). Quando as contrações atingem determinada intensidade. facto que associado a cada vivência. provocam dor. são responsáveis pela dilatação do colo (período de dilatação). a membrana serosa que reveste os órgãos abdominais. agrafos. independentemente de ser através de fios de sutura e. deve-se proceder à remoção do bebé. de algumas mulheres. Depois de se lhe cortar o cordão umbilical. constitui um dos principais motivos que transforma a experiência do parto. Por fim. deve-se fechar todas as camadas de tecidos que foram abertas e procederse à sutura da incisão na pele.Os cuidados à puérpera • Mobilização • Alimentação Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. 5 – Ambiente e emoções durante o parto “Dar à luz” é sem dúvida uma nova etapa na vida de cada mulher. sendo determinante a responsabilização dos vários elementos da equipa de saúde. deve-se extrair a placenta e as membranas adjacentes do interior do útero. Após a realização da incisão na parede anterior do útero. Durante o trabalho de parto. 6 .abrir o peritoneu. com vista a aceder-se ao útero. a qual varia de mulher para mulher. dentre outras. na maioria das mulheres que não amamentam. e consiste na esfoliação normal do endométrio. Cedo no puerpério. Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. O odor fétido pode estar relacionado à infeção puerperal ou à vaginose bacteriana (provocada. de aspecto purulento e com odor semelhante a queijo. muco e tecidos do interior do útero durante o período puerperal. sendo que em condições patológicas (infeções) pode adquirir odor putrefato desagradável. 7 . tem-se a locchia fusca.• A amamentação • Higiene O puerpério é o período que compreende as primeiras seis semanas após o parto.Lóquios são denominados as perdas de sangue. pela bactéria Gardnerella vaginalis). fragmentos de decídua e bactérias. Os lóquios caracterizam-se. de coloração marrom-acastanhada pela degradação da hemoglobina. Do 3º ao 10º dia. A partir do 21º dia. a descamação da decídua e o sangramento resultam em corrimento vaginal de quantidade variável. é restabelecida a ovulação. Após o 10º dia. microscopicamente. por eritrócitos. tem-se a loquiação vermelha (locchia rubra). tem-se a locchia flava (loquiação amarela). tem-se a locchia alba (loquiação branca). células epiteliais. Se houver persistência de coloração avermelhada depois de duas semanas deve-se considerar a possibilidade de persistência de restos ovulares e/ou subinvolução do sítio de implantação da placenta. Durante este tempo o aparelho reprodutor regressa anatomicamente ao estado normal e. de aspecto pouco mais fluido que clara de ovo.145567 . chamado de lóquio. Nos primeiros 3 dias de pós-parto. constituída principalmente por sangue e debris trofoblásticos.Lóquios (características normais e sinais de alerta) . Noções sobre algumas das complicações maternas no pós-parto Depois do parto. que se repete 6 semanas mais tarde. estes incluem muita febre. nos braços e nas pernas. as infecções das vias urinárias e os problemas com a lactação. incluindo as relacionadas com a lactação e com o tipo de contraceptivos que pode usar no período pós-parto. por vezes. analisa-se o estado da mãe e. É também informada acerca das alterações que o seu organismo sofrerá. as veias são paralelas às fibras musculares. uma sensação de mal-estar geral. A infeção pode começar durante a gravidez sob a forma da presença de bactérias na urina. se for necessário. A morte devida a hemorragia pós-natal é um risco a que todas as mulheres estão sujeitas. Se as fibras dos músculos uterinos não se contraem correctamente.8 . dor ao urinar. Antes de sair do hospital é-lhe feita uma revisão. Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. As complicações mais frequentes são as hemorragias excessivas. A causa reside na anatomia das veias sanguíneas que irrigam o útero. Quando surgem sintomas. As veias das paredes musculares do útero passam por entre os músculos e a hemorragia pós-parto só pode ser travada através da contracção muscular. O risco reduz-se drasticamente se o parto for efetuado num hospital bem equipado. e a hemorragia é facilmente travada exercendo uma pressão firme com uma gaze.145567 . no local onde estava a placenta. Em outras partes do corpo. dor na parte inferior das costas ou nos flancos. prisão de ventre e. surge uma infeção ao colocar uma sonda na bexiga para a esvaziar da urina acumulada durante e depois do parto. A hemorragia pós-parto é a causa de morte mais frequente entre as grávidas e as mulheres que deram à luz. A infeção renal (pielonefrite) é provocada pela disseminação de bactérias procedentes da bexiga e pode aparecer depois do parto. pode iniciar-se uma hemorragia grave. na parede uterina. mas sem sintomas. recebe tratamento para aliviar a dor. Também são tomadas medidas para evitar e tratar as complicações que sejam pouco frequentes. surge uma ferida com cerca de 20 centímetros. independentemente da sua posição social ou nível de educação. Em determinados casos. com pessoal médico experiente que tenha à sua disposição diversas possibilidades terapêuticas caso haja uma hemorragia pós-parto. Durante o parto. por exemplo. A mulher continua o tratamento com antibióticos por via oral durante 2 semanas depois de sair do hospital. são administrados fármacos anticoagulantes. é administrado um antibiótico por via endovenosa até que a febre passe durante 48 horas. embora a infecção da bexiga (cistite) neste período também seja frequente. A mãe que tem uma infeção destas deverá continuar a dar de mamar. que se trata com calor. Nestes casos. com o enfermeiro. Se atendermos às múltiplas e recentes alterações a que a enfermagem tem sido sujeita. Os abcessos mamários são raros. A tuberculose latente pode ser reactivada depois do parto. apesar do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. o aparecimento em força.145567 . é uma actividade que tem por fim prestar cuidados ao doente numa colaboração estreita e eficaz com a equipa técnica e. Entre 6 e 8 semanas depois do parto é examinada outra amostra de urina para confirmar a ausência de bactérias. deste novo grupo de profissionais torna-se inevitável. geralmente. muito em especial. As amostras de urina são examinadas para detectar bactérias e muda-se de antibiótico se as bactérias forem resistentes à acção deste. em benefício dos auxiliares. 9 . determinante.Normalmente. como profissão. As infecções da bexiga e da mama tratam-se com antibióticos. beber muitos líquidos ajuda a manter uma boa função renal. são drenados cirurgicamente. tratam-se com antibióticos e. OUTRAS INFEÇÕES PÓS-PARTO A febre que aparece entre os 4 e os 10 dias posteriores ao parto pode indicar a presença de um coágulo de sangue na perna (tromboflebite femoral). A febre que aparece 10 dias ou mais depois do parto deve-se frequentemente à infecção de uma mama (mastite).Tarefas que em relação a esta temática se encontram no âmbito de intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de saúde O Auxiliar de Saúde. ligadura e elevação da perna. Trata-se com antibióticos. em que abre mão de um determinado conjunto de cuidados. pois assim diminui o risco de se desenvolver um abcesso na mama. Se for preciso. moral. mais segura se torna a sua actuação. desenvolvendo práticas que. Uma resistência física diminuída impedirá. pelas suas características. Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. Deve ser uma pessoa saudável. quanto mais vastos e profundos forem os seus conhecimentos. o que encontramos é um grupo de profissionais. Daí que seja pertinente considerarmos o auxiliar de saúde como um novo elemento. É conveniente ter presente um certo grau de conhecimento. técnica e psicossocial. precioso e fundamental na equipa de saúde. intelectual. o auxiliar de desempenhar eficazmente as suas funções. uma boa formação específica. Na realidade. São consideradas importantes as qualidades de natureza física. no sentido de lhes conferir o direito de desempenhar funções essenciais dentro do grupo. por isso. se englobam e enquadram no âmbito e natureza dos cuidados globais que qualquer equipa presta ao doente. lhes podemos exigir qualidades especiais. certamente.145567 . pois. dinâmica. Pensamos que.Decreto-Lei nº 231/92 ser específico e não lhes permitir a prestação de cuidados directos ao doente que não sejam com acompanhamento ou supervisão técnica. desembaraçada e rápida na execução do seu trabalho. Lisboa. ABC da Segurança na Estrada. PORTUGAL. Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários.cdc. 1999. Cordeiro M.Bibliografia American Academy of Pediatrics. 1989. . 1992. Disponível em: http://www. Pediatrics 2002. Crescimento e maturação dos 0-18 anos (Orientações Técnicas). Selecting and using the most appropriate car safety seats for Growing Children: Guidelines for Counselling Parents. Saúde Infantil e Juvenil: Programa – tipo de actuação. Centers for Disease Control and Prevention. Lisboa: Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa| cód. 2000 CDC Growth Charts: United States. Lisboa: DGCSP.gov/growthcharts. Menezes H C. Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários. PORTUGAL. Ed. 109: 550-553.145567 DGCSP. Pais & Filhos.


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