DICAS OLAVO DE CARVALHO Em 2004 eu estava sem rumo.Sendo de esquerda, não agüentava mais as críticas que pintavam as pessoas de esquerda como avessas ao conhecimento. Mandei então um e-mail para o filósofo Olavo de Carvalho pedindo-lhe dicas de leituras para que eu conseguisse ter um mínimo de orientação no mundo. E o e-mail que ele me enviou em resposta é um verdadeiro guia de honestidade intelectual. Até hoje não consegui comprar todos os livros nem colocar em prática tudo que ele me aconselhou porque, na verdade, é um plano de estudos para uma vida inteira. * E-mail de Olavo de Carvalho Prezado amigo, Deu louco para louco, vamos direto ao assunto: Não adianta estudar muito. Aristóteles dizia que a inteligência deve ser exercitada com moderação e constância. O truque é: 1 - Estudar todo dia um pouco. 2 - Não estudar nada sem um interesse total e absorvente. 3 - Ler devagar, com lápis na mão, e não deixar passar uma palavra desconhecida, uma frase mal compreendida. 4 - Ler somente os livros essenciais de cada área, sem perder tempo com obras de interesse periférico. 5 - Domine pelo menos três idiomas (ler e escrever -- conversação é para turista). Quanto a seleção de livros, estes são indispensáveis e, por eles, você chegará aos outros: 1 - Otto Maria Carpeaux, História da Literatura Ocidental (leia pela ordem, anotando cada autor importante citado e fazendo a lista dos livros que vai ler pelos próximos dez anos). 2 - Frederick Copleston, A History of Philosophy (idem) 3 - Eric Voegelin, Autobiographical Reflections (idem) 4 - Georges Gusgorf, Introduction aux Sciences Humaines 5 - Seyyed Hossein Nasr, Knowledge and the Sacred 6 - Max Friedländer, On Art and Connoiseurship 7 - Pitirim A. Sorokin, Novas Teorias Sociológicas 8 - Leo Strauss and Joseph Cropsey, History of Political Philosophy 9 - Otto Maria Carpeaux, Uma nova história da Música. Os estrangeiros talvez você encontre pelo site www.bookfinder.com Estou-lhe enviando em arquivo anexo um manual da vida intelectual (A vida intelectual, A. D. Sertillanges). Leia e pratique. Se isso não der certo, nada mais poderá dar. Um abração do Olavo de Carvalho e. quando o assunto se dirigiu para o tema “leituras”.Recensões e Resenhas Olavo de Carvalho c. no Brasil. Utilidade da resenha: apresentar o livro a alguém que não vai lê-lo ou. não palavra por palavra. Deverá apresentar o livro de modo suficiente para que alguém o conheça sem lê-lo. com a leitura.sobre a arte de ler livros. desempenhar um trabalho.experiência de entender do que está falando. não vai lê-lo imediatamente. Ex. através do qual você conhece a realidade. A explicação deve ser muito menor do que o livro. A finalidade da leitura pode coincidir em mais ou em menos com a finalidade do próprio livro. com outros livros. e você o conhece menos do que o autor. Uns anos desse treinamento. o filósofo Olavo de Carvalho postou esta preciosa aula. prefaciada pelo seguinte parágrafo: Já que a conversa é sobre leituras. é claro. mas deve ir além do seu conteúdo explícito. Um livro só pode ser considerado lido quando: 1) está retido na memória. praticamente sem correções. mas na sua ordem interna real 2) você tem na mente várias ordens de leitura que ele admite e pode reconstruí-lo segundo várias hierarquias de importância. temos de fazer um esforço explicativo (ex-plicare = desdobrar).uma experiência que a maioria dos nossos alunos de universidade jamais fez. É uma transcrição de fita. reproduzo adiante uma aula que dei -. de modo que não procurem aí elegância de linguagem.: um historiador que lê um romance para obter informações sobre uma época determinada. 4) ele se tornou para você um esquema ou instrumento ótico. O leitor conhecerá o assunto menos do que você. que não é "ler o livro". Tudo isso só é possível quando a leitura tem uma finalidade. no todo e nos detalhes de construção interna. Você terá a função de ser o intermediário entre o autor e o público.1987 Numa lista de discussão. O conteúdo é útil para os que estiverem interessados em passar de uma leitura amadorística a uma leitura de estudioso profissional -. feita por alunos. reconfortante -. As resenhas a que o texto se refere eram exercícios que meus alunos faziam no curso. raríssima -. por ser um resumo. e você terá a maravilhosa. A meta da leitura pode ser diferente da meta do livro. Temos de lê-lo para chegar a alguma coisa e. Eram consideradas uma exigência preliminar a toda e qualquer discussão do livro.creio que em 1987 -. pode-se fazer a resenha oral. ao menos. 3) você é capaz de compará-lo. com elementos de memória. e . Na medida em que apresentamos um livro para o leitor de menos conhecimento. Após algumas resenhas feitas por escrito. Normas a) a análise seguirá passo a passo a seqüência do modelo abaixo. A maior parte do que estudamos não aborda os fatos diretamente. O reexame do livro só será necessário nas primeiras vezes. se uma pessoa leu sua resenha. As primeiras resenhas serão enormes. . na medida da própria leitura. responda a esses itens. No modelo. mas através de uma tradição. Depois. b) a análise é a resposta a uma seqüência ordenada de questões. Você já conseguirá responder diretamente -. A função do recenseador é indispensável para a informação científica. poderão saltar. que são variáveis. Ex.Ortega y Gasset. mas a pessoa não poderá deixar de lê-la. Para dominar essa técnica.Miguel de Unamuno. poderá dizer que conhece o conteúdo do livro. serve para abreviar a abordagem de certos assuntos. Sem a arte do resumo científico. nem proceder como se fosse ficha de arquivo ou de biblioteca.isso é um treino.1) Como achar os nomes dos autores em bibliotecas: .Edgar de Bruyne. Quanto ao livro científico. Esse procedimento só se aplica a obras filosóficas e científicas. A partir daí. está dada a seqüência de perguntas. Após ler o livro duas vezes. Não é necessário colocar o sobrenome do autor antes do nome (trata-se de resenha de um só). Coloque-se na posição de apresentar a obra para quem não poderá lê-la. estaríamos impedidos de estudar. . é preciso seguir rigorosamente o esquema. No caso da obra literária. podendo chegar a 20 ou 30 páginas. . Autor ou Organizador (1.: quase ninguém aprende a teoria da gravidade diretamente do texto de Newton. Compreende-se um livro quando se consegue esquematizar e reduzir. não a obras de arte. . MODELO DAS RESENHAS DE LIVROS FICHA CATALOGRÁFICA (1) Deve atender às normas catalográficas internacionais de indexação de livros. ensinar mais que ele em menos espaço.John Stuart Mills.isto não será possível se o seu conhecimento não for um pouco além do livro para poder abarcá-lo. a função do recenseador é dar elementos explicativos e chamar a atenção do leitor para certos aspectos. Essa explicação que ultrapassa o livro em espaço menor tem de ser um saber mais extenso (no sentido de que vai além do conhecimento do conteúdo do livro) e mais simples. deixar elementos subentendidos. Numa antologia. É indispensável ter um livro de como usar bibliografia. Dados da edição (1. Tudo isso faz parte do aspecto material.. Paulo”. Ex.) ou editor (ed.1) O compilador é o principal responsável pela reunião de textos heterogêneos. Local (cidade).pôr só S. ou Du Bon Usage des Bibliographies. org. ou ao le francês (ex. Nomes ingleses: sempre o último.3.procurar primeiro em “S. Tradutor.: Le Gros).Nomes espanhóis: vale o primeiro sobrenome. Ano (1. em seguida. Obra coletiva: organizador (abreviação org. o do pai. introdução.2) Abreviar sempre (trad. Ano: se não tiver. etc.) indica vários colaboradores. -. índice por Fulano. Paulo -. (1. etc (1.: Relatório de Fulano na Secretaria de Cultura de S. depois.4) . colocar s/d (sem data) ou pôr a data da impressão. “código”. Pôr o nome comercial e não a razão social. etc (1. Nomes holandeses: o de Bruyne é artigo.3) Compilador. Código Penal Brasileiro ou Constituição Brasileira: ver “Brasil” e. já que as normas são internacionais. Equivale ao the inglês. “Congresso Nacional”. de Jeannette Reboul para recorrer quando tiverem dúvidas. que se encontra na última página. José. de Max Weber. Caracteres físicos. Editor.3.3) Editor: não precisa pôr “Indústrias Reunidas S. Indico Elementos de Bibliografia. José Ltda”. prefaciador. Local: a cidade. Não precisa colocar o nome dos colaboradores porque a palavra “organizador” já supõe que alguém compilou. é necessário pôr o nome do organizador. Prefácio. “Constituição”. e não preposição.3. Organizado por Fulano. se houver. Publicações oficiais: procurar o nome da instituição ou país.). Coloca-se como se faz com o organizador. A expressão latina et alii (abreviação et al. Autor: Max Weber.: Ensaios de Sociologia.2) Não é o título da edição original. Todos esses elementos são separados Por ponto ou ponto e vírgula. de Antonio Houaiss.3.). notas. apresentação. ou qualquer outro. Ex. Título da edição utilizada (1. in octavo: só para obra rara. por si mesmo. mas que não foi essa que li. Contribuição nova a um debate importante (2. Abrir chave que se refere à importância do livro para o leitor. é opcional. Quanto ao quesito utilidade. Mas para responder a esse item. Caso contrário. Na lista de livros que indiquei.1.1.2) Assim considerado normalmente ou por que Você o considera. aí vai se colocar as seguintes questões: DEFINIÇÃO GERAL (2) Primeiro. . apele para o consenso da crítica. se quiser. esse item cai fora.: o clássico de Gibbon. para quem lê. Quase não há obra de conjunto sobre os autores marxistas ocidentais. inesperada ou inabitual.3) O livro pode ser.o debate é velho mas a novidade é que pode ser lido como se fosse um dicionário de Kant.4) Ex. original ou enfocar o assunto de forma inédita. é Necessário justificar.: 3 vols. Importa pelo assunto ou pela abordagem? (2.1. Original? Inesperado? (2. a definição geral do livro.: Le Vocabulaire de Kant -.1 a 2. para o original. é o primeiro.4 -. aí. mas segundo a importância objetiva.1.1.uma avaliação crítica). de José Guilherme Merquior. vai ser editado em português pela primeira vez. o ponto-de-vista (objeto formal-motivo. O assunto no global é velho. Fazer outra ficha. mas o enfoque é novo -. 2.2) Definir o assunto (objeto material). Assunto.Esse item nem sempre é necessário.aí é misto. não em termos de avaliação segundo seu julgamento pessoal.1. pode ser lido como se não o fosse.5) Se atende a alguma demanda. não é para Você dizer o que gosta e sim se é útil para o público.: O Marxismo Ocidental. apesar de ser um dicionário.3) e o objetivo (objeto formal-terminativo.1. Como ler o livro? O item 4 (resumo analítico). Você deverá ter uma informação vasta e estar habituado a ler sobre esse assunto. É portanto original: É novo por ser um dicionário para ser lido e não para ser meramente consultado. Suponha que já leu o livro. não para Você. Le Vocabulaire de Kant: o assunto é velho. Você teria de ler muito mais do que o livro referido -como saber isso se Você não acompanha o debate? Para responder a essa questão. que se fundamenta em razões (de 2. o título entre parênteses indica para o leitor que existe uma tradução. Se o livro for raro ou inacessível também é motivo de importância objetiva.). Ex. porém transmitida. Ex. O que tem de interessante é que. Alguém já fez algo parecido? Procurar nas bibliografias comentadas. porém a idéia de fazer um dicionário kantiano é nova. matéria (2. A resposta a esse item deve ser fundamentada nos fatos. aí não precisa colocar o nome do autor. É obrigatório colocar o número de volumes. Oportuno para o momento e o leitor? É útil? (2. leia alguns artigos sobre o assunto e consulte bibliografias comentadas. é misto de dicionário e de introdução a Kant.6). History of the Decline and Fall of the Roman Empire. Pode ser livro clássico (2. se houver mais de um (ex. Quanto ao número de páginas. é porque é oportuno. Se não for o caso. In quarto.1). 2. sua formação.Ex. Abre um estudo a ser feito pelo autor ou por outros. encarado do ponto-de-vista de sua unidade = objeto formal-motivo. não se pode julgá-lo por isso. Ex. Esses limites podem estar explícitos. o que não tira o valor da obra. Os dois primeiros limites não estão declarados (extensão e gênero). do tipo: “essa tese é suficientemente importante para justificar um estudo mais profundo do tema”. CONTEXTO (3) Trata-se do contexto intelectual onde entra o livro. etc. Ex. sem a intenção de prová-la extensivamente. Gênero (2. O autor pode. significa que está subentendida a obra de . saltar fontes ou argumentar elipticamente.1. não pode alegar falta de informações. O ensaio oferece uma teoria sugestiva em nível de prova dialética. Se o autor estudou em grandes centros.5.2) No caso do livro de Merquior. Se veio da Universidade de Zâmbia. É Você quem irá declará-los.1) Avaliar a autoridade do autor.: Georges Gusdorf. Os outros estarão declarados pelo autor.: O Marxismo Ocidental = objeto material. Oxford. Outros (2.5. Débitos reconhecidos (3. da qual dá apenas uma explicação suficiente. O local onde estudou indica a atmosfera das idéias captadas pelo autor. é uma tentativa que precede uma explicação.1. se é tratado em 1000 páginas ou em 200.1) A extensão física como limite. escrevia citando de memória. Sorbonne. é ensaístico. Quem escreve um ensaio considera que um estudo mais profundo vai comprovar sua tese.3) Outros limites auto-impostos (“tratei do assunto só por este ângulo”).5) A amplitude do projeto.: onde estudou? Fez estudos acadêmicos sobre esse assunto? Com quem aprendeu? Estudou em universidade ou é autodidata? Teve bons amigos que o ensinaram? Fez pós-graduação? Doutoramento? Uma contribuição importante oferecida por alguém sobre o autor pode mudar o quadro das coisas. 3. Você aí tem de desdobrar o que está implícito.: quando o autor diz.5.b) Verificar se o autor se declara seguidor de alguém. por brevidade.1. A definição geral (2) é um problema interno do livro. Vai ser de dois tipos: diacrônico (o que aconteceu antes do livro ser escrito) e sincrônico (o quadro contemporâneo ao livro). Limites auto-impostos pelo autor (2. num campo de prisioneiros na I Guerra. “esse livro aplicará o método de G. O autor (3. Ex. avaliação crítica da corrente = objeto formal-terminativo. Luckács ao assunto”. apesar de tocar em algumas coisas externas. A extensão limitará o tratamento do tema.1. A formação serve para legitimar o interesse ou formar o nível de exigência do leitor. Ver prefácio. Extensão (2. não é uma questão tão somente ideológica mas metodológica.: livro de Merquior: .1. A matéria -.Estado da questão (status quaestionis) (3.: Merquior polemiza com os autores que examina e com a opinião marxista estabelecida. Se o autor não se filia a nenhuma escola.1a etapa: conceito de mundo ocidental e pano de fundo. Ex. que o indivíduo não percebe e que lhe alteram o olhar? (Trata-se de um problema da sociologia do conhecimento).: José Guilherme Merquior foi aluno de Lévi-Strauss. raízes do mundo ocidental no pensamento de Hegel.Luckács. inaugura outra? Há diferença entre o autor e os demais membros da escola? (3.: no livro de Merquior. Em que ponto estão os debates sobre o tópico? É debate corrente? É terreno virgem? (3. sobre os autores marxistas individualmente.1. no fundo. Ex.b). . Ex. Um autor pode ser politicamente comunista mas sua análise não ser marxista (diferença entre a posição ideológica e a posição intelectual).2) Afirma algo ou nega afirmação precedente? Ex.1) Enumeração dos grandes blocos em que o autor divide a argumentação. Isso é importante porque às vezes o autor não foi influenciado por quem pensa e sim por outros.: obras de Aristóteles).2.c) Esse dado é mais importante do que a formação do autor.b) Polemiza? Com quem? (3. Verificar se o autor já publicou outros livros sobre o mesmo assunto.1. isto é.1. Pode ter sido aluno de alguém sem ter absorvido sua disciplina.1. . Isso pode coincidir com os títulos dos capítulos ou não. Trabalhos anteriores do autor sobre a mesma matéria ou sobre outras (3.2.2) A escola ou corrente a que se filia pode não coincidir com os débitos reconhecidos.1.a) O tema é considerado relevante e por quê? Deveria ser? (Não para Você. Existem influências intelectuais sub-reptícias. Contemporâneo -.2.1. é dado da estruturação interna do livro.c).2. mas objetivamente) (3. Tratase da posição intelectual: o autor examina esse assunto desde que ponto-de-vista metodológico? RESUMO ANALÍTICO (4) (4. Há quem não saiba capitular (ex. nietzscheanos. Fazer breve lista apreciativa sobre os trabalhos anteriores (3. anteriormente à publicação de O Marxismo Ocidental. o que não quer dizer que foi discípulo.2) É o contexto anterior à obra examinada.2a etapa: os fundadores do marxismo ocidental. Marx e os idealistas alemães. O livro escrito entra em debate já existente.2. Ex. Reexplicando o dado escola: não é dado externo. metodologia. Merquior é descendente ideológico do filósofo político Raymond Aron.: Merquior escreveu. ele declara que alguns autores marxistas são.Quadro dos pontos de vista (3. de maneira a formar frases contínuas. Devemos buscar a estrutura real do livro. aí conhecerá a estrutura interna do livro. As aspas servem como uma atenuante ou para indicar que a idéia não é totalmente sua.2) É resumo do livro inteiro. 2) atenuar um conceito. Ao datilografar. Uma vez lido o livro. Nunca sublinhar palavras isoladas e sim frases. não do livro. quando há citação de frase inteira. 3) indicar um conceito sobre o qual não se quer assumir responsabilidade. Quando você estica e comprime o texto de várias maneiras. para indicar que aquilo não está sendo dito no sentido reto. se alguém copiar os trechos sublinhados. então terá matado a charada. O grifo ou itálico equivale ao sublinhado uma vez.título do livro (nunca aspeado). A resenha informativa pára nesse ponto. Se for pedaço de frase. Citação de trecho inteira do texto: fazer coluna menor e mudar o espaço (de espaço 2 para 1). aula de retórica). As aspas são usadas para: 1) citar frases. se o fez do ponto-de-vista que havia declarado e se atingiu o seu objetivo.conceitos que se deseja destacar (evite aspas pejorativas . que às vezes não corresponde à nominal.3a etapa: o desenvolvimento do mundo ocidental no pós-guerra. que não se endossa totalmente. . de modo que. Ao fazer o resumo analítico. verifique se o autor falou do assunto. distinguir o que é citação literal e o que é paráfrase (frase de sua autoria que resume o pensamento de outro). encontrará um texto com começo. Desenvolvimento do argumento (4. É a conclusão final do livro à luz de seu contexto e da definição dada anteriormente (objeto material. Não usar aspas. . formal-terminativo). O negrito equivale ao sublinhado duas vezes. fazer o resumo do resumo (v. Aspas: as aspas só entram depois do ponto. Cada tipo de letra (família) tem quatro tipos: . tese de conjunto. mas no oblíquo. É a síntese de tudo o que você disse. meio e fim -.palavras estrangeiras.aí não tem de redigir o resumo. O negrito itálico equivale ao sublinhado três vezes. Quando tiver o contexto inteiro. mediante uma leitura criteriosa onde se sublinham as frases destacadas.. = definição geral + contexto + resumo analítico.é coisa de quem não sabe escrever).4a etapa: conclusão geral. O grifo é usado em: . . Síntese final (5) Deve ter uma página. formal-motivo. emendando-as. as aspas vêm antes do ponto. moderação no uso do se. .).redondo.a frase sobe e desce.on. Isso deve ser conquistado. era usada no português arcaico e depois se perdeu). será um eterno escravo da opinião alheia.: ²vivemos tomando decisões apressadas². é uma das melhores línguas para a filosofia. citar a página (cuja abreviação é p. quase todas as palavras são oxítonas. O pronome se nada tem a ver com essa idéia.tem de haver força. . leia em voz alta e verifique. Pense primeiro e depois traduza o que você pensou para o português. não basta a reivindicação -. é preciso muito prática. No espanhol e no português. os professores imitam o francês e fica pedante. ²escreva como pensa². Justifica-se se você fala em nome do cargo ou enquanto autoridade impessoal ou coletiva. one . É a maior estupidez quando se diz. Preste atenção quando ler em diferentes línguas. Deve haver uma tradução do pensado ao escrito. traduzida pela expressão a gente.. O nós impessoal tem que ser o nós sem pronome.. adaptem-se à pobreza de sua língua. Ex. usar é necessário. com sua imaginação. e não pág. Quando fechar cada citação. É deselegante quando usado por afetação de modéstia. O melhor é forçar a vocês mesmos em vez de usar o recurso fácil de forçar a língua. Quando escrever algo. se liberta. Pensar primeiro e depois traduzir para o português. Quem não a obtiver. tropeçamos em dificuldades. Todas as línguas são pobres nas construções de que dispõem.negrito (escura). Não começar frases com a expressão torna-se necessário.: ²na nossa opinião. Somente aquele que investiga. como soaria aos ouvidos do outro. . que contraria o espírito da língua portuguesa (existe em francês e inglês .grifo negrito (inclinada escura).²). . Quando utilizar o impessoal. apesar de mal usado.. Sempre que escrevemos. Essas práticas são recursos para você adquirir certeza pessoal. No francês. Leiam os que sabem escrever português: Graciliano Ramos e Machado de Assis. Não forcem a língua. só se usa essa expressão como conseqüência de outra coisa anterior. saiu do latim homo. Na USP. coloca dúvidas e as resolve.grifo ou itálico (inclinada). Plural majestático: (ex. Certeza pessoal não é um direito – é um trabalho e uma obrigação. não -. O português. A tradução direta é muito difícil. Para obter autonomia. já que ninguém lhe dará de presente. Impessoal: evitem essa construção. na acepção que Viktor Frankl dá a este termo. não poderia se pautar pela "importância histórica" das obras. a própria perspectiva adotada impunha que a seleção abdicasse de toda pretensão a fundar uma normatividade média. insensible le livre. não têm outra ambição senão a de educar-se a si mesmos e chegar a compreender alguma coisa. mas pelo seu valor estratégico do ponto de vista do sentido da vida. Mas. que não têm nenhum projeto de mundo. os forjadores de sociedades futuras e todos os outros pretensos pais do amanhã mundial. mas para tornar cada uma delas apta a assumir o sentido da vida. perguntei eu. permaneceram à margem do curso dominante. Por outro lado. o problema fundamental da auto-educação é o de distinguir o essencial e o desprezível. A presente lista não tem. Era preciso. é claro. portanto. Daí a utilidade de uma lista de obras essenciais. minha amiga. Eu não queria educar as pessoas para o desempenho de um papel social. não raro. O extremo limite da perspectiva adleriana (em si mesma admirável) era a formação do cidadão consciente. como eu. GYGES LE CHARTIER Livros não fazem cabeças. seu objetivo. à celui dont le coeur ne sait pas éclairer la lettre extérieure avec le sens de l'expérience intime. pensei eu. Ela só quer ter utilidade para você. um padrão universalmente copiável. desejassem embarcar na grande aventura do sentido da vida. por nobre que fosse. são no entanto a única esperança do mundo – de um mundo que vai sufocando sob a mão de . concentrando a atenção no primeiro e poupando um tempo precioso – justamente aquele que o ensino universitário dispersa no estudo de mil e uma insignificâncias. ao curso geral das coisas? Aí seria preciso dar-lhes uma formação totalmente diversa. Adler. nenhum valor para os diretores de escolas. Minha seleção. os ministros da Educação. portanto. como um todo. Vocês. em How to Read a Book. mas se ativesse ao desejo de ser útil àquelas individualidades que. ainda que por momentos." Cidadania. afinal. transcender esse ideal meramente civil: era preciso formar inteligências capazes de atender à convocação do Apóstolo: "Sois vós que ides julgar o mundo. meu amigo. que. Seu critério era a importância das obras para a formação do cenário cultural do Ocidente. por sua própria decisão. tomasse um rumo desastroso e fosse necessário formar inteligências individuais capazes de se subtrair. Em todo caso. Mas essenciais sob qual ponto de vista? A primeira lista desse tipo que chegou ao meu conhecimento foi a de Mortimer J. O que as faz é o esforço individual de reviver os atos cognitivos – e não raro as escolhas morais – que precederam a escrita. era apenas o nome de um papel social. e se essa conversação. seria preciso atrair sua atenção sobre obras e idéias que.Livros que fizeram a minha cabeça e links para as páginas dos respectivos autores La page est fermée. habilitar o estudante a tomar parte na "grande conversação" da cultura Ocidental. tanto melhor: se você quer o mesmo que eu. Cheguei a esta lista através de muitas tentativas e erros. 23 de Janeiro de 1999 Santo AGOSTINHO As Confissões A Cidade de Deus ARISTÓTELES Metafísica Física Da Alma Ética para Nicômaco Política Eugen von BÖHM-BAWERK Nikolai BERDIAEV Cinco Meditações sobre a Existência Espírito e Realidade Ensaio de Autobiografia Espiritual Georges BERNANOS Diário de um Pároco de Aldeia A Impostura O Grande Medo dos Bem-Pensantes Os Grandes Cemitérios sob a Lua Liberdade para Quê? Georges BERNANOS Diário de um Pároco de Aldeia A Impostura O Grande Medo dos Bem-Pensantes Os Grandes Cemitérios sob a Lua Liberdade para Quê? CLEMENTE de Alexandria O Instrutor Tapeçarias Gilbert K.ferro dos que se julgam habilitados a moldá-lo à sua imagem e semelhança. no prestígio e mesmo no valor intrínseco. estes livros podem fazer por você o que fizeram por mim. E. CHESTERTON Ortodoxia Heréticos Otto Maria CARPEAUX História da Literatura Ocidental Ensaios Reunidos Luís Vaz de CAMÕES Os Lusíadas Lírica Capital e Juros Léon BLOY Exegese dos Lugares-Comuns O Desesperado Meu Diário William BLAKE O Casamento do Céu e do Inferno O Livro de Jó . e sei que terei de revê-la – sobretudo com acréscimos – de tempos em tempos. Os livros aqui listados são desiguais no tamanho. se a seleção contém um forte elemento de preferência subjetiva. DOSTOIÉVSKI Crime e Castigo Os Demônios Os Irmãos Karamazóvi Física Da Alma Ética para Nicômaco Política Nikolai Berdiaev Cinco Meditações sobre a Existência Espírito e Realidade Ensaio de Autobiografia Espiritual Georges Bernanos Diário de um Pároco de Aldeia A Impostura O Grande Medo dos Bem-Pensantes Os Grandes Cemitérios sob a Lua Liberdade para Quê? William Blake O Casamento do Céu e do Inferno O Livro de Jó Léon Bloy Friedrich DÜRRENMATT A Promessa Julius Evola A Tradição Hermética' Mário FERREIRA DOS SANTOS Exegese dos Lugares-Comuns O Desesperado Meu Diário Eugen von Böhm-Bawerk Capital e Juros Luiz Vaz de Camões Sto. COOMARASWAMY A Farsa da Alfabetização A Doutrina do Sacrifício Tempo e Eternidade DANTE Alighieri A Divina Comédia F. M.Samuel Taylor COLERIDGE Biographia Literaria Rimas do Marinheiro Antigo Joseph CONRAD Nostromo A Chance O Agente Secreto Lorde Jim Ananda K. Agostinho As Confissões A Cidade de Deus Os Lusíadas Lírica Otto Maria Carpeaux Aristóteles Metafísica História da Literatura Ocidental Ensaios Reunidos . M. Coomaraswamy A Farsa da Alfabetização A Doutrina do Sacrifício Tempo e Eternidade Dante Alighieri A Divina Comédia F. Chesterton Ortodoxia Heréticos Clemente de Alexandria O Instrutor Tapeçarias Samuel Taylor Coleridge Biographia Literaria Rimas do Marinheiro Antigo Joseph Conrad Nostromo A Chance O Agente Secreto Lorde Jim Ananda K. Dostoiévski Crime e Castigo Os Demônios Os Irmãos Karamázovi Edmund Husserl Friedrich Dürrenmatt A Promessa Julius Evola Idéias para uma Fenomenologia Pura Lógica Formal e Lógica Transcendental A Crise das Ciências Européias René Guénon O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos O Homem e seu Devir segundo o Vedanta O Simbolismo da Cruz Jan Huizinga O Outono da Idade Média Nas Sombras do Amanhã René Girard A Violência e o Sagrado O Bode Expiatório Coisas Ocultas desde a Fundação do Mundo Gilberto Freyre Casa Grande & Senzala Northrop Frye Anatomia da Crítica O Grande Código Viktor Frankl A Vontade de Sentido Mário Ferreira dos Santos Filosofia Concreta A Sabedoria dos Princípios Pitágoras e o Tema do Número .A Tradição Hermética Gilbert K. Petersburgo Considerações sobre a França Thomas Mann A Montanha Mágica Alessandro Manzoni Os Noivos Julián Marías Antropologia Metafísica Ludwig von Mises John Henry Newman A Idéia de Universidade Apologia pro Vita Sua José Ortega y Gasset A Idéia de Princípio em Leibniz e a Evolução da Teoria Dedutiva A Rebelião das Massas Que é Filosofia? São Paulo Apóstolo Cartas Igino Petrone O Direito no Mundo do Espírito Platão Fedro O Sofista O Político A República As Leis Jean Racine Fedra Miguel Reale Teoria Tridimensional do Direito . M.Mohieddin Ibn-Arabi Tratado da Unidade Ação Humana: Um Tratado de Economia Henry Montaigu Paul Johnson Intelectuais Tempos Modernos A Coroa de Fogo Malcom Muggeridge Memórias Russel Kirk Conferências na Heritage Foudation Gottfried Wilhelm von Leibniz Discurso de Metafísica Monadologia Novos Ensaios sobre o Conhecimento Humano J. Machado de Assis Memórias Póstumas de Brás Cubas Dom Casmurro Antonio Machado Poesias Completas Joseph de Maistre Noitadas de S. Eugen Rosenstock Revoluções Européias Franz Rosenzweig A Estrela da Redenção Max Scheler Lipot Szondi A Análise do Destino Tertuliano Apologia Tomás de Aquino O Formalismo na Ética e a Ética Material dos Valores As Formas do Saber e a Cultura F. W. von Schelling Filosofia da Natureza Filosofia da Mitologia Filosofia da Revelação William Shakespeare Otelo Hamlet Rei Lear Georges Simenon A Neve Suja Coleção Maigret Comentários a Aristóteles Suma Teológica Suma contra os Gentios Eric Voegelin Ordem e História Max Weber Economia e Sociedade Escritos sobre o Método Éric Weil Lógica da Filosofia William Butler Yeats Poesias Completas Xavier Zubiri Vladimir Soloviov Crise da Filosofia Ocidental O Sentido do Amor Stendhal O Vermelho e o Negro Inteligência e Realidade Sobre a Essência O Homem e Deus Jacob Wassermann O Caso Maurizius Etzel Andergast .