Segurança, Higiene e Saúde no TrabalhoExercícios de Aplicação SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 1 Os riscos decorrentes das operações efectuadas pelos trabalhadores podem estar na origem de: A. Acidentes; B. Doenças profissionais; C. Acidentes de trabalho; D. Todas. Numa loja, um trabalhador, tem o espaço à sua volta desarrumado e sujo com materiais e produtos que utilizou e que foi atirando para o chão. Um seu colega, ao passar escorregou e caiu, tendo sido levado ao hospital por ter dores muito fortes num braço. Felizmente, as suspeitas de fractura do braço não se confirmaram, tendo-lhe sido, apenas, receitados comprimidos, gelo e repouso. À luz da Lei n.º 100/97, de 13 de Setembro, diga quem é o responsável pelo ocorrido: A. O trabalhador que caiu, porque devia ter olhado para o caminho que pisava; B. O trabalhador sentado à bancada de trabalho, por ter sido negligente quanto à arrumação e limpeza do seu espaço de trabalho; C. A entidade patronal, por permitir que as condições de trabalho, no que diz respeito à organização e limpeza, se tivessem degradado; D. Todos os intervenientes. Ainda segundo o mesmo diploma legal, considera-se acidente de trabalho aquele que ocorre no: A. Local de trabalho; B. Tempo de trabalho; C. Local ou tempo de trabalho; D. Local e tempo de trabalho; E. Em qualquer das situações referidas em A, B, C e D. 2 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 2 Escolha a/s condição/ões necessária/s para que uma doença possa ser considerada Doença Profissional: A. Ter sido provocada pelo trabalho e conste da Lista de Doenças Profissionais; B. Ter sido provocada pelo trabalho ou conste da Lista de Doenças Profissionais; C. O médico de família ter classificado essa doença como doença do trabalho; D. Qualquer das anteriores. A dose de uma substância tóxica depende de: Os contaminantes do ambiente de trabalho quando ultrapassam determinada dose podem prejudicar a saúde dos trabalhadores. Diga que nome se dá a essa dose: A. Dose limite; B. Dose admissível; C. Dose suportável; D. Dose nula. A exposição dos trabalhadores a certos contaminantes, quando é ultrapassada essa dose, pode desencadear uma intoxicação grave e de manifestação imediata. No entanto, para outros contaminantes, a intoxicação, embora também muito grave, não se manifesta imediatamente, podendo o trabalhador estar exposto a esses contaminantes durante muito tempo (meses, anos) até começar a se sentir doente. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 3 SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Complete a seguinte frase: "A Toxicologia dá a estes últimos contaminantes o nome de tóxicos ". Assinale em que tipo de substâncias estes tóxicos aparecem: A. Solventes (diluentes) de vernizes; B. Colas; C. Insecticidas de madeiras; D. Soldas de estanho; E. Tintas metálicas; F. Pigmentos; G. Componentes (ligantes) do cimento. 4 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 5 . A protecção colectiva é prioritária em relação à protecção individual. como diploma enquadrador da SHST no normativo nacional. Verdadeiro B. Indicar as modalidades de organização dos serviços de SHST. A. como os pilares de um sistema de SHST. Explicitar as obrigações do empregador e do trabalhador. Realçar a importância dos Princípios Gerais de Prevenção.SEGURANÇA. Falso. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 3 Descrever a importância do decreto-lei nº 441/91. com custos pessoais e materiais. 6 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO . na área(s) de actividade do grupo e formandos. Dever-se-ão simular situações.SEGURANÇA. em que cada formando desempenha o papel de um trabalhador do Sector do Comércio. decorrentes da não implementação da SHST. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 4 ACTIVIDADE EM GRUPO Trabalho escrito. Refira quais as classes de fogo e quais os materiais que lhes dão origem. pelo menos. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 7 . sempre.SEGURANÇA. Dê exemplos de características do local de trabalho a ter em conta para a determinação do número de extintores a colocar. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 5 Onde devem ser. os extintores? Em determinadas situações deverão ser colocados vários extintores. colocados. em ampères. a dispensa de possuir condutor “terra”? 8 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO . que deve dispor um quadro eléctrico para evitar o risco de electrocussão? Qual o símbolo de protecção do risco eléctrico que afixado na placa de características de uma máquina eléctrica.SEGURANÇA. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 6 Qual é a sensibilidade. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 7 Entre a iluminação natural e a iluminação artificial qual a que melhor se adapta à visão do ser humano? O que é necessário para que uma iluminação possa ser classificada de adequada? Quais são os equipamentos que medem a iluminância? EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 9 .SEGURANÇA. SEGURANÇA. 85 D. a que podem estar sujeitos os trabalhadores? Para 8 horas de trabalho diário. 82 C. qual é o valor máximo de ruído a que pode estar sujeito um trabalhador sem ser obrigado a utilizar protecção auricular? Refira a partir de que nível sonoro contínuo há risco de surdez profissional: A. 80 B. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 8 Existe regulamentação para os níveis de ruído elevado nos locais de trabalho? Qual a metodologia que deve seguir a protecção dos efeitos nocivos do ruído elevado. 90 10 dB dB dB dB EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO . HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 9 Diga se as figuras seguintes apresentam posturas correctas ou incorrectas. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 11 . na movimentação normal de cargas.SEGURANÇA. SEGURANÇA. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO 12 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO . Falso. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO As figuras seguintes ilustram posturas e situações incorrectas para a movimentação manual de cargas.SEGURANÇA. A. Verdadeiro. B. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 13 . Refira quais as principais lesões a que estas trabalhadoras estão sujeitas.SEGURANÇA. 14 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO . HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO As fotografias mostram movimentações sem efeito de cargas com risco. SEGURANÇA. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 15 . SEGURANÇA. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 10 Qual é a altura a que deve estar colocado um ecrã de visualização? Qual a altura a que deve estar colocado um teclado? Quais devem ser as dimensões da cadeira de um trabalhador? 16 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO . HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 11 Treinar os formandos na adopção de posturas correctas. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 17 .SEGURANÇA. que é a milionésima parte do milímetro.SEGURANÇA. as poeiras apresentam risco de chegarem aos alvéolos pulmonares: A. B. D.5μ.5μ. Nota: 18 μ ou mícron. C. Inferiores a 0. embora nem todos apresentem a mesma gravidade. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 12 Todos os tipos de empoeiramento são prejudiciais à saúde. A partir de que dimensões. Superiores a 0.5μ. Todas. Inferiores a 1. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO . realçando a simplificação do trabalho que uma boa armazenagem determina. • Dar exemplos de situações de risco no armazenamento de produtos. A figura seguinte ilustra um equipamento de trabalho desadequado e uma postura arriscada: EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 19 . HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Nº 13 • Motivar os formandos para a gestão correcta do Armazém.SEGURANÇA. Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social 20 União Europeia Fundo Social Europeu EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO . cofinanciado pelo Estado Português e pela União Europeia. Higiene e Saúde no Trabalho Autoria: Margarida Espiga Edição: CECOA Coordenação: Cristina Dimas Design e Composição: Altura Data Publishing Produção apoiada pelo Programa Operacional Emprego. Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS). HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO FICHA TÉCNICA Título: Segurança. através do Fundo Social Europeu.SEGURANÇA. Segurança. Higiene e Saúde no Trabalho Textos de Apoio . normalmente. com gases tóxicos. no que diz respeito ao ambiente de trabalho. químicos e biológicos presentes nos componentes materiais do trabalho e susceptíveis de causar danos aos trabalhadores é. e de um modo genérico. por riscos ambientais. tendo como principal campo de acção o controlo dos agentes físicos. ao trabalho em altura. As condições inseguras relativas ao ambiente de trabalho são designadas. avaliação e controlo dos factores ambientais gerados no (ou pelo) trabalho e que podem causar doença. etc. in Acordo de Concertação Estratégica (1996-1999) Segundo a American Industrial Hygiene Association a Higiene do Trabalho é a "ciência e a arte dedicadas ao reconhecimento. O conjunto de metodologias não médicas destinadas ao controlo dos agentes físicos. Resumidamente. integrado na disciplina "Higiene do Trabalho". etc. normalmente. Estão nestes casos. a Segurança do Trabalho dedica-se à prevenção de acidentes do trabalho. com poeiras nocivas. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO TEXTO DE APOIO Nº 1 As condições inseguras relativas ao processo produtivo são designadas por riscos de operação. fundamentalmente. os riscos associados à movimentação de cargas. Esta abordagem assenta. alteração da saúde e bemestar ou desconforto significativo e ineficiência nos trabalhadores ou nos cidadãos da comunidade envolvente". fácil será concluir 2 TEXTOS DE APOIO . Estão nestes casos. em técnicas e medidas que incidem sobre o ambiente de trabalho. já referenciado. Se tivermos presente a complexidade dos factores que podem influenciar o equilíbrio dinâmico. as atmosferas ruidosas. Poder-se-á então dizer que: A HIGIENE DO TRABALHO integra um conjunto de metodologias não médicas necessárias à prevenção das doenças profissionais.SEGURANÇA. químicos e biológicos presentes nos componentes materiais do trabalho. O conjunto de métodos e técnicas utilizados para a prevenção e controlo dos riscos de operação é normalmente integrado na disciplina "Segurança do Trabalho". perturbações funcionais ou doenças não incluídas na referida lista desde que sejam consequência necessária e directa da actividade exercida pelos trabalhadores e não representem normal desgaste do organismo. Segundo o Decreto-Regulamentar nº 12/80. uma acção biunívoca. na medida em que tenta tratar ou controlar as Doenças Profissionais. dados sobre o reflexo na saúde humana. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO que a Higiene do Trabalho faz apelo a um conjunto de ciências. A Higiene do Trabalho requer daquelas ciências cooperação estreita. a Toxicologia.SEGURANÇA. consideradas: DOENÇAS PROFISSIONAIS as lesões. no sentido de identificar. avaliar e controlar os riscos de ambiente de trabalho. psíquico e social e. introduz no sistema. Este conceito foi completado no Decreto-Lei nº 248/99. tendo como objectivo principal aumentar o bem-estar físico. contribuir para a Produtividade e Qualidade do Trabalho. simultaneamente. TEXTOS DE APOIO 3 . etc. no sentido em que. ainda. dos ambientes de trabalho nocivos e recebe as consequências da possível inoperacionalidade da Higiene do Trabalho. A Medicina tem no âmbito daquela multidisciplinaridade. como sejam a Epidemiologia. entende-se por: DOENÇA PROFISSIONAL a doença provocada pelo trabalho ou estado patológico derivado da acção continuada de uma causa que tenha a sua origem no trabalho ou no meio laboral em que o trabalhador presta os seus serviços e que conste da Lista de Doenças Profissionais elaborada pela Comissão Nacional de Revisão da Lista de Doenças Profissionais. a Bioquímica. em que são. a Engenharia. Possibilidade de substituição dos protectores de ouvidos.Variação da atenuação com a frequência. TEXTOS DE APOIO .Respeito das indicações do fabricante (manual de utilização). desgaste ou deterioração dos protectores de ouvido. . dos ruídos informativos ligados ao trabalho e da localização direccional.Deterioração da inteligibilidade da palavra. . aplicação de tampões não reutilizáveis. Esmagamento. . . utilização. .estabilidade insuficiente.Resistência do protector às agressões industriais. em função da natureza e da importância dos riscos e das imposições industriais: .Utilização correcta dos protectores de ouvido. . .Respeito das indicações do fabricante.Permanência da função de protecção durante todo o período de utilização. - Compatibilidade deficiente. Materiais inadequados.massa. baixa das qualidades acústicas.Conservação em bom estado. . .Intempéries. Arestas vivas. . . . Concepção ergonómica: . . . .Contacto com chamas. .Utilização incorrecta dos protectores de ouvido.Qualidade dos materiais.Escolha dos protectores de ouvido. . .Respeito da marcação dos protectores (por exemplo: classes de protecção.esforço e pressão de aplicação. . do couro cabeludo. limpeza.aumento da transpiração.Respeito das indicações do fabricante. dos sinais. com pleno conhecimento dos riscos.Arestas e ângulos arredondados. . do reconhecimento.Resistência à combustão e à fusão. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO TEXTO DE APOIO Nº 2 RISCOS LIGADOS AOS PROTECTORES DE OUVIDO Desconforto e incómodo durante o trabalho Limitação da capacidade de comunicação acústica Acidentes e perigos para a saúde Alteração da função de protecção devida ao envelhecimento Insuficiente eficácia da protecção 4 Falta de conforto para o utente: . condições ambientais. .Possibilidade de substituição de protectores auriculares por tampões.Escolha incorrecta dos protectores de ouvidos. . marca correspondente a uma utilização específica). .Escolha após experiência auditiva. Falta de higiene.Eliminação dos elementos de pressão. Preensão dos cabelos.Escolha dos protectores em função de factores individuais ligados ao utente.Ininflamabilidade. . .Facilidade de manutenção. .SEGURANÇA.Controlos regulares.pressão demasiada. . Contacto com corpos incandescentes.massa demasiado elevada. . . resistência às chamas. normalmente. INTRODUÇÃO Ao longo da História. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO TEXTO DE APOIO Nº 3 1. em equilíbrio dinâmico. do seu modo de acção.1. TEXTOS DE APOIO 5 . O cruzamento dos saberes “Químico” e “Médico” faz todo o sentido se atentarmos nas definições de Toxicologia e tóxico. da sua pesquisa e dos processos que permitem combater a sua acção nociva. o Homem tem modificado o meio ambiente em que vive ao mesmo tempo que desenvolve mecanismos de adaptação. só no início do século XX a Toxicologia se constituiu como ciência. N OÇÕES DE T OXICOLOGIA 2.1. Toxicologia é a ciência que se ocupa dos tóxicos. nem sempre ao ritmo das modificações introduzidas. O organismo humano representa um sistema aberto que troca matéria e energia com o meio ambiente através de numerosas reacções. durante as actividades laborais. P RINCÍPIOS E D OMÍNIOS DA H IGIENE DO T RABALHO 1. deste sistema provoca riscos profissionais que são inerentes ao ambiente e ao processo produtivo das diferentes actividades.SEGURANÇA. das suas propriedades. O desequilíbrio momentâneo ou prolongado. O seu desenvolvimento processou-se a par e passo com a Química moderna e a Anatomopatologia (ramo da Medicina). Estas modificações são mais evidentes no desenvolvimento de actividades a que. chamamos trabalho. INTRODUÇÃO Muito embora se conheçam os venenos e os seus efeitos desde a Antiguidade. 2. que podem chegar à aniquilação completa e mesmo conduzir à morte. à Biologia. ao penetrarem por esta via. pelo contrário. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Diz-se que uma substância é um tóxico quando. que vão desde a Microbiologia. a dever-se. A noção de tóxico está normalmente associada a uma substância de origem sintética ou natural. à Bioquímica. sentir ao nível das vias respiratórias. muitas vezes. por uma das seguintes vias: • Via respiratória • Via percutânea • Via digestiva A absorção de tóxicos pelo organismo verifica-se.2. à Higiene Industrial. provoca de um modo passageiro ou durável. que actuando sobre o Homem provocam danos graves na sua saúde. VIAS DE PENETRAÇÃO DOS TÓXICOS NO ORGANISMO A penetração dos tóxicos no organismo efectua-se. muitas vezes. após penetração no organismo em dose relativamente elevada. 6 TEXTOS DE APOIO . fazem repercutir os seus efeitos noutras regiões do organismo. etc. se entender que a relação causa-efeito não é linear mas. regra geral. 2. os tóxicos. perturbações de uma ou mais funções. cada vez mais. Os efeitos nocivos fazem-se.SEGURANÇA. é influenciada por uma série de fenómenos que extravasam o conceito inicial simplista. penetração por mais de uma via simultaneamente. também. Este alargamento fica sobretudo. de uma só vez ou em várias vezes próximas umas das outras ou em pequenas doses repetidas durante muito tempo. orgânica ou inorgânica. ao facto de. não apenas através de uma destas vias. simples ou mistura. De outras vezes. VIA RESPIRATÓRIA: É a via mais comum da penetração dos tóxicos presentes nos locais de trabalho. mas pode ocorrer. Hoje em dia a Toxicologia faz apelo a outros ramos da ciência. foram inúmeras as partículas tóxicas presentes nos locais de trabalho. Neblinas: suspensão no ar de gotículas visíveis e produzidas por condensação de vapor. procedentes de uma combustão incompleta (smoke) ou resultante da sublimação de vapores.: amianto) • FUMOS • AEROSSÓIS • GASES (ex.: açúcares) (ex. O aparelho respiratório é uma porta de entrada no organismo para as partículas sólidas ou líquidas. Fibras: partículas aciculares provenientes da desagregação mecânica e cujo comprimento excede em mais de 3 vezes o seu diâmetro.: insecticidas) (ex.: cloro) • NEBLINAS • VAPORES (ex. não possuindo (pelo menos por enquanto) defesas que lhes permitam conviver com eles.: sílica pura cristalina) • FIBRAS (ex. Pela primeira vez. se reveste da maior importância o estudo da toxicologia no âmbito da Higiene do Trabalho. sem preocupação para com os seus efeitos.: chumbo) Poeiras: partículas esferoidais de pequeno tamanho.: mercúrio) (ex. SÓLIDO LÍQUIDO GASOSO • POEIRAS (ex. os trabalhadores viram-se confrontados com tóxicos. formadas pela desintegração mecânica de certos materiais.SEGURANÇA. Aerossóis: suspensão no ar de gotículas cujo tamanho não é visível à vista desarmada e provenientes da dispersão mecânica de líquidos. O mesmo se passa com os gases e vapores existentes no ambiente de trabalho. Os perigos de inalação são tanto maiores quanto mais elevada for a temperatura. a 25º C e 760 mm Hg de pressão. Gases: estado físico normal de certas substâncias. Fumos: partículas esféricas em suspensão no ar. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Com as profundas modificações verificadas após a Revolução Industrial. Por essa razão. TEXTOS DE APOIO 7 . Vapores: fase gasosa de substâncias que nas condições padrão (25 C e 760 mm Hg) se encontram no estado sólido ou líquido. em suspensão no ar. geralmente depois da volatização a altas temperaturas de metais fundidos (fumes). as glândulas sebáceas e as glândulas sudoríparas funcionam como portas de entrada naturais. químicos e biológicos). também chamadas partículas respiráveis.10 Brônquios 2-4 Alvéolos pulmonares VIA PERCUTÂNEA (PELE E MUCOSAS): A pele tem. se o fazem. um papel de protecção contra os diferentes agentes agressivos (físicos. A absorção por feridas ou queimaduras profundas é particularmente rápida. que o protegem de uma parte das partículas nocivas para a sua saúde. que podendo ser nocivo. nem todas conseguem atingir os mesmos níveis. regra geral. Por sua vez. a sudação facilita a penetração dos tóxicos na pele. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO No que diz respeito às partículas. ocasionando lesões locais muito graves e pondo mesmo em risco a vida. abaixo dos 10 μ.) facilitam a entrada de tóxicos. mas também de substâncias tóxicas com as quais contactam. penetram pelas ramificações mais finas da árvore brônquica e atingem os alvéolos pulmonares. fruto da adaptação ao longo da evolução humana. as partículas de diâmetro entre os 10 μ e os 15 μ ficam retidas. os poros. etc. através dos cílios vibráteis e do muco nasal. Assim. exercem um efeito local. 8 TEXTOS DE APOIO . O aparelho respiratório tem defesas. ferimentos. por ausência da barreira dermeepiderme e por haver um aumento das trocas sanguíneas. essencialmente. são consequência não só da utilização de ferramentas ou equipamentos agressivos. Também as alterações da pele (descamações. nomeadamente na pele das mãos de trabalhadores. DIMENSÃO ( μm) LOCAL > 10 Nariz 4 . A eficácia das defesas naturais está directamente relacionada com a dimensão das partículas. mecanicamente. Estas alterações.SEGURANÇA. As partículas de menores dimensões. dificilmente será tóxico. No entanto. nem todas elas penetram no interior do aparelho respiratório ou. nas vias respiratórias superiores (fossas nasais). pode provocar lesões graves em órgãos afastados (rins. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Por outro lado. olhos). Estão neste caso os seguintes agentes tóxicos: • nicotina. pode fazer diminuir a toxicidade das mesmas. com a passagem para a circulação sanguínea. após trabalhos relacionados com produtos tóxicos. é ainda mais perigoso do que com a pele. transformando uma parte das substâncias antes da passagem destas para a corrente sanguínea. por outro lado a absorção dessas substâncias. • ou mesmo de derivados puramente minerais. • fumar ou guardar tabaco nos locais contaminados. • tetraetilchumbo. • derivados nitrados e aminados aromáticos. do estômago e do intestino). como por exemplo. As mucosas dos olhos reagem energicamente com certos tóxicos. assim como a mucosa faríngea. diferentes acções podem intervir para diminuir a toxicidade duma substância. com o aparecimento de vómitos e/ou de diarreias ocasionados por irritação da mucosa digestiva.SEGURANÇA. fígado. etc. VIA DIGESTIVA: Não é uma via habitual nas intoxicações relacionadas com o trabalho. com a formação de compostos insolúveis. pode acontecer nas seguintes situações: • manipulação incorrecta de produtos tóxicos (contaminação das mãos. TEXTOS DE APOIO 9 . No entanto.). A intervenção do fígado. boca. O contacto de tóxicos com as mucosas. nomeadamente das mãos. A ingestão de substâncias tóxicas permite a passagem das mesmas para a corrente sanguínea (ao nível da boca. é o que acontece com a absorção de certos tóxicos juntamente com os alimentos. • deficiente higiene corporal. em certos casos. • solventes clorados. O processo de absorção por via digestiva pode ser mais ou menos rápido e. a afinidade de alguns destes agentes (lipossolúveis) para com os lípidos cutâneos (dissolvendo-se na gordura que normalmente lubrifica a pele) permite-lhes ultrapassar a barreira da pele e alcançar. sobretudo se está inflamada. • ingestão de alimentos erradamente guardados em locais de trabalho contaminados. em virtude da sua grande vascularização. ao nível da derme. os sais de tálio. a circulação geral. SEGURANÇA. nomeadamente: • características da substância ou produto. C ONCENTRAÇÃO DE UM T ÓXICO Reportando ao que os Gregos diziam na Antiga Grécia. Relativamente à substância ou produto tóxico podem-se enunciar as seguintes características: • composição química. isto é. • concentração. Dos factores atrás referidos. dia após dia. também. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO OUTRAS VIAS: As vias hipodérmicas e intravenosas são raras nas intoxicações laborais. depende de vários factores.limite de concentração para os tóxicos nos locais de trabalho. tudo é venenoso". a concentração máxima a que os trabalhadores podem estar sujeitos continuadamente por um período até 15 minutos. aquele que pode ser controlado. Além dos TLV's existem. afirma-se.3. de forma segura e objectiva. é a concentração do tóxico.aos quais a maioria dos trabalhadores pode ser repetidamente exposta. Autores portugueses denominam estes valores-limite de VLE-MP (valor-limite de exposição média ponderada). os STEL's (Short Term Exposure Limit) que são limites de exposição para um curto intervalo de tempo.1. CONCENTRAÇÃO E DOSES LETAIS 2.3. 10 TEXTOS DE APOIO . "nada é veneno. não sendo por isso consideradas no âmbito deste Manual. Existem valores . • características do trabalhador exposto. • trabalho executado. 2. sem ficar sujeita a efeitos prejudiciais para a sua saúde.concentração média ponderada para um dia de 8 horas e para uma semana de 40 horas . hoje em dia. denominados TLV's (Threshold Limit Value) . que a toxicidade de uma substância ou produto no local de trabalho. de 22 de Maio Poeiras (pedreiras) Em relação às outras substâncias tóxicas a norma portuguesa NP1796. Nestes casos. e desde que o TLV's respectivos não sejam excedidos. TEXTOS DE APOIO 11 . O documento prevê. 21 de Agosto Cloreto de vinilo DL nº 274/89. dia após dia. seguidamente. revista em 1988. que os limites de concentração não deverão nunca ser excedidos. Algumas substâncias tóxicas têm uma acção de tal forma rápida sobre o organismo. Enunciam-se. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO desde que não sejam permitidas mais de 4 exposições diárias. São.SEGURANÇA. sendo a designação adoptada o NAC (Nível Admissível de Concentração). esses limites denominam-se TLV's-Ceiling ou também designado VLE-CM (valor-limite expresso para uma concentração máxima). fixa os valores-limite de exposição definidos como "a concentração de substâncias nocivas que representam condições às quais se julga que a quase totalidade dos trabalhadores possa estar exposta. também. • Toxicidade percutânea. ainda. mesmo instantaneamente. Para algumas das substâncias tóxicas que se podem encontrar nos locais de trabalho existe legislação portuguesa específica. • Flutuações das concentrações ao longo do dia de trabalho. sem efeitos prejudiciais para a saúde". adoptados valores-limite de concentração. de 21 de Agosto Chumbo e seus compostos DL nº 284/89. de 24 de Agosto Amianto (abesto) DL nº 162/90. esses diplomas legais: Diplomas legais Substâncias tóxicas DL nº 273/89. as seguintes situações: • Efeitos aditivos de substâncias tóxicas com características semelhantes. com pelo menos 60 minutos de intervalo entre os períodos de exposição. Normalmente. consequentemente a quantidade de substância tóxica inalada aumenta. os trabalhos pesados provocam também um aumento de sudação o que. Este factor pode ser controlado pela organização do trabalho. no mesmo período de tempo. já que penetra por duas vias (respiratória e cutânea). em virtude do seu peso ser menor e o seu metabolismo mais activo. • Peso: a toxicidade de uma substância varia com o peso do indivíduo. A duração (tempo) de exposição é um factor de grande importância para a generalidade dos tóxicos industriais como se pode deduzir dos critérios TLV. embora não de um modo absoluto. Nas listas de limites de exposição é considerado o facto de certas substâncias poderem ser absorvidas por mais do que uma via de entrada no organismo. Quanto ao trabalho executado é importante salientar: • tipo de trabalho: leve moderado pesado • duração da exposição Os trabalhos pesados provocam um aumento do ritmo respiratório. salientamos aquelas que podem determinar. fazendo rodar pelo mesmo posto de trabalho vários trabalhadores ao longo da jornada. mesmo se a concentração no ar estiver longe das concentrações limites.SEGURANÇA. No que diz respeito às características do trabalhador exposto ao tóxico. podendo tornar-se perigosa. • Sexo: influi muitas vezes sobre a receptividade dos tóxicos. 12 TEXTOS DE APOIO . tendem a ser menos sensíveis que os adultos. a toxicidade da substância: • Idade: à partida os indivíduos jovens. caso o tóxico tenha afinidade com a pele. pode aumentar perigosamente a concentração dele no organismo. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Esta norma adopta os conceitos e os limites publicados pela ACGIH no documento Threshold Limit Values for Chemical Substances and Physical Agents and Biological Exposure Indices. produzem-se alterações no metabolismo. por estarem comprometidos os processos normais de desintoxicação. seguramente. D OSES L ETAIS A determinação de uma dose letal de um tóxico. • Fadiga . • Gravidez . • Estado Patológico: • As doenças podem provocar lesões nos órgãos principais do organismo e essas alterações podem favorecer a acção de tóxicos. Por acção do trabalho. 2. reagindo anormalmente a diversos produtos. Por essa razão. • Estado fisiológico: • Digestão .faz aumentar. não pode ser objecto de experimentação. se aconselha evitar que as mulheres grávidas sejam submetidas a exposições susceptíveis de exercer efeitos nocivos. no sistema nervoso.a sensibilidade aos tóxicos aumenta. de certo modo.2.3. Na imensa maioria dos casos. em Higiene do Trabalho. Apresentam. em geral. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO • Susceptibilidade individual: alguns organismos demonstram uma maior susceptibilidade (intolerância congénita) a certas substâncias. já que a sensibilidade das diversas espécies aos tóxicos. uma hipersensibilidade qualitativa. na frequência cardíaca e no ritmo respiratório. para o ser humano. Assim se explica que um tóxico possa actuar diferentemente no estado de repouso ou no estado de fadiga. a toxicidade de uma substância. Os resultados obtidos na experimentação animal dificilmente podem ser extrapolados para o Homem. pode variar entre limites relativamente afastados. mas só TEXTOS DE APOIO 13 . os valores indicados para o homem como doses tóxicas ou mortais não são mais do que números aproximados.SEGURANÇA. durante a gravidez.o estado de digestão ou de jejum tem influência sobre a intensidade da acção dum tóxico administrado numa dose determinada. muscular ou intelectual. Os valores existentes de doses mortais para o Homem foram obtidos pela observação das intoxicações humanas. variando essas respostas dentro de limites. muitas vezes. admite-se que o homem pode. • Velocidade de administração: aumentando a velocidade de administração. No caso de haverem percentagens inferiores. representada por DL 100. 14 TEXTOS DE APOIO . o caso do aumento da temperatura ambiente que desencadeia uma maior actividade de certos tóxicos (aumento da toxicidade). consoante: • Via de penetração: para determinar a toxicidade é sempre importante conhecer a via de absorção do tóxico. T OXICIDADE A GUDA Para além das características intrínsecas do indivíduo. o que raramente acontece. compreende-se que quando se fala em doses mortais para o homem. provocase uma sobrecarga do tóxico no organismo. suportar a mesma quantidade de veneno que um cão de 20kg. TOXICIDADE AGUDA E CRÓNICA 2. • Natureza do veículo: a associação dos tóxicos com excipientes que favoreçam. • Condições exteriores: refira-se. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO serão exactos se não tiver havido vómitos. como exemplo.SEGURANÇA. • Concentração: a influência da concentração sobre a toxicidade é determinante pois a absorção é mais rápida quanto maior for a concentração.1. já que as respostas à exposição da mesma dose de um tóxico não são a mesma para todos os casos. a absorção faz aumentar a toxicidade.4. dá-se o nome de dose letal 50 e representa-se por DL50. que pode até ser fatal. em geral. nomeadamente 50% de casos mortais num conjunto de indivíduos expostos a um mesmo tóxico. já que a toxicidade aumenta se forem vencidas as barreiras naturais de protecção e o tóxico entrar directamente na circulação sanguínea. consideráveis. nomeadamente.3. 2. Pelo que foi dito no ponto 2. a toxicidade de uma substância pode variar. Dá-se o nome de dose letal de um tóxico (ou dose seguramente mortal) à dose que produz 100% de casos mortais nos indivíduos a ele expostos. Muito empiricamente.4. não se podem referir valores absolutos. dentro de amplos limites.1. No caso de a dose ser relativamente alta. torna-se necessário o seu estudo para se evitarem efeitos nocivos na saúde dos trabalhadores expostos. Diz-se que há: Intoxicação aguda quando se verificam efeitos tóxicos no organismo resultantes da absorção de doses relativamente grandes. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO • Substâncias associadas: sobre este tema falaremos no ponto 3. e que embora sem sintomatologia clínica imediata. como vimos. em geral.4. São. pode conduzir a alterações irreversíveis do estado de saúde. T OXICIDADE C RÓNIC A Se a exposição. Entre esses efeitos. em curto espaço de tempo.2. a morte. não se verificarão efeitos prejudiciais no organismo do trabalhador. a toxicidade de uma substância pela dose susceptível de provocar a morte. Os efeitos tóxicos provêm. TEXTOS DE APOIO 15 . o mais grave é. Intoxicação crónica é resultado de uma exposição repetida ao longo de bastante tempo. A exposição a agentes tóxicos no ambiente de trabalho pode ser pontual ou contínua. pois aparecem. for contínua ao longo de dias de trabalho. ao mesmo agente tóxico. os efeitos nocivos manifestar-se-ão rapidamente. muitas vezes. de doses bastante pequenas. Normalmente. portanto. 2. e é por essa razão que se exprime. demasiado fracas para provocar efeitos de toxicidade aguda. numa exposição pontual a baixas quantidades de um tóxico de fraca toxicidade.4. negligenciáveis as suas consequências. a baixos níveis de tóxicos. naturalmente.2. • Administração anterior: sobre este tema falaremos no ponto 2.SEGURANÇA. sem dar qualquer sinal de alarme. mas cuja repetição pode acabar por originar intoxicações muito mais insidiosas. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Existem tóxicos que preenchem as condições acima descritas.) ou química (fixação sobre um ou outro constituinte celular) ou. • funções dos órgãos (rim. ainda. a serem eliminadas normalmente. a que se dá o nome de tóxicos cumulativos. adsorção. Devemos. De um modo geral. não teriam consequências de maior. será perigosa se for repetida. provoca. por ficarem retidos no organismo em virtude de afinidades de natureza física (solubilidade nos lípidos muito maior do que nos líquidos aquosos. 16 TEXTOS DE APOIO . fígado. etc). o que dificulta a sua eliminação (metais pesados). crónicas como consequência dos efeitos de uma toxicidade aguda. salientamos as cancerígenas pois ocupam um lugar à parte entre os agentes deste tipo de toxicidade. linfa. • composição química dos líquidos orgânicos (sangue. • estrutura das células e tecidos do organismo. Mais correctamente deveriam ser chamadas de intoxicações a longo prazo. • aptidão para a reprodução. não se podem fixar doses limites. e portanto. • comportamento geral. glândulas endócrinas. etc). ainda. A absorção destas pequenas doses que. Das substâncias de toxicidade a longo prazo (ou crónica). o nome de intoxicações crónicas. No seu caso. ao fim de algum tempo. já que poderão existir intoxicações irreversíveis. dado que.SEGURANÇA. centros nervosos. dá-se a este tipo de efeitos nocivos sobre o organismo. perturbações de sintomatologia muito variada sobre: • crescimento. medula óssea. pelo facto do efeito persistir após a eliminação do produto. mínima que seja. em consequência da sua acção nociva sobre o filtro renal. ter em conta os tóxicos que provocam efeitos cumulativos através de várias gerações. • a duração da vida. qualquer dose. etc. as mesmas respostas. uma determinada Dose é necessário que ela provoque no organismo uma resposta nula. DOSE RESPOSTA Para que se possa considerar admissível. e a Higiene do Trabalho fundamenta. desde que estas reacções sejam apenas desvios ligeiros. 2.6. DOSE ADMISSÍVEL RESPOSTA NULA Embora exista sempre uma reacção biológica ou química do organismo quando em contacto com substâncias estranhas. EFEITO DOSE-RESPOSTA Para se actuar no campo da prevenção das intoxicações no ambiente de trabalho é fundamental trabalhar as seguintes variáveis: • tempo de exposição • concentração do tóxico Sabe-se. pode-se falar em resposta nula. No entanto. Ao resultado desta relação dá-se o nome de DOSE A dose absorvida pelo organismo provoca da parte deste uma resposta biológica.SEGURANÇA. que a dose de tóxico absorvida não tenha excedido a capacidade do organismo metabolizar (bio-transformar a substância num dos metabolicos do organismo) e eliminar o referido tóxico. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Estas noções são de enorme importância. em virtude do grande número de agentes tóxicos aos quais o homem está exposto no ambiente de trabalho. 2. no local de trabalho. TEXTOS DE APOIO 17 . sem prejuízos fisiológicos do estado normal do organismo. que há uma relação marcada entre o tempo de exposição e a concentração do tóxico. sendo a sua acção mais complexa e aparentemente não específica.5. existem outros que não desencadeiam uma sintomatologia característica. isto é. EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS TÓXICOS Existem tóxicos que provocam em todos os seres humanos os mesmos efeitos. nomeadamente: • plasma • eritrócitos ou glóbulos vermelhos • leucócitos ou glóbulos brancos • trombócitos ou plaquetas Os principais efeitos nocivos. a partir da sua entrada no sangue. Apenas acções que causam os traumatismos apresentam alguma especificidade e devem merecer a tenção. o tóxico elegerá um ou mais órgãos e aí se fixará. A par de uma acção principal. etc). Convém sublinhar que. Os sintomas que. por acção dos tóxicos. qualquer que seja a via por onde tenha entrado. Em função da natureza físico-química do tóxico e dos órgãos. A partir daí. interferindo nocivamente no metabolismo dos mesmos. por acção de gases agressivos (nomeadamente cloro.1. mas sim epifenómenos relacionados com o próprio indivíduo. o tóxico é transportado em cerca de 23 segundos através de todo o organismo.SEGURANÇA. fluoretos. 2. fosgénio. no sangue.6. ácido oxálico. as acções secundárias podem variar segundo os indivíduos. e das condições de acessibilidade. etc) como de aceleração. desencadeados pelos tóxicos são referidos seguidamente: Plasma: • alterações na coagulação. Eritrócitos ou glóbulos vermelhos: • aumento do seu número. frequentemente se manifestam (diarreia. que tanto podem ser de retardamento ou inibição (caso do benzeno. cloropicrina. 18 TEXTOS DE APOIO . etc) não traduzem os principais efeitos nocivos. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Esta inconstância dos tóxicos não está em contradição com a noção de especificidade do modo de actuação dos tóxicos. estenderá a sua acção sobre as células e tecidos. vómitos. E FEITOS SOBRE O S ANGUE O sangue é constituído por vários elementos. no benzenismo. E FEITOS SOBRE O A PARELHO D IGESTIVO Os vómitos e as diarreias que se observam em diversas intoxicações são. etc. sulfamidas. muitas vezes. Os tóxicos corrosivos. • anomalias morfológicas. 2. um tóxico pode actuar directamente sobre a mucosa intestinal. com episódios de diarreia.6.6. na doença dos Raios X. Raios X. os Raios X e o benzeno.4. •Aumento de leucócitos. com sintomatologia mais ou menos dramática. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO • destruição dos eritrócitos que se observa no saturnismo.3. ácidos e bases produzem lesões do tubo digestivo.2. Leucócitos ou glóbulos brancos: •Diminuição do número de leucócitos no benzenismo. provocando uma irritação da mesma. na primeira fase da intoxicação do benzeno. observadas no saturnismo. E FEITOS SOBRE A M EDUL A Ó SSEA As acções dos tóxicos na medula óssea provocam uma destruição do tecido medular. E FEITOS SOBRE O F ÍGADO Existe um grande número de tóxicos hepáticos. no arsenicismo e intoxicação pelo quinino. 2. segundo a sua concentração. reacções de defesa do organismo. já que o fígado é TEXTOS DE APOIO 19 . nos casos de benzenismo. Todavia. no fosforismo ou nas intoxicações pelos derivados aminados aromáticos. Como agentes principais dessas acções referimos os radioelementos.6.SEGURANÇA. o que não surpreende. Trombócitos ou plaquetas: • Diminuição (na ordem das dezenas de milhar) do número de plaquetas. 2. As intoxicações profissionais por acção do chumbo e pelo mercúrio provocam alterações (dolorosas) na digestão dos alimentos e modificações da mucosa bocal. sobre o ritmo cardíaco. • corantes azóicos. nomeadamente o tetracloreto de carbono.6. presente com tanta frequência nos locais de trabalho. • anestésicos gasosos. passando por ele a grande maioria de tóxicos e estando. urânio.6. Está neste caso o chumbo que. 20 TEXTOS DE APOIO .SEGURANÇA. os tóxicos que eventualmente nele circulem. em doses de intoxicação crónica. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO uma massa visceral de 1. essencialmente. 2. Por isso. sujeito a vários tipos de lesões. • derivados nitratos e aminados aromáticos. Recebe as substâncias tóxicas que acompanham os produtos resultantes do metabolismo alimentar. E FEITOS SOBRE O R IM O rim é o outro filtro do organismo humano. e. cádmio. As lesões renais provocadas por intoxicações profissionais têm como agentes principais: • metais pesados (chumbo. • etc. • cloratos. não aparecem com frequência no ambiente de trabalho. ainda. se pode dizer que não há intoxicação que não provoque lesão hepática. E FEITOS SOBRE O C ORAÇÃO Os tóxicos cardíacos que provocam paragem cardíaca. 2. Recebe.5. os que constituem objecto de estudo da Higiene de Trabalho. provoca uma diminuição prolongada do ritmo cardíaco. • solventes clorados. o sangue da circulação geral. actuam. de altíssima gravidade. também. etc). nomeadamente: • intoxicação pelo fósforo.5 a 2 kg e se encontra na encruzilhada das vias digestivas aferentes.6. pelo risco que representam para o homem. • solventes clorados. por isso. 7. E FEITOS SOBRE O S ISTEMA N ERVOSO Muitas das substâncias tóxicas presentes nos locais de trabalho provocam perturbações ou lesões. que proteja das agressões desses agentes. foliculite. • Anestésicos: paragem respiratória.6. • óleos médios: manifestam-se toxidermias.SEGURANÇA. mais ou menos. traduzindo-se por proliferações epiteliais benignas. Por essa razão é de toda a conveniência usar vestuário adequado. • solventes clorados e derivados aminados aromáticos: a sua acção irritante pode transformar-se em dermatites. importantes do sistema nervoso. como exemplo. • produtos da destilação da hulha: verificam-se alterações dos tegumentos. • óleos pesados: têm uma acção mais lenta.8. • Dióxido de carbono: tetanização dos músculos respiratórios. E FEITOS SOBRE A P ELE A pele está muito exposta aos agentes tóxicos presentes nos locais de trabalho. Consoante os tóxicos em presença. podendo evoluir para malignas. • vapores de chumbo: lesões das unhas. 2. • iodetos e brometos: aparecimento de dermatoses. acne. Apresentamos. os seus efeitos manifestam-se diversamente. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO 2. as suas acções atingem diferentes funções do sistema nervoso e.6. por tal razão. os seguintes: • Álcool: descoordenação dos movimentos e perturbação do equilíbrio. Passamos a enumerar os principais agentes tóxicos: • ácidos e bases fortes: provocam queimaduras. TEXTOS DE APOIO 21 . • Asfixia. é o resultado da privação do oxigénio. tosse. O ritmo respiratório é mantido pela excitação coordenada e rítmica dos músculos respiratórios. Podem-se verificar lesões locais ou actuar ao nível do mecanismo da respiração. exagerada produção de saliva. A reacção torna-se desordenada e angustiante. permitida pela enervação proveniente do centro respiratório bulbar. queimaduras. corrimento nasal. e conduz à morte em pouco tempo (3 minutos são o limite máximo sem respirar.SEGURANÇA. de forma a não se produzirem lesões graves). E FEITOS SOBRE O A PARELHO R ESPIRATÓRIO É a principal via de acesso dos tóxicos gasosos ou voláteis. Em contrapartida.9. O organismo fica submetido a duas acções inversas: a necessidade de respirar e a de não respirar. sob a influência do tóxico. Se este centro sofrer uma intoxicação e a sua acção normal for inibida ocorrerá uma paragem respiratória. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO 2. ACÇÃO LOCAL: • espirros. Os fenómenos verificados pela acção tóxica ao nível da respiração são: • Sufocação.6. a irritação das vias profundas determina uma aceleração considerável dos movimentos respiratórios. devida a um processo irritativo actuando diferentemente sobre as vias aéreas superficiais e profundas. as primeiras sofrem uma acção inibidora que se traduz por uma diminuição ou mesmo paragem da respiração. • irritação do epitélio pulmonar: edema. ACÇÃO AO NÍVEL DO MECANISMO DA RESPIRAÇÃO: Mesmo que um tóxico esteja altamente diluído no ar inspirado penetrará nos alvéolos pulmonares e poderá fixar-se ou ser absorvido pelo sangue. 22 TEXTOS DE APOIO . As diferentes acções tóxicas podem potenciar-se. 3. como a exposição é simultânea.1.2.SEGURANÇA. INTRODUÇÃO A acção de um tóxico pode ser modificada por combinação de uma ou mais substâncias tóxicas. E FEITOS R ESULTANTES DE E XPOSIÇÕES COMBINADAS A VÁRIOS FACTORES DE R ISCO 3. ou mesmo adicionar-se por: • Aumento da velocidade de reabsorção. deve ser considerado o seu efeito combinado e não o efeito isolado de cada uma delas. Os antagonismos dos tóxicos estão na base do tratamento das intoxicações. • Modificação da receptividade das células sensíveis. • Melhoramento da permeabilidade dos tecidos receptores. EXPOSIÇÃO SIMULTÂNEA Quando duas ou mais substâncias tóxicas actuam ao mesmo tempo e ao mesmo nível do organismo. Mas certas acções tóxicas podem alterar-se por antagonismo: • Quando há uma diminuição dos efeitos da toxicidade. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO 3. Duas substâncias dizem-se antagónicas quando uma diminui ou mesmo suprime os efeitos da outra. • Etc. No entanto. terá de ser avaliado o efeito simultâneo desses compostos: TEXTOS DE APOIO 23 . mas não devem ser utilizados como linhas que dividem as concentrações seguras e as perigosas. Controlo dos efeitos nocivos da exposição combinada: Os valores relativos aos níveis admissíveis de concentração (NAC) para as substâncias combinadas devem ser usados como indicadores para o controlo de riscos para a saúde. também. existir flutuações das concentrações de tóxico. ao longo do dia de trabalho. os valores totais atingidos não deverão ultrapassar determinado valor. desde que essas exposições sejam devidamente compensadas por períodos de menor exposição. embora esta situação não seja consequência da actividade laboral) de álcool em seguida à acção tóxica de certas substâncias. No entanto. EXPOSIÇÃO SEQUENCIAL Na exposição sequencial a diferentes tóxicos é frequente observar fenómenos de super intoxicação. não haverá risco para o trabalhador. Mesmo que as concentrações ultrapassem os valores-limite de tóxico. 24 TEXTOS DE APOIO . HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO 3.SEGURANÇA.3. É o que acontece aquando da inalação (ou da ingestão. sob pena de surgirem efeitos nocivos para a saúde do trabalhador. Podem. •Reservar. se faça facilmente e sem obstáculos. se existirem. uma área suficiente para as actividades previstas. à volta da máquina. os que advêm de uma incorrecta montagem. •Verificar se a fonte de energia prevista para a máquina (electricidade. encapsular. ar comprimido. libertação de gases. etc) assegurar que este é suficientemente estável e resistente. •No caso de máquinas portáteis. subsistem os riscos intrínsecos a certas operações e. No entanto. tendo em conta a posição mais cómoda para a sua utilização e de modo a que o acesso aos comandos e. ler atentamente o respectivo Manual de Instruções. Assim: •Antes de utilizar uma máquina. sobretudo. montar amortecedores. •Avaliar se a instalação de um novo posto de trabalho pode interferir com os postos de trabalho vizinhos e vice-versa. •Utilizar apenas as máquinas para os fins a que se destinam e dentro dos limites de produção estabelecidos. empoeiramento. etc). •Colocar a máquina. etc) e adoptar as medidas necessárias para o seu controlo (isolar. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO TEXTO DE APOIO Nº 4 As máquinas modernas obedecem a legislação e normas que eliminam a maioria dos riscos que lhes são inerentes. •Instalar a máquina de acordo com as especificações do fabricante. gás. utilização e conservação. ao botão de paragem de emergência. •Ter em conta o impacto que a máquina pode gerar no ambiente de trabalho (ruído. etc) cumpre os requisitos impostos pelo equipamento e se a ligação a ele é fiável. TEXTOS DE APOIO 25 . ainda. sistemas de aspiração. ou das que necessitam de apoio (bancada de trabalho.SEGURANÇA. •Ter em conta o ciclo de produção evitando deste modo gestos e actividades desnecessários junto à máquina. nomeadamente no que diz respeito a folgas. etc e assegurar a reparação dos eventuais defeitos. utilizar produtos e peças previstos pelo fabricante. •Cumprir os programas de manutenção preventiva do equipamento. 26 TEXTOS DE APOIO . vibrações anormais. os sistemas de encravamento ou protecção. repor todas as protecções que eventualmente tenham sido retiradas. Só utilizar solventes inflamáveis ou água quando expressamente previstos no respectivo livro de instruções. •Antes de recolocar a máquina em funcionamento. procurar mantê-los.SEGURANÇA. desligar a fonte de energia. •Rever periodicamente o estado de conservação da máquina. guilhotinas. •Nas máquinas dotadas de sistemas de protecção ajustáveis (por exemplo. ou de algum modo pôr fora de serviço. tanto quanto possível. perdas de isolamento. •Nas operações de limpeza e manutenção. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO •Não anular. etc). •Interditar a utilização de máquinas a operadores que manifestem alterações do estado de consciência. assegurando que ninguém possa inadvertidamente repô-la. serras de fita. no seu máximo grau de eficácia. •Manter perceptíveis toda a sinalização e avisos próprios do equipamento e assegurar que eles são compreendidos por todos os utilizadores. •Antes de efectuar qualquer operação de reparação ou limpeza. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO PROTECÇÃO COLECTIVA DAS MÃOS Correcta utilização da protecção: Protecção da serra de corte Incorrecta utilização da protecção: Protecção da serra não ajustada TEXTOS DE APOIO 27 .SEGURANÇA. HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO Protecção individual (luvas de malha de aço): 28 TEXTOS DE APOIO .SEGURANÇA. Formação e Desenvolvimento Social (POEFDS).SEGURANÇA. Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social TEXTOS DE APOIO União Europeia Fundo Social Europeu 29 . HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO FICHA TÉCNICA Título: Segurança. Higiene e Saúde no Trabalho Autoria: Margarida Espiga Edição: CECOA Coordenação: Cristina Dimas Design e Composição: Altura Data Publishing Produção apoiada pelo Programa Operacional Emprego. através do Fundo Social Europeu. cofinanciado pelo Estado Português e pela União Europeia.