IRA

June 4, 2018 | Author: api-3726545 | Category: Kidney, Urinary System, Creatinine, Shock (Circulatory), Medical Specialties
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IRA Insuficiência Renal AgudaICBAS/HGSA Serviço de Medicina B Fátima Farinha IRA – Insuficiência Renal Aguda Plano de exposição:      Introdução Introdução Etiologia e fisiopatologia Manifestações clínicas e diagnóstico diferencial Complicações Resumo IRA – Insuficiência Renal Aguda  Introdução Definição  “Síndrome caracterizado por um declínio rápido da taxa de filtração glomerular (horas a dias), retenção de produtos de excreção nitrogenados, alteração do volume de líquido extracelular e alterações da homeostase electrolítica e do equilíbrio ácido básico.” ACUTE RENAL FAILURE - Hugh R. Brady, Barry M. Brenner In HARRISON'S PRINCIPLES OF INTERNAL MEDICINE - 15TH EDITION  IRA      ↓ TFG ↑ ureia e creatinina ↑ volémia alterações electrolíticas acidose metabólica IRA – Insuficiência Renal Aguda  Introdução Epidemiologia  “ A IRA complica cerca de 5% das admissões hospitalares e até cerca de 30% nas admissões das Unidades de Cuidados Intensivos” ACUTE RENAL FAILURE - Hugh R. Brady, Barry M. Brenner In HARRISON'S PRINCIPLES OF INTERNAL MEDICINE - 15TH EDITION  H.G.S.A. ???  IRA – a maioria dos casos é reversível  Rim tem enorme capacidade de recuperar da perda quase total da função!  Contudo, a IRA está associada a mortalidade e morbilidade hospitalares significativas  Devido, em grande parte, à natureza grave da doença que precipita a IRA! IRA – Insuficiência Renal Aguda  Introdução Classificação  A IRA pode complicar uma ampla variedade de doenças:  Doenças que causam hipoperfusão renal, sem comprometer a integridade do parênquima renal  → IRA pré-renal ou azotemia pré-renal → ~55% → IRA renal intrínseca ou azotemia renal → ~40% → IRA pós-renal ou azotemia pós-renal → ~5%  Doenças que envolvem directamente o parênquima renal   Doenças associadas a obstrução do trato urinário   IRA    IRA pré-renal (55%) IRA renal intrínseca (40%) IRA pós-renal (5%) IRA – Insuficiência Renal Aguda  Introdução Manifestação  Oligúria (débito urinário <400ml/dia)  Manifestação clínica frequente mas não invariável (~50%)  Em geral, a IRA é assintomática, e o diagnóstico é estabelecido quando a monitorização bioquímica de pacientes hospitalizados revela um aumento recente nas concentrações sanguíneas de:   Ureia e Creatinina. Valores de referência: ureia: 3.6-7.1 mmol/l ou 10-20 mg/dl creatinina: <133 μmol/l ou <1.5 mg/dl I - IRA pré-renal  Etiologia e fisiopatologia IRA pré-renal   Forma mais comum de IRA (~55%) Resposta fisiológica à hipoperfusão renal leve a moderada  Rapidamente reversível com a restauração do fluxo sanguíneo renal e da pressão de ultrafiltração glomerular   Não há lesão do parênquima renal Pode complicar qualquer doença capaz de induzir:     hipovolémia, Hipoperfusão baixo débito cardíaco, renal vasodilatação sistémica ou vasoconstrição intra-renal selectiva Ir para IRA renal intrínseca Fisiopatologia da Hipovolémia  Etiologia e fisiopatologia   Hipovolémia → leva a queda da pressão arterial sistémica média → detectada pela redução do estiramento dos barorreceptores arteriais (ex: seio carotídeo) e cardíacos. Barorreceptores activados → desencadeiam uma série de respostas neurais e humorais → restauração do volume sanguíneo e pressão arterial. Respostas neurais e humorais incluem:    Activação do Sistema Nervoso Simpático (ex: norepinefrina) Activação do Sistema renina-angiotensina-aldosterona angiotensina II) Libertação de arginina-vasopressina (AVP ou ADH) (ex:  Norepinefrina+angiotensinaII+AVP → e cerebral:     preservação da função cardíaca (ex: Estimulando a vasoconstrição de leitos vasculares “não essenciais” músculo e baço) Inibindo a perda de sal através das glândulas sudoríparas Estimulando a sede e o desejo de ingerir sal Promovendo a retenção renal de sal e água Fisiopatologia da Hipovolémia  Etiologia e fisiopatologia A perfusão glomerular, a pressão de ultrafiltração e a taxa de filtração são preservadas durante a hipoperfusão leve por vários mecanismos compensatórios:  Vasodilatação arteriolar das arteríolas aferentes   Pelos receptores de estiramento das arteríolas aferentes em resposta a < da pressão de perfusão Biossíntese de proteínas vasodilatadoras (ex: prostagl E2 e prostaciclina) Pela angiotensina II  Constrição das arteríolas eferentes   Desta forma:    Pressão intraglomerular é mantida Fracção de filtração aumenta Taxa de filtração glomerular (TFG) é mantida  Nos estados de hipoperfusão mais graves → respostas compensatórias insuficientes → queda da TFG → IRA pré-renal !! • Idosos ! • Doenças que afectam a integridade das arteríolas aferentes (ex: diabetes) • Fármacos (ex: inib. da COX; AINE; IECAS; bloq. dos recept. da pré-renal voltar para IRA II - IRA renal intrínseca  Etiologia e fisiopatologia IRA renal intrínseca  Pode complicar diversas doenças que afectam o parênquima renal:     Doenças dos grandes vasos renais Doenças da microcirculação renal e dos glomérulos IRA isquémica e nefrotóxica (a maioria) Inflamação tubulointersticial  A maioria dos casos de IRA renal intrínseca é desencadeada por:   isquemia (IRA isquémica) ou por nefrotoxinas (IRA nefrotóxica) → lesões que classicamente induzem Necrose Tubular Aguda (NTA) ! A IRA pré-renal e a IRA renal intrínseca fazem parte de um espectro de manifestações de hipoperfusão renal. Fisiopatologia da IRA Isquémica Etiologia e fisiopatologia  Diferença entre a IRA isquémica e a IRA pré-renal:  Hipoperfusão induz lesão isquémica das céluas parenquimatosas renais, em particular do epitélio tubular   Ocorre recuperação em 1-2 semanas após normalização da perfusão renal, visto que exige reparo e regeneração das células renais. Se a isquemia for extrema → necrose cortical bilateral e I.R. Irreversível  IRA isquémica é + frequente em doentes submetidos a:     cirurgia CV major ou com traumatismo grave, hemorragia, sépsis e/ou deplecção de volume Fisiopatologia da IRA Isquémica Etiologia e fisiopatologia  Evolução da IRA isquémica caracteriza-se por 3 fases:  1- fase de início (horas a dias) – período inicial da hipoperfusão renal  TFG ↓, devido a    Queda do fluxo sanguíneo renal → Pressão de ultrafiltração glomerular reduzida Cilindros com células epiteliais e restos necróticos derivados do epit. Tubular isquémico → fluxo de filtrado glomerular obstruído Extravasamento retrógrado do filtrado glomerular através do epit. Tubular lesionado  2- fase de manutenção (1-2 semanas) – lesão das células renais    TFG mantida no valor mínimo (5-10 ml/min) Débito urinário é mínimo Complicações urémicas Reparo e regeneração das células parenquimatosas renais Retorno gradual da TFG a níveis pré-mórbidos  3- fase de recuperação   Fisiopatologia da IRA pré-renal e IRA intrínseca isquémica Etiologia e fisiopatologia Fisiopatologia da IRA nefrotóxica Etiologia e fisiopatologia  Mecanismos de lesão nefrotóxica    Vasoconstrição intra-renal (evento central na IRA) por: Agentes de contraste radiológicos (nefropatia por agentes de contraste) Ciclosporina e tacrolimus → induzem: queda do fluxo sanguíneo renal e ↓ da TFG, sedimento urinário benigno e baixa excreção fraccionada de sódio IRA induzida por antibióticos   Toxicidade directa sobre células epit. Tubulares e/ou obstr. Intratub.:  Aciclovir, Foscarnet, aminoglicosídeos, anfoterina B e pentamidina   IRA induzida por antineoplásicos Cisplatina, carboplatina, etc  Nefrotoxinas exógenas:  Cálcio, mioglobina, hemoglobina, urato, oxalato, cadeias leves do mieloma. Fisiopatologia da IRA isquémica e nefrotóxica  Etiologia e fisiopatologia Patologia da IRA isquémica e nefrotóxica  Características patológicas da IRA isquémica:  Necrose irregular e focal do epit. Tubul. com:   descolamento da sua membrana basal e oclusão da luz tubular por cilindros compostos de:  células epiteliais íntegras ou em degeneração, restos celulares, mucoproteína de Tamm-Horsfall e pigmentos.  A necrose é mais evidente na parte recta dos túbulos proximais, mas também pode afectar o ramos ascendente da ansa de Henle Necrose das células tubulares é menos proeminente. Alterações morfológicas mais evidentes nas partes contorcida e recta dos túbulos proximais.  Características patológicas da IRA nefrotóxica:   III - IRA pós-renal  Etiologia e fisiopatologia IRA pós-renal   Obstrução do trato urinário responsável por < de 5% dos casos de IRA Um único rim é suficiente para excretar os resíduos nitrogenados gerados diariamente. Assim, a IRA secundária a obstrução exige que a obstrução ao fluxo urinário ocorra:    entre o meato uretral externo e o colo vesical, obstrução ureteral bilateral ou obstrução ureteral unilateral em paciente com rim único funcionante  A obstrução do colo vesical é a mais frequente    Doença prostática Bexiga neurogénica Tratamento com anticolinérgicos Manifestações diferencial  clínicas e diagnóstico Avaliação clínica Exame de urina Índices de insuficiência renal Achados laboratoriais Achados radiológicos     Avaliação clínica  Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial 1º Determinar se o declínio da TFG é agudo ou crónico  Fácil de estabelecer a existência de processo agudo qd a análise dos dados laboratoriais revela ↑ recente dos níveis sanguíneos de ureia e creatinina  Contudo: os valores prévios nem sempre estão disponíveis!!! Anemia, neuropatia, evidências radiológicas de osteodistrofia renal ou rins pequenos e fibróticos.  Achados que sugerem IR crónica:   2º Após estabelecido o diagnóstico de IRA:    1º Identificar a causa da IRA 2º Eliminar o factor agressor desencadeante (ex: nefrotoxina) e/ou instituir tratamento específico da doença 3º Prevenir e tratar as complicações urémicas Avaliação clínica – IRA pré-renal  Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial Sintomas   Sede Hipotensão ortostática Hipotensão ortostática Taquicardia Redução da pressão venosa jugular Diminuição do turgor cutâneo Mucosas secas Redução da sudorese axilar Queda progressiva do débito urinário e peso corporal Instituíção recente de tratamento com AINE, IECA ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II Estigmas de hepatomegalia crónica e hipertensão portal, insuficiência cardíaca avançada, sépsis ou outras causas de redução do volume sanguíneo arterial “efectivo”  Sinais        Rever registos médicos pesquisando:    Exame físico pode revelar  Avaliação clínica – IRA renal intrínseca  Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial IRA renal intrínseca devida a isquemia  Tende a ocorrer após hipoperfusão renal grave, complicando o choque hipovolémico ou séptico ou após cirurgia major.  IRA renal intrínseca devida a nefrotoxicidade   Revisão cuidadosa dos registos medicamentosos e radiológicos, procurando exposição recente a nefrotóxicos ou agentes de contraste radiológicos ou toxinas exógenas Tende a ocorrer após hipoperfusão renal grave, complicando o choque hipovolémico ou séptico ou após cirurgia major. Avaliação clínica – IRA pós-renal  Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial Sintomas e sinais  Dor suprapúbica ou no flanco  Devido à distensão da bexiga e do sistema colector renal e da cápsula, respectivamente. Sugere obstrução ureteral aguda Doença prostática provável Bexiga neurogénica   Dor em cólica no flanco que irradia para a virilha  Nictúria, poaquiúria, hesitação (com endurecimento da próstata ao toque rectal)  aumento ou  Pacientes tratados com anticolinérgicos ou sinais físicos de disfunção autonómica   Diagnóstico definitivo:   Exames radiológicos Rápida melhora da função renal após alívio da obstrução Exame de urina  Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial Anúria  Obstrução completa do trato urinário, mas pode complicar os casos raros de IRA pré-renal ou renal intrínseca! Obstrução intermitente   Amplas flutuações no débito urinário  Poliúria, devido ao comprometimento mecanismos de concentração da urina  dos Obstrução parcial do trato urinário  Sedimento urinário Índices de insuficiência renal  Índices de insuficiência renal    Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial Análise bioquímica e sanguínea Útil para diferenciar a IRA pré-renal da renal intrínseca Particular interesse da Excreção Fraccionada de sódio (FENa ) - relacciona a depuração de sódio com a de creatinina  O Na+ sofre intensa reabsorção do filtrado glomerular em doentes com IRA pré-renal, na tentativa de restaurar o volume intravascular, mas não em pacientes com IRA renal intrínseca (isquémica ou nefrotóxica) devido à lesão das células epiteliais tubulares.  A creatinina não é absorvida em qualquer das situações → assim, normalmente: IRA pré-renal – FENa < 1% (frequentemente < 0.1%) IRA renal intrínseca – FENa > 1% Excepções FENa : ! •Diuréticos, bicarbonatúria, insuf. Renal crónica preexistente complicada por perda de sal ou insuficiência supra-renal. Índices urinários diagnósticos: IRA pré-renal vs IRA intrínseca Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial Achados laboratoriais        Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial Creatinina sérica Potassémia Fosfatémia Calcémia Uricémia Creatinocinase Enzimas intracelulares Avaliação laboratorial  Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial Função renal: critérios para IRA     Creatinina sérica aumenta >0.3 em 2 dias seguidos ou Creatinina sérica aumenta >0.5 mg/dl ou Creatinina sérica aumenta >50% acima da linha de base ou TFG calculada diminui >50% abaixo da linha de base Requer amostra de urina prévia a fluídos IV, diuréticos FENa >1%: Necrose tubular aguda FENa <1%: IRA Pré-renal   Excreção Fraccional de Sódio (FENa)    Rins continuam com capacidade para concentrar urina  Contagem sanguínea completa (CBC)   Trombocitopenia na Púrpura Eosinofilia na doença intersticial Avaliação laboratorial   (cont.) Urianálises com exame do sedimento urinário Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial       Densidade urinária  IRA pré-renal: densidade urinária >1.020  IRA intrínseca: densidade urinária 1.010 - 1.020 Doença vascular  Eritrocitúria muitas vezes presente Glomerulonefrite  Eritrocitúria  Resíduos granulares  Proteinúria Nefrite Intersticial  Piúria  Eosinófilos  Leicócitos e eosinófilos Nefrite por hipersensibilidade a drogas  eosinófilos Necrose tubular  Resíduos granulares pigmentados  Células tubulares epiteliais  Resíduos granulares Falência pré-renal  Resíduos hialinos Avaliação laboratorial (cont.) Manifestações Clínicas e diagnóstico diferencial  Testes autoimunes para doença glomerular    Antinuclear Antibody (ANA) Antineutrophil Cytoplasmic Antibody Antiglomerular basement membrane antibody  Biópsia renal percutânea  Indicada para doença glomerular ou intersticial Complicações da IRA  Complicações A IRA :    Compromete a excreção renal de Na+, K+ e água Afecta a homeostase dos catiões divalentes Afecta os mecanismos de acidificação da urina Sobrecarga de volume intravascular (hipervolémia) Hiponatrémia (↓ Na+) Hiperpotassémia (↑ K+ ) Hiperfosfatémia (↑ PO42- ) Hipocalcémia (↓ Ca2+) Hipermagnesiémia (↑ Mg2+) Acidose metabólica (acúmulo de ácidos endógenos) Outros:   Complicações frequentes         Anemia, ↑ tempo de sangramento, leucocitose, infecção (50-90% dos casos – responsável por até 75% das mortes), complicações cardiopulmonares, hemorragia digestiva,… Complicações da IRA  Complicações Hipervolémia  Consequência inevitável de:  Excreção diminuida de sal e água em indivíduos oligúricos ou anúricos. Aumento do peso corporal, crepitações pulmonares bibasais, elevação da pressão venosa jugular, edema postural   Sinais/sintomas:  Expansão contínua do volume: edema pulmonar potencial/ fatal. ! pacientes tratados com múltiplos fármacos intravenosos e nutrição parenteral → administração excessiva de água → hiperosmolaridade/hiponatrémia → edema cerebral e crises convulsivas Classificação e principais causas de IRA Resumo Classificação e principais causas de IRA Resumo Classificação e principais causas de IRA Resumo Manifestações clínicas, achados urinários e outros testes Resumo Manifestações clínicas, achados urinários e outros testes Resumo Manifestações clínicas, achados urinários e outros testes Resumo Manifestações clínicas, achados urinários e outros testes Resumo Algoritmo Resumo Algoritmo para o diagnóstico e tratamento da Insuficiência Renal Aguda Resultados e prognósticos a longo prazo  Taxa de mortalidade em pacientes com IRA~50%  Mortalidade devida a sequelas da doença primária que provocou IRA e não devido à própria IRA.   60% morte após traumatismo ou grande cirurgia 30% em pacientes com IRA nefrotóxica   Oligúria (<400ml/dia) + elevação da creatinina sérica acima de 3mg/dl→prognóstico sombrio Taxas de mortalidade mais altas em:   Idosos e debilitados Falência de múltiplos orgãos  A maioria dos doentes que sobrevivem a um episódio de IRA recupera uma função renal suficiente para levar uma vida normal. Bibliografia   Braunwald et al.; Harrison, “Medicina Interna”; McGrawHill Pesquisa na internet …the end.


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