Comunicacao Em Prosa Moderna

June 22, 2018 | Author: Matheus Schmidt | Category: Grammar, Subject (Grammar), Logic, Predicate (Grammar), Learning
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O T H O NDA ACADEMIA M. G A R C I A BRASILEIRA DE FILOLOGIA O M U N IC AÇÃO EM P R OSA MHDERNA APRE N D A A ESCREVER, APRENDENDO 2 6 s EDIÇÃO FGV EDITORA A PENSAR ISBN — 8 5 -2 2 5 - 0 2 9 6 - X Copyright © Fundação Getulio Vargas D ireitos d esta edição reservados à EDITORA FGV P raia d e B otafogo, 1 9 0 — 14e a n d a r 22 2 5 0 -9 0 0 — Rio d e Ja n e iro , RJ — Brasil Tels.: 0 8 0 0 -2 1-7777 — 21-2559-5543 Fax: 21-2559-5532 e-m ail: e d ito ra @ fg v .b r — p e d id o se d ito ra @ fg v .b r w eb site: vm w .editora.fgv.br Im presso no Brasil / Printed in Brazil Todos os d ireito s reserv ad o s. A rep ro d u çã o n ão a u to riz a d a d es ta p u b licação , no todo ou em parte, constitui violação do Copyright (Lei n e 9 .6 1 0 /9 8 ). Is 2* 3a 4a 5a 6a 7a 8a 9a edição edição edição edição edição edição edição edição edição R EV ISÃO : — — — — — — — — — 10a 11a 12a 13a 14a 15a 16a 17a 18a 1967 1969 1975 1976 1977 1977 1978 1980 1981 Aleidis de Beltran e edição edição edição edição edição edição edição edição edição — — — — — — — — — 1982 1983 1985 1986 1988 1992 1995 1996 2000 19a 20a 21a 22a 23a 24a 25a 26a edição edição edição edição edição edição edição edição — — — — — — — — 2000 2001 2002 2002 2003 2004 2006 2006 Fatim a Caroni Capa: Tira linhas studio Ficha catalográfica elab o rad a pela Biblioteca Mario H enrique Simonsen/FGV Garcia, Othon M. (Othon Moacyr), 1912-2002 . Comunicação em prosa m oderna : aprenda a escrever, aprendendo a pensar / Othon M. Garcia. — 26. ed. — Rio de Janeiro : Editora FGy 2007 540p. QXM a M ).' - ía -7 ^ (7 1 6 Universidade Federal de Pemam BIBLIOTECA CENTRAL í CIDA CEP 50.670-901 - Recife - Pemí Reg. n° 3694 - 09/11/2007 Título COMUNICAÇÃO EM PROSA M Inclui bibliografia e índice. 1. Com unicação. 2. Língua portuguesa — Gramática. 3. Língua portuguesa — Retórica. I. Fundação Getulio Var­ gas. II. Título. CDD — 808 Explicação necessária Este livro, devemo-lo aos nossos alunos, aqueles jovens a quem, no decorrer de longos anos, temos procurado ensinar não apenas a escrever mas principalm ente a pensar — a pensar com eficácia e objetividade, e a escrever sem a obsessão do purismo gramatical mas com a clareza, a obje­ tividade e a coerência indispensáveis a fazer da linguagem, oral ou escri­ ta, um veículo de comunicação e não de escamoteação de idéias. Estamos convencidos — e conosco um a plêiade de nomes ilustres — de que a cor­ reção gramatical não é tudo — mesmo porque, no tempo e no espaço, seu conceito é muito relativo — e de que a elegância oca, a afetação retórica, a exuberância léxica, o fraseado bonito, em suma, todos os requintes esti­ lísticos preciosistas e estéreis com mais freqüência falseiam a expressão das idéias do que contribuem para a sua fidedignidade. É principalm ente por isso que neste livro insistimos em considerar como virtudes primordiais da frase a clareza e a precisão das idéias (e não se pode ser claro sem se ser m edianam ente correto), a coerência (sem coerência não há legitimamente clareza) e a ênfase (uma das condições da clareza, que envolve ainda a elegância sem afetação, o vigor, a expressividade e outros atributos secun­ dários do estilo). A correção — não queremos dizer purismo gramatical — não consti­ tui m atéria de nenhum a das lições desta obra, por um a razão óbvia: Co­ municação em prosa moderna não é um a gramática, como não é tampouco um m anual de estilo em moldes clássicos ou retóricos. Pretende-se, isto sim, unia obra cujo principal propósito é ensinar a pensar, vale dizer, a en ­ contrar idéias, a coordená-las, a concatená-las e a expressá-las de m aneira eficaz, isto é, de m aneira clara, coerente e enfática. Isto quanto à com uni­ cação. Mas o título do livro é Comunicação em... "prosa moderna”, m oderna e não quinhentista ou barroca. Os padrões estudados ou recomendados são os da língua dos nossos dias — ou daqueles autores que, mesmo já secula­ res ou quase seculares, como um Alencar, um Azevedo ou um Machado, continuam atuais —, da língua que está nos cronistas do século XX e não na dos do século XV da dos romancistas, ensaístas e jornalistas de hoje. As abonações que se fazem com excertos de autores mais recuados — um Viei- rà. -zn Bemardes. um Matias Aireí ze expressão eficaz e não de requ trechos de alguns “requintada u t Eudídes da Cunha —, mas as exsn p ios que se distinguem pela t ransm o estilístico desfigurador de Mas por que esse nosso int nazres. por exem plo, não consntt consagradas pelos m anuais...) pek prezo pela sua forma? Forma e f cessklade de desenvolver isso. M< C2< de nossa época, uma das fox aãácôês do nosso tempo parece q ± na infídedignidade da comunk doce quer entre grupos. Sabemos prevenções, das incompreensões e pressão, dos seus sofismas e pan das. as declarações gratuitas, as i tdbos axiomas, a polissemia, a ] discriminatórias, as afirmações p fim. linguagem falaciosa, por má ie mental, ou por ignorância dos ses óbices ou barreiras verbais e mente a comunicação, o entendir não raro causa de atritos e confli Em face, pois, desse aspect res nos preocupemos apenas con rnática, que nos interessem os tai pelo em prego da crase, pelo acet sisrir? Já é tempo de zelarmos cc to da frase, mas também, e princ curando dar aos jovens uma oii clareza e objetividade para terem eficácia. Esse ponto de vista, que iu elaboração de Comunicação cm p res tom a-se evidente esse propá sua capacidade de raciocínio, a para colher impressões, a formai quanto possível exato, claro, obje :o, e também correto sem a obsc Já desde a primeira pane tilística da frase —, sente-se que tradicional: procuramos ensinar i não das palavras (como é hábiEt O thon M. G arcia ♦ 7 ra, um Bernardes, um Matias Aires — devem-se ao fato de serem amostras de expressão eficaz e não de requintes estilísticos estéreis. Incluem-se tam ­ bém trechos de alguns “requintados” do nosso tempo — um Rui Barbosa, um Euclides da Cunha —, mas as razões da escolha foram as mesmas: são exemplos que se distinguem pela eficácia da comunicação e não pelo mala­ barismo estilístico desfigurador de idéias. Mas por que esse nosso interesse quase obsessivo (esses “ss” resso­ nantes, por exemplo, não constituem uma daquelas virtudes de estilo tão consagradas pelos manuais...) pelo teor da comunicação com aparente des­ prezo pela sua forma? Forma e fundo, como sabemos... Bem, não há ne­ cessidade de desenvolver isso. Mas a verdade é que um a das característi­ cas de nossa época, uma das fontes ou causas das angústias, conflitos e aflições do nosso tem po parece que está n a complexidade, na diversidade e n a infidedignidade da comunicação oral ou escrita, quer entre indiví­ duos quer entre grupos. Sabemos dos mal-entendidos, dos preconceitos, das prevenções, das incompreensões e dos atritos resultantes da incúria da ex­ pressão, dos seus sofismas e paralogismos. São as generalizações apressa­ das, as declarações gratuitas, as indiscriminações, os clichês, os rótulos, os falsos axiomas, a polissemia, a polarização, os falsos juízos, as opiniões discriminatórias, as afirmações puras e simples, carentes de prova... En­ fim, linguagem falaciosa, por malícia, quando não por incúria da ativida­ de mental, ou por ignorância dos mais comezinhos princípios da lógica. Es­ ses óbices ou barreiras verbais e mentais impedem ou desfiguram total­ m ente a comunicação, o entendim ento entre os homens e os povos, sendo não raro causa de atritos e conflitos. Em face, pois, desse aspecto da linguagem, é justo que nós professo­ res nos preocupemos apenas com a língua, que cuidemos apenas da gra­ mática, que nos interessemos tanto pela colocação dos pronomes átonos, pelo emprego da crase, pelo acento diferencial, pela regência do verbo as­ sistir? Já é tem po de zelarmos com mais assiduidade não só pelo polimenzo da frase, m as também, e principalmente, pela sua carga semântica, pro­ curando dar aos jovens uma orientação capaz de levá-los a pensar com clareza e objetividade para terem o que dizer e poderem expressar-se com eficácia. Esse ponto de vista, que nada tem de novo ou de original, norteou a elaboração de Comunicação em prosa moderna. Em todas as suas dez par­ tes torna-se evidente esse propósito de ensinar o estudante a desenvolver sua capacidade de raciocínio, a servir-se do seu espírito de observação para colher impressões, a formar juízos, a descobrir idéias para ser tanto quanto possível exato, claro, objetivo e fiel na expressão do seu pensam en­ to, e também correto sem a obsessão do purismo gramatical. Já desde a primeira parte — sobre a estrutura sintática e a feição es­ tilística da frase — , sente-se que a “nossa tornada de posição” é diversa da tradicional: procuramos ensinar a estruturar a frase, partindo das idéias e não das palavras (como é hábito no ensino estritam ente gramatical). Esse m étodo salienta-se sobretudo nos tópicos referentes à indicação das circuns­ tâncias. No que se refere ao vocabulário, procuramos, acima de tudo, orien­ tar o estudante quanto à escolha da palavra exata, de sentido específico. Tentamos m ostrar — principalmente no capítulo sobre “generalização e es­ pecificação” — a importância da linguagem concreta, não propriam ente a necessidade de evitar generalizações ou abstrações mas a conveniência de conjugá-las com as especificações, a importância de apoiar sempre as decla­ rações, os juízos, as opiniões, em fatos ou dados concretos, em exemplos, detalhes, razões. Semelhante critério adota-se também no estudo do pará­ grafo, que é um a das partes mais desenvolvidas da obra. Isso porque, con­ siderado como um a unidade de composição, que realm ente é, ele pode ser­ vir — como de fato serviu — de centro de interesse e de motivação para numerosos ensinam entos sobre a arte de escrever. Mas é sobretudo nas partes subseqüentes à do parágrafo — 4. Com. — “Eficácia e falácias da comunicação”, 5. Ord. — “Pondo ordem no caos”, 6. Id. — “Como criar idéias", e 7. PI. — “Planejamento” — que mais nos em penhamos em oferecer ao estudante meios e métodos de desenvolver e disciplinar sua capacidade de raciocínio. Essas quatro partes representam as principais características da obra. O desenvolvimento que lhes demos tem, ao que parece, inteira razão de ser, tanto é certo e pacificamente reconheci­ do que os jovens, por carecerem de suficiente experiência, não sabem pen­ sar. E, se não sabem pensar, dificilmente saberão escrever, por mais gram áti­ ca e retórica que se lhes ministrem. Portanto, se se admite que a arte de es­ crever pode ser ensinada — e pode, até certo ponto pelos menos —, o melhor caminho a seguir é ensinar ao estudante métodos de raciocínio. Daí, as noções de lógica — em certo sentido muito elementares — que consti­ tuem, ou em que se baseia, a matéria dessas quatro partes. Mas o leitor alerta há de perceber que tais noções vêm expostas com certa ousadia e até com certa indisciplina formalística; é que se tratava tão-som ente de aprovei­ tar da Lógica aquilo que pudesse, de maneira prática, direta, imediata, aju­ dar o estudante a pôr em ordem suas idéias. Não se surpreendam , portan­ to, os entendidos na matéria com a feição assistemática dada a essas no­ ções: não tínham os em mente escrever um tratado de Lógica. Essas e outras características da obra (convém assinalar, de passa­ gem, a oitava parte, relativa à redação técnica) tornam -na mais indicada a leitores que já disponham de um mínimo de conhecimentos gramaticais, ao nível pelo menos da quarta série ginasial. Por isso, acreditam os que Comu­ nicação cm prosa moderna venha a ser mais proveitosa aos alunos do se­ gundo ciclo e, sobretudo, das nossas faculdades de letras, de economia, fi­ nanças e adm inistração. Uma das razões dessa crença está na natureza das informações relativas à preparação de trabalhos de pesquisa — teses, en­ saios, monografias, relatórios técnicos —, inclusive a docum entação biblio­ gráfica e a mecânica do texto, isto é, a preparação dos originais. Foi talvez essa orientação referente aos problemas d a comunicação efi­ caz que levou a Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Ge- aafec '«srgas a encomendar-nos a S e jçresesm m os algumas partes posteriormente algumas . * àc Serviço de Publicações da Seria falsa modéstia negai r b r d c pessoal, quer no seu | TT-xTfTia. Mas, como não remos íi&r-z. e de justiça reconhecer peões« páginas é resultado do rr-iiDüs em abundante bíbliograí pressvDs exemplos dessa influé ropkos sobre a estrutura < aos exercidos de vocabulário p ÇESS autores franceses — na in yz r d o que respeita, em linhas lurrres americanos. As demais i dsm ente apontadas nos lugares .Ai estão os esclaredm ent rerto ponto explicam, mas nenl te? da obra. Defeitos graves. d< ceies pelo menos, plena consoe paeese de uma outra edição, pri das sugestões do leitor. O thon M. Garcia ♦ 9 mlio Vargas a encomendar-nos a elaboração definitiva do livro, quando dele Eàe apresentamos algumas partes acompanhadas do plano geral, no qual se nzeram posteriormente algumas alterações de comum acordo com os direto­ res do Serviço de Publicações daquela instituição. Seria falsa modéstia negar que há neste livro um a considerável con­ tribuição pessoal, quer no seu planejamento quer no desenvolvimento da matéria. Mas, como não temos o hábito de pavonear-nos com plumagem alheia, é de justiça reconhecer que a melhor parte destas quinhentas e poucas páginas é resultado do que aprendemos ou das sugestões que co­ lhemos em abundante bibliografia especializada. Dois ou três dos mais ex­ pressivos exemplos dessa influência revelam-se no tratam ento dado a al­ guns tópicos sobre a estrutura da frase (especialmente o capítulo quarto), nos exercícios de vocabulário por áreas semânticas — duas lições de al­ guns autores franceses — na importância atribuída ao estudo do parágra­ fo e no que respeita, em linhas gerais, à redação técnica — duas lições de autores americanos. As demais influências ou fontes de sugestão vêm devi­ dam ente apontadas nos lugares competentes. Aí estão os esclarecimentos considerados indispensáveis: muitos até certo ponto explicam, mas nenhum desculpa os defeitos reais ou aparen­ tes da obra. Defeitos graves, de que somos os primeiros a ter, de muitos deles pelo menos, plena consciência, mas que procurarem os corrigir na hi­ pótese de um a outra edição, principalm ente se contarmos com as bem-vin­ das sugestões do leitor. Rio de Janeiro, 10 de julho de 1967 Othon M. Garcia Agradecim entos Quero deixar aqui meus agradecimentos aos amigos que, de um a for­ ma ou de outra, me prestaram inestimável ajuda no preparo desta obra: a Délio Maranhão, pelo empenho em vê-la publicada; a Rocha Lima, pelas ju ­ diciosas e proveitosas observações feitas à margem da “Primeira Parte”; a Jorge Ribeiro, pela leitura atenta e perspicaz que fez da quase-totalidade dos originais; a Maria José Cunha de Amorim, pelo precioso e gracioso tra­ balho das cópias datilografadas; e aos meus alunos, candidatos ao Instituto Rio Branco, pelo interesse com que assistiram às minhas aulas e pela dispo­ sição de servirem de cobaia dos métodos com eles ensaiados e agora aqui postos em letra de forma. f u F P E B ib li o t e c a C e n t: Nota sobre a 11§ edicäo § Nesta nova edição de Comunicação em prosa modernüy graças à ines­ timável ajuda de meu querido amigo e colega Antônio de Pádua, me foi possível corrigir recalcitrantes erros que sobreviveram a expurgos anterio­ res. Impunha-se a sua correção, apesar de serem — suponho — irrelevan­ tes e de, por isso, não prejudicarem as características fundam entais da cbra, que tem tido uma gratificante acolhida do público leitor. O.M.G. 1 5 /9 /8 3 r * Nota sobre a 2 edici - N ota sobre a 3§ edicão » i í, \ } Já decorreram sete anos desde que saiu publicada a 1- edição desta Comunicação em prosa moderna. A imprevista aceitação da obra, que le­ vou, entre outubro de 1969 e junho de 1974, a cinco tiragens da 2- edi­ ção, estava a im por um a terceira, em que não apenas se corrigissem fa­ lhas e erros das anteriores mas tam bém se atualizassem e se ampliassem vários tópicos, se refundissem alguns e se acrescentassem outros, pois, nes­ ses últimos oito ou dez anos, muitas novidades surgiram no campo da lin­ güística e da comunicação. Entretanto, se, em relação a certos aspectos particulares, se tornavam necessárias algumas adaptações a essas novas tendências, em linhas gerais, esta 3- edição de Comunicação em prosa mo­ derna m antém inalteradas as características originais da obra, que conti­ nua fiel ao seu m odesto propósito de ensinar a escrever, ensinando a pen­ sar. Othon M. Garcia A presente edição sai um po uãc quanto a falhas intrínsecas, pe r-as áe revisão (mais de cem!). Ç itaa edição em nada difere da pre< u E o s de alguns tópicos, ao desei Taanr núm ero de notas de rodapé Dos acréscimos, limitados a< aão se avolumasse ainda mais, me ferem à “Generalização e Espedfi dos fatores mais im portantes da e tla s sific a ç ã o ” (5. Ord. — “Pondo levante para a objetividade e org ie idéias e, por fim, o tópico 1.5J rura silogística dedutiva”, in: 6. I< referente ao parágrafo (3. Par.), n no da obra, já que seria impossfve cão ou indução sem ter previamer rodos de raciocínio, de que trato r mos são menos relevantes e mais Entre outras inovações que, fazer para não aum entar demasiad de um índice remissivo por ordec chos citados em língua estrangein quem peço desculpas por não t a motivos expostos. Q uanto aos erros tipográfia ta, cumpro com prazer o dever de cimentos a Olavo Nascentes, que além de erros meus, e a Paulo R á do com um magnânimo artigo sol ler com atenção, zelo e benediriní cicios mas também — e isso é d< grato — até mesmo a lista biblio; Nota sobre a 2- edição A presente edição sai um pouco mais saneada do que a prim eira, se não quanto a falhas intrínsecas, pelo menos quanto aos desesperadores er­ ros de revisão (mais de cem!). Quanto à estrutura d a obra, entretanto, esta edição em nada difere da precedente, salvo no que respeita aos acrés­ cimos de alguns tópicos, ao desenvolvimento de outros e à adjunção de m aior número de notas de rodapé sobre fontes bibliográficas. Dos acréscimos, limitados ao mínimo indispensável para que a obra não se avolumasse ainda mais, merecem destaque sobretudo os que se re­ ferem à “Generalização e Especificação” (2. Voc. — 2.0), a meu ver um dos fatores mais im portantes da eficácia da comunicação, à “Análise” e à “Classificação” (5. Ord. — “Pondo ordem no caos”), m atéria igualmente re­ levante para a objetividade e organicidade do planejam ento e ordenação de idéias e, por fim, o tópico 1.5.2.1 — “Exemplo de parágrafo com estru­ tura silogística dedutiva”, m: 6. Id. — aparentem ente deslocado da parte referente ao parágrafo (3. Par.), mas assim situado em obediência ao pla­ no da obra, já que seria impossível ensinar a desenvolver idéias por dedu­ ção ou indução sem ter previamente esclarecido o leitor a respeito de m é­ todos de raciocínio, de que trato na 4- Parte (4. Com.). Os demais acrésci­ mos são menos relevantes e mais reduzidos. Entre outras inovações que, embora muito me tentassem , não pude fazer para não aum entar dem asiadam ente o núm ero de páginas, inclui-se a de um índice remissivo por ordem alfabética e a tradução de alguns tre­ chos citados em língua estrangeira — ambas sugestões de Paulo Rónai, a quem peço desculpas por não ter podido levá-las em consideração pelos motivos expostos. Quanto aos erros tipográficos da 1- edição, corrigidos (espero) nes­ ta, cumpro com prazer o dever de deixar aqui bem claros os meus agrade­ cimentos a Olavo Nascentes, que me mostrou, bem presto, muitos deles, além de erros meus, e a Paulo Rónai, que, além de me distinguir sobremo­ do com um m agnânim o artigo sobre a primeira edição, teve a pachorra de ler com atenção, zelo e beneditina paciência não apenas o texto e os exer­ cícios mas tam bém — e isso é de espantar e de me deixar perdidam ente grato — até mesmo a lista bibliográfica final. A ele devo a m aior coleção mas tam bém aos leitores que me distinguiram e que espero tenham tirado algum proveito da leitu­ ra. graças sobretudo à contribuição daqueles prestim o­ sos amigos. e prontam ente. estas qui­ nhentas e tantas páginas. deixando de incluir a errata nos exem plares remanescentes na Editora. Fiz quanto pude no sentido de lhes oferecer um livro que lhes fosse útil de alguma forma. não pude preparar a tempo a necessária errata. Muito agradeço igualmente não só aos que. como eu mesmo não tive essa beneditina paciência de reler pela n vez. por escrito ou de viva voz. logrei a todos. Q uando pude fazê-lo. Para não lograr alguns leitores. . já um a grande parte da edição tinha sido vendida ou distribuí­ da.de erros de revisão e de descuidos meus. Ora. se m anifestaram sobre a prim eira edição. — E ficácia e fa lá c ia s d a c o m u n ic a ç ã o 299 Q u in t a Pa r t e — 5.e d iç ã o 13 P ia n o s u c in to d a o b ra 15 S u m á rio 17 P r im e ir a P a r t e — 1. Ex. — P o n d o o r d e m n o ca o s 325 S e x t a P a r t e — 6 .f u F P E B ib lio t e c a C e n t - Plano sucinto da obra Z f e ík a tó r i a -T p íic a ç ã o n e c e s s á r ia 5 6 A g ra d e c im e n to s 10 .e d iç ã o 12 S o t a s o b re a 2 . T éc. — C o m o c r ia r id é ia s 337 S é t im a Pa r t e — 7. — R e d a ç ã o té c n ic a 391 N o n a P a r t e — 9. — 0 v o c a b u lá rio 171 liR C E iR A P a r t e — 3. — 0 p a r á g ra fo 217 Q u a r t a P a r t e — 4 . Voc. Or. Par. — E x ercício s 431 B ib lio g ra fia 512 ín d ic e d e a s s u n to s 522 ín d ic e o n o m á s tic o 535 . C om . — P re p a r a ç ã o d o s o rig in a is 419 D é c im a Pa r t e — 10.«oca s o b r e a 1 1 . Pl. ld .e d iç ã o 11 % oca s o b r e a 3 . O rd . — P la n e ja m e n to 361 O it a v a Pa r t e — 8. — A fra se 27 Se g u n d a P a r t e — 2 . R ed . Pr. Fr. 1 1.3 O rg a n iz açã o d o p e río d o Relevância da oração principal: o ponto de vista Da coordenação para a subordinação: escolha da oração principal Posição da oração principal: período “tenso" e período “ frouxo” 63 63 66 71 1.4.3 P ro c esso s sin tá tic o s Coordenação e subordinação: encadeamento e hierarquização Falsa coordenação: coordenação gramatical e subordinação psicológica Outros casos de falsa coordenação Coordenação e ênfase Coordenação.0 1.1 1. FR. gramaticalidade e inteligibilidade Frases de situação Frases nominais 32 32 .2 1. período.4.2 1.6.1 1.A Frase Advertência 27 29 Capítulo I 1.4. oração Frase.4.1 1.0 1. fim econclusão 75 75 76 77 77 78 78 81 86 .4 1.3. conclusão Vocabulário da área semântica de conseqüência.3 E stru tu ra sin tá tic a da fra se Frase. correlação e paralelismo Paralelismo rítmico ou similicadÔncia Paralelismo semântico Implicações didáticas do paralelismo 42 42 46 49 51 52 59 60 62 1.0 1.5.3 1. fim.1 C om o in d ic a r as c irc u n stâ n c ia s c o u tra s re la ç õ e s e n tr e a s id é ia s A análise sintática e a indicação das circunstâncias Circunstâncias Causa Área semântica Vocabulário da área semântica de causa Modalidades das circunstâncias de causa Conseqüência.Sum ário P rim e ira P a r te - 1.3.5 1.4.5.6.6.1 1.2 1.1. 33 37 38 1.1 1.0 1.4.1 1.5.6. .6.6.4.5.5.4.3 1.4 1.6.3.4.2 1.6.3 1.2 1.5.6.2 1.4.5. 5.6.6.2 2.1 1.UFPJ 1.6.7.0 2.4 1.6.6.- Denotação e conotação: sentid 1.3 1.3 1.6 2.6 Polarização e polissemia C apítulo II 1.6.5.0 O s se n tid o s d a s p a la v ra s 1.8.6 D isc u rso in d ire to liv re o u 5 a pít u lo V 5JS D icio n ário s 5-1 D ic.8.8.8.10 Causa.6.5 1.5.5 1.8 F eição e s tilístic a da fra se Estilo Frase de arrastão Frase entrecortada Frase de ladainha Frase labiríntica ou centopeica Frase fragmentária Frase caótica e fluxo de consciência: monólogo e solilóquio Frases parentéticas ou intercaladas 123 123 123 125 129 131 134 138 143 C apítulo IV 4.8.8.3 2.2 A m p lific aç ão .6.11 111 112 113 113 114 114 115 116 117 121 Capítulo II 2.6.6.4 3.2 1.1 1.1 1. VOC.3 3.8 1.6. progressão e oposição Vocabulário da área semântica de tempo Condição Oposição e concessão Antítese Estruturas sintáticas opositivas ou concessivas Vocabulário da área semântica de oposição Comparação e símile • Metáfora Metáfora e imagem Catacrese Catacrese e metáfora naturais da língua corrente Parábola Animismo ou personificação Clichês Sincstesia Metonímia e sinédoque Metonímia Sinédoque Símbolos e signos-símbolos: didática de alguns símbolos usuais Antonomásia 87 87 88 89 92 95 95 96 97 99 99 102 104 105 106 110 1.3 1..7 1.6.6.0 3.8.7 2.1 3.8.7.8.4 2.8.2 1.0 S egunda Parte - D iscu rso s d ire to e in d ire to Técnica do diálogo Verbos dicendr ou de elocução Omissão dos verbos dicendi Os verbos e os pronomes nos discursos direto e indireto Posição do verbo dicendi A pontuação no discurso direto 1.8.5 Sentido intensional e sentido < 1.8.8.1 2.6.6.1.1 C om o e n riq u e c e r o vocabu] * 1 Paráfrase e resumo .6.5 2.6.8.2 3.7 1.5 1.9 1.8.6.1 Palavras e idéias 1-2 Vocabulário e nível mental 12 Polissemia e contexro I .6.2 1.5 .5.5.1 1.6.6.6 1.6.1 G e n e ra liz a ç ã o e especificaç C apítulo III 3 1* F am ílias d e p a la v ra s e tip o 5 1 Famílias etimológicas 31 Famílias ideológicas e campo s 35 Q uatro tipos de vocabulário Capítulo IV .6.6.2 1.5 3.aários de sinônimos ?3 Uexicologia e lexicografia — E 5- Dicionários da língua p o rtu g a Ce também mais acessíveis) .4.6.1 1.6.7.2 1.6 1.5. conseqüência e raciocínio dedutivo Tempo c aspecto Aspecto Perífrases verbais denotadoras de aspecto Tonalidades aspectuais nos tempos simples e compostos Partículas denotadoras de tempo Tempo.1 1.6.8 1. .3- O cu o s exercícios para enrique C 147 147 149 151 153 1S8 161 2.4 1.0 Vocabu C a p Itulo I Capítulo III 3.:rario s analógicos ou de i 52 D»c. 6 Polarização e poíissemia 183 Capítulo tl :_o G e n e ra liz a ç ã o e esp ecificação — O c o n c re to e o a b s tr a to 185 Capítulo III 5-0 F am ílias d e p a la v ra s e tip o s d e v o c a b u lá rio 3.1 Paráfrase e resumo 201 4.1 Famílias etimológicas 195 3 .2 Dicionários de sinônimos 214 5.4 Denotação e conotação: sentido referencial e sentido afetivo 178 1.1 Dicionários analógicos ou de idéias afins 209 5.2 Amplificação 203 4.0 V ocabulário 164 171 Ca p Itulo I 1.5 Sentido intensional e sentido extensional 181 1.0 IV D iscu rso in d ire to livre ou se m i-in d ire to S egunda P a rte - 2.U F P g B ib lio t e c a C e n t r a l C a p ítu lo 4 . .0 D icio n ário s 208 5. VOC.4 Dicionários da língua portuguesa mais recomendáveis (e também mais acessíveis) Dicionárioe léxico 215 215 .3 Poíissemia e contexto 175 1.0 195 IV C om o e n riq u e c e r o v o c a b u lá rio 200 4.0 Os s e n tid o s d a s p a la v ra s 173 í.i Palavras e idéias 173 1.3 Outros exercícios para enriquecer o vocabulário 206 Capítulo V 5.2 Famílias ideológicas e campo associativo 196 33 Quatro tipos de vocabulário 198 Ca p í t ul o 4.2 Vocabulário e nível mental 174 1.3 Lexicologia e lexicografia — 5. 4.4 3 3 6 . 5.2.5 3 Falia cie paralelismo semântico 4 . 5.4 1.1 2. selecione a: em orações principais de períodos 433 Como d e se n v o lv e r o p ará g ra fo Enumeração ou descrição de detalhes Confronto Analogia e comparação Citação de exemplos Causação e motivação Razões e conseqüências Causa e efeito Divisão e explanação de idéias “em cadeia” Definição 230 230 231 232 234 237 238 240 241 243 Capítulo III 1.5 1.3 1.2 1.1 Ordem de colocação e ênfase 4 3 . 6.5 Outros artifícios estilísticos de que casos.2 1.2 i.2.2 1.5 Falta de unidade 4 .1.0 2. 6 .5. 4 .2 Falta de paralelismo sintático 4 .0 1.7 Anedota Incidente Biografia Autobiografia Perfil Dois exemplos de parágrafos de n Roteiro para análise literária de ol 4 34 Ponha em parágrafos diferentes id relacionando-as por meio de expre 435 O desenvolvimento da mesma idéi vários parágrafos 43 Como conseguir ênfase 4 3 .6 2. 2.1.2 Ordem gradativa 4 3 .4 Interrupções intencionais 4 3 3 .5 337 33 Capítulo IV 4..5.1.1 Omissão do sujeito de uma subord quando ele não é o mesmo da p íi 4 . coerência e ênfase Use sempre que possível tópico fh 432 Evite pormenores impertinentes.3 .1.1 1. .1 2. também a clareza 4.6 P arág rafo d e d escriçã o e p a rá g ra fo de n a rra ç ã o Descrição literária Ponto de vista Ponto de vista físico: ordem dos detalhes Ponto de vista mental: descrição subjetiva e objetiva ou expressionista e impressionista Descrição de personagens Descrição de paisagem Descrição de am biente (interior) Narração A matéria e as circunstâncias Ordem e ponto de vista Enredo ou intriga Tema e assunto Situações dramáticas Variedades de narração 246 246 247 247 248 249 251 253 254 254 256 256 258 258 259 Como conseguir unidade -3 .5.2. unidade do parágrafo.0 Parágrafo 217 Capítulo 1 1.1 1. 4 .1 1.0 Q u alid ad e s do p a rá g ra fo e d a 41 -ï3 Unidade.2 3 3 . a Frases entrecortadas (ver 1. 4 .5 Parênteses de correção 4 3 .1 Repetições intencionais 4 3 .5 ï.3 .4.3 5. Fr.2 Pleonasmos intencionais 4 3 .3 3 3 6 .1. PAR.5 2.2 2.2.1 Capítulo II 2. 4.3 Anacolutos 4 3 . 5.6 Paralelismo rítmico e sintático 4. 3.3 Outros meios de conseguir ênfase 4 3 3 .53 1.2 1. 6.6 1.3 2. 4 .4 Partículas de transição e palavras 4 4. 4 .6 0 p a rá g ra fo com o u n id a d e d e com posição Parágrafo-padrão Importância do parágrafo Extensão do parágrafo Tópico frasal Diferentes feições do tópico frasal Outros modos de iniciar o parágrafo Alusão histórica Omissão de dados identificadores num texto narrativo Interrogação Tópico frasal implícito ou diluído no parágrafo 219 219 220 220 222 224 226 226 227 228 228 3 3 .2.5.1 3 3 .Terceira P arte - 3.i 1.4.1 1.4 Como obter coerência 4 .4 1.3 1.5 1. 5. 4.1 Ordem cronológica 4 .3.1.4 2.0 i.2 Ordem espacial 4 .2 2.2.5.1 1. 4.3 Ordem lógica 4 .4 Falta de concisão 4 .6 Certas estruturas de frase difíceis c .4 1.4. A nedota Incidente Biografia Autobiografia Perfil Dois exemplos de parágrafos de narração Roteiro para análise literária de obras de ficção 259 259 259 259 259 260 262 Capítulo IV Q u a lid a d e s d o p a rá g ra fo e d a fra se em g era i 267 Unidade.3) freqüentemente prejudicam a unidade tio parágrafo. Fr. coerência e ênfase 267 Como conseguir unidade 270 Use sempre que possível tópico frasal explícito 270 Evite pormenores impertinentes. acumulações e redundâncias 270 Frases entrecortadas (ver 1.. selecione as mais importantes e transforme-as em orações principais de períodos menos curtos 272 Ponha em parágrafos diferentes idéias igualmente relevantes. também a clareza 295 Omissão do sujeito de uma subordinada reduzida gerundial ou infinitiva. quando ele não é o mesmo da principal 295 Falia de paralelismo sintático 295 Falta de paralelismo semântico 296 Falta cie concisão 297 Falia de unidade 298 Certas estruturas de frase difíceis de bem caracterizar 298 . 2. cm certos casos. relacionando-as por meio de expressões adequadas à transição 272 O desenvolvimento da mesma idéia-núcleo não deve fragmentar-se em vários parágrafos 273 Como conseguir ênfase 276 Ordem de colocação e ênfase 276 Ordem gradativa 283 Outros meios de conseguir ênfase 284 Repetições intencionais 284 Pleonasmos intencionais 285 Anacolutos 285 Interrupções intencionais 286 Parênteses de correção 286 Paralelismo rítmico e sintático 286 Como obter coerência 287 Ordem cronológica 287 Ordem espacial 288 Ordem lógica 289 Partículas de transição e palavras de referência 290 Outros artifícios estilísticos de que depende a coerência e. 2 Testemunho autorizado Método dedutivo .U F P E B íb tíc iu arta Parte - 4.5.2. - Como C r i a r Id é ia O bras d e referência .1 D escrição “O Ginásio Mineiro de Barbacena".1 A natureza do erro 316 .2.5. - A e x p e riê n c ia e a p e s q u isa Experiência e observação i-erara ftesquisa bibliográfica Classificação bibliográfica Capítulo I .0 4. PL.2 Ignorância da questão 317 .2.1 Estrutura formal da definição denotativa 334 3.2 Aprender a escrever é aprender a pensar Da validade das declarações 301 .5.5.4.1 1.2 1.3 .3. de Rubem Braga Análise das partes Função das partes O que a “história” ou “estória” proj Plano de “O cajueiro” Capítulo III 3.1 2.2.4.5.3.2 D isse rta ç ã o “Meditações”.2 Exemplo de análise de um tema específico 2 2. Capítulo II 2.1 Classificação Coordenação e subordinação lógicas 328 329 2.1 .1 Catalogação Como tom ar notas O primeiro contato com o livro Notas Fichas Ficha de assunto Fichas de resumo Outros artifícios para criar idéias Plano-padrão passe-panout ou plan Silogismo dedutivo.5 .5-2.1.3.2 1.2.5 Ignorância da causa ou falsa causa 319 . -3 1.0 3.0 1.0 1.2 .2 2.1 Falsos axiomas 317 .2.5.1 A rg u m en ta çã o Condições de argumentação .5.7 Falsa analogia e probabilidade 321 5.1 Requisitos da definição denotativa 334 Capítulo I 1.5.2.2.4 Silogismo Silogismo do tipo non sequttur Epiquirema: premissas munidas de prova O raciocínio dedutivo e o cotidiano — o entimema 302 304 305 306 308 309 309 311 312 313 Capítulo II _ -3 .3 2. - E f i c á c i a e Fa l á c i a s d a Co m u n i c a ç ã o 299 in ri Eficácia 301 .1 1.3 Petição de princípio 318 .4 Observação inexata 319 .1 Facos e indícios — observações e inferência Da validade dos fatos Métodos Mérodo indutivo 303 .2 Sofismas 316 .5.1 Análise formal e análise informal 328 1.2. planej Exemplo de parágrafos com estrun 7. ID . criação.6 Erro de acidente 321 2.1. de Gilberto Amado Análise das partes e plano de “Meé 331 Capítulo IV 4.5.1 .1 .2.1 2.4 N arra çã o “O cajueiro”.3 .4 . C O M .1 3.0 2.0 uiNTA P a r t e - 6.2 Classificação e esboço de plano 3 Definição 331 332 3.0 -i*~i - P o n d o O r d e m n o Ca o s 325 0 M odus scicn d i 327 1 Análise e síntese 327 1. ORD.:i S étim a P a r t e - . - P la n e j a m e n t o 316 F alácias . 3. .3 1.3.1 D escrição “O Ginásio Mineiro de Barbacena”.5.2 1.3.Como Criar I déias A e x p e riê n c ia e a p esq u isa Experiência e observação Leitura Pesquisa bibliográfica Classificação bibliográfica O bras de referência Catalogação Como tom ar notas 0 primeiro contato com o livro Notas Fichas Ficha de assunto Fichas de resumo Outros artifícios para criar idéias Plano-padrão pciase-pariout ou plano-piloto Silogismo dedutivo.3.3.0 1.1 2.1 3.2 1.1 6.4. .1 1.0 4.0 i.1 1.2 2.0 1.4.4.2 1.P lanejamento 337 339 339 341 342 342 344 344 346 346 346 346 347 348 350 352 353 357 361 Capítulo 1 1. de Rubem Braga Análise das partes Função das partes 0 que a “história” ou “estória” proporciona Plano de “0 cajueiro" 370 370 371 373 373 374 Capítulo III 3. ID. planejamento e desenvolvimento de idéias Exemplo de parágrafos com estrutura silogística dedutiva SÉTIMA Parte - 7.3.1 1.3. criação.4.4.2 1.j u F P E B ib li o t e c a C e n t r a i S exta P arte 1.1 2.i 1.0 1.0 2.5.2 1. PL. de Gilberto Amacio Análise das partes e plano de “Meditações” 376 376 378 Capítulo IV 4.3 1.4 N a rra ç ã o “0 cajueiro”.0 3. de Daniel de Carvalho 363 368 Capítulo II 2.1 A rg u m en ta çã o Condições de argumentação 380 380 .4.2 D isse rta ç ã o “Meditações”.5.1 1.2.5.3 2.0 1. 1 4. O parágrafo (300 a 314) Tópico frasal.5.5 Consistência dos argumentos Evidência (fatos.2 3.5 D escrição té c n ic a Redação literária e redação técnica O que é redação técnica Tipos de redação técnica ou científica Descrição de objeto ou ser Descrição de processo Plano-padrão de descrição de objeto e de processo 393 393 394 395 395 397 399 Capítulo II 2. PR.1 3.4 1. RED.1 4. do negrio Citações Notas de rodapé Referências bibliográficas Expressões latinas usuais lis tas bibliográficas Revisão de provas tipográficas D íc íh a P a rte - 10.3 4.3 D isse rta ç õ e s cien tíficas: te se s e m o n o g rafia s Nomenclatura das dissertações científicas Estrutura típica das dissertações científicas Amostras de sumário de dissertações científicas Nona P a rte 1.6 ■« n — 1-2.2.1 1.12 1 2.3 1.1 1.2 1. Par. ênfase e clareza ( 3 j Pleonasmo enfático (314) .3.2. 1 Reestruturação de parágrafos para confro Redação de parágrafos baseada em mode Tipos (retratos) Paisagem urbana Paisagem provinciana Am biente com figuras (festa) Am biente sem figuras (fim de festa) Cenas dram áticas Paisagem campestre (floresta tropical) Dissertações Tópicos frasais (descrição.inhas e batidas Espaços cle entrelinhas Numeração das páginas 405 405 406 414 419 421 421 422 422 422 423 423 423 Frase de situação.4 4. conclusão (109 a l.0 1. resumo.2. frases nominais e tragi Paralelismo gramatical (102) Da coordenação para a subordinação — 1 Subordinação enfadonha (106) Ljdtcação das circunstâncias (107 e 108) Causa.8 1-2.0 2. 0R.2. exemplos. dados estatísticos. .2 1.3 4.9 1. EX. O vocabulário (200 a 252) O geral e o específico — O concreto e o Conotação (209 a 217) Fámílias etimológicas (218 e 219) Areas semânticas (220 a 249) \bcabulário mediocrizado (250 a 252) 3.4 1.3 1.5.4.13 1-3 Posição de títulos e subtítulos Sublinhas Emprego do itálico.1 1. conseqüência.5 9.5. TÉC.5 4. narração e dis: e confronto com o original (304 a 307 Transição e coerência (308 e 309) Parágrafos incoerentes (310) Unidade e coerência: paralelismo semànti Clareza e coerência (312) Ordem de colocação. Oposição (contrastes ou antíteses) (112) Frase centopeica (desdobram ento de perl Períodos curtos e intensidade dramática ( 2 Voe.0 1.1 R e la tó rio a d m in istra tiv o Estrutura do relatório administrativo 401 402 Capítulo III 3.5.2. testemunhos) Argumentação informal Estrutura típica da argumentação informalem língua escrila ou falada Normas ou sugestões para refutar argumentos Argumentação formal Proposição Análise da proposição Formulação dos argumentos Conclusão Plano-padrão da argumentação formal 381 381 383 384 387 388 388 389 389 390 390 1-2.2 4.2 1.2.2.P re p a ra ç ã o dos O riginais N o rm alizaç ão d a tiio g rá fic a e b ib lio g rá fica Normalização da documentação Uniformização datiiográfica Papel Margens I.Exercícios 1 F r A frase (100 a 115) O itava Parte - 8.1 1. .4 4.Redação Técnica 391 Capítulo I 1.1 4. desenvolvimento.0 3.2.10 1 2 11 12.2 4.5. . Par. do negrito e do versai Citações Notas de rodapé Referências bibliográficas Expressões latinas usuais Listas bibliográficas Revisão de provas tipográficas SíCima P a rte - 10.11 12.8 1-2. conseqüência.12 1 2. Fr. conclusão (109 a 111) Oposição (contrastes ou antíteses) (112) Frase centopeica (desdobram ento de períodos) (114) Períodos curtos e intensidade dramática (115) 433 435 436 442 443 444 447 447 449 2.2.13 1-3 Posição dc títulos e subtítulos Sublinhas Emprego do itálico. .1.9 1-2. Vòc. titulação e imitação de parágrafos (301) Reestruturação de parágrafos para confronto (302) Redação de parágrafos baseada em modelos (303) Tipos (retratos) Paisagem urbana Paisagem provinciana A m biente com figuras (festa) A m biente sem figuras (fimde festa) Cenas dramáticas Paisagem campestre (floresta tropical) Dissertações 473 477 479 481 481 481 481 482 482 482 482 Tópicos frasais (descrição. desenvolvimento.10 12. frases nominais e fragmentárias (101) fealelism o gramatical (102) Da coordenação para a subordinação — organização de períodos (103 a 105) Subordinação enfadonha (106) ladicação das circunstâncias (107 e 108) Caitsa. ênfase e clareza (313) Pleonasmo enfático (314) 482 484 486 487 488 489 491 . narração e dissertação) para desenvolvimento e confronto com o original (304 a 307) Transição e coerência (308 e 309) Parágrafos incoerentes (310) Unidade e coerência: paralelismo semântico (311) Clareza e coerência (312) Ordem de colocação. O vocabulário (200 a 252) 453 O geral e o específico — O concreto e o abstrato (201 a 208) Conotação (209 a 217) Famílias etimológicas (218 e 219) Áreas semânticas (220 a 249) Vocabulário mediocrizado (250 a 252) 451 453 457 460 471 3.Exercícios 423 423 424 424 424 425 427 428 428 431 1. EX. resumo.6 1-2-7 1-2. A frase (100 a 115) 433 ?r2se de situação. O parágrafo (300 a 314) 473 Tópico frasal. Eficácia e falácias do raciocínio (400 a 408) 493 Fatos e inferência (401) Identificação de sofismas (402) Identificação de falácias (403 e 404) Indução. Pondo ordem no caos (500 a 509) 499 Análise e classificação (501 a 504) Definição denotativa ou didática (505 a 507) Definição eonoiativa ou metafórica (508 e 509) 499 500 501 6. Ord. - Estrutura sintática . Exercícios de redação: temas e roteiros (600-606) 502 Bibliografia índice de assuntos índice onomástico 512 522 535 P r i me i r a P art e 1. dedução e leste de silogismo (405 e 406) “Invenção” de premissa maior para desenvolvimento de idéias pelo método silogístico (407 e 408) 493 494 495 496 497 5. FR.U F P E B ib l Com. FR. .A frase Estrutura sintática e feicão estilística i .IU F P E B ib lio te c a C e n t r a l- P r i me i r a P ar t e 1. Apesar disso. C erto q u e é n ec essário sa b e re m os alu n o s o q u e é u m sujeito. Ora. de saída. Tanto não é inú­ til. u m atrib u to . nom enclaturando devidamente todos os seus termos. como se aprender português fosse exclusivamente aprender aná­ lise sintática. Mário Barreto fazia.0 a 4.0 a 1. pois. que a intenção do Autor foi evitar se transformasse o capítulo em mais um manual de análi­ se sintática. Vários autores e mestres têm condenado até mesmo com veemência o abuso no ensino da análise sintática.) estuda-se a frase sob o ponto de vista da sua estrutura sintática (1.Advertência Nesta primeira parte (1. com a lucidez que lhe era habitual.8. ninguém es­ tu d a a língua só para saber o nome.10) e da sua feição estilística (2. o assunto continua a ser> salvo as costumeiras exceções. um a clara censu­ ra ao abuso e ao mau aproveitam ento da análise lógica: Leva-m e. ao responder à consulta de um padre pernam bucano. O que deveria ser um instrum ento de trabalho. a têm transformado no próprio conteúdo do aprendizado da língua. A análise sintática tem sido causa de crônicas e incômodas enxaque­ cas nos alunos de ensino médio. o se n h o r p a d re p ara essas regiões n e v o e n ta s d a an á lise lógica a q u e ta n to g o stam d e g u in d ar-se os pro fesso res b rasileiro s. que muitas apreciações sobre a estrutura da frase não puderam dela pres­ cindir. com ocasionais interpolações. Não obstante. de todos os com ponentes da frase. mesmo que seja ca­ paz de destrinchar qualquer estrofe camoniana ou qualquer período barro­ co de Vieira. u m co m p lem en to . Então. o “prato de substância” da cadeira de Português no ensino fundamental. “pra que análise sintática?” — perguntam aflitos alunos e mestres por esse Brasil afora. continua a não saber escrever. convém advertir. pelo menos em certa medida. por tradição ou por comodismo. E que muitos professores. É u m dos defeitos d o nosso en sin o g ram a tic al a im p o rtâ n cia excessiva q u e se d á nas classes a isso q u e se ch am a análise lógica. o estudante. passou a ser um fim em si mesmo. Já em 1916.0). ao chegar ao fim do curso. c e rto q u e ta m b é m . um meio efi­ caz de aprendizagem . Fr. o que não significa seja esta inútil ou execrável.6. Quanto ao primeiro aspecto. em geral. quase sempre rebarbativo. adjetivas. É assim que a idéia de oposiçãc levou à antítese. É que a nossa “tomada de posição” — digamos assim — em face dos textos apresentados. adverbiais — n o m e n cla tu ra q u e te m a d u p lic ad a v a n ta g e m d e ev itar te rm o s novos e d e la z e r d a análise lógica u m a c o n tin u a ç ã o n a tu ra l d a an á lise g ram a tic al. na realidade. ao correr os oll leitor talvez se surpreenda por ver t aspectos da frase que.). verificará que essa im eq tério que adotamos de desenvolver c cão.UFPEBi 30 ♦ Comunicação em Prosa M oderna é b o m q ue eles saib am d istin g u ir proposições prin cip ais e su b o rd in a d a s. e esta. mas de uma esti­ lística sem pretensões. ao ensino da análise sintática ou lógi­ ca. dispondo já de alguns conhecimentos básicos. é que fazemos a necessária adver­ tência. No que respeita à feição estilística da frase. censurados ou louvados. frase caótica. Pois bem. se a praticarm os corno aprendizado d a estilística. aos alunos das faculdades e a todos aqueles que. s ferentes às figuras: antítese. Por outro lado. principalmente na parte que trata do parágrafo. ou se torna oportuno. que não visa. mas só quan­ do a falha é grave. metáfora to. ver-se-á que nosso propósi­ to foi. embora aí se assentem algumas das suas lições. 1954. Não se trata as­ sim de crítica literária mais ou menos hedonista e parasitária como temos fei­ to em outros lugares. para cair 110 da estilística.. Q u alq u e r o u tra term inologia que se a d o te p a ra a classifica­ ção d a s p ro p o siçõ es d e p e n d e n te s le v an ta discussões e n tre os p ro fesso res Passar d a í será nos em b re n h arm o s no in trin c ad o la b irin to d as su tilezas d a análise. por nós grifado. em moldes exclusivamente didáticos. acima de tudo. de forma alguma. leva muito em conta a sá­ bia advertência de Mário Barreto. Organização Simões. comentados. d e u m adjetivo ou d e um ad vérbio: proposições su b sta n ti­ vas. Rio. fi‘ase entrecortada. a exposição da matéria das o . mostrar e comentar alguns padrões válidos no Portu­ guês moderno. aqui nos propomos humildemente ser úteis aos es­ tudantes de ensino fundamental. Não. e ve­ ja m q u e estas acessórias ou su b o rd in ad a s n ão são m ais q u e o d esd o b ra m e n to d e u m dos m e m b ro s d e o u tra p roposição e se a p re se n ta m com o eq u iv alen te d e u m su b stan tiv o . foge inteiramente ao âmbito restrito da gramática. por sua vez. ao nível da oitava série do primeiro grau. e os padrões normais?” Com os padrões normais o leitor se familiariza­ rá ao longo de outras páginas desta obra. 1 FACTOS da língua portuguesa. a outros tropc mo método. apesar de longeva. A análise lógica pode ser de m uito préstim o. p. Ver-se-á também que não nos moveu nenhum preconceito de purismo gramatical: alguns dos modelos comentados apresentam até mesmo deslizes gramaticais que talvez repugnem a muitos entendidos. ao texto. Mas o próprio leitor notará que alguns des­ ses moldes se caracterizam por certas singularidades (frase de ladainha. familiarizando-se com alguns moldes frasais da língua escrita do nosso tempo. queiram não apenas melhorar sua habilidade de redigir mas tam bém apurar 0 senso crítico. por mostrar “os recursos da linguagem” a fim de permitir ao estudante familiarizar-se “com todas as suas variedades”. principalmente aquela parte contida 110 último período. a um só tempo associati cabível. como meio de conhecennos a fu n d o os recursos da lin­ guagem e de nos fa m ilia riza rm o s com todas as suas variedades} A lição é das melhores e das mais oportunas.. a de comparação e ra. 61. este capítulo sobre a estrutura da frase. frase de airastão. pena é que nem todos a tenham aprendido. 0 que talvez o leve a indagar: “Mas. a outros tropos e figuras (ver 1. entretanTi. Fr. etc. na medida do csbive1. metonímia. são de natureza estilística (os tópicos refcTzzies às figuras: antítese. à de metáfot£l e esta. Ao chegar. metáfora. na realidade. a um só tempo associativo e estrutural. implícita nas orações concessivas. o ib e tt talvez se surpreenda por ver tratados em “Estrutura sintática” alguns aspectos da frase que. Garcia ♦ 31 Por outro lado. O mesmétodo. ao correr os olhos pelo sumário desta primeira parte. ao texto.8).U F P E B ib li o t e c a C e n t f a h O thon M. — 1. por sua vez. . nos à antítese. a de comparação e de orações comparativas. orientou. a exposição da matéria das outras partes.6. verificará que essa interpolação encontra sua justificativa no critÉ30 que adotamos de desenvolver todas as idéias relacionadas por associaE assim que a idéia de oposição.). mente agram atical. sem ter de repetir semj « e fx ip a d a s — há certos limites imp w k n a invenção de uma nova h S serdade de construir frases está. C larissa se en c o lh e . Não obstante. um conjunto de j por apresentar certo grau de gramatic como o seguinte exemplo de Oswald c ms bureaus assinadores do conhecimen invencíveis (Memórias sentimentais de I nues vestígios de gramaticalidade — Æ . e Clarissa) e um predicado (c7*esce. mas sob < aquele a quem se dirija. período. Quanto ao segundo. Só reagrup vigentes na língua. 73). o gramatical. único que nos interessa aqui.1. é totalm ente inint instintos os jovens sentem. pe « t xãc vigente e tradicional. Martinet: “um enunciado cujos elementos se prendem a um ou a vários predicados coordenados" (p. indicar uma ação. també e a complexa. pois somen- 2 Segundo Jean Cohen (Sfructure du langage poétique . é Vasco). isto é. Em “convém que te apresses” há duas orações mas um a só frase. consulte-se a Bibliografia no fim do volume. de-exclamação e. em Português pelo menos. Para indicações completas sobre as fontes. j* «aanFirx* das duas é que tradu s c n p k s fragmentos de fh ■sae ie apresses” é o sujeii a sua estrutura sintátic gsaeiarical explícita (existênc pode Sàr simples (uma só oraç oraaonais). É Vasco. pois. constituído só por rocmado por orações coordenad i . até cei ineligíveis). ponto-de-interrogação. estado ou fenôme­ no. qi vel. A seguir. desdobrase em dois planos: o psicológico e o gramatical.2 Oração. não fazem sentido — e. Entretanto. O nível semântico. Carentes da articulação atropelam . 3 Os trechos citados como exemplos vêm geralmente com referência bibliográfica sumária. período composto. às vezes. há. claro na prim ei­ ra. transm itir um apelo.1 Frase. apesar de. O pe­ ríodo que contém mais de uma oração é composto. oração Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer co­ municação.0 Estrutura sintática da frase 1. Cada uma delas encerra um enunciado expresso num arcabouço lingüístico em que entram um sujeito (vulto. se encolhe. l . é sinônimo de frase ou de período (simples) quan­ do encerra um pensam ento completo e vem limitada por ponto-final. l Frase. 73). 1 1 8 )3 Nesse trecho há três orações correspondentes a três períodos sim­ ples ou a três frases. gramaticalidade Dentro da liberdade de combin *r — liberdade que permite a cada q a e r z pessoal. No primeiro. U m v u lto cresce na escu rid ão . mas não obrigatoriamente. como se sabe. A linguagem do se o discurso não é compreendido diz Jean Cohen (Structure du langage ( O seguinte agrupam ento. ela é “o conjunto de palavras que estão sintaticam ente solidárias". composto. um a ordem ou exteriorizar emoções. a frase pode ser definida em dois níveis: o semântico e o fônico. a frase é “a unidade que apre­ senta um sentido completo". p. m as oculto n a última. Seu arcabou­ ço lingüístico encerra normalmente um mínimo de dois termos — o sujeito e o predicado — normalmente. (E. aí gram aticalidade — que não significa ção (há frases que. V eríssim o. por . p. Mas nem sempre oração (diz-se também proposição) é frase. não há frase mas apenas um ajun r re para dizer o que quer. podem essas pala' mindo então feição de frase: Os jover tranqüilos. M úsica ao longe. Pode expressar um juízo. o Circuit c completo. em certos casos. por reticências. orações ou frases sem sujeito: Há muito tem­ po que não chove (em que há e chove não têm sujeito). cita o Autor a definição de A. Esse agrupamei z !XJtDe de período (do grego sefszído Cícero. constituído só por orações coordenadas. 1. limites que im­ pedem a invenção de um a nova língua cada vez que se fala. frases já feitas. mas sob a condição de ser com preendido por aquele a quem se dirija.O thon M. “Cada qual é li­ vre para dizer o que quer. Quanto à sua estrutura sintática.. rccsd m em simples fragmentos de frase (ver 1. as palavras se acropelam. sem ter de repetir sempre. Garcia ♦ 33 z : conjunto das duas é que traduz um pensam ento completo. p. Carentes da articulação sintática necessária. gramaticalidade e inteligibilidade Dentro da liberdade de combinações que é própria da fala ou discurso — liberdade que permite a cada qual expressar seu pensam ento de maaesra pessoal. do período comje cr:. servilmente. Mas alguns professores distinguem o perrcd: composto. circuito). é totalm ente ininteligível: de maus tranqüilos se nunca ■jtstintos os jovens sentem. até certo ponto. Nossa J ie rd a d e de construir frases está. Não obstante. 105-6). segundo Cícero. zão} vigente e tradicional. como o seguinte exemplo de Oswald de Andrade: Romarias escadais de ho­ ras bureaus assinadores do conhecimento tomado e lavrado dos vencimentos invencíveis (Memórias sentimentais de João Miramar. são plenam ente imeligíveis). incorretas. e nada é comunica­ do se o discurso não é compreendido. por apresentar certo grau de gramaticalidade e ser dificilmente inteligível. assu­ m indo então feição de frase: Os jovens de maus instintos nunca se sentem tranqüilos. podem essas palavras tom ar-se fala ou discurso. A linguagem á comunicação. Toda mensagem deve ser inteligíveV\ diz Jean Cohen (Structiire du langage poétique. i. isto é. quanto à característica da integramatical explícita (existência de um sujeito e um predicado). quando não há nenhum sentido possí­ vel.e. Só reagrupadas segundo as norm as gramaticais vigentes na língua. período composto. total­ m ente agram atical. mnra: “que te apresses” é o sujeito de “convém”. É o ambitus verbo'nz--. o circuito de palavras encadeadas para formar Txz. a xxsê pode ser simples (uma só oração independente) ou complexa (várias m i s d e s oracionais). formado por orações coordenadas e subordinadas. condicionada a um mínimo de gram aticalidade — que não significa apenas nem necessariam ente corre­ ção (há frases que. 2. pela nomenclatura gramatical (brasileira rc. pois um a é parte la. um conjunto de palavras pode ter aparência de frase.1 Frase.6). Fr. assim. também a frase simples se diz período sime a complexa. Entretanto.1. não há frase mas apenas um ajuntam ento de palavras. O seguinte agrupam ento. 153). p. isto é.. senrido completo. por ser totalm ente caótico. isoladas. já esaereodpadas — há certos limites impostos pela gramática. apesar de. não fazem sentido — e. Esse agrupamento de orações é que merece legitima□D^rre o nome de período (do grego períodos. Apesar dos tê ­ nues vestígios de gramaticalidade — ou justam ente por serem muito tê- . tem um significado tal que só se aplica. está hoje sepultada em outro. “seus olhos a: d esse npo só são contraditórias se 1 d o . i. essa estrutura de frase reflete aquele experimentalismo estilís­ tico rebelde e irreverente da segunda e da terceira décadas deste século (impressionismo. desdenhosamente até. Fragmentada c inten­ cionalmente antidiscursiva. no conjunto não têm: idéias não podem ser ver­ des nem incolores. a menos que o leitor se encarregue de “m entalizar” os possíveis enlaces lógicos. isto é. Aspects de j . Revzin (dta manriques”. pictórica e visual à maneira da técnica cinematográfica pela sua jus­ taposição de planos. “escrita automática”).s e r o d a possibilidade de um “su rada contestação (“esta mesa. enfim . se verdes nem incolo­ res. purista e canônica — herança parnasiana — que precedeu a “revolução” estilística desencadea­ da pelo advento dos vários “ismos” gerados pelo futurismo marinetiano. de A. um exclui o outro. acabara estiolando o estilo daquela prosa (e também daquele verso) cuidada. elitista. Jakobson em Lingüística e comunicação. por razões de impertinência semântica entre os seus componentes. quadrada”. sin­ táticos e semânticos entre os seus componentes. dadaísmo. aliás. por sua vez. o simples fato de algumas palavras se entrosarem segundo a sintaxe de uma língua para tentar comunicação não é condição suficiente para lhes garantir inteligibilidade. mesmo que situada no seu contex­ to (capítulo “145. tampouco podem dormir (a menos que este verbo metaforicamente sig­ nifique algo diferente). do seu sentido próprio. um desses adjetivos ou ambos estariam desvinculados do seu traço se­ mântico habitual. E se idéias não podem. além da . 5 Cf. a próposito dessa frase de Chomsky. essa frase revela o propósito dc romper com os moldes tradicionais. que óe. Tendo rompido com um passado. que. faz R..34 ♦ C omunicação em Prosa M oderna nues esses vestígios — a frase de O. pois há incompatibilidade lógica entre os seus componentes. que ela. cons­ titui (fora. Se é válida como expe­ riência. surrealismo. não constitui.3): “Fulano morreu pobr fsmto faz mal à saúde porque prej s c .piriaade de informação (2 ias — e sintáticas.? anl sae £* mulher levou-o ao suicídio’" « r id a * . nem padrão nem mo­ delo.2. denotando cor ou ausência de cor. da culr remo diz L I. válida sobretudo por ter rompido os grilhões rigidamente gramaticais e retóricos do passado imediato ou remoto. em que o Autor faz a crônica m ordaz da “sala verde das audiências no Fórum Cível Paulista”). na revista L c j õans lequei se rrouvenr jusnf i a r s $2 lzr--rae~. não apenas entre nós mas também alhures (ou sobretudo alhures). contra a verbosidade oca. evidentemente. “seus olhos. esse conjunto de palavras só é frase na sua estrutura gramati- 4 Predominante não apenas em Memórias sentimentais de João M iram ar (1924) mas também em Serafim Ponte Grande (1933). denotativamente. por onde outros seguiram e têm seguido com menos radicalismo. "Conheci-o quando ainda 32 tu ) ou o objeto (o) de “conhec i t x : zzhíologias nulificadoras de Ãgpteirjda da significação de d ea toulistas são mais com petentes qpr se configuram como círculo vi finw 2. em virtude dos seus excessos. o comentário que. da mesma forma que o verbo dormirá Assim. e engravatada que. Furiosamente. que se isoladamente têm sentido. do plano metafórico. no entanto. e muito menos ser uma coisa e outra ao mesmo tempo.4 Portanto. quer de um sentido meraíót àos seus termos: “os quadrúpedes. de in­ vestir ironicamente. que p g ro s~ . jz incongruências (incompanbílit :cas. apresente ou £5 que apontamos a seguir irtpc-rrr. Mas deixou as suas pega­ das. vem de muito antes. entidade abs­ trata. mas. onde todas as interpreta­ ções são possíveis) um enunciado incompreensível no plano referencial-denotativo. preciosista e elegante.e. pomposa. É claro que metaforicamente poderiam ser isso ou algo muito diverso. ausência de gramaticalidade ou gramaticalidade muito pre­ cária significam ausência de inteligibilidade. Ela não é auto-suficien­ te. apolínea. depende quase que exclusiva­ m ente da interpretação que lhe possa dar o leitor. configuradas em ou resul '-ol GZGtradicão lógica literal: "os quadi e quadrada”. então. E eax p ío inspirado por CHOMSKY. 94-5. a ser animado. não pode ser claramente entendida. foàerà ser entendida como um cori predominantemente. Criação de papagaios”. stin a: fora desse “universe 1 frsâe seja gramatical para ser ii terras condições. e nenhum deles se ajusta a idéias. s ó não haverá nulificação tora « r ia o ‘oftalm ologistas” se revestir rir possível repugnância a termos A ) l s ó h á comunicação na oração aada diz porque nada acrescenta ai toda. no plano da realidade. Mas a simples gramaticalidade. A célebre e assaz citada e comentada frase de Chomsky — Colorless green ideas sleep furiously (incolores idéias verdes dormem furiosa­ m ente) — apresenta os traços de gramaticalidade integral. p. a trad u ­ zir possível repugnância a termos técnicos menos pedestres. que ela pre­ encha outras condições. só não haverá nulificação total do significado. 5C poderá ser entendida como um contexto poético. “le poète crée un Tzzúvers dans lequel se trouvent justifiées des phrases qui n’avaient pas de sens dans sa langue”. desprezan­ do-se toda possibilidade de um “subentendim ento” quer de uma decla­ rada contestação (“esta mesa. anfibologias propriam ente ditas): “O ciú­ me da m ulher levou-o ao suicídio” (quem tinha ciúmes? a mulher ou o suicida?). são. “seus olhos. as pessoas estúpidas. mas só é mensagem no plano metafórico (ver 1.. que se supõe ser redonda.. No primeiro ca­ so. que parecem azuis. Garcia ♦ 35 •cal. é pura tau to ­ logia. como diz I. que ela.e. i. predominantemente. “esta mesa re­ donda é quadrada”. se. que depende fundam en­ talmente.exclua duplicidade de informação (ambigüidades léxicas — homofonias e homografias — e sintáticas. é. “seus olhos azuis são negros”..3): “Fulano morreu pobre porque não deixou um vintém ”. exclua incongruências (incompatibilidades. trad. configuradas em ou resultantes de: è contradição lógica literal: “os quadrúpedes são bípedes”. na revista Langages. 3.4). . na verdade. 111. p. Revzin (citado por T. É certo que frases desse tipo só são contraditórias se tomadas “ao pé da letra”. quer as que resultam da ignorância da significação de determ inada palavra. em frases do tipo “os oculistas são mais competentes do que os oftalmologistas". No segun­ do.. 2. o lermo “oftalmologistas” se revestir de certa conotação irônica. ou explicativa. “Conheci-o quando ainda criança” (quem era criança? o sujei­ to (eu) ou o objeto (o) de “conheci”?). ainda. I. Com. p. são bí- Exemplo inspirado por CHOMSKY. além da condição de gramaticalidade: 1. 1.2. da cultura e da subjetividade do leitor ou ou­ vinte. enfim. quer de um sentido metafórico subjacente em algum ou alguns dos seus termos: “os quadrúpedes. 119). isto é. im pertinência.6 quer as que se configuram como círculo vicioso ou petição de princípio (ver 4.6. importa. pois. fr. nada diz porque nada acrescenta ao que se declara antes. Voc. entre as quais so­ bressaem as que apontamos a seguir com propósito exclusivamente didáti­ co: importa. “o fumo faz mal à saúde porque prejudica o organismo”.O thon M.. não basta qce a frase seja gramatical para ser inteligível. quadrada”. ne­ gros”). Fr. só há comunicação na oração principal: a causal. apresente outras características.8 e 2. I exclua taiitologias nulificadoras de significado. 1. Em suma: fora d esse “universo” a que se refere Revzin. por hipótese. Aspects de Ia théorie syntaxique. incoerência) se­ mânticas. Todorov no seu estudo “Les îTjomalies sémantiques”. na verda­ de. n9 1. cor berrante). J . com algum esforço. incinerado­ res.” “Posto que” não é “porque” nem “visto que”. c) omissão de idéias de transição lógica: “O progresso tecnológico apresen­ ta tam bém seu lado negativo: a incidência de doenças das vias respira­ tórias torna-se cada vez maior em cidades como Tóquio. por exemplo. das grandes cidades. doce am argura) e às sinestesias (rubras clarinadas. A omissão de certas idéias.5 a 2. aos oxímoros.” O que o autor da frase preten­ dia era m ostrar o contraste entre o desenvolvimento dos meios de co­ municação e o desentendim ento entre os homens.” resulta um a inadequada queria dizer é que “apes. de certos estágios do ra­ ciocínio pode levar a estabelecer falsas relações: “Verdadeira revolução na área dos transportes e das comunicações levou ao desenvolvimento de novas fontes de energia. posto que a hum anidade se vê dividida por ideologias anta­ gônicas. Do ponto de vista d um a unidade do discurso sem pre é assim. correlacionaria mais adequadam ente as duas declarações.. com põem o período).” É certo que a “revolução na área dos transportes e das comunicações levou ao desenvolvimento de novas fontes de energia”. os homens se desentendem cada vez mais. m ostrando que elas correm paralelas e vão ser desenvolvidas a seguir. seja estruturada de tal componentes para se torr de despejo que o advog desconheço mandou mt causa perdida. raciais e 4. É o “subentendim ento” do sentido metafórico subjacente que dá validade aos paradoxos do tipo “falo melhor quando em udeço”. provoca­ da pelos gases venenosos expelidos por veículos. voz acetinada. revele conformidade com cultural: “O Sol é gélidc répteis são mamíferos” < gral e indiscutível mas t rios a toda a nossa expe 5.5. certos estágios da seguinte relação de causa-e-efeito: revolução nos transportes > aum ento do consumo de combustíveis > possível escas­ sez ou exaustão deles > necessidade de novas fontes de energia (com­ bustíveis. o simples ponto-e-vírgula não é sufici­ ente para estabelecer essa relação. meios de comunicação. mas é preciso explicar co­ mo. no conte# tico onde se acha a frase “am biente físico e social o * Quanto à essencia dos itens 4. Difícil ainda de perceber é a relação entre “revolução nos meios de transportes” e “recentes conquistas da eletrônica e da físi­ ca nuclear" que modificaram o conceito de guerra. ou aliança de contrários (obscura claridade. b) impropriedade ou ausência de partículas ou locuções de transição entre os segmentos de uma fi'ase: “A paz mundial tem estado constantem ente am eaçada.3 e 2. d) subversão na ordem das idéias: “Apesar dos conflitos ideológicos. em vez de um simples “e”. jeito. e nhas das suas múltiplas te confusa. 7 CÂMARA JÚNIOR. triste contentam en­ to.). “se bem que”.” A omissão de referência à poluição do ambiente. J. 5 te “grammaticalité". Já vimos. um a locu­ ção como “por outro lado”.2. como “no entanto”. mas “em bora”.2 Frases de situ. Par.4. contidas nas duas orações justapostas. o que o autor não fez por ter omitido certas idéias de transição. de forma que os dois segmentos do texto não chegam a constituir uma unidade frasal. constitua um enunciado t re um mínimo de probai pos. contraste que deve­ ria vir explicitamente indicado por partícula de transição adequada. deliciosa desventura. 1. Matoso. Quai bém 1. se não incompatíveis. Novà York e São Paulo.* (Para outros aspecto 1. — “O progresso d a ciência e da tecnologia tem resulta­ do em extraordinário desenvolvimento dos meios de comunicação.” Apesar < vel.” Será que conhece? 6. etc. etc. 4. No caso.2.8. e recentes conquistas d a eletrônica e da fí­ sica nuclear modificaram profundam ente o conceito de guerra.0). fábricas. m as apenas duas de­ clarações desconexas (ver 3. ou o: Às vezes. Existem também as outro desses termos. “Paralelismo : 1. raciais e religiosos que marcam inconfundivelmente as relações entre os indiví­ duos nos dias de hoje. m unicação” as relações tos ideológicos.3 6 ♦ Co m unicação em Prosa M oderna pedes”. pelos m enos descone­ xas ou dissociadas. torna as duas declarações. raciais e religiosos. verbe­ te “grammaticalité”. tornando-se caótica e extrem am en­ te confusa. Mas nem sempre é assim. é extraordinário o progresso alcançado pelos meios de comunicação. classificar e analisar as orações que compõem o período). destrinchar. Já vimos.5. Garcia ♦ 37 duos nos dias de hoje.} no “am biente lingüís­ tico onde se acha a frase” — ou na situação da língua falada — t. um a unidade do discurso em que entram sujeito e predicado. a seguir. Dictionnaire de linguistique. “Os répteis são mamíferos” constituem enunciados de gram aticalidade inte­ gral e indiscutível mas de significado absurdo ou falso. . J. constitua um enunciado que. Quanto a gramaticalidade e incongruência. a frase é. “A Lua é quadrada”. ver. no contexto da língua escrita — i. Jean.O thon M. 5. essa frase se enleia e se em baralha nas artim a­ nhas das suas múltiplas incidências.5 a 2.3 e 2. do que resulta um a inadequada relação de oposição entre elas: o que o autor queria dizer é que “apesar do extraordinário progresso dos meios de co­ municação” as relações entre os indivíduos se caracterizam por confli­ tos ideológicos. porque contrá­ rios a toda a nossa experiência cultural e lingüística. 103. como vimos. no plano denotativa — frise-se bem — encer­ re um mínimo de probabilidade: “A águia conhece a mecânica dos cor­ pos. revele conformidade com a experiência geral de uma dada comunidade cultural: “O Sol é gélido”.e. ver tam ­ bém 1.2. Existem tam bém as que não têm ou parecem não ter nem um nem outro desses termos. no “ambiente físico e social onde é enunciada" —. de passagem. cf.8. que há orações ou frases sem su­ jeito..) 1. 1.2 Frases de situação Do ponto de vista da integridade gramatical. 4. Princípios de lingüística geral . p.” A ordem das idéias parece subvertida.4.* (Para outros aspectos sintáticos e estilísticos da frase.e.” Será que conhece? 6. Às vezes. com algum esforço. 1.7 um desses termos ou am ­ * Quanto à essencia dos itens 4. “A Terra é cúbica”. ou os têm de m aneira puram ente mentalizada. seja estruturada de tal form a que não exija a remanipulação dos seus componentes para se tatuar inteligível: “Creio que já lhe disse que a ação de despejo que o advogado que o proprietário do apartam ento que eu desconheço m andou me procurar me disse que me vai mover é uma causa perdida. 7 CÂMARA JÚNIOR.2.” Apesar dos seus enlaces sintáticos indiscutíveis (é possí­ vel. DUBOIS. et a i. Matoso. 5 e 6. “Paralelismo semântico”. adjetivo. v o z e a ria O s a u to m ó v e is rep le o S eus c h a u ffe u rs — os C om librés d e fa n ta si (Má No primeiro exemj 4p e não caótica.. y Cl7. Você é um ladrão). pronom e): Cada louco com sua mania. o qual. J.38 ♦ Co m unicação em Prosa M oderna bos estão subentendidos. A cama de fer nm O lavatório esma na de pau. ainda Said Ati.. cham adas nominais — e também. e s p in h o d e rosetas. em bo­ ra lhes falte a característica material da integridade gram atical explícita. um ape­ io (Socorro!. The structure o f American English. Com licença). p.e. “Quando che­ gou?” São frases de situação ou de contexto.E as m in h a s u n h a s Id éia d e o lh o s pintadi M eus se n tid o s m aq u il A tin ta s d es c o n h e c id a F itas d e cor. p. cricris su tis n esse mui tã o p e q u e n in o . um simples advérbio ou locução adver­ bial (Sim. elípticas — na realidade não existe verbo. Apartamentos à venda). Cf. Meios de ex­ pressão e alterações semantieas. MAROUZEAU. 48 e ss.3 Frases nominais Há outro tipo de frase que também prescinde de verbo. um anúncio (Leilão de obra de arte. as cham adas ou interpelações. Dá dois passos 3 quarto de \ãsco se — Não disse? . além das acima indicadas.. um a interjeição (Psiu!) são ou podem ser considerados como frases.. entretanto. a indicação de um fenô­ meno (Chuva! i. é provável que peçamos um esclarecimento sob a forma de um fragmento de pergunta representado por um simples pronom e interrogativo — Quem? — em que se subentende “Quem che­ gou?” — ou um advérbio interrogativo — Quando? i. E um a frase geralm ente curta. um a ordem (Silêncio!). o máximo que se poderia dizer é que o verbo talvez o seja. FRANCIS. o tinteiro i n er em verso: S a n g u e co a lh a d o .8 e outros “frases inarticuladas”.. 374. Dia de muito. isto é. incisiva. uma exclamação (Que bom!). A esse tipo de frase chamam alguns autores “frase de situação”. 146. .9 entre as quais se podem ainda incluir. sumária. No discurso direto (diálogo). se destacadas do am biente lingüístico ou físico e social em que são enunciadas. não é elíptica. Nelson. Não. Característica de muitos provérbios e máximas.. vocativos desacom panhados (Joaquim!) e fragmentos de perguntas ou respostas. direta. as peripécias de uma ação quanto aponta os elementos es­ senciais de um quadro descritivo. constituída que é apenas por nomes (substantivo. age de acordo) com sua mania. cada macaco (de­ ve ficar) no seu galho. pode ser “m entado”: cada louco (tem. que tanto indica de maneira breve. co n E sp alm ad o n a s P esa d elo sin istro d e a De sin istra s sei S o b re o c a p im o rv aflt M aciez d a s b o n in a s. Uma esmolinha pelo amor de Deus!).. quer em prosa: Cf. insubsistentes por si mes­ mas. Só m entalm ente integralizados. p. as despedidas (Até logo). um juízo (Ladrão. Contramão). A fra­ se. 1. sempre foi). mas veri de estado ou repom seus associados sem ântk Trabalhada à m aneira tra . Urna advertência ou aviso (Fogo! Perigo de vida. é que adquirem legítima feição de frase. Nes­ sas frases. Sem dúvida. Está chovendo). véspera de nada. mas indevidamente. se alguém nos diz “Ele chegou”. em si mesma. comum na língua fa­ lada. Cada macaco no seu galho. o auxílio do contexto ou da situação. revela. dia de muito (é. pois arr de no conjunto do quadr : _ mais verbos. com. em prosa ou em verso. Le. as saudações (Bom dia). véspera de nada. W. Précis de stylistique française. ocorre com freqüência na língua escrita.e. pois arrola apenas os elementos afiliados por contigüidade no conjunto do quadro (o quarto de Vasco). mas verbos.[ t J F P E B ib ii o t e c a C e n t * O thon M. anódinos. v o ze aria — Os a u to m ó v e is rep leto s: S eu s c h a u ffc u rs — os m eu s afetos C o m librés cle fantasia! (M ário cle S á-C arn eiro . V eríssim o. o tra v e sse iro com fro n h a d e m o ­ rim . M aciez d a s b o n in as. co n g elad o . via-se. verbos de existên­ cia. Q u ad ro s n as p a re d e s. E o q u a rto d e Vasco se rev ela ao s olh o s d e la [C larissa]. cricris su tis n esse m u n d o im enso... — N ão disse? N ão h á m istério . (A u g u sto M eyer. cit. a frase ficaria mais ou menos assim: Ha­ . existia.. Faróis) S o b re o c a p im o rv a lh a d o e ch eiro so .E a s m in h a s u n h a s p olidas Tdéia cle olh o s p in ta d o s.. tã o p e q u e n in o . de estado ou repouso. a bacia e o ja rr o . estendia-se).. u m a c a d e i­ ra d e p au . e sp in h o de rosetas. p. u m a c a n e ta .. “S ete ca n çõ e s d e d ec lín io ”. (E. facilmente mentáveis: havia. (C ru z e S o u za. P esad elo sin istro d e alg u m rio De sin istras sereias. poderia vir “enfiada” num ou mais verbos. a colcha b ra n c a . O la v a tó rio e sm a lta d o . o tin te iro n iq u e la d o . M e u s se n tid o s m a q u ila d o s A U ntas d esco n h e cid a s. F ita s d e cor. A cam a d e ferro. estava e seus associados semânticos ocasionais (encontrava-se. 2 2 0 ) quer em verso: S a n g u e co a lh a d o . p ap éis.. Poesia) . op.. “S o m b ra v e rd e ”... a enum eração relativam ente longa. “T éd io ". U m a m esa cle p a u . se bem que não caótica. Poesias) No primeiro exemplo... frio E sp alm ad o nas veias. Trabalhada à m aneira tradicional.. Garcia 39 Dá dois p assos e a b re d e leve u m p o stig o . A luz sa lta p a r a d e n tro . por assim dizer. por pre­ sumíveis. estendia-se. e somente dois admitiriam verbos de outras áreas (um ir. são nominais.. na quase-totalidade dos casos. Catadupas desp numa agua umca. aquelas frases cujo verbo. como nos simbolistas e impressionistas de um m odo ge­ ral. ou mais exatam ente.).. gos. principalm ente na li­ teratura francesa. oito — cerca de 30% —. e a consciência — ou presciência — de que seriam desse teor levou o autor a evitá-los. “pensável” é ser ou da área de ser. No caso dos provérbios. particularm ente na linguagem familiar. ou um para cada unidade do trecho (repousava.. qualquer que fosse ele ou eles. só se generalizou no decurso do século XIX. além "transformando o Paláric . ter). O que os três poetas queriam expressar eram puras sensações — de asco e tédio. p.” (a de 18 escorregarem . a presença do verbo é praticam ente — perdoem-nos o adjetivo e a grafia — “inmentável”.. em Sá-Carneiro. Desses vinte e seis. vita brevis”). Ni talons rouges. dezesseis — mais de 60% — poderiam adm itir o verbo ser ou correlatos. e de imagens que se gravaram n a retina e na m emória do poeta. mesmo os clássicos puristas como César e Cícero. nos provérbios de estrutura frásica não nom inal. como nas comédias de Plauto. de um simples correr d’olhos sem mais detença. point d’étiquette. em Augusto Meyer... a partir de Victor Hugo: “Dans les lettres com­ m e dans la société. A tradição das frases sem verbo data do próprio latim (“Ars longa. o verbo é facilmente mentável. a partir do rom antis­ mo. verificou-se que vin­ te e seis eram constituídos por frases nominais do tipo “cada macaco no seu galho” (um a unidade) ou “dia de muito. ao classicismo dos séculos XVI a XVIII.) Chuvas antiga que. seriam verbos de “encher”.. mais ainda do que no anterior.”10 10 Apud C. Grammaire et 5tyJe. Entretanto. e mágico (. Ora. de volúpia sensorial. excepcionalmente haver e rarissimamente outros. véspera de nada” (duas uni­ dades em paralelism o). nem lhe interessava fantasiar ou anim izar os seus componentes. Mas. são muito freqüentes as frases nominais: no poem a de que extraímos o exemplo há vinte e duas estrofes assim constituídas. aliás. que. com verbo claro. dos mais comuns. etc.) As subordinadas q ções reduzidas de gerún iras: "quando os ponteii nas se avista. Na literatura brasi cronistas delas se serverr bem: de preferência ou c exem plo de um cronista zemporâneos que manip iaexcedíveis: Um calor dan Abismos em < bam de explodir um O segundo trecho bndo: pane com verbo ( so talvez mais comum: < período. — com um só verbo (haver) a servir de m adrinha a toda a tropa de nomes.. ni bonnet rouge. etc. Veja-se — Chuvas de ponteiros dos pára-b recortada na noite. o outro.. o que nos leva a presumir que nominais são. Tratava-se apenas de uma vi­ são inicial rápida. point d’anarchie des lois. para não citar outros. Marcel.OHEN. a variedade dos verbos é inum erável. ha­ ver ou correlatos. Nos exemplos em verso.. parecia repugnar esse tipo de construção.) Chuvas mode ruas igualmente trai morros (.”. já que não era seu propósito deter-se na descrição detalhada do quarto.. Todavia. com o desabam pessoas (. Neste. i. em Cruz e Souza. Num exame rápido de cerca de trezentos deles.. 93. “mentável”. delas se serviam habitualm ente.e.. contribuindo assim para a economia da frase.40 ♦ Com unicação em Prosa m o d e r n a via um a cama de ferro (sobre a qual se estendia) um a colcha branca e (onde repousava) um travesseiro com fronha de morim. em certa m edida. um daqueles cinco ou seis con­ tem porâneos que m anipulam a crônica com habilidade e senso artístico inexcedíveis: U m ca lo r d a n a d o em Rom a. soterrou várias pessoas”.. co m o d e s a b a m e n to d e u m a p a rte d o m o rro d o C astelo.” (a de 1811) “que. m is tu ra n d o os céu s e os ca n ais n u m a á g u a ún ica. sem ig rejas e m p rec e m a s co m as ru a s ig u a lm e n te tra n sfo rm a d a s em rios... q u e.”) constitui um período hí­ brido: parte com verbo (acabam de explodir).. Veja-se o exemplo de um cronista muito em voga..O thon M. C a ta d u p a s d e s p e n h a n d o so b re V eneza. Garcia ♦ 41 Na literatura brasileira contem porânea. e parte sem ele. q u a n d o a p e n a s se av ista. s o te rro u v árias p e sso as (. Veja-se o exemplo que nos oferece Cecília Meireles: — C h u v as d e v ia g en s: te m p e s ta d e s n a M a n tiq u e ira . q u a n d o n e m os p o n te iro s d os p ára -b risa s d ã o v e n c im e n to à á g u a . “os barracos a escorregarem .. são nominais. além das gerundiais “despenhando sobre Veneza” e “transform ando o Palácio dos Doges.. p. p. nem dão vencimento à água”... os b a rra c o s a e s c o rre g a re m p elo s m o rro s (. r e c o rta d a na n o ite ..) C huvas antigas.. n esta cid ad e nossa. É o proces­ so talvez mais comum: só algumas orações. 17 0 ) O segundo trecho (“Abismos em Cosenza. mas Cecília Meireles nos dá exemplos de ou­ tras: “quando os ponteiros. “quando ape­ nas se avista. N ápo les em fa rra p o s. 59) As subordinadas que se seguem às nominais são na sua maioria ora­ ções reduzidas de gerúndio.. d e p e rp é tu a s e n c h en tes: a d e 1811. quase sempre as primeiras do período. e tra n sfo rm a n d o o P alácio dos D oges n u m im e n so b arc o m á g ico (.” .. in: Q ua d ra n te 2 . quase todos os novelistas e cronistas delas se servem em maior ou m enor grau — mas é preciso frisar bem: de preferência ou quase exclusivamente no estilo descritivo. a p aisag e m sú b ita e fo sfó rea m o stra d a p elo s re lâ m p a ­ gos.”.) C huvas m o d e rn a s... sem tro v o a d a . p rim e ira s n o tícias d e G iu lian o : os b a n d itti a c a ­ b am d e ex p lo d ir u m c a m in h ã o com o ito carabinieri. A bism os em C osenza. in: Q uadrante 2 .) (“C huva com le m b ra n ç a s” .. (P aulo M en d es C am pos.. seguindo-se-lhes outra ou outras (subordinadas) com verbo claro.. É. e a correlaçãot como variante da segunda. simultaneidade. discriminação.' por exemplo. a partícula e parece imantar-se do significado dos mem­ bros da frase por ela interligados. as orações se dizem da mesma na­ tureza (ou categoria) e função.. e indica adição com discriminação ou distin­ ção e. Nesse senti­ do. o nomt tad a no Brasil até certa 4 A alternativa típies akem am . i.. não cons­ tituído por frases de situação ou de contexto —„ as orações se interligam m ediante dois processos sintáticos universais: a coordenação e a subordina­ ção.1 Coordenação e subordinação: encadeamento e hierarquização Num período composto.) . 1.aparentemente híbrida ai Z2& o verbo se.4. mesmo. y i~ssc: “Ftcou de vir e (= ra “Era mais fone do q E. assíduos. (E comum pôr não ofa '<*2i i-ièias m utuam ente exclude j m esm o tempo) romântico.5. podendo repeti cadeados: “Ou vai ou rat repetidas. tanto así predicativo) que se lhe i X2 TO verbo: “Hão de paj tetr culpados. o que mais se realçava peh c ohofrção. ocasionalmente. de Antônio d ^cy.2)..quer dizer. 1. 12 Esse é o conceito tradicional e ortodoxo. inclusão.” seguir. Rui Barbosa e c J. e contagia-se da distinção implícita (sugerida não apenas pelo contexto em que se insira a frase mas também pelas reticências ou pelo tom recicencioso da sua enuncia­ ção) entre os atributos de duas categorias de “estudantes": os verdadeiros. a juslaposiçâo. daí. Teoria da correlação.12 devem ter a mesma estrutura sintáticogram atical (estrutura interna) e se interligam por meio de conectivos cha­ mados conjunções coordenativas.4. como processo sintático.) As adversativas (m ' * marcam oposição (às ~=25aJva).. ignorou tanto a justaposição quanto a correlação.2). 13 Em alguns contextos ou situações.T aip o entre duas espécies ó :c semânticos entre os quais o oposição ou contraste..4. insinuando assim idéias cie distinção. e os outros. a seguir.e. em pares: ora. É que. a locução prepositiva em fi o Prof. E e nem (= e não) são as mais típicas das conjunções e também as mais vazias de sentido ou teor semântico. a seguir. apesar de legitimamente abranger um a e outra. 1. certos nc e Paulo são primos** (em :'vx2j*nente)." significa “há mulheres boas. Rocha Lima.3).4. dedicadas. Assim também em *h '.em mas e porémT m rr~>c tam bém as explicí i i s .0 Processos sintáticos 1.4.. normalmente estruturado — isto é. ao tratar da composição do período. dá-se-lhe também o nome de parataxe. Nesse caso. fato de ocorrên« E>: íl registram entretanto es anotem igualmente zxgaesa.. é ensi­ nada no Brasil como variante da primeira. outras. oposição. Fr. menos di ninção de conjunção —gusesa.des*. seguindo-se a orientação de José Oiticica (cf. 1. pois sua função precípua13 é juntar ou aproxim ar palavras ou 11 A Nbmenctoft/r« gram atical brasileira . segundo orientação lingüística mais atualizada.2.. Por serem erim .4 2 ♦ Comunicação em Prosa M oderna 1.11 Na coordenação (também dita parataxe). A correlação é lima construção sintática de duas partes relacionadas entre si de tal modo que a enunciação da primeira prepara a enunciação da segunda (ver 1. quer se interp . realce e. que é um paralelismo de funções ou valores sintáticos idênticos. estu­ diosos. em essência. S&s quer.” “Hão de iarí*o lhes caiba a culpa. e mulheres que não se distinguem por essas orações da mesma natui aproximação.”. o segundo elemento da coordenação (palavra ou sintagma) geralm ente se reveste de certo matiz pejorativo: “há mulheres e mulheres. honestas.x?r. considera-se a correlação ora como um processo autônom o ora como uma variante da subordinação. entretanto já sujeito a revisão (ver. Em “Há estudan­ tes e estudantes. passim ) e de outros autores. oposi­ ção ou contraste. um processo de encadea­ mento de idéias (ver. consisie em encadear frases sem explicitar por meio de partículas coordenativas ou subordinativas a relação de dependência entre elas. No Brasil.. As conjunções coordenativas (algumas das quais ligam tam bém pala­ vras ou grupos de palavras — sintagmas — e não apenas orações) relacio­ nam idéias ou pensamentos com um grau de travam ento sintático por as­ sim dizer mais frouxo do que o das subordinativas. A justaposição. Em frases semelhantes. que se dizem tais.. Se denotasse apenas adiçã fes.5. “A e B são linhas zny* 30 conhecido verso de G ■ se entende como “os ô* ç f " . São conjunções de a d iç ã o ou de daí. I. n e m e o u . como no conhecido verso de Camões — “Os doze de Inglaterra e o seu Magriço” (Lus. aliás. entre vírgulas. “há velhos e velhos. fato de ocorrência posterior ao séc. sugere reciprocidade: “Pedro e Paulo são primos” (entre si): “Esaú e Jacó eram gêmeos e rivais” (um do outro. Garcia ♦ 43 orações da mesma natureza e função. quer dizer. seriam treze os doze de Inglaterra. a distinção entre duas espécies da mesma classe (de jovens ou de velhos). apesar disso ) foi der­ rotado”. quer s e ja m (culpados) quer não se ­ j a m culpados. “Falou muito e (= mas) não disse nada que se aproveite”. Ainda hoje... (no) e n ta n to e to d a v ia como advérbios.”» sente-se. quando entre palavras de sentido relativo (como. n o entanto. são menos gramaticalizadas. Castro Alves e o Romantism o. XVIII.inclusive. Sua função de conjunção é. nesse caso. (Algumas dessas observações. “Rra mais forre do que o adversário e (= e não obstante.. Se denotasse apenas adição. pois. menos despojadas de teor semântico. em essên­ cia. Por serem etimologicamente advérbios — traço já muito esmaeci­ do em m a s e p o r é m .. principalmente) o seu Magri­ ço”. (E comum pôr não obstante.. No D ic io n á r io d a lín g u a portuguesa. denom inação ado­ tada no Brasil até certa época). 1. o ra . q u er. já .. mas ainda vivo nas restantes —. tanto assim que não só concorda com o nome (sujeito ou predicativo) que se lhe posponha como também pode ser substituído por outro verbo: “Hão de pagar o prejuízo. reci­ procamente). se ja . to d a v ia . quer na 1.) .. de Antônio de Moraes Silva. Às vezes o par que/:. a p r o x im a ç ã o . quer. p o r é m .. pois Magriço eva um d e­ les../oaqtu/n Nabuco e a abolição. Contaminada pelos pólos semânticos entre os quais se siiue. a seguir. Rocha Lima.”. as adversativas. já . 12) — que se entende como “os doze de Inglaterra e ( . dando lugar a uma estrutura aparentem ente híbrida alternativa-concessiva. q u er. a conjunção e traduz freqüentemente a idéia de con­ tradição. registram entretanto... ver.” “Hão de pagar o prejuízo... seja. oposição ou contraste. Ocasionalmente.) As adversativas (mas. do que e. ape­ sar disso: “Ficou de vir e {= mas) não veio”.2.O thon M. e n t r e t a n ­ to ) marcam oposição (às vezes com um maiz semântico de restrição ou de ressalva).ed. se ja ..4. o que mais se realçava pela bravura e feitos.. como tam bém as explicativas e as conclusivas. equivalente a mas ou porém.. Assim também em “ba jovens e jovens.) Entre palavras antitéticas ou que expres­ sem idéias m utuam ente excludentes.” (Quanto ao valor concessivo de q u er.. mas. Em agrupamentos tais como . os dicioná­ rios. indica inclusão e realce. Rui Barbosa e a República. e pode exprimir simultaneidade: “É um escritor clássico e (ao mesmo tempo) romântico. podendo repetir-se antes de cada um dos elementos por ela en­ cadeados: “Ou vai o u racha. “A e B são linhas paralelas” (entre si). à locução prepositiva em face de. (1789) quer na 6- virtudes”. a e não obstante ou a mas. nítida. por exemplo. q u e r se interpola com seja. A alternativa típica — o u — relaciona idéias que se excluem ou se alternam . em pares: o ra . embora lhes anotem igualmente a função de conjunções. c o n tu d o ..” Em outros casos. quer lhes c a ib a (a culpa) quer não lhes c a ib a a culpa. devo-as a troca de idéias com o Proí.” As outras alternativas vêm obrigatoriam ente repetidas.. e equivale. certos nomes de parentesco em linha colateral). fato relativamente recente na língua por­ tuguesa. o nome de a d itiv a s (ou a p r o x im a tiv a s . seja é mes­ mo o verbo se r . ■x São várias as funções que as «djsmto adnomínal. Na subordinação ( mas desigualdade de fun» rarquízação. exerce a função de adjun Por isso. dando-a o Autor como sinônimo de contudo e todavia (mas não averba contudo e registra todavia como advérbio).” “Cumpriste o de­ ver. de que “hoje usa-se como conjunção restritiva”. e no entanto. B — adjetivas. Mas. esta­ belecem tão estreitas relações de m útua dependência entre as orações por elas interligadas. N . não há motivo para que te censurem . a oração será aditiva. portanto.6. Também mas aparece às vezes ju n ­ to a contudo e todavia. que a estrutura sintática do período assume característi­ cas de verdadeira subordinação (ver. trata. dando como resultado um a construção que os câ­ nones gramaticais vigentes condenam por pleonástica. 1. por isso) existo..N enhum a oração su b da sua principal (que tai pal do período. entretanto. a seguir. se atribuir a no entanto valor de conjunção.5). por serem essencial e etimologicam ente advérbios. porque) relacionam orações de tal sorte que a se­ gunda encerra o motivo ou explicação (razão. de acautelar-te.. subordinativa causal (ver.4.” A ser no entanto simples conjunção. ver 1. simples utensílio gramatical (conectivo).. sinôni­ mas ou equivalentes que são. quer qua co. justificativa) do que se decla­ ra na primeira. confunde-se com porque.” As locuções adver­ biais por conseqüência. Em virtude de afinidade semântica entre motivo e causa. pois. por conseguinte. Fr. por­ que. logo existo. mas e contudo. danx i*:ssivel o mesmo agrupamento tL-rivas. gerúndio i As explicativas (pois. m oder­ nam ente. A ortodoxia gram atical aconselharia a supressão do e. O que se diz para no entanto serve para entretanto. pre sem anticam ente indej dentes de outra. da qual. costu­ m am vir distanciados pela intercalação de outro(s) term o(s) da oração. É certo que. 3. efeito) do que se declara na primeira: “Penso. A — Substantivas (valor d e st 1 F L IÇ Ã O DE SU JE IT O : a á F preciso que digamos a verá £ p red so dizermos a verdade 2. com a ressalva. é apenas um a parte.6. por isso funcionam também como conjunções conclusivas: “Penso. caso em que costum a (ou deve) vir entre vírgulas.X Ç Ã O DE O B JE T O tN D IR E II de o b je t o d ir e t o : * T id o depende de que digas c Y Tacc depende de dizeres a n -A F . Fr. até mesmo o porém aparece como advérbio.V ^ ío DE p r e d i c a t i v o : é que digas a verd # . entre­ tanto. em função do e.2).) As explicativas e conclusivas. adjunto advt ^i-lTrimento deste capítulo. explicativa.3. não obstante. quando. logo (por conseqüência.) já possuiu um a das maiores fortunas deste país. in fine. 2.. da. 1. 1. letra c. mais até do que as adversativas.^3) m elhor é dizeres a verdade ml . Quanto à opção entre pois e porque. é que no entanto. o-rm plos de letra b). portanto) entrosam orações de tal modo que aquilo que se afirma na segunda é conseqüência ou conclusão (resulta­ do. cão.” (Ver 1. em virtude de.44 ♦ C omunicação em P rosa M oderna (1858). contudo e todavia vêm freqüentem ente precedi­ dos pela conjunção e: ‘Vive hoje na maior miséria e (.” “Ouviste a advertência.4. 3 F . por descuido ou não. em que o e que na coordenação. C — ati Zc :èm conectivo. mas não uma frase. se não podem subsis porque fazem parte de o que qualquer oração sub m as fragmento diverso d de contexto e em 1. mas e todavia (e até mas e entretanto e mas e no entanto) ocorrem na m esm a oração. como o fazem com o exemplo clássico (ainda comum em certa cam ada social) mas porém.. Ne. se se aceita o agrupam ento. Fr. ou reduzidas. portanto (ou pois). S T : sei se ele disse a verdade Qoero saber quem diz a verd ? e o t e dizer a verdade. Par.) no entanto (. ou adversativa. por sentir o em issor que se trata de partículas m utuam ente excludentes. advérbio. As conclusivas (logo. Fl x ç ã o a Y r^ço-te que digas a verdade. em função do no entanto? É evidente que não poderá ser um a coisa e outra.: * 0 D E CO M PLEM ENTO » at "fc-hc a certeza de que d e d Y Fje Zz a impressão de estar < i F . to. todavia. Le.3. torna-se difícil a classi­ ficação da oração: coordenada aditiva. a pro­ pósito. por conseguinte. ou reduzidas. naquela. todas as dem ais dependem.. N enhum a oração subordinada subsiste por si mesma. um termo de outra (“beberiam m uito”) na qual exerce a função de adjunto adverbial de condição.Hf. Nesta. b) É preciso dizermos a verdade. um fragmento de frase. . F u n ç ã o dl su je it o : a) É preciso que digamos a verdade. 2. pois nada nos diz de m aneira completa e defini­ da.14 i4 São várias as funções que as orações subordinadas exercem em outra (sujeito. 4. “Se achassem água por ali perto” é uma ora­ ção. até certo ponto necessária ao desen­ volvimento deste capítulo. quando o verbo está numa das suas formas nominais: infinitivo (exemplos de letra 6). F u n ç ã o de c o m p le m en to n o m in al: a) Tenho a certeza de que ele dirá a verdade. Quero saber quem dtz a verdade. 5. na realidade. é porque fazem parte de outra. as orações se dizem sintática mas nem sem ­ pre sem anticam ente independentes. As três famílias de orações subordinadas (A — subs­ tantivas. mas não um a frase. sem o apoio da sua principal (que também pode ser outra subordinada) ou da princi­ pal do período. se não são independentes. B — adjetivas. quan­ do têm conectivo. b) O m elhor é dizeres a verdade. F un ç ã o de objeto in d ir e t o : a) Tlido depende de que digas a verdade. C — adverbiais) podem ser desenvolvidas (exemplos de letra a). adjunto adverbial). complemento.. Não sei se ele disse a verdade. 3. gerúndio (exemplos de letra c) e particípio (exemplo de letra d). A — S ubstantivas (valor de substantivo): 1.O thon M. em que o enlace entre as orações é muito mais estreito do que na coordenação. damos a seguir amostras dessas funções. da qual. quer quanto ao sentido quer quanto ao travam ento sintáti­ co. F u n ç ã o dl: p r e d i c a t i v o : a) O melhor é que digas a verdade. mas fragm ento diverso daquele que estudam os nas frases de situação ou de contexto e em 1. Fr. É um processo de hie­ rarquização. FUNÇÃO DF. por sua vez. 2. exercem função nessa outra. b) Peço-te dizer a verdade. Portan­ to. b) Tlido depende de dizeres a verdade. i.6. Isto quer dizer que qualquer oração subordinada é. Garcia ♦ 45 Na subordinação (também cham ada hipotaxe). manipulando sempre que possível o mesmo agrupamento de idéias. b) Ele dá a impressão de estar dizendo a verdade.e. adjunto adnominal. À guisa de revisão. se não podem subsistir por si mesmas.TO DIRETO: a) Peço-te que digas a verdade. as orações são sempre depen­ dentes de outra. OB. é apenas uma parte. não h á paralelismo mas desigualdade de funções e de valores sintáticos. : A respeito das reduzidas d Conformativas: a' Disse a verdade. “di­ zendo” tanto pode expressar causa quanto condição ("porque disse”. 2. A não dizeres a verdade. 3. e as subordinadas. nada te acontecerá. as orações coordenadas se dizem independentes. b) A ntes de dizeres a verdade. Comparativas: ã) Disse mais verdades do que i Mente como ninguém. a questão tem sido encarada de modo B — Adjetivas (valor de adjetivo): Função: a) b) c) d) a d ju n t o a d n o m in a i . q u e r queii equivale a 1. anterior ou posterior): I — Fatos simultâneos: a) Enquanto disser a verdade. b) Por teres dito a verdade . b) Depois de dizer a verdade.4. Géraid. t va.15 Dependência st bém na coordenação. equivalente a “saiu c 15 CL ANTOINE. II — Fato posterior a outro: a) Depois que disse a verdade.: O sentido das reduzidas de gerúndio depende muito do seu contexto: no caso da leira c. Consecutivas (efeito ou conse a ' Disse tantas verdades. Concessivas (ou de oposição. Cansais: a) Conto disseste a verdade. À medida que cresce. nada te acontecerá. a sentido.46 ♦ C omunicação em Prosa M oderna 1. pois marcam um contraste semelhante ao que. em grau diver­ so. d) Interrogado habilmente. não sairen d a significa autonomia.: A nomenclatura gramarica como classificar “chorando” no s predicativo.ssarido fom e. Héi verdades que não se dizem. A c com o auxílio de outro mos”. "como disse” ou "se disse”). Mente Obs. Nada te acontecerá. sahi çoes e . A (mas é facultativa antes do bordinação concessivo-con< exemplo.Finais (conseqüência desejad* 2.2 Falsa coordenação: coordenação gramatical e subordinação psicológica Segundo a doutrina tradicional e ortodoxa — como já assinalamos —. quer chova. entretanto. depen­ dentes. de nota aposta ai C — Adverbiais' (valor de advérbio): Função: a d j ij n t o a d v i -r m a l Irei. “Todos o procuraran O par alternativo “q tem legítimo valor subordii juntivo: “Irei. arrependeu-se. C ções “portanto. meiK 9. arrependeu-se. porque disseste a verdade. se quisere . III — Fato anterior a outro: a) Antes que digas a verdade. c) Mesmo dizendo a verdade. mesmo que faça sol”. por certo. ITá muita gente a passar fom e. Temporais (indicam icmpo simultâneo. Há muita gente pa. arrependeu-se. ou e nem . N.B. nada te acontecerá. La coon . diverso. todos o respeitarão. c) Tendo dito a verdade (dizendo). Irei. M odernamente. ele confessou a verdade. se expressa com a coordenada adversativa): a) Embora diga a verdade. conforme Iht 6. c) Dizendo a verdade. ftira que dissesse a verdade. que m K. é pr Sã o dizendo a verdade. ninguém lhe dá crédito.B. Há verdades direis de tal modo que parecem mentiras. è pre< 5. pensa nas conseqüências. 2' b) c' Condicionais (condição ou su Se náo podes dizer a verdade. b) Ao dizer a verdade. todos o respeitarão. pensa nas conseqüências. Proporcionais: a. i b Para dizeres a verdade. saberemos o que houve. nada 6. ninguém lhe dá crédiio. menos ^ Quanto mais velho fica. b) Apesar de dizer a verdade. ninguém lhe dá crédito. Que autonom ia d N enhum a. c) Tendo dito a verdade. 144 e ss. p. Quanto m ais velho fica . não saire­ mos”. 4.15 Dependência semântica mais do que sintática observa-se tam ­ bém na coordenação. como se pode sentir melhor no seguinte exemplo. p. quer”. ANTOINK. ALI. Até a vírgula que se impõe antes do primeiro “quer” (mas é facultativa antes do segundo) insinua a idéia de subordinação. Gérald. Proporcionais: a) À medida que cresce.ed. foi preciso ameaçá-lo. tem legítimo valor subordinativo-concessivo quando se lhe segue verbo no sub­ juntivo: “Irei. q u e r n ão q u eiras. é preferível que te cales. salvo. ver 1. mesmo que cho­ va. A comunicação de um sentido completo só se fará com o auxílio de outro enunciado: “Esta chovendo. O par alternativo “quer. 1. por certo. a) b) c) Condicionais (condição ou suposição): Se não podes dizer a verdade. Q ue autonom ia de sentido há em qualquer desses dois exemplos? Nenhuma. quer faça sol” corresponde a “irei.. Não dizendo a verdade. é preferível que te cales. uma su­ bordinação concessivo-condicional. Comparativas: a) Disse mais verdades do que mentiras. quer chova.. Consecutivas (efeito ou conseqüência de Fato expresso em oração precedente): a) Disse tantas verdades. Garcia ♦ 47 diverso.O thon M. Mas como classificar ‘'chorando” no seguinte período: “Saiu chorando*9? Ou é rnodal ou tem valor de predicativo. autonom ia não apenas de função mas também de sentido. Obs. apenas. Finais (conseqüência desejada ou preconcebida): a) Para que dissesse a verdade. A não dizeres a verdade.: A respeilo das reduzidas dc infinitivo com valor consecutivo.. mesmo que faça sol”. Mente como ninguém.4. equivale a Irei.. Rocha Lima. b) Para dizeres a verdade. talvez. menos verdades diz.B. por exemplo. portanto. equivalente a “saiu choroso”. 6. no que diz respeito às conjun­ ções “e”. 354 e ss. menos verdades diz. Que independência existe. La coordinatian eu français. conforme lhe recomendaram. 5. iLTodos o procuraram.: A nomenclatura gramatical brasileira não reconhece a existência de orações modais. N. incluído nas conjunções coordenativas.6. 7. 5. Mente tanio quanto você. mas ninguém o encontrou”. que m uitos ficaram constrangidos. de nota aposta aos originais desta parte pelo Prof. nada conseguirás. q u e r q u eira s. Gramática histórica . é preciso ameaçar-te. “ou” e “nem ”. Said. Irei. (Cf. 8. não sairemos”? e “mas ninguém o encontrou”? Independên­ cia significa autonomia. .) Cf. se q u ise re s o u (e) m esm o que n ão q u eira s. passim mas principalmente v. 9. Conformativas: a) Disse a verdade. nas ora­ ções “portanto. cum pre indagar: que natureza? lógica ou gram atical? As con­ junções coordenativas que expressam motivo. em que as orações de “o ra” e “logo”. separadas na fala por uma ligeira pau­ sa com entoação variável... Por isso. ou nas narrativas breves: O g rito d a gaiv g a r d o n d e p a rtiu . Fiquei logo exa 16 Há outros tipos de justa chara em suas excelentes Li sor considera como de just.. com todos os aspectos do qua em virtude da omissão de do. portanto) legitim am ente não ligam orações da mesma n atu ­ reza. só existe cc do. Pedro é mortal.. nitidam ente insinuada pelos doispontos na escrita. portanto (por conseqüência) não posso saber quem estava lá. m uitas vezes.: logo.5. um período só aparentem ente é coordenado. mais com um ente. e n a d a vê d o qut No primeiro exempl sive as duas últimas..5. Pedro é homem.48 ♦ Com unicação em Prosa M oderna Portanto. São frases construídas segundo o processo particular da coordena­ ção cham ado justaposição (recordem-se as observações d a nota 8. c) Não fui à festa do seu aniversário: não posso saber quem estava lá. por dois-pontos. mas m ento poderia ser traduzi* C o m o o d ia e ex a u sto .. conseqüência e conclusão (pois. são absolutam ente de­ pendentes da prim eira premissa: Primeira premissa (maior): Todo homem é mortal. O máximo que se poderá dizer é que essas orações de “pois”. porque... as unidades estão sep.. se dâ o nome .3 Outros casos Esse tipo de justap< é muito comum nas descr O c é u se d e r r a ra e m o n d a s d e calor.. e na fala. tanto é certo que o segundo elem ento de cada par de frases não goza de autonomia de sentido. ponto-e-vírgula ou.. bios interrogativos indiretos dem am ente. mas de su­ bordinação psicológica. a nando dois fatos indepem exausto” existe um a coesã pendência é sintática.2.. que vêm ligadas pela conj série.2 e 1. Não fui à festa do seu aniversário. 14. tanto é certo que a que vem por qualquer delas encabeçada não goza de autonom ia sintática. atenuação ou compensação): Não fui à festa do seu aniversário. É outro caso de coordenação ou justaposição gramatical. na realidade..... m arcada na escrita por vírgula. Vejamos outros casos... b) oposição (ressalva. 1..... che. Situação idêntica — de falsa coordenação — é a que se verifica no raciocínio dedutivo (ver 4.1). examinando os três pares de frases seguintes: a) Não fui à festa do seu aniversário: não me convidaram.. d ão . A relação entre as duas ora­ ções de cada período é de dependência. como se tivesse enui Mas esse aspecto d Voltemos à falsa coordena logo exausto”... pois. mas (em compensação) passei-lhe um telegram a. b) Não fui à festa do seu aniversário: passei-lhe um telegram a. quando se diz que as orações coordenadas são da mesma natureza.. Em suma: coordenação gramatical mas subordinação psi­ cológica.. c) conclusão ou conseqüência.. Com. “porque” (dita explicativa) e “p ortanto” são limítrofes da subordinação. por uma entoação da voz que indica: a) explicação ou causa: Não fui à festa do seu aniversário porque (pois) não me convidaram. Conclusão.. Segunda premissa (menor): ora. retro): orações não ligadas por conectivo.. na segunda premissa e na conclusão. na realidade. (Jo rg e A m ad o . mas não semântica ou psicológica. e n a d a vê d o q u e busca. 11 8 ) ou nas narrativas breves: O g rito d a g aiv o ta te rc e ira v e z re sso a a s e u ou v id o . mo­ dernam ente. com a qual o autor parece “fechar” a série. . se dá o nome de parataxe (que também designa a coordenação). salvo as duas últimas. a partícula “e” não está aproxim ando ou concate­ nando dois fatos independentes: entre “estar muito quente” e “ficar logo exausto” existe uma coesão íntima. XII) No primeiro exemplo. p. como se tivesse enum erado todos os detalhes dignos de menção.O thon M. S ã o Jorge dos Ilh éu s. Garcia ♦ 49 1. Voltemos à falsa coordenação. por exemplo). (J. inclusive na subordinação. A inde­ pendência é sintática. com o que o autor parece insinuar que não arrolou todos os aspectos do quadro descrito.3 Outros casos de falsa coordenacâo / Esse tipo de justaposição — tam bém dito coordenação assindética — é muito com um nas descrições sumárias: O c é u se d e rra m a em e stre la s. É verdade que alguns casos que o ilustre profes­ sor considera como de justaposição (o das substantivas introduzidas por pronomes ou advér­ bios interrogativos indiretos. ch e g a à b o rd a d e um ta n q u e . e u fiq u ei logo F iquei logo e x a u sto p o rq u e o d ia esta v a m u ito q u e n te . se u o lh a r in v e stig a a e s c u ri­ d ã o . em virtude da omissão de um e entre as duas últimas orações. inclu­ sive as duas últimas. pois. que vêm ligadas pela conjunção “e”. O mesmo pensa­ mento poderia ser traduzido pelo processo da subordinação: C om o o d ia e s ta v a e x a u s to . Ira cem a . 16 Há outros ripos de justaposição. deixando a série como que aberta. parecem-nos discutíveis. não quanto ao senti­ do. Mas esse aspecto da justaposição16 não nos interessa neste tópico. No segun­ do. um a relação de causa e efeito. v ai d ire ito a o lu ­ g a r d o n d e p a rtiu . Em: “O dia estava muito quente e eu fiquei logo exausto”. as unidades estão separadas por ponto-e-vírgula. (o u e stiv e sse ) m u ito q u e n te . o d e se jo so b e d a te r ­ ra e m o n d a s d e calor. d e A lencar. a n o ite é m o rn a . É a justaposição que. as orações estão separadas por vírgula. como nos ensina Evanildo Bechara em suas excelentes lições de português. só existe coordenação quanto à forma.4. 3). de fato acessório. portanto. uma oração adjetiva aparece camuflada sob a forma de coordenada.5. coordenada à anterior. tnas o p a d rã o d c vida do seu p o v o é u m do s m a is baixos d o m u n ­ d o.. ela fica no mesm o nível quanto à ênfase. 4. Confrontem-se: Na subordinação h smBsnâo forma de oraçãc a ) ênfase em “rio da uni no O São Francis da unidade nacio b ) tria se em “deságua n O São Francis ruzí. que encerra idéia de tempo. banha vários Es A sim ples coordeni ce das idéias: em qualqi pensam ento contido nas da principal. o p a d rã o d e v id a do seu povo é um d o s m ais b aix o s do m undo. f de funções e valores siní que na subordinação os ênfase a determinada idi no seu valor (ressalvada queira atribuir ao teor d vãm ente. E m bora o B rasil se ja um país de g ra n d e s riq u ezas. a que constitui o núcleo d a comunicação. na subordinação. na coordenação. ela praticam ente se nivela à anterior. de circunstância. sobressai (ver 3. um a partícula adequada: O d ia e s ta v a m u ito q u e n te . O processo da subordinação perm itiria que se sobressaísse: Quando a turma terminou a prova. A idéia mais im portante. Confrontem-se: Coordenação S u b o r d in a ç ã o O B rasil é u m p aís d e g ra n d e s ri­ q u e z a s . Par.50 ♦ COMUNICACÄO EM PROSA M O D E R NA Pode-se ainda avivar a relação de causa e efeito na coordenação. é “o professor disse que podíamos sair”. Muitas vezes. dita também “de oposição” (conjunção “em ­ bora” ou equivalente). (Ver. da sua posição tros m eios como a sele . ele banha \ ££& d c Brasil e depois < No seguinte período tam bém há coordenação aparente entre as duas primeiras orações: A tu r m a te rm in o u a prova e o p ro fe sso r disse q u e p o d ía m o s sair. a prop escolha e da posição da i 1. A idéia mais relevante nas duas versões é o “padrão de vida do seu povo é um dos mais baixos do m undo”. ao que nos parece. Mas a opção pela subordinada concessiva fará com que a oração de que ela dependa ganhe maior realce (ver 1. p o r isso (o u “e p o r isso ”) fiq u ei logo e x a u sto . Coordenação O São Francisco é o r ii zadonal.4 Coordenaça\ Na coordenação. o professor disse que podía­ mos sair. “Organiza­ ção do período”). deságua no Adài c) ênfase em “banha vár O São Francis rico. A idéia de oposição ou contraste tanto pode ser expressa por uma coordenada adversativa (conjunção “mas” ou sua equivalente) quanto por um a subordinada concessiva. em pregando-se.4. como é freqüente. i O S ão F ran cisco . evidentem ente.2). as­ sumindo forma de oração principal o enunciado digno de m aior realce. costum am ser mais limitados do que na subordinação os recursos estruturais disponíveis para dar a devida ênfase a determ inada idéia no conjunto do período.4. que o pensam ento contido nas orações adjetivas não merecia o mesmo relevo do da principal. b a n h a vário s E stados. que b a n h a vá rio s E sta d o s e d esá g u a n o A tlâ n tic o . c) ênfase em “banha vários Estados”: O S ão F rancisco. j ! Na subordinação há possibilidade de mais duas ou três versões.) 1. a propósito. d e s á g u a n o A tlântico. . o que se diz a respeito da escolha e da posição da oração principal.2 e 1. é o rio d a u n id a d e n acio n al. o realce que se queira atribuir ao teor de qualquer delas passa a depender. b) ênfase em “deságua no Atlântico”: O S ão F rancisco. quando não. nitidam ente. b a n h a v ário s Esta. q u e é o rio d a í u n id a d e n a c io n a l.O thon M. ele b a n h a v á rio s Estaid o s d o B rasil e d e p o is d e s á g u a no (A tlân tico . q u e é o rio d a u n id ad e n a c io n a l e d esá g u a n o A tlâ n ­ tic o . Garcia ♦ 51 Coordenação S u b o r d in a ç ã o O S ão F ra n cisc o é o rio d a u n id a d e n a c io n a l. Niveladas as orações no seu valor (ressalvadas as observações feitas em 1.4 Coordenação e ênfase f Na coordenação. como já assinalamos.4.j do s d o B rasil e d ep o is d e s á g u a n o ! A tlântico. A simples coordenação nem sempre permite essa gradação no real­ ce das idéias: em qualquer das três versões se sente. da sua posição no período. quase exclusi­ vam ente.5. q u e b a n h a v á rio s E sta d o s e é o rio d a u n id a d e n a c io ­ n a l.3.5. a) ênfase em “rio da unidade nacional”: O S ão F rancisco. de ou­ tros meios como a seleção vocabular e o apelo à linguagem figurada. por ser ela. (Ver. um paralelismo de funções e valores sintáticos idênticos. em 1. termo acessório da frase. original do Autor. sem dúvida (o episódio histórico — em barque de D. aquela da qual dependem as outras do perío­ do. à guisa de exemplo.. Ora. no entanto. é justo presum ir que quaisquer elem entos da . correlação e paralelismo Se coordenação é. traço que distingue a subordinação da coordenação.. ou convém que esteja.”) ressalta do conjunto. por ser a inicial e culminante do período. justam ente por estar na oração principal.. o mais relevante (“o Largo do Paço foi teatro. talvez não se revestisse da mesma dramaticidade aos olhos de Raul Pompéia). mas idéia secundária em relação às demais.. Pedro II a caminho do exílio — se tivesse ocorrido às três horas da tarde.”). 145) j ____ i No período composto por coordenação. Na versão à direita. a c id a d e d o rm ia tran q ü iliza­ d a p ela vigilância tre m e n d a d o G over­ n o Provisório. a circunstância de tempo assume a forma de simples adjunto adverbial. está na oração final (“e o Largo do Paço foi. e n q u a n to a cid ad e d o rm ia tran q ü iliza­ d a pela v igilância tre m e n d a d o G overno Provisório.52 ♦ Co municação em P rosa M oderna Confrontem-se.) \ j j | j i (d e u m a rtig o d e R aul P om péia. essa desigualda­ de de valores semânticos pode encontrar expressão mais adequada num a es­ trutura em que se evidencie também uma desigualdade de valores sintáti­ cos.3. Par. 14. É evidente que esse preceito — de que na oração principal deve es­ tar. como vere­ mos em 1.) Às três d a m a d ru g a d a d e d o m in g o . em virtude da concorrência de outros fatores e em face da exis­ tência de outros recursos para dar ênfase a determ inada idéia. circunstância relevante. um processo de encadeam ento de valores sintáticos idênticos. de m odo que o pensa­ m ento nuclear.1 e em 3.5 Coordenação. a idéia principal — não se impõe com rigidez absoluta.5. como vimos.. e o Largo do Paço foi te a ­ tro d e u m a c e n a ex tra o rd in ária. a oração “eram três horas da m adrugada de domingo”. 4. presenciada p o r p o u co s (. as duas versões seguintes do mesmo pensam ento: J C o o rd en a çã o S u b o r d in a ç ã o > Eram três horas da madrugada de d o m in g o .. p re ­ se n cia d a p o r p o u c o s (.... A mais importante. pode parecer que encerra a sua idéia nuclear. foi o L argo do Paço teatro d e u m a cen a e x tra o rd in ária. expressa apenas uma circunstância de tempo. apud B arreto e Laet. A ntoL nacional. que muitas vezes saneia a frase. seria . de­ vam — em princípio pelo menos — apresentar estrutura gram atical idên­ tica. mantendo-se a oração adjetiva ou substituindo-a por um adjetivo equivalente: “.” Q ualquer dessas formas é sintaticamente inatacável. inadequadas. Isso é o que se costuma cham ar paralelismo ou sim etria de constru­ ção. embora talvez fosse preferível tornar os dois adjuntos paralelos: q u e é lerrív e l E stam o s a m e a ç a d o s d e u m livro e (q u e) p o d e la n ça r. Do ponto de vista estilístico.um livro terrí­ vel. ou terrível E sta m o s a m e a ç a d o s d e u m livro e ca p az d e lançar.. capaz de lançar. aliás. pode ou deve ser levado à risca.. nem sem ­ pre é. quando se coordenam duas orações subordinadas: Não saí de casa por estar chovendo e porque era ponto facultativo. Entretanto.” — coordenados pela conjunção “e” não têm estrutura grama­ tical idêntica. o paralelismo não constitui uma norma rígida. ensina a gramática de Chomsky — não se po­ dem coordenar frases que não com portem constituintes do mesmo tipo. Em alguns casos. coordenados entre si. pois a índole e as tradições da lín­ gua impõem ou justificam outros padrões.. que pode lançar. se bem que a sua falta não torne a frase incorreta. algumas. Os dois adjuntos de “livro” — o adjetivo “terrível” e a oração adjetiva “que pode lançar. outras. pois — como.. mais aceitável. Trata-se. Isso não impede que a construção seja vernácula. Aqui tam bém se aconselha o paralelismo de construção.. O mesmo julgam ento se pode fazer. evitando construções incorretas.O thon m . Também seria cabível omitir a conjunção “e”. todavia.. como no seguinte trecho de Carlos de Laet. do ponto de vista estilístico.. a ausên­ cia de paralelismo não invalida a construção da frase: “Estamos ameaçados de um livro terrível e que pode lançar o desespero nas fileiras literárias”. Em outras palavras: a idéias similares deve corresponder forma verbal si­ milar. inatacável. mas diretriz extrem am ente eficaz. portanto.. de uma dire­ triz. Garcia ♦ 53 frase — sejam orações sejam termos dela — ...” ou “.um livro terrível. a que observa o paralelismo parece. O seguinte período é. de preferência..não só pelo povo mas tam bém pelos seus companheiros de farda. Se se adotasse o processo correlativo aditivo (“não só. a falta de paralelismo nas correlações passa despercebida. não canto p o r c a u sa d o p erig o q u e co rria m e u velh o am ig o . esse par correlato — “não só. Aliás. o paralelism o seria ainda mais recomendável: N ão sa í d e casa n ão só porque esta v a ch o v e n d o m a s ta m b é m porque e ra p o n to fac u ltativ o ... no se­ gundo. ocorre ainda — is­ to...preferível que as duas orações causais (“por estar chovendo” e “porque era ponto facultativo”) tivessem estrutura similar: “por estar chovendo e por ser ponto facultativo” ou “porque estava chovendo e (porque) era ponto facultativo". ou N ão sa í d e ca sa n ão só po r estar chovendo m as ta m b é m p o r ser p o n ­ to fac u ltaiiv o . adotando-se o paralelism o: “. o que acontece mais freqüentemente quando a distância entre os dois m em ­ bros correlatos é relativamente longa: S en ti-m e d e p rim id o pela a n g u stia . absolutam ente irrelevante. mas tam ­ bém ”). que lhe hipoteca­ ram inteira solidariedade” — estrutura em que os dois elem entos do par correlato vêm seguidos por term os de valor sintático idêntico. No prim eiro caso. caso... mas tam bém ” — exige quase sem pre paralelismo estrutural das expressões que se seguem a cada um dos elementos que o constituem. Diga-se. aliás. mas tam ­ bém devido à ”).. traduzi­ dos em forma verbal idêntica (ambos iniciados até pela m esm a preposi­ ção “per”). im­ perfeito na sua estrutura: S ua a titu d e foi a p la u d id a n ã o só pelo povo m as ta m b é m seus co m p a ­ nheiros d e fard a lh e h ip o te c a ra m in te ira so lid a rie d a d e . Além da ausência de paralelismo (“não tanto por causa. Às vezes. m as ta m b ém d ev id o à re la ç ã o q u e m eu e s p írito a r ­ tific ia lm e n te estab e lec ia e n tre a su a sa ú d e e m e u am or. sim. ambas são reduzidas. as duas orações causais são desenvolvidas. é grave — ruptura da própria correlação: “não tan to ” exige obriga­ toriam ente “quanto” e não “mas também". quanto a isso. Houve aí o que a gramática . Observou-se assim o princípio do paralelis­ mo gramatical estrito. . Dizendo-se "pode ser em- . a gramática a condena. e com freq ü ên cia. Pode-se. imposto pelo “não som ente”. a seguinte versão é mais aceitável: A e n e rg ia n u c le a r n ã o so m e n te se ap lica à p ro d u ç ã o d a b o m b a a tô ­ m ic a ou p a ra o u tro s fins m ilitares. Além de outros defeitos.. por não lembrar de forma alguma o enlace correlato. “senão que”.. não porque se usou ponto-período entre os dois elementos. como no caso em pauta. Quanto a isso — e somente a isso — . omite-se a conjunção “mas”.. objeto do mesmo verbo “se aplica”: “.... c o m u n ica çõ e s e p a ra o u tra s áreas.e. mas apenas vírgula.. m as ta m b é m 1 não tanto. Garcia ♦ 55 chama de cruzamento ou contaminação sintática: de duas formas ou estru­ turas equivalentes ou similares resultou uma terceira: n ão só. Caso idêntico é o do ter­ mo final “e para outras áreas”. mas também J Ocasionalmente.”). Á primeira preposição “pa­ ra” (“para outros fins militares”) deve ser substituída por “a”. como se viu. “senão ainda”) não admitem essa pontuação. separar por ponto-e-vírgula — e até mesmo por ponto-período — o conglomerado do “não só” do segun­ do termo da correlação.. já que exerce na oração a mesma função dele.. m as ta m b é m p o d e se r e m p re g a d a n a m e ­ d ic in a .O thon m . que discutiremos a seguir. por um a questão de ênfase. mas porque se deu ao segundo uma estrutura sintática não correlata do primeiro: A e n e rg ia n u c le a r n ã o s o m e n te se ap lica à p ro d u ç ã o d a b o m b a a tô ­ m ica ou p a ra fins m ilitares. em geral... quanto > não tanto. i. que tem a mesma função dos outros dois elementos da série iniciada por “na medicina”. como no seguinte exemplo: N ão só (so m en te. essa terceira forma se fixa também n a língua. a mesma do termo idêntico precedente (“à produção da. S abe-se q u e p o d e s e r e m p re g a d a n a m ed icin a. co m u n ica çõ e s e p a ra o u tra s áreas. As outras varian­ tes do segundo termo correlato (“mas ainda”.. mas. a p e n a s) os irracio n ais ag e m p o r in stin to .” (com a segunda preposição “a” clara ou oculta). No seguinte exemplo rompeu-se totalm ente o enlace correlato. ta m b é m os h o m e n s o fazem . Nesse caso.não som en­ te se aplica à produção da bomba atômica ou (a) outros fins militares. Os outros defeitos de construção decorrem igualm ente da não obser­ vância do paralelismo gramatical (ou sintático). a estrutura do segundo período é inteiram ente inadequada ao contexto. No seguinte exemplo.depende em parte do determinism o e em parte da nossa vontade”. com freqüência. preferível m anter a forma regida pela preposição: “abraço a você e aos seus amigos”. ao se ler a frase. Forma ade­ quada. Convém lem brar q ou. Também. m as: “É necessi menda”. nos. por falta de paralelismo. “abraço-o e aos seus ami­ gos”. coordenam-se indevidam ente um objeto indireto. a preposição “para”.56 ♦ C omunicação em Prosa M oderna pregada na medicina". te. P eço-te a ti e ao s icu s am ig o s q ue m e p ro c u re m (o u p ro c u re is). pois o complemento do verbo “em pregar” não admite. pode-se om itir qualquer dos term os reiterados. ei outro. paralela ou simétrica. prefira-se: “Ele gosta de conversar e principalmente de ouvir (ou contar) anedotas” ou “Ele gosta de conversa e principalmente de anedotas. Dois ou mais objetos do mesmo verbo aconselha-se que tenham tam ­ bém estrutura similar. mesmo term o — o predi* mais elegante: qut É n ec essário e (qu ou ehe Frase grosseiramente incorreta. Assim. sendo. mais simples e mais fácil: “. em vez de: “Ele gosta de conversar e principalmente de anedotas”.. a forma pleonástica parece mais elegante e é a mais usual. há de se dizer também “nas comunicações e (em) outras áreas”. “é necessário” tem como sujeito “chegares a tem po” (oração substantiva re­ duzida) e “que tragas” (oração com o mesmo valor da precedente.. cos (ambos os termos coo. o parale­ lismo é parcialm ente conseguido com o auxílio da preposição “a”. quer dizer.. por oração desenvt O G o v e rn a d o r o ficialid a d e d a PM th Seria preferível ton objeto direto de “negou”: da oficialidade tivesse. entretanto. do que decorre com m uita freqüência um a forma pleonástica: A braço-o a você e aos se u s am igos. vos) e o outro. mas de- É n ec essário e tr a .. a. “É necessário qu cessário que chegues a te A falta de paralelis coluto. portanto. e uma oração gerundial: N o sso d e s tin o d e p e n d e em p a rte do d eterm in ism o e em p a rte obede­ cendo à n o ssa v o n ta d e . Todavia. Se o pleonasm o repugna (sem razão). como no seguinte Fiquei d ec ep e i d iss e q u e eu n ão sei A conjunção “e” esi bial (“com a nota da pro do o professor me disse. num a série de complementos ou adjuntos agregados ao mesmo predicado.. senvolvida. lhe. nem. quer dizer. constituído por um nom e regido de pre­ posição. forma gramatical diversa * so. Locução adverbial e advérbio podem vir coordenados sem paralelismo: Vai o a u to r d e lin e a n d o ao m esm o tem po e g ra d a d v a m e n te o r e tra to d a p e rso n a g e m .” i visita da oficialidade..” Quando um dos objetos direto ou indireto do mesmo verbo é prono­ me pessoal átono (o. no texto em pauta. substantivo. No seguinte exemplo: É n e c e ssá rio ch eg ares a te m p o e q u e tra g a s a in d a a e n c o m e n d a . tem depois da oração de “qus pois se espera normalmer Outro exemplo de se faz.. é sempre aconselhável adotar-se forma gramatical idên­ tica.” . pode-se dizer que foi o princípio geral do paralelismo que norteou a correção. quando se coorde­ nam dois ou mais sujeitos do mesmo verbo. Também se aconselha o paralelismo gramatical. ini tu ra gramatical diferente. .O thon M. Convém lem brar que a situação seria a m esm a com as conjunções ou. quer dizer. uma outra da m esm a natureza de “fiquei”. Seria preferível tornar paralelos os dois elementos que constituem o objeto direto de “negou”: “. A conjunção “e” está indevidamente coordenando um adjunto adver­ bial (“com a nota da prova”) a uma oração subordinada adverbial (“quan­ do o professor me disse. A construção paralela parece mais elegante: q u e ch e g u es a te m p o { e (q u e) trag a s. mas expressos em forma gramatical diversa (um adjunto e uma oração).negou estar a polícia de sobreaviso e ter a visita da oficialidade. Garcia ♦ 57 senvolvida... Como se vê. tem-se a impressão de que aquele “e” vai introduzir. como no seguinte exemplo: F iquei d e c e p c io n a d o com a n o ta d a p ro v a e q u a n d o o p ro fe sso r m e d iss e q u e e u n ão sei n a d a . o que não ocorre. depois da oração de “quando”... m as: “É necessário que chegues a tem po ou que tragas a enco­ menda". “E necessário que chegues a tempo mas que tragas.. por oração desenvolvida: O G o v e rn a d o r n e g o u e s ta r a polícia d e so b rea v iso e q u e a v isita d a o fic ia lid a d e d a PM tivesse q u a lq u e r se n tid o político... com freqüência.negou que a polícia estivesse. “Não é ne­ cessário que chegues a tempo nem que tragas.”. entre um objeto constituído por oração reduzida e outro. nem... isto é... ou c h e g a re s a te m p o ( e tra z e re s.. ao se ler a frase.. introduzida por conjunção). coordenando valores sintáticos idênti­ cos (ambos os termos coordenados têm função adverbial).” A falta de paralelismo pode dar à frase um a feição de aparente anacoluto. O utro exemplo de coordenação sem paralelismo gramatical é a que se faz..”).. apesar de sua função ser a mesma em relação ao mesmo term o — o predicado “é necessário”.. Em conseqüência dis­ so.. e que a visita da oficialidade tivesse. pois se espera norm alm ente essa coordenação..” . têm estru­ tura gram atical diferente.” ou “.. 5. isto é. A oração “que me escreva” pode ser objeto direto de “peço-lhe”.. que não comportem constituintes do mesmo tipo. a se­ .”. não pode ou. em bora ambas expressem intenção ou propósito. As partículas ditas explicativas — “isto é”. sem dúvida: “Não vinham. pelo menos. mas a que a ela se coordena — “se a data das provas já está marcada” — não.. não deve igualar duas estruturas gramaticais diversas (o adjunto adverbial “com espírito pioneiro” e a oração reduzida final “a fim de se es­ tabelecerem ”).. ou termos delas. ambos introduzidos pela mesma preposição “com”. pois há maior paralelismo entre “independen­ te ” (adjetivo) e “com objeto e sentido próprios” (expressão com valor de adjetivo). a se c o n s titu ir co m o u m a ciên cia in­ d e p e n d e n te .. que não tenham a m esm a estrutura interna e a mesma função gramatical (em 1. com a in­ tenção (ou fim. dada a identificação entre os dois termos imposta pelo “isto é”).e (me diga) se a data das provas já está m arcada.. Seria pre­ ferível. pois não se diz “peço-lhe se. que o verbo de que a última oração seria o objeto direto — “diga”. a tu a lm e n te . se o Autor tivesse escrito “isto é. Em suma: o que se deduz dessas observações a respeito de coordena­ ção e paralelismo pode ser consubstanciado neste princípio (que Chomsky subscreveria): não se podem coordenar duas ou mais orações.. “vale dizer” e seus equivalentes — exigem norm alm ente paralelismo gra­ matical nos termos por elas ligados.” A partícula “isto é”. “quer dizer”.” É verdade que se pode admitir. que não torna a frase mais aceitável. te n d o o b je to e se n tid o p ró p rio s . “ou seja”.. com objeto e sentido próprios”. com função adjetivante.” A frase estaria mais “saneada”. isto é. Isso não ocorre no seguinte exemplo: “A psicologia te n d e .4... isto é. em que se coordenam um a oração que pode ser objeto de um ver­ bo e outra que não o pode: P eço-lhe q u e m e escrev a a fim d e in fo rm ar-m e a re sp e ito d a s a tiv id a ­ d e s d o n o sso G rêm io e se a d a ta d a s p ro v as já e s tá m a rc a d a .” — dois adjuntos adver­ biais. O mesmo defeito aparece no trecho abaixo: “N ão v in h a m os c o lo n iza d o re s com esp írito p io n e iro . pelo menos. a fim d e se e s ta b e le c e re m no Novo M u n d o .2. como as suas equivalentes. para justificar ou tentar justificar a construção. A hipótese de “tendo” coordenar-se à oração de “tende” é inteiram ente descabida.” Mas tal inter­ pretação nos parece um “arranjo”. por exemplo — está oculto: “. propósito) de se estabelecerem.. e sim “peço-lhe que.58 ♦ Co m unicação em Prosa M oderna Também falta de paralelismo gramatical se observa no período se­ guinte. com espírito pioneiro. empregado dis­ cutivelm ente no caso em pauta. do que entre “independente” e “tendo” (gerúndio. como se vê. orações) ou frases íntegras têm extensão igual ou quase igual. 1. mais ou menos o mesmo número de síla­ bas. L en g u a y estilo cie Eç. o pig m eu é g ig a n te. dizem-se similicadentes. ser coordenados). Repetições intencionais e antitéticas tornam-se mais enfáticas. também sua cadência e duração.ça d e Q u eiró s.5. às vezes. por exemplo. o corvo é b ra n c o . assim. além da duração igual (isocronismo). Garcia ♦ 59 guir. dão às idéias novo re­ levo: . sintática — e não podem semanticamente. a p u d E rn e sto d a Cal.a de Q u e ir o z . se co m ó d io .1 Paralelismo rítmico ou similicadência Paralelismo é.. O princípio do paralelismo tem. isocronismo e similicadência são aspectos do para­ lelismo ou simetria. confrontos. via-te d e lic a d a co m o to d a s a s flo r e s . (“S erm ão d a q u in la q u a rta -fe ira ”. comparações. se com am or. até com certa “afetação”. Mas. Ora. p. 2 1 4 ) . quando va­ zados em estrutura verbal isócrona ou similicadente. em que dois termos têm a mesma função gramatical — aliás. o cisne é n e g ro .4. apontamos um caso excepcional — ou de tipo excepcional —. frases ou segmentos delas podem ter ainda ritmo ou cadência igual. o d e m ô n io é form o so . De qualquer forma. quer dizer. P rosas b á rb a ra s. A similicadência.O thon M. a p u d M. quan­ do segmentos de frase (termos. se com am or. G o n çalv es V iana. Os sermões de Vieira abundam em cons­ truções desse tipo: Se os olhos v êem co m am or. Diz-se que há isocronismo. quan­ do observam o paralelismo rítmico. Por exemplo: contrastes.. sime­ tria é tam bém proporção. muitos “capricham” no em prego dessas potenciali­ dades rítmicas da frase com o propósito de dar maior realce ao pensam en­ to. antíteses. constitui recurso es­ tilístico de grande efeito. se com ó d io . in fine. o an jo é feio.q u a n d o p en sav a em ti. p. implicações não apenas gramaticais mas também estilísticas e — como se m ostrará mais adiante — igualmente semânticas. 2 7 7 ) Nesse exemplo de Eça — um dos prosadores que mais se deliciam com a escolha de padrões rítmicos — não só a estrutura verbal das compa­ rações é idêntica. do qual alguns autores se servem. S e n n Ó e s e lu g a re s s e le to s . logicamente. é isocronismo. uma forma de construção simétrica. v o lu p tu o s a c o m o to d a s a s p o m b a s lu m in o sa com o todas a s estrela s (se te sílab a s) (se te sílab a s) (o ito sílab as) (F. Neste caso. e faz-lh e cre s­ ce r as a sa s.4. com q u e já n ã o fere. 100-3). n em as p re g o u e se m e o u com m a io r ab u n d â n c ia . por associação lógica. sobr feus e seguidores do ( raciocínio frio.. G onçalves V iana. além do polissíndeto (repetição da conjunção “nem”) a similicadência ou paralelismo rítmico das orações. n em as rec a p a c ito u c o m m ais facilid ad e.2 Paralelismo semântico Em certos casos. n e m as p ro p u g n o u com m a io r v a le n tia .. e m b o ta -lh e as se tas. Essas construções simétricas — isócronas ou similicadentes -—. n em as explicou com m a io r clarez a. apesar de paralelam ente estrutura­ dos. Só por descuido. mas convém não abusar dos seus “encantos” para evitar se tom e o estilo artificioso e pedante. É à conta .. quase o mesmo número de sílabas. uma sé ráveis) na poesia. principalmente dos adjuntos ad­ verbiais introduzidos pela preposição “com”. Esse tipo de falu aqueles casos de anom ges 1. p. m e­ lhor.A frouxa-lhe o arco com q u e já n ão a tira . ou por gracejo ou hum or é que se poderia construir um a frase com essa feição. op. Bernardes: N e n h u m d o u to r as o b se rv o u com m a io r e s c rú p u lo . a b re -lh e os olhos. Um dos c< termos coordenados de com outras palavras: à corresponder uma hom em apreço. todos eles..60 ♦ Co municação em Prosa M oderna Referindo-se a Cupido. nem as e n te n d e u com m a io r p ro p rie d a d e . como Carlos Drui sátira ou humor: C a rd íaco e m elam a m o r ro n ca n a ho pés d e la ra n je ira t uvas m eio verdes e j á m aduros. cumpriu-se denando dois termos o de o “am or ronca na I nência semântica: no c ciam-se uma palavra abstrato (“desejos”). isto é. em que muitos autores se esmeram.5. ou < nome específico de “in não têm aparentemenn gage poétique. ção exige homogeneidí mos coordenados”. Ora. n e m as p ro fe riu c o m m ais v e rd a d e . 2 4 3 ) Expressivo exemplo de paralelismo rítmico é o seguinte trecho de M. com q u e vê o q u e n ã o via. a p u d M. n e m as e s q u a d ri­ n h o u com m a io r e stu d o .. 172). cit. de idéias desconexas (em São Paulo e no ouvido). que não só têm a mesma estru­ tura gramatical mas também. com q u e vo a e foge. (“S erm ão d o m a n d a to ”. mas não correlação de sentido ou conveniência de situações: Fiz d u a s o p era çõ es: u m a em S ão P aulo e o u tra n o ou v id o . não indicam circunstâncias de lugar correlatas quanto ao valor sem ân­ tico. e até mesmo de igual extensão semântica: a cidade São Paulo corresponderia a outra cidade — Rio. p. diz Vieira que o tempo . “Em São Paulo” e “no ouvido”. m uito con­ tribuem para a expressividade da frase. p. A referência geográ­ fica ou topográfica “São Paulo” faz esperar. 1.. coordenado (e. a estrofe de nências) semânticas (“c jeira”. há paralelismo gramatical. sobretudo os de estilo barroco. inc ção ou lugar inconcebn Casos de ruptura cia..). Detenha mos versos. que o outro adjunto adverbial de lugar. impertinência ou ai prosa de alguns “elássie recorre com certa freqü* jo ou humor. no ouvido) seja também referente à situação geográfica. Note-se. A falta de correlação semântica desse tipo constitui uma espécie de ruptura de sistema lógico resultante da associação de elementos ou. Paris — e não país ou qualquer oua tom a aquele inespera pode m uitas vezes cor Não é difícil er exemplos de ruptura res. mas carentes de coerência lógica. cumpriu-se apenas a primeira exigência: a partícula e está coor­ denando dois termos com igual função de adjunto adverbial de lugar (on­ de o “am or ronca na horta”). de coordenação de idéias “que não têm aparentem ente nenhum a relação lógica entre si” (Sfructure du langage poétique. “entre pés de laran­ jeira”. desprezada a permissividade poética. de cuja obra transpiram ironia.). portanto. e também em certa prosa dos cori­ feus e seguidores do chamado “realismo mágico”. a que Jean Cohen dá o nome específico de “inconsequência”. denunciando ou não intenções de fazer grace­ jo ou humor. d e A n d ra d e ..O thon m . inconciliáveis à luz da lógica por sugerirem uma situa­ ção ou lugar inconcebível. Fazendeiro do ar. de perti­ nência semântica: no contexto.. entretanto.. Garcia ♦ 61 país ou qualquer outro acidente topográfico. Um dos corolários do conceito de coordenação é o de que os termos coordenados devem pertencer ao mesmo universo do discurso. mas que repugnam ao raciocínio frio. a estrofe de CDA apresenta um a série de anomalias (ou im perti­ nências) semânticas (“o amor ronca”. im pertinência ou anomalia semântica) dessa ordem marcam tam bém a prosa de alguns “clássicos” como Machado de Assis. p. Mais chocante. No caso em apreço.. sátira ou humor: Cardíaco e melancólico. asso­ ciam -se um a palavra de sentido concreto (“uvas”) e outra de sentido abstrato (“desejos”). se torna aquele inesperado “no ouvido”. isto é. isto é. Mas o ser chocante ou inesperado pode m uitas vezes constituir-se num excelente recurso de ordem enfática. perfeitam ente admissíveis (e admi­ ráveis) na poesia. 91) Esse tipo de falta de paralelismo semântico n a coordenação está entre aqueles casos de anomalia semântica estudados por T. “ronca na horta”. o amor ro n ca n a h o rta e n tre pés d e la ra n je ira entre uvas m eio verdes e desejos já m aduros. um a série de alogismos. 100-3). com outras palavras: à homogeneidade formal exigida pela gramática deve corresponder um a homogeneidade de sentido exigida pela lógica. como diz o mesmo autor (p. ou. Casos de ruptura ou ausência de paralelismo semântico (inconseqüência. no estudo apenas dos dois últi­ mos versos. p. surrealista. sobretudo moderna. ou de impertinência semântica. “a coordena­ ção exige homogeneidade a um só tempo morfológica e funcional dos ter­ mos coordenados”. sobretudo naqueles auto­ res. Todorov (Ver Langages 1. 172). Não é difícil encontrar tanto n a poesia quanto n a prosa m odernas exemplos de ruptura de paralelismo semântico. (C arlos D. como Carlos Drummond de Andrade. “O a m o r b a te n a a o r ta ”. Detenhamo-nos. p. É à conta do seu humor e malícia que se podem atribuir os . Ora. por exemplo. que a ele recorre com certa freqüência.. pois. 167). Trata-se de ques­ tão relativa à lógica e à lingüística.). que a frase se revela agramatical (ou. como nomes que são. Se. No entanto. porém.) e “alfaia­ te ” (subst. Se não recorrer ao princípio do paralelismo. Os mais flagrantes. não o podem.t\. por exemplo.dois exemplos. em conjunto. Caso sem elhante aparece também em D. a nosso ver. aprovada pela Portaria Ministerial n9 36. é surpreendente. podem ser predicativos (“Fulano é cordial” e “Fulano é al­ faiate”). X e Y) não têm a mesma estrutura interna. Por quê? A gramática gerativa transformacional (GGT) diria (ou dirá): a coordenação está bloqueada porque “cordial” e “alfaiate” (i.. q u e e u c o n h e ço d e v is ta e de c h a p é u . Casmurro (cap.4..3 Implicações didáticas do paralelismo Temos consciência de que muitos dos casos de falta de paralelismo gramatical comentados em 1. isoladamente. com freqüência. mesmo que nenhum dos casos examinados seja condenável. sem dúvida. XV e XVII. às vezes. ao corrigir ou co­ m entar a redação de um aluno. Mas é certo que o “sentimento lingüístico” — a “competência” do falante ou ouvinte — rejeita essa coordenação entre “cordial” (adj. a falta de paralelismo semântico configura-se como in­ congruência de tal ordem. Y = subst. cuja discussão este tópico não comporta. ver-se-á na con­ . o valor didático do princípio do para­ lelismo se revela.. encontrados em Memórias póstumas de Brás Cu­ bas (cap. Mas. M arcela a m o u -m e d u r a n te q u in z e d ia s e o n ze c o iito s de réis. Muitas vezes. digo melhor. 1.” Não é fácil explicar porque ela é ina­ ceitável. respectivamente): G astei trin ta dias p a ra ir do R o d o G rande ao c o ra çã o de M a rc e la . podem integrar o núcleo do predicativo (é. inestimável.4. escamoteia dificul­ dades mas nem sempre resolve todas) de “é também” — “Fulano é cordial e é também alfaiate” — explicaria? Também não. Explica? Explica satisfatoriamente? E a elipse (essa panacéia retórico-gramatical. parecem repugnar tanto à índole da língua e às suas tradições quanto aos princípios da lógica referentes à ordenação e coordenação de idéias. o professor se vê em dificuldades para fun­ dam entar a censura ou o louvor a certas frases cuja estrutura não pode ser encarada ou discutida no âmbito exclusivo da gramática. de 2 8 /1 /5 9 . que. mas nós ainda adotamos a Nomenclatura Gramatical Brasileira. I): “ . isto é.).5 representam formas de expressão legítimas no que respeita à sua correção. da sin­ taxe ortodoxa.e n c o n tre i n o trem d a C e n iral u m ra p a z aq u i d o b a irro .” Mas. não são constituintes do mesmo tipo (X = adj. de frases do tipo da seguinte: “Fulano é cordial e alfaiate.5. É o caso. já notórios. de gramaticalidade discutível). pelo menos. ligados pela mesma cópula ao mesmo sujeito. diz ainda o Autor: É a q u e le lugar. simplesmente. e a adjetiva.. não se diz. incoerente. como a subordinada substantiva exerce a função de sujeito ou de com plemento de outra.5.2. a respeito da coordena­ ção e da subordinação. de deduzir dele um a regra ou diretriz bastante eficaz. Ord. a crônica. a oração principal encerra quase sempre a idéia principal.5. a idéia mais im portante estará no conjunto das duas. Não se pode dizer que a idéia mais im portante — a de definir o Arpoador — esteja apenas na su­ bordinada substantiva: está em ambas. Continuando.7 Relevância da oração principal: o ponto de vista Em face do exposto em tópicos precedentes. é absurda..” “É uma espécie de anacoluto”) ou de juízos peremptórios. como queria Said Ali. . pois. p. na realidade. uma oração composta.. poderá ele aplicá-lo a casos semelhantes e assim evitar a incidência no mes­ mo erro ou erros da mesma natureza. desencadeia as demais do perío­ do. entretanto. se essa outra for a oração principal. 17 Em 5. vale dizei. o que existe aí é. ora essa!” A frase está errada. Haveria então possibilidade de genera­ lizar..0 Organização do período 7. se o professor lhe mostrar implicações proveitosas decorrentes desse princípio de paralelismo. “Pondo ordem no caos". e não exclusivamente num a delas.”) Quanto ao estudante. dogmáticos. Ora. estudam-se ainda outros aspectos da coordenação e do paralelismo. Muitas vezes.. d e n tro d a G u a n a b a ra e fora d o m u n d o . Garcia ♦ 63 tingência de servir-se de subterfúgios (“Há uma elipse aí. No entanto. que não explicam nem justificam coisa alguma (“Não se diz porque. No seguinte trecho de Carlos Drummond de Andrade: P ed iram -m e q ue d efin isse o A rp o a d o r (In: Q ua d ra n te 2 .17 1. de adjunto adnominal de term o de outra. a o n d e n ão v a m o s q u ase n u n c a . mas já não do ponto de vista gramatical e sim apenas lógico.1. 1.. 12 9 ) há duas orações que se completam m utuam ente. a idéia mais im portante está ou parece estar num a oração subordinada. seja porque constitui o núcleo da comunicação seja porque. em tese. equivalente a “pediram-me a definição do Arpoador”. pode-se afirmar que..O thon m . especialmente quando substantiva ou adjetiva. a prim eira é que desencadeia a se­ gunda: sem o “pedido” não existiria nem o período nem. e o n d e d e se ja ría m o s (o b sc u ra m e n te ) viver. que encerram ou devem encerrar idéias secundárias em relação à da prin­ cipal. como oração explicativa que é. diz o Cronista: Há os namorados. no caso da oração substantiva. a principal. Corresponde a um adjetivo: há os nam orados desejosos de dar. na que estam os agora comentando. para traduzir ou comunicar seja o que for.. o pronome “os” é por demais inde­ finido. encerra um a idéia relevante.. entretanto. Quando tal não acontece. é porque o período está indevidam ente es­ truturado ou o ponto de vista do autor não coincide com o do leitor no que se refere à relevância da subordinada constitui condiçl municativa da principal.64 ♦ Comunicação em P rosa M oderna Ninguém dirá que qualquer das duas orações iniciadas por 0a)onde encerra a idéia mais importante do período. Só a condição expressa tom a aceitável o enunciado c global. mais im portante do que estarem eles desejosos de moldura atlântica para seu nam oro. Por isso. se ciado aparentem ente descabi nos”. Exai Quando as leis ceí te cessam de proteger-no: A oração principal. Or texto ou situação e da conch No seguinte período de Quando o nobre diante do qual pouco ani uma dama deixou cair u bre os arções.. subordinadas as quatro oraçi trecho assumiria outra config . querer ou não dar m oldura atlântica ao nam oro é dele conseqüência.. Dada. a definição do Arpoador repre­ senta a idéia de maior valia.. transm ite uma idéia bastante definida.” fato acessó­ rio. como se se dissesse (na verdade assim se pensa mas se escreve outra coisa): há os seguidores do rito pequeno-burguês. quer dizer. no caso da adjetiva. de uma estrutura. pratica­ m ente desnecessária à essência do pensam ento contido n a principal. Legitimamente. Aqui tam bém pode parecer que o mais im portante é querer dar ao nam oro m oldura atlântica. Ainda assim. Na verdade. embora esteja num a subordinada. que desencadeia os demais... de fato. tornando-se “desejosos de dar m oldura. acompanhado de um adjunto especificador. é mes­ mo a existência de nam orados no Arpoador. se não vier devidam ente expandido.. De for­ ma que a idéia mais im portante não está num a só oração.”.. Mas às vezes a oração adjetiva não é nem mais nem menos im por­ tante do que a principal: Há os que seguem o rico pequeno-burguês de domingo e feriado. como no caso da substantiva. mas nas duas.. o fato que se quer comunicar..). a cação.. se fize. dita restritiva. meteu-a. a oração “que seguem o rito. estão nas quatro oraç levou-a. a qual está. é indispen­ sável. a oração deveria ser — e assim muitos a consideram — todo o trecho transcrito.. Não obstante. em sua essência. alterar claração: Quando as leis ceí teger nossos adversários. entretanto. constii tos secundários. Se. essa oração adjetiva constitui s im­ pies adjunto de “os nam orados”. céu e onda por testemunhas. a idéia posta em deixa de ser “nós” para ser ' m ar de nova perspectiva semâ tor se coloca é que vai deter a sua posição no período.. Aqui. a existência dos nam orados é. por­ tanto. o teste num dos seus termos apenas ções. apanhou a lábios e meteu-a no peite as idéias mais im portantes. objeto direto de “h á”. se bem que ocorre no trecho de Rui Ba: subverteria. realmente. a situação é diferente: na oração adjetiva anterior. em no conjunto. a sua função de ad­ junto.. Neste caso. Mais adiante. Exatamente por isso é que está entre vírgulas. que querem dar a seu namoro moldura atlântica.. a oração subordinada adjetiva encerra idéia secundária. o substantivo “nam orados” é suficiente por si mesmo. o fato mais im­ portante. Aqui. na prin­ cipal: (O Arpoador) é aquele lugar dentro da Guanabara e fora do mundo. impreciso. ela pode ser considerada como parte da outra. transform ando a princi] ça do ponto de vista. Coisa m uito diversa ocorre quando se trata de orações adverbiais.. Se. Trata-se de uma situação global. se bem que não desprezíveis. Em certos casos.O thon M. as que realm ente condensam o teor da comuni­ cação. a eliminação dessas subordinadas não subverteria.. apanhou a flor do chão sem afrouxar a carreira. Examinemos o seguinte trecho de Rui Barbosa: Quando as leis cessam de proteger os nossos adversários. É o que se poderia cha­ mar de nova peíxpecttva serndrtttca do texto.). encerraria um enun­ ciado aparentem ente descabido: “as leis virtualm ente cessam de protegernos”. isto é.. entretanto. ao contrário do que ocorre no trecho de Rui Barbosa. as subordinadas. deixa de ser “nós” para ser “nossos adversários". é verdade. alterar-se-á tam bém substancialm ente o teor da d e­ claração: Quando as leis cessam cle proteger-nos. o teste da relevância da oração principal pode estar num dos seus termos apenas. se fizesse uma troca de funções. Mas. apanhou. Aqui. em sua essência. a mão alva e breve de uma clama deixou cair uma rosa. A oração principal. a idéia posta em foco.. o pensam ento do Autor. o ponto de vista em que o au­ tor se coloca é que vai determ inar a escolha da oração principal. fa­ tos secundários. de um a estrutura. se isolada num só período. Ora. Se invertermos a relação entre as duas ora­ ções.. transform ando a principal em subordinada e vice-versa. com m udan­ ça do ponto de vista. Não obstante. No seguinte período de Rebelo da Silva: Quando o nobre mancebo passou a galope por baixo do camarote. cessam virtualmente cle pro­ teger nossos adversários. como resultado da mudança do pon­ .. torna aceitável o enunciado contido na principal. por ser considerada a mais importante. estão nas quatro orações independentes (deixou cair. em que o sentido não está num a das partes mas no conjunto.... Se.. m eteu-a. o sentido do trecho assumiria outra configuração. e o conde.. transform ando em subordinadas as quatro orações coordenadas independentes. Garcia ♦ 65 que se refere à relevância das idéias. de valor restritivo.. inclusive a sua posição no período. constituindo as demais. curvando-se com donaire so­ bre os arções. a oração subordinada constitui condição ou circunstância indispensável à eficácia co­ municativa da principal. esse ponto de vista decorre do próprio con­ texto ou situação e da conclusão a que se queira chegar. levou-a. Só a condição expressa na subordinada tem poral. levou-a aos lábios e meteu-a no peito. as idéias mais im portantes. virtualmen­ te cessam dc proteger-nos. diante do qual pouco antes fizera ajoelhar o cavalo. um a das versões possí­ veis. com rio em relação à chegada < semos da coordenação — V 18 Para essa fragmentação em pei boa. ele (conde) passava por baixo do camarote. e que o ponto de vis­ ta e a situação devem servir de diretrizes para essa escolha. pode-se concluir que a escolha da oração principal não é ato gratuito. Ora. por assim dizer. ficou. já que a segunda é ria anular essa relação de i A quarta oração — “ reduzida de gerúndio. Mas o nobre fidalgo estava apaixonado. escolha natural. para onde teve de acomp jesuítas. diante do qual pouco antes fizera ajoelhar o cavalo. com a nova estrutura do período. em close-up. Nesse período — como em outros similares — há realmente quatro orações principais em relação às su­ bordinadas restantes. Só cc I Primeira hipótese — Idéia Admitamos que o h de Vieira. de ção adjetiva (função de adj de de ser um atributo nl como nome próprio. fator secun­ dário. e não o leitor. . curvando-se com donaire sobre os arções. de m aneira prática. se bem que em desacordo com a ortodoxia da nossa nom enclatura gramatical mais renitente. que o conde. Apresentemos. em que o m arquês de M arialva assiste à morte do filho. tem sent de”. A narrativa é conhecida (aparece em quase todas as antologias): trata-se de a “Última corrida de touros em Salvaterra”. na versão original. levando-a aos lábios e metendo-a no peito. à guisa de ilustração.66 ♦ Comunicação em p ro s a M oderna to de vista. coordenados e relacionados pelo sentido.5. e foi a m ulher am ada que dei­ xou cair a rosa. O que era. que será a oração principal. A breve cena idílica tem assim im portância especial. Dar-lhe ênfase é que seria normal. a ênfase não decorre senão da condição de orações independentes. segundo o ponto de vista em que ele. Da oração principal dem as demais. Consideremos esta s Vieira chegou ao Brasi Ele nào contava ainda Ele teve de acompanh. na versão original. fazendo as adaptações necessárias: Quando a mão alva e breve de uma dama deixou cair uma rosa. apenas uma circunstância de tempo a que se juntava a indicação do local da cena. segundo a intenção do autor. Após a chegada.2 Da coordenação paro a subordinação: escolha da oração principal Em face do que ficou dito no tópico precedente. que não contava . já esfc se se tratar de outro indiví lar características diferentes em 1615 não fazia prever o A terceira oração — tam bém adjetiva. matri A simples coordenaç entre os diferentes fatos e do o ponto de vista. em primeiro plano. Entretanto. A simples coordenaçã nhar a família” seria desac rente. E nessas orações principais é que estão as idéias prin­ cipais. como um a série de enunciados simples. Em conclusão. Mas o ponto de vista que permitiu essa nova perspectiva da cena seria o mais adequado? Passar a galope por baixo do cam arote ou no meio do picadeiro deve ser coisa norm al num a tourada. que não seria descabido dizer principais. se coloca. a queda de uma rosa que o toureiro apanha. como se fosse o incidente mais importante. é a passagem do conde por baixo do camarote. leva aos lábios e mete no peito não deve ser incidente corriqueiro nesse esporte ibé­ rico. O período citado pre­ cede de pouco aquele em que o jovem conde cai ferido de morte pelo tou­ ro. que está na Antologia nacion em 1614. a seguinte: a) Vieira. como acreditam muitos. no entanto. Vejamos agora. repetimos: na oração principal deve estar a idéia pre­ dom inante do período. apanhou sem afrouxar a carreira. m ui­ to mais do que a simples passagem “por baixo do cam arote1'. O fato de ao sujeito — Vieira —. o conde dos Arcos. 1. pode articular-se para formar um período complexo sob a égide de um deles. o fato que se focaliza mais de perto aquele para o qual se quer chamar a atenção. tem sentido locativo. que. como nome próprio. que não contava ainda oito anos de idade. Coordená-las se­ ria anular essa relação de dependência. A versão do período poderia ser a seguinte: a) Vieira. A simples coordenação não permite estabelecer a verdadeira relação entre os diferentes fatos enunciados nem realçar o mais relevante. . constitui também o enunciado de um fato secundá­ rio em relação à chegada de Vieira ao Brasil. evidentemente. escolha natural. A terceira oração — “para onde teve de acom panhar a família” —. separada por vírgula em virtu­ de de ser um atributo não indispensável à identificação de Vieira. Após a chegada. onde se diz que Vieira chegou ao Brasil em 1615. ou se se quiser assina­ lar características diferentes da mesma pessoa: o Vieira que chegou ao Brasil em 1615 não fazia prever o Vieira que desafiaria a própria Inquisição..0 TH 0 N M . salvo se se tratar de outro indivíduo com o mesmo nome. chegou em 1615 ao Brasil” — depen­ dem as demais. reduzida de gerúndio. Da oração principal — “Vieira. matriculando-se logo no colégio dos jesuítas. segun­ do o ponto de vista. Só com a subordinação isso é possível. já que a segunda é urna decorrência da primeira. e não em 1614. I Primeira hipótese — Idéia mais importante: a chegada de Vieira Admitamos que o fato considerado mais im portante seja a chegada de Vieira. como acreditam muitos. matriculou-se logo no colégio dos jesuítas. A simples coordenação entre “chegou ao Brasil” e “teve de acom pa­ nhar a família” seria desaconselhável por se tratar de idéias de valor dife­ rente. chegou em 1615 ao Brasil. aqui também. A quarta oração — “matriculando-se logo no colégio dos jesuítas” —. também adjetiva.lfl Ele não contava ainda oito anos de idade. de que é atributo. que lhe vem da locução “para on­ de”.. é inconfundível. nos servís­ semos da coordenação — Vieira chegou ao Brasil e matriculou-se logo no co~ 18 Para essa fragmentação em períodos simples. já está suficientemente definido. que está na Antologia nacional. servimo-nos do irecho de João Francisco Lis­ boa. O fato de não contar ainda oito anos de idade relaciona-se ao sujeito — Vieira —. reveste por isso a forma de ora­ ção adjetiva (função de adjunto adnominal). Se. para onde teve de acompanhar a família. Ele teve de acompanhar a família. G a r c ia ♦ 6 7 Consideremos esta série de enunciados: Vieira chegou ao Brasil em 1615. légio dos jesuítas — estaria atenuada a idéia de subseqüência que relaciona os dois fatos. ocorreria um distan­ ciam ento entre duas orações intimamente relacionadas. descabida: b) V ieira. sendo a aproxi­ mação entre ambos a m elhor m aneira de evitar am bigüidade ou contrasenso. — 0 -. não perm itiria melhor articulação. mas de concomitância. subordinada passaria a ser a idéia que deveria estar na oração principal: “depois que chegou ao Brasil. nesse caso. Q conectivo “quando”. chegou em 1615 ao Brasil. presume-se. chegou_ Vieira. O resultado seria um período canhestro. Mas. a articulação por meio de conectivos exigiria uma conjunção que indicasse tem po posterior (depois que. pois nele não está contida a idéia de subseqüência. Mas por que se adotou a forma reduzida? Ora. depois do que se matriculou no colé­ gio dos jesuítas. O período tom aria a seguinte feição. o antecedente natural de “para onde” é Brasil. razão por que conviria aproxi­ m ar tanto quanto possível os dois enunciados. II Segunda hipótese — idéia mais importante: a idade de Vieira Suponham os agora que o mais relevante desse conjunto de enuncia­ dos seja não a chegada de Vieira mas a sua idade. como o senti­ do dessa oração é temporal. em que as idéias não se sucederiam naturalm ente. como está na versão ò. para onde teve de acompanhar a fam ília. com interpolações prejudi­ ciais à clareza e à fluência da frase. que q u e não n ão contava c o n ta v a amua a in d a uuu o ito an o s ^ d e id ad e. que não contava ainda oito anos de idade. logo que). também referente a lugar.ao B ra s il quando se matriculou no colcgio dos jesuítas. O resultado seria igualm ente inaceitável. Nesse caso. Ora. tam bém tem ­ poral. para onde teve de acompanhar a família. Vieira matriculou-se no colégio dos jesuítas”—. O utra construção poderia ser igualm ente tentada. não prevista: o colégio seria o lugar para onde Vieira teve de acom panhar a família. Pospondo “para onde” a “colégio dos jesuítas”. a qual só poderia ficar após o adjunto adverbial de tem po “em 1615”. Além disso. estabelecer-se-ia uma nova relação. mas aproximá-los seria d e­ sencadear outra dissociação. O antecedente natural da oração de “depois do que” não é “acompa­ nhar a família” e sim “chegou ao Brasil”. Mas ainda assim a relação de de­ pendência seria inadequada: c) Vieira. o que equivaleria a alterar o propósito inicial de atribuir maior relevância à idéia de chegar ao Brasil. . usando-se um co­ nectivo conglom erado “depois do que”. já que nos veríamos forçados a pospor a “co­ légio dos jesuítas” a oração adjetiva de “para onde”. ocasionado pela in­ tercalação da temporal “quando”. pelo menos no mes­ mo parágrafo ou no imediato. o que se considera como idéia predom inante é a de se ter Vieira matriculado no colégio dos jesuítas: . a melhor versão seria: f) Ao ch e g a r ern 1 6 1 5 a o B ra sil .. Por isso. entre­ tanto. para onde teve de acompanhar a famí­ lia. o período assumiria a seguinte versão: d) Vieira. a sua chegada aqui pode parecer fato mais im portante num período em que se inicie a narrativa dessa fase de sua biografia. Tudo depende. matriculando-se logo depois no colégio dos jesuítas. do ponto de vista do autor. O que era atributo do nome Vieira passou à condição de idéia pre­ dom inante. Segundo esse critério. de modo geral. se deseja dar um pouco mais de ênfase à idéia de chegar ao Brasil.. teria de continuar ressaltando a imagem do Vieira menino.. pois é sabido que. de ad­ junto adnom inal sob a forma de oração adjetiva. Se.e. Garcia ♦ 69 o desenvolvimento das idéias subseqüentes ao trecho. V ieira n ã o c o n ta v a a in d a o ito a n o s de id a d e .. matriculando-se logo no colégio dos jesuítas. No caso presente. De forma que “chegar ao Brasil” deixa de ser um atributo dele. para indicar apenas uma circunstância episódica: chegar ao Brasil é muito menos característica de Vieira do que ter oito anos de idade. para frisar-lhe o sentido de circunstância sob a forma de uma oração adverbial. para onde teve de acompanhar a família. Assim. preferivelmente re­ duzida: e) Vieira. f. rnatriculando-se (apesar disso) logo depois no colégio dos jesuítas. “quando chegou”). as posições mais enfáticas num períoclo são quase sempre os seus extremos: no meio ficam as idéias que não parecem m erecer o neces­ sário realce.O th o n M. n ã o c o n ta v a a in d a o ito a n o s de id a d e . seria melhor negar-lhe a feição de atributo.. Dada a participação de Vieira na vida política e cultural do Bra­ sil. que chegou em 1615 ao Brasil. Vieira não contava. entretanto.. ao chegar ern 1615 ao Brasil (ou “chegando”. III Terceira hipótese — Idéia mais importante: matricular-se no colégio dos jesuítas Nas versões seguintes. n â o c o n ta v a a in d a o ito a n o s de id a d e . deve-se iniciar o período com a oração que lhe corres­ ponda: Ao chegar ao Brasil. das peripécias naturais nessa idade ou de fatos daí decor­ rentes. configurada como está na oração principal. ao passo que a chegada ao Brasil desceu a segundo plano ao assumir a feição de oração adjetiva. o que se pretende é focalizar de perto o Vieira menino.. para onde teve de acompanhar a família. Vieira ma­ triculou-se logo rio colégio dos jesuítas.70 ♦ Co m unicação em P rosa M oderna g) Vieira. apesar de não contar) ainda oito anos de idade. para onde teve de acompanhar a família. quando chegou em 1615 ao Brasil. sob a forma de subordinada concessiva: h') Não contando (embora não contasse. quando chegou em 1615 ao Brasil. ou esta. aonde chegou em 1615. sob a forma de oração adjetiva. mas as melhores seriam sempre aquelas em que as duas idéias postas em relevo (a da oração principal e a outra que lhe fi­ casse em segundo plano) ocupassem as extremidades do período. poderia ado­ tar a seguinte estrutura: h) Vieira. teve de acompanhar a fainíLia para o Brasil. OU g’) Não contando ainda oito anos de idade (ou “apesar de não contar”). . em que a idade de Vieira deixa de ser atributo. para onde teve de acompanhar a família. matriculando-se logo depois no colégio dos jesuítas. para onde teve de acompanhar a família. as ra­ zões de ordem doméstica pelas quais Vieira chegou ao Brasil. invertendo-se apenas a ordem das orações. apesar de não contar (“embora não contasse”) ainda oito anos de idade. para expressar uma oposição à idéia de acom panhar a fa­ mília. em períodos subseqüentes.19 Seria possível tentar ainda outras estruturas. IV Quarta hipótese — Idéia mais importante: acompanhar a família Se o autor pretendesse apresentar. ou g”) Vieira matriculou-se no colégio dos jesuítas. matriculan­ do-se logo depois no colégio dos jesuítas. que não contava oito anos de idade. Vieira teve de acompanhar a família para o Brasil em 1615. porque a referência à chegada ao Brasil vem posposta. 19 Em g” omite-se o advérbio “logo”. que não contava ainda oito anos de idade quando chegou em 1615 ao Brasil. matriculou-se logo no colégio dos jesuítas. caso em que g e g 1 seriam as preferíveis. enfim. combinando-os de m anei­ ra que expressem o pensamento com a necessária clareza. 1. Mas.). Garcia ♦ 71 Aqui. “ter menos de oito anos” constitui um a condição que se opõe à idéia de ter de vir para o Brasil. sua posição dentro do período tam pouco deve resultar apenas do puro acaso. se se admite que. ver 1. assim como ao seu conjunto. Vieira teve de acompanhar a família para o Brasil. evidentemente. a idéia de oposição deve ser substituída pela de causa ou de explicação: h”) Como não contava (ou não contasse) ainda oito anos de idade.”) Como se vê. 20 A propósito do emprego de “pois”. a menos que as idéias se encadeiem a esmo.6. de preferência a '‘porque1’. Não se trata.3 Posição da oração principal: período "tenso" e período "frouxo" Se a escolha da oração principal parece não ser... em 1.. em que a sucessão dos fatos serve como diretriz para o escalonam ento das orações.. tarefa gratuita. A articulação das orações (ou enunciados) exige faculda­ des de análise. agrupam entos de termos. “pois20 n ão c o n ta v a ain d a. Deve procurar dar a cada um desses elementos e fatores. etc.. orações. . grau de relevância das idéias segundo o ponto de vista. etc. de regras inflexíveis. Sabemos como na língua falada a situação impõe a ordem dos ter­ mos e das orações. objetividade. (ou. mas de normas ou tendências inspiradas pela lógica do raciocínio e pelo propósito de dar à frase o máxi­ mo de expressividade. de fazer um a viagem tão longa..3. de raciocínio lógico. da qual certamente não se poderia sepa­ rar. niveladas no seu valor. a organização sintática de um período complexo não é tarefa gratuita. exatamente por ter menos de oito anos é que Vieira teve de acompanhar a família. como vimos. ou Vieira teve d e acom panhar.. nessa ida­ de tão curta. mesmo aí se devem levar em conta certos princípios de ordem geral. precisão e relevo. ordem de uns e outras. Na língua escrita. O autor deve ter presente ao espírito a concorrência de fatores e elementos diversos (termos. mesmo no estilo narrativo.3.. de discriminação.5..O thon M. porq u e n ão co n tav a ain d a. Fr.. um a es­ trutura e disposição que estejam de acordo não apenas com as normas sin­ táticas mas tam bém com a hierarquia entre eles. * c «c * d PROSA M oderna Uma dessas normas — a que já nos referimos de passagem — reco­ m enda que se coloque. pela posição no período. já teremos apreendido o núcleo significativo do período. na oração principal. O que acontece então é o seguin­ te: como o essencial já foi dito. anteposta à principal.. Dicionário de fatos gramaticais. de maneira mais atenuada. que a enunciação de uma. Por isso é que. como na primeira versão. embora seja reconhecido o que aqui se classifica de extraordinária cora­ gem e firmeza do Governo (. a oração principal vem no fim. É esse um processo de correlação. o destaque à sua relevância. Não há atenuan­ tes.. 21 Cf. os termos ou orações a que se queira dar maior relevo. (O Globo. 8/3/63) A experiência passada dos fracassados programas antiinflacionários e a falta de continuidade no combate à inflação pesam como fatores negati­ vos. se encontra em posição de maior destaque. se bem que contenha idéias menos im portantes. prepara a enunciação da outra. . por um a oração adversativa.”. verbetes "condicionar' e "correlação”. a representada pela su­ bordinada condicional: se chover..” seria de leitu­ ra forçada. a sua idéia mais importante.. de forma que o que se segue.. expressa. apesar da posição. o termo condicionante aplica-se tam ­ bém a outras subordinadas adverbiais. sendo bem provável que o leitor “passe por cima”. a experiência passada dos fracassados programas antiinflacionários e a falta de continuidade no combate à infla­ ção pesam como fatores negativos. a segunda..). dita a p ó d o s e A primeira é condi­ cionante. precede as subordinadas: Embora seja reconhecido o que aqui se classifica dc extraordinária coragem e firmeza do Governo (. sempre que possível.• I : ■ . condicionada. Matoso. que ganharia. seria — digamos assim — o “caminho obrigatório” para se che­ gar ao fato primordial.. “uma construção sintática de duas partes relacionadas entre si de tal sorte. J. o secundário torna-se. capaz de ser expressa também. CÂMARA JR. ao chegarmos a “fatores negativos”. Mas. quase desprezível. como o processo implica um a correlação em sentido mais lato. a mais enfáti­ ca.. dita prótase. A condicionante típica é. a idéia de “pesar” não está sujeita a condições.. Confrontem-se as duas versões do mesmo trecho dadas a seguir: na primeira.) Na segunda versão. na segunda. ou aos adjuntos correspondentes. nas extremidades do período. apesar da coragem e da firmeza do Governo. não sairei. como o nome diz. a oração de “em bora. a começar de “em bora. Entre as duas partes existe uma idéia de oposição. No entanto. como está. essa parte encerra idéias indispensáveis ao verdadeiro sentido da primeira: a experiência passada e a falta de continuidade pesam de qual­ quer form a. F de Castilho e Herculano. por exemplo. como a que se obtém com os pares conectivos não só (não somente. encantam ento. constitui. Entre os clássicos. Isto. A prótase e a apódose aparecem com mais freqüência no estilo ora­ tório assim como na argumentação de um modo geral. em grande parte. Numa pesquisa rápida.. Desse processo é que resulta. alguns se ser­ vem predom inantem ente desse tipo de estrutura: um Vieira mais do que um Bernardes. é comum em A. o período tenso sobreviveu ao rom antism o e outras correntes. sem circuito. Não caracterizam. Experimente-se inverter a ordem das suas partes: Deus melhora de hora em hora. Como nas peças dramáticas. como já assinalamos. o estilo narrativo e o descri­ tivo. todos os gatos são pardos” (apódose). Deus melhora” (apódose ou condiciona­ da). como também): não só planejou a obra mas também a executou com perícia. pelo menos com essa rigidez. Rui. todos os gatos são pardos de noite. a menos que se considere como prótase a simples anteposição de ad­ juntos adverbiais à oração principal. decorre do “suspense” que as caracteriza: enunciada a prim eira parte. por assim dizer. é principalmente a ausência daquele resquício de ex­ pectativa que a desfigura e empalidece. Mas. senão excepcionalmente. Não é só a mudança do ritmo da frase que lhe retira o. O período em que há prótase e apódose — como na primeira ver­ são do trecho transcrito de O Globo e nos provérbios de modo geral — é coeso ou tenso. É o verdadeiro período no sentido clássico: ambitus verborum} circuito de palavras encadeadas de tal forma. pospondo-se. que o sentido só se completa no fim. a um adjunto adverbial o agrupam en­ to formado pelo sujeito e o predicado. senão que. Euclides e Coe­ lho Neto o praticam mais do que outros contemporâneos seus. a eficácia expressiva dos provérbios. é comum. sem dúvida. o leitor ou ouvinte fica em expectativa até o desfecho. “De noite (prótase). A outra versão. verificamos . e por isso provisória e inconclusiva. isso nem sempre ocorre.. sim. mas também (tam ­ bém. Perto de nós. usual em Cami­ lo. o período frouxo ou lasso. É o que ocorre com freqüência nas construções paralelísticas. é evidente. A ênfase. em que o pensamento se completa antes do fim. que fize­ mos em quatro sermões de Vieira e ern vários discursos de Rui. chegando até nós com feição atenuada. Característica da maioria dos clássicos. pelo contraste com o anterior. desenlace). não apenas). em Frei Luís de Sousa com mais freqüência do que em Ro­ drigues Lobo. quando só então se completa o pensam ento. mas não tanto em Rebelo da Silva. o período tenso deve apresentar fases sucessivas: a prótase (início ou introdução). Também com os termos da oração se pode praticar esse tipo de cor­ relação. sem prótase. típicas da maioria dos provérbios: “De hora em hora (prótase ou condicionante). Garcia ♦ 73 Até mesm o na coordenação há correlação. mesmo nesse tipo de frases curtas — ou principalm ente nelas —.O thon M. a epítese (conflito) e catástrofe (no dram a) ou apódose (desfecho. quando “se fecha” o circuito. . a ordem é: oração principal seguida por su­ bordinadas. Mas. a antiga metrópole do espírito brasileiro. é constituída apenas pelo ad­ junto adverbial “por entre as trevas” com a oração adjetiva que a ela se se­ gue. Rui Barbosa reduz com freqüência a obscuridade de um período em que aparece uma série de termos condicionantes ou protáticos. trata-se de conclusões provisórias que traduzem apenas impressão re­ sultante de análise superficial da questão. calçada de lua e coroada de estrelas — as associações abolicionistas representam a plêiade do futuro. Fora disso. das primeiras e das últimas. até o desfecho da apódose na oração principal precedida pelo travessão. assim. O assunto. e reduzidas de gerúndio. que os conduz à região da verdade sem mescla. servindo-se de um travessão.74 ♦ Comunicação em Prosa M oderna que.. condicionais (de se). se alonga através de uma cadeia de outros adjuntos e apostos. com pés assentados na história do seu passado luminoso e a cabeça a cintilar dos astros ainda não apagados na noite das suas tristezas.. e n tã o é q u e começamos a sentir o começo do seu reino. isto é. cap. com que marca o início da apódose: Por entre as trevas que velam a face da nossa Bahia. Trata-se de um recurso de. Esse condicionamento. concessivas (de embora).P. P + S. O A te n e u . na maioria dos casos.. a fórmu­ la predom inante é S 4. entretanto. ao que nos parece. no leito de agonia. entretanto. a prótase. A n to lo g ia . quando há prótase... nesse trecho. repeti­ mos. Nos clássicos quinhentistas e seiscentistas..) Uma espécie de prótase atenuada — esta. então é que. da apódose. com predominância. desde o vagido do berço até o movimen­ to do enfermo. {A p u d Luís Vianna Filho. sim. 68) Na realidade. dos mortos sobre os vivos. ela é constituída por ora­ ções adverbiais temporais (de quando). comuníssima tam ­ bém no português moderno — consiste em antepor-lhe um dos termos (quase sem pre sujeito) da oração principal. a mãe forte de tantos heróis. que torna ainda mais tensa a relação entre as duas partes do discurso: O esforço d a v id a h u m a iia . Nos demais. é a seleção do a g r a d á v e l (Raul Pompéia. VI) . (Icl ib id . está a exi­ gir dos mais capazes e pacientes um levantamento sistemático. é então que.. talvez se possa dizer que em Rui — não em Vieira — a estrutura protática aparece em cerca de cinqüenta por cento dos casos. suspense. buscando uma posição mais cômoda para morrer. p. Não raro se m arca o início da apódose com partículas tais como en­ tão. i. é aí que e outras: Quando eles [os eleitos do mundo das idéias] atravessam essa passa­ gem do invisível.e. como aquela imagem dos livros santos. subordinadas(s) antes da principal. Portanto. ib id . Garcia ♦ 75 p r o d u z iu a evo lu çã o h is ­ (Id. seria .6. partindo-se da idéia que se quer expressar para a form a que se procura.) F ra n co . e não em sentido inverso. cuja expressividade advém ainda do fato de se encontrarem nos extremos as idéias mais relevantes. (Id. as falhas são menos graves. fo r a v a d ia r n o ja r d im . ib id . isto é. temos de recorrer com freqüência ao processo da subordinação. A análise sintática. 1. e a final do predicado da ora­ ção principal. que é o caminho percorrido pela aná­ lise sintática segundo o m étodo costumeiro. é exatam ente aí que os principiantes atropelam as palavras e desfiguram as m útuas relações que elas entre si devem manter. na maioria das vezes. aproveitando a largura da vigilância no dia vago. de um a estrutura­ ção inadequada da frase por incapacidade de estabelecerem as legítimas relações entre as idéias. praticada como um meio e não como um fim. da noção ou impressão para a expressão. dignos de imitar: o Autor manteve a necessária tensão no período sem que disso resultasse um a frase reptante ou confusa.) Note-se a posição inicial do sujeito. Mesmo nas situações simples. Por exemplo: em lugar de pe­ dir ao aluno que classifique um a oração causal apontada num texto.0 Como indicar as circunstâncias e outras relações entre as idéias 7. Se a distância entre esses dois termos não ultrapassa os limi­ tes razoáveis da resistência da atenção. desejo de nutrição e de amor. Por isso. como vimos. Quando se restringem a períodos coordenados. ajuda o estudante a m elhorar sensivelmente a organização da sua frase. por tó r ic a da h u m a n id a d e .O thon O h o m e m . o resultado é um período tenso. termos e orações que expressem circunstâncias e relações. corno aproveitá-la sem que os exercícios se tornem. em vez de “m andar” o estudante descobrir e classificar. princi­ palm ente no que respeita à subordinação. no domingo da véspera. nem sempre é o processo sintático que mais convém adotar. Mas. enfadonhos e áridos.6. de­ veríamos rum ar em sentido contrário: das idéias que se têm em mente para os term os e orações capazes de traduzi-las.7 A análise sintática e a indicacão das circunstâncias i A experiência nos ensina que os defeitos mais comuns revelados pe­ las redações de colegiais resultam. os exemplos de Raul Pompéia são mo­ delares. num período. além de inúteis. Ora. M. mas a coordenação. por rotineiros? Supomos que tal seja possível. o acidente que o atenua ou agrava.mais rendoso sugerir-lhe que traduzisse a idéia de causa em estruturas sin­ táticas equivalentes. de conseqüência para fim.10). O m étodo é.2 a 1. Par. o lu­ gar (onde? lat. podem 16.6. premissas e conclusão). No âmbito da análise circunstâncias. depois dar o vocabulário (inclusive o de sentido figurado ou m e­ tafórico) e os padrões com que indicar a mesma circunstância. v> por similaridade (base da mt metonímia e da sinédoque) dem geral. mas se vai servindo de­ la. o que é motivo. finais. a causa (por quê? 22 SUBERVIU. evidentem ente.6. que se incluís­ sem num capítulo sobre expressão das circunstâncias informações que. antes de mais na­ da. suavemente. num determinado cont< comum um traço semântico ou afins (ver 2. de fim para conclusão). seguindo o mesm am ostragem de exemplos e até certo ponto. salvo . Por igual motivo ainda.2 Circunstâncias Chama-se circunstância (do lat. quando?). Jean. Mas. Em segui­ da. A variedade dos padrões oferecidos se fixa assim mais fácil e mais prontam ente. concêntrico ou aparentado (de causa para conseqüência. para assimilar as principais formas de expressão capazes de traduzir a mesma idéia que tenha em m ente. assim. quis?). lat.. Todas. como procuramos mos­ trar em 1. ou que se está servindo de uma oração subordinada adverbial redu­ zida de infinito final. Pela mesma razão.3 Causa 1. Através desse processo de exposição. correspondeu ao verbo (ou núcleo do pre preexistentes a ela.3. Com o sentido < res das expressões “campos nociona . surgirá oportunidade de m ostrar a re­ lação entre causa e conseqüência.1). Esse critério justificaria. como que irradiante nas suas implicações: de urn centro de interesse (causa. o estudante não sente que este­ ja fazendo análise sintática (e. Em retórica. de outro modo. por exemplo) se passa a outro. constituem áreas gadas no seu sentido própr contexto ou situação. o Quando se diz que “a supõe-se. definir ou conceituar claramente o que é causa.6. e os moldes frasais adequados à sua ex­ pressão. cal a que se dá o nome d (causais. naquilo em que se rela­ cionassem com a idéia de causa e conseqüência (110 caso do silogismo. o que é explicação. 3. estar. Théorie de la 23 Preferimos a expressão “área sen cações no sentido desta última. não está).. onde procurare objetivo. 0 que está em redor ou em torno) a condição particular que acom panha um fa­ to. dado o parentesco entre elas. o modo (como? 1 bus aitxiliis?) (Ver 3. temporais. se trate do sentido de algumas formas verbais em que a categoria de aspecto está m uito viva. não deverá 0 leitor surpreender-se por encontrar na parte destinada à comparação referências aos principais tropos.). por exemplo. quid?). por associação natural de idéias. p. se pode partir para idéias de fim e conclusão.. como é o caso de breves noções sobre raciocínio dedutivo (silogismo e alguns sofismas). ainda por associação. a pessoa (quem? lat. 5. desculpa a mais como exercícios ou mo< te a descobrir por si mesmo 1. mesmo que 0 aluno ignore estar em pregando uma oração su­ bordinada adverbial conjuncional ou desenvolvida causal para dizer coisa tão simples como “os operários fizeram greve porque desejavam aumento de sa­ lário”.8. que não precisariam ser obrigatoriam ente apenas ora­ ções subordinadas. circum. em redor. quando enuncia quase o mesmo pensam ento ao d e­ clarar que “os operários fizeram greve para conseguir aiirnento de salário”. etc.1 Área semântica Um grupo de palavra: elas. cur?). qu de estruturas frasais de que m aneiras a mesma idéia ciai São esses padrões de que nos propomos examinar a 1. Voc. nos tópicos sobre as circunstâncias de tempo. para isso. lhe seriam estranhas. De “conseqüência”. 44 e ss. sem nom enclatura complicada.6. torna-se indispensável. seg distriburionnelle des significations e 1966. stare. usualm ente estu­ dados em lugar muito diverso nas gramáticas.4.6. entende-se por circuns­ tância a própria ação (o quê? lat. o tempo (quando? lat. ubi?). condição. não será estranhável que.E. análise. de fato. ). segundo nos ensina o esludo de Julius Apresjan — “Analyse distriburionnellc des significations ei champs sémaniiques structures” (Langciges. temporais.1). que deixam de ser circunstâncias. seguindo o mesmo critério adotado ao longo destas páginas: am ostragem de exemplos e comentários marginais. 23 Preferimos a expressão “área semântica” a “campo semântico”.22 No âmbito da análise sintática. a pessoa e a ação. Quando se diz que “aprender a escrever é aprender a pensar”. etc. num determinado contexto ou situação. oposição. ao sujeito (ou ao objeto) e ao verbo (ou núcleo do predicado).3. março 1966.8. Todas. p. p. Jean.. nfi 1. servem-se alguns auto­ res das expressões “campos nodonais" ou “campos associativos”.10). verbos e nomes de coisas ou seres que se filiem por similaridade (base da metáfora). desculpa a feição esquemática de alguns itens. 44 e ss. concessivas ou de oposição.3 a 1. que valem mais como exercícios ou modelos de exercícios capazes de levar o estudan­ te a descobrir por si mesmo outros moldes de expressão. Assim.3 Causa 1.2.6. idéias ditas analógicas ou afins (ver 2.6. pois possuem um ele- 22 SUBERVILLK. Par. Com o sentido que atribuímos a “área semântica”.1 Área semântica23 Um grupo de palavras faz parte da mesma área semântica. salvo a pessoa e ação. evidentem ente. o modo (como? lat. qizibus auxiliis?) (Ver 3. assumem um a forma gram ati­ cal a que se dá o nome de adjuntos adverbiais ou de orações adverbiais (causais. 68-70. a ir? ). onde procuraremos apresentar a m atéria do modo prático e objetivo. etc. correspondem.. Théorie dc Cart et des genres littéraires. até certo ponto. Mas incluem-se outras circunstâncias. contigüidade ou causalidade (bases da metonímia e da sinédoque) e idéias específicas subordinadas a uma de or­ dem geral. podem ter o mesmo significado. quando elas. São esses padrões de estruturas frasais. em pre­ gadas no seu sentido próprio. análise. . num determinado contexto. G arc ia ♦ 77 lat.O th ON m. constituem áreas semânticas.). mas. preexistentes a ela.1). quomoda?) e os meios (com quê? lat. 5. que o aprendiz adquira também certos padrões de estruturas frasais de que a língua possa dispor para expressar de várias m aneiras a mesma idéia claramente concebida e suas relações com outras. 1. ou pelo menos alguns deles. finais. pres­ supõe-se. condição. em virtude de outras impli­ cações no sentido desta última. Por exemplo: causa e rrxãe.6. não se equivalem. respectivam ente. são equivalentes pelo sentido ou têm em comum um traço semântico que as aproxime. Esse m étodo explica e. como as de fim ou conseqüência. Voc. 3.6. que nos propomos exam inar com o leitor nos tópicos que se seguem (1. berço. O processo mais comum é o de nos servirmos de adjuntos ou orações adver­ biais. por exemplo. de.. Os sitiados renderam-se por falta de munição. originar. que constituem a sua área semântica. Muitos recém-nascidos morrem à míngua de tratamento médico adequado. de fato ou condição determ inante. pois. por motivo de. d) preposições e locuções: a. sem ente. compreende uma série numerosa de idéias específicas. Quanto a esse as­ pecto. perceber. presenciar. portanto. botânica. t. por causa de. por ra­ zões de. já que. motivar.2 Vocabulário da área semântica de causa Podemos expressar as circunstâncias de causa de vários modos. as pala­ vras que denotam as diferentes sensações podem ser agrupadas em áreas correspondentes aos cinco sentidos: área da visão. por. pretexto.). desculpa. visto que..3 Modalidades das circunstâncias de causa Pode-se expressar a causa por meio de um adjunto adverbial intro­ duzido por preposição: Muitos homens morrem cle forne por causa do egoísmo de alguns. Termos específicos de um a ciência ou técnica (nom enclatura médica. engendrar. por exemplo. raízes.. pro­ vocar. como se vê na frase “a ociosidade é a mãe de todos os vícios”. em conseqüência de. gerar. Mas há outros. avistar.3. 1. metalúrgica.) incluem-se nas áreas semânticas respectivas. explicação.2).6.) A idéia geral de ver. em vista de.. porquanto. de um a arte ou ofício (nomenclatura das artes plásticas. (ver exercícios 220 a 247). mola. devido a.. per. relancear. desde. por falta de. ambas as palavras podem fazer parte da mesma área se­ mântica. acarretar. etc.). etc.. alicerces..3. em virtude de.e. de alvenaria. farmacêutica. de dife­ rentes modos de ver (entrever. Voc. em ­ brião. produzir. estruturas de frase que encer­ ram relação causal (“O trabalho é a fonte de toda a riqueza”) ou palavras que significam causa. base. parir. . como. fonte. origem ou motivo. m ãe. gênese.. na parte final desta obra. b) verbos: causar. da audição. fundamento. nom enclatura de car­ pintaria. o que não quer dizer que sejam sinônimas. 1. Assim também. etc.m ento comum: a idéia de origem. c) conjunções: porque. por isso que. etc. razão.6. etc. 3. uma vez que. mó­ vel. à míngua de. como: a) substantivos: motivo. o porquê. caso em que pertence­ riam à mesma família ideológica (ver 2. germe. etc.. e. como os policiais não traziam mandado de prisão assinado por juiz competente. “a” sem crase). com o pronome “se”. que tan ­ to podem indicar a causa como o tempo: Apanhado em flagrante. o adjunto adverbial de causa ganha m aior relevo. anteposta à oração principal. 52). a causa. o jornalista acabou sendo preso. X. assume a forma de uma oração introduzida por conjunção. feito à mão. o “puxador” de carro não teve outro remé­ dio senão confessar (apanhado: quando foi ou porque foi apanhado). que se habita / dessa gente sem lei” (Id. tal construção era usual: “(mar) que dos feios focas se navega” (Lus. às vezes. . Também se poderia considerar “sabendo” como expressão de tempo: quando soube que. um adjunto encabeçado por com pode ser conside­ rado como agente dessa passiva: As comemorações se iniciam com um desfile de escolas cle samba. o jornalista resistiu à intimação. o modo e o meio ou instrum ento se confundem em estruturas frasais sujeitas a múltiplas interpretações: morto a pauladas. I.. barco (movido) à vela (ou a vela. “terra toda. Mas. Confronte-se com o exemplo precedente: Por se negar a prestar depoimento. Entretanto. 92). vale dizer: “é navegado pelos feios focas”. não se expressa o agente quando o verbo está na voz passiva dita pronominal. é preferível usar “co­ mo” em vez de “porque”: Mas. não vi necessi­ dade de apressar-me.. Anteposto à oração principal. Garcia ♦ 79 Às vezes.. no português quinhentista. i. por se negar a prestar depoimento. escrito à máquina. Orações reduzidas de gerúndio têm freqüentem ente valor causal: Sabendo que você só chegaria depois das dez horas.. No português moderno. escrito à (ou “a” sem crase) máquina pelo próprio autor. Q uando a indicação da causa. Reduzidas de infinitivo introduzidas pela preposição “por” consti­ tuem formas comuns de indicar a causa: O jornalista acabou sendo preso.O thon m . O mesmo acontece com as reduzidas de particípio passado. A ambigüidade de função desaparece quando o agente da passiva vem cla­ ro: morto a pauladas pelo dasafeto.. “é habitada por essa gente sem lei”. 4 Conseqüência O dia estava muito quente e eu fiquei logo exausto. i.. isso. e. Q uando posposta a uma oração condicional. nada mais lhe cabia fazer senão recusar o pe­ dido. deve ser de preferên "pois” (explicativo-causal) ato provoca normalmente ãs seis horas da manhã. assim. o que é mais comum na língua culta. Duas circunstâncias de causa concorrentes para o mesmo efeito são mais adequadam ente expressas ern processo correlativo: Resistiu à ordem de prisão não só p o rq u e se considerava absolutamente inocente.e. “co­ mo não trouxessem ”). creveu. já o não sou. Se o fato determina conseqüência. ou está zang* um resíduo de raciocínio s 1. “porque era cioso”. “por ser cioso”. pois nem seqt ção ou motivo natural. se você não es­ O cham ado aposto circunstancial não raro traduz a idéia de causa: C ioso de su a s obrigações . como já mostramos em 1. hoje não n não me viu. m a s ta m b é m p o rq u e não lhe exibiram o mandado assinado pelo juiz. noi do ou desconhecido. Outra m aneira de dar ênfase à causa consiste na adjunção de um advérbio que frise ou realce essa circunstância: Resistiu p rin c ip a lm e n te porque não se considerava culpado de crime algum.80 ♦ Co m unicação em Prosa m o ü e r na Note-se que o verbo das causais de “como” pode vir no indicativo (“como não traziam ”) ou no subjuntivo (“como não tivessem trazido”. é que vocc não escreveu. Fulai ta. com a intençâc d a d a greve era. a única explicação possí zangado com ele. . A conseqüêi to. a idéia de causa pode ser expressa com o auxílio das partículas “é que” ou “foi porque”. m atiza­ das de certa intensidade enfática: Se não recebi cartas suas. f o i p o r q u e não quis. (“Cioso”. evidente Fulano e Sicrano são muii iam-se e se detêm para tu em determinado dia. o propósito.. b) gradação entre causas: se negar a prestar de] se negar. Mas convém não confundir esse aposto com a simples anteposição do predicativo: ArquiLcto do Mosteiro de Santa Maria.4. Comparem-se Causa: Os motoristas 1 Fim: Os motoristas í No segundo período. ou mais po c) causa (motivo. Ora. Há outros torneios ainda para indicar: a) exclusão de wna causa: Foi preso não por ser culpado. Diz entã do comigo. mas por se n e­ gar a prestar depoimento.2 com os exemplos: Não fui à festa do seu aniversário: não me convidaram. da a n stâ n cia de fim . “como era cioso”).. E foi p re c isa m e n te por isso que ele acabou sendo espancado. Há r conclusão ao mesmo temp primenta. Já não sou arquiteto do Mosteiro de Santa Maria. Se algu ~Jà deve passar das seis h expressa a causa. explicí depoim ento (o “pois” ninguém deve ignorá-1 No último caso (let bido (ou deve sê-lo) que tão. o nhecido de todos. isto é. A justaposição e a simples coordenação também às vezes encerram um a relação causal. de acordo com a lei. objetivo).6. .6. O “pois” aí não expressa a causa. Diz então Sicrano: “Ou Fulano não me viu ou está zanga­ do comigo. Essa é a causa notória. trata-se. Comparem-se os dois períodos seguintes: C au sa: Os m o to rista s fizeram grev e p o rq u e d e se ja v a m c iu m en to de sa lá rio . que. É sa­ bido (ou deve sê-lo) que todos os que se negam a prestar depoimento es­ tão. desejada ou preconcebida. No segundo período. Fulano e Sicrano são muito amigos. por isso. 1. às seis horas da manhã.O thon M . Isso é um fato habitual. fim. cumprimentaimse e se detêm para uma troca de palavras. a única explicação possível é a de que ou Fulano não viu Sicrano ou está zangado com ele. de cir­ cunstância de fim .2 a 1. No verão. com a intenção de conseguir aum ento de salário: a conseqüên­ cia da greve era. há resíduo de um raciocínio silogístico.5. explicação) notória: Foi preso.5. o Sol já está “de fora”. hoje não me cumprimentou. inespera­ do ou desconhecido. Isso é um fato normal e co­ nhecido de todos. no emprego de “pois” um resíduo de raciocínio silogístico (ver 4. pois se negou a prestar depoim ento (o “pois” indica que a causa (ou motivo) é conhecida. evidentemente. Ora. olha para o céu e diz: "Já deve passar das seis horas. Com o "pois” (explicativo-causal) quase sempre se indica que determinado fato ou ato provoca normalmente outro. está claro que os motoristas fizeram greve com o propósito. A conseqüência desejada ou preconcebida é o fim (propósi­ to. conclusão Se o fato determ inante de outro é a sua causa. c) causa (motivo. po/s o Sol já está de fora”. deve ser de preferência expressa por meio da partícula “pois”. esse outro é a sua conseqüência. Fulano passa por Sicrano e nem sequer o cumprimen­ ta. Se alguém não dispõe de relógio.” Há. quanto por se negar a prestar depoimento (ou: menos por ser culpado do que por se negar. objetivo). Garcia ♦ 81 b) gradação entre causas: Foi preso não tanto por ser culpado. F im : O s m o to ristas fizeram grev e p a r a c o n se g u ir a u m e n to de sa lá rio . só posso concluir que ou não me viu.” “Pois” introduz a explica­ ção ou motivo natural.2. 1. portanto.4).4 Conseqüência. numa relação habitual e sabida. No último caso (letra c). ou está zangado comigo. mas a explicação da afirmativa que se faz. me cum­ primenta. sujeitos a prisão. assim. Há nessa partícula um sentido misto de explicação e conclusão ao mesmo tempo: “Sempre que Fulano passa por mim. que se sobrepõe a qualquer outro. . em determ inado dia. que ninguém deve ignorá-la). ou mais por se negar a depor do que por ser culpado). portanto. pois nem sequer me cumprimentou. Se. de acordo com a lei. notório... sempre que se encontram. Com. Logo. de sorte que. Em sentido inverso.. que se torna possível marcá-la por ponto-e-vírgula ou ponto. o fato enunciado na oração princi­ pal (“os m otoristas fizeram greve”) viesse intensificado por algumas des­ sas partículas. A intensidade (tantos. com o sentido aproximado de por conseguinte. que acabaram conseguindo au­ mento de salário. a oração seguinte expressaria a sua conseqüência: Os motoristas fizeram tanta(s) greve(5). porque fizeram greve. tão. Nesse caso. Q uando 0 sentido da oração principal está completo. Assim tam bém . “valendo assim a expressão conjunti­ va por um advérbio de oração para avivar ao ouvinte o pensamento ante­ rior.. que. podem-se usar apenas as expressões de modo que. se. destituídas do intensivo tal: Não estive presente à reunião. de maneira que.. Os motoristas fizeram a greve de tal maneira.A conseqüência não preconcebida é geralmente expressa num a ora­ ção consecutiva. que conseguiram aumento de sa­ lário. que em nada nos surpreende sejam a fome e a miséria os males do nosso tempo. “Não estive presente à reunião” tem sentido completo. Muito freqüentemente. daí: . “chega-se” à causa: A miséria e a fome são os males do nosso tempo. no exemplo anterior. essa idéia de resultado obtido à custa de es­ forço continuado vem intensificada ainda pelo verbo auxiliar aspectual “aca­ b ar” ou “acabar por”: Os motoristas fizeram tanta(s) greve (s).. tão) com que se indica a num erosidade dos que pedem e a escassez dos que dão desencadeia a conseqüência: “em nada nos surpreende sejam a fome e a miséria os males do nosso tem po”. sua principal. onde se encontram quase sempre as partículas de intensidade tal. de form a que. “partindo-se” da conseqüência. encabeçada pela conjunção “que” e posposta a outra. a pausa entre as duas orações é às vezes tão acentuada. tanto: São tantos a pedir e tão poucos a dar. conseqüentemente. Os motoristas conseguiram aumento de salário. porque são muitos a pedir e poucos a dar. de modo que não sei do que se tratou. Ora. pu­ dessem. O poem a é dos mais conhecidos: um poleá (“homem de casta infe­ rior na índia. a e s t r u t u r a s i n t á t i c a d e v e r ia s e r a d e u m a d j u n t o o u o r a ç ã o a d v e r b i a l d e fim : D issecou-a p a ra q u e ela sucum bisse. que ela S u cu m b iu . que é o nobre”). esta idéia não poderia ser expressa como cir­ cunstância de fim.. sua intenção não era m atar o inseto. 165) “De modo que” equivale a “por conseguinte” ou “por isso”. baça.. Quando. como se entrecruzam tam bém as de conseqüência e fim. satisfazer a curiosidade. Rota. . ao qual se opõe o naire. é pos­ sível m ostrar essa equivalência: Dissecou-a a tal ponto e com tal arte. e com isto esvaiu-se-lhe aquela Visão fantástica e sutil. de so r te q u e o s in im ig o s n ã o o p u d e s s e m alcançar. que ela. mas descobrir a causa do mistério de tanta beleza. segundo se pode ver pelos dois exemplos seguintes.. dados ainda por Evanildo Bechara. ainda que disto não tomemos conhecimento. o modo do verbo é o subjuntivo: pudesse. deslum brado com a beleza da mosca azul. entrecruzando-se assim as idéias de conseqüência e conclusão. Nos seguintes versos de “A mosca azul”. Garcia ♦ 83 “As alegrias da vida quase sempre são rápidas e fugidias. nessas construções.. vil. s e s e q u is e s s e f a z e r s e n t i r q u e o p r o p ó s i t o d o p o l e á e r a m a t a r a m o s c a a z u l. na obra citada: Chegou cedo ao serviço. D isseeou-a p a ra fa z ê . p. op. de per­ meio com a de conseqüência.. se tem viva a idéia de finalidade. M a s . De m o d o q u e elas devem ser aproveita­ das inteligentemente.. de Machado de Assis. Sucumbiu. mas de conseqüência: Dissecou-a a tal ponto e com tal arte. de fazer sucumbir. c it . põe-se a dissecá-la para “saber a causa do m isté­ rio”. Correu de m aneira que pu d esse ser elogiado pelo patrão. nojenta.U F P E Biblioteca C entra O thon M ..la sucum bir.” (Bechara. Se não houve intenção de matar. sobressairia a idéia de fim: D isseco u -a d e m o d o q u e e la sucum bisse. é tão forte) que esmaece e desvaloriza as duas átonas” e “ao ponto de poderem ser pro­ n u n c i a d a s Para evitar aquela repetição (“é tão forte que esmaece e desva­ loriza... Leia-se o testemunho insuspeito de José Oiticica: “Do mes­ mo modo que escritores francelhos foram dizendo cie modo a. aí. ao p o n to de p o d e ­ rem se r p ro n u n c ia d a s. para evitar a repetição da mesma estrutura “tão. que” ou “tanto. No entanto. dado o abso­ luto desamparo oficial à língua padrão. felizmente. é preferível que o sujeito das duas orações seja o mesmo. e esmaece e desvaloriza tanto que as duas átonas podem ser pro­ nunciadas num a só sílaba”). diz Cassiano Ricardo: A acentuação da sílaba tônica na palavra proparoxítona “recíprocos”.. Pare­ cer ser a forma preferível.. tam bém passaram a dizer ao ponto de. 49. Mas. Também “ao ponto de” ou “a ponto de” tem valor consecutivo.)23 Outras formas de indicar conseqüência sem partícula intensiva são as do tipo “irabalharam de não se poderem ter em pé". e o verbo “sucum bir” no subjuntivo. tã o fo rte que esm ae ce e d esv alo riz a as d u a s á to n a s . fie molde a. ao ponto de supri­ mir o dos governantes” (apud. supracitada).. p..." ( Teoria da correlação. etc. na construção ainda condenada por alguns gramáticos: D isseco u -a de m odo ci fazê-la sucum bir. Castilho ainda usava a ponto que\ mas ao ponto de venceu em Ioda linhn. com a locução de modo a . Subentende-se prontam ente: exagerando os direitos a tal ponto que ou de tal modo que. b rev issim a m en te . 77) As três conseqüências sucessivas são: (“a acentuação. seria desaconselhável dizer: dissecou-a de modo a ela sucumbir. n u m a só sílab a rítm ica.2S 24 Hoje. é..ou. Note-se que. Com entando o verso de Gonçalves Dias — “Que tam bém são recípro­ cos os agravos” —. muito raros. no seguinte trecho de Rui Barbosa. "dancei de enjoar " (exemplos colhidos na obra de Oiticica... estas. que”. o sentido é claramente consecutivo: “. Dicionário da /íngua portu­ guesa. (O indianismo de Gonçalves Dias. "correu c / í . de m aneira . verbete “ao ponto de”)..exagerando os direitos dos governados. Laudelino Freire. Com a locução “de modo que”.. de fo r ­ ma a .. E uma forma muito freqüente. quando se encadeiam duas ou mais conseqüên­ cias. como vão vencendo de modo a e seus análogos. apesar da censura de alguns gramáticos24 que a preferem no sentido de “prestes a” ou “quase a” (“a casa está a ponto de cair”).. p. o Autor preferiu “ao ponto de”. cair". a repetição poderia ser usada como recurso enfático bastante eficaz.. ou qualquer das suas equivalentes. "gritavam de ensurdecer". . . cruzam ento semântico que se pode deslindar nas seguintes possí­ veis versões: a) conseqüência: (De modo que) esvaiu-se-lhe aquela visão... Como se vê. Essa construção semelha-se.. o filho da Libcrata.. consecutivas e conclusivas po­ dem constituir torneios sintáticos da mesma relação de idéias. e sobretudo a colocação especial no grupo da frente o denunciavam. “Com isto”. os olhares. o olhar. “por cau­ sa disso”. como se fosse também um advérbio de . Garcia ♦ 85 O utra idéia de conseqüência..) que ela Sucumbiu. a “de modo que”. (Aníbal Machado. que das calçadas c janelas a di­ reção dos dedos. de maneira a ser confundido com os demais acompanhantes: o jeito. que das calçadas e janelas a direção dos dedos.. ou ainda: Erci p o r isso que d a s calçad as e ja n e la s a d ire ç ã o d o s d ed o s. o renega­ do... João Ternura. as exclamações eram só para ele.. finais. quer dizei. 92) Subentenda-se: Tanto (tudo isso era) assim (verdade). “por isso”. está na últim a oração dos quatro versos citados: Dissecou-a a tal ponto (.O thon M. b) conclusão: (Portanto) esvaiu-se-lhe aquela visão. e com isto esvaiu-se-lhe aquela Visão fantástica e sutil. A locução “tanto (assim) que” pode iniciar um período para indicar a conseqüência de fatos expressos no anterior: Não adiantava fingir naturalidade. mais ou m e­ nos equivalentes quanto ao sentido: a escolha de um ou de outro depen­ de da ênfase que se queira dar a qualquer delas. p.. Tanto assim que das calçadas e janelas a direção dos dedos. as orações causais. quanto ao critério da pontuação e quan­ to ao sentido.denunciavam-no tanto..... c) causa: (Razão por que) esvaiu-se-lhe aquela visão. ou . “em conseqüência disso”. limítrofe da de causa e de conclusão.. para a mocidade. propositadam ente. c) paríicu/as e locuções: com o propósito de. desígnio. é óbvio. não metafórico) ou conotativo (metafórico). alim entar esperanças. principalmente nos primeiros anos da mocidade. E pela palavra. p. intencionalm en­ te — além das preposições para. com a intenção de. quando expressa causa ou explicação de um a série de fatos enunciados em períodos(s) ou parágrafos(s) anterior(es): Os gênios estão. os torneios sintáticos apropriados à expres­ são das circunstâncias de conseqüência e fim são relativam ente num ero­ sos. intento. (por) cálculo. propósito. ter em mira. pretender. com o intuito de. sexo e tempo.4. Observe-se ainda. a fim def e as conjunções finais. pretensão. aspiração. intencionar. a única diferença é que nela se sente mais viva. página 66. muitas vezes. com o fito de. meta. mais intensa. de propósito. explicação ou motivo do que acabara de declarar nas trinta linhas precedentes (o parágrafo seguinte. planejar. se isola da sua principal. a re­ lação de causa e conseqüência entre as idéias expressas nos dois períodos. quis o Autor ressaltar as idéias de causa. fito..6. . anseio. desejo. a simples inteligência verbal. fim e conclusão Como acabamos de ver. mas político e moral é a inteligência. existe ainda o processo normal de traduzir essas idéias com vocabulário próprio. Mas. exprimam: T Fim. almejar. finalidade. objetivo. Idade. que o Autor em prega a forma “de m aneira a ser confundido com os demais acom panhantes”... ansiar. não apenas intelectual. desi­ derato.oração. oração reduzi­ d a de infinitivo equivalente a um a final: “para ser confundido. a propósito. ini­ cia-se também com outro “porque”). que se con­ fundem com os últimos da adolescência. plano. O crité­ rio de valor. que os moços se re n d e m . aspirar. estar resolvido a. (Alceu Amoroso Lima. ter em vista. para lá do bem e do mal. ter em m ente. em que um a oração. 1. intenção a) substantivos: projeto. intuito. a todos os títulos subordi­ nada. 65) Abrindo com essa conjunção “porque” um novo parágrafo.” Caso idêntico a esse. em sentido denotativo (i. alvo. projetar. ideal. decidido a. ocorre também com a introduzida por “porque”. e. escopo. com palavras que.1 Vocabulário da área semântica de conseqüência. b) verbos: desejar. Porque a palavra exerce sobre a mocidade um prestígio decisivo.e. por con­ seguinte.2). conseqüentemente. derivados dos substantivos (desejoso. por razões de ordem didática. por assim dizer. criação. na realidade. enfim. por causa clisso. ter fonte em. resultado. seqüência. seguir-se a. manar. Há um pas­ sado anterior a outro. conclusão a) substantivos: efeito. traduzidas em linguagem acessível. logo. ansioso) ou dos ver­ bos (aspirante. que se tra­ duz no pretérito mais-que-perfeito. resultado. ser resultado de. em virtude dis­ so. Como causa e consequência (fim. onde o estudante encontrará as noções de lógica indispensáveis à disciplina do raciocínio. o assunto vem desen­ volvido em capítulo à parte (4.5 Tempo e aspecto A gramática nos ensina que há três tempos fundamentais — o pre­ sente. produto. supra. portanto. Há um futuro do passado: se você tivesse telefo­ nado. ter origem em. e. derivar. obra. vir de. fim e conclusão implica racio­ cínio dedutivo. Mas. em vista disso. conclusão) consti­ tuem. decorrente. desenlace. efeito. que adm item fases ou épocas. provir. de maneira em inentem ente prática. conseqüência. 1. como resulta­ do. então. verbos e partículas circulem nas duas áreas. os extremos de um a cadeia sem ântica em m únia re­ lação. Teoricamente. ele não teria saído (sair é posterior ao m om ento em que se deveria ter telefonado. mas. portanto. Q uanto aos adjetivos dessa área. e nisto se distingue do passado e do futuro.6. em conclusão. em suma. mais próximas ou mais remotas do momento em que se fala. por conseqüência. basta lem brar que são. conseqüência e raciocínio dedutivo A enunciação de causa. Garcia ♦ 87 II Conseqüência. por isso.4. em grande parte. se bem que indivisível. em resumo. reflexo. devido a isso. futuro do pretérito ou do passado). b) verbos: decorrer. visto isso. intencional. 1.5. portanto. é natural que muitos nomes. à conta disso.. decorrência. Com. não tem duração. o passado ou pretérito e o futuro — e vários derivados ou secun­ dários. resultar.6. fruto. fi­ lho. quando você chegou. promanar.2 Causa. corolário. pode ser concebido como um lapso de tempo mais ou menos longo. Há também . resultante) arrolados nos itens I e II.U F P E Biblioteca Centra O thon m . mais distante do presente. pretendente. ele já havia saído (sair é anterior a chegar). c) partículas e locuções: pois. 1. O presente é aquele momento fugidio que separa o passado do futu­ ro. desfecho. . le langage.6. que não se deve confundir com o modo verbal propriam ente dito (indicati­ vo. concluso. em bora se inter-relacionem e até mesmo se confundam muitas vezes num a só forma verbal. Aspecto é a representação mental que o sujeito falante faz do pro­ cesso verbal como duração. São noções consabidas. se o fazem. No entanto. Se a categoria do tempo encontra formas ou flexões próprias em todas as línguas. a sua maneira de ser. O próprio pretérito perfeito composto.). v. imperativo. II).. que parece exercer papel subsidiário: raras são as que dispõem de flexões próprias para essa função. J. Há. p. um a grande diferença en ­ tre estas duas formas que indicam ação praticada no presente: eu traba­ lho e eu trabalhando. de contem poraneidade ou sim ultaneidade com outro: enquanto eu trabalhava. e. revela muito claram ente a idéia de continuida­ de da ação. mas apenas cha­ m ar a atenção do estudante para certas sutilezas da mesma forma verbal. mas aspecto durativo.”26 É a m odalidade da ação.e. usualm ente dito futuro composto. que não pretendem os desenvolver aqui. Por isso. etc. é de passagem.5. que indica tempo passado. no­ m enclatura com que não se traduz bem o seu verdadeiro sentido). Às observações que mais adiante fazemos sobre as diferentes acep­ ções de alguns tempos não pretendem esgotar o assunto. 2ft VENDRYES. num capítulo em que se pretende fornecer ao estudante alguns pa­ drões para a expressão das circunstâncias de tempo. não será descabido re­ servar-lhe alguns itens. Na segunda. na parte dedicada às locuções ou perífrases verbais. As gramáticas de nível médio raram ente se referem a aspecLo. sobretudo. estudar as categorias de tempo e as­ pecto.3. você se divertia (ver 1. O pretérito imperfeito. encerra também a idéia de duração. 117.6. apesar de indicar fato consum ado.g.5. como durée: “On appelle du nom â'aspect la catégorie de la durée. que expressa fato passado. a idéia de duração é muito mais viva do que na prim eira. Isso é aspecto. “trabalhei continuam ente d urante este ano.1 Aspecto Além da categoria de tempo. até agora”. pois o objetivo destes tópicos é. o mesmo não acontece com a de aspecto. 1. Mas o assunto merece tratam ento mais adequado. como é o caso do pretérito imperfeito do in­ dicativo. desde certo tem po até o momento da comunicação: tenho tra­ balhado muito este ano..88 ♦ Co m unicação em Prosa M oderna um futuro anterior a outro: quando você chegar. num plano que escapa ao âmbito das gramáticas de ensino funda­ m ental. existe também a de aspecto] são coisas diferentes. por exemplo. ele já terá saído (sair é anterior a chegar: é futuro anterior. a m aneira de ser do processo verbal é tão im portante quanto o próprio tempo. i. E o aspecto incoativo ou incepíivo. como as cham adas perífrases ou locuções verbais. no quadro da sua conjugação verbal. é recém-chegado). freqüência) — Quase todas as gramáticas se referem às formas perifrásticas chamadas freqiientativas ou progressivas. E em acabar de que se insinua claram ente a idéia de “terminação recente”: ele acaba de chegar (i. de re­ gra. Garcia ♦ 89 1. continuai. chegou há pouco.. aspectuais). ou as têm em núm ero insignificante. retransmitir. O sufixo — -ecer ou -escer — tem sentido incoativo: amanhecer. voltou a tocar no assunto. servem-se de construções subsidiárias. Envelhecer. III Incoação — A idéia de ação iniciada.2 Perífrases verbais denotadoras de aspecto Aquelas línguas que.g. ele deixou de (ou parou de) beber. nós continuamos esperando. constituídas pelo verbo auxiliar estar (ou outros que acidentalm ente exer­ çam essa função — andar. voltar a. a qual pode intensificar-se cada vez mais (aspecto progressivo) ou desenvolver-se simplesmente (cursivo). ou. é. IV Cessação ou termo de ação recente — Para se dizer que uma ação term i­ nou. decurso. traduzido mais com um ente num a locução verbal em que entram os auxiliares tornar a. construção esta mais comum em Portugal: estou trabalhando (ou a trabalhar). v. quando não de certos utensí­ lios gramaticais adequados a esse mister. II Iteração (repetição) — É uni aspecto variante do de duração. ficar —. .6. recrudescer. não dispõem.muitas vezes acrescenta ao sentido do radical a idéia de re­ petição: refazer. preferivelmente.O thon M. envelhecer. cessar de. deixar de. O imperfeito e o gerúndio são as formas típicas do aspecto durativo. as mais comuns das quais denotam: I Duração (progressão. da ação.e. ele anda falando mal de vo­ cê. como auxiliares aspectuais acabar de. mas ainda não concluída. auxiliares modais. reler. como o Português. ditos. parar de: só acabou de escrever a carta na m anhã seguinte. é começar a ficar velho. Trata-se do aspecto durativo. que frisa a continuidade ou duração do processo. e seus equivalentes: tornou a dizei. ela vive reclamando.5. convalescer. O prefixo re. seguido por um gerúndio ou por um infinitivo regido pela preposição “a”. viver. de formas exclusivas para indicar o aspecto. Em Português há uma grande va­ riedade delas.. o co­ ração cessou de pulsar. então. seguido de infinitivo: eles começaram a discutir. usarn-se. expressa num a perífrase formada pelo auxiliar começar a (ou seu equi­ valente). geralmente. amadurecer. Ver ainda CÂMARA JR. necessidade) e haver de (mais adequado à idéia de compromisso). Abrégé de gram maire comparée des langues indo-européennes. “que prom etem ”): uHei de pagai:. Karl.27 ou efec­ tivo. Louis H.. necessidade — O dever. pretendo ser útil. Uma form a verbal portuguesa. emprega-se o verbo fazer seguido de um infinitivo ou de uma oração subs­ tantiva. volitivo ou intencio­ nal. passim. você está fazendo o m enino chorar. precisar de. 27 BRÜGMANN. que se relaciona ou se confunde com o de obrigação: obriguei-o a sair.e.1. A. mande a turm a sair.” Também o verbo mandar pode exercer essa função causativa: mande entrar o pretendente. . a promessa. 183-90. mas em uhei de conseguir o que desejo” subjaz a no­ ção de compromisso comigo mesmo. Princí­ pios de lingüística g era i p. 2<2 Convém notar que a classificação de Gray é mais minuciosa do que a de Brügniann. .) VI Obrigação. permitir e autorizar: “Não nos deixeis cair em tenta­ ção”. necessitar de (obrigação. ele se propôs (a) concluir o trabalho den­ tro do prazo estipulado. É assim que está nas letras promissórias (t. VIII. uma espécie de obrigação de ordem moral. 2.8 GRAY. Matoso. (Ver item seguinte. p. vontade ou intenção de praticar determ inada ação é querer: muitos querem saber. Meillet também discute o assunto em Linguistique historique et linguistique générale . p. Mas seus equivalentes são muito comuns: não desejo preju­ dicar ninguém. p... segundo Brügmann. É conhecido o exemplo de Camões (Lus. Esse é o aspecto desiderativo. “Não perm ita Deus que eu m orra/ sem que eu volte para lá”. forcei-o a entrar. 522. segundo Cray. regida ou não pela preposição com: ele fez (com) que eu me arre­ pendesse. Esse é o aspecto causativo ou factivo.”29 VII Volição — O auxiliar típico para expressar desejo. “Deixai vir a mim as criancinhas”. Fotmdtttrons o f language. Frases como “eu tenho de sair”. VIII Permissão — Os auxiliares mais comuns para denotar o aspecto per­ missivo são deixar. perfectivo ou transicional. compromisso.90 ♦ Co municação em Prosa M ooerna Esse é o aspecto cessativo ou concluso. e que a opinião de um nem sempre coincide com a do outro. o compro­ misso de praticar determ inada ação podem ser expressos em perífrases em que entram os auxiliares ter de} dever. etc. “eu preciso de sair” denotam imposição externa (aspecto obrigatório). mas poucos querem estudar. 98): “Este [o dinheiro] a mais nobres fa z fazer vile­ zas.. 207.28 V Causação — Para expressar a idéia de que um a ação é causa de outra. 167-76. Trata-se do aspecto conativo .. resultado é con­ seqüência) de algo expresso ou apenas m entado: “A discussão foi tão ardo­ rosa. dar a impressão de. ousar. chegar a. na obra citada. na obra citada. Garcia ♦ 91 Dl Possibilidade e capacidade — Normalmente reveste a forma de um a perífrase de que participam os verbos poder e saber: nem todos sabem o que çrerem . quase sempre se infiltra a idéia de conseqüência (aliás. usando-se geralm ente como auxiliares aspectuais acabar por. X Conação — Exprime o esforço. Com ir. sugerir. o benefectivo (algo fei­ 30 R.U FPE Biblioteca Centr? O thon M. 219). Louis H. A perífrase de ir e um gerúndio pode expres­ sar iminência (o carro ia atropelando o menino) ou progressão (ele vai indo bem.” Nessas perífrases aspectuais. vou-me preparar. vir a seguidos de infinitivo (ou. O auxiliar mais em pregado para isso é tenrzn “O velho tentou responder” Mas ir e vir tam bém denotam às vezes viéia similar: vamos ver o que é possível fazer.30 que. chegaram ao ponto de) se agredir (ou acabaram se agredindo). lembrar. confina com o volitivo ou desiderativo: em “vou estudar” tanto se rode perceber a intenção quanto o esforço ou tentativa. também gerúndio): “No ardor da discussão. Dom Casmurro. esforçar-se por: trate de estudar. É claro que há outras estruturas. de As­ sis. a tentativa. Outros verbos que sugerem conação: tratar de. cap. verbais ou não. p. em certos ca­ sos. 203-8. III). venha procurar-me am a­ nhã. Essais de linguistique générale. procure cumprir o dever.) (M. atrever-se a.. arrola ainda: o aparencial (apparitional). Mas eu só vim a saber disso ontem. e poucos podem fazer o que desejam. esfor­ cei-me por satisfazê-lo. Gray. o infinitivo vem às vezes regido pela preposição a: “Ia a entrar na sala. quando ouvi proferir o m eu nome (. Mas depois acabaram se desculpando São essas as principais perífrases que em português denotam alguns aspectos verbais. XI Iminência — Pode-se expressar a idéia de ação próxima ou iminente com o auxílio dos verbos ir e estar para seguidos de infinitivo: ele vai (ou está para) casar. procurar. XII Resultado ou termo de uma ação — Pode-se expressar o resultado de um a ação ou o seu termo. que em português se traduz com o auxílio de verbos ou locuções como pa­ recer. acaba­ ram por (chegaram a. o impulso ou o movimento para realizar determ inada ação. que eles acabaram por (chegaram a ou ao ponto de) se agredir. atreveu-se a responder-me. chegar ao ponto de. É o aspecto a que Gray. no caso de acabar. Jakobson emprega “conativo” (na expressão “função conaüva”) no sentido de "suplicatório ou exortarivo” (cf. p. semelhar. . vai vencendo graças ao seu esforço). dá o nome de potencial. . dando-se ape­ nas as excepcionais. conceitos filosóficos ou morais. 0 que não im porta muito distinguir. / sobre nossas cabeças aparece (i.. É o presente cham a­ do universal ou acronístico. 310 e ss.) d) maior realce para fatos passados. perderei. notórios.. Gramática histórica da língua por­ tuguesa. por ser consabida.) uma nuvem. doutrina firmada.g. Cláudio. textüal- 31 Para informações mais completas. “se os olhos vêem com amor. a Terra é um planeta. no episódio do gigante Adamastor: os seis primeiros versos da estrofe ini­ cial dessa narrativa têm os verbos no pretérito. p.3 Tonalidades aspectuais nos tempos simples e compostos Muitos tempos. quem casa quer casa. subverti­ da.. será que ele vem? c) promessa. que os ares escurece. dito também acomodativo.. Said. b) ação próxima e. o distributivo ou m útuo.. M. simples ou compostos. o inferente ou putativo. a significação normal.. que escureceu ou escurecia. pere­ nes. Exemplo clássico é o de Camões (Lus. recorra-se a AU.■*) / quando uma noite. Em alguns casos. . o comitativo (ação praticada em associação com outrem ). em tom sentencioso ou proverbial: o homem é mortal. com que se expressam fatos habituais.to em benefício de outrem ). o presente histórico (presente em lugar do pretérito) ou o presen­ te para indicar futuro próximo. Usa-se assim o presente de citação quando se quer reproduzir. advertência ou ameaça (em lugar do futuro): se continuam a im portunar-m e perco a paciência (i.31 Omite-se. por assim dizer. a idéia de tempo. e) citação: diz Vieira que. pois sua finalidade é mostrar ao estudante as diferentes acepções de algumas (e não de todas) formas verbais.. está. e também a BRANDÃO. agora... 1 O presente do indicativo pode indicar: a) habitualidade ou freqüência: chove muito no verão. etc. Os itens que se seguem podem assim referir-se a aspecto ou a tempo. 1. Nem sempre é muito fácil saber se se tra­ ta realm ente de aspecto ou de diferentes acepções da mesma forma tem po­ ral. mas os dos dois últimos vêm no presente: “Porém já cinco sóis eram passados. decidida: am anhã não há aula. aparecem às vezes claramen­ te ou levemente matizados de aspecto. 495-520. característica de determ inada forma verbal.6. Y 37). v.5.. p.e. apareceu).e. em certos casos.. / que dali nos par­ tíramos (. É o chamado presente histórico. se continuarem. o Sol nasce para todos. (. o corvo é branco”.. em que um fato passado é descrito ou narrado como se estivesse ocorrendo no mom ento em que se fala. Sintaxe clássica portuguesa.. 2). com os verbos poder e querer e) em discurso indireto implícito. Lengua y estilo de Eça de Queiroz..” “Se pudesse. por favor. d) vontade ou desejo.U F P E Biblioteca C e n t re O thon M. opinião alheia que tem ou pode ter validade perm anen­ te. cortês e um tanto tímido. apud Brandão.) II O pretérito imperfeito do indicativo pode expressar: a) simultaneidade. mas em tom delicado. c) futuro do pretérito: na linguagem familiar.” (Camilo.. se emprega também o imperfeito: “Dizia Vieira que. fenômeno) que se realizou ou ocorreu no passado. [Disse que] O inimigo tinha muitas maneiras. pode. como no seguin­ . concomitância ou duração no passado. Em estilo arcaizante. Crime do padre Amaro. literária.” Ocorre também na linguagem escrita. ação (fato. Às vezes. se. 213).. visto que os seus baús chegavam tarde. p. ainda dorm ias” É a acep­ ção mais comum do pretérito imperfeito.” “Podia usar o seu telefone?” Com essas conotações. III O pretérito mais-que-perfeito (simples). então. mas quase sem ­ pre em tom coloquial: “O alfaiate vizinho venceu dificuldades para ves­ ti-lo de improviso no último apuro. a vida era mais fácil. conotar dese­ jo ou esperança (linguagem optativa): “Ah! quem me dera recuperar o tem ­ po perdido! Prouvera a Deus que tal coisa fosse possível! Quisera ter hoje a idade de meus filhos!” Às vezes.. p. sentimentos alheios. Fr„ 3. Garcia ♦ 93 m ente ou não.” (Eça de Queirós..” É o im­ perfeito dito habitual. é muito freqüente na linguagem coloquial. fazia-lhe (= far-lhe-ia) uma visita. op. como que para despertar simpatia do interlocutor: “Queria que o se­ nhor me informasse. o mais-que-perfeito equi­ vale ao imperfeito do subjuntivo e ao futuro do pretérito. além do seu sentido fundamental (de fato passado anterior a outro). de feitio oratório. concomitantem ente com outra (ou outro): “Quando cheguei. opiniões. va­ lendo como uma estrutura: “Você foi reprovado.. 503). mais-que-perf. apud Ernesto Guerra da Cal. durativo ou cursivo. com certos verbos.. es­ tado. pegava-o em flagrante (= se ti­ vesse chegado. Pudera! Não estuda!” Su­ bentende-se o “pudera” como: nem poderia ser de outra forma. era coisa de prever. idéias. do subj. num contexto em que se subentende um verbo dicendi (verbo de elocução.): se chego cinco minutos antes... é muito comum empregar-se o pretérito imperfeito em lugar do futuro do pretérito: “Disseste que vinhas (= virias) e não vieste.” f) ação condicional hipotética no passado (em lugar do prer. mas a habitual era esta: fazia descar­ rilar um trem de modo que morressem passageiros. ver 1.. Le. cit. tem sentido difícil de bem caracterizar. b) habitualidade no passado: “Antigamente. dito. “O padre Amaro esclareceu-a com bondade. c) obsei-vância a preceitos ou normas (valor de imperativo) — É o tempoaspecto a que alguns gramáticos dão o nome de futuro jussivo. dá alguns exemplos. não cessarás nunca de usar de compaixão com a m inha casa. v. regulamentos. cap.94 ♦ C om u nicaçã o em Prosa M o d e rn a te exemplo de Vieira: “Se Deus não cortara (= cortasse) a carreira ao Sol. darão indica apenas fato futuro. Não cometerás adultério.) será feito em apólices da Dívi­ da Pública Interna (.. comum nas frases sentenciosas ou proverbiais que encerram verdades de ordem geral. na obra citada. X. O futuro do presente pode ter ainda outras acepções.g. Artigos de leis.. qu*e se confunde às vezes com o jussivo mas que se em prega quando se procu­ ra induzir alguém a agir depois de se lhe apresentarem razões para tal.. leis em geral: Não matarás. serve para indicar dúvida sobre o que se há de fazer.” (I Reis. regula­ mentos. for morto. p.. dois dos quais co­ lhidos em Said Ali: “E se eu viver. pode indicar ainda: a) probabilidade. tantos matizes semânticos sob a camada .. incerteza. Brandão.e darão eles dois pães. se todos rejeitam a proposta?” “Que nota lhe darei.. em pregam com freqüência esse futuro jussivo: “O pagam ento da contribuição prevista na Verba 3 (. Honrarás a teu pai e a tua mãe. se. com a interposição da noite.” Como se vê.. cálculo aproximado: ele terá no máximo quaren­ ta anos. 14 e 15). O eventual ex­ prime o que pode ou não acontecer. 13 a 23).. se não for teu escravo.. o delibe­ rativo.” IV O futuro do presente. decretos. expressa a idéia de que um fato pode ocorrer ou repetir-se a cada instante: “O dinheiro será teu se­ nhor. haverá uns quinze dias que não nos vemos. usado em frases interrogativas. Neste último exem­ plo. sobre a resolução ou deliberação a tom ar: “Que fare­ mos agora. pedido ou sugestão — É o futuro dito sugestivo.” (I Reis. porém. fervera (= ferveria) e abrasara-se (= abrasarse-ia) a Terra. b) hipótese (fato provável no momento em que se fala): quantos não esta­ rão lastim ando agora a escolha que fizeram? muitos pensarão que so­ mos os culpados. 511. “Ora (direis) ouvir estrelas!”. e tu os receberás das suas m ãos. os tempos podem ter tão variadas conotações à m ar­ gem do seu sentido fundamental. É um dos traços do estilo bíblico (leia-se. além do seu sentido usual. arderam O arderiam) as plantas./ Depois virás ao outeiro de Deus.... 4-5). mas receberas e virás encerram ainda idéia de ordem ou mando. usual nos m andam entos. t.” “O homem será vítima dos seus desatinos. E o cham ado fu ­ turo problemático. se você não fez os deveres?” O gnômico ou proverbial. Jeremias. “E depois de saudarem . usarás comigo da misericórdia do Se­ nhor..)” d) ordem atenuada. códigos. Futuro hipotético. assim que. op. A algurnas dessas locuções conjuntivas agregam-se com freqüência partículas ou advérbios de valor intensivo: pouco antes que.5. colhido em Laudelino Freire. 0 tempo inicial. 1. Garcia ♦ 95 da m esm a desinência temporal. d) tempo simultâneo ou concomitante: quando. apenas. O pronome relativo entra em vários conglomerados de sentido tem ­ poral: depois do que.O th o n M. outra. op.. ctí.5 Tempo. imediatamente depois que. desde quando. e aspecto. que não seria descabido falar em temposaspectos. . Dicionário da língua portuguesa. ao passo que: aprendem os ci medida que vivemos. dá um exemplo de Aveiro: uPrÍ7neiro que de casa saíssemos. se ia juntam ente com os anos dim inuindo a causa dela” (exemplo de Vieira. 726). denom inação que talvez cause estranheza. progressão e oposição A idéia de progressão. no instante em que. a í. b) tempo posterior: depois que. à proporção que. muito antes que. p. 140..”). que (raro). verbete ao passo que). momento) em que.6. fomos tom ar a bênção ao santo Presépio. traduzse tam bém com o auxílio das chamadas conjunções proporcionais: à medi­ da que. primeiro que (raro no Português atual. etc. toda vez que. até quando. g) ações reiteradas ou habituais: cada vez que. todas as ve­ zes que.e.” Brandão. 1. que exprimem: a) tempo anterior: antes que. se desve­ lava Satanás pelo derribar” (idem.6. primeiro que m eta o pé na estrada.. /. logo que. enquanto. ou de sim ultaneidade na progressão. sempre que. até o dia (hora. mal. tempo a partir do qual se inicia a ação: desde que. durante o tem po em que.. senhores meus. “ao passo que ele subia. entre­ tanto. apud Brandão.. pois tempo é um a coi­ sa. se esquecerá de entrar em conta com as suas forças. c) tempo imediatamente posterior: logo que. etc. o exemplo de Rui Barbosa é conhecido: “Ninguém. p. e) tempo terminal ou final: até que.4 Partículas denotadoras de tempo As mais importantes dessas partículas são as conjunções e locuções conjuntivas. que em preenda uma jornada extraordinária. Em “ao passo que” palpita às vezes a idéia de oposição: “ao passo que ia durando e crescendo a guerra.5. prenúncio.. calendas. medição. por fim. m om entâneo. dentro em pouco. divisão do tempo: cronos.. cronometria.5 . trimestre.. bi­ mestre. pau­ sa. à medida que. tempos d’antanho.. in fin e... relógio. corre. proximamente. quanto mais (ou menos)”.. priscas eras. mais tarde. prem aturo. interregno. pretérito. ao mesmo tempo. coincidência.. indelével. curto. con­ tínua. “Quanto m e­ nos se pensa (tanto) mais se fala”. momento. longevo. imperecível.. era. rápido. neste instante. prim ordial. imorredouro... o dia de hoje. tem pos idos. futuram ente. outros tem pos. hodiernam ente. preliminar.. a seguir.. antecipadam ente. porvindouro. temporada. precedência. calendário.. lustro. Matusalém. Cronologia.6 . tanto maior (ou m enor)” acumulam as idéias de simultaneidade. Curta duração: tempo breve. progres­ são e oposição: “Quanto mais alto se sobe. transitório. mas não se deve prescindir do primeiro (quanto) sob pena de se adotar construção afrancesada.. triénio. Simultaneidade: durante. Intervalo: meio tempo. escoa-se. longo tempo. lapso de tempo. ao passo que.1 V o c a b u lá r io da á r e a s e m â n tic a de te m p o Tempo em geral: idade. “quanto maior. anais. ínterim... presto. século. já. este ano. ininterrupta. ano. milênio. coexistente. Sem­ pre. isocronismo. tríduo.. mês. tréguas. “tanto mais (ou menos). prazo. efêmero. porvir. interstício. minuto. subitaneidade.. Fluir do tempo: o tempo passa. outrora. ciclo.96 ♦ Co municação em Prosa M oderna Os pares correlatos “quanto mais (ou menos). até a consumação dos séculos.. infindável.. período. num abrir e fechar dfolhos. gêmeo. antigam ente. rapidez. em breve. entrem entes. instante. constante. folhinha.5 . voa. distante. centúria. 1 . Assim é considerado incorre­ to dizer: “mais estudo. antecedência. sucessivo.. foge. entreato. déca­ da. tempo infinito.. fase. ligeireza. prioritário. Antecipação: antes. em seguida. Posteridade: depois. ampulheta. coetâneo. simultâneo. Tempo futuro: am anhã. época. interino. iminente. enquanto. precário. em lugar de “quanto mais estudo (tanto) menos aprendo”. de afogadilho. provisório. biênio. pródromo. re­ lance. primeiro. permanente.. O segundo elemento da correlação (tan­ to) costuma vir omisso.. anterior. con­ temporâneo. primogênito. Perpetuidade: perenidade.. maior é a queda”. Tempo presente: atualidade.. prestes a. m odernam ente. posteriorm ente. duração eterna. duradouro. passageiro. véspera. macróbio.. instantaneidade. afinal. agora. interminável. clepsidra.. hora. qüinqüênio. tanto mais (ou m e­ nos)”.. menos aprendo”. semana. coisa ante- . Tempo passado: remoto. dia. coevo. póstumo. alm anaque. este século.. flui. eternidade. pressa.. Longa duração: largo. 1. “se me convidarem. costumeiro. esperança.. menos comum do que “se”. raro. Garcia ♦ 97 diluviana.. o verbo da oração por ela introduzida deve estar no presente do subjuntivo. “Se não me ouves. um a que outra vez. como que­ res entender-m e?”. quando se faz referência a fato que ainda não se verificou: “Irei. corriqueiro.. ocasionalmente. são tempos do infectam: “Se me convidassem. fato im inente ou fato atuante no m om ento em que se fala: “Se não me ouvem em silêncio... quase sempre subentendida. Infreqüência: raras vezes. ordinariamente. “Se não queres ir. inusitado.” “Contanto que”. se eu soubesse!. muitas vezes. quando o verbo da subordinada e o da principal estão em tem po perfectum.. repe­ tição.. Le. repetidam ente. contanto que me convidem” (“contanto que” sugere que a condição de ser convidado é in­ . raram ente.” “Se a gente não envelhecesse!.” “Se ele deixasse!. com freqüência. “Se não te acautelas.” A conjunção condicional típica é “se”. poucas vezes.6. iria”. tempo de am arrar cachorro com lingüiça.. de tempos em tempos. tempo de ação completa: “Se me tivessem convidado. de vez em quando. usual. b) um fa to cuja realização é possível. provável ou desejável. sobretudo quando a oração prin­ cipal encerra idéia dê ameaça. em que a oração principal. corres o risco de ferir-te”. ação term inada). Freqüência: constante. i... calo-me".O thon M. de vez em vez. pa­ rece dar à condição valor mais imperativo ou mais impositivo. Mas razões de or­ dem enfática podem levá-lo ao indicativo. do tem po do arroz com casca. imperfeito ou mais-que-perfeito). que exige o verbo quase sem­ pre subjuntivo (futuro. habitual.e. acidentalmente. irei”. perigo. nem sem ­ pre. tradicional..6 Condição As orações subordinadas condicionais mais comuns podem expressar: a) um fa to de realização impossível (hipótese irrealizável). pesar (geralmente em frase exclamativa e reticenciosa. amiúde... caso me convidem. teria ido” (o pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo — tivessem convidado — e o futuro do pretérito composto — teria ido — são tempos de ação completa. traduz um complexo de situações mais ou menos indefinível ou não claramente m entado): “Ah. A conjunção “caso” exige modo subjuntivo (presente ou pretérito): “Irei. c) desejo.. esporadicam ente. insólito. de quando em quando. quando o verbo da subordinada e o da principal exprimem ação incompleta. não vás”. pode sê-lo por outras formas: um sujeito “ninguém”. “porque me convidaram”. equivalente a “contanto que”. palavras em que entrem prefixos negati­ vos ou privativos (in-. des-) ou opositivos (contra-. im pedim ento. se estiver no indicativo.dispensável. dado que) m e convidem. elas passam a ter sentido causal: “Irei. mas pare­ ce tornar a condição mais imperiosa: “Não irei sem que m e convidem”.” As conjunções “uma vez que”. desde que (um a vez que. ou supostamente realizada. Compare-se: A f ir m a ç ã o n a s u b o r d i n a d a NEGAÇÃO NA PR IN C IPA L N ão ire i N in g u é m irá D e ix a re i d e ir A f i r m a ç ã o n a p r in c i p a l Irei Irei Irei a menos que. a não ser que seja impossível (pref. negativo). “Não teria ido sem que me tivessem convidado”. . A locução “com tal que”. a não ser que não me convidem. cessação. a não ser que seja convidado N e g a ç ã o n a s u b o r d in a d a 1 a menos que. a não ser que me impeçam (idéia de oposição ou obstáculo) a menos que. “dado que” equivalem a “contanto que” quando o verbo da oração que encabeçam está no subjuntivo: “Irei. “desde que” (esta. Mas a idéia de negação não precisa ser obrigatoriamente expressa pela partícula “não”. se se pensa no convite como fato possivelmente ocorrido).” Mas. ou ainda pela simples antinomia entre o verbo da principal e o da subordinada. a menos que. impossibili­ dade. no caso. um adjunto adverbial com preposição "sem”. A não ser que e a menos que ligam orações que se opõem pelo senti­ do: se uma é negativa. Neste sentido. a menos que. é mais imperiosa do que a conjunção “se” poderia denotar). “sem que” é sinônimo de “se não”. “nenhum ”. pode-se em pregar “a menos que”: “Não irei. é hoje desusada.. a outra será afirmativa. anti-). a não ser que me convidem.e. Se se trata de ação já realizada. oposição. desde que (uma vez que) me convidaram” — i. a não ser que convidem. pretérito perfeito ou mais-que-perfeito do sub­ juntivo: “Irei contanto que me tenham convidado. usada também como tem poral). a menos que me convidem” (ou “que me tenham convidado”. Com o valor negativo. verbos ou no­ mes que indiquem privação. a menos que. “nada”. o tempo deve ser do pevfectiwn. Garcia ♦ 99 A preposição “sem”. valor concessivo: “Irei sem convite” corresponde a “irei m es­ mo que não tenha (ou apesar de não ter) convite. neste caso. seguida por um infinitivo.6. indispensável) de ser convidado ou de rece­ ber convite. O adjunto adverbial de condição é norm alm ente introduzido pela preposição “sem”. Também a preposição acidental “mediante” pode introduzir um adjun­ to adverbial de condição. ausência de condição. uma idéia ou imagem quase sempre nos evoca outra que se lhe opõe ou se lhe assemelha. tem valor condicio­ nal negativo: “Não irei sem me convidarem” (i. No presente caso — “irei sem convite” —.U F P E Biblioteca C e n tr* O thon M. “sem que me convi­ dem”. É o caso.” Sendo ela afirm ativa. mas ir e não ser convidado opõem-se) se entrecruzam . Mesmo neste último exemplo. que se conciliam. a oração principal vem não rara­ m ente acompanhada de alguma partícula intensiva que revele ou sugira a idéia de condição exclusiva ou imperiosa: “Só irei mediante convite”.7. i. segun­ do parece.7. em comparações e metáforas. tanto na língua falada e popular quanto na li­ terária e culta. Certas épocas literárias chegaram mesmo a caracterizar-se pelo abuso no em prego dessa figura. só irei sob a condição (imperiosa. em bora não seja con­ vidado”.2 que elas são essenci­ alm ente opositivas). a locução em que entra o “sem” passa a ter. por exemplo. em que se subentende que “ser convidado” não constitui condi­ ção para ir.1 Antítese Antítese é uma figura de retórica que consiste em opor a um a idéia outra de sentido contrário. E um dos recursos de expressão mais em pre­ gados em todos os tempos.. 1. Cons­ titui por assim dizer uma operação normal do espírito estabelecer contras­ tes e analogias: os primeiros traduzem-se principalm ente em antíteses.6. ou “se não me convidarem”). não es­ tará mais viva a idéia de condição do que a de meio? 1. assim. as idéias de ausência de condição (o convite não é necessário. Sugere-se.e. Não será necessário acrescentar que a preposição “m ediante” entra muito freqüentemente nos adjuntos adverbiais de meio: “Só se acei­ tam reclamações mediante apresentação desta nota de venda” (note-se a presença da partícula intensiva “só”). do barroco ..6. e as segundas. Agora se pode com preender por que algumas gram áticas ensinam que as concessivas ex­ prim em ausência de condição (veremos em 1. quando a principal é negativa: “Não irei sem convite. mas.e. a condição de ser convidado é dispensável) e de oposição (ir e ser convidado são coisas que se ajustam .7 Oposição e concessão Por um a espécie de automatismo psíquico. se com ódio. diz o padre António Vieira que as onze em que as dividira Aristóteles £íreduzem-se a duas capi­ tais: am or e ódio” — e o grande orador sacro da literatura luso-brasileira prossegue. dos grandes filósofos. Courault. Se fosse homogênea. eles os que pintam ou despintam os objetos.. Eles são os que enfeitam ou descompõem.. o contorno. não poderia o homem captá-la. E por meio de oposições que ela dá realce aos objetos e nos faz sentir as coisas: o dia pela noite.. Só fazemos idéia do que é preto porque sabemos o que é branco. que abrangeu a parte final do século XVI e quase todo o XVII. há de ver que. assim se defendeu Victor Hugo: “A natureza procede por contrastes.. se com ódio.. eles os que fazem ou aniquilam. o calor pelo frio. Se um homem um pou­ co letrado se der ao trabalho de sondar a sua memória. o anjo é feio. Lope de Vega e o padre Antônio Vieira. a figura. os homens não poderiam conhecer nem avaliar as coi­ sas e sucessos deste m undo” (Marquês de Maricá).” (Tas de pierres. compreendê-la e senti-la em todas as suas dimensões. Se os olhos vêem com amor. a realidade. é o soneto de um autor quase desconhecido. sem outra distinção ou juízo que aborrecer e amar. op.). 196) Falando sobre as paixões do coração hum ano. O poeta. o demônio é formoso. esse pensador supremo. afinal. apud M. a pro­ porção. deve fazer como a natureza: proceder por contrastes. muito à vontade. dando e tirando a seu arbítrio a cor. A idéia de rapidez da lebre contrasta com a de lentidão da tartaruga. por ser múltipla. o gigante é pigmeu. nesse clima de ideias contrastantes: E estes dois afetos cegos são os dois pólos em que se resolve o mun­ do (. cujos vultos mais representativos foram — para não sair da literatu­ ra luso-espanhola — Luís de Gôngora. que. o corvo é branco. O apelo à antítese e às suas variantes (oxímoro e paradoxo) parece reflexo da própria realidade. Acusado de abusar de antíteses. de aí rebuscar tudo quanto se gravou atravcs da leitura dos grandes poetas. e até mesmo contradi­ tórias.. p. se resume num jogo de contrastes: “Sem os contrastes que a N atureza apresenta. Manuel pratique de l’écrire.. o pigmeu é gigante. em cinqüenta citações que lhe ocorram.. o relevo. as relações. se com amor. o cisne é negro. quarenta e nove pertencem ao que se convencionou chamar antítese. a medida e ainda o mesmo ser e substância.. dos grandes escritores.. é em si mesma contras­ tante. cit. Daí. 214) Todo ele constituído de metáforas antitéticas. tipicam ente barroco: . (“Sermão da quinta quarta-feira”. A imagem de anão opõe-se a de gigante. se com amor. Toda claridade projeta sombra. Tu­ do. apud Mário Gonçalves Viana.. p. se com ódio.100 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a ou gongorismo. além da oposição de sentido. O louvor acha incrédulos. Verdade que o engano contamina. Néctar suave em campo de veneno. mas os vícios dispendiosos. suficiência. Edifício caduco em vi] terreno. Triunfo do amor. Escura noite em lúcido sereno.1). muito contribui também para a expressividade. mais ou menos a mesma extensão ou número de sílabas nos dois termos antitéticos (rever 1. Se. Estrela errante em fementido norte. A maldade supõe deficiência. quer dizer. quan­ to m enor o número de palavras em que se traduz.4. a pobreza os enobrece. As virtudes são econômicas.5. nossa ruína. Os afortunados não sabem desculpar os desgraçados. os povos se levantam.6 e 1728). O paralelismo métrico ou isocronismo. troféu da morte É nossa vida vã. maior ain­ da é o efeito da antítese: A riqueza envilece os homens. . Berço trocado em tumba desde a infância. Sereia alegre em triste consonância. O Autor desse “divertimento” — Francisco de Vasconcelos — é um dos poetas incluídos na Fênix Renascida (coletânea constituída por cinco volumes e publicada entre 171.O t h o n M. há identidade de sons. a maledicência muitos crentes. Rosa murchada já no campo ameno. a bondade. Eça de Queirós m anipula com habilidade esse padrão de antítese: Quem f se mostra facilmente seduzido t facilmente se mostra sedutor. G a r c i a ♦ 101 Baixel de confusão em mares de ânsia. Riqueza falsa em venturosa mina. Quando os tiranos caem. A antítese é tanto mais expressiva quanto mais concisa. isto é. Viração lisonjeira em campo forte. Basta ler La Rochefoucauld ou o nosso Marquês de Maricá. Fraqueza sustentada em arrogância. como se pode observar na m aioria das máximas e provérbios. e) oração reduzida de gerúndio concessiva: Mesmo esforçando-se. d) oração concessiva intensiva: Por mais que (por muito que) se tenha es­ forçado.7. deli­ cioso sofrimento. posto que) se tenha esforçado. embora as orações adversativas e as concessivas constituam os torneios de frase mais comuns e mais adequados a isso.6. nada con­ seguiu. de Andrade. porém com estruturas mais flexíveis e variadas: Adeus: vamos para a frente. tais como: a) oração adversativa: Esforçou-se mas (porém. Rosa do povo) e se essa forma pura.. nada conseguiu. c) oração coordenada aditiva: Esforçou-se e nada conseguiu. .. nada conseguiu. doce tormento. recuando de olhos acesos. deleitavam-se com essas expressões contraditórias ou paradoxais. entretanto) nada conseguiu.Variante da antítese é o oxímoro ou oximóron. que de matar-me vivo”. degradando-se mais perfeita se eleva. pois os termos que o compõem não apenas con­ trastam mas também se contradizem: suave amargura. O célebre soneto cam oniano — “Amor é fogo que arde sem se ver” — é quase todo ele constituído por oxímoros.2 Estruturas sintáticas opositivas ou concessivas É claro que. nada conseguiu. pois atinge a tortura do embate. ainda que. “O medo”. do tipo “falo melhor quando em udeço. há outros modos de indicar oposição ou contraste entre idéias. b) oração concessiva (ou de oposição): Embora (se bem que. uma espécie de pa­ radoxo ou contradição. (íd. no arremate de uma exaustão suavíssima.. obscura claridade. dois verbos não antagônicos pelo sentido — “es­ forçar-se” e “conseguir” — mas capazes de expressar contraste. D. se nos ser­ vimos de construções sintáticas apropriadas. To­ memos. além da antítese. Claro enigma) 1. Também na poesia contemporânea se pratica o oxímoro. “Rapto”. para exemplificar. (C. assim como também todos os gongóricos do século XVII. f) oração reduzida de infinitivo concessiva: Apesar de (a despeito de) se ter esforçado. Camões e outros poetas do século XVI. seja lá o que for. empregássemos a tem ­ poral “quando”: O arrependimento. nada conseguiu. Subentenda-se também: O arrependimento. mas também nos enchem de preocupações constantes. em que pese a. aconteça o que acontecer. com que se indi­ ca igualm ente adição ou concomitância: Os filhos nos causam imensas alegrias. previne a reincidência. G a r c i a ♦ 103 g) adjunto adverbial de concessão (ou de oposição): Apesar do (não obstan­ te o) esforço. que é do Marquês de Maricá. custe o que custar.O t h o n m. A frase. fatores ou atributos que se opõem. Rio. etc. poderia traduzir mais ou me­ nos a mesma idéia. nos enchem de preocupações constantes. quando não repara o feito. 32 O pensam ento concessivo pode ser expresso também por meio de locuções do tipo haja o que houver. Consulte-se BECHARA. Estudos sobre os meios de expressão do p en ­ samento concessivo em Português. embora não repare o feito. debalde): nada conse• 32 guiu. dê no que der. Para expressar concomitância de ações. 1954. . Às vezes. previne a reincidência. previne a reincidência. por outro. se. em vez da condicional “se”. até mesmo um a subordinada condicional ou uma subordi­ nada tem poral podem sugerir idéia de oposição: O arrependimento. seja como for. se não repara o feito. os filhos nos causam imensas alegrias. freqüentem ente nos servimos de uma construção paralelística em que entram a conjunção “se” e os adjuntos adverbiais “por um lado” (na oração subordinada introduzida pelo “se”) e “por outro” (na principal): Se. A mesma coisa se poderia dizer com duas orações coordenadas pela conjunção “mas” acom panhada pela partícula “tam bém ”. por um lado. h) oração justaposta (geralmente reforçada por um a partícula intensiva e esclarecedora): Esforçou-se em vão (inutilm ente. Convém lembrar. ânimo hostil. ai ção a. rivaZidade. sendo a idéia de oposição decorrente do teor das orações por ele interligadas. os sábios. de passagem. impedimento. por vaidade ou presunção. falam muito do que ig­ noram. não apenas os objeto diferentes.6. contra. p. reagir. mas que os prim eiros fazem o contrá­ rio do que fazem os segundos. na sua maioi adjetivos: contrário. enfrentar. competição. senão. que esse par correlato pode indicar apenas concomitância ou adição. coi propriamente dita. não < muito pelo contrário. coi or. em sentido figurado ou não. teimosia. quase sempre a frase se desdobra num par correlato. a- 1. podem in­ dicar oposição ou contraste.7. n de outros. mesmo assim (= n prefixos latinos: contracal nominal).. por modéstia. z) c) d) e) í) g) a) relutância. c que.. falam muito do que ignoram. não obí conjunções subordinativas ainda que. cognatos dos ve preposições. Perce naturalm ente a estabelecei Comparam-se qualid a lebre. agiu como um tolo) as Alguns autores. Pode-se traduzir o mesmo pensamento opositivo. concorrência. 33 Étude sur la m étaphore. opo outros. obst presa. “não som ente”. quase sempre consistem no em prego de palavras antinômicas ou de partículas opositivas. competição) e outras que encerram a idéia geral de “obstáculo”: Mas a realidade nã< é por semelhanças. substituindo-se “ao passo que” por “enquanto” (conjunção dita temporal ou concomitante): Enquanto os tolos e néscios. pois nela não se insinua que os tolos e néscios falam na mesma proporção ou medida em que os sábios se calam. que. inclusive algumas de tonalidade afetiva (co­ mo hostilidade. objeção. pear.. verbos: defrontar-se con a. 1. polarização. às avessa conjunções adversativas: entanto. e a de “ao passo que” a ela se pospõe.8 Comparação Palavras ou expressões que. mas tam bém < do atributo que se quer i símile se distingue da sii a) substantivos: antagonismo. por modéstia. hostilidade. antípoda. nessas estruturas paralelas de sentido opositivo. “não ape­ nas”: Os filhos não só nos causam imensas alegrias mas também nos en­ chem de preocupações constantes. travar. animosidade. calam o muito que sabem. frear. por vaidade ou presunção. re­ sistência.3 Vocabulário da área semântica de oposição . a com forte como o pai” —. Nessa frase parece predom inar claramente a idéia de oposição. reação. com a anteposição de “não só”. classificada nas gramáticas como pro­ porcional (equivalente a “à proporção que” ou “à m edida que”) tam bém se sobrecarrega freqüentemente de função opositiva: Os tolos e néscios. em tar. É desnecessário relem brar que. antipatia. ao passo que os sábios. como se deve ter notado nas duas versões. A conjunção “ao passo que”. há ou­ tros modos de indicar oposição. entretanto.No caso de “mas também”. tendência contrária. em ao mesmo nível de refer ta. a oração de “enquanto” geralmente se antepõe à principal. entretanto. que. locuções pre sem embargo de. além dessas estruturas típicas. forte como um toi tos. posto que.6. prefixos gregos: and-. calam o muito que sabem. riv tradição. ações 0corre como a k ba. 14 Observe-se. um a hi- 33 Étude sur la mêtaphore. enquanto. em que pese a. travar. obstar. locuções prepositivas e adverbiais: apesar de. oposto. im pedim ento. entretanto. ainda que.O t h o n b) c) d) e) f) g) h) M. empecer. con­ tradição. ser contrário a. como Hedwig Konrad33 distinguem a comparação propriamente dita. verbos: defrontar-se com. conjunções subordinativas. a com paração estritam ente gram atical — “ele é (tão) forte como o pai” — . Perceber semelhanças entre coisas. m uralha.8 Comparação e símile Mas a realidade não é constituída apenas por contrastes. . Alguns autores. estourou como um a bom­ ba. obje­ tar. preposições. des-. mesmo que. refrear. contrariedade. acontecimen­ tos. ao contrário. in. idéias leva naturalm ente a estabelecer comparações ou analogias. não obstante. da comparação metafórica ou símile.. se bem que. agiu como um tolo) assim como se comparam situações mais complexas. não apenas os objetos com parados pertencem a níveis de referência diferentes. adjetivos: contrário..(seguido de radi­ cal nominal).(também preposição). na sua maioria cognatos dos substantivos de igual sentido. às avessas. ir de encontro a. enfrentar. muito pelo contrário. contra.6. pirraça. objeção. obstáculo. todavia. também o é por semelhanças.. re­ presa. na sua maioria concessivas: embora. impedir. teimosia. rápido como a lebre. contratempo. 110 entanto. força m ai­ or. rivalidade. oponente. fenômenos. reagir. G a r c i a ♦ 105 relutância. empecilho. m as tam bém o segundo deles é o representante por excelência do atributo que se quer ressaltar no primeiro.. não obstante (que também funciona como preposição). cognatos dos verbos ou substantivos da m esm a área semântica.. frear. p. em que os objetos ou seres com parados pertencem ao mesmo nível de referência. contudo. conquanto. contraposição. relutante — além de outros. queima como fogo. antes pelo contrário. Comparam-se qualidades isoladas (negro como 0 carvão. mesmo assim (= mesmo que seja assim). antagônico. seres.. sofrear. ações (corre como a lebre. senão. 149-50. óbice. emulação. antípoda. muito embora. a despeito de. contrapeso. posto que. em oposi­ ção a. malgrado. forte como um touro). 0 que perm ite dizer que o símile se distingue da simples com paração por ser um exagero. opor-se a. embargar. conjunções adversativas: mas. porém. 1. Nes­ ta. pear. trincheira. sem em bargo de. contrapor-se a — além de outros. ao passo que. comparam-se fatos. prefixos latinos: contra. pelo contrário. fazer frente a. prefixos gregos: anti-f a-t an-. estorvar. em contraste com. A idéia nova e desconhecida que o emissor quer transm itir — a força de Fulano — pode ser mais facilmente. Teoria da metáfora & re­ nascença da poesia americana. em virtude de qualç traço característico de A de B. p. da qual resulta a met sim. As se a. até certo ponto. seus lábios entremostr Do ponto de vista «m a comparação implícití parativas (como. 1. visa. o prazer estéti­ co da caracterização pitoresca constituem as motivações da m etáfora (ver 2. set. suas l — o comparado (a coisa sos. 150. 1. ainda. pelo mesmo process são um colar de pérolas. a realidade concreta ofere­ ce uma variedade quase infinita de coisas e seres capazes de traduzir.106 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a pérbole:34 Fulano é forte corno um touro (exagera-se a força de Fulano ao se com pará-la com a do touro). É conhecida a senten­ ça de Locke: “Nihil in intellectu quod prius non fuerit in sensu” (nada nos chega ao espírito sem ter sido antes apreendido pelos sentidos). Revista de Cultura Vozes. Na declaração “Fulano é muito forte”. 2. se expressa através de uma compa­ ração com outra mais conhecida. a pobreza relativa do vocabulário disponível em contraste com a riqueza e a numerosidade das idéias a transm itir e. n0 7. Por isso. sobretudo. Voc. mais concretam ente apreendida no seu exato matiz. mais compreensível uma idéia nova. que pressupõe a existência de semelhanças em qualquer grau.. m ediante o cotejo ou confronto com outra mais conhecida. a tom ar mais clara. mais sensível. 21-8. comparações) de referências aos objetos das nossas percepções sensíveis. idéias gerais e abstratas. dão a impressão de) Poderíamos figurar R s de igual diâmetro. Oswaldino. afirms Hermann Paul. 1970. $ nos muito brancos. por particularização e concretização (ou concretude). Todo processo de comparação metafórica (ou símile). a indigência verbal para exprimir com exatidão e clareza todos os possíveis matizes de idéias ou sentimentos. feita a exclusão de terização do termo própr ção nos ensinam que os c te primacial das nossas ii tos traços distintos. tanto mais clara se tom a (ver 2. pois um a das deficiências do espírito hum ano está na sua incapacidade de abstração absoluta. concreta. A predom inante a sua cor \ com essa mesma tonalide ca. semelh oan equivalente desses. Ver também MARQUES. a incapacidade de abstração. Ora. . apud BÜHLE . Hermann.” A comparação supre assim. tal qual «erbo seja parecei.. cuja caracterís­ tica predominante ou atributo por excelência se evidencie de m aneira osten­ siva. acima tra Em síntese — didá de significação (tropo) q ÍB). 33.6.4). Quan­ to mais concreta e objetiva é a nossa linguagem. Muito forte é abstração: forte como um touro é concreção. * Relembre-se o leitor do teor do último parágrafo da “Adverrêncio". como tambt ce. a idéia de força raia pela abstração: há mil coisas fortes assim como há mil graus de força ou fortaleza. na incapacidade de isolar conceitos ou conceber idéias desgarradas de todo contato com o mundo objetivo. especialmente sobre o símile.0). a insuficiência de pala­ vras. mais evidente — a força do touro: “Fula­ no é forte como um touro. como nos exemplos se apenas o termo compai za (ou pura.1 Metáfora* A existência de similitudes no mundo objetivo. tanto mais precisa. Voc. p. p. suj PAUL. e. procuram os sempre traduzir noções ou conceitos abstratos por meio (exemplos. •i4 tfíude 5ur la m étaphore . desconhecida do receptor.8. o excelente estudo de Eliane Zagury — Estrutura e tipologia do símile em Histórias de Alexandre — publ.rv ju ic id iu rd e u m nominações de complex ainda designações adeqi em que ocorre tal neces denominação já existent uma expressão metafóric rsL na medida em que el círculos de representaçõe distante da compreensão por meio de algo mais p: Isso quer dizer qut lança mão por falta de o cerização pitoresca. em essência. Hermann. trad. Assim “seus olhos são como (parecem. tal como) ou não estruturada num a frase cujo verbo seja parecer. de B. uma com paração implícita. assemelhamse a. Teorfa dei lenguaje. atributo por excelência. semelhar. esp. da qual resulta a metáfora: seus olhos (A) são duas esmeraldas (B). pode-se definir a metáfora como a figura de significação (tropo) que consiste em dizer que uma coisa (A) é outra (B). comentando o conceito expresso por Hermann Paul. trata-se de m etáfora in absentia (ou pura.. isto é. Karl. G a r c i a ♦ 107 “A m etáfora é um dos meios mais im portantes para a criação de de­ nominações de complexos de representações para os quais não existem ainda designações adequadas. a m etáfora é. tal qual.. Mesmo quando se dispõe de uma denominação já existente.U F P E Biblioteca C e n u O t h o n m. se apenas o termo com parante está explícito. contas de um rosário. apud BÜHLER. O que está mais distante da compreensão e do interesse torna-se mais intuitivo e familiar por meio de algo mais próximo. um impulso interior incita a preferência por uma expressão metafórica (. feita a exclusão de outros. Se os dois termos — o com parado (a coisa A) e o comparante (a coisa B) — estão expres­ sos. na medida em que ela é natural e popular. seres. duas pétalas de rosa. Mas sua aplicação não se limita aos casos ±m que ocorre tal necessidade externa. Em síntese — didática —. dar a impressão de ou um equivalente desses. superpostos de tal maneira que a área de um não 35 PAUL. como também se diz): duas esmeraldas cintilavam-lhe na fa­ ce. coisas presentes na natureza — fon­ te primacial das nossas impressões — impõem-se-nos aos sentidos por cer­ ros traços distintos. As­ sim. de brilho muito particular. acima transcrito. suas lágrimas. afirma Karl Bíihler. recorre-se em geral àqueles drculos de representações que estão mais vivos na alma. seus lábios entrem ostravam um colar de pérolas. como nos exemplos precedentes. suas mãos. destituída de partículas conectivas com­ parativas (como. em virtude de qualquer semelhança percebida pelo espírito entre um traço característico de A e o atributo predominante. diz-se que é m etáfora in praeseníia. a experiência e o espírito de observa­ ção nos ensinam que os objetos. assemelhar-se. 388. p. seus lábios. para a criação da metáfo­ ra.. uns olhos com essa mesma tonalidade podem levar a uma associação por sem elhan­ ça. dois lí­ rios muito brancos.) É evidente que. Do ponto de vista puramente formal. Poderíamos figurar o processo metafórico como dois círculos secan­ tes de igual diâmetro. pelo mesmo processo e com motivação idêntica. .”35 Isso quer dizer que a m etáfora é não apenas um recurso de que se lança mão por falta de expressão adequada mas também um meio de carac­ terização pitoresca. sugerir. Então. A pedra preciosa “esmeralda” tem como atributo predom inante a sua cor verde. secundários por não convenientes à carac­ terização do termo próprio A. dão a impressão de) duas esmeraldas” é uma comparação ou símile. dir-se-á: seus dentes são um colar de pérolas. Ora. 1. tanto mais expressiva. o plano real. Também trvos.. i Embora predomine freqüentes também as qui colípticas. a idéia nova a ser expressa ou definida.C írc u lo Zona Plano imaginário: leão ensangüentado (B) Área de semelhança en­ tre os dois planos (A é B) som breada A cor averm elhada das labaredas e a idéia de ímpeto destruidor e mortífero.108 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a cubra inteiram ente a do outro. . o segundo. cicia Alguns autores. apud Ernesto da Cal. admitem metaforiza adversário reagiu leoninan Tacnre o aro de ouro dos í r ó .C írc u lo C ír c u l o s Plano real (A): idéia ou coisa a ser de­ finida ou expressa. Pode-se. a ima­ gem de leão (ímpeto destruidor e mortífero) ruivo (averm elhado) ensan­ güentado (violência. üaãs com núcleo substant s s . a "idóia ori­ g in ar. cc m em a do term o com pa m as idênticos: cor aver das chamas. sugeriram ao poeta. p. [incêndio) Exemplifiquemos com um verso de Castro Alves: Incêndio — leão ruivo. 392). Segundo a terminologia adotada por I. roçando o chão. aquela em que a imaginação do emissor percebeu alguma relação ou semelhança com a coisa A: i: l e C ír c u l o 2 . a coisa B. en o term o com parante (“1 sem a ou mais de um sei Cdo. p. o plano imaginário ou poético. mesmo assim.1.. 129.. O primeiro círculo representa o plano real. proféticas. ensangüentado. morte). tanto mais congruente é a m etáfora. con 5?ra estética (outros prefei " fe 5. Normalmente.36 36 Essa figuração em círculos secantes inspira-se nos "filtros duplos" imaginados por K. Bühler (op. o te dio) e o de sentido meta ensangüentado) pertencer e. cít... as artes florescem violões choram). p. Quanto m aior essa área de seme­ lhança. o ten os semas (S) — cultural te denotativa (animal. A zona sombreada figu­ ra a relação de seme­ lhança entre os dois pla­ nos. Plano imaginário (B): a outra idéia ou coisa em que a imaginação percebe alguma relação ou seme­ lhança com a do plano real. vida t —jjrria. Cachoeira de Paulo Afonso) 2. quer dizer a coisa A. 96).. sapato chocolate... The philosophy o f rhetoric .. (“A queimada”. Op. isto é. A. seca n tes à organização sêmica d unidades mínimas de s d á o siginificado da palí m a “leão”. Ord. Richards. aquilo a que algo é comparado. dia sonolento.. voz c Í25. cít. destruição. parecem pies mudança de função i de certos substantivos em feno/yd. evocaram-lhe. nota 7. mortífero.. implícita em incêndio. e o plano imaginário.3. constitui o veículo (cf. isto é. i destruição.. "aquilo de que se está realmente falando” é o teor (tenor). . destruição) (leão) Normalmente. destruição. encerra.... nota 7.. Pode-se. mamífero.. sim­ ples mudança de função imposta pelo contexto.. horas moribun­ das. cor avermelhada. Também os advérbios em -mente.) — impeto.. ino­ 37 Ver 5....... blusa laranja. parecem constituir antes simples mecanismo gramatical.37 Assim. como é o caso..nariz em cuja ponta repoisava pedagogica­ mente o aro de ouro dos seus óculos burocráticos" (exemplo de Eça de Quei­ rós... Cdo) um sema ou mais de um sema comum. 38 Op. tumular. o termo comparante (Cte) “leão”....... o processo metafórico diz respeito à organização sêmica da mensagem.. G a r c i a ♦ 109 À luz da semântica estruturalista. 1......... ímpeto. cicia em prece” (Olavo Bilac.... silêncio sepulcral... cit. morte.S .. A tarde). ímpeto das chamas.... destruição. op. incên­ dio) e o de sentido metafórico (B = esmeraldas. 174)..... ferocidade.. sapato chocolate.. além dos de ordem puram en­ te denotativa (animal.... compõe-se de unidades mínimas de sentido (semas).. as artes florescem.... há entre o term o com parante (“leão”. mesmo assim. dizer que.. apo­ calípticas.38 costumam distinguir a m etá­ fora estética (outros preferem dizer estilística).. entre outros...... cit. ou lexema. de certos substantivos empregados com função adjetiva: vestido creme. o regato murmura. são freqüentes também as que se fazem com adjetivos (palavras torrenciais.. roçando o chão... os semas (S) — culturalizados e codificados..... o termo de sentido próprio (A = olhos... por se derivarem de adje­ tivos... o que se pode assim esquematizar: Cdo.... o conjunto dessas unidades é que dá o siginificado da palavra (semema)... proféticas. Cte (incêndio) (mortífero... Cte) e o comparado (“incêndio”... que é a criação pessoal. .. dia sonolento.. mortífero.. por exemplo. É evidente que as locuções adver­ biais com núcleo substantivo podem ser igualmente metaforizadas: “A nebli­ na...O t h o n M... quadrúpede. “. o semema do term o comparado (Cdo) “incêndio” encerra tam bém alguns se­ mas idênticos: cor avermelhada das labaredas.... saia balão.... isto é. então..1....... Ord. Embora predominem as metáforas constituídas por substantivos. o semema “leão”. chapéu-coco... apud Ernesto da Cal. p.. crime monstro.... cor averm elhada (juba ruiva). A palavra.. no caso em pauta. pétalas de rosa..... vida tempestuosa) ou com verbos (o dia nasce. voz cristalina.. p. admitem metaforização: o hóspede atirou-se caninamente ao assado.. num processo metafórico... “Vila Rica”.. o adversário reagiu leoninamente... a tarde morria. etc.. como Hedwig Konrad. leão ruivo ensangüentado) pertencem à mesma classe de palavras: as exceções são raras e.... lábios. Alguns autores. os violões choram). Por outro lado. 129.3. as ondas beijam a praia...... 1 METÁFORA E IMAGEM Em psicologia. Em semiologia e comunicação. aquela que. como léxico. se torna forçada e. será válido dizer que a imagem a) é uma representação (reconstituição. verbete image. John Middleton. Como se vê. 1. se da (B) e /o u resulta de que se tem é um a catc fundam ento e o proces: da metáfora: ambas se rença entre ambas resic der o sentido de uma j de ser sentida com met Se não se dispõe de as colunas que suste gismo ou aproveitar p como a perna ou o pé q (ou pé) da mesa. é a “representação concreta que serve para ilustrar uma idéia abstrata”. 98-9.) é seu caráter de evento mental peculiarm ente relacionado com um sensação”. não inclui nem exclui a possibilidade de imagem abran­ ger ou não abranger a metáfora e o símile. Oswaldino. acaba estio­ lada como patrimônio de todos. semelhante. p. gustativa.ouis Schefer. “até certo ponto”).40 por exemplo. enfim. cit. 18 c 22.8. e m etáfora e símile. 27. espalhar dinheiro I m ar (m ar não é terra azul). tátil ou. da metáfora lingüística. C. 219). por outro. por inópia verbal. do qual se representa a 1. op. como vocábulo dicioiiarizado. p. que . p. para pôr em relevo a identidade fun­ dam ental entre aqueles dois tropos.39 Em teoria literária.42 “a imagem poética é mais ou menos uma representação sensorial.6. C. I. sacar dinheiro d< cabeça (cabeça não é < m ento cortante para se bico da pena. traduzida em palavras até certo ponto metafóricas”. 1. Comm unications. Paul Reverdy. “L’image: le sens ’in­ vesti’”. na realidade. 41 Collected essays literary criticism.1. Day Lewis. nB 15. a palavra imagem designa toda representação ou re­ constituição m ental de uma vivência sensorial que tanto pode ser visual — caso mais comum — quanto auditiva. Vocafeuíaíre technique et critique de la philosophie. É a m etáfora iístico.8. é freqüente o uso dessa palavra com um sentido equivalente ao de metáfo­ ra ou de símile. 44 “A imagem é a persistência do que desapareceu” (Jean-I.3 Catacrese Além da metáfoi tipo muito comum: o c clichês metafóricos. 1.6. reprodução) mental de resíduos44 39 Cf. 227. Day Lewis. e b) pode assun mesmo.2). esses dois autores se mostram imprecisos na conceituação de imagem (“é mais ou menos”. de sensações ou impre visuais. Essa é outra conceituação puram ente psicológica que. 1 diz que a imagem “é pura criação m ental” e “não pode emergir de uma comparação mas apenas da associa­ ção entre duas realidades mais ou menos distantes. Assin um a agulha na pele (p< co). mesmo. Warren e outros — têm tentado estabelecer diferença entre imagem. 119. citado por H. pois. é p pregamos — a palavra são de contextura met.” Para C.. a distinção é antes psicológica do que propriamente for­ mal. 1970.6. de outros tropi or ou m enor rigor. 42 Poetic image. 43 Principles o f literary criticism. Mas vários autores — como Herbert Read. necessariamente. Da palavra assim empregada nem sempre se tem viva consciência de que é o resultado de um processo metafórico (ver Catacrese. LALANDIL André. p.8. Wellek. instaurando-se na língua.8. folha de : A catacrese é. apud MARQUES. julga preferível seu em ­ prego com esse sentido abrangente. Read.2 Catacrese Quando a transh lógico de metáfora) do tra (B). olfativa. por um la­ do.. p já não se sente nenhui toresca. tentativa. 40 Shakespeare criticism. ao que nos parece. p. Em face da opinião desses autores.. estilisticamente individualizada. totalm ente psicológica. A. p.6. Richards43 preceitua que “aquilo que confere eficácia a um a imagem (. que o espírito r guas.vadora. infrutífera. associativa. O fundam ento e o processo de formação dessa figura (tropo) são os mesmos da m etáfora: ambas se baseiam num a relação de similaridade. sacar dinheiro do banco (banco não é saco).2 Catacrese Q uando a translado (transferência ou transposição.6.O t h o n M.. A catacrese é. associando-as a outras. deixa de ser sentida com metáfora.6. Se não se dispõe de palavra própria para designar com exclusivida­ de as colunas que sustentam o tampo da mesa.. Faz-se ainda catacrese quando se diz bico da pena. 1.. similares ou contí­ guas. braço da cadeira. através do qual se representa a realidade de maneira transfigurada.. É a m etáfora tornada hábito lingüístico. já fora do âm bito esti­ lístico. que fazer? Criar um neolo­ gismo ou aproveitar palavra já existente que designe coisa semelhante. folha de zinco. mesmo. o avião aterrissou em altomar (m ar não é terra) o azulejo é branco (azulejo deveria ser sempre azul). de criação individual e pi­ toresca. como a perna ou o pé que sustentam o corpo humano. semelhante. de papel. de outros tropos (metonímia. em que já não se sente nenhum vestígio de inovação. embarcar no trem (trem não é bar­ co). encaixar um a idéia na cabeça (cabeça não é caixa). analógica. revivificadora da linguagem. Assim. faz-se catacrese quando se diz: enterrar um a agulha na pele (pele não é terra). alegoria. mas a dife­ rença entre ambas reside ainda no fato de que a catacrese. com mai­ or ou m enor rigor. e b) pode assumir a forma de um a m etáfora ou de um símile e.8. há outro tipo muito comum: o das metáforas naturais da língua corrente. além de esten­ der o sentido de uma palavra além do seu âmbito estrito e habitual. significa “abuso”).8. uma espécie de m etáfora morta. símbolo). Assim também. em geral. é perfeitam ente cabível em pregar — e geralmente em ­ pregam os — a palavra imagem para designar qualquer recurso de expres­ são de contextura metafórica. se impõe por não existir term o próprio para a segun­ da (B) e /o u resulta de um abuso no emprego da palavra “transferida”. dado o seu uso corrente. espalhar dinheiro (dinheiro não é palha). portanto. que o espírito reelabora. clichês metafóricos. que podem ser ou não ser catacreses. G a r c i a ♦ 111 de sensações ou impressões predom inantem ente mas não exclusivamente visuais. etimologicamente. Comuns e nume- . 1. sentido etimo­ lógico de metáfora) do nome de uma coisa (A) para com ele designar ou­ tra (B). daí a catacrese perna (ou pé) da mesa. amolar a paciência (paciência não é instru­ mento cortante para ser amolado). o que se tem é uma catacrese (que. comparativa.3 Catacrese e metáforas naturais da língua corrente Além da metáfora estética. um cão. “trave” está por defeito que não percebemos em nós mes­ mos. o cliché 'série usual” ou “unidade fi 1.6. silencie vera da vida.. tronco familiar. mais urna pág Muitas vezes. a do bom Samaritano. acidentes geográficos: aurora. fruto da im­ previdência. tempestade de injúrias. a do joio entre o trigo. dente de alho. uma fera. pomo da discórdia. Chama-se “corpo” da parábola a narrativa imaginada. Garcia.. barriga da perna. um quadrúpede. ramo das ciências. ventre da terra. a da palha e da trave. 1. pé de árvore.\ 112 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a \ M o d e r n a rosas em todas as línguas.8. coração da floresta. cuja característica é camuflar « m entendê-las (e não outros. ao passo que a lição moral que dela se tira é a sua “alma”. objetos e utensílios da vida cotidiana: tapete de relva. Formam-se geralm ente com nomes de: O “corpo” dessa par a trave e o olho: sua “aln em “olha primeiro o teu < m oderna. dilúvio de impropérios. a do juiz iníquo. ditados. olho d’água. lei­ to de um rio. (Mateus. Fala-se por parábolas. berço da nacionalidade. costa(s) do Brasil (litoral).8..6. “onde a porca torce o rabo" ■lisa d e onze varas”. seu am biente e seu cotidiano. explosão de sentimentos. torrente de paixões. quando os elementos de uma ação se referem ao mesmo tempo a outra série de fatos e objetos. um a raposa.. mão de direção. maçã do rosto. monte. I São José.5 Animismo ou Há uma infinidade c tam ações. (ver 10..8.. — coisas. — vegetais: este menino é uma flor. tendo tu uma trave no teu? Hipócrita: tira primeiro a trave do teu olho. É uma espécie de alegoria que sugere por analogia ou semelhança uma conclusão moral ou uma regra de conduta em determ inado caso. língua de fogo (labareda). braço de rio. a filosofia e os costumes popul weitosso o livro de João Ribeiro. arvorezinha árvores “mamam luz escom 1.. Ex. absurdos. e então tratarás de tirar a palha do olho do teu irmão. 209 a 217 e 508 a 509). laços matrimoniais. ocaso da vida.). 3-5) 45 Cf. — animais: esta mulher é uma víbora.4 Parábola A parábola é também uma forma de comparação (para os antigos retóricos. e outras. — fenômenos físicos. vale de lágrimas. perde gum e um a faca muito usac riza o estilo vulgar o medíc nação: a estrada serpenteia jante. prima­ vera.. como fez Jesus. roda da vida. cabeça do prego. pé da mesa. abrasileirada. cabelo do milho. VII. príi t . esses termos eram até sinônimos). elas têm como fontes geradoras o próprio ho­ mem. atitudes ou sent res ou coisas inanimadas: o so. Na parábola que transcreve­ mos a seguir.. espelho da alma (olhos). uma águia. ele é um touro. rifões) de gen ■tos”. luar prateado.. O poema brasílico ( metáforas desse tipo: “um “os rios vão carregando as órfãs fugindo”. raízes da nacionalida­ de. “cavalo de bí ce tras expressões populares de ori n a . e não vês a trave no teu? Ou como ousas dizer a teu irmão: Deixa que eu tire a palha do teu olho. ondas raivosas. cortina de fu­ maça. dia trisa çào. Cobra Norat * 46 Não se deve confundir o clichê ou “a Lua é a rainha da noite”) e flocuções. miolo da questão.. Muitas expressões de gír 1 já que quase todas têm sentido fig preendido pelos membros do grup res. asneiras. montanha de (papéis. uma piranha. Othon M. aspectos da natureza. árvore genealógica.. As parábolas mais conhecidas são as do Evangelho: a do filho pródigo...6. e “palha” por aquele que estamos sempre apontando nos outros: Como vês a palha no olho do teu irmão.6 Clichês Quando a metáfora j como que em botada. iss rabo do vizinho” — que é — partes do corpo humano (catacreses na sua maioria): boca do túnel. Othon M. de forma que só os "iniciados” pos­ sam entendê-las (e não outros. abrasileirada. ditados. E uma espécie de “animismo” ou personifica­ ção. a trave e o olho: sua “alm a” é a regra de conduta. mas aplicadas a se­ res ou coisas inanimadas: o Sol nasce.. o mar sussura..8. brisa rumorejante. .. já que quase todas têm sentido figurado. luar prateado. 45 Cf. 44. “falar com o seus botões”. as árvores “mam am luz escorrendo das folhas” e “nuas tomam banho”. rifões) de genuíno sabor popular e tradicional. do tipo "alhos e buga­ lhos”.8. isso significa: “macaco. silêncio sepulcral. Numa versão moderna. o dia morre. p. Cobra Norato. Surge então o clichê metafórico. mais uma página da vida. olha o teu rabo e deixa o rabo do vizinho” — que é também uma parábola.5 Animismo ou personificação Há uma infinidade de metáforas constituídas por palavras que deno­ tam ações. a polícia. Garcia. “coisas do arco-da-velha".. aurora da vida. dia triste.I U F P E Biblioteca C en t O t h o n m. principalmente. "cavalo de batalha”. flor dos anos.e. que caracte­ riza o estilo vulgar o medíocre dos principiantes ou dos autores sem imagi­ nação: a estrada serpenteia pela planície. Frases feitas. está repleto de metáforas desse tipo: “um riozinho vai para a escola estudando geografia”. o clichê não tem estrutura metafórica:46 é um a simples “série usual” ou “unidade fraseológica” — como diz Rodrigues Lapa — i. É o caso da gíria dos malfeito­ res. cuja característica é camuflar o verdadeiro senticlo. “águas assustadas”. 46 Não se deve confundir o clichê metafórico (metáfora surrada do tipo “o Sol é o astro-rei" ou "a Lua é a rainha da noite”) e o fraseológico (do tipo ‘Virtuoso prelado”) com a fi'ase-feita (locuções. às vezes até mesmo sibilino ou hermético. perde a sua vivacidade expressiva tal como perde o gume um a faca muito usada. de Raul Bopp. a filosofia e os costumes populares.. 1. "onde a porca torce o rabo”. “os rios vão carregando as queixas do caminho”. prim a­ vera da vida. mar furio­ so.6 Clichês Quando a m etáfora se estereotipa..6. de que existe uma edição recente da Livraria São José.). O leitor curioso há de achar interessante e muito proveitosso o livro de João Ribeiro. ondas raivosas.45 1. G a r c i a ♦ 113 O “corpo” dessa parábola é a narrativa cujos elementos são a palha. que se pode traduzir em “olha primeiro o teu defeito. e aponta depois o alheio”. arvorezinhas “bocejam sonolentas” e “grávidas cochilam”.. "ca­ misa de onze varas”. Muitas expressões de gíria poderiam ser igualmente incluídas na área da metáfora. onde se arrolam outros exemplos. O poem a brasílico Cobra Norato. "cobras e lagartos”. "fôlego de sete gatos” e muitas outras expressões populares cle origem desconhecida ou hermética. o mar beija a areia. Muitas vezes. “águas órfãs fugindo”. et por cause. acaba como que em botada.6. se vulgariza ou envelhece. só com­ preendido pelos membros do grupo social em que circulam. o poema e o mito. em que se refletem a al­ ma. atitudes ou sentimentos próprios do homem. foi um ano triste (i ram tristes). Há sinestesia. f dorm ia. Outros ainda só vêem em ambas relação de contigüidade. na realida­ de.. ao passo que esperança e decepção são sentimentos. esposa dedicada.. todo o mundo mundo. pois o sentido por que é percebida pertence a outra área. Mas há outra mais recente. e na sinédoque. sombra macia (118). as cores do meu desejo (95). amarga decepção. na sinédoque. §§82-85. a esse tipo de relações. balanço doce e mole das suas tetas (63).6.7 Sinestesia Nos dois primeiros exemplos (doce esperança e amarga decepção) há vestígios de um a variedade de metáfora que recebe o nom e de sinestesia. por isso. Lisboa). como é o caso da metáfora. j leza. não comparativa. sino toca fino (27). não pode ter senão figuradamente.6.: po.47 1.. eminente deputado. vol. II — do nom e de divindac atributos: Marte = guerra.8. e a si sentido normal de uma p..8 Metonímia e sinédoque Duas outras figuras de significação (ou de pensamento) são a metonímia e a sinédoque. Rio. Cupido = amor. séculos cheiram a mofo (20). A poesia de Carlos Drummond de Andrade oferece um a in­ finidade de sinestesias singularíssimas.10 — IV — do continente pelo cc caixa de bombons.8 . e o conteúdo. por­ tanto. pai extremo­ so. constituído quase sempre por um substantivo mais um adjetivo: doce esperança. A primeira edição (Seara Nova. Livraria José Olímpio Editora. A sinestesia consiste em atribuir a um a coisa qualidade que ela. de que damos a seguir alguns exemplos colhidos em Fazendeiro do ar & poesia até agora.\ 114 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a um agrupam ento de palavras surrado pelo uso. virtuo­ so prelado. nem todos os autores concordam na conceituação de um a e de outra. “Fraseologia e clichê" — obra que reco­ mendamos com entusiasmo. — Obs. Heinrich Lausberg48 ensina que elas se baseiam numa relação real e não mentada. Rodri­ gues Lflpa — Estilística da língua portuguesa^ cap. por­ tanto. 1955 (os números entre parênteses indicam as pági­ nas): insolúvel flautim (87).6. I. infame caluniador. — Ot III — do atributo notório ela mesma (ver 1. 48 Manual de retórica literária. ilustre professor. traduzem-se no emp I — do nome do autor pel* 1. 5.. quantitativa. 3 3 5 . autor de futuro. e de causalidade.6. olhos escutam (149). cor ber­ rante (auditiva). trad. Para outros. p. viúva inconsolável. áspero silêncio (279). figura que responde “a la e a sinédoque a que respc Para Rene Wellek e Austi m ia e a sinédoque (“figi quantitativam ente analisávi A luz das lições des ras apresentam como traçc a diferença entre ambas n re — como faz Roman Jal raram ente referindo-se à quando tratam os do símbc pósito didático. vol. Na metonímia essa rela­ ção é qualitativa. ou todas as pessoas] derado como metonímia hip 50 Dicionário de términos 7coríct literária. 11. §§565-573. coisas. tais relações são de contigüidade na metonímia.8. Por exemplo: doce e amargo são sensações do pala­ dar. voz (auditiva) fina (tátil). filho exemplar.6 . cheiro de sono (134).1 M e t o n ím ia As relações reais de nim icam ente urna palavra i outra. data de 1945. Augusto Magne49 não se refere 47 Alguns desses exemplos e muicos outros encontrará o leitor no excelente livro de M. tentem os i 1 . sonata cariciosa da água (44). lii ção de um nome por out que existe entre duas pai um a mesma coisa”. 49 Princípios elementares de literatura.8 . cantiga mole (69). quando se cruzam sensações: rubras (sensação visual) clarinadas (sensação auditiva). A distinção entre ambas sempre foi muito sutil. voz áspera (tátil). esp. poeta inspirado. 52 »* Dois aspecios da lingi . atribuições ou atributos: Marte = guerra.. com pro­ pósito didático. ou todas as pessoas). 8 .. Essa é a orientação que seguimos.e. ou duas modalidades de uma mesma coisa”. qual é a que existe entre duas partes de um mesmo todo. .: Este último exemplo pode ser consi­ derado como metonímia hiperbólica. e o conteúdo.6. traduzem -se no emprego: I — do nome do autor pela obra: ler Machado de Assis.: O continente pode ser também lugar ou tem ­ po. Por isso. e a sinédoque a que responde à fórmula “pars pro toto” (a parte pelo todo). 34-62. III — do atributo notório ou qualidade característica de um a pessoa por ela mesma (ver 1. — Obs. o que não impede que. e que a diferença entre ambas não é de todo relevante. F. os fatos ocorridos durante o ano é que fo­ ram tristes). fatos ou pessoas: a cidade (= seus moradores) dormia. IV — do continente pelo conteúdo: tom ar um cálice de vinho. — Obs.8. tentemos indicar as características desses dois tropos. m uitas pessoas que vivem no mundo. 52 “Dois aspectos da linguagem e dois tipos de afasia”. À luz das lições desses autores. Ceres = agricultura. foi um ano triste (i. p.51 as relações que expressam a metoní­ mia e a sinédoque (“figuras de contiguidade tradicionais”) são “lógica e quantitativamente analisáveis”.O t h o n M.: Essa é a metoním ia dita mitológica.10 — Antonomásia).8. p. quando tratam os do símbolo em 1. limitando-se a definir a metonímia como “a substitui­ ção de um nome por outro em virtude de uma relação extrínseca.9. 51 Teoria literária.6. Cupido = amor. a maioria prefe­ re — como faz Roman Jakobson52 — adotar apenas o termo “metoním ia”. 5t> Dicionário de términos filológicos. Vênus — be­ leza. Para Rene Wellek e Austin Warren. II — do nom e de divindades pela esfera de suas funções. raram ente referindo-se à sinédoque. G a r c i a ♦ 115 a esse tipo de relações. — Obs. Lázaro Carreter diz ser a metonímia a figura que responde “a la fórmula lógica pars pro parte” (a parte pela parte).e. 1 . a designar um a coisa com o nome de outra.6 . comer uma caixa de bombons. Netuno = mar. 335. 8 . Linguistica e comunicação. verbetes “metonímia” e “sinédoque”. e a sinédoque como “a figura que alarga ou restringe o sentido norm al de um a palavra”. coisas. o que parece certo é que essas figu­ ras apresentam como traço comum uma relação real de contigüidade. todo o mundo sabe disso (i. 1 METONÍMIA As relações reais de ordem qualitativa que levam a em pregar metonim icam ente urna palavra por outra. de que Áfrico e Noto são espécies. essa entidade dt 33 Cf. como é o cas marcas de fábrica). do trabalho).6. Esp. uma sa. as abri Em teoria literária. índia). um Dom Quixote (= um idealista insensato e pertinaz). terno de ca­ simira (lã ou tecido de lã produzido ou semelhante ao produzido em Caxe­ mira. I. uma Laura. güístico. VII — do abstrato pelo concreto: burlar a vigilância (= os vigilantes). V — do indivíduo pela classe: é um Cícero. signo. da m.6.9). 8 .f de vinho produzido na cidade do Porto. em que a coisa mesn diverso dela. ocasionalmente. viver do seu trabalho (= do fruto. sinal. — Obs. 1. o amizade (= amigo. dos propriamente ditos sú vinho). 6 . — Obs. da metáfi atribuir a uma coisa (ser. VIII — do concreto pelo abstrato: cérebro (= inteligência). É nesta categoria de relação real (o concreto pelo abstrato) que se inclui o símbolo. ganhar a vida com o suor do rosto (suor = con­ seqüência do esforço.: Por se tratar de metonímia. p. 8 . IV — da espécie pelo gênero: “Não tem endo de Áfrico e Noto a força” (Lus. o qual. “já singram no mar as brancas ve­ las” (= navios. mil bocas a alim entar (= mil pessoas). III — do gênero pela espécie: os mortais (= os hom ens).9). símbolo é lato sensu. é um Caxias (= um grande soldado).212. e tuc morse. II — do todo pela parte: morar num a cidade (= num a casa. isto é. coração (bonda­ de. de xerez. falta-lhe um teto (= casa) onde acolher-se. 1. darse bem com a vizinhança (= os vizinhos). assim como o de persoi para designar aquela c como o seu modelo.e. da química. VI — da causa (aí compreendida a idéia de meios ou instrumento) pelo efei­ to (subentenda-se também: conseqüência. ULLMANN. entretanto. amigos). os meta quel (= uma moeda de cro madeiro (= a santa < VII — do singular pelo p cordial. pode ser também m e­ tafórico (ver 1. bons sentim entos). produto do trabalho). bengala (bastão feito originariamente com junco ou cana-da-índia de Bengala.V — do nom e do lugar pela coisa aí produzida: uma garrafa de porto.. O nome dos grandes vultos da história. 2 SlNÉDOQUE As relações reais de ordem quantitativas em que se assenta a sinédoque podem consistir no emprego: I — da parte pelo todo (pars pro toto): mil cabeças de gado (= mil reses). um Demóstenes (= um grande orador). caso de “césar” (= sobe: imperator Caio Júlio Cést soa (ou personagem). é um Harpagão (= um ava­ rento). ou ela mesma. de madeira (i. índice. produto de). resultado. uma Penélope (= um a esposa fiel e paciente.8. uma Capitu (= um a m ulher dissimulada como a heroína de Dom Casmurro). o gentio (= os \ um ser racional. 179. Slcphen.: caso de emprego do indi VI — da m atéria pelo ai nos de bronze). das letras. o nom e do produto usualmente se escreve com inicial minúscula.8.9 Símbolos e usuais Deixando de lado ícone. alfabeto dos surdos lógica.8.6. outrora província da índia). b) os lingüísticos < falada quer escrita. das artes. Semi ras. de Jerez de la Frontera.7). e vice-versa: ganhar a vida (= os meios de vida). No ção desse tipo de sinédo com inicial minúscula. ou a ele semelhante). num a parte da cidade). 1 . um a Beatiiz (= amada excelsa. como a de Ulisses. como o foram a de Petrarca e a de Dante). ou na ilha da Madeira. substitu leva a admitir dois níveis cos. na Odisséia). . a força dos ventos em geral. n (ver 1. fruto. barcos).. . tornando-se assim substantivo comum. o símbolo.53 Em teoria literária. p. signo.8.9 Símbolos e signos-símbolos: didática de alguns símbolos usuais Deixando de lado as sutilezas semióticas da distinção entre símbolo. O signo lin­ güístico. mas a um dos seus atributos de natureza abstrata (ver 1.MANN. o gentio (= os pagãos. e 53 Cf. sinal. VII — do singular pelo plural e vice-versa: o brasileiro (= os brasileiros) é cordial. substitui o de outra ou representa outra.O t h o n M. como é o caso das bandeiras. é um a figura de significação que consiste em atribuir a uma coisa (ser. Figu­ ras. em suma. Le. governante. que símbolo é lato sensu. objeto) concreta um sentido abstrato. da química. sa­ cro madeiro (= a santa Cruz de madeira). 35 e ss.: Muitos autores consideram como metonímia esse caso de em prego do indivíduo pela classe. o homem (= os homens) é um ser racional. . índice. lenho. os símbolos da matemática. os códigos). b) tornar-se símbolo. madeiro (= navio de madeira). uma forma de comunicação em que o nome de uma coi­ sa. o vinho). instrum entos de metal).} (= os si­ nos de bronze). 179. apenas com propósito didático. como é o caso de “césar” (= soberano. tido como variante da metonímia e. UU. ocasionalmente. podemos dizer. Semdnrica. alfabeto dos surdos-mudos. trad. essa entidade de duas faces (imagem acústica = significante. conforme o grau de habitualização desse tipo de sinédoque. G a r c i a ♦ 117 assim como o de personagens-tipos da literatura. os metais (= os objetos. em que a coisa mesma — ou sua imagem figurativa — representa algo diverso dela. um ní­ quel (= um a moeda de níquel). os indígenas). logotipos. quer falada quer escrita.9). marcas de fábrica). da maioria dos sinais de trânsito urbano ou rodoviário. a hóstia. Stcphen. costuma ser empregado para designar aquela classe de indivíduos que agem ou se comportam como o seu modelo. da lógica. dos emblemas (escudos. sobrenome do cônsul e imperator Caio Júlio César. quando não aferido à pes­ soa (ou personagem ).6. G. o nome transladado pode: a) vir a escrever-se com inicial minúscula. alfabeto morse. VI — da m atéria pelo artefato: ‘Já tangem ao longe os bronzes. b) os lingüísticos ou signos-símbolos. e tudo quanto dela deriva (alfabeto fonético. Tal caracterização leva a adm itir dois níveis ou duas categorias de símbolos: a) os não lingüísti­ cos. ícone. porr. Note-se.8. ainda.6. p. as abreviaturas convencionais. 1. dos propriamente ditos símbolos teológicos ou litúrgicos (a cruz.212. V também GENETTE. taquigrafia. da metáfora. ditador). ou ela mesma.} a própria linguagem. que. — Obs. sem dúvida. imotivados. a pal tortura. por exemplo. vermelho tornou-se tam ­ bém símbolo de violência. foi. violência) e possíveis conseqüências (morte. e tar a própria doutrina dc como quase todas as relij tos teológicos ou litúrgicc triângulo (= Trindade). sem (grande) perigo). Assim. por sua vez. 101. esteve. inocência. o princípio da vida e a mais sublime oferenda aos deuses. a balança. < U sualmente. balançí hóstia (= Eucaristia). candura. antes dos mísseis) contigüidade) à atividade ela. não poderia ser substituído in­ diferentem ente por qualquer outro. elas constituem verdadeira linguagem sim­ bólica. E verde se fez si­ nal de trânsito livre (= siga. pois há pe­ rigo. inspetor. guarda) episco O cetro (herdeiro ta tico. ao passo que o símbolo — notação de um a relação (constante numa determ inada cultura) entre dois elementos — é convencional mas nunca totalm ente arbitrário: “O símbolo tem como característica o fato de não ser jam ais inteiram ente arbitrário. É costume. por sua vez. veicularia a mensagem: “não prossiga. A Igreja Católica fixou nas cores dos param entos litúrgicos algumas significações que depois tam ­ bém se dessacralizaram. . mai: ricos nem cavalheirescos) capaz de fazer valer a auti vo de espada (= arma) só Pelo mesmo process to é o cajado dos pastore: gia. urna. morte violenta). por exemplo. no fim da qual conotaria a advertência. O verde é símbolo de esperança. se é de salvação. m oti­ vada por essa conotação de cor vermelha. Ligadas em todo o m undo a crenças e superstições. p nam entos. p. O símbolo da justiça. A partir daí. adotada como defesa religiosa dos primitivos contra os maus espíri­ tos. Amarelo. e. um carro. o símbolo vermelho. os que a empunhavai dem os. supfi (vigilância.. Admita-se: a cor vermelha sugere sangue (relação m entada. não seria difícil perceber a motivação de vermelho como sinal de trânsito impedido (= p a­ re). causalidade ou similaridade) entre a coisa e aquilo que ela representa. de cerimônias solenes e protocolares. mais freqüentem ente re­ presentado pelo negro. am arelo = tristeza. que. imaculação. leva a pensar nas suas causas (acidente. de salvação. e sangue pode evocar ferimento (relação real. tão sutis e tão distantes são as relações (de contigüidade. figura igualmente nos trajes de gala. pregado à c real de causalidade: a d< delas) do seu suplício. A escolha de uma cruz vermelha como símbolo de assistência ou so­ corro médico. oli\ cordeiro. O vermelho era cor sa­ grada. Mas. de ausência de perigo. K Cours de linguistique général. de simila­ ridade ou metafórica). de contigüidade ou metonímica). na do). o sinal vermelho. primo-irmão do bácu símbolo da sua autoridade A coroa — sucessor sobre a cabeça dos que í bravura (heróis guerreiros. sobretudo por lembrar sangue. de início provavelmente apenas ritualística. símbolo de . pode ocorrer um acidente. ferim ento. mais eficazes.e.118 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a m o d e r n a conceito = significado) é arbitrário. O proce m etoním ico pois se base Cristo junto. Então. causad se tam bém na bile negra Hipócrates e Galeno. ou como emblema da instituição internacional a isso desti­ nada em caso de guerra ou de outras calamidades. entretanto. pode ser tam bém de segurança. símbolo d do amarelo ou amarelac quando excessiva. lembra a Virgem Maria e é (ou era) a cor do vesti­ do de noiva. simbolizando sangue. < bolo teológico. i. form ado por d m no qual se am arravam c um desses instrum entos entre a m orte de Cristo e te. à qi Daí. fênix (= F Espada. atribuir às cores determ inado sentido figu­ rado. dando assim a impressão de resultar de pura e gratuita convenção entre os membros de um a dada com unidade ou uma dada cultura. 54 SAUSSURE. parecem totalm ente arbitrários. sua doutrina. você pode ferir-se ou m orrer de morte vio­ lenta”. de motivação nem sempre prontam ente deduzível. teria sido moti­ vado por um a série de associações metafórico-metonímicas. habitual. 1 ra (= Fé). ele não é vazio: há sempre um rudim ento de liame natural entre o significante e o significado. de sanguinolência. guarda. espiga de trigo.”54 Muitos símbolos. Mas também pode ser sinal de luto. a coisa “cru crifício do N azareno e. leão. o branco é símbolo de pureza. enfim. navio (= a Igreja). seus ensi­ nam entos. conta com um a infinidade de símbolos. amargo e viscoso. A um desses instrum entos foi Jesus Cristo pregado. do instrum ento capaz de fazer valer a autoridade e de m anter o poder. duplam ente metonímico pois se baseou: a) num a relação m aterial de contigüidade: Cristo junto. habitual. os que a empunhavam (ou ainda empunham os seus sucedâneos mo­ dernos. a água. episcopos = vi­ gia. a autoridade (vigilância. peixe. ira. inspetor. quando excessiva. tornando-se assim um sím­ bolo teológico. Pensese tam bém na bile negra ou atrabílis. A coroa — sucessora daqueles ramos de louro dispostos em círculo sobre a cabeça dos que se distinguiam excepcionalmente. um a atravessando a outra. mais eficazes. no qual se am arravam ou pregavam outrora os condenados à m orte. sua doutrina. e o instrum ento desse suplício passou a represen­ tar a própria doutrina do Nazareno. mais sofisticados. O cetro (herdeiro também do cajado dos pastores e. primo-irmão do báculo). quer pela sua bravura (heróis guerreiros) quer pelos seus feitos atléticos (campeões olírri- . leão.I U F P E B i b l i o t e c a Cent ra O t h o n M. O processo de formação foi. à qual se atribuíam (outrora?) as causas da tristeza. segundo supunham os antigos. espiga de trigo. do poder monárquico. Espada9 símbolo de poder militar? Por quê? A coisa espada está (ou já esteve. pregado à cruz > cruz a lem brar Cristo. passou a designar o poder. Graças a ela. o cristianismo. líqui­ do am arelo ou amarelado. espada (apóstolo São Paulo). antes dos mísseis) intimamente associada. Símbolo. vinho e hóstia (= Eucaristia). Numerosos são os da Igreja Católica: estrela. fênix (= Ressurreição). ligada (relação real de contigüidade) à atividade dos militares e combatentes em geral. em punhado pelos soberanos. em punhado pelo bispo (do gr. G a r c ia ♦ 119 Amarelo. e outros. águia (apóstolo São João). urna. b) num a relação real de causalidade: a doutrina pregada por Cristo foi a causa (ou uma delas) do seu suplício. am arelo = tristeza. guarda) episcopal. Ao sentido denotativo de espada (= arma) sobrepôs-se o conotativo de “poder militar”. a coisa “cruz” veio a representar ou significar o próprio sa­ crifício do N azareno e. núm eros (3. cálice. Usualmente. a palavra “cruz” designa um antigo instrum ento de tortura. triângulo (= Trindade). passou a ser o símbolo da sua autoridade e. supervisor). o cristianismo. em seguida. o báculo (cujo antepassado remo­ to é o cajado dos pastores). cordeiro. oliveira. causadora de ira. Quando a associação entre a m orte de Cristo e o instrum ento de sua agonia se tornou constan­ te. no âmbito polí­ tico. ou pastoral. um dos quatro humores cardinais de Hipócrates e Galeno. 12). se bem que não igualmente rom ân­ ticos nem cavalheirescos) dispunham dos meios de mando. O cristianismo. di­ tos teológicos ou litúrgicos. Daí. e. aliás. chaves (São Pedro e o papa­ do). 7. ânco­ ra (= Fé). balança. como quase todas as religiões. ódio. secretado pelo fígado. form ado por duas peças de madeira. Pelo mesmo processo metonímico. por ampliação semântica (m etoním ia). letras (alfa e ômega). símbolo de tristeza? de ódio ou ira? Pense-se na bile. até mesmo. guarda. Assim. são símbolos. como é o caso de balança. em sím­ bolo do poder monárquico. coi Na galeria dos a de sentimentos. e o louro mesmo. em bora muitos dos seus pósteros só o fossem nos bas­ tidores ou nas alcovas). igualmente. mais espontâneas no aplaudir. as das mãos. tornando-se. um escudo em forma ogival de cam po (= fundo) ne­ gro com um a estrela solitária branca = Botafogo. entidades m: tos típicos. * Na linguagem coi nha ou cognome. quan­ do entre a coisa e aquilo que ela significa existe qualquer relação de seme­ lhança ou similaridade. los. da pessoa do próprio rei ou do Estado por ele governado e.. que levou o escudo — depois da sua adoção como brasão heráldico — a ser usado como emblema por agremiações de várias espécies. Essa arma defensiva. Símbolos. figuras ou desenhos. Cristo é..10 Antonom A antonomásia é tituir um nome próprio nom e comum expressa ser também uma divind uma cidade) ou um acc vários atributos de Cast merosos poemas em de escravos. tam bém por metonímia. a disposição de dar a cada um a parte que lhe cabe por direito (seja pena seja prêmio). pelo menos. nessa fun­ ção de premiar. portanto.120 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o o e r n a picos) quer pelos seus dons poéticos (poetas prem iados em público. símbolo de distinção acadêmica.. assim. 0 cama coragem e bravura. usada pelos cavaleiros medievais. dizeres ou si­ nais que indicavam o chefe sob cujas ordens combatiam. Harpagão (p Shylock (personagem c ra. no âmbito ex­ clusivo das letras. Foi. mas relação m entada. sabedoria. nas suas numerosas variedades (escudos. alguns claram en­ te motivados. equilíbrio. é vida de Rui Barbosa sot Brasil nas Conferências Haia. mais ruidosas 110 festejar. sob o comando do mesmo chefe. passou. Os emblemas. idéia provocada de imediato pela extensão igual dos dois braços do travessão. de forma circular. da realeza em geral e suas regalias. D. por ser fonte de cultura e ilustração. outros aparentem ente arbitrários. Quixote. cácia e tam bém velhaca tam bém fidelidade ao h ruja.6. Signos convencionais. cuja ( 55 LAUSBERG. e não real. a idéia de grupo de indivíduos identificados por interesses e objetivos comuns. na Grécia antiga) — depois que se tornou adorno exclusivo da cabeça dos monarcas (os primitivos. lendários. idéias. O livro. e com as outras. por extensão. Ora. por sua vez. pelo menos para o recep­ tor da m ensagem que veiculam. de com unidade de interesses. eqüidade. a h força física. Por razões de dios. trazia. cit. marcas de fábrica ou pro­ duto. Dom João e Casanc conquistador cínico. a pomba. enfim. com as palmas. (Ver 1( 1. por ante também: o vencedor da 1 da Triste Figura (D. ditas acadêmicas. ainda por metonímia. vencedores de prélios ou compe­ tições. A idéia que primeiro nos surgere a característica material. madeira ou couro. extrínseca. Pela sua contribui* conhecido pela antonon por causa das suas cam panholas da Ainérica. logotipos. característ quando atingem um al bolos nacionais de dev túcia. que prendiam ao braço es­ querdo para proteger 0 corpo contra os golpes do adversário. idéias. acabou símbolo da própria vitória. a mesma coroa de louros com que os gregos prem ia­ vam ou celebravam seus atletas e poetas. concorrendo. são emblemas. se listrado de vermelho e negro com iniciais entrelaçadas = Flamengo. Mas os símbolos formam-se também pelo processo metafórico. da própria instituição que os defende ou corporifica.} §576. da balança comum é a de equilíbrio. a ser sím­ bolo da própria cultura ou saber. transfigurou-se. Qui: de Riachuelo (Barroso). oval ou oblonga.. a idéia comum que leva a tom ar a coisa concreta (balança) pelo seu sentido abstrato (justiça) é a de igualdade. as­ sociados em luta pela mesma causa. logotipos ou qualquer figura ou desenho convencional). propósitos e. op. Os guerreiros antigos serviam-se de uma chapa de metal. símbolo de espírito associativo. e emblemas são símbolos. eram vencedores de disputas nos campos de batalha. o que. 0 . de i feminina. por exemplo. Portanto. distingue a justiça é a eqüidade. inscritos.8. Por sua vez. animais. Harpagão (personagem de O avarento.. o Cavaleiro da Triste Figura (D. o cão. tom ados por um dos seus atribu­ tos típicos. o leão. como Otelo o é do ciúme. alcu­ nha ou cognome.10 Antonomásia A antonomásia é uma variedade de metonímia55 que consiste em subs­ tituir um nome próprio por um nome comum ou vice-versa. de usu­ ra. cuja origem é um aposto (descritivo. sím­ bolos nacionais de devotamento à Pátria. o cágado e a lesma. Símbolos. de avareza. de Shakespeare). um país. Quixote. idéias. o touro. Ex. de idealismo insensato. mimetismo e versatilidade de opiniões. quando atingem um alto grau de habitualização: Tiradentes e Caxias. Na galeria dos animais quantos não são símbolos ou personificações de sentimentos. a lebre. o nome comum expressa um atributo inconfundível e notório da pessoa (pode ser também um a divindade. ligeireza. canto melodioso. Dos episódios que marcaram a vida de Rui Barbosa sobressai o de se ter distinguido como representante do Brasil nas Conferências de Haia.. o Nazareno. servilismo e também fidelidade ao homem. o chacal. . entidades mitológicas. a pomba. Madame Bovary. Cristo é. cit. um a cidade) ou um acontecimento a que esteja diretam ente ligada. José Bonifácio é conhecido pela antonomásia de o Patriarca da Independência e Simón Bolívar. (Ver 10. Ulisses. do conquistador cínico. é chamado o Libertador. coragem e bravura. o que lhe valeu a antonomásia de Águia de Haia.. malignidade. op. de Molière). sabedoria. a víbora. Símbo­ los. o herói de Tróia (Aquiles). o Tiradentes (J. o hóspede de Santa Helena (Napoleão). personagens literárias. lentidão. por antonomásia. o herói de Riachuelo (Barroso). daí a sua antonomásia o Poeta dos escravos.. seu senhor. pejo­ 55 LAUSBERG. antonom ásia é o mesmo que apelido. de insatisfação feminina. D. Na linguagem coloquial.. J. podem tornar-se símbolos.) 1. considera-a como “uma espécie de sinédoque”. Quixote). Por razões de natureza idêntica. lendários. inocência indefesa. uma entidade real ou fictícia. símbolo de argúcia e as­ túcia.. Pela sua contribuição para a independência do Brasil. Dom João e Casanova. 209 a 217.8. vultos históricos.6. talento. da Silva Xavier). característicos ou predominantes. Gonçalves Dias é o Cantor dos ín­ dios. o rouxinol. força física. a co­ ruja. Assim também: o vencedor da Esfinge (Edipo). voracidade feroz.O t h o n m. um povo. especificativo. o Salvador. perspi­ cácia e tam bém velhacaria. §576. Shylock (personagem de O mercador de Veneza. Entre os vários atributos de Castro Alves destaca-se o fato de ter escrito célebres e nu­ merosos poemas em defesa dos escravos. o camaleão. G a r c i a ♦ 121 Até as criaturas humanas. por causa das suas campanhas em prol da liberdade de antigas colônias es­ panholas da América. Normalmente.. símbolos ou personificações do am or cínico. o Redentor.. vícios e virtudes do homen? A águia. o Tiradentes. antonom ásia ou ape­ lido. laudatório (Águia de Haia). já consagradas pelo uso e. Os exempl todos os aspectos estilíst aqueles que ou podem se dos pelos menos experien ajudarão o estudante a ju sua eficácia expressiva. povos. — vultos históricos: o herói das Termópilas (Leônidas). a águia de Meaux (Bossuet). a donzela de Orleans (Joana d’Arc). entretanto. em conseqüência de um acentuado grau de habitualização. dos sonhos (Morfeu). Estilo é.. como é o caso de Cidade Maravilhosa (Rio). consagração. as orações se enfileiram i coesão íntima claramente . a fc tivos manipulam e catalis de do espírito. o cisnè de Mântua (Virgílio). por tra­ duzirem certo grau de afetividade (louvor. reduzidas à condição de clichês. das artes (Apoio). o pai da his­ tória (H eródoto). etc. o autor de Iracema. t mos considerando a forra de certa época. o legislador de Esparta (Licurgo). “o autor de... rainha do Adriático (Veneza). — divindades. o legislador dos he­ breus (Moisés). sereia do mar (Iemanjá. os ext 2. nos detemos mais t porque nos tente aqui um porque nos move o propc do não repudiáveis. Quando ambos. muitas delas.2 Frase de arra: No seguinte períodt Cheguei à poi tempo mas ninguém .. — grandes escritores: o poeta de Weimar (Goethe).”. “o cantor de. su quanto à sua elegância oc casos.. regiões: a terra dos faraós (Egito). Nesta categoria. o povo elei­ to (os judeus). Pedro passa a ser designado antonom asticarnente por Perneta (que então se escreve com maiúscula).. pejorativo (Perneta). da beleza (Vênus).. da guerra (Marte). princesa do mar. imagens ou fi lo. o flagelo de Deus (Atila). cidades. Judeia). respeito. A antonom ásia pode revelar intuito descritivo (vencedor da Esfinge). na sua maioria. o gigante do Norte (EUA). mas tem -no o quadre escritor a descreve. e não o contrário.. 7 .\ 122 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a rativo.t Estilo Estilo é tudo aquil resultado de um esforço em idéias. o cantor da Trácia (Orfeu). ela freqüentemente tem por base uma metáfora: pérola das Antilhas (Cuba). 56 Por definição. sentim ento bairrista. as antonomásias dessa espécie (nome comum em lugar de nome próprio) le­ gitim am ente só se deveriam escrever com inicial minúscula. omite-se o nom e próprio. Pedro tem defeito numa das pernas.. rainha do mar. Cidade Sor­ riso (Niterói).. o perneta. entidades mitológicas: o deus das riquezas (Pluto). Quando consiste na substituição de um nome próprio por um nome comum.”: o poeta de “As pombas” (Raimundo Cor­ reia). assim. o Patriarca da Independência e outros idênticos. o legislador de Atenas (Sólon). a cidade dos jardins suspensos (Babilônia).”. Portanto. ver nota 56). o pai (ou o príncipe) da medicina (Hipócrates).. patrio­ tismo) costumam vir com maiúscula.0 Feição es 2 . irônico (Cavaleiro da Tris­ te Figura) ou eufêmico (hóspede de Santa Helena).56 Sendo geralm ente constituída por um agrupam ento de palavras — conforme se pôde observar em alguns dos exemplos até aqui mencionados —. a deusa da sabedoria (Minerva). sobretudo quando designam: — países. e o aposto torna-se. de lugares-comuns. ou falta de um a delas? Então: Pedro. o berço do gênero humano (a Ásia).. o príncipe dos poe­ tas (Homero). assim. o ber­ ço do cristianismo (Jerusalém. do comércio (Mercú­ rio). se evocam m útua e espontaneam ente. são usuais as antonomásias “o poeta de. Como decorrência da associação constante entre seu nom e e o aposto dele. a terra da promissão (Canaã). o Salvador. das flores (Flora).) do nome próprio. dos infernos (Plutão). dá-se-lhe tam bém o nome de perífrase. Numerosas são as perífrases desse tipo. Se. ou a página em que o escritor a descreve. esta­ mos considerando a forma de expressão peculiar a certo autor em certa obra de certa época. as orações se enfileiram na ordem de sucessão dos fatos.0 Feição estilística da frase 2. praticamente imitáveis. quando falamos em lifeição esiilísdca da frase”. enunciados sem coesão íntima claram ente expressa. a não ser entre as duas últimas. de um a elaboração dó espírito. os exemplos que louvamos ou censuramos. imagens ou formas concretas. em alguns casos. Os ocasionais comentários que os acompanham ajudarão o estudante a julgá-los dignos de imitação ou de repúdio quanto à sua eficácia expressiva. não é porque nos tente aqui uma espécie de análise estilística meio parasitária. nos detemos mais demoradamente em um ou outro comentário. a forma pessoal de expressão em que os elementos afe­ tivos manipulam e catalisam os elementos lógicos presentes em toda ativida­ de do espírito. pois já passava das dez horas. a natureza não tem esti­ lo. Portanto. todos os aspectos estilísticos da frase no Português moderno. mas porque nos move o propósito de tornar úteis. sua objetividade. como resultado de um esforço m ental. Os exemplos que apresentamos não abrangem.2 Frase de arrastão No seguinte período composto por coordenação: Cheguei à porta do edifício. evidentemente. toquei a campanhia e esperei algum tempo mas ninguém atendeu. . A rigor. quan­ do não repudiáveis. assim.1 Estilo Estilo é tudo aquilo que individualiza obra criada pelo homem. mais do que quanto à sua elegância oca ou seu purismo gramatical estéril. mas tem-no o quadro em que o pintor a retrata. mas apenas aqueles que ou podem servir de modelo a principiantes ou devem ser evita­ dos pelos menos experientes. sua coerência e clareza.I U F P E Biblioteca C entra 2. 2. traduzido em idéias. Estilo é. (A partícula mais comum para indicar oposição é “mas” na coordenação e “em bora” na subordinação. os n erv o s do estil< te cia m a frase d o s autoi ções a m o n to a d a s em u n P ara m e u g o sto . mas então. o to rn e tra s p ela m e sm a form a. como acontece princi­ palm ente com e. n ã o senhor. por insti período clássico: No co n c eito d o c q u e. Então (= por isso) subi pelas escadas” corresponde. que quase se pode dizer gos. to c a rá te r p esad o . na subordinação. traduzi1 estão em jogo idéias absrn raciocínio lógico. desisti d e e s p e ra r e resolvi telefonar. tenuamente atadas entre si por um número pouco variado de conectivos coordenativos: e. Por isso. causa. há que recorrer ■ ao processo sintático da su nio linear. Então. mais com Nesse caso. Essa estrutura da frase. a “Mas. su b i p elas escad as. típica da linguagem coloquial despretensio­ sa. M as o e le v a d o r esta v a p a ra d o .edição d sim se manifestava. por assim dizer. O primeiro então tem o valor de portanto:57 indica conseqüência ou conclusão. e não apenas na brasileir No que nos diz respei se centopeica do classicismo No pós-escrito à 2. p gor. de sentido adversativo. Mas aí introduz fato novo que sugere oposição e tempo — oposição no “mas” e tem po no “aí”: tinha resolvido telefonar. a aproximar. M as n ão h av ia n in ­ g u é m em ca sa . essas partículas se tornam polissêmicas. mesmo escrita: o que se ouve. relações mais complexas. como o elevador estava parado. enleados m terísticos do classicismo e d estilo m oderno é a brevidad Essa preferência pela esportiva. M a ria está? A í ela res­ p o n d e u : N ão está. em que a situação concreta. isto é. com o sentido de “por isso”. elas não se limi­ tam a concatenar. E ntão. m as está b em k e n e rg ia s d o p e n s a m e n to c o m se m e lh a n te estilo. . ou a “Mas subi pelas escadas porque o elevador estava parado”.) O segundo e o terceiro “então” tam bém sugerem conseqüência. quer dizer. marcam também uma coesão mais íntima. A í ch eg u ei ao q u a rto an d ar. eu p e rg u n te i a ela: D.” As demais partículas desse período de arrastão têm valor similar ao das anteriores. su­ pre ou compensa a superficialidade dos enlaces lingüísticos. conseqüência e oposição. desem do romantismo e dos primói tal. mas a chegada do porteiro se opôs a essa decisão. 2. desenleada. passam a ter vários sentidos. ou se lê. para a linguagem dos adolescentes. e le a b riu a p o rta e eu en tre i. a í e então. caudalosos. satisfaz plenamente quando se trata de situações muito simples. em artig o . é mais comum na lín­ gua falada. mas. em qu* interpolações. M as a í ch eg o u o p o rte i­ ro. mon< d ú v id a . to m a n d o o p en sam en i As tran siçõ e s con v em d e atilh o s. O trecho nem por ser forjado deixa de refletir a realidade da língua falada corrente em nossos dias na boca de imaturos ou incultos. dos imaturos ou incul­ tos. O trecho acima transcrito poderia prosseguir sob a forma de um a le­ g ítim a/rase de arrastão: E ntão. subi pelas escadas” — causa anteposta. Como são poucas para traduzir varia­ das relações. escrevi um b ilh e tin h o e boLei p o r b a ix o d a p o rta . ao contrário do que acontece com “mas aí". censurai r a m ]. mutatis mutandis. como as de tempo. “Mas o eleva­ dor estava parado. mais adequada à situação —.124 ♦ CO MUNICACÀO EM PROSA MODERNA Esse processo de estruturação de frase. Sobretudo no estilo narrativo. sinuoso. conforme a situação e as relações. por isso) que “então” vem seguido de vírgula. ao contrário d so. retilíneo. En­ tão. E ntão. o ambiente físico e social. O “aí” antes de “cheguei” coordena como se fosse “e” mas indica também tempo: “subi pelas escadas e depois cheguei ao quarto andar. aí. te — pode atender as nec ções muito simples. essa a c u m u la ç ã o d e c se. M as a í ch e g o u a e m p re g a d a . Atente-se para a linguagem infantil.3 Frase entrecorta Confrontando-se págii a de qualquer de seus “col para trás — nota-se diferen do. é urna enfiada de orações inde­ pendentes muito curtas que se vão arrastando uma às outras. que exige pouco esforço men­ tal no que diz respeito à inter-relação entre as idéias. apesar de m onótona e cansativa — quando não irritante para o ouvin- 57 É talvez por causa desse valor de pariícula conclusiva (portanto. mas aí. então. ela se m ostra ineficaz.edição de Iracema.O t h o n M. caudalosos. m o n ó to n o e prolixo. quando estão em jogo idéias abstratas. sinuoso. Para m e u gosto. q u e te c ia m a frase d o s a u to re s clássicos. to r n a n d o o p e n s a m e n to difuso e lân g u id o . As tran siçõ e s c o n sta n te s. o que distingue o estilo m oderno é a brevidade da frase. por assim dizer. mais complexamente elaborado. retilíneo. Mas. em que as idéias se encadeiam sem incidências nem interpolações. im p rim em em g e ra l ao c h a m a d o estilo clássico c e r­ to c a r á te r p e sa d o . por instinto ou por influência de leituras. 2. em v ez d e ro b u s te c e r o estilo e d a r-lh e vi­ gor. os primeiros sinais de reação contra a fra­ se centopeica do classicismo já se encontram na obra de José de Alencar. m as e stá b em lo n g e d e p re sta r-se ao p e rfe ito co lo rid o d a id éia. e s p e c ia lm e n te as co n ju n çõ e s. o Autor de O guarani as­ sim se manifestava. Há e n e rg ia s d o p e n s a m e n to e cin tilaçõ es d o e sp írito . em 1870. vem-se acentuando a partir da última fase do romantismo e dos primórdios do realismo. desenleada. No que nos diz respeito. pelos períodos curtos. c e n su ra ra o “estilo frouxo e d e s le ix a d o ” d o a u to r d e O g u a ­ ra n i]. em artig o . a re p e tiç ã o p ró x im a d a s p a rtíc u la s q u e s e r­ v e m d e atilh o s.3 Frase entrecortada Confrontando-se página de novelista ou cronista contemporâneo com a de qualquer de seus “colegas” do passado — de Castilho e Herculano para trás — nota-se diferença tão grande quanto à organização do perío­ do. o to rn e io re g u la r d a s o raçõ es a su c ed e re m -se u m a s às o u ­ tra s pela m e sm a fo rm a. os n ervos d o estilo sã o as p artícu la s. sem d ú v id a . que é um proces­ so. Em vez de períodos lon­ gos. pela frase esportiva. que quase se pode dizer que a língua é outra. q u e te m su a b elez a h istó ric a. há que recorrer também — entre outras coisas evidentemente — ao processo sintático da subordinação. desenvolta. enleados nas múltiplas incidências da subordinação. p o rém . carac­ terísticos do classicismo e de certa fase do romantismo. Essa preferência pela coordenação. G a r c i a ♦ 125 re — pode atender as necessidades da comunicação im ediata nas situa­ ções m uito simples. q u e é im possível ex p rim ir c o m se m e lh a n te estilo. Nesse caso. traduzíveis em estilo narrativo-descritivo. No pós-escrito à 2. a respeito do período clássico: N o co n c eito d o d istin to lite ra to [H e n riq u e s Leal. em toda a literatura ociden­ tal. ao contrário do que ocorre na subordinação. . e se rv ia m d e elos à lo n g a sé rie d e o ra ­ çõ e s a m o n to a d a s em um só perío d o . A coordenação reflete um raciocí­ nio linear. e não apenas na brasileira. cuja expressão exige certa capacidade de raciocínio lógico. essa a c u m u la ç ã o d e o raç õ es lig ad as e n tre si p o r co n ju n çõ e s re la x a a fra ­ se. es c rito r m a ra n h e n s e q u e . predom inantem ente coordenada. sentiram a necessida­ de de abandonar esse estilo tão alinhavado de conjunções por uma frase mais simples e concisa” (o Autor transcreve a seguir um trecho de Lucena). se tornou — digamos assim — avassaladora. que se adicionam uns aos outros em unidades muito breves: Passou [0 escultor] o d ia e s tira d o em um q u a rto d e h o tel. ocasionalmente em Raul Pompéia. F icou a té m eio-dia na c a m a alva e d e s c o n h e c id a . U m m o sq u ito tro u x e-lh e u m a fe rro a d a a rd id a à m ão. de modo geral. que. com parcimônia de subordinação. depois de adm itir que 0 movimento m odernista não teria provocado a reação indig­ nada dos seus opositores. diga-se de passagem. raros. que. de Oswald de Andrade. um dos porta-es­ tandartes do modernismo. Essa reação. Nos áureos tempos da primeira fase desse movimento. de que José de Alencar se faz porta-voz declarado. Basta passar os olhos pelas obras — não ape­ nas do gênero de ficção — das décadas de 1920 e 1930 para se ter uma idéia dessa ojeriza à frase acumulada de subordinações. que lembrava Rui Barbosa. citando a seguir exem­ plos de alguns autores clássicos. Desprezadas as redu parece disfarçar ou atenuai do a um só período de mc A reação . o Autor escolhe um trecho de O guarani (“A tarde ia morrendo.' v estiu -se c o m d ific u ld ad e . fam ília e estav a à disp< ra r a m a n iv ela. a obra de Antônio de Alcântara Machado. de “es Essa atomização do ] tom ar mais fácil a compree de cada unidade nas paus mostrar a coesão íntima a da. p. L evantou-se. Todavia. pon­ tilhada e telegráfica. E a n o ite veio e foi. foi depois do nosso movimento m odernista que essa prefe­ rência pela frase curta.. Nas 266 páginas da prim eira edição. em absoluta maioria. Fazia u m ca­ lo r d e p o rto su l-am erica n o .126 C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Para docum entar a sua tese. o que lá se encon­ tra. são períodos curtos coordenados. U m a r e ta rd a d a fad ig a caiu so b re ele. S em can sá-lo s n u r Mesmo quando a est Autor procura disfarçar-lhe mos e orações dependentes A relação se fez o u tro .. sensivelmente em Machado de Assis. impressionista. passando a constituir mesmo padrão de excelência estilísti­ ca. escreve o autor de fírás. raríssimos são os períodos compostos por subordinação.. apresenta-nos. to m o u o tre m d a s d u a s h o ras. Tomemos como exemplo Os condenados (1922). Foi u m a surpresí do. período longo subordinado era uma espécie de tabu estilístico. Daí decorre. torneado e envolvente. v iu u m a casa d e tijo ­ los c o m c h a m in é e leu u m le tre iro lo n g o a té o fim.”) caracterizado pelos períodos curtos. 2 0 1 ) Amostras ainda mais expressivas desse feitio de frase asmática. P ro n to d os. Moldada à alvo de chacotas e acerbo: tura anterior ao modemisi contida indignação. é. despojada daquelas sinuosidades do período clássico. a cada pas­ so. incisiva. e n tre á g u a s. O sol declinava no horizonte. O riso era proibi Os trechos transcritc entrecortada e soluçante u to m odernista. com edidam ente em Aluísio de Azevedo. aliás. austero e cerimonioso. 110 realismo. era coisa velha que lem­ brava o parnasianismo. vi­ ria a acentuar-se.. m orada que se insinua na de engravatada do períodi ao tom irônico e esportivc quem “até então no Brasil e severo. se tivesse despontado no Brasil “muito mais tar­ de como eco remoto do europeu”. por a . (Os condenados. esse tipo de construçã ajusta satisfatoriamente às 1 maneira sumária as fases d quadro. No com eço d a se rra chovia. que lembrava Coelho Neto (que. d e regresso . N unca havia visto o existir. O lh o u p eia ja n e la d o “w a g o n ”. em baixo. antes. No trecho a seguir. q u e f d e u m m o m e n to p a ra p esso al ficou esp an ta d i b id o o u so n h a d o q u e ç É evidente que ness. Bexiga e Barra Funda: M as tal com o re D av am -se tã o bem con: p rec isav a p e n s a r m ais. desenleada. também se V servia com freqüência dos pe­ ríodos curtos coordenados). “em certos casos. 3 0 6 ) Mesmo quando a estrutura do período é de legítima subordinação.f p. N unca havia visto coisa igual na vida. 3 0 5 ) Desprezadas as redundâncias. pois n u n ca h a v ia visto co isa igual n a v id a n e m sa ­ b id o ou s o n h a d o qu e p u d e sse existir. N em sabido o u so n h a d o que pud esse existir. O riso era proibido”. o Autor procura disfarçar-lhe os enlaces sintáticos. por certo. B astava e s te n d e r a m ão e vi­ r a r a m a n iv ela. O rea lejo e ra h e ra n ç a d e fa m ília e esta v a à d isp o sição d e q u a lq u e r u m . que a estrutura fragmentária da frase parece disfarçar ou atenuar. P ro n to . Daí decorre. p. em que o autor focaliza de maneira sumária as fases de uma cena ou incidente ou os elementos de um quadro. isolando. U m a beleza. Se não há necessidade de mostrar a coesão íntima entre as idéias. É que a austerida­ de engravatada do período de feitio tradicional talvez não se ajuste bem ao tom irônico e esportivo com que o assunto é tratado pelo Autor. com incontida indignação. a vantagem de lhe tom ar mais fácil a compreensão. (Op. Sem se r esp e ra d a . Por isso é que se ajusta satisfatoriamente às narrações e descrições. N em p re c isa v a p e n s a r m ais.) Os trechos transcritos dão um a idéia satisfatória do que era a frase entrecortada e soluçante tão ao gosto da prim eira fase do nosso movimen­ to m odernista. e o p e s so a l ficou e sp a n ta d o . O pessoal ficou e sp a n ta ­ do. para quem “até então no Brasil a preocupação de todo escritor era parecer grave e severo. p. como José Oiticica. se m se r e s p e ra d a . (Idern. G a r c i a 4 127 M as tal com o re b e n to u n ão. ter­ mos e orações dependentes: A relação se fez d e chofre. P regou um susto trem en d o . se reduzi­ do a um só período de molde clássico: A re a ç ã o . S em cansá-los n u n c a . a sua predominância no romance e no conto . de m o d o q u e p re g o u um tre m e n d o su sto . S e n tira m -se m ai. Essa atomização do pensamento apresenta. É evidente que nessa versão quase nada subsiste da leveza bem -hu­ m orada que se insinua na frase de Alcântara Machado. d e u m m o m e n to p a ra o u tro . o trecho assumiria a seguinte feição. A coisa já saía sem esforço. cit. entre pontos. Era tu d o tã o cô m o d o e tã o fácil. ela foi alvo de chacotas e acerbos ataques dos críticos e representantes da litera­ tura anterior ao modernismo. de “estilo picadinho” ou “frase picadinha”. é certo. De u m m o m e n to p ara o u tro . (C avaquinho e saxofone. 309. Os bocós e s tra n h a ra m . que a chamava. O leitor apreende prontamente o enunciado de cada unidade nas pausas que se intercalam. Moldada à imagem da phrase coupée dos franceses. Foi u m a surpresa. A á ria mil vezes o u v id a c o n te n ta v a to d o s os o u v i­ do s. esse tipo de construção se tom a bastante expressivo. se fez d e ch o fre. suas relações de m útua dependên­ cia.f u F P E B ib lio teca C e n tr O t h ô n M. D av am -se tã o b em com as v elh arias. q u e foi u m a su rp re sa. Seria forma inadequada transm itir as mesm as idéias num período subordinado pomposo. Podia m a tá-lo co m as u n h as.0): Irrito u -se . A quilo g a n h a v a d i­ n h e iro p a r a m a ltra ta r as c ria tu ra s inofensivas. 2 2 5 ) A frase entrecortada ou soiuçante é muito comum no discurso semiindireto livre. cuja voz m e p a r e ­ cia co n h e c id a . p. b a s ta v a m as u n h a s. Quando fragmentos de frase. entre a frase chã e o período pompo­ so e petulante. meLeu o fac ão n a b a in h a . L em b ro u -se d a s u r­ ra q u e le v a ra e d a n o ite p a s s a d a n a ca d eia. p.128 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a modernos assim como na crônica. li u m p o u co . O uvi um b a ru lh o n a rua. (Op. o molde d lho Testamento. revelaram a< que ainda hoje perdura — c dos grandes legados do nossc C heg u ei em casa e p erd i o sono. de nos apropriamos: ía m o s n u m a u to n n e m a e era u m a ta rd e i m o s ale g re s e o v en to d v a d a c o r d e u m sa b re \ c a r n e e s tá se n d o e n te r n q u e se su b m e te ao hara m o d o e ra triste co m o fic lic id a d e e n ó s vim os sol u s a m c h a p e u z in h o com e r a m cin co freiras a le g re .) F abiano p reg o u n ele os o lh o s e n s a n g ü e n ta d o s.. Li um po u co e d e p o is fui deitar. Riu satisfeito. Q u e perig o ? C o n tra aq u ilo n e m p rec isav a fa­ cão. C om o é e s tra n h o e fec h ad o u m v e n tre q u e a g e n te alisa d e m a n sin h o . G ostam dessas coisas. Vidas secas. a não ser ocasionalmente. m as. Pela p rim e ira vez. a in d a n ã o h av ia d o rm id o . E se co­ m e ça sse a g o sta r dela? Parecia d iferen te d as o u tras. cer em que se teria inspirado. No seguinte exemplo. e m b o ra já p assasse d a m e ia-n o ite. Sim sen h o r. A m a ta e scu ra q u e d e r e p e n te se fech o u so b re ele. cheio de enleios. d e fo rm a q u e ouvi u m b a ru lh o na ru a . cit. (A u tra n D o u rad o . As v e ia z in h a s azuis nas virilhas. P orque seria q u e a q u e le sa fa d o b a tia os d e n te s com o u m ca ititu ? N ão via q u e ele era in c ap a z d e v in g a r-se ? N ão v ia? F echou a cara. quando manejado poi sativo n a sua interminável s pouquíssimas subordinadas qi C h e g u e i em casa.4 Frase de ladainh E claro que não se trata de nenhum a obra-prima digna de ser im ita­ da. 161) 2. Parecia u m a voz co n h ecid a. O v e n tre a rre d o n d a d o . O silvo. com o p e rd e ra o so n o . o n d e u m a p es so a. i. frases nominais e frases soluçantes se misturam . A barca dos h om ens. na argumentação. U m a p essoa vin h a m eio ca n ta n d o m eio ch o ra n d o . Um cronista muito api Carlos Oliveira — proporcioi num a crônica a que ele. como na seguinte versão parafrástíca: Variante da frase de a3 dainha. a virtude deve estar no meio. Mas será difícil encontrar exemplos de fra­ se soiuçante no ensaio crítico ou filosófico. p. (. v in h a m eio c a n ta n d o m eio ch o ra n d o . A m a n h ã m esm o v o u le­ v a r p a ra e la um vidro d e cheiro.. E stava c e rto ? (G racilian o R am os. o corpo n u. 129) r -" E v o lta rá o seu rc r á e n ã o se rá ac h ad o . Dosado às vezes de c mas caracterizado por um pri trução. de Érico Veríssimo. a frase entrecortada de pontos é forma adequada â descrição da cena e aos propósitos do Autor: Em maior ou menor d mancistas e cronistas — que Moderna (São Paulo. p en so u . M au ra d e ita d a a se u lad o . E ra m ais d e m e ia-n o ite e eu ain d a n ão havia d orm id o .e.. Bri­ lh a n te .. o resultado é um estilo como que estertorante ou convulsivo: E ele e n c a ra rá con a u to r d o seu o p ró b rio e c S ou u m h o m e m . um a forma híbrida dos discursos direto e indireto (ver 4. feverein ção dita “de 45”. P recisav a v o lta r lá. parece ser i subordinação do que a grega Entre um extremo e outro. A id é ia d o p e rig o ia-se su m in d o . No entanto. os p elin h o s e ra m com o p ele cie p êssego . in d o d e ­ pois d e ita r e. nas dissertações doutrinárias. U m h o m em . Mas a situação é por si mesma muito simples para a adoção de frase mais complexa. (In: J o rn a l do Brasil. quando manejado por principiantes. num a crônica a que ele. certam ente por sugestão do exemplo evangélico em que se teria inspirado. e tro p e ç a rá e cai­ rá e n ã o se rá ac h ad o . em tom coloquial ameno. mas caracterizado por um primarismo sintático à outrance. e fará d e te r o a u to r d o se u o p ró b rio e o se u o p ró b rio virá a c a ir s o b re ele.O t h o n M. XI. quase todos os escritores — sobretudo ro­ mancistas e cronistas — que surgiram entre a eclosão da Semana de Arte Moderna (São Paulo.4 Frase de ladainha Variante da frase de arrastão é a que poderíamos chamar frase de la­ dainha. o advento da gera­ ção dita “de 45”. e to m a rá m u ita s d elas. G a r c i a ♦ 129 Em m aior ou menor dose. pode tom ar-se monótono e can­ sativo na sua interminável sucessão de orações coordenadas por “e”. o molde dessa frase está na Bíblia. No entanto. fevereiro de 1922) e. 1 5 /5 /6 3 ) . (D aniel. 2. 18-9) Um cronista muito apreciado por certa cam ada de leitores — José Carlos Oliveira — proporciona-nos um exemplo vivo desse estilo bíblico. com pouquíssimas subordinadas que não sejam adjetivas introduzidas por “que”.. esse tipo de cons­ trução. E v o lta rá o seu rosto p a ra o im p é rio d a su a te rra . Dosado às vezes de certo lirismo ingênuo. revelaram acentuada preferência por essa estrutura de frase. menos enleada em subordinação do que a grega ou latina: E e le e n c a ra rá co n tra as ilhas. que ainda hoje perdura — mas desbastada dos seus excessos — como um dos grandes legados do nosso modernismo. parece ser traço da sintaxe hebraica. especialm ente no Ve­ lho Testamento. praticamente. deu o título de “Ladainha”.. denominação de que nos apropriamos: ía m o s n u m au to m ó v e l em a lta v elo cid a d e ao lo n g o d a p ra ia d e Ip a­ n e m a e e r a u m a ta rd e m eio cá lid a e m eio cin za e m e io d o u ra d a e e s tá v a ­ m o s a le g re s e o v e n to d e se n ro la v a os n osso s cab elo s e o c ic ia n te m a r e s ta ­ va d a c o r d e u m sa b re v isto no m o m e n to fin al p e la p ró p ria p esso a em cuja c a rn e e s tá s e n d o e n te rra d o — um sa b re talv ez m a n e ja d o p o r u m ja p o n ê s q u e se s u b m e te ao h a ra q u iri — e tu d o e ra m u sic a lid a d e e tu d o cle ce rto m o d o e r a tris te com o ficam tristes as coisas n o m o m e n to m ais a g u d o d a fe­ lic id a d e e nó s vim os so b re u m a d u n a as freiras e e ra m cin co fre iras que u sa m c h a p e u z in h o com u m a b o rla ou b o rd a d o b ra n c o e v e stid o m a rro m e e ra m c in c o fre iras aleg res. o tempo mesmo estava parado à espera de que “a criança crescesse”. o tempo duração. da sua tradução em espaço. nos dias que mir. p. esperado e nascido com anseio e ternura. d conjuntos por parentesco tentores do poder.. era natural que João Ternura fizesse parar o tem po enquanto mãe e tias só pensavam em vê-lo adulto. entregues qi fas caseiras “com um olho n “meio míope”. 16) A criança é o João Ternura. herói erótico e irônico. ou como exercício de estilo ou até mesmo com o propósito de épater a bur­ guesia gram aticalizada. um a tem poral e um a substantiva (os dados estatísticos servem apenas p ara dar um a idéia do que é o estilo de ladainha levado ao extremo). n< das suas artim anhas. o tempo é de expectativa. Para nos d ar um a idéia do ram errão da labuta doméstica. para então. está em compasso de espera. chegar à janela. a prótase se along afastam o desfecho (apódos to pode ser — e geralmente co. falta de certa vivacidade que se adquirem pelo es subsistência. que não João Ternura nascera e cres De qualquer modo. ou melhor. sugerida nas orações de “enquanto”. sem um só ponto. mas receamos que os tenha m albaratado simplesmente porque não cuidou da resistência da atenção do leitor. em que entram trinta e sete conjunções “e”. o tempo psicológico ou interior (“o tempo parou para que a criança crescesse”). E os dias passam. Essa idéia de sucessão dos dias está habilmente sugerida num a forma verbal eficacíssima para expressar continuidade: uma série de orações em fi­ leira. num total de oitenta e cinco linhas e cerca de quinhentas palavras. parente espiritual. a caz form a de expressão pan 2. na sucessão monótona dos dias de par com um tem po que não flui. sucedem-se iguais. esse primarismo sintático tem por vezes conseqüências deploráveis. dezessete orações adjetivas.3) pode degen exemplo. expresso em horas e dias sucessivos.5. pen isso eram atividades corrique conta. nesse tom. A atmosfera que aí se cria é como que “surrealista”. o resultado pode ser bastante apreciável. não. se o autor que dele se serve por fastio da sintaxe habitual. Espécie de frase de ladainha que se aproxima em certo grau da caóti­ ca está no trecho que transcrevemos abaixo. Na pena de um inexpe­ riente. do tempo matemático. reflete o esta­ do de espírito da mãe e das se faça homem. Tudo isso está insi­ nuado nas três orações iniciadas por “enquanto”. em ladainha. três comparativas. dessa forma poético-musical ção com “em bolada de coc< ras variedades.e. bergsoniana: nela se distingue o tempo verdadeiro. em baraçado nos seus ni contrário dos miriápodes. Aníbal Machado recorre a esse tipo de estrutura frasal: E m b o l a d a d o C r e s c i m e n t o — Enquanto a criança crescia a mãe arrumava a casa esperava o marido dormia ia à igreja conversava dormia ou­ tra vez regava as plantas arrumava a casa fazia compras acabava as costu­ ras enquanto a criança crescia as tias chegavam à janela olhavam o tempo estendiam os tapetes imaginavam o casamento ralavam o coco liam os cri­ mes e os dias iam passando enquanto a criança dormia crescia pois o tem­ po parou para esperar que a criança crescesse. com uma ha em que os dois planos da ii lar esse pequeno parágrafo • rir a idéia de “dois tempos” lada nordestina? A estrutur. duração: “enquanto a criança crescia”. e menos aii cião. o do expressa-a. sem ■ ter conhecido e lícito. Nesse Hoje. Mas. i. de atentas que estavar Por trás desse “tempc outro. quando n o . O tempo está “parado”. vencido na vida. dispõe de agilida­ de m ental e capacidade de associação livre. Concebido sob o signo do amor. a durée bergsoniana. orações que indicam tem­ po concomitante. “enquanto a crian­ ça dormia crescia”. mas o tempo mesmo é de expectativa. regar as plani tapetes. (João Ternura.130 ♦ C o m u n i c a ç A o e m P r osa m o d e r n a E a “ladainha” prossegue. p£ fissões que tentou. ir à igreja. Mas só os dias correm: o tempo. cssc vai se . Desses dons dispõe sem dúvida o Autor da crônica citada. quatro reduzidas de gerúndio. tem imaginação e vocação lírica. ao longo de duas colunas. primo-irmão de Macunaíma.5 Frase labiríntica Na pena de certos es» so” (ver 1. sem conjunções — na sua maior parte — nem vírgulas. A idéia de du­ ração. o Autor se t< atividade das tias. justapostas. com o mais bemenriquecidos. Ao titu­ lar esse pequeno parágrafo de “em bolada”. chegar à janela. ou simplesmente “coco”. de compasso binário.UFP. v en cid o n a vida. no caso. os políticos m ilita n tes e os d e ­ te n to re s d o p o d er. fazer compras. d á-se não ra ro u m a e s p o n tâ n e a co n sp ira çã o e n tre os co n ju n to s p o r p a re n tesc o s d e um o u d e o u tro . ralar coco. e com outro. com o m ais b e m -a v e n tu ra d o jú b ilo d o s chefes d a s ag re m iaç õ es assim en riq u e cid o s. ler os crimes. p. “meio míope”. p a ra elev ar o inclassificável às v árias p o siçõ es políticas. a frase de “ladainha” constitui. Aníbal Macha­ do expressa-a. uma efi­ caz form a de expressão para a idéia de dois tempos a fluir. se m disposição alg u m a p a ra o ex ercício d e q u a lq u e r m is­ te r c o n h e c id o e lícito. entregues quase maquinalmente. A rte de p o n tu a i. ansiosas por que o menino se faça homem. que não é característica da região (Minas) onde o herói João Ternura nascera e crescia. não leva a lugar algum: perde-se nos m eandros das suas artim anhas. ou u m a n ­ cião. estender os tapetes. esse vai se r o legislador. por associa­ ção com “em bolada de coco”. 110) . Passos. Nesse erro incide Pedro Lessa: H oje. Se. por exemplo. à maneira proustiana. 2. ao contrário dos miriápodes. tudo isso eram atividades corriqueiras de que a mãe e as tias nem se davam quase conta. n ão p o d e g ra n je a r os m eios d e su b sistên c ia . centopeico. de atentas que estavam no crescimento da criança. p ara qu em a fo rtu n a foi d escaro áv el m a d ra sta nas p ro ­ fissões q u e te n to u . “em bolados”. o Autor se tenha referido a “ralar coco”. por falia de c e rta v ivacidade de esp írito c d e o u tro s p re d ic a d o s n a tu ra is. esperar o marido. às tare­ fas caseiras “com um olho muito vivo” no tempo que não flui. o tempo interior. G a r c ia ♦ 131 do de espírito da mãe e das tias de João Ternura. com uma habilidade sortílega.5. esse vai se r o e sta d ista . ou dos q u e se a d q u ire m pelo esforço e p elo tra b a lh o . especificando um a atividade das tias. o tempo duração. De qualquer modo.. desse tempo exterior.3) pode degenerar num a frase caudalosa e confusa. em baraçado nos seus numerosos “pés”. a prótase se alonga em demasia por um a série de membros que afastam o desfecho (apódose) para além da resistência da atenção. Mas o curioso é que. Essa dicotomia. ir à igreja. Mas. e n tã o . Por trás desse “tem po-hora”. flui lentam ente o outro. em que os dois planos da idéia de tem poralidade se entrecruzam . q u a n d o no seio d e u m a fam ília n u m e ro sa h á u m jo v e m q u e. teria o Autor pensado em suge­ rir a idéia de “dois tempos”. Arrumar a casa. acabar as costuras.E Biblioteca Centr* O t h o n M. o efei­ to pode ser — e geralm ente é — negativo: um período reptante. quase sonambúlicas. (A p u d A. regar as plantas. de que há inúm e­ ras variedades. num período de oito linhas. e m enos a in d a d e o b te r q u a lq u e r co lo cação s a lie n te . que caracteriza a embo­ lada nordestina? A estrutura da frase lembra nitidam ente o ritmo e o tom dessa forma poético-musical do Nordeste.. nos dias que correm.5 Frase labiríntica ou centopeica Na pena de certos escritores aquilo que chamamos de período “ten ­ so” (ver 1. dor­ mir. pensar no casamento. O process denação (correm apenas duas o vas. p a ra q u e cu p u d e sse fa z e r esta ru d e e to sc a e scritu ra. o que não é de somenos.. q u e p o r h e ra n ç a d eix o a m eu s fi­ lhos ( p o rq u e só p a ra eles é m in h a in te n çã o escrev ê-la) p a r a q u e eles v ejam n e la estes m e u s tra b a lh o s e p erig o s d a vida q u e p assei n o d e c u rso d e v in te e u m an o s e m q u e fui tre z e vezes cativo. ou o nosso posto ao lado de Lucena no pc N ascem os h o m en s co n serv a. pelo menos. aquele vai ser. mas hoje excepcional na pena dos escritores modernos. jovem ou ancião) às várias posições políticas. miriapódico.e. livn te n ta a terra.) tra b a lh o s e in fo rtú n io s (. como Proust e Rui Barbosa.. quanto à extensão e i rem ão Mendes Pinto. e es< apud í Nesse trecho encontram cia. e p o r isso estam o s sujei to d o s nasce o Sol. os traços característicos dc orações subordinadas. p o rq u e n ão h á ne a n a tu re z a h u m a n a ... Deixando de lado as incorreções de ordem sintática e outros defeitos de construção. E tió p ia. e p ô r-m e em se g u ro . Além dis­ so. A confusão talvez pudesse ser evitada.. se o Autor o pusesse entre travessões. m eses. num período desse jaez. De forma que à frase entrecortada ou soiuçante. se embaraçam uns nos outros de tal forma que se tor­ na penoso deslindá-los para saber onde começa a apódose (“.. Essa tran sp a ren te u n i p atrim ô n io com um . as q u alid ad es < Esse é um trecho “suave’ lembram.) com m u ita ra z ã o qu e m e posso q u eix ar d a v e n tu ra (. pois m e quis co n s e rv a r a v id a. É o período caudaloso. se opõe a frase labiríntica... a única m aneira de interpretá-lo). único recurso que o Autor supôs capaz de ajudar a compreensão do texto (ele próprio sentiu que a prótase estava dem asiadam ente longa). a falha mais grave do texto resulta da série inumerável dos elementos da pró­ tase. re que lhes dá um feitio de frase m qualquer cronista ou novelista c Reflexões sobre a vaidade dos bi apresenta inúmeros exemplos igii que os períodos compostos por st biríntica. se bem que freqüente no estilo de muitos principiantes.. descabidamente precedida por ponto-e-vírgula. dá-se não raro um a conspiração. nas p a rte s d a ín d ia . A clareza aconselharia “um vai ser. que esplendeu nos séculos XVI e XVII.. inclusive alguns barro­ cos extemporâneos (ou contemporâneos). em que exceleram Vieira e outros barrocos. A rábia felix (A rábia Feliz). às vezes. e h t in stan tes. muito diversa da de oi des. cujos excessos po­ dem ser condenáveis. ac h o q u e n ão te ­ n h o ra z ã o d e m e q u e ix a r p o r to d o s os m ales p assad o s. ininte­ ligível. pontos-e-vírgulas.. porque a obscuridade continua. Esse é o defeito mais grave e mais comum resul­ tante dos períodos sobrecarregados de informações. q u a n ta d e lh e d a r g raç as p o r e s te só bem p re se n te .”).” Mas. Marchetada de conectivos. as três últimas linhas apresentam um a construção anacolútica inadmissível. plena de interpolações e incidências. e d e z e sse te v e n d id o . T a rtá ria . esse vai ser o esta­ dista”. é apenas apos­ to de “conjuntos por parentescos” (essa é. Então. travessões.. desfilan em aranhadas em numerosas it pelam sem discriminação lógia sativa. o que parece decorrênc -orações ou períodos simples de \ . o legítimo período ciceroniano. que se enleiam.... o outro vai ser” ou “este vai ser. que tem valor conclusivo: “dá-se (o próprio verbo é aqui inadequado) uma conspiração. para elevar o inclassificável (i. Ainda por cima. S a m a tra e m u ita s o u tra s províncié a q u e os E scritores Chins g ra fia s p o r p e s ta n a d o m la r e m u ito d ifu sa m e n te . colean­ te mas também rastejante. a A uror n o ite a n u n c ia a todos o âesi trib u i e m anos. sonora e pomposa. o agrupam ento “os políticos militantes e os detentores do poder”. essa espécie de frase torna-se com freqüência indecifrável. p a ra os p o d e r passar..É preciso ler e reler o trecho para lhe alcançar o sentido. como no seguinte exemplo: Q u a n d o às vezes p o n h o d ia n te do s olho s os m u ito s (... nem a pontuação aju­ da muito: é inútil jogar com vírgulas. que leva o leitor a acreditar tratar-se do sujeito de outra oração.. d e se n ã o d e s a n im a re m c d ev e m . e ta m b ém os d eb m a . períodos que são verda­ deiras centopéias ou labirintos.) Mas p o r o u tra p a r te q u a n d o vejo q u e do m eio d e to d o s estes p erig o s e tra b a lh o s m e quis D eus tira r se m p re em salvo.... ajucL g ra ç a s a o S e n h o r onipow a p e sa r d e to d o s os m eu s p n asc e ra m to d o s os m ales. por exemplo. M acáçar. esse vai ser o legislador. C hin a. mas também prolixa e cansativa. que tal­ vez pudesse ser corrigida com um ponto ou ponto-e-vírgula antes de “en­ tão”. pois há vírgulas demais no texto. e d a q u i p o r u m a p a rte to m e m os h o m e n s m o tivo d e se n ã o d e s a n im a re m cos tra b a lh o s da v id a p a ra d e ix a re m d e faz er o q u e d ev e m . e se d is­ tribui em an o s. m eses. (Reflexões. de tal forma que as idéias se atro­ pelam sem discriminação lógica.. a A urora a todos d esp erta p ara o trab a lh o . livre. a ju d a d a d o fav o r divino. p o r g ra n d e s q u e se ja m . p o rque eu e n te n d o e co n fesso que d eles m e n a sc e ra m to d o s os m ales. desfilando em cascata. 6 3 ) Nesse trecho encontram-se.. e horas. e e sca p ar d eles com vida. O processo sintático que neles predomina é o da coor­ denação (correm apenas duas orações subordinadas. e acaba. e p o r isso estam os sujeitos às m esm as paixões. a q u e os E scrito res C hins. e tam b ém os debilita. e o ân im o p ara os p o d e r passar. que José de Alencar poderia ter posto ao lado de Lucena no pós-escrito de Iracema: N ascem os h om ens iguais: u m m esm o e igual p rin cíp io os an im a. os conserva. vol. Aliás.O t h o n m . o que não é de somenos. 1. p ara todos se com p õ e d o m esm o n ú m e ro d e in stantes. o silêncio d a n o ite a n u n c ia a todos o descanso. G a r c ia ♦ 133 e m u ita s o u tra s p ro v ín cias d a q u e le o rie n ta l a rc ip éla g o . p o rq u e n ão h á n e n h u n s. d o s co n fin s d a Ásia. a frase caudalosa e centopeica de Femão Mendes Pinto. com q u e n ã o p o ssa a n a tu re z a h u m a n a . Para to dos nasce o Sol. e p o r o u tr a m e a ju d e m a d a r g raç as ao S e n h o r o n ip o te n te p o r u s a r com igo d a su a in fin ita m isericó rd ia. O resultado é uma frase lenta. Som os o rg an izad o s pela m esm a for­ m a. adjeti­ vas. inserindo-se umas nas outras. assim mesmo. rever 1. todos resp ira m o ar. G ueos. constituindo mesmo um exemplo que qualquer cronista ou novelista contemporâneo subscreveria sem corar. apresenta inúmeros exemplos iguais a esse. “Relevância da oração principal”). o que lhes dá um feitio de frase moderna.. e às m esm as v aid ad es. como o padre Manuel Bernardes. muito diversa da de outros clássicos. Roteiro literário. Peregrinação. os traços característicos do período clássico: é uma interminável série de orações subordinadas. q u e p o r m im p assaram . 71) Esse é um trecho “suave”. . as qualidades d a água e do fogo a todos se com unicam . can­ sativa. quanto à extensão e à estrutura. Reflexões sobre a vaidade dos homens. (F ernão M endes P in to ( 1 5 1 0 -8 3 ). do nosso primeiro filósofo moralista. a p e sa r d e to d o s os m eus pecados. em que os períodos compostos por subordinação raramente assumem estrutura la­ biríntica. todos a c h am nos elem en to s u m p atrim ô n io com um . p. o que parece decorrência da feição sentenciosa da sua frase: muitas orações ou períodos simples de Matias Aires são verdadeiras máximas. à sua mais alta potên­ cia. porém. co m o ao d ia n te e sp e ro tr a ta r m u ito p a rtic u ­ la r e m u ito d ifu sa m e n te . e d ela as forças.. por exemplo. O tem p o que in sen siv elm en te corre. ou o nosso Matias Aires.5. em linguagem clara e fluente. E léquios n o m e ia m n a s su a s g e o ­ g ra fia s p o r p e s ta n a d o m u n d o . formado por vários períodos que em nada lembram. e indefectível. elevados. Essa tra n sp a re n te região a todos abraça. a todos sus­ te n ta a te rra . e. S iam eses. sinuosa. a p u d Á lvaro Lins e A urélio B u a rq u e d e H o la n d a F erreira...1. p. em aranhadas em numerosas incidências. já que seu senti m ente na oração ime< dicos haviam descobe expressar apenas uma da qual dependem sin — que os médicos haviam frase. período. so b re n id o p o rq u e n ão é d e m o d o alg u m possível se p a ra r o e ru d ito d o p o p u la r e ta m b é m o q u e d e in te n c io n a l se a ju n ta v a nesses textos. n a im ag em in cisiv a (?) d e C arlyle. co m o u m a e n o rm e c â m a ra escu ra am p lifica d o ra. um autor.e. XII e XIII. excelente livro Inteligên­ cia do folclore: S em te r p o rta n to a tra d iç ã o o ra l d o p a ssa d o . Entretanto. pois seu sentido seu objeto direto (“qu< frase.) O primeiro período bem vivida” — é aposto d fitico. tanto quanto os adjt Encaremos agora o irutura verbal malograda. No c semelhantes a essa. (p. dada J ra n o construção elíptica o — il encará-lo como um r ia frase fragmentária. n a q u al o h o m e m m o rto se to rn a d e z vezes m a io r d o q ue era em vida. i. de term o (“fet to adnominal. o verdadeiro fragmento de frase é de outra ordem. separando-o ~ mas não vicioso. Fragmen — que aquela febre. como sabemos. sob todos os aspectos. em q u e se b aseia a ex e g ese d a no v elística p o p u la r].1). poderiam ser consideradas como fragmentos de frase. Exa­ minemos o seguinte trecho de Jorge Amado: H á m u ito q ue os m édicos h av iam d esco b e rto q u e aq u ela febre q u e m a­ tava a té m acacos e ra o tifo. a ciência folclórica e s b a rra d ia n te d a a u s ê n c ia d e d o c u m e n to s . na q u a l o h o m e m m o rto se to r n a d e z v ezes m a io r do q u e e r a e m vida. Nenhuma dessas orações encerra um pensam ento completo. a tra v é s dos q u ais seja possível re c o n s tru ir a tra d iç ã o . Poderia estar entre n aão r realce..134 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P r osa m o d e r n a As vezes. se não lhes desse um sentido completo.6 Frase fragmentária Como assinalamos em 1. no seu. claro e conciso. que. que o leitor fica de­ sorientado. uma falha de pont íu ação dessa ordem é q feição anacolútica. constituem fragmentos de frase: ver 1.. era < descoberto”. 2. n a q u e la incisa (sic) im ag em de C arlyle. pois n ã o é d e m o d o alg u m p o ssív el s e p a ra r o e ru d ito d o p o p u la r n em o q u e d e in te n c io n a l se a ju n ta v a n esses te x to s [do séc. pois qualquer delas é parte de outra. Foi o que aconteceu a Re­ nato de Almeida. Mas o terceiro trech í* tido como vicioso pc lo dependente desliga do período (uo povo c k >5. deixa escapar um período labiríntico lamentável. a ciên cia folclórica e s­ b a rra na au sên c ia d e d o c u m e n to s fided ig n o s.2. no âmbito restrito da análise sintática. A falta d e tais d o c u m e n to s im p o ssib ilita a re c o n stru ç ã o d a tr a d i­ ção q u e é. p a ra a ciência folclórica. Isoladam ente. p o rta n to . — que matava até macacc melhor. as frases de situação. com o u m a e n o rm e câ m a ra escura am plificadora. com ligeiras adaptações que em nada falseariam o pensam ento original: S em ter. se n ã o a lg u n s re tra to s em c u ja fid elid ad e n ão h á q u e fiar m u ito . 7 3 ) Há nesse trecho um acumulo tal de informações.. Fragmento Donde se conclui qt frase. q u e lhe p a re c e . cujo estilo é em geral simples. coi porque o ponto está i: . pois não é s ção. se o contexto não lhes restaurasse a integridade semântica. Existem aí quatro orações mas uma só frase íntegra. do ponto de vista es­ tritam ente gramatical. sua matéria daria para pelo menos dois períodos mais claros. a tra d iç ã o o ra l d o p a s sa d o . palpáveis de pontuação ou O povo carioca Vida bem vivida. Tendt de aluno. se chama. separando-o por ponto. Portanto. É. a possibilidade de entendê-lo também como construção elíptica ou como frase nominal. .. Fragmento de frase. inclusive. um a falha de pontuação (ponto em lugar de vírgula).. como vimos.e (re­ ver 1. mas o autor deu-lhe maior realce. em essência.. Mas o terceiro trecho — de “tendo” até o fim — é um fragm ento de frase. (R ed ação d e alu n o . é um fragmento de frase. G a r c i a ♦ 135 — Há muito [tempo] é uma oração. V ida b em vivida. Muitos veriam aí. era o tifo"). Encaremos agora o fragmento de frase como resultado de um a es­ trutura verbal malograda.) O primeiro período constitui uma frase íntegra.”). era o tifo é.0 1h ü n M.”. onde está o seu objeto direto (“que aquela febre.. pelo menos.. já que se trata de uma oração dependente desligada da sua principal — que é tam bém a princi­ pal do período (“o povo carioca pode gabar-se. o objeto direto de “haviam descoberto”. com propósito en­ fático. — que os médicos haviam descoberto é também um a oração mas não uma frase. como é*de regra. ou melhor. são freqüentíssimas constru­ ções semelhantes a essa. O segundo — “Vida bem vivida” — é aposto de “vida”. tanto quanto os adjuntos.. etc. Entretanto. a expressar apenas um a circunstância de tempo. Poderia estar entre vírgulas. e falhas de pontuação dessa ordem é que provocam a maioria dos fragamentos de frase de feição anacolútica.1). — que matava até macacos é. sujeito) de outra. da mesma forma. sem dúvida. pois não é suficiente por si mesma para estabelecer comunica­ ção. já que seu sentido só se completa no resto do período. apesar de ser a oração da qual dependem sintaticam ente as demais do período. parte de outra oração. especial­ m ente na oração imediata. dita “tem poral” “que [= desde que] os m é­ dicos haviam descoberto. mas não um a fras. Donde se conclui que toda oração subordinada é um fragmento de frase. tido como vicioso pelos cânones gramaticais.. de term o (“febre”.. Outro fragmento de frase. aposto por reiteração. Fragmento de frase. frustrada nos seus intentos por causa de falhas palpáveis de pontuação ou de vícios de raciocínio: O povo carioca p o d e g ab a r-se dos se u s q u a tro c e n to s an o s d e v id a. pois seu sentido só se completa no resto do período.. mas não vicioso. No ensino fundamental. porque o ponto está indevidamente colocado. dada. um fragmento de fra­ se. constituídas por períodos a que falta a oração prin­ cipal. parece mais na­ tural encará-lo como um recurso de estilo que se resolveu satisfatoriamente num a frase fragmentária. — que aquela febre. funcionando como adjun­ to adnom inal. T endo p o r p rê m io a n a tu re z a e o clim a a m e n o . d e cabelos cacheados. Exai que” depois do sexto p< principal desse período. há tam ­ bém um a série de gerúndios desacompanhados de oração principal. Com isso. O “rem endo” mais fácil consistiria em enxer­ tar um auxiliar (“vivia”. p ro c u ra n d o fu rta r o s figos d a v elh a M erência. ficaria sendo realm ente um período. vivendo. Porque tem m u ita gen cia n a tu ra l. isolamento feito com inabilidade ou incúria. em conseqüência quase exclusiva de um critério de pontuação não ortodoxo. p. ou “estava”. co m u m a ex­ p ressã o d e e te rn id a d e . p a s se a n d o n a ru a. pela parte final. principalm en­ te a do período entre as duas grandes guerras.”. o estilo da literatura moderna. Toc um c a lo r in su p o rtá v el. por exemplo) para os gerúndios. com o ínc cozin h a n d o em trempi que cheguei lá em cimt aieg a -se . P orq u e n ão e ra \ p rin c ip a lm e n te o calor. deixando num pseuc principal pode vir ou nãc mesmo o mais caturra dc iutos. e o segundo. n a tu ra lm e n te . “aparas” ou “lascas” gua falada: é vivaz. d o rm in d o . e a q u e le ra p a z b o n ito . b ran c o .. b ran co . p assean d o na rua. espoi m enos conveniente. indo ao b a n h o no rio.. d o rm in d o p a ra sem pre. distingue-se pelo feitio da sua frase fragm entária.. cujo núcleo é o particípio passado “deitado”. só os grandes escritores sabem quando e como desprezar certos preceitos gramaticais para obter efeitos estilísticos abonadores. há nesse trecho dois grupos de fragm en­ tos de frase: o primeiro constituído pela série de gerúndios. c bulário.. b e b e n d o . d e cab elo s ca ch ead o s. mas a habilidade e a experiência do Autor deram como resultado um a frase bas­ tante expressiva: A g e n te a n d a n d o .. oferece-nos sempj recursos de estilo. No trecho a seguir. que provém do contraste entre o dinamismo da­ queles gerúndios desacom panhados de auxiliar e a idéia de repouso daque­ le “deitado”. e ver-se-á quanto perdeu com isso o trecho: A g en te estava (o u vivia) an d a n d o . brasileira ou não. quando resul­ tam de incúria ou ignorância. Rachel de Queiroz. v iv en d o . “reaju excessos resultantes em gi . sa iu m u ito a n te s d e te dor.Ora. loquialismo espontâneo. p a ra lisa n d o -se d e a d m ira ç ã o d ia n te d o v elh o F aria. de Gilberto Amado. No exemplo que acabamos de comentar. c o m en d o . ! vel segundo os cânones pressão legítima no Portu tuar. O trecho que damos um a idéia do que é frase 1 A festa d a inau n ã o acab a v a m ais. são formas de expressão legítimas sob o aspecto estilístico e não estritamente gramatical. Muitos tr dos.. tomam-se vícios lastimáveis. Só os autores experimentados. in d o ao b a n h o n o rio. a partir de “e aquele rapaz. V iver p o d ia se vel. Grande parte do ti dos na transcrição). o melhor compêndio ou manual de redação é obra dos grandes escritores. Cada dia que a m bichos e su a s flo res. Por isso. É. d o rm in d o . e n q u a n to aquele rap az b o n ito . 30) Sob o aspecto gramatical. mas teria perdido gran­ de parte do seu sortilégio. d e ita d o ali d o rm in d o p a ra sem pre. CH istória d a m in h a infância. teria coragem de ce redação). e outro para o particípio passado (“continuava”). com endo. su b -h u m a ta m . p ara lisa n d o -se d e adm iração d ia n te d o velho Faria. p ro cu ran d o fu rta r os figos d a velh a M eren ­ d a . Confronte-se a versão íntegra com a fragm entária. o trecho se tor­ naria íntegro. Está aí um exemple da ao extremo. muitos. com u m a ex p ressão d e e tern id ad e . o fragmento de frase vicio­ so decorreu do isolamento da oração gerundial “tendo.”. constituem virtudes estilísticas. Quando intencionais e praticadas com habilidade. continuava d eitad o ali. É um caso de conflito entre a rigidez gramatical e a excelência estilís­ tica. Falta aí pelo menos uma oração independente que sir­ va de principal do conjunto. Não obstante. podando-lhe os excessos resultantes em grande parte de uma pontuação heterodoxa.. . co m o índios. inanalisável segundo os cânones gramaticais. n a tu ra lm e n te . teria coragem de censurá-la (a menos que se tratasse de exercício de redação). cuja principal pode vir ou não vir em período precedente. De rachar. A gramática “m andaria procurar” a oração principal desse período. Mas o trecho é. tão alto. espontâneo. sub-hinnanas e sobre-hum anas. constitui forma de ex­ pressão legítima no Português moderno. com as suas peculiaridades de expressão e de voca­ bulário. leva a su a e x istê n ­ cia n a tu ra l. Todos m u ito an im ad o s. tão usual. oferece-nos sempre exemplos de fragmentos de frase preciosos como recursos de estilo. De m o d o q u e g ra n d e p a rte d o s convivas sa iu m u ito a n te s d e term inar. naquele estilo todo seu. aleg a -se . Muitos trechos postos entre pontos são pedaços de perío­ dos. muitos. E u m ca lo r in su p o rtá v el. M as u m a co n fu sã o tre m e n d a . m as p o d ia se r so frí­ vel. E p rin c ip a lm e n te o calor. aquele iniciado por “por­ que" depois do sexto ponto. deixando num pseudo ou quase-período só orações subordinadas. E gente dos m orros. M orando naqueles n in h o s em poleirados nas pedras. ig u a lm en te com seus passarinhos. que nem mesmo o mais caturra dos puristas. 2 8 /3 /6 4 ) Grande parte do trecho é constituída por fragmentos de frase (grifa­ dos na transcrição). E n ão g o s­ ta m . Porque tem m u ita gente de m orro q u e.. não obstante. dignos de imitar: V iver p o d ia se r tã o bom . quanto a esse aspecto. ou pelo menos conveniente. a q u e la co n fu são . Esse estilo ajusta-se perfeitam ente à lín­ gua falada: é vivaz. o mais ferrenho adversário dos anacolutos. nem luz elétrica. V ivem em co n d içõ e s su b -h u m a n a s.. sem conhecer veículo que chegue lá em cima. “reajustá-lo” ao estilo da língua escrita. Mas seria necessário. cozin h a n d o em trem pc. apanhando água onde enconfra. adaptado de redação de aluno. Está aí um exemplo de linguagem coloquial entrecortada. (O C ruzeiro.U FP E Biblioteca Centra O t h o n M. É tão usual essa m aneira de pon­ tuar. e m b o ra n a cid a d e . E. por exemplo. C ada dia que am anhece.. A festa d a in a u g u ra ç ã o d a nova sed e e sta v a e s p lê n d id a . “aparas” ou “lascas” de frase. O trecho que damos abaixo. Cada noite com as su a s estrelas. dá bem um a idéia do que é frase fragmentária. fragm enta­ da ao extremo. estilo delicioso no seu co­ loquialismo espontâneo. m u ito a n te s m e sm o d a c h e g a d a d o G o v ern a­ dor. G a r c ia ♦ 137 Rachel de Queiroz. Ou bom não digo total. P orque n ã o e ra possível a g ü e n ta r a q u e le a p e rto . desinibido. G en te q u e n ã o ac ab a v a m ais. E os m a to s e os bichos e suas flores. Examinemos. lá em cim a . Sua novela — exemplos de monólogo eir caóticas do ponto de visn ícf. pelo contrário. o mon tiano. há muito: logos. nos padrões rítmicos. porque a popular. so­ ciais e culturais herdadas do passado. Uma das heranças deixadas pelo Modernismo foi a renovação da pró­ pria língua literária — da literária. Embora esse movimento “sísmico” no território das letras não tenha tido seu “epicentro” nestas Terras de Santa Cruz. que surpreendeu. no vocabulário. a língua literária sofreu tremendos abalos. eclodindo dois anos mais tarde na celebérrima Semana de Arte M oderna (São Paulo. como espelho que é da própria sociedade. sem alarm a nem protesto. 1922). teria de refleti-las em grau acentuado. demais. páginas 19. muito diversa cla que vigorava até a se­ gunda década do século: diferente na estrutura.7 Frase caótica e fluxo de consciência: monólogo e solilóquio Como se sabe. como expressão livre.. se configuraram como verdadeiros “cataclis­ mos” lingüísticos. desenfreada. Trata-se de um a frase que muito nos lembra “depoimento” feito em divã de psicanalista. denominação que não tem nenhum sentido depreciativo. irritou. essa está se renovan­ do todos os dias. e. já era “outra coisa”. na maioria dc Não seria cabível n nólogo interior e do solilc temporânea. que é coerente e 1 a quem indiretamente se preferência do discurso d Ainda que o solilóq neo.138 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P r osa M o d e r n a 2. desesperou um a le­ gião de críticos desarmados. Rio. Daí. e não propriam ente : mais adiante. que. como se elas brotassem diretamente da consciência. econômicas. chocou. a não ser daqueles críticos desarmados ou de alguns ferrenhos tradicionalis­ tas. Sua estrutura. de gramáticos muito afeitos ain­ da à disciplina rígida do purismo em moldes parnasianos. Mas depois a atmosfera se desanuviou um pouco. para muita gente. desinibida. Hoje. que acham que a língua portuguesa da segunda m etade deste século de­ via trazer ainda o signo camoniano para ser tida como padrão de excelência. o seu feit num a ruptura dos enlací de idéias aparentemente consciência”. Restanos agora dizer alguma coisa sobre a frase caótica. ter ou duas amostras coment. Em tópicos anteriores já comentamos alguns desses espécimes.. entre outros. apesar do seu moldt cançada na literatura bras rico. Dalloway. por isso. 1963). Outro romancista ij dem assinalar algumas se üspector. de pensamentos e emoções. e os “trem ores” deixaram de assustar a m aior parte. de Cornélic vários aspectos. o fluxo do pensame mais ou menos policiada decorrentes. em que o narrador (ela só aparece no gênero de ficção ou de literatura intimista) apresenta as reações íntimas de determinada personagem como se as surpreendesse in natura. ex. 21 d sco Alves. em monólogo ouvinte. o seu revestimento 1 geral. antes. como nin­ guém ignora. Sua feição mais comum é a do monólogo interior. Dos movimentos ou correntes literárias que proliferaram na primei­ ra m etade da presente centúria. e os ex­ cessos dos primeiros “abalos” já havia perdido bastante a sua intensidade inicial. o século XX se tem caracterizado por acontecimentos que lhe vêm alterando radicalmente as estruturas políticas. Alguns espécimes dessa frase rebelde aos moldes tradicionais (castilhianos. livres e espontâ­ neas. já não era novidade. como a renovação estilística que se seguiu à Primeira Grande Guerra e repercutiu no Brasil por volta de 1920. o assinalou alarmado — foi a de legítimo “terrem oto”. p. sua repercussão aqui — e José Oiticica. O resultado disso é que a frase pós-modernista. A literatura não poderia ficar à m ar­ gem dessas transformações. por exe: . alguns deixaram sinal mais duradouro do que otitros. const lência estilística no gene: Esse aspecto alógi< Robert Humphrey. digamos assim) seriam inconcebíveis na literatura brasileira anterior a 1920. entn taxe. de Virgini William Faulkner). Uma das obras de i cia na literatura brasileirf teira (1933). sobretudo. En — a Autora depura e reqv ie alogismo sintático e co como se pode ver. O autor “larga” a . Com o advento do Modernismo.. que Robert modem novel (University Apesar do seu frç cendência é das mais il Mrs. passam como coisa corriqueira. vagações. há muitos trechos de solilóquio inseridos nas falas dos diá­ logos. de que se tem notí­ cia na literatura brasileira dos últimos cinqüenta anos. Em obra mais recente — A legião estrangeira. às suas di­ vagações. incoerência que pode refletir-se tanto numa ruptura dos enlaces sintáticos tradicionais quanto numa associação livre de idéias aparentemente desconexas. por isso. Daí. Esse aspecto alógico. realmente magistral sob vários aspectos. O autor tenta assim traduzir o “fluxo de consciência”.. p. incoerente ou difuso é o que distingue. se bem que. é sem dúvida Fron­ teira (1933). ex. em certos círculos. às vezes. padrão de exce­ lência estilística no gênero de ficção. de William Faulkner). de um critério de pontuação não ortodoxo. temos de limitar-nos a algumas referências e a uma ou duas amostras comentadas com propósito didático. em quem. Mrs. O utro romancista igualmente introspectivo. fragmentárias (cf. Rio.0). m arcado de alogismo sintático e com interpolação freqüente de frase fragmentária. a quem indiretamente se dirige. mas não caóticas do ponto de vista sintático. 1964 — a A utora depura e requinta essa técnica do monólogo interior. esquecida da presença de leitor ou ouvinte. no conto que dá título ao volume. o monólogo interior do solilóquio dramático do tipo hamletiano. Apesar do seu freqüente e intencional primarismo sintático. Uma das obras de maior densidade introspectiva. 44. Dalloway. O autor “larga” a personagem. constituindo mesmo. Sua estrutura. 23. 1963). Mas tanto um quanto outro se servem de preferência do discurso direto ou do indireto livre (ver adiante 3. em monólogo com seus botões. Em geral. Nesse romance. de James Joyce. entretanto. sua as­ cendência é das mais ilustres (Ulysses e Fintiegcins’ Wake. de Comélio Pena. The sound and the fury e As I lay dying. o seu feitio incoerente. aliás. da edição da Livraria Fran­ cisco Alves. Sua novela — Perto do coração selvagem — oferece-nos vários exemplos de monólogo em frases permeadas de relativo alogismo. segundo Robert Humphrey. na maioria dos casos. como se pode ver. nada tem de caótica no que respeita à sin­ taxe.. é Clarice Lispector. G a r c ia ♦ 139 neas. distinção que desenvolveremos mais adiante. páginas 19. apesar do seu molde de introspecção em profundidade raram ente al­ cançada na literatura brasileira dos nossos dias. por exemplo. 1959). . 102. deixa-a entregue a si mesma.O t h o n m . Por isso é solilóquio dram á­ tico. de Virgínia Wooif. o seu revestimento lingüístico nem sempre é caótico ou incoerente. que é coerente e lógico por presumir a presença de leitor ou ouvinte. Não seria cabível num capítulo como este rastrear a incidência do mo­ nólogo interior e do solilóquio dramático em toda a literatura brasileira con­ temporânea. o fluxo do pensamento da personagem se exterioriza numa forma verbal mais ou menos policiada pelo autor.. 134. e não propriamente monólogo interior. que Robert Humphrey estuda em Stream of consciousness in the modem novel (University of Califórnia Press. Ainda que o solilóquio seja freqüente no romance brasileiro contemporâ­ neo. se po­ dem assinalar algumas semelhanças com o Autor de Fronteira. sendo os vestígios de alogismo sintático decorrentes. 31. numa linguagem culta. servindo-se. depurado. A barca dos homén. A belardo n ão p e rd ia o d o m ín io d e si m esm o . dizia consigo. entretanto. que lhe ta. A partir daí. Seu romance A barca um semilouco. numa frase mente do fluxo de consciên* de solilóquio dramático de í Poderíamos citar aind interior ou do simples solilá Lins do Rego.)" (A décim a n o ite. mesmo se boca do Autor. O pensam en­ to é de Salviano. dado o tipo mental da personagem. que fala mais pelo Autor do que por si mesma. solta. Lúcio Cardosc perto de nós. em nenhu em solilóquio (estamos adol incoerente ou caótica em t. eu ta m b ém . Também Josué Monteio (A décima noite. É monólogo de fluxo de consciência. principalmente quando se serve de verbos dicendi (disse. Para traduzir melhor a torrente de idéias que se vão avolu­ m ando na mente de Salviano (principalmente a partir da sua prisão. enfim. N ão d a ­ n ação e ra o p e c a d o q u e n ão ap a recia em e sta m p a s p o rq u e m o rre em si m es­ m o e n ão a g ü e n ta ria seu reflexo em esp elh o ou s a n tin h o n ão a g ü e n ta ria có­ pia d e si m e sm o p o rq u e m esm o su a so m b ra a rd e e s c a rla te o n d e p o u sa. fica tra n q ü ila . enfim. mas policiando-lhe sempre a linguagem. em frases até certo ponto caóticas. 2 0 5 ) Vê-se que. de uma estrutura de frase que nada tem de caótica. i Ulysses. despovoada de vírgulas: M as d a n a ç ã o era o u tra coisa m u ito d ife re n te d a n a ç ã o era raiva d e cão d a n a d o n a a lm a d a g e n te d a n a ç ã o era ó dio d e D eus v o n ta d e d e m o rd e r e d e e s tra ç a lh a r D eus com o se fosse possível e ra e n te rra r as u n h a s e ra sg a r d e p o n ta a p o n ta o céu d e m odo q u e à no ite se p u d esse v e r o listra o de sa n ­ g u e la te ja n d o e n tre as estre la s e d e d ia a ferida se a b risse ao sol p a ra q u e o d a n a d o te n ta s se e n tra r p a ra e s tra ç a lh a r D eus u m v e rd a d e iro horror. F. que sensibilidade elementar de u nato de A barca dos homens. co n fia n te. (Assunção de Salviano. recorre ao m onó­ logo interior como expressão do fluxo do pensamento. todo esse fluxo de conscíê. p. 10 8 ) Como se vê. se exterioriza como se o narra fora” em expressão lingüística . para evitar. se re n o . Por esse lado. Ferido numa qued. de um desaju mais ou menos inocentement onde nascera e se criara. princip amigo. então. Sei o q u e d e v o fazer. Em. C rês q u e p o d e rá s fu g ir d e m im . para a Civilização Bn rece o singular monólogo de ^ marido. acusa­ do de haver assassinado um americano). pensava): Na im in ên c ia d a crise. as palavras. por Érico \fe dos habitantes da ilha. Cen acossado pelos policiais da itt mada com o perigo que signil quilibrado. com vocação para o auto-sacrifício. („ . com o se eu fosse u m e s tra n h o ? De m o d o a lg u m . que peneira o que deveria ser o legítimo solilóquio de um nordestino agitador e meio místico. os exemplos de monólogo como expressão do fluxo do pensamento ou tor­ rente da consciência revelam acentuada interferência do Autor. Só nós d o is fic a re m o s aqui. No caso de Callado. 1960) recorre com freqüência ao solilóquio. mas fiscalizado muito de perto pelo Autor. assim como que de embolada ou de ladainha. T erem os d e p a rtilh a r a m e sm a cam a. autor que dispõe de grandes se sente nítida influência de The sound and the fury. Ao contrário do que fazem Callado e muitos outros. nem todas. o Autor põe seu herói a monolo­ gar. Fernando Sabi Entretanto. sobretudo nas suas qu edição de The Modern Librar Houaiss. A laíde. a história se de adotada por Aldous Huxley ei com adaptações. E e n ­ tã o ? N ão u sa re i d e violência contigo. eu te d iria q u e esse re ­ ceio cle te e n tre g a re s n ã o é caso ú nico no m u n d o . Mon­ teio põe sempre entre aspas os trechos monologados. E dizia co n sig o . a frase é sobriamente caótica: basta colocar nos devidos lugares algumas vírgulas e alguns pontos para que resulte sintaticamente bem ordenada. do legítimo moro indireto e semi-indireto livre. Dourado simula reconstituí-lo que se vão encadeando por si ve-se.140 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa m o d e r n a Também Antônio Callado. O máximo que faz o romancista é expor o pensamento de Salviano numa frase simples. ressona ao lado. S e m e q u isesses o u v ir com se re n id a d e . ali n a alcova. pelo menos. em Assunção de Salviano. tudo. e o do drama íntimo c evocações de experiências rece As divagações do herói branças. p. os ex­ cessos que redundariam numa frase totalmente caótica. cigarro e sq u ec id o n a p o n ta d o s d ed o s: — “D aqui a p o u c o te rá s d e d e ita r-te . 1960). indireto e semi-indireto livre. Ferido numa queda. Entretanto. e no qual se sente nítida influência de Joyce e Faulkner — sobretudo do Faulkner de T h e s o u n d a n d th e furyr . 1936) e. como faz James Joyce em U lysses . tal. mais perto de nós. Mesmo num a personagem de tipo mental . todo esse fluxo de consciência ou torrente do pensamento de Fortunato. onde apa­ rece o singular monólogo de Molly deitada na cama. sobretudo nas suas quarenta e cinco últimas páginas (738 a 783 da edição de The Modern Library. Em. enfim. do legítimo monólogo interior. Abelardo fala pela boca do Autor. recanto de veraneio. e Tonho. para a Civilização Brasileira. New York. como. num a frase coerente. mesmo sendo homem de certa cultura. 1938): o dos habitantes da ilha. Dourado simula reconstituí-lo em fragmentos de frases soltas e incoerentes. Graciliano Ramos. então. exatamente tal. Lúcio Cardoso (sobretudo em A l u z n o su b so lo . A b a rc a d o s h o m e n s é o fluxo da consciência de Fortunato que se exterioriza como se o narrador o surpreendesse “por dentro” e não “por fora” em expressão lingüística. que nos oferece uma visão do mundo através da sensibilidade elementar de um idiota ou débil mental. G a r c i a ♦ 141 Vê-se que. em nenhum deles a estrutura da frase em monólogo ou em solilóquio (estamos adotando a distinção que faz Robert Humphrey) é incoerente ou caótica em tão acentuado grau como em Autran Dourado. autor que dispõe de grandes recursos de fabulação e introspecção. por exemplo. tudo. Nada tem propria­ mente do fluxo de consciência.|U F P E Biblioteca O n * " O t h ô n M. páginas 791 a 846). O Autor ser­ ve-se. As divagações do herói débil mental. a crônica de um semilouco. seu marido. mãe de Fortunato. 1961. viu-se acossado pelos policiais da ilha. tendo-se apossado de um revólver. sob a forma de discurso direto. Fernando Sabino (E n c o n tro m a rc a d o . a história se desenrola em dois planos (técnica semelhante à adotada por Aldous Huxley em P o in t c o u n te r p o iitt . José Lins do Rego. Poderíamos citar ainda outros autores que se servem ou do monólogo interior ou do simples solilóquio. 1966. em síntese. com adaptações. lógica. e seguida também. 1928. não se trata assim de monólogo interior. que lhe vai passando pela mente conturbada e atôni­ ta. e o do drama íntimo de Fortunato com suas aflições entremeadas por evocações de experiências recentes. semelhante ao Fortunato de A b a rc a d o s h o m e n s. que se vão encadeando por simples associação livre de idéias. na tradução de Antônio Houaiss. Fortunado refugiara-se num recanto da praia. os fiapos difusos das suas lem­ branças. Certo dia. A partir daí. por Érico Veríssimo em O lh a i o s lírio s d o c a m p o . escorreita. mas de solilóquio dramático de feição tradicional. seu amigo. enquanto Leopold. cuja população se mantinha justamente alar­ mada com o perigo que significava uma arma de fogo em mãos de um dese­ quilibrado. de um desajustado mental — Fortuna to — que perambulava mais ou menos inocentemente pela ilha de Boa Vista. ressona ao lado. principalmente Luísa. Seu romance A b a rca d os h o m e n s (1961) é. onde nascera e se criara. sição. não deixa os solda­ dos chegarem primeiro. essa torrente de pensamentos e emoções íntimas já se revesti­ ria de um a roupagem idiomática fragm entária ou desconexa: na m ente de um retardado. ao nos dar em 1966 a 60 Curnpre agradecer aqui a s chamou a atenção para o cas< este capítulo saiu publicado. freqü pósito esclarecedor. E.) Essa é um a am ostra de frase caótica. desordenado. 2. só ele e Tonho. em grau m uito mais acentua­ do do que a do exemplo de Assunção de Salviano. lhe dizia escolhe uma para sua madrinha..142 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a equilibrado. em quase estado de inocência. não interrom pi­ do por ponto (no monólogo de Molly. é bom. Múltip ria dos casos. assinalando os trechos de stream o f consdousness com um a linha pontilhada. nem precisava cheiro. onde term ina. um como q pensam ento em surdina. no âmbito c de orações que não pertei do mesmo período. desinibido. experiência e alto grau contaram certam ente Jami Faulkner58 para a criação não foi o primeiro entre nó nólogo interior (temos o ex quem.8 Frases parentél Existe. na sua fluidez. está doendo muito a perna. a imaginação (i< dos urubus voando quant terceiro. será que Tonho se lembraria. se faz sempre revestida duma forma verbal de escassa contaminação de hábitos lingüísticos socializados. anda a vida inteira buscan­ do um pai para gostar e seguir. no qu vam ento sintático e. não podiam chegar. não deixa eles chegarem primeiro que o Tonho. nem toda: 58 ' A propósito cia obra desse A técnica do romance. colhido ao acaso para dar um a idéia do que é a frase caótica em monólogo interior como exteriorização do fluxo de cons- Dizer muitas vezes seguidas paizinho. era assim que devia ser um pai. como a mãe dizia. quando saía com ele na Madalena pelo mar adentro. estava inchado. trechos que em geral se alon­ gam por um a página e meia. os senados (a pe ingredientes do monólogo deles pode resultar obra c bituado aos padrões tradic A parentem ente fácil to. . Mas Autran Dourado “ajuda” o leitor. não co­ ordena suas idéias num a estrutura sintática rígida. da­ quele esconderijo. mas porque o monólogo interior. sua configuração assume aspectos surpreendentes. tipica­ m ente joycianos. meu Jesus. 1 regra. levou a mão no lugar que mais doía. muito mais que pai. há. esse revestim ento lingüísti­ co adequa-se perfeitam ente à situação e à natureza do conflito íntimo do protagonista. não há pontuação de espécie algu­ ma: Dourado pinga pelo menos algumas vírgulas). daí a sua tríplice d (ao p é da letra. constituindo um total de cerca de vinte. seu pai. Vejamos um exemplo. porque tem gente que tem pai e não gosta dele. e o maior deles Antônic petência.. As três característii controlam a associação li primeiro. Desde a de núm ero 147. entre parênteses. meu Jesus. em períodos e parágra­ fos pontuados: o pensamento simplesmente flui entregue a si mesmo. o cheiro da gangrena chamava muita atenção. se lembraria. não podia esquecer (. de pura inocência. se não nos enganamos. in­ tercaladas no texto do primeiro plano. a praticc lizar obra de mérito. mas o trecho é um só. diga-se em abono do Autor. quando o dia clareasse. sem cogitar de ouvinte atento. ninguém sabia daquela grota. el. por que ele não vinha. co 61 Agradeço ao amigo e colega tópico. Note-se que a lingua­ gem do herói é cândida. Quem di­ vaga em colóquio consigo mesmo não pensa de m aneira coerente. treze interpolações. entretanto. que de longe não podiam sentir. onde se inicia o monólogo interior. como Tonho. até a de número 236. a “conversa com os nossos botões”. É o pensam ento na sua essência. no mar sempre faz companhia. não porque ele seja ainda jo ­ vem. podiam ver de longe que tinha carne podre por perto. a memória (evo< segundo. 59 Essas (e outras) características desafio. os urubus voando em torno dele. os urubus tinham um faro muito fino. 2. de James Joyce.4. cotn lucidez. a praticou com maior ousadia. no Correio da M anhã. William Faulkner58 para a criação da obra que nos legaram . uma espécie de pensam ento em surdina. que. de Antônio Callado). via de regra. controlam a associação livre. Habitualmente intercaladas no período e. criatividade e excepcional com­ petência. como escapou. Com esses dons contaram certam ente James Joyce. elas denunciam. a antevisão dos urubus voando quando o dia clareasse.O t h o n m . G arc ia ♦ 143 As três características desse fluxo de idéias que. estão. uma classe de orações que não pertencem propriam ente à seqüência lógica das outras do mesmo período. nos chamou a atenção para o caso de Callado. pelo menos m aterialm ente. por assim dizer. Da hábil manipulação deles pode resultar obra de mérito.8 Frases parentéticas ou intercaladas61 Existe. 61 Agradeço ao amigo e colega Antônio de Pádua a valiosa contribuição para a revisão deste tópico. terceiro. um como que segundo plano do raciocínio. a perspectiva de gangrena).60 foi quem. elas se infiltram na frase pelo processo da justapo­ sição. a imaginação (idealização de “um. a frase caótica exige do autor am adurecim en­ to. entretanto. e não ficou longe de rea­ lizar obra de mérito. daí a sua tríplice denominação: justapostas/intercaladas/parentéticas (ao pé da letra. freqüentem ente. quando este capítulo saiu publicado.2 e 1. ainda que insólita para quem está h a­ bituado aos padrões tradicionais. Conrad Aiken. 59 Essas (e outras) características estilísticas tornam a tarefa cle traduzir esses autores um grande desafio. segundo. entre parênteses. São esses. no âmbito da justaposição (rever 1. 60 Cum pre agradecer aqui a sugestão de Assis Brasil. no qual se inserem como elemento adicional. leia-se o excelente ensaio de Assis Brasil — Faulkner e a técnica do romance.3). a memória (evocação do pai e aventuras marítimas com Tonho). sem travam ento sintático e. ao nos dar em 1966 a magistral versão de Ulysses. presentes no monólogo de Fortunato: prim eiro. em bilhete muiro simpático. pai para gostar”. n a maio­ ria dos casos.59 Autran Dourado. que nos teria escapado. parentéticas — 58 A propósito da obra desse Autor. com pro­ pósito esclarecedor. . com adaptações. experiência e alto grau de capacidade de introspecção. nem todas são. os três ingredientes do monólogo interior em frase caótica. Múltiplas nas suas acepções. Virgínia Woolf. mais comedido. de 6 /2 /1 9 6 5 . se não predom inantem ente. se não foi o primeiro entre nós a exercitar-se nesse tipo de frase caótica de mo­ nólogo interior (temos o exemplo. e o maior deles Antônio Houaiss enfrentou.4. de fato. A parentem ente fácil. os sentidos (a perna inchada doendo). ” (Id. referente ao que se vai dizer..” (Id M em o ria l.os que houve sessão inaugural da Uni dessa obra grave.. correspondendo assim a quando recebeu a confirmação d perdido grande parte do entusi. “O alienista”). Borba.” (Id. que o percebeu. “confessar”.” (Id. Esaú e Jacó.e. parece consti “Não deixe de comparece “Venha almoçar conosco.o doutor João (não sei. ele viu-me e continuou a tocar. . LII)..” (Id. e) dúvida: “. essas intercaladas optativo-desiderativas (do tipo “benza-o Deus”. inter] do período). XCI) “Mas I-Iumanitas (e isto importa antes de tudo [aposto catafórico.) V — de uma ressalva ou ob a) exclusão: “Além disso (e n os demais]). que eram sempre. j com parecer”. quando ama ver. Q.7. III — IV — de um a escusa: “Os seus eclipses (perdoe-me a astronomia) talvez não sejam mais que entrevistas amorosas.. 1888... não sendo interc equivalente "é certo”. conforme me disse.” (Id. Nem sempre entre parênte­ ses... VI) de am a espécie de aparte afetivo-desiderativo (com verbo no optati­ vo): “Meu tio (Deus lhe fale n'aima!) respondeu que fosse beber ao rio ou ao inferno. falou-me com muito carinho.6..” (Id. 25 de jan. se algum dia ler este papel)....]) não percebessem nada. “faço questãi g) desejo ou esperança: “Voc* tenção de ofendê-lo.as .” (É ( pero que você compreend h) concessão (ou simples con< “Comíamos. destacam-se as que servem: 1.. de “é certo”..]) é ver também. 25 de fev.. Papéis avulsos. Papéis avulsos.) c) causa (explicação ou motivo): “Parei na calçada a ouvi-lo (lado são pretex­ tos a um coração agoniado)..” (Id. XXXII) b) concomitância (às vezes com certo matiz de oposição): “É homem de ses­ senta anos feitos (ela tem cinqüenta).. é verdade... D. podem vir entre vírgulas ou travessões — ou legitimamente intercala­ das — muitas vêm no fim e não no meio [entre.. e não há ver sem mostrar que se vê. alg a ou concordância com hip dar”. “Uma visita de Alcibíades”) II — de um esclarecimento ou informação adicional com valor de adjetivo ou de aposto: “Rubião compôs o rosto para que seus habituados (tinha sempre quatro ou cinco [i. resultí va (rever 1. Dentre as de acepções mais facilmente identificáveis. n preocupação e cisma. concordo.. Q. o protonatário i meio inclinados a acabar f) apelo (solicitação ou exigé intercalada..e.. para intercalação.” (Id.se que. Cas­ murro. ou então padeceu agora tais ou quais remorsos.e. XL) — “Ou en­ tão (releve-me a doce mana. ma ces.144 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n pois. de A.” (Id.. Humanitas precisa comer. i b i d CXIII) e) comparação: “Como estivesse frio e trêmulo (ainda o estou agora [i.” (M.. Acl “Cantiga velha”) c) hipótese: “. i. e sua estrutura lhes permite au­ tonomia sintática.... ibid.e.. CXXVII) d) conformidade: “É certo que Capitu gostava de ser vista. Borba. póstumai b) correção: “Achei-a outra. ele achou o café delicio­ so. de A. 1889... “dia­ bos o levem”) são em geral exclamativas. ou aposição: I de um esclarecimento de valor circunstancial de: a) tempo: “Naquele mesmo dia (era ao almoço)... Mem... Memorial. “admitir” mito. ele. tal como ainda estou agora]). pode presc cessão. confesso). d) advertência: “Titia disse là (não diga nada) que seu p..2 — “Estr Em estruturas da mesma verdade”. adversativa (quase sempre Nore-. Memórias intercaladas entre vírgulas pada (“é verdade”. e não ao que já se disse]). e o meio mais pró­ prio a tal fim (disse-me uma senhora um dia [i..” (Id.” (M. “é certi sarnento concessivo. Esaú e Jacó. . C a s m u r r o .. E sa ú e Ja có . UI).: “Comíamos (reconheço.” (Id.. dizem que os dois andam meio inclinados a acabar com a viuvez.”) h) co n c essã o (ou simples concordância com hipotética ou explícita objeção): “Comíamos.. como a sua equivalente “é certo"...t M e m .7.” (/d.os que houverem lido teu recente discurso (s u p o n h a m o s ) na sessão inaugural da União dos Cabeleireiros. d ig o m a l.. — Essas parentéticas — ou intercaladas entre vírgulas —.. “Cantiga velha”) c) h ip ó te s e : “. confesso).” (7d„ D. fica apenas a idéia de 82 Note-se que.. ad­ mito... P a p éis a v u ls o s . E verdade que já tinha perdido grande parte do entusiasmo. em estruturas tais que a parentética. que não tive in­ tenção de ofendê-lo. alguns verbos que expressam a idéia de anuência a ou concordância com hipotética ou explícita objeção.. o p r o to n a tá r io é q u e m e c o n to u ).} e x c lu e m -se o s dem ais]).. nem silenciosa. resultante da presença nele de uma oração adversativa (rever 1. ao em barque do nosso amigo. que assumem geralmente feição estereoti­ pada (“é verdade”. concordo. de “é certo”.. de A.: up e ç o -lh e que não deixe de com parecer”. e) duvida. G a r c ia ♦ 145 V — de u m a re ssa lv a o u o b se rv a ç ã o d e n o ta d o r a de: a) e x c lu sã o : “Além disso (e r e firo -m e se m p r e a o s ca so s d efeso s [Le.” (M. não sendo intercalada. é v e r d a d e ..|_UFPE Biblioteca O n t O t h o n m .) g) d esejo ou e s p e ra n ç a : “Você há de compreender. no mom ento. mas era um comer. Achei-a. “reconhecer”..” (Id. reconhecerão. costumam aparecer.. LXXIII).” — “Venha almoçar conosco. C) 0 a p e lo (solicitação ou exigência).. quando ama outro homem. o autor dessa obra grave. ou intercalada. fa ç o q u e s tã o ..). parece constituir um caso de oração principal transposta: “Não deixe de comparecer.6. M e m ó ria s p ó s tu m a s . não triste. e dizem ( n ã o se i . pode prescindir de uma oração adversativa para indicar a idéia de con­ cessão. “confessar”. “é certo”). “admitir”.. e sim a principal do período. mas com intervalos de preocupação e cisma. infiltram-se num período que encerra pen­ sam ento concessivo. Cláudia contara em segredo (não diga n a d a ) que seu pai vai ser nomeado presidente da província. CXXXI) b) co rreç ã o : “Achei-a outra. Mé verdade*'.” (Cf. R e líq u ia s. cf.” (7d. tais como “concor­ dar”. “Teoria do m edalhão”) d) a d v e rtê n c ia : “Titia disse lá em casa que D. “fa ç o q u e s tã o de que venha alm oçar”..” (É outro caso de oração principal transposta: “Es­ pero que você com preenda..62 Em estruturas da mesma natureza.. Quando não há oração adversativa (quase sempre introduzida por “m as”). “. p ó s tu m a s . es p e ro . p e ç o -lh e . parece-lhe que mente a um de­ ver..o doutor João da Costa enviuvou há poucos meses. em lugar de “é verdade”..”. correspondendo assim a uma oração introduzida por “embora”: “Ficou muito feliz quando recebeu a confirmação do convite para assessor de imprensa. mas era um comer virgulado de palavrinhas do­ ces." .2 — “Estruturas sintáticas opositivas ou concessivas”). (= embora já tivesse perdido. quando se zangava com alguém. ao cabo. do interlocutor que está com a pala­ vra. Dom Casmurro. o narrador pode servii zes. reconheceu. en curso indireto: 63 Há outra ciasse de justapostas ou intercaladas — constituídas pelos verbos impessoais “h a­ ver” ou “fazer”. uma velhice rija aos sessenta anos..” (id... em essência. cujo complemento é uma expressão denotadora de tempo — as quais têm sem pre valor adverbial: “quando o conheci. “todos já saíram há quase um a hora”. a seguir. Papéis avulsos.) observ xar de atender ao pedido de A parte restante do ti traduzem o pensam ento das rador) são as mesmas que mesm as idéias poderiam.0 e 4. tí­ picas do discurso direto (ver a seguir itens 2 e 3): cf. é certo.. de um a contaminação ou misto ou semi-indireto. confessou) ele. já fa z mais de dez anos. para indicação.. justapostas ou intercaladas ditas “de citação”. 3. Deus quis vencer a Deus. esse diamante e essa péro­ la da coroa divina (e o oradoi. ele ainda era inspetor de alunos”. de­ pois de dar o universo ao homem e à mulher. modo de falar).” (/d. Evarista.concordância ou de confirmação: “Encalveceu mais. nucleadas sempre em verbos dicendi.0): “Você parece que não gosta de mim. (servem) para notações descritivas (de um gesto. bem como do autor ou fonte de uma frase citada (trata-se aqui das parentéticas. arrastava tiiunfalmente esta frase de uma ponta a outra da mesa). no discursos direto. e criou D. é ver­ dade (= reconheço..0 Discursos c 3. admito). Eu disse-lhe (a Cai me respondeu que era ui escapar de Mère Blandine . simples adjuntos adverbiais de tempo e. ou vicários deles. disse-lhe um dia Virgüia. vingança de menino. inseridas pelo narrador na fala de uma personagem: “Deus. ver.. que ests motivo paia deixar de a — Estou com prc — Bom. concordo.” 2.” (Esaú e Jacó.. é um m< rá escapar de Mère Blan — Quem sabe va No primeiro parágrafo vras apenas a essência do Carlota: “Carlota (.1 Técnica do diál Ao transm itir pensair ria. mas era um comer virgulado de palavrinhas doces — concordou (admitiu.: “Comíamos. — Quando me zangava. atitude. São. No discurso direto — duz (ou im agina reproduzir personagens ou interlocutor Carlota. terá menos carne. póst.” (W. “O alienista”) 3. — Virgem Nossa Senhora! exclamou a boa dama. CXII) — Por confinarem semanticamente com os de elo­ cução... Mern. XXXII) — ‘Você também não era assim. LXXIII)63 3. algumas rugas. por isso. confesso. disse ele. esses mencionados verbos entram — geralmente na 3§ pessoa — como núcleo do predicado das orações intercaladas ditas “de citação”. raram ente vêm entre parênteses. afin al. e.. em essência. E ntão. m as você n ão co n se g u i­ rá e s c a p a r d e Mère B lan d in e (. d isse-m e. p.) observou que. No discurso direto — a oratio recta do latim —.1 Técnica do diálogo Ao transm itir pensam ento expresso por personagem real ou im aginá­ ria. é u m m o tiv o resp eitáv el... assumir a seguinte versão em dis­ curso indireto: Eu disse-lhe (a C a rlo ta) q u e e sta v a co m p reg u iç a n a q u e le a n o . o b se rv o u q u e. m a s q u e eu n ão co n seg u iria e s c a p a r d e Mère B landine. e ela m e respondeu q u e e ra u m m otivo resp e itá v el. a fala — das personagens ou interlocutores: C a rlo ta.. 197) No primeiro parágrafo..3.. eu n ã o tin h a m o tiv o p a ra d e ix a r d e a te n d e r ao p e d id o d e M ère B lan d in e (.. re s p o n d e u .) — E stou com p re g u iç a e s te an o . o narrador repro­ duz (ou im agina reproduzir) textualm ente as palavras — i.0 Discursos direto e indireto 3.) (C iro d o s A njos. eu não tinha motivo para dei­ xar de atender ao pedido de Mère Blandine.e. o narrador pode servir-se do discurso direto ou do indireto. — Bom." Trata-se de discurso indireto. A bdias.. proferidas. o Autor transm ite com as suas próprias pala­ vras apenas a essência do pensam ento da personagem ou interlocutora Carlota: “Carlota (. perguntei se v a le ria a p e n a voltar. A parte restante do trecho está em discurso direto: as palavras que traduzem o pensamento das personagens (uma das quais é o próprio n ar­ rador) são as mesmas que teriam sido. As mesmas idéias poderiam. . às ve­ zes.) — Q u em sa b e v aleria a p e n a v o lta r? p e rg u n te i (. q u e estav a a m eu lado . de um a contaminação de ambos — o cham ado discurso indireto livre ou misto ou semi-indireto. afinal. presumivelmente.. . dicendi ou declarandi. qual. com o vai? (L.): I n t e r r o g a ç ã o D ireta I n t e r r o g a ç ã o I n d ir e t a (discurso direto) (discurso indireto) In te rro m p i-o p e rg u n ta n d o -lh e conto ia o G o n za g a. póst. ( concordar (assenti exclamar (gritar. aprovar. ar Eis alguns deles em lista c dar.. desculpar.148 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Os verbos (disse. Vida e m orte. respectivamente. Esses são os mais dalm ente na literatura d específicos. fazem parte de orações ju sta­ postas. de< perguntar (indaga responder (retruca contestar (negar.. no indireto. No discurso indireto — a oratio obliqua do latim —. suge mentar. Perto do cor. estranhar. respondeu. como. explicar.. funcionam tam bém como partículas de liga­ ção os pronom es e os advérbios interrogativos indiretos (quem. sentiendi. atalhar. como se o tivesse di- 64 Dicendi... etc. o narrador “emerge do quadro da história visua­ lizando e representando o que aconteceu no passado. on­ de. at que se compraziam os ] reto perm ite m elhor ca de m aneira mais viva. e significam: de dize?. uma li­ geira pausa. marcada ora por um a vírgula.. ibid. len ção. no discurso direto.. chamam os gram áticos verbos “de elocução”. a muitos dos seus vicários.. ii trapor. mais caractei 65 JESPERSEN.. The philc vre em Machado de Assis”.. insi tir. 145) (P e rg u n to u :) — Q u e m a c re d ita rá e m su a co n s­ ciência? (Id.... em R om a.. de sentir.o sim p á tic o in fo rm a n te (. Mem.) perg u n to u -m e p o r que n ã o se o u v ia a Se­ c re ta ria d e P ro p a g a n d a . (P e rg u n to u ) qu em sua co n sciê n cia . havendo apenas.. p.) p e r­ g u n to u -m e : — Por q u e n ã o se ou v e a S e c re ta ­ ria d e P ro p a g a n d a .o sim p á tic o in fo rm a n te (. cortar (J (M. independentes. pen um a das quais inclui vár F nterrom pi-o p e rg u n ta n d o : — E o G o n zag a. ibid. J. de expressão (gíria. Otto. cujo complemento (objeto direto) é representa­ do pelas orações que se lhes seguem. que no discurso direto indi­ cam o interlocutor que está com a palavra. B a rre to . mo narrador incorpora na s nos apenas a essência d em A esses verbos que. e m R om a? (Id. convictos da vanta form a de quadros conc m étodo de narração. de A. responder e seus equivalentes) e se (para perguntar e seus equi­ valentes).2 Verbos dícei Os verbos dicendi. ela me respondeu. esclarecer. 218) ror. acudir. ora por u m travessão. Matoso. introduzidas pelos conectivos que (para dizer.. eu perguntei. . 8 0 ) . dedarare. ro. p. declarandi e senfiendi são genitivos do gerúndio dos verbos dicere. e. justificar(-se se. perguntei). .. quando. por que.. 130)... de declarar... dissentir. ameaçar. t pedir (solicitar. está com a palavra. repetir. já que o enlace com a fala da personagem prescin­ de de qualquer conectivo. exortar (animar. Em outras situações. p.. e sentire. indicam o interlocutor e.^ No discurso direto.65 Por isso nos. p. acreditaria 3. entre as duas orações.. a) de de c) de d) de e) de 0 de g) de h ) de i) de b) dizer (afirmar.. esses verbos constituem o núcleo do predicado da oração principal: eu disse. a ordenar (mandar. in: CÂMARA JR. 1 3 7 ) ante de si”. constituem o núcleo do predicado da oração principal. p. ou vicários deles. sugerir. p. mas muitos autores. objetar). cada uma das quais inclui vários de sentido geral e muitos de sentido específico: a) b) c) d) e) f) g) h) i) de de de de de de de de de dizer (afirmar. modismos fraseológicos. J.). acrescentar. a nove áreas semânticas. ajuntar. interrogar). in: MISCELÂNEA de estudos em honra de Antenor Nascentes. largar (M. 258. repetir. M em . perguntar (indagar. “Estilo indireto li­ vre em Machado de Assis”. Peno do cor. artigo citado. D. bramir. murmurar. dissentir.. costumam servir-se de outros. responder (retrucar. Casn i. em que se com praziam os primeiros novelistas do séc. vociferar... rir (“-rira Joana”. . convidar. declarar).2 Verbos dicendi ou de elocucào i Os verbos dicendi. Otto.. berrar. Amado. abstraída de um mom ento e um lugar. replicar). 61). acudir. desculpar. 277). suspirar (/d. Mar. cortar (J..65 Por isso é “am plamente utilizado pelos romancistas m oder­ nos. consen­ tir. ou vicários deles. segre­ dar. mais específicos. rogar). ordenar (mandar. definidos. 67 Eis alguns deles em lista caótica: sussurrar. Esses são os mais comuns. p.. Rebelo. póst. de A.. os mais imagi- 65 JESPERSEN. de sentido geral. prosseguir. de m aneira mais viva. anuir). atalhar. XVHI”. insisir. cuja principal função é indicar o interlocutor que está com a palavra. p. M. concordar (assentir. pedir (solicitar. bradar). etc. soluçar.. exortar (animar. ameaçar. ciciar. propor. 66 CÂMARA JR.67 Chegam mesmo. tornar. transm itindonos apenas a essência do pensamento a elas atribuído. exclamar (gritar. balbuciar. o narrador incorpora na sua linguagem a fala das personagens. lembrar. arriscar. os matizes da linguagem afetiva. m entir (E. escusarse. contestar (negar. tartam udear. protestar. convictos da vantagem da evocação integral dos fatos narrados sob a forma de quadros concretos. repelir. mais caracterizadores da fala. ap. intervir.66 O discurso di­ reto perm ite melhor caracterização das personagens. que se vão sucedendo. justificar(-se). The philosophy o f grammai. cum pri­ mentar. No discurso indireto. comentar. concluir. grosso modo. con­ trapor.. rosnar. 130). 3. Pastores. Lispector. esclarecer.. pertencem. A língua portuguesa é riquíssima em verbos de elocu­ ção. p. G a rc ia ♦ 149 ante de si”. aprovar.). em contraste com o método de narração. cochichar. com reproduzir-lhes. Ver. continuar. respirar (M.. Matoso. estranhar. inquirir. as peculiaridades de expressão (gíria. 218). determ inar).. Câmara Jr. C. explicar. p. p.U F P E 8 iblioteca Centr? O t h o n M. aconselhar). espe­ cialmente na literatura do nosso século. 168). p. omiti-los n a . Mem. cuja sintaxe é ainda menos rígida. teoricamente pelo menos. Mas João de Deu: .. p. 47). 101 e 189). p. p. quanto mais espontânea. desamparam-me (M. p. 158. e outros. se os ficcionistas se limitassem.0 “Disc... cita um exemplo de Alphonse Allais: “— Quel système? nous in­ terrompîmes-nous de boire. ind. É verdade que às vezes a “heresia lógico-sintática” em nada contri­ bui p ara a expressividade dos diálogos. para citar apenas um exemplo.. 330). suspirar lamentar(-se). livre”): ‘Já era tempo. o bom Silvério l — Ah! V Exâs rier Esses e seus similares 1 di..... Nem precisa sê-lo para tornar-se expressiva. a em pregar verbos que nenhum a relação têm com a idéia de elo­ cução. 319). se ções (sic)? (Jd.” Com freqüência emprega apenas um auxiliar: “Cláudio senta-se no meio da cama. p. p. Outras vezes. por exemplo. Triste fim . a infe­ licidade nada tem a ver com a maldade. 3.. quanto mais expressiva. queixar-se. às vezes se serve de alguns in­ sólitos: “— Hotel Inglês — atendem” (em vez de respondem ao telefone) »— Hotel Inglês? — Cláudio decifra a charada. explodir. póst.” (Jd.3 Omissão dos verb 68 précis de stylistique française. Lopes serviu-se de um dicendi metafórico bastante expressivo: “Sim — violinara. sem que me seja possível no momento identificar a fonte). “— Mas não se assuste. pelo contrário. M arouzeau. quando não absurda. que. reação psicológica de personagem. outro o Vento” (Tijolo de segurança. começa a dizer): — Um anão era o Sol. íbid.e. c ponto de vista lógico-sintátio cia de um legítimo dicendi o I ou “explode. como é o caso daquele autor que em vez de “disse Fulano” em pre­ gou “mergulhou Fulano seu biscoitinho no chá” (exemplo que cito de segun­ da mão e de memória. N em sem pre os verbos i da.150 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a nativos. 1 . poderia ser considerado como inadmissível pois os dicendi deveriam ser. o que.68 comentando o abuso no emprego de variantes dos ver­ bos dicendi. op. 274).. a situação que se cria chega a ser estranha. por uma ques­ tão de rigidez lógico-sintática. 130). acabo O narrador hábil. do em prego do verbo “fazer” como se fosse vicário de qual­ quer dicendi (ver 4. emprega­ dos com freqüência a partir do realismo.. juntando-lhes oraçt vai pouco a pouco retratando não sobrecarregar todas as fala enfadam o leitor mas também — Mas viessem! (kl ibiá. p. certamente por influência do francês. abaixa a cabeça e começa (i. aliás. antepostos à fala. tanto menos logicamente ordenada. quanto mais viva. 129). a menos que : tiendi no gerúndio: “— O co: I lamentando-se (seria insólito ‘ I O utra função dos dicen i o interlocutor que está com a adverbiais (quase sempre rec adverbial com que o narrado lhes a reação física ou psíquk — Dá licença? perj — Está bom. emoções. com função predominanti ! ou qualquer manifestação de te que não adm item de forar. Mas há uma classe bastante numerosa de verbos de elocução. aos legítimos verbos dicendi.. rira Joana. que se berá tirar proveito dessas opoi e sentiendi.. usa poucos verbos dicendi.. B. transiti­ vos ou admitir transitividade.” (em Plumário. p. Mas a língua não é rigorosamente lógica. C. que não são propriamente “de dizer" mas “de sentir”. p. do ponto de vista da sintaxe. i de regra.. — Você pensa... Heitor Cony. enfim: — Qual! gemia ele. Damasceno ouviu calado. por analogia. 102). A carga de expressividade." Clarice Lispector usa alguns estranhos: “— A tortura de um homem forte é maior do que a de um doente — experimenta­ ra fazê-lo falar” (Perto do coração. abanou outra vez a cabeça. como é o caso." (Lima Barreto. e que. que expres­ sam estado de espírito.. de A. d i z e n d o Mas t< | é inadmissível. os matizes afetivos tão característicos na língua oral não teriam veículo adequado. prin­ cipalmente a falada. é suspirou: | | — O coitadinho ti ríssimo.. cit. fe z Carlos. podem ser chamados sentiendi: gemer. encavacar. Do ponto de vista lógico-sintático. por exemplo... como no caso de “encavacou” e “explode”. ib id . (Id. sa­ berá tirar proveito dessas oportunidades que lhe oferecem os verbos dicendi e sentiendi.o bom Silvério encavacou. C asm . 3 7 3 ) — E stá b o m . d i z e n d o Mas tal só é possível quando antepostos. que não só cansam ou enfadam o leitor mas também prejudicam a espontaneidade dos diálogos. antepostos à fala. omiti-los nas falas curtas entre apenas dois interlocuto­ . o b o m S ilvério en ca va co u : — Ah! V Exas riem ?. 2 9 0 ). O utra função dos dicendi — a principal. o p . é a de indicar o interlocutor que está com a palavra — é permitir a adjunção de orações adverbiais (quase sempre reduzidas de gerúndio) ou expressões de valor adverbial com que o narrador sublinha a fala das personagens... 1 5 5 ). se u Vasco. G a r c ia ♦ 151 — O c o ita d in h o te m a n d a d o tã o ab o rrecid o ! — la m e n ta -se e la (E. p. eles vêm. ib id . cít. pondo-se o sen­ tiendi no gerúndio: “— O coitadinho tem andado aborrecido! — disse ela lamentcindo-se (seria insólito “lamenta-se ela dizendo”). exp lo d e: — Você p e n sa . dizendo”. a menos que se alterne a forma dos verbos. 161) O narrador hábil. com função predom inantem ente caracterizadora de atitudes... Pospostos. (Eça. A C id. (M. esses verbos sentiendi presum em a existên­ cia de um legítimo dicendi oculto: “. D. . já anotamos. de gestos ou qualquer m anifestação de conteúdo psíquico. q u e e sto u d isp o sto a a tu r a r su a s m a lcria­ ções (sic)? (Id. é inadmissível. de regra. que seja observador e analista da alma humana. e quando o narrador sen­ te que não adm item de forma alguma a idéia de transitividade. Ve­ ríssim o. 3. É norm a generaliza­ da.3 p. 1 2 9 ). ou “explode. ac ab o u . d isse eu fin a lm e n te ..3 Omissão dos verbos dicendi Nem sem pre os verbos dicendi estão expressos. p. v e n d o q u e Vasco n ã o lh e d á a te n ç ã o . juntando-lhes orações ou expressões breves e concisas com que vai pouco a pouco retratando o caráter de suas personagens. Esses e seus similares constituem um a espécie de vicários dos dicen­ di. p..O t h o n M. p. anotandolhes a reação física ou psíquica: — Dá licença? p e rg u n to u m e te n d o a cabeça p e la p o rta . d e A. M as J o ã o d e D eus.. Mas convém não sobrecarregar todas as falas com essas adjunções... são apenas dois os interlocutores. Cony: nas 237 páginas de Tijolo de segu­ rança eles não vão. I — Verbos R estam -n o s. nos rom ances da prim eira fase. ou então quando lhe parece necessário ajudar o leitor a identificar o interlocutor. em contextos s os m odos verbais nos diseur ficiente para perm itir um a t< ticos. a três dezenas. quase todos insólitos. a inclusão pura e simples de apenas verbos dicendi de sen­ tido geral. e sim de simples D is c u r s o D ire t o — O re m o rso é o bom p to d o s m au s. cujo estado de espírito o narrador se “julga” incapaz de retratar. tão rápidas são as palavras que trocam na expectativa de um acontecimento dramático.e. Entre os mais — E stou co m p reg u iç a esi d isse-lh e. todas as falas vêm sem dicendi: recuados do nosso tempo. O seguinte exemplo. aparecem quando o narrador acha conveniente sublinhar o estado emotivo das personagens. no pretérito . mas P ro n to . como Carlos H. (Guar. é típico dessa nor­ m a. S bastante.. a abertura de parágrafo precedido por travessão. o diálogo torna-se enfadonho. bastando. 3. um proverbial. Q u a n to s so b ram ? D is c u r s o D ire t o D ois a p e n a s. . os de sentido mais geral.. “respondeu”. acom pa­ nhada do “perguntou”. “respondeu”. “perguntou ele”. d iss e G arre tt. p. É isso que se procura D ezenove. V inte ao todo. ção justaposta. E o fogo? Quando o verbo da f. 1 José de Alencar no que res.. que usa aspas antes e depois de cada fala ou de cada frag­ m ento de fala. e. os verbos dicendi usuais. feito do mesmo modo. em Abdias. — A n o ite é b o a co n selh e s a b e d o ria popular. “perguntou”. com exce­ ção do inglês. Nas falas longas.4 Os verbos e os Q u a n to s sã o ? p e rg u n to u o h o m e m q u e c h e g a ra . de José de Alencar. A se n h a ? P ra ta . como Ciro dos Anjos.152 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P r osa M o d e r n a res. Alguns autores modernos chegam ao extremo de omiti-los quase sis­ tem aticam ente. Outros contem porâneos. com exceção d a inicial. entretante declarada na oração integra la: “Disse-lhe que estou corr fala expressa um juízo. talvez. notória. desacom panhados de ora­ ções ou adjuntos adverbiais. deles se servem sem parcimônia. Fora disso. M antém-se.. repetição abso­ lutam ente desnecessária por se tratar de apenas dois interlocutores. Bem . Portanto. tradicioi de diálogo. i. A o n d e? N o s q u a tro cantos. p ara orientar o leitor. só se justifica quando tem propósito esclarece­ dor. como é de praxe na maioria das línguas m odernas. do tipo “disse ele”. 18 0 ) A brevidade das falas e a tensão nervosa das duas personagens tor­ nariam im portuna a inclusão desses verbos: — imagine-se a monotonia da série “perguntou”. aos de sentido específico. ou Érico Veríssimo. Salvo os casos sujeite cos da frase. Quando o verbo da fala está no presente do indicativo e o da ora­ ção justaposta.4 Os verbos e os pronomes nos discursos direto e indireto I — Verbos Salvo os casos sujeitos a variações decorrentes de torneios estilísti­ cos da frase. — A noite é boa conselheira. tradicional. já não se trata propriam ente de diálogo. diz a sabedoria popular. ind. G a rc ia ♦ 153 recuados do nosso tempo. mas. no pretérito perfeito. um a opinião pessoal ou tem feição de sentença proverbial. e mais fértil quanto aos de sentido específico. então. Diz a sabedoria popular que a noi­ te é boa conselheira.” Assim também quando a fala expressa um juízo. É isso que se procura fazer nos tópicos seguintes. . 3. disse-lhe. a correspondência entre os tempos e os modos verbais nos discursos direto e indireto apresenta regularidade su­ ficiente para perm itir um a tentativa de sistematização com propósitos didá­ ticos. se a ação declarada na oração integrante perdura ainda no m om ento em que se fa­ la: “Disse-lhe que estou com preguiça este ano. Disse-lhe que estava com preguiça naquele ano.O t h o n M. Machado de Assis é mais parcimonioso do que José de Alencar no que respeita aos de sentido geral. Garrett disse que o remorso é o bom pensamento dos maus. Machado e Eça se aproximam bastante. disse Garrett. no discurso indireto. Sob esse aspecto. o pres. entretanto. o primeiro vai para o pretérito im per­ feito do mesmo modo. Mantém-se. e sim de simples frase de citação: D is c u r s o D ir e t o D is c u r s o In d ir e t o — O remorso é o bom pensamen­ to dos maus. mas o segundo não sofre alteração: D is c u r s o D ir e t o D isc u r so In d ir e t o — Estou com preguiça este ano. notória. em contextos singulares. o auxiliar “devei ção é “dizer”. no discurso indireto ele vai para o futuro do pretéri­ to (“acreditaria”... continuam no mesmo tem po e m odo no discurso indireto: D is c u r s o D ir et o I — E stou co m d iz ele. B a rreto . Quando uma interrogação direta. o rd e n a ) o M in istro d a Fs Note-se que os verbos “vale” e “tem ” da terceira fala do discurso di­ reto passaram a “valeria” e “teria” no indireto. V ida e m o rte. p d a . — D e q u e m c vaie e s se te s te m u i n h o ? Q u e ip te m a c e r te z a d a s s u a s j re v e la ç õ e s? Q u e m a c r e d ita r á n a su a I c o n s c iê n c ia ? S o u p e la d ú v id a sistei m á tíc a . porque a fala não foi ouvida ou entendida. Nesse caso — imp< disc. p. em vez do imperfeito do indicativo. D is c u r s o In d ir eto Ele d iz q u e está com p re g u iç a este an<J. que seria o norm al: D is c u r s o D ir eto D is c u r s o In d ir e t o — R ep ara. Convém notar. (L.1 5 4 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P r osa M o d e r n a Se ambos estão no presente do indicativo. Estando o verbo d. mas. que o verbo dicendi só costuma aparecer no presente do indicativo quando um dos interlocutores serve de intérpre­ te entre dois outros. implica dúvida quanto a um a resposta afirmativa. O imperfeito do ir em bora seja comum consei . se estiver no (P e rg u n to u ) d e q u e lh e valeria a q u e le te s te m u n h o e (p e rg u n to u ) q u e m teria c e rte z a d as s u a s rev elaçõ es e q u e m a c re d ita ria n a s u a co n sciên cia.. co m o e s ta g e n te se m ove sa tisfe i­ ta . d isse-m e G o n zag a d e S á . via de do o verbo dicendi perteni É u m ca so d e consciência. i — A p e rte m os cin to s.. Quando o verbo da fala está no futuro do presente (“acreditará”. no mesmo exemplo). 13 7 ) D is c u r s o D ir e t o — C h o ra n o m e u p eito . entretanto. com o verbo no presente do indi­ cativo. vo. Mas. no exemplo supracitado). o primeiro assume a — Foi u m m o tiv o respei Usa-se o imperfeitc direto o verbo da fala est — Chora no m eu peito co m o v id a.. ind. no discurso in­ direto se usa o futuro do pretérito. P ara q u e irem o s p e rtu rb á -la com n o ssa s angustieis e n o sso s d esesp e ro s? N ã o se ria m a l? — Q u em sa b e (se) vai v o lta r? — p e rg u n te i. p reg u iç a e ste a n o . quan­ do o verbo dicendi pertence à área de “pedir” ou “ordenar”: D isc u r so D ir e t o D isc u r so In d ir eto — C h o ra no m e u p eito . em bora seja comum conservar-se como tal (rever 1. P e rg u n te i se v a le ria a p e n a voltar: Estando o verbo da fala e o dicendi no pretérito perfeito do indicati­ vo.6. O M in istro d a F azen d a p ed e (m a n ­ d a. o rd e n a ) q u e a p e rte m o s os cintos. via de regra. p. O imperfeito do indicativo é substituído pelo futuro do pretérito. a): . o primeiro assume a forma de mais-que-perfeito no discurso indireto: — Foi u m m otivo resp e itá v el. p o d ia ) c h o ra r n o seu p eito. p e d e (m an d a. o r d e n a ) o M in istro d a F azenda. se estiver no futuro do pretérito. G a rc ia ♦ 155 Mas. Ela d isse co m o v id a q u e (ele) chorasse n o seu peito. Usa-se o imperfeito do subjuntivo no discurso indireto.5.O th o n M. quando no direto o verbo da fala está no imperativo: — C hora n o m e u p e ito — disse ela c o m o v id a. ind. — A p e rte m os cintos. disse. o auxiliar “dever” (e às vezes “poder”). p o ­ d e. disse ela Ela d isse q u e ele d eve (d ev ia. quando o verbo de elocu­ ção é “dizer”. usa-se o subjuntivo (sem o auxiliar). (C am ilo . II. 120) Nesse caso — imperativo no verbo da fala — é comum aparecer no disc. mas. não haverá alteração: | — Q u em sa b e (se) v a le ria a p e n a I v o lta r? — p e rg u n te i.3. A m o r d e sa lv a ç ã o . D isse q u e tin h a sid o um m o tiv o res­ peitáv el. disse. D isse q u e. pudesse-iria. “ter tem po” indica fato pos­ terior à intenção de visitar. que aqui. D isse que. a outro tam ­ bém passado. clisse ele. tempo este que. “Disse que teria o propósito de ir (ou “que pretenderia ir”) visitá-lo” é um a estrutura contrá­ ria k índole da língua. Assim. do indicativo no discurso indireto. — E sto u com p re g u iç a este disse. O futuro do subjuntivo pode manter-se ou ser substituído pelo im­ perfeito do mesm o modo: Se o verbo de elocução vos continuam os mesmos: — Se puder. pois. “teve” em vez de “tivera”. disse. que expressa um fato passado anterioi. em “Disse que ia visitá-lo” subentende-se “no m om ento em que dis­ se. salvo quanto à pessoa. d isse: fn J á o tin h a visita d o . esta hora). — A m an h ã à ta rd e já o tere ta d o . só poderem os em pregar o pret. — E sto u com p reg u iç a este d iz ele. ao contrário do que afirmamos an­ tes. M o d e r n a Ele disse q u e iria (q u e) n ão tev e te m p o . imperf. ou concomi­ tantes. de forma que não é cabível o mais-que-perfei­ to. aquel ao p retérito perfeito. assim como o futuro do pretérito. aqueles que apon ou. se m antém o pret. — Se o tivesse c o n v id a d o . no caso em pauta. Também o pretérito imperfeito do subjuntivo. ire i visitá-lo. se m antém no discurso indireto: Se p u d esse. já insinuaria a idéia de propósito ou intenção. se as ações expressas pelo verbo dicendi e pelo da ora­ ção integrante (no caso “dizer” e “ir visitar”) são simultâneas. iria visitá-lo (h ip ó te se irre a liz á v e l). v isita d o . (Note-se. — T ê -lo -ia visita d o . aquela. se d vess te m p o . disse. se puder. disse. m as 1 — T enho-o v is ita d o com d a . se p u d e s s e . respectivam ente. no contexto. se p u d e sse . H — Pronomes Os pronomes dem onsa quer dizer. aquilo. Daí. se usarmos a locução “ter o propósito. (É evidente que se deve m anter a correlação: puder-irá. d isse ele. e não posterior. estava indo”. v isitá-lo.) Entretanto. Disse q u e. acom panhados de um s\ dia).. que é sempre a terceira no discurso indireto: t Também o locativo adv como o advérbio de tempo a g e sando. iria v isita isilá-lo. m as n ão tiv e te m ­ p o.156 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa — Ia visitá-lo. de ir”. no disci (aquele. d isse. do pretérito. indicam o m om ento em ano. de “ter”. a lá e . irá visitá-lo (h i­ p ó te se realizável). e nunca o fut. tanto assim que. são. de passagem. e não “que pretendia ir”. ou a intenção. imperf. iria visitá-lo.) Os tempos compostos não sofrem alteração. deve-se m anter o pret. perf. II — Pronomes Os pronomes dem onstrativos correspondentes à prim eira pessoa. se tivesse tid o te m p o . Também o locativo adverbial (ou advérbio pronominal) aqui assim como o advérbio de tempo agora sofrem as necessárias acomodações. d isse: freq ü ên - G ar c ia ♦ 157 D isse q u e o te m v is ita d o co m freq ü ên c ia . quer dizer. a lá e naquele momento: . ria co n vid a d o . no discurso indireto. esta hora). acom panhados de um substantivo de sentido tem poral (ano. disse. aquilo.UFRÊBibiiotecacent' O t h o n — Tenh o -o v is ita d o c o m cia. disse. aqueles que apontam o objeto que está perto de quem fala ou. esta. aquela hora) se o verbo dicendi está no pretérito perfeito. este ano. aquele ano. respectivamente. — T ê-lo -ia v is ita d o . são. aquela. indicam o m om ento em que se fala ou se age (este. M. isto. mês. — E sto u co m p re g u iç a este ano. disse. o te- D isse q u è a m a n h ã à ta rd e já o terá v isita d o . Ele d iz q u e está co m p reg u iç a este ano. tê -lo -ia — A m an h ã à ta rd e já o terei visirado. dia). Se o verbo de elocução está no presente. disse. E stou com p reg u iç a este ano. substituídos pelos da terceira (aquele. pas­ sando. D isse q u e esta v a com p re g u iç a naq u ele a n o . se o tivesse visita d o . os pronomes dem onstrati­ vos continuam os mesmos: — d iz ele. D isse q u e o teria visita d o se tivesse D isse que. tid o te m p o . — J á o tin h a v is ita d o . v is ita d o . D isse q u e já o tin h a v isita d o . disse. — Se o tivesse c o n v id a d o . e m casa. p.. disse .. o rd e n o u ) Ela disse q u e ch o ra sse n o seu q u a rto (seu d e la . disse ela I ( = p e d iu . sejam quais forem no discurso direto. — C h o ra no m e u q u a rto . re fe rin d o -se ao su je i­ to d e c h o ra sse ). disse I I — | ela. No fim. n o q u a rto p e rte n c e n te ao s suI je ito s d e disse e d e ch o ra .) — E curioso! — excla — Isto p o r aq u i está cio te m u m so b e rb o ar. p. m as co m p ie d o sa in te n çã o . com verbo dicendi na a .158 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P r osa M o d e r n a — E sioli a q u i . 157). o dicendi três palavras iniciais a que na coi — Sr. ibid .. d o su je ito d e disse e d e m ais alg u ém q u e n ão o su je ito d e c h o ­ rasse) . salvo raros casos excepcionais. quando a fala é muito breve e/o u constitui um a unidade com entoação íntegra que lhe torne desaconselhável a ruptu­ ra em dois fragmentos com intercalação do dicendi: — Q u e m m o rre u é rez ar-lh e pela a lm a — a ta lh o u com m á g ra m á ti­ ca. relè rin d o -se a p e rso n a g en s au sen te s). o verbo dicendi vem em geral no meio ou no fim da fala. ]j Ii j I j ela. disse. a fase a um desses fragmentos: — Quem morreu — Os pronomes possessivos. D isse q u e e s ta v a lá.. — N ão e s tá cá! — a p o r ca u sa d o av ô G alião (.e.. (Camilo. adaptadas (“quarto” em vez de “seio”) do trecho de Camilo: . vale dizer. ela. e excepcionalmente antes. cit. re fe rin d o -se ao su je i­ to d e d isse). | Ela disse q u e c h o ra sse n o seu q u a rto (seu d ele. (Id. m as q u e n a q u e le m o m e n to n ã o p o d ia re c e ­ bê-lo. irão. Ela disse q u e ch o ra sse no se u q u a r­ to (deles. op. retorqi dentro ver as novidades ( O vocativo — “Sr.. disse C se incomode comigo de mar lá — Pois então. C h o ra no no sso q u a rto . disse — C h o ra n o n osso q u a rto . quer intercalado qu< trapassa a terceira linha da fala. sobressairia n< Além dessa intercalação ( (como sujeito e predicado. 3. 9 4 ) 69 No monólogo não é raro. Nos exemplos supracitad ria inadmissível sua partição. disse ela. m as agora n ã o p o sso rec eb ê-lo ..5 Posição do verbo dicendi No discurso direto de moldes tradicionais. — Isto — exclamou caso em que a primeira parte d. evidentem ente. o tio p a d re H ilário. p o r á sp ero s se m ita s (. 37) — Isto é um insu lto a to d o s — ex c la m o u D. — C h o ra n o teu q u a rto . Pereir. Ela disse q u e ch o ra sse n o seu q u a r­ to (deles). Mas.. para a terceira pessoa no discurso in­ direto. i. Lembramo (Fronteira. Pereira. verb com propósito enfático. Ela d isse q u e c h o ra s se no seu q u a rto (d ele s. vigorantes até os prim órdios da escola realista. uma pausa longa. Confrontem-se as seguintes versões. “pois então” — vêm sempre segi Da mesma forma se interj dependentes ou dois períodos: — P u d era! — ex clam d e u s . — C h o ra no q u a r to deles. e m casa. J o s é d e N o ro n h a . como pude- No monólogo não è raro.. 8 0 ) O vocativo — “Sr.. o dicendi aparece com freqüência logo após as duas ou três palavras iniciais a que na corrente da fala se segue uma pausa natural: — Sr. as duas falas têm entoação tal.. 157). ... posta em suspenso porque seguida de uma pausa longa. (Eça. 3 6 7 . Da mesma forma se interpõe o verbo dicendi entre duas unidades in­ dependentes ou dois períodos: — P u d era! — ex c la m av a o m e u P ríncipe. Jo sé d e N o ro n h a — é u m in su lto a to d o s.. A Cid. — E o te u p a lá ­ cio te m um so b e rb o ar.69 o normal é vir na primeira. n ão sc in c o m o d e com igo d e m a n e ira a lg u m a (.. 3 3 9 e 3 0 5 ) Mas. em Cornélio Pena (Fronteira. com verbo dicendi na sétima linha. P ereira. p o r á sp e ro s se m ita s (. p. p. — Isto p o r a q u i está lindo! — g rito u ele d e b aixo. quer intercalado quer posposto.. o verbo dicendi raram ente ul­ trapassa a terceira linha da fala. — U m livro esc rito p o r ju ­ d e u s . verbo e seu complemento. — P arec e o m e u p resé p io .. — é re z a r-lh e p ela alm a.) — N ão e s tá cá! — ac u d iu Ja c in to . que se­ ria inadmissível sua partição.. Lembramo-nos de pelo menos um exemplo. — Vim a T orm es e x p re ssa m e n te p o r ca u sa d o avô G alião (. d isse C irino re c o sta n d o -se a u m a só lid a m a rq u e sa . 2 4 7 . d e ite -se u m p o u co e n q u a n to vo u lá d e n tro v e r as n o v id a d es (. caso em que a primeira parte da fala.) (Taunay. Inocência.. — Isto — ex clam o u D..) — Pois e n tã o .. G a r c ia ♦ 159 Nos exemplos supracitados. sobressairia no discurso como o elemento mais enfatizado. 2 6 6 .) — É curioso! — ex clam o u Ja c in to .O t h o n M. re to rq u iu o m in e iro . Além dessa intercalação entre dois termos mutuamente dependentes (como sujeito e predicado.. nome e seu adjunto) com propósito enfático. a menos que o autor quisesse dar m aior ên­ fase a um desses fragmentos: — Q u em m o rre u — a ta lh o u .. Pereira” — e a partícula de valor conclusivo — “pois então” — vêm sempre seguidos de um a ligeira pausa na língua falada. do tipo socrático ou platônico.” O utros. de José Américo ríssimo. Nesse ca­ so. o tom de voz. cit. a posição do corpo: O m e u P rín c ip e espreguiçara lo n g a m e n te o s b raço s: — N ão e s tá cla­ ro! e u é q u e hei d e v isitar te u tio (. De qualquer forma. e Eurídice (1947 di antepostos é de cerca 3. com o propósito de reavivar a naturalidade e espontanei­ dade características da língua oral.) (Eça.. pelo menos na versão de que disponho. parece certo que a predom inância da anteposiçâo dos verbos dicendi d ata do realismo. o que se antepõe mais freqüentem ente é mesmo um verbo de elocução. Madan sições. com primazia. a atitude. op. op. Mas o precursor parece ter sido Flaubert. n ão . q u e eu já a c ab e i co m a n e ­ c e ssid a d e d e D eus. mesn porção não vai além < (1881) e D. apes.. Os Co: (1935). Nos diálogos filosóficos. de regra — como já assinalamos —. como Ceei aspas a fala. o que nos p a­ rece ser mais comum. No entanto. No nosso José c mesma de Valentine: 5°á do nosso realismo. tal como se pode ver em toda A República e na quase-totalidade de O banquete. mas raram ente o faz depois de mais de uma unidade de entoação. de George Sand. e c chel de Queiroz. Casmurro 0 Essa preferência p d a a partir de 1930. a expressão do olhar. 77) O d o id o esp a lm o u a m ã o n o ar.... co m o b ra ç o e n f ia d o a tra v é s d a g ra d e : — Vá! Vá com D eus!. veículo do conteúdo psíquico. 1857 e As rnemoVias de \ o verbo dicendi antepôs M achado de Assis. mais explorou. ou na série de três n a r­ rativas que constituem Servidão e grandezas militares (1835). de Platão. 2 9 7 ) J a c in to fra n z ia o n a riz e n e rv ad o : — M as.) (/d. um verbo com que se apontam sintomas de reação psicológica: o gesto. a indicação do interlocutor se faz como no gênero dramático. Às vezes. principalmente em seu romance póstu­ mo A cidade e as serras. a< apesar de já considerai igualm ente um a percen 5%. p.. e s tã o feitos os estu d o s? (. p. (R ach el d e Q u eiro z . Muitos escritores contemporâneos. depois de um grupo de força. usando o t dicendi: “Você co stu m a Pôr entre aspas a f< teratura em língua ingles . em língua portuguesa. de Stendhal. é a do travessão inicial tambi — “S ão as fér im a g in a ç ã o .. em Madame Bovary (1857). o narrador intercala curtas orações do verbo dicendi nas falas muito longas. com D eus... preferem antepor o verbo dicendi ou um vicário seu. Esse vicário é.. desde o romantismo até os nossos dias.. principalm ente a partir do m oder­ nismo. r it.6 A pontuação O leitor deve ter n ção do verbo dicendi veir são. de Alfred a e Vigny.160 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P rosa M o d e r n a mos verificar em alguns milhares de amostras em algumas dezenas de au­ tores. Numa novela tipicam ente ro­ m ântica como Valentine (1832).. e não um vicário.. antepondo-se-lhe o nome à fala. como se diz em fonologia. am bas da fase dos verbos dicendi vêm (1832). ao m e n o s. quer dizer. no estilista francês. talvez por se tratar de dissertações doutriná­ rias que nada têm que ver com a naturalidade da língua falada. os recursos dessa técnica. De propósito não un que não nos cabia esse deixar claro que há certa Alguns autores. com a diferença de que. João M ig u e l p* 170) Eça de Queirós foi quem. raram ente aparece verbo de elocução. menos de 5% dos verbos dicendi vêm antepostos à fala. ocasionalm ente).” (D in ah S ilv eira d e Q u eiro z. a p ro ­ porção não vai além de 25% em Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) e D. Mas em M anuel Antônio de Almeida. de Amando Fontes. oferecem igualm ente um a percentagem m ínim a de anteposições: mais ou menos 5%. de 1855). 8 7 ) O utros. a ora­ ção do verbo dicendi vem separada da fala ora por vírgula. mesmo nos rom ances e contos da fase realista. é verdade que raros. de José Américo de Almeida. mas não o fizemos principalm ente para deixar claro que há certa indecisão quanto a esse aspecto. Garcia ♦ 161 de Vjgny. O boqueirão (1935).nte rorês nar: Alfred (Jbid.. Alguns autores. No entanto. e Eurídice (1947). in: Q uadrante 2 . de Balzac. de Érico Ve­ ríssimo. Os Corumbas (1933). No nosso José de Alencar. em Machado de Assis. 2 9 7 ) p. de Stendhal. Essa preferência pela anteposição parece que se acentuou mais ain­ da a partir de 1930. a percentagem é aproxim adam ente a mesm a de Valentine: 5%. Música ao longe (1935). com póstuim Maque se ião um — “S ão as férias” — d isse-lh e este. assim como Le Colonel Chabert (1832). a percentagem de dicen­ di antepostos é de cerca de 65%. tente rrináe caspone na . tá cla). “Você co stu m a Ler os jo r n a is ? ” — p erg u n te i-lh e. que . e de tal forma. ora por traves­ são. Entretanto. p. antepo. usando o travessão apenas para separar a oração do verbo dicendi.6 A pontuação no discurso direto O leitor deve ter notado que. 13 3 ) Pôr entre aspas a fala ou fragmentos dela parece ser influência da li­ teratura em língua inglesa. mesmo por­ que não nos cabia esse direito. apesar de contem porâneo de Alencar (O guarani é de 1857 e As memórias de um sargento de milícias. Também Le rouge et le noir (1832). Casmurro (1900). às vezes c o rro m p e m a im a g in a ç ã o . precursor do nosso realismo. que em João Miguel (1932).. como se sabe.. encontram os já o verbo dicendi anteposto em mais de 25% dos casos. de Ra­ chel de Queiroz. de José Lins do Rego. ambas da fase do apogeu do rom antism o francês. onde. como Cecília Meireles (esta. Madame Bovary já apresenta cerca de 45% de antepo­ sições. usam desnecessariamente além do travessão inicial também as aspas: n a nep. De propósito não uniformizamos o sistema da pontuação. 77) :vés d a 3. “As férias. nas citações que vimos fazendo.0 TH O N ! auaneis do mais orça. 17 0 ) u. p. a M . as reticências são repre­ . apesar de já considerados como de fase inicial do realismo.oder>s pa}S — sto. cercam por aspas a fala. é de praxe cercar a fala ou fragmentos dela por meio de travessões.. d ava-lhe ouvido.. que se confundam as palavras do autor com as da personagem: — O b rig ad o . A legião estrangeira. (Ic l. 127) o Atualmente.162 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a sentadas por um traço ( d a s l i ) . — T udo isso é desabafo. M o n te io . a re z a r p a ra q u e D eu s m e m a n d a sse u m an jo q u e m e salvasse. o autor quer distinguir o diálogo do monólogo inserto num parágrafo de discurso indireto puro ou livre. ocasionalmente. A décim a noite. salvo se o sentido da fala exigia ponto-de-exclamação. 35) — Patrícios! Ó! gente! g rito u eie em se g u id a. o que torna contra-indicado o emprego do travessão. disse C irino rec o stan d o -se a u m a s ó lid a m a rq u e sa . é de regra omitir-se o travessão inicial: A belardo.. (Taunay. B a rre io . op. cit. de-interrogação ou reticências: — Sr. 36) — A in d a n ão rep a re i. No Brasil não se usam senão quan­ do. p. “C om ecei a re z a r n a ru a. 171) Também às vezes se põe entre aspas a fala isolada. op. op. N ão foi p a ra isso q u e m e ch a m o u ? (J. resp o n d i. — D ê-m e o p ro b lem a. Lispector... mas de m aneira esporádi­ ca —." (Jo su é M o n teio . era mais comum cercar-se a oração do verbo d i c e n d i por meio de vírgulas. n ão se in c o m o d e com igo d e m a n e ira alg u m a. (I. “Eu sei o n d e ela q u e r ch e g ar — dizia consigo. não vem seguida de réplica. 125) . nesse caso. calm o. cit. para evitar. caso em que tam bém se omite o travessão: “A s e n h o ra n ã o sab e o m ilag re q u e m e a c o n te c e u ”. c o n to u -m e com firm eza. sem le v a n ta r os o lh o s dos papéis qu e ia se p a ra n d o e ro m p en d o . como acontece com freqüência.” (C. fiz p ro m e ssa d e n ão co m er q u a s e n a d a a m a n h ã . op. p aciente. inserida num parágrafo. o lh o s caídos n a m e sa e g u a r d a n d o o cig arro q u e ia le v ar ao s lábios. P ereira. p. de um interlocu­ tor.. p. cit:. N ão q u e ro fu m a r — rep lico u . p. 154) No passado — e até mesmo no presente. quando. que com elas se confundiria. p. E D eus m e m a n d o u a se n h o ra . p.. c ll.. entretanto... h) qualquer que seja a posição da oração do verbo dicendi. . p. d) o travessão torna prescindível qualquer outro sinal de pontuação. quer como resultado de um acordo tácito. — O n d e ? — fez O tália. (Jorge Amado. salvo os pontos-de-interrogação. para que não se confundam p a­ lavras do autor com as da personagem. c) aspas só para fala isolada dentro de parágrafo em discurso indireto. de-exclamação ou de reticências. desde que o fragmen­ to da fala que a preceda não exija ponto-de-interrogação ou de-excla­ mação ou reticências. neste caso. pode vir tam ­ bém cercada por vírgulas. quando não seguida de réplica. e) novo período de fala no mesmo parágrafo. o rosto fechado. após a oração do verbo di­ cendi. b) oração do verbo dicendi precedida por travessão ouvírgula. p. um a simples vírgula seria absurda: — V am os. não se costu­ m a separá-la da fala por meio de um ponto. deve vir precedido por travessão. segundo pudemos observar em inúm eros autores: a) travessão inicial em vez de aspas.O t h o n m . g) quando a oração do verbo dicendi precede toda a fala.. deve vir obriga­ toriam ente seguida de dois-pontos.. de-exclamação e as reticências. — disse Je su ín o .. Raramente se usam os dois. se vêm firmando as seguintes normas. quando intercalada na fala. 38) — Marialva! — cortou Mariim brusco. em vez de travessões.. CId. O travessão é indispensável quando afala que o precede vem segui­ da de ponto-de-interrogação. f) a oração do verbo dicendi. ibid. 61) Em suma: nas obras mais recentes. P a sto res. G arc ia ♦ 163 Note-se que o travessão antes de “replicou” torna prescindível o ponto-período que seria normal depois de “fumar”.. São essas as normas geralmente seguidas pelos autores modernos. ou em muitas reedições atualiza­ das de antigas. quer como conseqüência de con­ venções adotadas pelas editoras mais importantes.. dada a situação. oculto. 605). não é cabível sua t vo — e é isto que o distii Vejamos um exempl Os trabalhador do me viram sem ch< dias desconfiados. No entanto. artigo publicado na revista Gennanisch-Romanisch Monatschrift em 1912. o chamado iscurso ou estilo indireto livre é relativamente recente. Na literatura uso-brasileira da era clássica. 71 Porque. Mas os clásicos. p. diz Bally. dada a influência da sintaxe latina. portanto. o tivo integrante. são tão antigos quanto a própria linguagem. um vestígio de discurso misto ou. Em 1926. segundo nos lembra o Prof. lo n g a e p e n te a d a : “Quem era e por que causa lhe convinha A clivisa. pois denuncia o estade na sua indignação.esconheciam-no. incapaz . Era. O total d a fala é. Q u e p o r d iv is a u m ramo na m ão Linha.71 à qual deu 70 “Le style indirect libre en français moderne”. cit. que tem na mão tomada?” Trata-se (versos quinto e sexto) de pergunta que faz o Catual a Pau­ lo da Gama. discurso direto. mas imperfeito) e dos pronoir cendi. assim. co cie pés no chão coi A parentemente. somente em 1912 foi que Charles Bally chamou a aten­ ção para a nova técnica. porém. “o estilo indireto livre 6 uma forma dc pensamento. há expressões que um a das personagens: a i por ele se se tratasse de e O último período t< pessoa. No entanto. A b a rb a b ra n c a . no indireto livre. ou de um dos trab pecto. segundo ainda Bally. O latim e o grego . Charles Bally70 encontrou traços dele no francês antigo. o de Camões (Lus.4. pelo menos. tod< tanto. nas não no período do Renascimento. o estilo indireto livre começou a generalizar-se. cono. não o empregaram. até então ignorada pelas gramáticas. sem verbos dicendi. VIII. é que. Albert Thibaudet far de Flaubert. de discur­ so direto livre. a partir dos m eados do século XIX. e essa ambigüidade ração se faz na primeira p* No seguinte trecho < puro e o indireto livre estã clamações e as reticências: Se nã o fo s s e isso grade da rua. o processo favorito de La Fontaine. o nome por que e mais de. por influência de Flaubert e Zola. Rabelais dele se serviu ocasionalmene. não há dele senão esporádicos exemplos. q u e v ira e s ta r p in ta d a . ? saio que se tornou clássk Como o nome sug* direto apresenta caractei gem ou fragmentos deli através do qual o autor r No indireto puro. como formas de expressão peculiares o gênero narrativo. Chi! que m e n te o h o m e m da esca A oração condicional dor. 1): N a p rim e ira fig u ra se d e tin h a O C a tu a l. Tal dar uni homem àquel.0 Discurso indireto livre ou sem í-indíreto Se os discursos direto e indireto. surgerem discurso indireto.. c os gramáticos par­ tem das formas gramaticais" (op. O que é certo. os verbos “era” e “con­ vinha” (quinto verso). Rocha Lima. no direto. Payot).. provavel­ mente o homem da escada só botara nele meio quarteirão de querosene.pessoa). há expressões que não poderiam ser atribuídas ao Autor.U F P E Biblioteca C e n t n O t h o n m . 39) A oração condicional reticenciosa não pode ser atribuída ao narra­ dor. No indireto puro. apesar de tudo. o processo sintático é o da dependência por conec­ tivo integrante. p. 62) A parentem ente. sem fazer nada. Dez anos mais car­ de. Marguerite Lips escreveu sobre o assunto um en­ saio que se tom ou clássico: Le style indirect libre (Paris. independentes. um bran­ co de pés no chão como eles? Só sendo doido mesmo. o estilo ou discurso indireto livre ou semi-indireto apresenta características híbridas: a fala de determ inada persona­ gem ou fragmentos dela inserem-se discretam ente no discurso indireto através do qual o autor relata os fatos. G arc ia ♦ 165 o nom e por que é mais conhecida: estilo indireto livre. (Vidas secas. Talvez pensassem que estivesse doido. incapaz de reagir. as orações da fala são. No seguinte trecho de Graciliano Ramos. ex­ clamações e as reticências: Se não fosse isso. sem verbos dicendi. como é o caso de Bangüê. todo o trecho está em discurso indireto puro: no en­ tanto. O último período também: será do narrador. se sentia . An! cm que estava pensando? Meteu os olhos pela grade da rua. Como poderia an­ dar um homem àquela hora. Quan­ do me viram sem chapéu. Como não inclui nem admite di­ cendi. conversando alto. como verbo díccrzdr claro ou oculto. quanto a esse as­ pecto. (Bangüê. que fala na primeira pessoa. senão a uma das personagens: a interrogação. não poderia ser feita por ele se se tratasse de estilo indireto. por exemplo. Albert Thibaudet faria um estudo sistemático desse processo na obra de Flaubert. mas com transposições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes (3. Chi! que pretume? O lampião da esquina se apagara. ou de um dos trabalhadores? A frase é ambígua. é o da justaposição. impotente na sua indignação. dc cabeça no tempo. e essa am bigüidade do indireto livre é mais freqüente quando a nar­ ração se faz na prim eira pessoa. porque. por aqueles lugares. ed. Em 1926. p. deram-me bonsdias desconfiados. no direto. pois denuncia o estado de espírito da personagem Fabiano. de regra. de pijama.. os limites entre o indireto puro e o indireto livre estão nitidam ente marcados pelas interrogações. não é cabível sua transformação em objeto direto do verbo transiti­ vo — e é isto que o distingue do direto e do indireto puro. Vejamos um exemplo de José Lins do Rego: Os trabalhadores passavam para os partidos. Como o nom e sugere. no indireto livre. a técnica do discurso indi­ reto livre apresenta m atizes estilísticos m uito variáveis. p o rq u e a con p o m a l ch e g av a p a ra a C o nceição conco — Eu sei. os três processos se mesclam no mesmo parágrafo. A partir de “Por que afinal?” até “Por quê. em honra de A ntenor Na& : Mudando o tempo do verbo — boiara para botou scurso direto. no caso. p e do indireto livre. Foi p a ra casa so zin h o . como. O parágrafo que pn Chico Bento inclui um fragT Á gora felizm e n u tra b a lh o . num a espécie de monólogo. A frase é assim híbrida. mas da personagem Eduardo. J. Esta partícu­ la. b a te n d o -lh e n as co stas: tira ra o te rc e iro lu g a r [ n u ­ m a p rova d e n a ta ç ã o ]. m e u filho. “O es estudos. Na literatura brasileira contem porânea. Exa­ minemos. porém. desenvolvendo-a em Angústia (1936). o Autor já havia ensaiado tim idam ente em S. e n tã o ? O p ai ih e d iss e ra a p r e e n ­ sivo: “Você e s tá ex a g e ra n d o . sa b ia m u ito b em q u e essas coisas n ã o ex istia m m ais p a ra ele. aos filhos.72 Não cremos que haja outro romance brasileiro em que o discurso in­ direto livre seja tão freqüente e tão habilmente em pregado como em Vi­ das secas. P or q u e afin a l tu d o aqu ilo . aliás. Em outros. É o que faz. Fernando Sabino: M afra o conso lo u . “disse consigo”) ou ui sos. só há duas orações em discurso indireto puro: “M eteu os olhos pela grade” e “O lampião da esquina se apagara”. mais de perto. Isso n ã o p o d e fa z e r b e m ”. S a n to D eus? Q ue id é ia d e s c a b id a . p. até mesmo cário seu) dentro de um p to puro. Matoso. Ora. até alcançar a sua ple­ nitude na história dram ática de Fabiano e Sinhá Vitória. 1 2 7 ) Os dois prim eiros períodos estão em discurso indireto puro. com verbo dicendi anteposto. grafo em discurso direto. então?” é discurso indireto livre. mas o pronom e “ele” no fim do período indica que se trata d e discurso indire­ to. p a ra d e d ic a r-se com o u m lo u ­ co a u m a e x p e riê n c ia tã o d u ra q u e n ã o lh e tra ria p ro v e ito algum ! V aidade. Essa técnica. enfim. para só citarmos as línguas que nos são mais O primeiro parágrafo o denunciam os pronomes a estrutura passa a ser até mesmo de 73 CÂMARA JR. Por q uê. ra v ez tin h a b o ta d o a i m e m o tin h a p o sto a té A intercalada “Deus 1 mas seria descabido. o período iniciado por “ora”. à própria Baleia. a p e n a s? S o lid a rie d a d e p a ra com se u clube? O ra. o narrador é onisciente. Até mesmo a ora­ ção final. não se pode falar de i ve não só para minimizar tam bém — e aqui está a : fragm entos do fluxo de cc no relato dos fatos e na a traduzidos em palavras do postas do discurso direto rr quando “as reflexões expost lação verbal nítida”73 é qu< Rachel de Queiroz: E a q u e le caso d. Em todo o pa­ rágrafo. introduzido ou st go”. como. que o im pediam de pra­ ticar desatino como reação natural contra a injustiça de que era vítima. pois. um p< em geral. por exemplo. O mesmo se pode dizer quanto aos demais trechos em itálico. é exclusiva do discurso direto. a quando as reflexões das pei ticas as peripécias do relato Autora. a partir de “provavelmente”. dada .166 C o m u n i c a ç ã o em P rosa M o d e r n a preso à Sinhá Vitória. na acepção em que está em pregada. Em alguns auto reto (às vezes. não seria admissível sua incerteza quanto à quantidade de querosene posta no lampião: a dúvida é da perso­ nagem Fabiano. . (E ncontro m arcado. eu sei ta u m serviço b ru to . esse hibridismo é uma das características familiares. a cab eç a n u m tu m u lto . q u e e s tra n h a te i­ m o sia a q u e la . Às vezes. Ber­ nardo (1934).. e sq u e c e r tu d o d u r a n te u m m ês. A parte final encer­ ra discurso direto claramente expresso. pois as interrogações e exclamações não denotam perplexidade do narrador. tam ­ bém no francês e no inglês. está em discurso indireto livre. Garcia ♦ 167 familiares. introduzido ou seguido por um verbo de elocução (“disse comi­ go”. . lá agüen­ ta um serviço bruto. 79) A intercalada “Deus me perdoe” não pode ser atribuída ao narrador. em honra de Antenor Nascentes. todo ele. e o ho­ mem o tinha posto até de sem-vergonha (. é uma miséria! Mas você assim. dada a sua escassa relevância. abrir com ela um pará­ grafo em discurso direto. no relato dos fatos e na análise das reações psicológicas da personagem . traduzidos em palavras do Autor. Em outros.. ocorre apenas intercalação de discurso di­ reto (às vezes. Rio. J. 80) O primeiro parágrafo está. acom panhado de dicendi ou de vi­ cário seu) dentro de um parágrafo de narração feita em discurso indire­ to puro. in: MISCEIÂNEA de estudos. nesses ca­ sos. porque a comadre Conceição bem via que o que davam 110 Cam­ po mal chegava para os meninos. porque mais dram á­ ticas as peripécias do relato feito pelo vaqueiro Chico Bento com palavras da Autora. Conceição concordou: — Eu sei. Matoso..JR. Em alguns autores. quando as reflexões das personagens são mais intensas. Só quando “as reflexões expostas são tão intensas que justifiquem uma formu­ lação verbal nítida”73 é que o Autor se serve do discurso direto. eu sei. "O estilo indireto livre em Machado de Assis”. Então. pesado. 1941. como o denunciam os pronomes da terceira pessoa e os verbos no pretérito im­ 73 CÂMARA . Mas. que é só 0 que há para retirante?! (p. mas seria descabido.. E se saíra tão mal. inserem-se frases ou expressões tran s­ postas do discurso direto mas sem o auxílio dos conectivos integrantes. O de que carecia era arranjar trabalho. a que Rachel de Queiroz só recorre mais adiante. compadre.) (O quinze. O parágrafo que precede imediatamente o diálogo entre Conceição e Chico Bento inclui um fragmento de discurso indireto livre: Agora felizmente estavam menos mal.O thon M. Assim faz Rachel de Queiroz: E aquele caso da cabra em que — Deus me perdoe! — pela primei­ ra vez tinha botado a mão em cima do alheio. “pensei”). p. recurso de que o narrador se ser­ ve não só p ara minimizar a m onotonia dos diálogos interm ináveis mas tam bém — e aqui está a sua mais relevante função — para exteriorizar fragm entos do fluxo de consciência de determ inada personagem . em geral. não se pode falar de indireto livre. até mesmo entre aspas. em discurso indireto puro. “disse consigo”) ou um vicário (“pensou”.. um parágrafo inteiro assume a feição do monólogo. Por isso. atravessou a varandinha que acompanha o correr dos quartos e saiu à copa. com um verbo dicendi claro (“dizia consi­ go”). No primeiro dos dois trechos dados abaixo. ali junto ao relógio.. como se eu fosse um estranho? (. não expressa dúvida do Autor. Os períodos entre aspas. em discurso direto puro. mas nele se insinua sutilmente um vestígio do indireto livre n a­ quele “comadre”. “se”.)” (p.. 193) Na iminência da crise. adiantava o braço. E dizia consigo. é semelhante ao que assinala Matoso Câma­ ra (loc. o monólogo dram ático de feitio tradicional e o discurso indireto livre freqüentemente se mesclam em lon­ gos parágrafos de discurso indireto. Esse exemplo. aceitaria o am­ paro que ele lhe oferecia. quando o Autor quer impregnar suas palavras de certa tonalida­ de afetiva própria do discurso direto. a propósito de “com adre Angélica”. há intercalação de indireto livre (em itálico). Alaíde estaria ainda no jar­ dim? Saltou ao quintal e veio contornando a casa (. E eu também. em vez de “m e”. E ela baixava sozinha. o que aparece é mesmo discurso direto sob a forma de monólogo indicado por travessão e aspas: Voltou-se então para o fundo da casa. . no segundo. Alaíde. Crês que pode­ rás fugir de mim. precedidas às vezes por travessão. sem aspas nem travessões: Por vezes. aliás. Em suma. no segundo. Mas. Em Josué Monteio (A décima noite). quando fossem marido e mulher. cigarro esquecido na ponta dos dedos: — “Daqui a pouco terás de deitar-te. confiante. sereno. cit. Os p: de M arguerite Lips. com o seu livro e a sua caixa de costura. não aparecem as aspas: o fluxo do pensam ento da personagem Abelardo. 21) em Quincas Borba. mas da personagem: trata-se de discurso indireto livre. no primeiro trecho. para ajudá-la a descer. não fosse a presença daquele pronome de terceira pes­ soa. mas o Autor distingue sistem aticam en­ te o primeiro do segundo. Abelardo não perdia o domínio de si mesmo. precedidos por um travessão.. 205) A interrogação. não poderia de forma alguma em pregar: a comadre é de Chico Bento. o Autor como que o surpreendeu in natura. E por que melindrar-se com os longos silêncios de­ la? Por acaso. então aparece o legítimo indireto livre.) (p. Sinharinha não fora também assim. denotam monólogo dra­ mático. que a Autora. pondo-o entre aspas. os trechos em itálico seriam verda­ deiros monólogos. 158) Quanto à sua natureza e sentido. e não de Rachel de Queiroz. esquiva e cismarenta? (p. Autor e personagem como que se fundem num a espécie de interlocutor híbrido. p. o discurse to fértil em recursos estili rico para pesquisas capaze: leiro dos nossos dias.. enfim.168 ♦ Com unicação em P rosa M oderna perfeito. não raro saltando o último degrau com os pés unidos. exteriorizando-o cc na sua formulação verbal. se falasse por si mesma. quando.. o artig ra atrás citados. como a di­ zer-lhe que só mais tarde. o artigo de Charles Bally e o artigo de Matoso Câma­ ra atrás citados. o discurso indireto livre é uma técnica de narrativa m ui­ to fértil em recursos estilísticos. Os estudiosos encontrariam aí um veio rico para pesquisas capazes de revelar novas dimensões no romance brasi­ leiro dos nossos dias. G arcia ♦ 169 natura. Em suma.O thon M. Os principiantes poderiam abrir caminho com a obra de M arguerite Lips. . exteriorizando-o como se o tivesse apenas gravado sem interferir na sua formulação verbal. .S egunda P arte 2.0 vocabulário . VOC. o Dr. A própria clareza das idéias (se é que as temos sem palavras) está intimamente relacionada com a clareza e a preci­ são das expressões que as traduzem. de escolher. Nova Jersey. submeteu a um teste de vocabulário cem alunos de um curso de formação de dirigentes de empresas industriais (industrial executives). sem dúvida: “. p. sem elas. I. 163. acima de tudo. através da experiência sensível. As próprias impressões colhidas em con­ tato com o mundo físico.0 Os sentidos das palavras 1.1 Como pensar que “amanhã tenho uma aula às 8 horas". É um círculo vicioso.nossos hábitos lingüísticos afetam e são igualmente afetados pelo nosso comportamento. Mas pa­ rece não restar dúvida de que. de Hoboken.1 Palavras e idéias Em pesquisa que realizou. fiel e precisa. a condição de realização do pensamento. Problèmes de linguistique génércile. entretanto. se não prefiguro mentalmente essa atividade por meio dessas ou de outras palavras equivalentes? Não se pensa in vacuo.1. são tanto mais vi­ vas quanto mais capazes de serem traduzidas em palavras — e sem impres­ sões vivas não haverá expressão eficaz. Johnson O’Connor. e do Instituto de Tecnologia. é praticamente impossí­ vel pensar. diz Adam Schaff em Introdução à se­ mântica.. tanto é certo que as pa­ lavras são o revestimento das idéias e que. outras qualidades se fazem. de Boston. os executivos. de julgar. Pensamento e expressão são interdependentes. — “A forma lingüística é [pois] não apenas a condição de transmissibilidade do pensamento mas também. p. evidentemente. Isso não prova. 64) . dispondo de palavras suficientes e adequadas à expressão do pensamento de maneira clara.. Cinco anos mais tarde.não há pensar a não ser em termos de linguagem”. estamos em m e­ lhores condições de assimilar conceitos. tais como a ob­ 1 “. para vencer na vida. necessárias. do que outros cujo acervo léxico seja insuficiente ou medíocre para a tarefa vi­ tal da comunicação. ao passo que dos vinte e cinco por cento mais “fracos" nenhum alcançara igual posição.. verificou que os dez por cento que haviam revelado maior conhecimento ocupavam cargos de direção..” (Émilc Benvenisie. v. do Laboratório de Engenharia Humana. pelos nossos hábitos físicos e mentais normais. que. de refletir. basta ter um bom vocabulário. mas apenas como sinal de um a experiência 2 GURREY. Q. 2. símbolo correspoti te.2 Vocabulário e nível mental Acreditam alguns que o nível mental. Norman. Richards. tanto mais profundo e acurado é o processo mental da refle­ xão. discriminar e estabele não apenas veiculem idéias atitude mental. Wilfred c LEWIS. ao que o mestre ger* (imagem acústica) com o significaA . p. dos infantes e. Herder já proclamava que um povo não podia ter uma idéia sem que para ela possuísse uma palavra”. :i Cf. Civilização Brasileira. não é mínio do vocabulário não ir se assim fosse. Language in general education: General Education. Johnson O'Connor. Ogden e I. 2. seguindo o currículo escolar. tradição ou dar e m andar decorar mil e que vão muito além do mín O que acontece é que não sc se resto que está o essenciaL 1.3 Polissemia e coi A linguagem — seja i — é um sistema de símbolc produzidos e convencionalm m unica com seus sem elhant sejos.. os que se de autores de dicionários serian que nem sempre. apurado segundo a técnica dos testes de Stanford-Binet — aquilo a que os americanos em geral dão tanta importância e que se traduz na sigla com aura meio cabalística I. inclusive matemática e ciências. e mais tarde transcrito na 2.3 Para outros entendidos. a percepção. p.edição de Enriqueça o seu vocabulário (Rio. do mesmo nível social (até onde seja possível pôr à prova tudo isso). da mesma idade. dos irracionais. essa relação é falaciosa. p. FUNK.. as notas são confrontadas. limitando a capacidade de observar. Cf. 48. Vocabulário rico é. entretanto. P The teaching o f written English.174 ♦ Com unicação em P rosa M oderna servação. A. quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível. além das aulas em comum com o outro grupo. “Não se diz nenhuma novidade ao afirmar que as palavras. Tais experiências consistem em selecionarem-se dois grupos de estudantes da mesma comunidade. 3 0 days to a more powerful vocabulary. cít. A conclusão óbvia que peito da importância do vocí lavras não é suficiente para te estulto presumir que bast satisfatoriamente. (op. conside­ ram eles o elevado índice de vocabulário não como sintom a de inteligên­ cia e am adurecim ento mental. Há século e meio. e não ape­ nas em inglês (para o caso das experiências realizadas nos Estados Unidos). ou rarame se pode pensar sem palavra las. 1. a imaginação”. formas rudim entares de co­ municação capazes de traduzir apenas expansões instintivas dos primitivos. testemunha Paulo Rónai em artigo publicado no Diário de Noticias. os sentimentos. incapaz de veicular impressões e concepções. (intelligence quotient) — se relaciona muito de perto com o domínio do vocabulá­ rio. do Rio de Janeiro. São conhecidas as experiências levadas a efeito com grupos de colegiais para apurar essa relação entre o quociente de inteligência e o conhecimento de palavras. p. mina o próprio desenvolvimento mental. Em suma: conhecemos mos inteligentes só porque Por outro lado. Suas três primordiais exteriorização psíquica (sentü quer Karl Bühler. mas também nas outras matérias. do grito ou do gesto. e referente. por vício. Portanto. se disponha igualmente < pois é sabido que o comanc nhoream ento de suas estruti cenir.2 De forma que um vocabulário escasso e inadequado. compreender e até mes­ mo de sentir. tolhe a imaginação e o poder criador. variada. tanto mais dependen­ tes estamos do grunhido. segundo esses mir que se possa estimular rio. do de significado). 1965). Nenhum p nós. verificando-se então que o apro­ veitamento do segundo grupo é muito maior do que o do primeiro. Ao termo de perío­ do convencionado. lhe condicionam a formação. tan­ to mais claro. a emoção. Reciprocamente. onde co­ lhemos também o relato da experiência feita pelo Dr. 5 Para C. quanto mais escasso e impreciso.. dando-se a cada um trata­ m ento diverso: o primeiro grupo recebe ensinamento normal. Não há. de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. K. cia. ao mesmo tempo que veiculam o pensamento. o segundo é especialmente treinado em exercícios de voca­ bulário. Suas três primordiais funções são. manifestação e não fator de inteligên­ cia. A combinação do significanre (imagem acústica) com o significado (conceito) constitui o signo. Ogden e I. (op. . G arcia ♦ 175 variada. 48. p. Nenhum professor ignora isso. 5 Para C. ctí\. por vício. e referente. sentimentos ou de­ sejos. pois é sabido que o comando da língua falada ou escrita pressupõe o assenhoream ento de suas estruturas frasais combinado com a capacidade de discenir. que vão muito além do mínimo indispensável ao manejo correto da língua. voluntariam ente produzidos e convencionalmente aceitos. se disponha igualmente de agilidade mental e de facilidade de expressão. é errôneo presumir que. Richards. ocorre. se apenas o conhecimento de pa­ lavras não é suficiente para a expressão do pensamento. os que se dedicam ao passatempo das palavras-cruzadas e os autores de dicionários seriam forçosamente grandes escritores ou oradores. ou raramente. tradição ou comodismo. A conclusão óbvia que se pode tirar dessas assertivas e objeções a res­ peito da importância do vocabulário é que. não é ocioso advertir ainda que apenas um grande do­ mínio do vocabulário não implica necessariamente igual domínio da língua. dispondo apenas de­ las. no seu hoje clássico The m eaning o f m eaning (O significa­ do de significado ). a exteriorização psíquica (sentimentos) e o apelo (desejos. ao que o mestre genebrino denomina significado. expressando suas idéias. Não há. e não so­ mos inteligentes só porque conhecemos palavras.5 signos ou signos-símbolos. p. O que acontece é que não sobra tempo para o resto — e infelizmente é nes­ se resto que está o essencial. K. “expressão.3 Polissemia e contexto A linguagem — seja ela oral ou escrita. o que nem sempre. mas reflitam também a própria atitude mental.O thon M. achamos mais fácil e mais simples dar e m andar decorar mil e uma regrinhas gramaticais malsinadas e inúteis. ou. tom a-se igualmen­ te estulto presumir que basta estudar gramática para saber falar e escrever satisfatoriamente. a representação (idéias). Em suma: conhecemos palavras porque somos inteligentes. seja mímica ou semafórica — é um sistema de símbolos. Language in general editcation. Vocabulário rico é. 98-9) chama de significante.4 Por outro lado. A. assim. Se praticam ente não se pode pensar sem palavras. segundo esses entendidos. fundamentos seguros para presu­ mir que se possa estimular o nível mental através do ensino do vocabulá­ rio.. vontade). m ediante o qual o homem se co­ m unica com seus semelhantes. símbolo corresponde ao que Saussure (op. Não obstante. como quer Karl Bühler. de forma que as palavras não apenas veiculem idéias ou sentimentos. quase todos nós. como se sabe. 4 Cf. discriminar e estabelecer relações lógicas. ciLf p. 41). se assim fosse. assim. apelo e representação”. 1. A report to the Committee on the Function of English in General Education. por­ que polissêmicas ou plurivalentes. incluindo nele o que Matoso Câmara cha­ ma de “situação” (“ambiente físico-social onde a frase é enunciada”) e acrescentando ainda. Em qualquer hipótese. 7 VENDRYES. A palavra situa-se num a ambiência que lhe fixa.7 As­ sim. Geralm ente. é o contexto também que a liberta de todas as repre­ sentações passadas. independentem ente do emprego que dela se faça. só o contexto verbal nos perm ite saber em que sentido estão empregadas as palavras “explicando”. além de outros traços semânticos potenciais em con­ dições de se evidenciarem nos contextos em que ela apareça. O conjunto dos semas básicos e virtuais constitui o seme/nu (também dito sem antem a).6 as palavras quase nada signi­ ficam de m aneira precisa. lecionar. onde. interligadas uma sociá-las da frase é desprovi contextuai. aliá ções sobre a importância do conrex . sempre subsiste nela. Isoladas do seu contexto ou situação. é usual o emprego do termo contex­ to com o sentido amplo de qualquer ambiência em que se encontre a palavra.8 Se.176 ♦ Com unicação em P rosa M oderna A linguagem ideal seria aquela em que cada palavra (significante) designasse ou apontasse apenas uma coisa. p. lhe impõe um valor ‘singular’. a cada novo contexto elas adquiririam significação diferente. outros autores preferem atribuir a esse termo sentido mais amplo. b) que a definição dela não se ajuste ao sentido da frase que ouvimos ou lemos.. 8 Aos traços significativos mínimos que entram na constituição de uma palavra dá a semânti­ ca estrutural o nome de semas. ensinar. Mas. a cada vez e m om entaneam ente.. e. um núcleo significativo mais ou m e­ nos estável e constante. nela acumuladas pela memória. on dia de ontem”. Matoso Câmara Júnior: “ambiente lingüístico onde se acha a frase". 1. No seguinte passo de Manuel Bernardes. Estamos vendo assim e intenções. 21). quando queremos saber o sentido de um a palavra recor­ remos ao dicionário. Seja como for. c) que o dicionário dê mais de um significado ou acepção. É o contexto que. o da situação e o da experiência (do emissor e do receptor). por exemplo. no tempo do al um monge. Não cremos que qual do das três palavras grifada Aurélio”: Explicar: tomar ii ficar. Quando reg correndo-se então “à fé da: meado que. o que tornaria pratica­ m ente impossível a própria intercomunicação lingüística. palavra. e que lhe atribui um valor ‘atual’. Depois de um e do o passarinho os bre golfo de ares. Remo: instrumen pequenas embarcações. feito o cômp trezentos. as palavras são. por mais condicionada que esteja a significação de um a palavra ao seu contexto. por natureza. Golfo: porção de tura é muito larga. que indicam as possibilidades de aplicação num determinado con­ texto. 1964. Isso é o que oco quer falada ou coloquial. s origem ou o motivo de. mas pode acontecer: a) que ela não esteja averbada. como. enganosas. Fr. o valor.. a des­ peito da variedade de sentidos de que a palavra seja suscetível. qui do dissociado do contexto na 9 Como passam m il anos diante de (Coimbra. só mesmo o contexto é que nos pode ajudar. a pa­ lavra existe no espírito com todos os seus significados latentes e virtuais. Le langage.o que d eterm in a o valor (= sentido) da palavra é o contexto. adotamos a definição de contexto que nos dá J. “rem os” e “golfo”: Ao tratarm os de frase de situação (1. nom Tomadas no seu sentic essas palavras deixariam o le levando-o a tomar explicandc remos e golfo duas metáfora que o Autor procurou tom ar dão do espaço aéreo. saiu para ui desta admirável sentença”. tivesse um só sentido (significado). inequívoca (Ogden e Richards são radicais: “as palavras nada significam por si m esm as”): “. Todavia.2). Existem assim três espécies de contexto: o verbal. ponto e linha. prontos a surgir e a se adaptarem às circunstâncias que a evoquem”. al­ guns. Há os sernas básicas (núcleo significativo estável e constante) e os virram. 211. as palavras por si mesmas nada significam. p. Como tal não ocorre em nenhum a língua conhecida. como que­ rem Ogden e Richards. o fator “experiência”. e desaps que nada do que se pc A narrativa é conhec reparando no Salmo 89. satisfação ou explicação.s (ou potenciais). quando um passarinho se p ceu do tempo. correspondesse a um a só idéia ou conceito. Muitas constituem mesmo um a espécie de constelação semântica. que têm (se­ gundo o Dicioruírio de Laudelino Freire) cerca de cem acepções. 11a língua de todos os dias. foi cortando esse golfo de ares. Portanto. referencial ou denotativo (ver a seguir). essas palavras deixariam o leitor perplexo. Vejamos o “dicionário do Aurélio”: Explicar: tornar inteligível ou claro (o que é ambíguo ou obscuro). segundo o texto comentado por Jesus Belo Galvão (Coimbra. aliás. se perde sem desconsolação (. Só o contexto poderia esclarecê-lo. Isso é 0 que ocorre na língua viva. conotativo ou afetivo) com que o Autor procurou tom ar mais vivas e pitorestas as idéias de asas e imensi­ dão do espaço aéreo. verificou-se que se tinham passado trezentos. a seu parecer [do monge] mui curto. nome de planta. por­ que nada do que se possui com gosto. levando-o a tom ar explicando 110 sentido de desdobrando. ensinar. quer escrita ou literária. no tempo do abade a que ele se referia. lecionar. p. exprimir-se. onde diz que “mil anos diante de Deus são como o dia de ontem”. explican­ do o passarinho os breves remos de suas ligeiras peninhas.U FP E Biblioteca Centre ♦ 177 Depois de um espaço. Conhecer-lhes o significa­ do dissociado do contexto não é suficiente.. dar a conhecer a origem ou o motivo cle. significar. Tomadas no seu sentido literal. i. Remo: instrumento de madeira que serve para fazer avançar na água pequenas embarcações. oportunas observa­ ções sobre a importância do contexto como pauta para os valores semânticos das palavras. ninguém o reconheceu. exercícios de vocabulá­ 9 Como passam mil anos diante de Deus. com erudição e argúcia. lá se achou no­ meado que. que ele se esque­ ceu do tempo. Estava o monge entregue às suas meditações. deixando ao seu ouvinte assaz magoado. expor. Re­ correndo-se então “à fé das crônicas e memórias antigas”. onde. Não cremos que qualquer dicionário elucide o leitor quanto ao senti­ do das três palavras grifadas no trecho transcrito. .. interligadas umas às outras por íntimas relações de sentido: dis­ sociá-las da frase é desprovê-las da camada do seu significado virtual. contextuai. realmente desaparecera um monge. abrindo e a ver em remos e golfo duas metáforas (sentido figurado. dar satisfação ou explicação. reparando no Salmo 89. indígenas da tribo dos Remos (Javari). Estamos vendo assim que as palavras são elos num a cadeia de idéias e intenções. quer falada ou coloquial. dar razão das suas ações ou palavras. quando um passarinho se pôs a cantar tão maviosamente. feito o cômputo dos anos. Quando regressou ao mosteiro.. e. pagar (gíria brasileira). 21).y A narrativa é conhecida (aparece em várias antologias): um religioso. 1964. expressar. saiu para um pomar ou jardim a fim de “penetrar o espírito desta admirável sentença”. explanar.e. Golfo: porção de mar que entra profundamente pela terra e cuja aber­ tura é muito larga. se fazem. e desapareceu. justi­ ficar. Quando um a palavra i “próprio”. em edição da l. Paris. aos traços semânticos (rever nota 8) mais constantes e estáveis. o que a significação t grupo dentro da comunidad não será idêntica para toda Bem: a esta altura. “pão3 pão. pelo contrário.. . antes. pressa o desprezo que me cai 10 Já em pregadas pela lógica escolástica e. por exemplo. de uma espécie de contexto ad hoc. ^ Ver. aponta. não nos proporcionou. ao passo que a conotação é constituída pelos elementos subjetivos. os sentidos das palavras situam-se em dois níveis ou planos: o da denotação e o da conotação. a seguir. etc. “Em alguns sistemas semânticos — diz Umberto Eco em A estrutura ausente (trad.. leitor. pois só ela permite assimilar satisfatoriamente conceitos e idéias que tradu­ zam impressões vivas. elemento não subjetivo (grave-se esta característica) e analisável fora do discurso (= contexto). que variam se­ gundo o contexto. qu Se. entretanto. roiç mos de am plitude de onda. No entanto. no verbete “connotation” — a uma “desordem terminológica”. Exemplifiquemos. ao passo que conotação é aquela parte do significado constituída pelos semas virtuais./ 178 ♦ Co m unicação em P rosa M oderna rios que constem de listas de palavras para decorar pouca utilidade têm.5 e nota 15. que a mesma coisa para m in bros da com unidade sócio-li se diz que essa palavra tem ta. então. não impe­ de. 1. do denota.4 Denotação e conotação: sentido referencial e sentido afetivo Por mais variados que sejam. i.). lato sensu. . tentem os tornar a “cois mais acessível. mas é pura conotação (e. Nesse sentido. por associação. 11 Organizado por Jean Dubois e outros. incorporado aos hábitos lingüísticos. Só através da leitura e da redação é que se pode construir um vocabulário vivo e atuante.e. no sentido de u dade lingüística. pelo menos. Assim. as dos sentidos. odores. Isso. denotação é aquela parte do significado de um a palavra que corresponde aos semas específicos e genéricos. só atualizados em determ inado contexto. A mesma conceituação pode ser expressa em term os um pouquinho mais claros: denotação é o elem en­ to estável da significação de um a palavra. 1. improfícuo tentarmos traduzir impressões ou juízos que a experiência. não figura* dela nos dão os dicionários. outra(s riva ou emocional. a signii mim e para você. duas antigas deno­ m inações. cional.ibrairie Larousse. sons. quando se abrem lacunas em frases completas para preenchei.10 que a lógica e a lingüística m oderna vêm rem anipulando e reconceituando em term os nem sempre muito claros e nem sempre coinci­ dentes. E inútil ou. por John Stuart Mill no seu S/stcma de lógica (1843). í. no. port. a der conotação com a intenciona Dictionnaire de linguistique cão um pouco mais clara t aquilo que. mais tarde. A palavra ass te de interpretações individu. isto é. 22) — indica-se como denotação de um símbolo a classe das coisas reais que o emprego do símbolo abarca (‘cão* denota a classe de todos o: propriedades que devem se (entender-se-ão como conoi diante as quais a ciência d patas). o seu significado não à experiência ou às vivências digamos assim. como. Para a sem ântica estrutural. justifica se lance mão de artifícios capazes de per­ mitir a simulação de situações reais. ou quando se propõem séries de palavras sinônimas ou não para escolha da(s) que se adapte(m) ao contexto verbal. o melhor processo para a aquisição de voca­ bulário é aquele que parte de uma experiência real e não apenas simulada. formas. o já deve ter assimilado os o sim. então se d ou afetivo. coi membros da coletividade de i sa da interpretação que cada mete a um objeto do mund evoca. 1973. rem ete ou se refere a um ou imaginário. se bem que nem sempre com a necessária freqüência.e.. p. entretanto. o que dá margem — como dizem os autores do Dictionnaire de linguistique. para a expressão de impressões (cores. É o que se faz às vezes. Outro tipo de exercício também eficaz consiste em se criarem situações globais em tom o de certas áreas semânticas. designa o . Exemplifiquemos. não metafórico. por associação. isto é. não está condicionado à experiência ou às vivências do receptor (leitor. rouge (vermelho) denota uma cor precisa em ter­ mos de am plitude de onda. Se. tentem os tornar a “coisa” mais clara. a seguir. objeto real ou imaginário. rem ete ou se refere a um objeto do mundo extralingüístico. mamífero. não figurado. seu sentido. cani­ no. digamos assim. porque deno­ ta. Ainda as­ sim. no verbete “connotation”. interpretações de natureza afetiva ou em o­ cional. Nesse sentido. queijo.” O há pouco citado Dictionnaire de linguistique nos dá. como para todos os mem­ bros da com unidade sócio-lingüística de que ambos fazemos parte. então se diz que seu valor. . ouvinte). sobretudo.e. mas é pura conotação (e. outra(s) idéia(s) de ordem abstrata. o seu significado não resulta de associações. i. então se diz que essa palavra tem sentido denotative ou referencial.. por exemplo. então.O thon M. A palavra assim em pregada é entendida independentem en­ te de interpretações individuais. leitor. no sentido “prim eiro” que dela nos dão os dicionários. Garcia ♦ 179 denota a classe de todos os cães reais). e como conotação o conjunto das propriedades que devem ser atribuídas ao conceito indicado pelo símbolo (entender-se-ão como conotações de ‘cão’ as propriedades zoológicas m e­ diante as quais a ciência distingue o cão de outros mamíferos de quatro patas). Quando um a palavra é tom ada no seu sentido usual. servindo-nos de um a linguagem mais acessível. “pão. o leitor não iniciado nessas sutilezas semânticas já deve ter assimilado os conceitos de denotação e conotação. é objeto de um consenso na comuni­ dade lingüística.5 e nota 15. A palavra “cão” tem sentido denotativo quan­ do denota. a conotação política de rouge não será idêntica para toda a coletividade de fala francesa”. A conotação é. quando é empregada de tal m odo que signifi­ que a mesma coisa para mim e para você. e a conotação com a intencionalidade (sic)12 do conceito. O seu sentido é. designa o animal doméstico. entretanto. no sentido dito “próprio”. quadrúpede. de natureza afe­ tiva ou emocional. se a palavra não re­ mete a um objeto do mundo extralingüístico mas. 1. é conotativo ou afetivo. no caso. para a comunidade francesa. também metaforização) quando ex­ pressa o desprezo que me causa uma pessoa sem caráter ou extremamente 12 Ver. uma defini­ ção um pouco mais clara e mais acessível aos leigos: denotação é “tudo aquilo que. o que a significação tem de particular para o indivíduo ou um dado grupo dentro da comunidade. e não o é por cau­ sa da interpretação que cada um de nós lhe possa dar. como talvez não o seja tam bém para todos os membros da coletividade de que ambos fazemos parte. no sentido de um termo. leitor. a significação de uma palavra não é a mesma para mim e para você. Bem: a esta altura. a denotação identifica-se com a extensionalidade. queijo”. Assim. pão. aponta. sugere ou evoca. sugesti­ vo. opulência. o lojista não me tra­ rá um a vermelha (a menos que seja daltônico). preconceitos. obter.. um certo grau de afetividade. de cor das ervas e das folhas da maioria das plantas. possível graças à faculdade de associação de idéias inerente ao espírito hum ano. do consabido verso de Gertrude Stein. pois toda metaforização é conotação (mas a recíproca não é verdadeira: nem toda conotação é m etaforização).180 ♦ Co m u n ic a ç Ao em P rosa M oderna servil. em vir aparecem .. : frisar a im portância des seus corolários: a declar 13 Varieté Ult p. porque relacionado com o objeto concreto. portanto. Mas. Esse é. um esta­ do de espírito. grande estima. nos segi sentido denotativo ou re de poeta contemporânec dicionários”. frases dade de fatores de order güísticos. denotada) como “metal amarelo. avareza. no caso. mas da idéia. do juízo. mas branco = inocência.. Neste caso. Conotação implica. nem sempn tos casos. o traço caracte­ rístico do processo metafórico. do qual se fazem moedas e jóias de alto preço e que tem grande valor comercial”. para o florista que vê nela apenas um objeto de transação comercial rendosa. sentido exato. Não há nessa definição de “ouro” uma só característica que não seja de ordem material. metafórico. (Dicionário de Laudelino Freire). não se trata da coisa “ouro”. a rosa é muito mais do que um a rosa: é assim como “uma rosa é uma rosa. ou de despertar-nos sentim entos ou emoções. Qu< “ouro pérfido”. da opinião a respeito dela ou que ela nos sugere.. a sensibilidade. no sentido de cor resultante da combinação do azul com o am arelo no espectro solar. Da palavra “ouro” irradiam-se ou em anam ondas sem ânticas desgarradas da realidade concreta. para o jardineiro profissional incumbido de regá-la. A palavra “ouro”. te ção do texto. evocador. l . não entendi Desiludido aii N am o ro a ph no o u ro pérfi Nenhum leitor. em essência.. inconfundível. uma espécie de em anação semântica. por exemplo. por associação ou p or convenção. acepções a que podería­ mos ainda acrescentar outras: ostentação. adorno. Todos os escritores. princi­ palm ente os poetas. diferente para que Valéry dizia que “il n un appareil dont chacun (não há verdadeiro senti que cada qual se pode se 1. brilhante. poi do galo” as penas do gal que se fazem jóias e mo< sam a periferia do sentk mânticas para serem cap que acontece quase semp termos. Esse é o seu sentido denotativo ou referencial. Muito diversa há de ser ainda a conotação para a dona-de-casa que com ela adorne um centro de mesa. em relação à coisa designada. Seu sentido será assim afetivo ou conotativo. é uma rosa”. Hayakav and action — 14 chama-n pre o valor denotativo d tensional e intensional. . Conotação é. assim. por simples delei­ te. A l U n O. se verde me sugere es­ perança. a cultura e os hábitos do falante ou ouvinte. vale dizer. expressões. grande valor”. A palavra rosa não significa a mesma coisa (do ponto de vista afetivo.5 Sentido intei Relembrando-nos dos das palavras. se verde significa que algo ainda não se desenvolveu completamen­ te. 68. tam bém metafó­ rico). muito pesado e m ui­ to dútil. faculdade que nos permite relacio­ nar coisas análogas ou assemelhadas. I. 14 I 1. lato sensu) para o botânico interessado na classificação das espécies vegetais. é pura denotação: se peço um a camisa verde. que variam conforme a experiência.. S. imaculação = conotação. Verde. para o am ador que a cultiva como passatem po nos fins-de-semana e procura. no mesmo verbete: “ri­ queza. pela sua capacidade de evocar-nos. Branco = cor resultante da combinação de todas as cores no espectro solar = denotação. o tem peram ento. uma espécie nova para exibir a amigos e visitas. têm se poder de evocar outn lação com o objeto. um julgam ento. Mas o mesm o dicionário indica mais adiante. do autor ou leitor. através de enxertos e cruzamentos.e. conceitos abstratos. Para o jovem que a oferece à nam orada. pureza. II. aparece em qualquer dicionário defi­ nida (i. então seu sentido é conotativo ou afetivo (e. des­ se poder de evocar outras idéias além da que lhes é implícita pela sua re­ lação com o objeto. sendo até. S. 68. nesse contexto. I.. Quem atribuísse às expressões “plum agem do galo” e “ouro pérfido”.. G arcia ♦ 181 palm ente os poetas.. diferente para o mesmo leitor em momentos diversos. em virtude das inumeráveis situações (contextos) em que aparecem. em cer­ tos casos. 58. termos. hábitos lin­ güísticos. nem sempre a mesma para todos os leitores.5 Sentido intensional e sentido extensional Relembrando-nos que nenhum dicionário pode dar todos os senti­ dos das palavras. desdobrando-se em ondas se­ mânticas para serem captadas pelas antenas da sensibilidade do leitor. onde os símbolos verbais — palavras. 1952. por certo. por mais desprevenido que fosse. sensibilidade). como diz outro gran­ de poeta contem porâneo.Fazendeiro do ar. Hayakawa. É o que acontece quase sempre na poesia. (. George Allen & Unwin. É que essas palavras. quem visse nelas. “O procurador do amor”) Nenhum leitor.. frases — evocam significados dependentes de uma infini­ dade de fatores de ordem pessoal e íntima (experiência.. temperamento. 14 Londres. veria em “plumagem do galo” as penas do galináceo. inclusive pelos seus corolários: a declaração de que “anjos veiam à noite junto a meu lei­ 13 Variété ///. um texto é como um aparelho de que cada qual se pode servir a seu talante e segundo seus meios. nos seguintes versos de Carlos Drummond de Andrade. ou em “ouro pérfido” o metal precioso com que se fazem jóias e moedas. apenas “palavras de dicionários”. ex­ tensional e intensional respectivamente. têm consciência dessa magia latente nas palavras. preconceitos. p. João Cabral de Melo Neto.. expressões. É por isso que Valéry dizia que “il n’y a pas de vrai sens d’un texte. que ele denom ina de preferência.”13 (não há verdadeiro sentido de um texto. o sentido denotaLivo ou referencial. p. ultrapas­ sam a periferia do sentido exato ou concreto. O exemplo que nos oferece para frisar a im portância dessa distinção é bastante elucidativo. un texte est comme un appareil dont chacun peut se servir à sa guise et selon ses moyens. Namoro a plumagem do galo no ouro pérfido do coquetel. que levam à interpreta­ ção do texto.U F P E Biblioteca C e n t r O thon M. não entenderia. .) 1. no seu conhecido livro — Language in thought and action — 14 chama-nos a atenção para a necessidade de distinguir sem­ pre o valor denotativo do conotativo. a mensagem poética: Desiludido ainda me iludo.. cultura. Entretanto. h e te ro g e n e id a d e . de fato. conceitos. J. < que exerceram influência $ zou as palavras do Deus mim”. opiniões linguagem ainda mais pol mentos. dá-lhe como étimo a palavra mtentton (intenção. p. como diz R Gurrey (op. 24). mas que apenas não se pode provar sua existência. que se criam obstáculos à solução pacífica dos desentendimentos" (op. da mesma for­ ma como a sensação resulta do contato que os sentidos fazem com as coi­ sas”. “extensão". 342). ern certas situações e contextos. de Carnap (cf. 9. propósito). ocasiona a formação de grupos antagônicos. é como se sabe. Polarizaçz lh Comment ií ne fa u t pas écrire 17 WMITAKER PENTEADO. 108-23." (cf. cit. a saber: quando as decla­ rações têm sentido intensional. “intensional”. tensão .. que torna difícil ou às ve­ zes impossível a com preensão entre os homens. p. ao justificá-la. de abstrações. p. idem. 39). não haverá margem para disputas estéreis: basta alguém pegar a fita m étrica e medi-la. e Bar-Hillel. É claro que. p. “Significations et synonymie dans les langues naturelles”. impz tensionaí for o sentido da* idéias. para propor “s”.. Entre indivíduos. pois “somente o m undo objetivo é que dá à linguagem significação específica”. obra publicada sob a direção de An­ dré M artinet. Que se entende ei cio n á rio . p. 65. que não se apóia em fato concreto. e. “Recherches sémantiques". que abusam 15 O Aulor frisa a grafia com “s”. adverte o A utor)15 pois não nos é possível vê-los. a moral e a religião. situação agravada ainda por outras circunstâncias tais como os preconcei­ tos e a polarização.6 Polarização e Outro óbice à coima ção. os fe n ô m 1. a e x istê n c i n ã o . quando se diz — o exemplo é ainda de Hayakawa — que esta sala tem quinze metros de comprimento. p. na p. É o que acontece com a filosofia.e u fe n o m e n a l. 59). a linguagem intensio­ nal se impõe por si mesma como decorrência da própria natureza do as­ sunto. Já o velho i losophie ennuyeuse. decorre principalm ente da falta de um referente concreto. A não ser assim.. Trata-se de uma declaração que não se refere a objeto tangível. c’est s inúmeros exemplos de filó Bergson: “A rigor. A terminologia (“intension”. idem. n® 2 . pois — citamos agora textualmente — a importante diferen­ ça entre sentido extensional e sentido intensional. “Syntaxe logique et sérnantique”. o que não significa que não exis­ tam. Langages 2. R . pode agravar tão seriamente as tensões já exis­ tentes. e a conotação como “définition intensive.. por d e m o c ra ta . que de um modo geral sempre marcaram a atividade m ental e o com portam ento social dos indivíduos. mas. É uma questão de opinião ou convicção. a discussão pode prosseguir indefinidamen­ te. 22 — a tradutora preferiu grafar “intencionalidade” (com “c”). teria de adm itir sua filiação etimológica com intension (cognato de intenso . 1966. o que levaria ã forma (inglesa) com “c”. Essa imprecisão do sentido das palavras. na citada obra de Umberro Eco — A estrutura aiwcnre. na sociedade. entre as nações. intensivo). “extensional"). 1 tros. as palavras expressam idéias vagas ou plurivalentes. conceitua-se a denotação como “définition en extension ”. essa “tendência a re< posições intermediárias”.17 Desde Abel e Cair vados ainda mais pela coi ou parece estar dividido e: lam apenas contrastes geo tre desenvolvidos e subde problem a do nosso séculc pacto desse conflito. p. nQ 1. p< ve rsiv o ? Há trinta anos ou da se opõem. O resultado é que a discussão sobre a existência ou não dos an­ jos jam ais chegará a um a conclusão satisfatória para qualquer dos interlo­ cutores.. mas eles mesmos se vada é anticomunista para democrata e progressista.182 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a to” só tem sentido in te n s io n a l (com “s”. ver também Todorov. daí resultando conflitos irreconciliáveis. que acrescenta ainda o testem unho de Roger Frys: “o significado decorre do completo contato que a inteligência faz com as coisas. trad. a comunistas nacionalistas são com freqi reacionários. que são os a d ju t sem esquecer as suspetções. pode provocar a ruptura de laços de amizade. xenofobia. poder-se-ia i um a língua especial destin Mas abra-se qualquer livro sas deste jaez: 1d é fic its d a sio ló g ica s . Trata-se aqui de uma declaração de sentido e x íe n s io n a l ‘Aí está. cit. fr. Os partidários nistas. assim é: em La linguistique — guide alphabétique. tocá-los. fotografá-los. Tem sentido in te n s io n a l Por outro lado. A polarização e o sentido intensional tornam a linguagem ainda mais polissêmica. 124. la phi­ losophie ennuyeuse. inclusive. poder-se-ia admitir. que se opunham. e a comunicação hum ana tem de sofrer o im­ pacto desse conflito. agra­ vados ainda mais pela complexidade da vida moderna. Essa polarização constitui o grande problema do nosso século. Os partidários da estatização eram antes fascistas. conceitos. embora se considere democrata e progressista. 178. por eníreguista. p ro g e n e re sc ê n c ia d a s fa c u ld a d e s . xenofobia. por im p e ria lista . ou so c ia lista ou s u b ­ v e rsiv o ? Há trinta anos ou menos. çã o . O Cristianismo generali­ zou as palavras do Deus dos hebreus: Q u e m n ã o e s tá c o m ig o e s tá c o n tr a m i m ”} 7 Desde Abel e Caim o mundo se dicotomiza em antagonismos.O t h o n M. . nazistas e fascistas. para ou­ tros. en effect.” ^ 1. o s fe n ô m e n o s s u p e r o r g â n ic o s . as m a n ife s ta ç õ e s p o te n c ia is . opiniões. Mas abra-se qualquer livro de filosofia. Hoje o m undo está ou parece estar dividido entre o Oriente e o Ocidente — que já não assina­ lam apenas contrastes geográficos — . 17 WHITAKER PENTEADO. de reacionários. a necessidade de uma língua especial destinada a um reduzido número de leitores iniciados. sem exceção: o que aí se lê são coi­ sas deste jaez: 4d e fic its d a v o n ta d e .. mas eles mesmos se dizem nacionalistas. em algumas raras obras. Quem defende a iniciativa pri­ vada é anticomunista para uns.. G a r c ia ♦ 183 de abstrações. 1(1 Comment il ne fa u t pas écrire. por c o m u n is ta . A técnica tftf comunicação hum ana. Para muitos. R. hoje são comu­ nistas. hoje os nacionalistas são com freqüência tachados de comunistas. agravando os conflitos e os desentendi­ mentos. ta r a s f i ­ sio ló g ica s. entre comunismo e imperialismo. ilustrando sua censura corn inúmeros exemplos de filósofos do seu tempo. Já o velho Albalat dizia que “ce qui rend. e ainda se dizem. Que se entende exatamente por n a cio n a lista . a comunistas. as id io ssin c ra sia s . e ain­ da se opõem. p. a h e te r o g e n e id a d e . en­ tre desenvolvidos e subdesenvolvidos. c’est sa langue abstraite”. J. o eu e o tiã o -e u fe n o m e n a l. negligenciando as posições interm ediárias”. por re a ­ c io n á rio . p. Polarização e polissemia de mãos dadas. a e x istê n c ia n u m e n a l. que são os a d ju to r e s p o ssíveis e não os s u b s titu to s d a s fa c u ld a d e s \ sem esquecer as su sp e içõ e s.6 Polarização e polissemia Outro óbice à comunicação é o que se costuma cham ar de p o la r iz a ­ essa “tendência a reconhecer apenas os extremos.. e aqueles outros. e principalm ente. reacionário para outros. nacionalistas. Bergson: “A rigor. por d e m o c r a ta . as tr a n s fo r m a ç õ e s q u a lita tiv a s . diziam-se. nacionalismo é amor à pátria. impacto tanto mais grave e daninho quanto mais in te n s io n a l for o sentido das palavras com que os homens procuram traduzir idéias. cujas raízes se encontram “nos sistemas de ética que exerceram influência sobre o mundo moderno. Ein certos casos. 131). um a das polêmicas mais extrem adas foi a que se travou entre “nacionalistas” e “entreguistas”. O que acontece com esse neologismo. No prim eiro caso. fala ros”. reso lv e r os se u s p ro b lem as. c it. 2) N ão a c re d ita q u e o Brasil p o d e . é possível diminuir esses riscos. Darwin. diz W hitaker Penteado: “O que será uma pessoa que acredita no povo como um dos principais dirigen­ tes do processo brasileiro? E que não acredita que o Brasil possa. sabk clua tam bém seus asseme evocar um aspecto da pai rência generalizadora. em seu livn seres em filos. tendendo a considerar o desenvol­ vimento brasileiro parcialmente dependente da entrada de capitais estrangei­ ros e da ajuda externa? E que acredita estar o destino do Brasil intermitente­ mente (sic: deve ser invariavelmente como está na transcrição do trecho de Guerreiro Ramos) vinculado aos Estados Unidos?” (op. nem sempre é possível evitar — pelo menos em cer­ tas áreas do conhecimento humano — essa plurivalência semântica. fora da sisten quização não costum a sei coisas pelo gênero (ou cia um objeto ou ser. de n en h u m dos esforços coletivos tendentes a p rom over a em ancipação n a c io n a l Comentando esse conceito de entreguista. mais do que anime ra. terá assinalado some to am pla de coisas ou sei zer como o poeta que se s m aneira mais precisa aque sabiá”. transcreve um trecho de Guerreiro Ramos que nos permite fazer um a idéia mais exata do que é sentido intensional e dos riscos a que estão sujeitos os homens quando se servem de palavras desse tipo: 2. com seus recursos internos. “entreguista”. essa im­ precisão de linguagem. classes. entretanto. 3 ) A cred ita q u e o d e s tin o d o B rasil está invariavelm ente v in c u la d o ao d o s E stad o s U nidos. e palmeira mais do qu Trabalhador é termo de s i . Infelizmente. p. orc dades. será preciso enc sil. 4 ) O en tre g u ista contribui objetivam ente e com seu trabalho pa ra o êxito de em preendim entos.184 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a No Brasil contem porâneo. Mas. m ostruário imenso de que repositório de variad m ente ampliado pela cor câmbio comercial?” (artig* cessemos bastante a impe sos alunos talvez aprende redações generalidades int Há palavras que sã mais específico do que sim e este. podemt aplique apenas a cada uir fundível — palmeira. lesivos ao interesse nacional. pelo seu trabalho. como veremos. 5) O entreguista não participa conscientem ente. com os rec u rso s in te rn o s. e tcncle a co n sid erar o desen v o lv im en to brasileiro essen­ cialm ente d e p e n d e n te d a e n tra d a d e ca p itais e s tra n g e iro s e d a a ju d a ex ­ te rn a . ta m unho valioso de Paulo 1 concreto. ocorre com a maioria das pala­ vras de sentido não referencial sujeitas ao impacto da polarização e dos pre­ conceitos. resolver seus problemas.0 Generalizaç o concreto e o 1) O e n tre g u is ta n ã o a c re d ita no povo co m o p rin cip a l d irig e n te d o p ro cesso b rasileiro . serviu-se de termos d sentido de um a palavra. W hitaker Penteado no seu excelente livro citado. quanto mais específico. do. 2.0 G eneralização e especificação o concreto e o abstrato Darwin, em seu livro S o b r e a o r ig e m d a s esp éc ies (1959), distribui os seres em filos, classes, ordens, grupos, famílias, gêneros, espécies e varie­ dades. Mas, fora da sistemática, L e., da classificação racional, essa hierar­ quização não costuma ser assim tão rígida: norm alm ente designamos as coisas pelo gênero (ou classe) ou pela espécie. Q uando temos de nom ear um objeto ou ser, podemos servir-nos de um term o próprio, i.e .} que se aplique apenas a cada um deles de m aneira tanto quanto possível incon­ fundível — p a lm e i r a , s a b iá — ou indicá-los pela classe ou gênero que in­ clua tam bém seus assemelhados — á rv o re , p á s s a r o . Se, ao descrever ou evocar um aspecto da paisagem campestre, o autor se limita a um a refe­ rência generalizadora, falando apenas em “árvores onde cantam os pássa­ ros”, terá assinalado somente traços indistintos, comuns a um a classe mui­ to am pla de coisas ou seres. Sua referência é incaracterística. Mas, se fi­ zer como o poeta que se serviu de termos específicos, te rá caracterizado de m aneira mais precisa aquele aspecto da paisagem: “palm eiras onde canta o sabiá”. No prim eiro caso, empregou palavras de sentido g e r a l; no segun­ do, serviu-se de termos de sentido esp ecífico . Ora, quanto mais geral é o sentido de um a palavra, tanto mais vago e impreciso; reciprocamente, quanto mais específico, tanto mais concreto e preciso. Cabe aqui o teste­ m unho valioso de Paulo Rónai: “Quanto ao conhecimento do vocabulário concreto, será preciso encarecer-lhe a importância num país como o Bra­ sil, m ostruário imenso de espécies animais e vegetais, ao mesmo tempo que repositório de variado patrimônio sociológico e cultural, incessante­ m ente am pliado pela contribuição das correntes im igratórias e do inter­ câmbio comercial?” (artigo citado). Se, pelo menos, os professores encare­ cêssemos bastante a importância do vocabulário concreto, específico, nos­ sos alunos talvez aprendessem a “dar nome aos bois”, evitando nas suas redações generalidades inexpressivas. Há palavras que são mais específicas do que outras; cão p o lic ia l é mais específico do que simplesmente cão; m a m ífe r o , mais do que v e r te b r a d o , e este, mais do que a n im a l; p a lm e ir a im p e r ia l é mais específico que p a lm e i­ ra , e p a lm e ir a mais do que á iv o r e , e á rv o re mais do que p la n ta ou v e g e ta l T r a b a lh a d o r é term o de sentido geral, muito amplo: constitui um a classe; 186 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a tem sentido mais restrito; adaptando-se à escala de Darwin, seria o gênero; m e ta lú r g ic o seria a espécie, e soldador, a variedade. Ao descrever um a cena de rua, posso referir-me indistintamente a tr a n s e u n te s (sentido ge­ ral), ou particularizar em escala descendente (do mais geral para o mais es­ pecífico): homens, jovens, estudantes, alunos do colégio tal. No entanto, generalização e especificação têm sentido relativo. A palavra m e s a , por exemplo, tem sentido específico, quando com ela de­ signam os ou apontam os determ inado tipo de móvel constituído geralm en­ te p or um tam po sustentado por três ou quatro pés ou colunas; mas terá sentido geral, vale dizer muito próximo da abstração, quando se referir a um a classe de objetos assemelhados, sem se fixar em nenhum deles isola­ dam ente. Existe acentuada diferença entre esse tipo de abstração e aque­ le outro em que as gramáticas incluem os substantivos abstratos propria­ m ente ditos, como lib e r d a d e , j u s t i ç a , a m o r, d e v e i; v ir tu d e , c a r id a d e , no­ mes de entidades que não têm existência física, criadas que são pela m ente hum ana como resultado da experiência em situações m uito com ­ plexas. Por isso, preferem alguns teóricos a denom inação sugerida por Bentham : “entidades fictícias” ou “nomes fictícios”, reservando-se o ter­ mo “abstrato” para os nomes que designam q u a lid a d e s , a ç õ e s ou e s ta d o s (;f o r m o s u r a , a d o r a ç ã o , morte). O grau de generalização ou de abstração de um enunciado depende do seu contexto. Na série de declarações que se seguem, a primeira, por ser de ordem geral, encerra um juízo falso ou inaceitável em face da expe­ riência; no entanto, os termos essenciais que a constituem são os mesmos da última que, por ser mais específica, se torna incontestável. o p e r á r io 1. Aprática dos esportes é prejudicial à saúde. 2. Aprática dos esportes é prejudicial à saúde dos jovens. 3. Aprática dos esportes é prejudicial à saúde dos jovens subnutridos. 4. Aprática dos esportesviolentos é prejudicial à saúde dos jovens sub­ nutridos. 5. A prática indiscriminada de certos esportes violentos é prejudicial à saú­ de dos jovens subnutridos. As especificações expressas pelos adjuntos d o s jo v e n s , s u b n u tr id o s , v io ­ le n to s, certos, in d is c r im in a d a tornam absolutamente aceitável a última decla­ ração. A linguagem é tanto mais clara, precisa e pitoresca quanto mais es­ pecífica e concreta. Generalizações e abstrações tornam confusas as idéias, traduzem conceitos vagos e imprecisos. Que é que expressamos realm ente com o adjetivo “belo”, de sentido geral e abstrato, aplicável a um a infini­ dade de seres ou coisas, quando dizemos um a b e la mulher, um b elo dia, um b elo caráter, um b elo quadro, urn b elo filme, uma b e la notícia, um belo exemplo, uma b e la cabeleira? É possível que a idéia geral e vaga de “bele­ za” lhes seja comum, mas zá-los de m aneira inconfu esse adjetivo aplicado ind possível assinalar-lhes trai mais especificadores: mull g a n te , g ra c io sa , m e ig a ...; i vo...; caráter re to , im p o lu t til, c o r d ia l, e d u c a d o ... E ce de coisa, pois muitos dos imprecisos, se bem que ei a m etáforas e comparaçõe ços mais característicos e As palavras abstrac inteligência. Por traduzire sensível, seu teor se nos a to maior esforço para lhe Aristóteles, vulgarizada p< p r iu s n o n f u e r i t in se n s u — teligência sem passar ante a linguagem humana deve tas vezes, mesmo traduzid na também obscura. Porta processos. É o que ocorre, hipóteses, conclusões, gen se esclarecem, se fundam concretos. Tudo depende < ção e do nível mental do A propósito da com gem concreta, vale a pena cadores expressa num reli em geral, publicado em U “Os estudanteí a usar ‘palavras de S€ sendo dito, como se mo deixar claro o qt thur Quiller-Couch (< 1916, p. 122-4), por diz que é um cânon t ticular ao geral. Mas casos e com propósit tâncias o geral talvez fato de que o particu ser geral em relação por exemplo, quadrúi respeita a cão); mas, todas as formas de d O t h o n M. G a rc ia ♦ 187 za” lhes seja comum, mas não suficiente para distingui-los, para caracteri­ zá-los de m aneira inconfundível. Praticamente quase nada se expressa com esse adjetivo aplicado indistintam ente a coisa ou seres tão díspares. Seria possível assinalar-lhes traços singularizantes por meio de outros adjetivos mais especificadores: m ulher atraente, tentadora, sensual, arrebatadora, ele­ gante, graciosa, meiga...; dia ensolarado, límpido, luminoso, radiante, festi­ vo...; caráter reto, impoluto, exemplar...; rapaz esbelto, robusto, guapo, gen­ til, cordial, educado... É certo que, ainda assim, o resultado não seria gran­ de coisa, pois muitos dos adjetivos propostos são ainda bastante vagos e imprecisos, se bem que em m enor grau do que “belo”. No caso, o recurso a m etáforas e comparações teria maiores possibilidades de salientar os tra­ ços mais característicos e pitorescos do que a simples adjetivação. As palavras abstratas apelam menos para os sentidos do que para a inteligência. Por traduzirem idéias ou conceitos dissociados da experiência sensível, seu teor se nos afigura esmaecido ou impreciso, exigindo do espíri­ to m aior esforço para lhes apreender a integral significação. A sentença de Aristóteles, vulgarizada pela frase de Locke — Nihil est in intdlectu quod prius non fuerit in sensu — é incontestável: realmente, nada nos chega à in­ teligência sem passar antes pelos sentidos. Isso não significa, entretanto, que a linguagem hum ana deve prescindir de abstrações para se fazer clara; mui­ tas vezes, mesmo traduzida em termos exclusivamente concretos, ela se tor­ na também obscura. Portanto, o que se aconselha é uma conjunção dos dois processos. É o que ocorre, por exemplo, nas ciências experimentais, em que hipóteses, conclusões, generalizações — vale dizer, abstrações — se apóiam, se esclarecem, se fundamentam em especificações — vale dizer, em fatos concretos. Tudo depende da natureza do assunto, do propósito da comunica­ ção e do nível mental do leitor ou ouvinte. A propósito da conveniência de se usar linguagem abstrata ou lingua­ gem concreta, vale a pena citar a opinião de um grupo de professores e edu­ cadores expressa num relatório sobre o papel da língua inglesa na educação em geral, publicado em Language in general education, há pouco citado: “Os e s tu d a n te s são ac o n se lh a d o s a e v ita r 'p a la v ra s d e se n tid o g e ra l’ e a u s a r ‘p a la v ra s d e se n tid o esp ecífico ’, sem le v a r em c o n s id e ra ç ã o o q u e está se n d o d ito , co m o se isso fosse u m a reg ra p a ra to d o s o s casos, e sem m es­ m o d e ix a r c la ro o q u e é q u e se e n te n d e p o r ‘g e ra l’ o u ‘esp ecífico ’. S ir Ar­ th u r Q u iller-C o u ch (O n the a rt o f writing, N ova York, G.H P u tm a n ’s Sons, 1 9 1 6 , p. 1 2 2 -4 ), p o r exem plo, n o seu e n sa io 'O n ja r g o n ’ (‘S o b re o ja r g ã o ’) d iz q u e é u m c â n o n d a retó ric a p re fe rir o te rm o c o n c re to ao a b s tra to , o p a r ­ tic u la r ao g era l. M as n ão se a d v e rte q ue isso é v e rd a d e a p e n a s em ce rto s casos e co m p ro p ó sito s p a rtic u la re s; não se esclarece q u e e m c e rta s c irc u n s­ tâ n c ia s o g e ra l talv ez seja p referível; ta m p o u c o se c h a m a a a te n ç ã o p a ra o fato d e q u e o p a rtic u la r e o g era l n ão sã o te rm o s a b s o lu to s, já q u e u m p o d e se r g era l e m rela çã o a o u tro , c p a rtic u la r em relação a um Lerceiro (com o, p o r e x e m p lo , quadrúpede, p a rtic u la r em re la ç ã o a an im a l, m as g e ra l n o q u e re sp e ita a c ã o ); m as, acim a d e tu d o , n ão se a d v e rte ta m b é m q u e em q u ase to d a s as fo rm a s d e d isc u rso q u e n ã o a sim p les d e sc riç ã o o u e n u m e ra ç ã o d e 188 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a No gênero descririvc lavras de sentido concreto, ria de determ inado jardim do apenas que é muito bo de viçosas flores, com algi um a árvore muito fronde plantas rasteiras? Uma árv ficar tudo isso, para que a d e ta lh e s físicos, o re la tiv a m e n te p a rtic u la r e o re la tiv a m e n te g e ra l se e n tro ­ sa m , -an te s e m h a rm o n ia d o q u e em opo sição , ta n to nas p a la v ra s d o a u to r q u a n to n a m e n te d o leitor. À h a b ilid a d e e m p a s s a r fácil e s e g u ra m e n te d e u m p a ra o u tro , s e n d o co m o sã o fo n te d e p e n s a m e n to c laro , b a se d o racio cí­ n io ta n to in d u tiv o q u a n to d e d u tiv o , se ria d o m a io r p ro v e ito no e s tu d o a d e ­ q u a d o d e q u a lq u e r lín g u a ” (p. 1 5 9 -5 0 ). Mesmo no estilo literário propriamente dito, essa conjunção é ou deve ser freqüente. E os bons escritores sabem disso, e por sabê-lo é que recor­ rem, em maior ou menor grau, a comparações e metáforas de teor concretizante. O conceito de vida, por exemplo, é muito abstrato, ou muito vago para ser facilmente apreendido em toda a sua extensão; traduzido, entretan­ to, em linguagem concreta, toma-se mais claro. Foi o que fez o padre Antô­ nio Vieira: “Que coisa é a vida, senão uma lâmpada acesa — vidro e fogo? Vidro, que com um assopro se faz; fogo, que com um assopro se apaga?” As idéias abstratas de fragilidade e fugacidade da vida aparecem aí expressas em termos concretos, de sentido metafórico (vidro, lâm pada acesa, assopro, fogo, se faz, se apaga), que nos lembram sensações físicas, oriundas da ex­ periência do cotidiano; graças a isso, como que se materializam, tornandose-nos mais familiares, mais conhecidas, mais facilmente apreensíveis. Monteiro Lobato, ao os traços predominantes, n E ra o c a sa rã o e rg u ia -se em alicerces a n te , d e p a u -a -p iq u e . xó, nos trech o s d o n d í b a n d e ira s em p an d a re b aias e, n as faces d e cas. N u m c u n h a l cres< d o a lh a te n tac u la r. À j p e n d re em cim a e pai A sabedoria popular traduzida nos provérbios é um exemplo de lin­ guagem concreta, concisa, freqüentemente metafórica e pitoresca. A senten­ ça “onde impera a mediocridade ou a ignorância, os que têm algum mereci­ m ento se destacam facilmente” não tem o mesmo vigor nem a mesma conci­ são do conhecido provérbio “em terra de cego, quem tem um olho é rei”. Confrontem-se a concisão, a exatidão e o pitoresco dos seguintes provérbios com a vaguidade e a imprecisão das sentenças que procuram traduzi-los ou interpretá-los em linguagem abstrata: Q u e m te m te lh a d o d e v id ro não jo g a p e d ra n o d o vizinho. Q uem e stá su je ito a críticas n ã o : tem o d i r e i lo d c c e n s u ra r o c o m p o r ta - ! m e n to alh eio . ! É um a descrição nã zante, graças aos pormeni ramento de pedra e de pai va (e não apenas esteios sugeridor ainda mais de \ raara o reboco (note-se o por exemplo, cair), janelt pandarecos (locução adjeti ticas (e não apenas plant metafórico de raquíticas), tentacular (observe-se aqi to mais evocadora do qu palavras de sentido espec para alguns verbos: “entn laçando”, e até mesmo “i de um escritor medíocre, vos: viam-se esteios, o re baias, cobrindo as pedras, vras de que o Autor se : bos e os substantivos —. grande parte, do seu sem M ais v ale um p á s sa ro n a m ã o do q u e d o is v o an d o . O q u e nos p are ce p o u co m as é cer- j to e seg u ro é p referív el ao q u e p are ce j m uito m as é d u v id o so ou inacessível. \ 18 A p ud OLIVEIRA, Cleófano Lo M a is C o n c r k t o , m ais P r e c is o M a i s A b s t r a t o , m a i s Va g o 1 (co n o taüvo ou m etafórico) (denota tivo ou n ã o fig u ra d o ) j 1 C ada qual d ev e lim ita r-se âs s u a s , atrib u içõ e s. | C a d a m a ca co no seu galho. Á g u a m o le em b a te a té q u e fura. p e d ra d u ra ta n to L onge d o s o lh o s, lo n g e d o co ração . À p e rse v e ra n ç a a c a b a le v an d o à ! co n sec u ção d o s o b jetiv o s co lim ad o s. ; O a fa sta m e n to a fe ta as afeições. i O t h o n M . G a rc ia ♦ 189 No gênero descritivo principalmente, impõe-se a preferência por pa­ lavras de sentido concreto, específico e metafórico. N enhum a idéia nos da­ ria de determ inado jardim o autor que se limitasse a generalidades, dizen­ do apenas que é muico bonito, muito florido, com os seus canteiros cheios de viçosas flores, com algumas plantas rasteiras, uma gram a bem tratada e um a árvore muito frondosa. Flores? Que flores? Plantas rasteiras? Que plantas rasteiras? Uma árvore muito frondosa? Que árvore? Há que especi­ ficar tudo isso, para que a descrição do jardim se torne inconfundível. M onteiro Lobato, ao descrever uma velha casa de fazenda, destaca-lhe os traços predominantes, traduzindo-os em termos específicos: E ra o c a sa rã o clássico d a s a n tig a s fa z e n d a s n e g re ira s . A sso b rad ad o , e rg u ia -s e cm alicerces o in u ra m e n to , d e p e d ra a té m eia a ltu ra e, d ali em d i­ a n te , d e p au -a -p iq u e . E steios d e cab riú v a e n tre m o s tra v a m -s e , p icad o s a e n ­ xó, nos trec h o s d o n d e se e s b o ro a ra o reb o co . J a n e la s e p o rta s e m arc o , d e b a n d e ira s em p a n d a re c o s. Pelos in te rstíc io s d a p e d ra , am oiL avam -se s a m a m ­ b aias e, nas faces d e n o ru e g a (n ã o b a n h a d a s p elo so l], av e n q u in h a s ra q u íti­ cas. N u m cu n h a l crescia a n o s a figueira, e n la ç a n d o a s p e d ra s n a te rrív e l cor­ d o a lh a te n tac u la r. À p o rta d e e n tra d a ia te r u m a e s c a d a ria d u p la , com a l­ p e n d re em cim a e p a ra p e ito e s b o rc in a d o .18 É uma descrição não apenas pitoresca mas principalm ente singularizante, graças aos pormenores concretos, alguns de sentido metafórico: muramento de pedra e de pau-a-pique (e não apenas paredes), esteios de cabriú­ va (e não apenas esteios), picadas a enxó (porm enor bastante específico, sugeridor ainda mais de um a técnica de construção antiga), donde se esbo­ roara o reboco (note-se o valor específico do verbo, mais preciso do que, por exemplo, cair), janelas em arco (e não apenas janelas), bandeiras em pandarecos (locução adjetiva a sugerir desleixo e ruína), avenquinhas raquí­ ticas (e não apenas plantinhas, ou plantas rasteiras; assinale-se o sentido metafórico de raquíticas), /igueira anosa (e não apenas árvore), cordoalha tentacular (observe-se aqui também o valor metafórico da expressão, m ui­ to mais evocadora do que o term o geral “raízes”). Ocorrem ainda outras palavras de sentido específico, metafórico ou não; atente-se, por exemplo, para alguns verbos; “entremostravam -se”, “esboroara”, “amoitavam-se”, “en­ laçando”, e até mesmo “ia ter” e “crescia”. Na pena de um principiante ou de um escritor medíocre, esses verbos seriam de sentido geral, inexpressi­ vos: viam-se esteios, o reboco estava esburacado, havia ou viam-se sam am ­ baias, cobrindo as pedras, havia um a escada, havia um a figueira... As pala­ vras de que o Autor se serve têm, quase todas — principalm ente os ver­ bos e os substantivos — , grande valor descritivo, qualidade decorrente, em grande parte, do seu sentido específico. 18 A pud OLIVEIRA, Cleófano Lopes de. Flor do IÂcio, p. 22. 190 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Vaga e imprecisa é a idéia do trajar dos cariocas sugerida pela leitura de um a descrição como a seguinte: ) Os c a rio ca s se m p re se v estiram m u ito m al, com m u ito d esleix o . S em ­ p re fo ra m m u ito d isp lice n tes n a esco lh a d o trajo . U ltim a m e n te e n tã o esse d esleixo se to rn o u a in d a m ais lastim áv el. É v e rd a d e q u e as m u lh e re s se v e s­ te m u m p o u q u in h o m elhor, m as m esm o assim rev elam a in d a m a u g o sto n a esco lh a d o p e n te a d o q u e fazem nos cab eleireiro s. i Muito diversa é a impressão que nos deixa o trecho de Marques Re­ belo, onde as coisas vêm ditas não apenas com certa graça e malícia, mas tam bém com propriedade, pitoresco e precisão: O c a rio c a veste-se com o a c a ra d ele, q u e n ão é p rim o ro sa , e é vício a n tig o q u e ele te m e b a s ta n te m e n te p ro v ad o p elo s v isita n te s es tra n g e iro s, co lo n iais o u im p e riais. T em po h o u v e em q u e o te rn o b ra n c o e o sa p a to d e v e rn iz p re to c o n s titu ía m o su p re m o ch iq u e p o p u la r — o tra je a rig o r p a ra o s sa ra u s. U ltim a m e n te a d o ta o in d ig e n te re fin a m e n to d o c a b e lo g ra n d e , d a b lu s a colo rid a, d o sa p a to ca m b a io c se m m eias, e d a ca lç a d e p e sc a r siri co m u m a ir rita n te e tiq u e ta nos fu n d ilh o s. As m u lh e res, c u ja re b o la d a g raç a s u p r e p e rfe ita m e n te a te ó rica b eleza, v estem -se u m p o u c o m e lh o rz in h o e tê m ab issal a tra ç ã o p e lo a fe m in a d o m u n d o do s c a b e le ire iro s, d o n d e sa em c o m p e n te a d o s q u e ja m a is d e v ia m u sa r.19 A primeira versão, forjada, poderia aplicar-se ao trajo dos habitan­ tes de qualquer cidade, dada a ausência de traços individualizantes: no fim das seis ou sete linhas, o leitor fica sabendo apenas que os cariocas se vestem mal. Ora, h á mil maneiras de vestir-se mal, e é a um a delas que Rebelo se refere, distinguindo-a das demais, graças ao em prego de ter­ mos de sentido específico: terno branco, sapato de verniz preto, refinamen­ toindigente do cabelo grande, blusa colorida, sapato cambaio e sem meras, calças de pescar siri, irritante etiqueta nos fundilhos... A descrição de Rebe­ lo, ainda que não exem plar quanto a outros aspectos estilísticos e gram a­ ticais, é, quanto à precisão e ao pitoresco, sem dúvida, digna de imitar. E note-se: o Autor não se serve de palavras difíceis; seu vocabulário é sim­ ples mas adequado. Outro modelo de descrição viva e expressiva é o que nos oferece Aluísio de Azevedo: Era u m d ia ab a fad iç o e ab o rrec id o . A p o b re c id a d e d e S ão Luís d o M a ra n h ã o p a re c ia e n to rp e c id a p elo calor. Q u ase q u e se n ã o p o d ia sa ir à ru a : as p e d ra s esca ld a v a m ; as v id raç as e os la m p iõ e s faisc av a m ao so l com o e n o rm e s d ia m a n te s ; as p a re d e s tin h a m re v e rb e ra çõ e s d e p r a ta p o lid a ; as fo­ lh a s d a árv o re s n e m se m exiam ; as ca rro ças cfág u a p a s s a v a m ru id o s a m e n ­ te , a b a la n d o o s p rédios, e os a g u a d e iro s, em m a n g as d e c a m isa e p e rn a s 19 A pud B A N D E I R A , verso, p. 388. M a iu ie l & DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Rio de Janeiro em prosa & I * [calças] a rre g a ç a d a s, n h e ira s e o s p o te s, f tu d o e s ta v a c o n c e n rr o ja n ta r, o u an d av am E um excelente pai núcleo, expressa nos dois dem geral, e, por isso, p gem precisa do aspecto ( so, Somente os pormeno nas linhas seguintes, nos abafadiço e aborrecido”. — “as vidraças e os Iam na escolha do verbo, de brilho, de reflexo to individualizante. N comparação “como er nhecida pela experiêr faiscar das vidraças e — “as paredes tinham r< lho” — idéia de orde fico. Essa tonalidade estar reforçada pelo ; metafórico, equivalen tes”. Note-se que o } da cidade ensolarada — “as folhas das árvore expressivo o dessa e. pela causa ou o con: ço, a idéia de que n; ver as folhas das árv to e entorpecim ento. — carroças dágua, aguc concretos, funcionan de indício ou de sugi me de escravidão, o não é a de hoje, m a A expressividade seu freqüente preciosisi dacle e da riqueza dos j descrições. Os senões e estudante pode e deve excessos léxicos e sintát O t h o n M . G a rc ia ♦ 191 [calças] a rre g a ç a d a s, in v a d iam sem c e rim ô n ia as ca sa s p a ra e n c h e r as b a­ n h e ira s e os potes. Em c e rto s p o n to s n ão se e n c o n tra v a viva a lm a n a ru a; tu d o e s ta v a c o n c e n tra d o , ad o rm e cid o ; só os p re to s faz iam as co m p ra s p a ra o ja n ta r, o u a n d a v a m no gan h o . E um excelente parágrafo descritivo: claro, simples, objetivo. A idéianúcleo, expressa nos dois períodos iniciais, constitui um a declaração de or­ dem geral, e, por isso, por ser de ordem geral, não nos permite uma ima­ gem precisa do aspecto da cidade de São Luís naquele dia de calor inten­ so, Somente os pormenores específicos e concretos, que o Autor encadeia nas linhas seguintes, nos vão m ostrando com nitidez o que era aquele “dia abafadiço e aborrecido”. Comentemos alguns: — “as vidraças e os lampiões faiscavam como enormes diam antes”. — Já na escolha do verbo, de sentido específico — faiscavam, forma peculiar de brilho, cie reflexo luminoso, de cintilação — se denuncia o propósi­ to individualizante. Mas o Autor particulariza ainda mais, por meio da com paração “como enormes diam antes”. O diam ante, coisa concreta, co­ nhecida pela experiência, ajudava-nos a visualizar com mais precisão o faiscar das vidraças e lampiões. — “as paredes tinham reverberações de pedra polida”. — Não tinham “bri­ lho” — idéia de ordem geral —, mas “reverberações” — sentido especí­ fico. Essa tonalidade particular de brilho torna-se ainda mais viva por estar reforçada pelo adjunto “de pedra polida”, locução adjetiva de teor metafórico, equivalente à comparação anterior “como enormes diam an­ tes”. Note-se que o Autor insiste em assinalar os traços predom inantes da cidade ensolarada. —■“as folhas das árvores nem se mexiam”. — Pormenor também bastante expressivo o dessa espécie de metonímia, em que se emprega o efeito pela causa ou o conseqüente pelo antecedente: se era um dia abafadi­ ço, a idéia de que não corria nenhum a viração ou brisa (capaz de m o­ ver as folhas das árvores) reforça ou reaviva a impressão de abafamen­ to e entorpecim ento. — carroças dágua, aguadeiros, pretos no ganho são outros tantos detalhes concretos, funcionando aqui, ainda mais, como um a espécie de signos de indício ou de sugestão: a ausência de sistema de canalização e regi­ me de escravidão, o que leva o leitor a concluir que a cidade descrita não é a de hoje, mas a de uma época relativam ente remota. A expressividade do estilo de Euclides da Cunha, em que pese ao seu freqüente preciosismo vocabular, decorre em grande parte da proprie­ dade e da riqueza dos pormenores concretos que tornam vivíssimas as suas descrições. Os sertões encerram excelentes exemplos desse gênero, que o estudante pode e deve imitar, desbastando-os, é claro, de alguns dos seus excessos léxicos e sintáticos. O trecho antológico sobre a resistência física e 192 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a m oral do sertanejo (“O sertanejo é antes de tudo um forte”) seria inconvincente, se o Autor se restringisse às generalizações com as quais sinteti­ za o seu julgam ento ou expressa sua opinião sobre o sertanejo. Só nos convence, só nos comunica realm ente alguma coisa quando as desenvolve nos detalhes concretos e específicos com que as acom panha: cura traduzir as idéias abstn saço doentio e deselegância G en er a l iz a ç ã o É o homem permanentemt tigado. Reflete a preguiça inv a atonia muscular perene em l í | G en e r a l iz a ç ã o E spe c ific a ç õ e s I (idéias vagas) (idéias precisas) O se rta n e jo é a n te s d e tu d o um fo rte . N ão te m o raq u itism o ex a u stiv o d o s m estiço s n e u ra stê n ic o s d o lito ral. A su a a p a rê n c ia , e n tre ta n to , ao p ri­ m e iro la n c e d e v ista , re v e la o c o n trá ­ rio . F alta-lh e a p lá stic a im pecável, o d e s e m p e n h o , a e s tru tu ra co rretíssim a d a s o rg a n iz a ç õ e s atlética s. E d e s g ra ­ cioso, d e s e n g o n ç a d o , to rto . (a este trecho segue-se im ed ia ta m en te o q u e está na colu n a à d ireita.) H ércules-Q uasím odo reflete n o as­ pecto a feald ad e típ ica dos fracos. O a n ­ d a r sem firm eza, se m ap ru m o , q uase gingante e sinuoso, a p a ren ta a tra n sla ­ ção d e m em b ro s d esartic u lad o s. A g ra­ va-o a p o stu ra n o rm a lm e n te ac u rv ad a, n u m m a n ifesta r d e displicência, q u e lhe d á u m c a rá te r d e h u m ild a d e d e p ri­ m en te. A pé, q u a n d o p a ra d o , recosta-se in v a riav elm en te ao p rim e iro u m b ra l ou p a re d e que en c o n tra ; a cavalo, se so ­ freia o an im al p a ra tro ca r d u a s p a la ­ vras com um co n h ecid o , cai logo so ­ b re um dos estrib o s, d e sc a n sa n d o so ­ b re a es p en d a [p a rte d a sela em q u e assen ta m as coxas d o cavaleiro] d a se­ la. C am in h an d o , m e sm o a p asso rá p i­ do, n ão tra ç a tra je tó ria retilín ea e fir­ m e. A vança ce le re m en te, n u m b a m b o ­ le ar característico , d e q u e p are cem se r o traço g eo m étric o os m e an d ro s d as trilhas sertan ejas. \ j Note-se, na especificação, o valor expressivo da m etoním ia compósita “Hércules-Quasímodo” com que o Autor nos transm ite a idéia de “forte” (Hércules) e “feio ou disforme” (Quasímodo, aqui personagem do rom an­ ce Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo, figura disforme, de grotesca apa­ rência física). O recurso a essa metoním ia de sentido concreto torna mais precisa a im agem que do sertanejo se forma na mente do leitor, apesar da aparente contradição entre a sugestão de força física e compleição atléti­ ca, implícita em Hércules, e a verdadeira aparência do sertanejo que co­ nhecem os e que o próprio Autor diz refletir a “fealdade típica dos fracos Atente-se ainda para outros detalhes das diferentes posturas do sertanejo: o andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, a postura norm alm ente acurvada, o recostar-se “invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra”, o cair logo “sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda” — referências de ordem concreta com que o Autor pro- Aqui, Euclides desen\ e abstrata de fadiga e pregi enganoso nessa aparência dc I * E n tre ta n to , to d a essa ap arê ca n sa ç o ilu d e. N ad a é m ais si d e n te d o q u e v ê-la d e s a p a re c e i p ro v iso . N a q u e la o rg an iz aç ão lid a o p era m -se, em seg u n d o s, t ta çõ e s co m p letas. Basta o ap are d e q u alq u er incidente exigindo-11 se n c a d e a r d a s en e rg ias ad o rm e O h o m e m tran sfig u ra-se . Até o fim do trecho, ç reproduzem justam ente por lando), pode o leitor obsen ordem geral com especificai passagem, não exclusivo deí des da Cunha, mesmo os ei gem da História. Todos os grandes esti so. Exemplifiquemos novame sim dizer quase tangíveis, qi ral, religiosa, ou filosófica, c U F P E Biblioteca C en tra O t h o n M. G a rc ia ♦ 193 cura traduzir as idéias abstratas de disformidade, indolência mórbida, can­ saço doentio e deselegância na atitude e no caminhar. G e n e r a l iz a ç ã o E s pe c ific a ç õ e s É o homem permanentemente fa­ tigado. Reflete a preguiça invencível, | a atonia muscular perene em tudo: na palavra demorada, no gesto contra­ feito, no andar desaprumado, na ca­ dência langorosa das modinhas, na ten­ dência constante à imobilidade e à quie­ tude. 1 i! u. Aqui, Euclides desenvolve com outros detalhes a m esm a idéia geral e abstrata de fadiga e preguiça, para logo a seguir m ostrar o que há de enganoso nessa aparência do Entretanto, toda essa aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreen­ dente do que vê-la desaparecer de im­ proviso. Naquela organização comba­ lida operam-se, em segundos, transmu­ tações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o de­ sencadear das energias adormecidas. / O homem transfigura-se. i Empertiga-se estadeando novos re­ levos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe, alta, so­ bre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se-lhe, prestes, numa descarga ner­ vosa, instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu achamboado [abobado, simplório], reponta, inespera­ damente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdo­ bramento inesperado de força e agilida­ de extraordinárias. Até o fim do trecho, que quase todas as antologias reproduzem (e o reproduzem justam ente por essas qualidades estilísticas que vimos assina­ lando), pode o leitor observar esse processo de intercalar declarações de ordem geral com especificações de ordem concreta, processo, diga-se de passagem, não exclusivo desse texto, mas de quase toda a obra de Eucli­ des da Cunha, mesmo os ensaios de Contrastes e confrontos e de À mar­ gem da História. Todos os grandes estilistas recorrem com freqüência a esse proces­ so. Exemplifiquemos novam ente com um dos maiores: Vieira torna, por as­ sim dizer quase tangíveis, quase concretas, idéias abstratas, de ordem m o­ ral, religiosa, ou filosófica, que de hábito discute, analisa, interpreta. Veja- 194 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P rosa M o d e r n a se como a idéia vaga de ambição se torna facilmente compreensível graças aos exemplos específicos: 3.0 Famílias i G e n e r a l iz a ç ã o E s p e c if ic a ç õ e s C O s in s tru m e n to s q u e crio u a n a tu ­ re z a , o u fa b ric o u a a rte , p a r a o se rv i­ ço cío h o m e m , to d o s tê m ce rto s te r ­ m o s d e p ro p o rç ã o , d e n tr o d o s q u a is se p o d e m c o n s e rv a r e fo ra d o s q u ais n ã o p o d em . ii I M as tu d o se d e sc o n c e rta e se p erí d e , p o rq u e em tu d o q u e r a am bição j h u m a n a e x c e d e r a esfe ra e p ro p o rç ã o 1d o p o d e r C om a c a rg a d e m a s ia d a cai o j u ­ m e n to , re b e n ta o c a n h ã o e v ai-se o n a v io a p iq u e . P or isso se v ê e m ta n ­ tas q u e d a s , ta n to s d e s a s tre s e ta n to s n a u frá g io s n o m u n d o . Se a c a rg a fo r p ro p o rc io n a d a ao c a lib re d a p eç a, ao bojo d o n av io e à fo rç a o u fra q u e z a d o ju m e n to , n o m a r far-se-á v iag em , n a te rr a e n o m a r tu d o a n d a r á c o n ­ c e rta d o . O segundo trecho da generalização (“Mas tudo se desconcerta e se perde...”) encerra a conclusão do parágrafo, a qual costuma ser também, quando ocorre, um a declaração de ordem geral, uma abstração, a que se deve obrigatoriam ente chegar pelos argumentos apresentados nas especifi­ cações, como o mostra o exemplo de Vieira. Estamos vendo assim o valor expressivo das especificações e concreções conjugadas com generalizações e abstrações. Os trechos que acaba­ mos de com entar parecem bastante convincentes: o estudante pode tomálos como exemplos dignos de imitar. A norma que deles se pode deduzir é válida para todos os gêneros literários, principalmente para a descrição e a dissertação (ver 10. Ex., 201-208). 3.1 Famílias etii Como não se igi agregação de dois ou m de com a própria raiz), antes de ligação e de ap aqueles que passaram p cessário. Basta relembra etimológica, responsável m um a uma série de pa diários, principalmente < Se o estudante st vras, pode ter o seu v& do o significado básico sível, em muitos casos j vezes bastante considen rer ao dicionário. Seja, te loc (u), que signific; m esm o outros radicais identificáveis, visto ser * cerca de vinte palavras locução: maneira um a só; expressão (radi locutor: aquele qt visão (o sufixo — tor ir loquaz: falador, p; cia ou excesso: o que h loquacidade: quai (o sufixo — idade indic locutório: literalm variante — douro — cf. dicam lugar onde se pr< lo q u a c id a d e : qualidade do que é loquaz. em muitos casos pelo menos. os a fix o s (prefixos e sufixos). m a ta d o u r o . tagarelice (o sufixo — id a d e indica a qualidade. pode ter o seu vocabulário extraordinariam ente aum entado. Juntando-se-lhes prefixos e sufixos — e mesmo outros radicais — formam-se derivados e compostos facilmente identificáveis. c o n s o ­ a n te s de lig a ç ã o e de a p o io . pela agregação de dois ou mais elementos: o ra d ic a l (que freqüentem ente coinci­ de com a própria raiz). condição ou natureza de). .e.1 Famílias etimológicas Como não se ignora. isto é.3. as palavras são formadas. verbosidade.. d o r m itó r io — in­ dicam lugar onde se pratica a ação).0 Famílias de palavras e tipos de vocabulário 3. ser-lhe-á pos­ sível. Conheci­ do o significado básico de certo radical e dos afixos comuns. por exemplo. Basta relem brar que o radical é o elemento básico de um a família etimológica. palrador. o radical latino lo q u (i) e sua varian­ te lo c (u). lo c u tó rio : literalm ente. São noções consabidas por todos aqueles que passaram pelo curso fundamental: repeti-las aqui seria desne­ cessário. i. Se o estudante se lembra ainda do processo de formação das pala­ vras. e d e s in ê n c ia s. Obtêm-se assim cerca de vinte palavras novas: lo c u çã o : maneira especial de falar. estado). principalmente os afixos e as desinências. lo q u a z : falador. que significa “falar”. expressão (radical + sufixo — ção = condição. verboso (o sufixo — a z indica aí abundân­ cia ou excesso: o que fala m u ito ) . visto ser conhecido o seu núcleo semântico. b e b e d o u r o . reconhecer pelo sentido um núm ero às vezes bastante considerável de vocábulos novos sem necessidade de recor­ rer ao dicionário. anunciador de programas de rádio ou tele­ visão (o sufixo — to r indica o agente. o lugar onde se fala (o sufixo — tó r io e sua variante — d o u r o — cf. pela idéia co­ mum a uma série de palavras formadas pela agregação de elementos subsi­ diários. geralmente. r e fe itó r io . lo c u to r : aquele que fala. responsável pelo seu núcleo significativo. o que pratica a ação de falar). v o g a l te m á tic a . Seja. grupo de palavras equivalentes a um a só. constituindo então o que é de hábito chamar-se de “famílias ideológicas”. embora não síj da situação ou contexto. prefácio. morada. 19. / Ponto é a lm e n te ao Ponto Euxit Mas as palavras se < semântica. tais com o mí d u a lid a d e : Mar do Non e x te n sã o d o m a r e. a q u e seu s lim ites reg ím en . isto é. conversa sem muita importância). o ra vare e m carneirada. p. amplie campo. circunlóquio: rodeio de palavras. pode evocar-nos um a como nos ensina Souza da “T om em os a p í su g e rir: vastidão. elóquio: fala ou discurso. chões. oceano. como o das famílias de palavras. I. antelóquio: literalmente. nobre. recift n a baixa-mar. muito eloqüente (radicais grand — e magn — que são sinônimos). alterado. a propósito. um dos melhores.196 ♦ c O M U N I C A Ç Ã O EM PROSA MODERNA loqüela: fala. Cognatos: coloquial. em redor). pego.” “O estudo sistemático dos grupos de sinônimos — acrescenta Celso Cunha — é. lar. perífrase (prefixo circum — em torno. muito freqüenti outras que. eloqüência (e eloqüente): faculdade de falar de modo que se conse­ gue dominar o ânimo de quem ouve (sufixos — (ê)ncia — estado.’ (Lusíadas. Pego. 3. é o J esp écie d c re d e d e pr cie d o m ar.séries. q u e são m acarcus. qualidade. o que vem dito antes. colocutor: aquele que fala com outro. porém. domicílio. abrolhos. falando ou escrevendo (o prefixo e — (ex) significa para fora. q u e so es q u e e n tre eles s po. . ditado (prefixo pro — para a frente). prolóquio: provérbio. elocução: forma de se exprimir. 166): “a) casa. sinônimo pouco em pregado de alocução. se não o melhor. pelo processo d o agrupam ento por afini< “campo associativo” ou Mc< pio. ral. alocução: discurso breve. vivenda.” A seguir transcreve o Autor um trecho do Dicionário de sinônimos. e com o en< . sentença. é indispensável que nele se considerem também os matizes que as distinguem . séries de sinônimos afiliados por um a noção fundamental comum. de Antenor Nascentes. e às vezes pejorativo. ponto. residência.2 Famílias ideológicas e campo associativo Mas as palavras não se irmanam apenas pela sua comunidade de ori­ gem. de que dispõe a nossa língua: “M ar é u m a vas d a su p e rfíc ie d a T erra. teto. de capital im portância para a aquisição e domínio do vocabulário da língua. Citemos o exemplo que nos dá Celso Cunha (Manual de Português. verbosidade (o sufixo — ela tem sentido diminutivo. ação — e — (e)nte — agente). coloquialismo. b) mar. debaixo nar-se-ão. como acabamos de ver em “famílias etimológicas”: associam-se também pela identidade de sentido. o que acrescenta a essa palavra o matiz semântico de falazinha. grandíloquo. de idéias. cham a-se“A su p erfície d o ra em p o la-se em o n v a n ta m tã o alto . ca arados de estranho u m reg o n a face d a ti d o rso d as ág u as. pomposa. máxima. prelóquio (sinônimo pouco usado de antelóquio). pélago. reunião). q u e re “Pode. condição. magniloqüente: que tem linguagem ele­ vada. form a p o p u la r d o d o p a ra o pego to d a a é o alto-m ar. es­ quecer que esse estudo não consiste apenas em ju n tar palavras enlaçadas pelo sentido. e aq u i se recc com q u e os p o etas às d e s te com u m cam p o . colóquio: conversação ou palestra (prefixo — co (cum) — agrupa­ m ento. em tu iç ã o é o u p a re c e S€ vam. mansão. exteriorização). grandiloqüente. habitação. 3. Não se deve. p ode sem ear-se c/topos.e 4. o ra v a re ja d a d e v en to teso . esca rc éu s. debaixo de seu sorriso azul. em determ ina­ da situação ou contexto. com q u e os p o etas às vezes d esig n am o mar. . pode evocar-nos uma série de outras não necessariam ente sinônimas. penhascos. M ar Báltico. recifes. Oceano Índico.UFPE Biblioteca C entrai O t h o n M. a propósito. q u e p o r vezes se le ­ v a n ta m tã o alto . ind icarem o s o v erb o arar. / O ceano. etc. ca­ chopos. é o friso . e a vales as d e p re s ­ sões q u e e n tre eles se cavam : o m a r e s tá encapelado. E assim com o a relh a d o a ra d o ab re um reg o n a face d a te rra. c o n stitu e m u m a so rte d e in d iv i­ d u a lid a d e : M ar do N orte. aq u ela espécie d e re d e d e p ra ta o u d e o u ro q u e a lua e o s o l e s te n d e m na su p e rfí­ cie d o m a r. a q u e seus lim ites g eográficos precisos o u c e rta s p a rtic u la rid a d e s d e seu re g ím e n . q u e rec o rd a um b a n d o d e o v elh as p a s ta n d o . penhas. 73. am plidão. os baixos o u baixios. m a ra ­ chões. cres­ po. revolto. g ra n d e esp aço m a rítim o . em bora não sinônimas. vaus. isto é. infinito. / Pego. p o d e sem ear-se de fragas. é a p a rte m ais p ro fu n d a d o m ar: ‘D eitan ­ d o p ara o pego to d a a a rm a d a ’ (Lusíadas. m obilidade. m encionar-se-ão. listão o u esteira. qu e são m ovim entos da m aré. G arc ia ♦ 197 “M a r é u m a v a s ta ex te n sã o d e ág u a sa lg a d a q u e c o b re g ra n d e p a rte d a su p e rfíc ie d a T erra. form a p o p u la r d o latim pelagu. Oceano Pacífico. além d isto . é p a rte d o d o m ín io m a rítim o g e­ ral. v. p alav ra eru d ita. com os m acaréus. d e orig em greg a. c com o encontro do caudal d e u m rio re b e n ta r e rugir nas pororocas. “A superfície d o m a r o ra o n d u la b ra n d a m e n te : o m a r e s tá b a n zeiro. 4 ). A palavra mar. é a v asta e x te n sã o d o m a r e. a lte ra d o . por exem­ plo. cm frases com o m ares n u n ­ ca arados de estranho ou próprio lenho. o m ar N egro (Eúxeios Póntos Mas as palavras se associam também por uma espécie de imantação semântica. e. abrolhos. vagas. que poderíamos cham ar de “campo associativo” ou “constelação semântica”. é o alto-m ar. im ensidade. ap licad a especi­ a lm e n te a o P onto Euxino. m a ro u ço s. em se n tid o g eral. pelo processo de palavra-puxa-palavra ou de idéia-puxa-idéia. cerúleo ca m p o. rochas. m uito freqüentemente. 19. pelo simples e universal processo de associação de idéias. parcéis. Em se n tid o restrito . pode crescer na pream ar. m in g u ar na vazante. cuja co n sti­ tu iç ã o é o u p are ce se n siv elm en te u n ifo rm e: J á no la rg o Oceano n a v e g a ­ v a m / (Lusíadas. como nos ensina Souza da Silveira em A língua nacional e o seu estudo: “T om em os a p alav ra m a r e v am o s re g istra n d o as id éias q u e ela nos su g e rir: vastidão. / Ponto é a desig n ação do mar. assim a quilh a d a em b a rc a ç ã o rasga u m su lco no d o rso d a s águas. c o rren te s. ag itad o . agitar-se com as ressacas. penedos. bancos de areia. esco n d er perigos ao s n au tas. cam po. o ra e m p o la-se em o n d as. na baixa-mar. planície. I. 1). / Pélago. O ceano A tlâ n tico . a face d a s ág u a s a p e n a s se eriça em ca rn eira d a . “P ode. uma palavra pode sugerir um a série de outras que. É o agrupam ento por afinidade ou analogia. sirtes. h o rizo n te. rochedos. a in d a d e n tro da co m p araç ão d e s te co m u m cam p o . ch am a-se-lh e ta m b é m trem ulina. M as esteira é. cm se n tid o restrito . e aq u i se re c o rd a rã o expressões com o azul ca m p in a . ta is com o m arés. com elas se relacionam. q u e os p o etas os c o m p a ra m a serras. recursos de expressões para as impressões que a experiência cotidiana lhes fornece a todo instan­ te? Tais exercícios não constituiriam. a iw dantes aves. m u ito n a tu ra lm e n te . não lhes pomos ao alcance. zimbrar. Mas. te rr e n o o u te rre n h o . n o rtia . brim . é o de que nos servimos na vida diária para satisfazer as necessidades triviais da comunicação oral. outro dicionário analógico. Comp concreto. grandes lenços.” Os professores nos impressionamos a todo m om ento com a pobreza do vocabulário dos nossos alunos. Se o barco inclina u m lado. O vocabulário da linguagem coloquial. asas. Os incultos ou analfabetos conhecem certamente ape­ nas o primeiro. de forma alguma. terral. À quilo. o de leitura e o de simples contato. e d a í a expressão nau dcsaw orada. p a u . então. E uro.. p o n te iro . pois. Ex. São d a corrente de articulaçã O segundo tipo é mente na linguagem e sa dática. São incapazes. em exercícios que não seriam assim tão numerosos. pinho.. A ustro. lu g a r referir os n o m es d e v en to s: B óreas. relativamente pequeno. anódino e inút O primeiro e o s que é muito m enor do ativo serve à expressão nas pela compreensão di . N oto. porque abrangeriam apenas certas áreas semânticas relaciona­ das com a experiência e as necessidades de comunicação dos jovens (jo­ vens e adultos cultos) de certo nível mental.3 Quatro tipos de vocabulário Todo indivíduo medianamente culto dispõe de quatro tipos de vocabu­ lário: o da língua falada ou coloquial. p eg ão . m adeiro. se passa.198 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a “O v o cáb u lo m a r ev oca-nos a in d a u m q u a d ro c o m u m : ro ç a n d o a lí­ q u id a e s m e ra ld a p assam as g aivotas. “D e asas. por exemplo. a respeito do m undo que os cerca. o co n ju n ­ to d eles arvoredo. b risa . a ra ­ g em . 220-46) talvez sirvam de am ostra ou padrão para outros que os professores queiram organizar. O vocab um a página impressa se O quarto tipo. Seu acervo é cons cidas de outras que rarar O terceiro tipo cc empregamos nem na líi nos é familiar. os exercícios correspondentes a este capítulo (ver 10. Tem . o caráter. n o rta d a . q u e além d e v en to d e o e s te d e sig n a v en to b ra n d o : A frico o u ávrego. e n u m bafejo d e v e n to p a lp ita m as v e­ las b ra n c a s d e u m barco. ou p é-d e-v en to . que se sentem incapazes de traduzir idéias ou sentim entos a respeito das suas relações sociais. tu ­ fão. aderna. A codem -nos e n tã o ex p re ssõ es com q u e se d e sig ­ n am as v elas d a s em b arcaçõ es: p a n o . que. O m astro se d iz arvore. em barcações. e está varado q u a n d o se acha em seco ou encalhado. Eis aí um a tarefa que gostaríamos de realizar — e é possível que o façamos com o material que vimos reunindo nestes dois últimos anos. Zéfiro. de caracterizar o com­ portam ento. fa ia . a atitude. A qui­ lão. viração. O s m o v im en to s q u e o b u lir das águas im prim e à em b arcação en u n c ia m -se com os verbos balançar o u balouçar. significando velas.. a u ra . os sentimentos dos colegas. 3. arfar. ra ja d a . ligadas a na corrente da fala. a q u e os p o etas ch a ­ m a m a in d a lenho. porque lhes faltam palavras para isso.. Por que. a < siderável número de pa cujo significado preciso i costumamos dizer “conh palavras lidas ou ouvida potético. na faixa dos dezesseis aos vinte anos. so ã o . se não dispusermos de meios ou tempo para isso. “D o m a r disse Jo sé A gostin h o d e M aced o Vasto im pério do vento to r­ m entoso’. o da linguagem escrita. com q u e C am ões d esignou navios. v en to g alern o .. São palavras lidas ou ouvidas mas não apreendidas. anódino e inútil. na sua grande maioria. O primeiro e o segundo tipos constituem o nosso vocabulário ativo. que é muito m enor do que o passivo.O t h o n M. Compõe-se. constituindo moe­ da corrente de articulação franca na transação das idéias. bem numeroso. que. Seu acervo é constituído em parte por palavras do primeiro tipo. o passivo é responsável ape­ nas pela compreensão do pensamento alheio. circulam na linguagem coloquial. O vocabulário de leitura nos permite entender facilmente um a página impressa sem necessidade de recorrer ao dicionário. São em geral aprendidas de ouvido. ou nunca. O ativo serve à expressão do nosso pensamento. ligadas a coisas ou situações reais. acres­ cidas de outras que raramente. mas cujo significado preciso nos escapa. mas cujo sentido nos é familiar. . fluem espontaneam ente na corrente da fala. O segundo tipo é representado pelas palavras que usamos ocasional­ mente na linguagem escrita. a que chamamos vocabulário de contato. São dessas palavras a respeito das quais costumamos dizer “conheço mas não sei exatamente o que significam”. representado pelos dois últimos. G ar c ia ♦ 199 comunicação oral. de palavras de teor concreto. não obstante. seja literária ou técnico-científica seja apenas di­ dática. abrange con­ siderável número de palavras ouvidas ou lidas em situações diversas. O quarto tipo. O terceiro tipo compreende aquelas palavras que pessoalm ente não empregamos nem na língua literária nem na coloquial. É assim um vocabulário hi­ potético. É atualização o que ga de am or de Joan Gai transcrevemos. em bora nos refiramos. o m elhor processo de aprim orar o vocabulário. É através da língua falada de um modo geral. amplificação) ora al cisão). escapa aos moldes desta obra. dissertação e argum entação). é aquele que se baseia na experiência. para do­ m inar realm ente o sentido das palavras assim conhecidas. A paráfrase constitii bui para o aprimorament ras oportunidades de rees como não devb. Ernest Robert. Quanto ao resumo (a tradução. sem dúvida. na televisão e no cinema. Mas. anotar-lhes o significado. para servi 20 CURTIUS. Par. entre­ tanto. sem nada ac ciai. até. e se o fazem é a posteriori: quer dizer. a leitura atenta de obras recomendáveis. As crianças e os incultos — assim como tam bém os m e­ dianam ente cultos que não se dediquem a atividades intelectuais — só ex­ cepcionalmente recorrem ao dicionário. de lápis na mão para sublinhar as palavras desconheci­ das e. sinopse). um texto A (explicandum. até. morf co. a paráfrase. e c sucinta sem deixar de se to original. inclusive a que se ouve no rádio. tais como. de oui ção lexicográfica — qu< como um a paráfrase d. por nos parecerem indispensáveis certas noções prévias. tratarem os aqui apenas da paráfrase e da amplificação. de passagem. a mudança no torneio de frases e. ráfrase consistia — segu transpor em prosa um i tio. o mais eficaz. a amplificação. o resumo (con­ densação. de fato.0 Como enriquecer o vocabulário Há vários modos de enriquecer o vocabulário. urge procurar empregá-las. 22 Didática da língua portuguest . tudo feito com ou com outras palavras. pensando naqueles profe esse tipo de exercício a cie de tradução dentro mais clara. inspirando-se ainda nos de números 103 a 115 e 204 a 252. O português arcaic ra se exija do “parafrase convém não confundir.4. isto é. para transformálas em vocabulário ativo.) e ao planejam ento dos tipos tradicionais de composição em prosa (descrição. a leitura que se faz. aos nossos hábitos lingüísticos. outros exercícios que o professor poderá propor a seus alu­ nos. impunha-se deslocar o seu estudo para ou­ tra parte do livro. que se en­ contram em 10. sumariamente. es­ quem aticamente. Só assim elas se in­ corporaram . Daí a importância da redação nas suas mais variadas formas: a com­ posição livre propriam ente dita. Mas. nônimas. Ü 21 Reduzida à fórmula “o texto tos da gramática gerativa.3). num texto E m arginais. num texto B (ex Na Antigüidade cl. de fato. sobretudo. Entretanto. depois de consultar o dicionário. narração. literalmente. num a situação real como a conversa.1 Paráfrase e r 4. m dernização (gráfica. que se forma grande parte do nosso léxico ativo. No seu sentido no desenvolvimento expl sentido que se fala em tretan to (estamos pensai palavra como sinônimo < tende mesm o como “de: expressão e. a leitura ou a redação. a tradução. a um equivalente dela — a metáfrase — . sugerindo a seguir (4. não em busca de palavras novas mas à procura do sentido de pala­ vra ouvida ou lida. esse é. tradução de poesia). Ex. as referentes à estrutura do parágrafo (3. dado o propósito e dadas as limitações deste tópico. é evidente. É atualização o que faz Leodegário de Azevedo Filho22 de um a canti­ ga de am or de Joan Garcia de Guilhade (trovador do séc. p. ora desenvolvendo-o (a m p lifi c a tio. si­ nônimas. 102. p. de outra palavra (neste último caso. de fato. É nesse sentido que se fala em “paráfrase (s) dos Evangelhos”. a pa­ ráfrase consistia — segundo nos ensina Curtius —20 essencialm ente em transpor em prosa um texto em verso. amplificação) ora abreviando-o (a b b r e v ia tio . num texto B o que contém um texto A. Erncst Robert. sem nada acrescentar e sem nada om itir do que seja essen­ cial. sobretudo se ela se limita — como não deve. Idade Média latina. en­ tretanto (estam os pensando em alguns autores am ericanos). de um a expressão e. apenas a primeira estrofe: 20 CURTIUS. G a r c ia ♦ 201 4. No seu sentido usual — ou num deles — a paráfrase consiste no desenvolvim ento explicativo (ou interpretativo) de um texto. em que se diz. ou m o­ dernização (gráfica.. até. da qual transcrevemos. isto é. Na Antigüidade clássica. Entre nós (estam os agora pensando naqueles professores que ocasional ou habitualm ente propõem esse tipo de exercício a seus alunos). tudo feito com outros torneios de frase e. no caso. com outras palavras. morfológica. sintática e semântica) de um texto arcai­ co. 153 e 528. de m aneira mais clara. embo­ ra se exija do “parafraseador” o conhecimento da história da língua. XIII). o original a ser parafraseado) por outras. Lireratura européia e.21 sem com entários m arginais. Alguns autores.1 Paráfrase e resumo A paráfrase constitui exercício dos mais proveitosos. í e . abreviação. a paráfrase constitui um dos fundam en­ tos da gramática gerativa. m as a m aioria a en­ tende mesmo como “desenvolvimento explicativo” de um texto. para servir de exemplo. num texto B ( e x p lic a tw n . tanto quanto possível. palavra-verbete). a própria defini­ ção lexicográfica — que consta dos dicionários — pode ser entendida com o um a paráfrase da. 21 Reduzida à fórmula “o texto B contém o texto A”. assim como na Idade M édia latina. } a paráfrase propriamente dita).. isto é. limitar-se — a simples substituições de palavras de um texto A (e x p lic a rtd u m . paráfrase com simples atualização. con­ cisão). pois não só contri­ bui para o aprimoramento do vocabulário mas também proporciona inúme­ ras oportunidades de reestruturação de frases. . 22 Didática da língua portuguesa. e de tal forma que a nova versão — que pode ser sucinta sem deixar de ser fiel — evidencie o pleno entendim ento do tex­ to original. Mas convém não confundir. O português arcaico pode prestar-se a esse tipo de exercício. em pregam a palavra como sinônimo de condensação ou resum o. paráfrase corresponde a um a espé­ cie de tradução dentro da própria língua.O t h o n M. 2 Amplificação Como figura de i ter desfrutado de grane também entre os m oder de todas as épocas). a d o r q u e m ora N’a lm a e d e s tró i ca d a ilusão q u e nasce. m o rro eu.202 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Se se p u d esse o espi Ver a tra v é s d a m á s a Q u a n ta g e n te . pois m e vejo co m o louco e co m o lo u c o é q u e digo: pode ser resumido nos s F oram un s olhos v erd e s q ue vi q u e m e fizeram ficar assim . idéia ou tema. e o fato de não o ser é que a distin­ gue do resumo. com grande propriedade. o que — e é iste indo para o enriquecime apresentam os e com ent idéia do que é a amplifi . tremos na pena daquele ricos de palavras mas pi formas de redundância Opõe-se. n o n p o ss'eu n e g a r a g ra n c o y ta q u e cTamor ey. a ordem das idéias contidas no original mas expressas em lingua­ gem mais clara e. à conc obstante. que hoje para elas tudo quanto nc se traduzisse e: nos causam inv a única felicida 4. no ro sto se estam p asse . T lido o q u e p u n g e . p i A m igos. por meio definições sinonímicas. seja como for. | escritor” por levá-lo a te rentes. Mas. e n tã o . Un dundância. Q u a n ta g e n te q u e ri G u ard a u m atro z. dá-se-lhe também o nom e de “m etáfrase” (termo empregado igualmente para designar a trad u ­ ção de poesia. O exemplo a seguir não é simples atualização de outra cantiga m e­ dieval. com vocabulário e estrutura de frase que não sejam a repetição do que está no texto parafraseado. sim. ca m e v e jo s a n d e u a n d a r e con s a n d e ç e o d irey Os o lh o s u e rd e s q u e eu ui m e faz en o r’a n d a r assi. Quando a paráfrase se distingue por sua versão de um texto em ter­ mos mais simples para facilitar a sua compreensão. o q u e ele ta n to rec eav a e foi ca u sa d o seu g ra n d e so frim e n to . mas verdadeira paráfrase (ou metáfrase. mas com recun co. se quiserem): C om o m o rre u q u e n n u n c a b en o u v e cla r e n q u e m ais am o u e q u e n v iu q u a n d o reçeo u d ’ela e foi m o rto p o r én: Ay. a nosso ver. O conhecidíssimo soneto de R a i m u n d o C o r r e i a : Se a c ó le ra q u e esp u m a . Se do rosto. Como se vê. com o máximo de fideli­ dade. assim . assi m oyrieu! (Pai S o ares d e T aveiros) C o m o a q u e le e n a m o ra d o q u e m o rre u d e d e sg o sto p o r a m a r a q u em n ão lh e tin h a a m e n o r afeição. i outros adornos de lingu. ela consiste. tu d o o q u e d ev o ra O c o ra ç ã o . na medida do possível. podem-se enc< ções que não são puro * da. assim. m in h a a m a d a . talvez N os cau sa. re C om o invisível chagí Versão atualizada: Q u a n ta g en te q u e ri C uja v e n tu ra ú n ica c Em p a re c e r aos o u tr A m igos n ã o posso n eg a r a g ra n d e m á g o a d e a m o r q u e sin to . pois poesia não se traduz: “recria-se” num a língua o que em outra se “criou”). a paráfrase segue. Mais ainda: paráfrase não é condensação. m h a senhor. pari passu. e. estirar uma idéia ou tema. metáforas e símiles excessivos e ociosos.2 Amplificação Como figura de retórica. podem-se encontrar — em todas as línguas. sim. por meio de circunlóquios. e n tã o . tautologia. Levada a ex­ tremos na pena daqueles escritores verborrágicos (ou na boca de oradores ricos de palavras mas parcos de idéias). de diferentes torneios de frases. ela consiste. em repetir. . abbreviatio) e â sobriedade. a amplificação (amplificado) parece não ter desfrutado de grande prestígio entre os antigos. 4. assim. mas com recursos de expressão de inegável valor estético-estilístico. p ie d a d e nos causasse. Opõe-se. pleonasmo). C uja v e n tu ra ú n ica consiste E m p a re c e r aos o u tro s v e n tu ro sa . G a r c ia ♦ 203 Se se p u d e s se o esp írito qu e ch o ra Ver a tra v é s d a m á sca ra d a face. macrologia. essencialmente. C om o invisível chaga cancerosa! Q u a n ta g e n te q u e ri talvez existe. alongar. além de outros adornos de linguagem que se esgotam em si mesmos. à concisão (brevitas. Mas. Q u a n ta g e n te q u e ri ta lv ez consigo G u a rd a u m atro z . talvez. praticar amplificações pode ser útil ao “aprendiz de escritor” por levá-lo a tentativas de dizer a mesma coisa de maneiras dife­ rentes. o que — e é isto que importa aqui neste tópico — acaba contribu­ indo para o enriquecimento do seu vocabulário. q u e inveja ag o ra N os c a u sa . Uma espécie de “primo rico” da prolixidade e da re­ dundância.O th o n m . re c ô n d ito inim igo. como não desfruta também entre os modernos (o que não significa a sua ausência em textos de todas as épocas). definições sinonímicas. aliás — am plifica­ ções que não são puro exercício estéril de estilo: a mesma idéia é tornea­ da. pode ser resumido nos seguintes termos: Se do rosto. veríamos que muitas pessoas nos causam inveja nos despertariam compaixão. ela pode disfarçar-se em variadas formas de redundância (perissologia. Os exemplos que a seguir apresentam os e comentamos (louvando ou censurando) podem dar uma idéia do que é a amplificação. Não obstante. tanto é certo que a única felicidade consiste apenas em parecerem felizes. seja como for. que hoje para elas tudo quanto nos faz sofrer intimamente se refletisse na expressão se traduzisse em gestos ou atitudes. Q u a n ta g e n te . a tradiçi d o s a n te p a ssa d o s. o u v e a p a rte s o te u ro sto d in clin a p a ra m im o o u v e-m c p ro n ta m e n u Às vezes. confrontos. o v e n to a levou. metáforas e comparações. o povo. Só p o d e exaltar. “A v id a”. é a oraç q u e. Muitos parágrafos são verdadeiras amplificações feitas através de exem­ plos. a amplil que incorrem mesmo o s sar de sua riqueza de k pressão — ou justamenti na prática de amplificaçc O se rtã o n ão cam. M ais leve q u e o p e n s a m e n to . Q u e se d e sfa z com o a neve E com o o fu m o se esvai. Também o é a primeira estrofe de outro. 1 Política e poli cio n am u m a co m a ■ m e n te. q u e a vida É luta re n h id a : Viver é Lutar A vida é com bate. A vida é flor n a c o rre n te . a < se rv e m são os q u e ni ra m . tão conhecido. N uvem q u e o v en to nos m ares. m u d a m -se as v o n ta d es. os bravos. T odo o m u n d o é co m p o sto de m u d a n ça s. (Jo ã o dc D eus. de Gonçalves Dias: N ão ch o res.204 ♦ CO M U N I C A Ç Ã O EM PROSA MODERNA A vicia é o d ia d e hoje. le v a-a o ven to . A v ida é n u v em q ue voa. m e u filho. . A vida. A v id a é so p ro suave. Q ue os fo rte s. m as p raticam A vida é fo lh a q u e cai. os q u e n ão su b i q u e n ão se acobardanr cu tem . A v id a d u ra u m m o m e n to . T o m an d o s e m p re novas q u alid ad e s. A v ida é o ai qu e m a l soa. que çomeça assim: M u dam -se o s tem pos. A vida — p e n a ca íd a Da asa d e a v e ferid a — De v ale em v a le im pelida. a amplificação se faz através de um a série de m etáforas de “vida” e mais duas ou três comparações. Voa m ais le v e q u e a ave. M u d a -se o ser. grafo se distingue da ampi diversa da idéia-núcleo. C am pos de flo res) Nesse belo exemplo de João de Deus. Q u e os fraco s ab a te . de m ostrar a validad — e a lição que dela se diz. que nos escusamos de aqui transcrevê-lo. analogias. U m a após o u tr a lan ço u . p ela p rim e ira v e Na Bíblia — sobren pios de amplificações feité cas. A vida é e s tre la c a d e n te . Não se v êem . n em i solo. a b o n in a : são ria d a vida. m< os dois exemplos de parág idéia-núcleo de “pátria”: A p á tria n ã o é m esm o d ire ito à idéia n em u m a seita. N ão ch o res. Exemplo de amplificação redundante típica (versos grifados) está na conhecida “Canção do tamoio” (in: Últimos cantos). m u d a -se a confiança. mas o pará- A p á tria n ão é árv o re. Não é outra coisa senão amplificação da idéia de “am or” o célebre soneto de Camões — “Amor é fogo que arde sem se ver”. A vida é s o n h o tã o leve. ilustrações. Senhor. A vida. S enhor. ela nos disse: — M eu filho! (A. N ão se vêem . N ão a p a r te s o te u rosto d e m im . Em q u e q u a lq u e r d ia q u e m e a c h a r a trib u la d o . o rio . o s q u e n ão e m u d e c e m . é a o ra ç ã o e n sin a d a a b alb u cia r p o r n o ssa m ãe. mas a ela logicamente associadas. a amplificação degenera em pura tautologia. nos quais se desenvolve a mesma idéia-núcleo de “pátria”: A p á tria n ã o é n in g u é m . o v ale. Política e poliLicalha n ão se co n fu n d e m . a trad ição . a m o n ta n h a . m as p raticam a ju stiç a . N ão se buscam . m as resistem . m as esfo rçam . A p á tria n ã o é um sistem a. o solo. a c o m u n h ã o d a lei. m as p acificam . a b o n in a : são -n o os ato s. a lín g u a em q u e. A ntes se n eg a m . n ã o se re la ­ c io n a m u m a com a o u tra . e ca d a q u al te m no seio d e la o m e sm o d ire ito à idéia.[ Ui-F£ Biblioteca Central O t h o n M. 101. Em q u e q u a lq u e r d ia em q u e te invocar. os q u e n ã o c o n sp i­ ram . a a d m iraçã o . in c lin a p a ra m im o te u ouvido. à asso ciação . O s q u e a se rv e m são os q u e n ão invejam . de m ostrar a validade de uma declaração ou a veracidade de um fato — e a lição que dela se tira — e com a intenção de dar ênfase ao que se diz. 2-3) Às vezes. H ercu ian o ) Na Bíblia — sobretudo nos Salmos — encontram-se freqüentes exem­ plos de amplificações feitas com o propósito de evitar interpretações equívo­ cas. O próprio Rui Barbosa — ape­ sar de sua riqueza de idéias e dos seus incomensuráveis recursos de ex­ pressão — ou justam ente por isso — dâ mostras freqüentes de deliciar-se na prática de amplificações que raiam pela perissologia: O s e rtã o n ão co n h e ce o mar. são todo s. n em u m a fo rm a d e g o v ern o : é o céu. a consciência. n em u m m on o p ó lio . os q u e n ã o se ac o b a rd a m . n ã o se p are cem . . ouve a m in h a o raç ão . se rep u lsa m m u tu a ­ m e n te . G arc ia ♦ 205 grafo se distingue da amplificação porque inclui idéias secundárias de ordem diversa da idéia-núcleo. os q u e n ão sublevam . e ch e g u e a m im o te u clam or. q u e esses o b je to s n o s re c o rd a m n a h istó ­ ria d a vida. os q u e n ã o d e la ta m . se ex clu em . à p alav ra. pecado em que incorrem mesmo os melhores autores. o lar. (S alm o [D avi]. n em u m a se ita . d a lín g u a e d a lib e rd a d e . m as d is­ c u te m . O m a r n ão c o n h e c e o se rtã o . o b erç o d o s filhos e o tú m u lo d o s a n te p a ssa d o s . o u v e -m e p ro n ta m e n te . p ela p rim e ira vez. a á rv o re . os q u e n ão in fam am . o povo. (Rui B arbosa) A p á tria n ão é a te rra . o e n tu sia sm o . São amplificações os dois exemplos de parágrafos seguintes. n ã o é o b o sq u e. N ão se to ­ cam . metáforas surra­ das. geral ou n) mudança do torneio ordenar. h) definições claras e sucintas que permitam a identificação do termo a que se referem. 23 Para o u t ro s d e t a lh e s s o b re a p a rá fra se e H ê n io T a va re s. em exercício do tipo “o pêndulo (oscila)”. Técnica de leitura e redação . Valiosos exercícios desse tipo encontram-se no de­ licioso livrinho de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira — Enriqueça o seu vocabulário —. e) texto medíocre ou mediocrizado para aprimoramento do vocabulário. de modo am e­ no e divertido. outros exercícios podem ser feitos com o propósito de m elhorar o vocabulário do estudante: a) série de definições diversas para a escolha da que se ajuste a determinada palavra a elas aposta. apenas torneada e revestida de roupagem diferente. b) adaptação de textos com interpolação de sinônimos para escolha.23 4. juntando-se ou não lista de verbos para escolha. volume em que o Autor reuniu grande parte do m a­ terial publicado há vários anos por Seleções do Reader's Digest. a a m p lif i c a ç ã o . em se­ ção que deve ser. classificaç específico. pelo simples deleite de m anipular palavras que nada acrescentam ao que tenha sido dito antes. . c o n s u l t e . essa de tom ar a mesma idéia e repeti-la. i) definições denotativas de determinados termos e sua conversão em conotativas ou metafóricas. j) derivação e cognatismo (exercícios sobre famílias etimológicas). lugares-comuns fraseológicos). de indicar Além desses. movimentos.206 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a É uma tentação a que devemos resistir. frases-feitas.3 .1 0 e 1 2 1 . e procura das palavras adequadas à sua expressão. Reduzida à condição de mero encadeam ento em plum ado de palavras e expressões sinonímicas. gestos. como é para mim. 1 0 9 . g) busca ou escolha de impressões despertadas pela experiência de uma situa­ ção concreta. c) listas de coisas ou seres (sugeridos por situação real) de form a ou aparên­ cia inconfundível para caracterização concreta (exercícios de adjetivação). de leitura obrigatória por todos os que desejam realm ente “enriquecer o seu vocabulário”.s e o e x c e l e n t e l i v r i n h o p. d) caracterização de ações. nem mesmo ênfase. repeti-la.3 Outros exercícios para enriquecer o vocabulário k) redação de períodos sugiram situação rei rações de incidente: 1) exercícios de substiti determinada área se m) leitura extradasse e nhecidas. f) ruptura de clichês (substituição de clichês. a amplifi­ cação só pode mesmo servir ao “aprendiz de escritor” como exercício de vocabulário e de reestruturação de frases. atitudes. de 24 P a ra a p lic a ç ã o d o q u e c io s s 1 0 3 a 1 1 5 e 2 0 4 a 25. . de negar. de ordenar. m) le itu r a e x tr a d a s s e e e x ig ê n c ia d e a n o ta ç ã o à m a r g e m d a s p a la v r a s d e sc o ­ n h e c id a s . e m 1 0 . 1) e x ercíc io s d e s u b s titu iç ã o . pessoas.24 2/| P a r a a p l i c a ç ã o d o q u e se re c o m e n d a c io s 1 0 3 a 1 1 5 e 2 0 4 a 2 5 2 . a p a r ti r d e d a d o s in ic ia is q u e s u g ir a m s itu a ç ã o re a l (descrição de ambientes. geral ou abstrato. E x .). n a s a lí n e a s d e s s e t ó p ic o 4 . de indicar as circunstâncias. etc. G ar c ia ♦ 207 10 r e d a ç ã o de períodos ou p a r á g r a fo s c u rto s. nar­ rações de incidentes. e x e r c í­ .). classificação dessas palavras quanto ao sentido (concreto ou específico. etc. de pedir. paisagens. denotativo ou conotativo). v e r. e s c o lh a o u p r e e n c h im e n to d e la c u n a s d e n tr o de d e t e r m in a d a á re a s e m â n t ic a .O t h o n M. n) m u d a n ç a d o torneio d e fr a s e s (modos de afirmar. 3 . s ó a s e n c ic lo p é d ia s in c lu e m a r ro la en­ n o m e s p ró p rio s . ond> critério de averbação. lato sensu. e. às vezes. Listas de palavras. entretanto._t substantivo comum c dão também informações técnico de agricultura. c o m o na e x p re ssã o co m u m d if e r e n ç a e n tre a m b o s. O que. i n c l u i n d o t a m b é m a d e s c r iç ã o tam b é m Antes de utilizar-se meiro. e x c lu i o s n o m e s c ic lo p é d ia — f r e q ü ê n c ia . ou pelo menos a praticar. A s ig n i f i c a o c o n j u n t o c o m p l e t o d o s c o n h e c i m e n t o s — s o b r e o s s i g n o s ) . Quaisquer que sejam os exercícios para o aprim oram ento do vocabu­ lário. sempr abreviaturas e sinais conve não apenas indicam a claf gên. e q u a n d o i s s o a c o n t e c e ( s a l v o o c a s o d a s i l u s t r a ç õ e s p u r a m e n t e d e c o r a t i v a s o u p r o m o c i o n a i s ) é p o r q u e n ã o s e l i m it a m à d e f in i ç ã o d o s s i g n o s . de psicologia. a r i g o r n ã o d e f in e e s ó V ia d e re g ra . e dão sinônimos. m e s m o . 25 “D i c i o n á r i o ” e " e n c i c l o p é d i a ” s ã o t e r m o s q u e . centam também antônii 5. outras informações sobre os signos (classe gramatical da palavra-verbete. arc. Muitas \ nos desfazer dúvidas a res Isso acontece quando o tei não admite sua inclusão nc Muita gente que líc escrita como tarefa cotidií a utilidade dos dicionáios rência especial. em que — como o nom e diz — atra­ vés de definições semânticas (ditas. s e d e f in e o s s i g n o s e ( a t e n t e . 5. d. as diferentes acep­ ções. cujo manuseio dei pítulo vem uma lista dos cia. N o Os dicionários espec vocabulários. o s d ic io n á r io s r a r a m e n ­ d a c o is a s ig n if ic a t i v a e / o u in f o r m a ç õ e s . e x is r e u m a c l a r a d ic i o n á r i o . além dos significados das palavras (o significado básico. resultantes de leitura corrida de dicionários. e n t a n t o .0 Dicionários c) os de idéias analógicas dito. ç õ e s s o b r e a s c o is a s ( e n ã o próprios e. entretanto. A verdade. Os comuns são geralmente de três tipos: a) os usualm ente ditos de definições. d á i n f o r m a ç õ e s s o b r e e le s . dissocia­ do de situações reais. t é c n ic a s s o b r e e la. que constitui um a como veremos adiante. sua pronúncia e sua etimolo­ gia).b) os habitualm ente ditos ne a palavra-verbete. no caso. glossários ou > po do conhecimento huma sociologia. lexicográficas) se dão. a última instân­ cia. Alguns acrescentam ainda exemplos ocasionais para esclarecer o em prego da palavra. em que pese à opinião de muitos.1 Dicionários an d á in fo rm a ­ te o f a z e m . leitura que consideram não ape­ nas imprescindível. mas o que delas nos fica não paga o tem po gasto: valem quase tanto quanto o passatem po das palavras-cruzadas. mas m ente adotados. podem não ser de todo inúteis. dt nário de literatura. a que recorremos sempre que desejamos saber o sentido exato das pa­ lavras. Há duas classes de dicionários25 unilíngües: os comuns e os especiali­ zados ou técnicos. ilu s tr a ç õ e s p a r a o s v e rb e te s. É possível. s e c o n f u n d e m “d i c i o n á r i o e n c i c l o p é d i c o ” . Assim ad sas. a leitura assídua dos calepinos. . O s d i c i o n á r i o s d e s s e r ip o q u e a r r o le m n o m e s p r ó p r i o s s ã o u s u a lm e n t e c h a m a d o s " e n c i c l o p é d ic o s ”. de que se trata de realm ente como consultá-1 os inexperientes a respeite pulares. q u e . Em si mesmo. que nem todas as pa procurar um adjetivo pela é a mesma. etimo lista é numerosa. o simples manuseio dos léxicos. não é demais aconselh cios ou notas prévias. por assim dizer. i n c l u i n d o a s p a r t e s d o d is c u r s o . o sentido figurado). de gíri cionário gramatical. ou um advérbi radical é o mesmo. c o m cru za m . é que as palavras procuradas nos dicionários só se incorporam de fato aos nossos hábitos lingüísticos quando as ouvimos ou lemos. mas tam bém amena e divertida. Alguns chegam mesmo a recomendar.s e p a r a e s t a c a r a c t e r ís t ic a ) . nem sempre nos traz grande proveito. que acreditam ser esse o único e o m elhor meio de adquirir vocabulário. é óbvio que o dicionário constitui. sempre o mesmo. verbo transitivo. e. Quanto à primeira condição. de mitologia.. onde o autor faz em geral observações a respeito do critério de averbação. 2 gên. pois não apenas indicam a classe da palavra (s. t.n. v. pri­ meiro. s. Quanto à segunda exigên­ cia. 5. G a r c ia ♦ 209 b) os habitualm ente ditos de s in ô n i m o s . etc. ou e lu c id á r io s — abarcam apenas determ inado cam­ po do conhecimento humano ou da experiência: dicionário de filosofia.. não é demais aconselhar ao consulente a leitura não apenas dos prefá­ cios ou notas prévias. de gíria. arc. etc. Assim advertido. entre outras coi­ sas. se não a existência. Muitas vezes. se o significado do seu radical é o mesmo. de psicologia. servindo-se delas na linguagem escrita como tarefa cotidiana. provincianismo. cujo m anuseio deve ser feito com m uita cautela (no fim deste ca­ pítulo vem um a lista dos mais recomendáveis). dando-se apenas os seus sinônimos (alguns acres­ centam tam bém antônimos).. que nem todas as palavras vêm averbadas: será inútil. de sociologia. segundo. convém advertir os inexperientes a respeito de um grande número de dicionários ditos p o ­ p u la r e s . etc. pelo menos a utilidade dos dicionáios analógicos.). c) os de id é ia s a n a ló g ic a s o u a f i n s : é o dicionário analógico propriam ente dito. dicionários bibliográficos.) mas dão também informações subsidiárias a respeito do vocábulo (a g r termo técnico de agricultura.1 Dicionários analógicos ou de idéias afins Muita gente que lida com palavras. não se defi­ ne a palavra-verbete.. ou um advérbio terminado em — m e n te . de que sabe realm ente como consultá-lo. As abreviaturas e sinais convencionais merecem igualmente muita atenção. Por isso merecem eles aqui um a refe­ rência especial. de artes plásticas (pintura. substantivo comum de dois gêneros. que constitui um a versão mais prestimosa do que o de sinônimos.). só um dicionário especializado é capaz de nos desfazer dúvidas a respeito do sentido exato de determinadas palavras. por exemplo. em que. o estudante deve certificar-se. arcaísmo. arquitetura. dicionário de botânica. mas também da lista de abreviaturas e sinais comum ente adotados. substantivo masculino. procurar um adjetivo pela sua forma feminina. prov. como veremos adiante. desconhece. Isso acontece quando o termo procurado tem significado tão específico que não admite sua inclusão nos dicionários comuns. A lista é numerosa. o leitor ficará sabendo. di­ cionário gramatical.UFPEBiblioteca Centrai' O t h o n M. de arte poética. dicio­ nário de literatura. do do adjetivo de que se derive. g lo s s á r io s Antes de utilizar-se do dicionário. às vezes. etimológico.. Os dicionários especializados ou técnicos — ditos também. se a acepção do masculino é a mesma.. v o c a b u lá r io s . .. . de que se trata de obra digna de crédito. via de regra. 10“ ed ição ) iN cw c v c i u e ie s u s e i geral de movimento. Eles são organizados de tal forma que permitem uma distribuição racional do vocabulário da língua. colear. As obras desse gênero vêm. inclusi três classes: Sfubstantivos). em fonte de novas idéias. tremem. rolam. nã< sar. om itir. in q u ie to . ágil. sem que nos venham as palavras de sentido específico capazes de traduzir nosso pensamento. a ps encontrado. que pertençam ao mesmo campo semântico ou asso­ ciativo. d esv iar-se d o b o m cam i­ nh o . Muito freqüentemente. M ovim ento (v. muitos oscilam. Nesse caso. saracoteiam. seipeiam. V (erbos). saltam. balançam. arremessam-se. Ora. voltear. Aqui. afetiva. desli. D eslizar. Dicionário am . vôo. int. cam in h ar. “a luta pela expressão” parte das palavras para as idéias. correspondentes às categorias filosóficas (relações abstratas. facilitando o encontro da palavra ignorada pela oportunidade que se ofere­ ce ao consulente de percorrer um grande número de outras que se lhe asso­ ciem ideologicamente. e s c o rre g a r b ra n d a m e n te . t. disparam.. corrida. muito vagas. se infiltram. escorregar su a v em e n te.). azougue. resv a lar. 104 m óvel. consultando apenas os dicionários de definições ou de sinônimos. a luta pela expressão parte das idéias para as palavras. todos os seres e objetos podem mover-se ou dar-nos a impressão disso. quando já temos a palavra cujo sentido exato desejamos saber ou para a qual procuramos um sinônimo que m elhor se ajuste a de­ term inado contexto. am b u lan te. M over-se.. outros voltei­ am ou planam no espaço aéreo. M óvel. A (d je tiv o s). precipitamse. os dicionários analógicos são os que mais nos ajudam a achar a palavra exata para a idéia imprecisa que nos ocorra. p atin ar. divididas em capítulos de or­ dem geral. mas pt so contexto. troteiam. atiram-se. espa­ ço. uns deslizam. mas como desencavá-la e pô-la em circula­ ção. Mas como descobri-la? É possível que a tenhamos esqueci­ da lá nos escaninhos da memória. em determ inado mo­ m ento. vale dizer. tremulam.. onde se encontram não apenas os sinônimos e antônimos mais co­ muns. s cha. o que nos permite adm itir que nela se encontrará sem dúvida a palavra exata para a idéia que temos em mente. entretanto. circulam. pendulam. se m o v en te. desembestam. faculdade cognoscitiva. d esv iar-se. há os que se insinuam. mas tam bém uma série de termos de sentido metafórico.. Os números em itáli betes. Portanto. se eles nos dão em cada verbete apenas os termos que mais de perto se relacionam pelo sentido específico. marcham. deslisar:) (Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa . Ora. (Cf. Suponhamos que o estudante esteja à procura de um verbo de senti­ do específico com preendido na idéia geral de movimento. sem grande pe Tomemos. trepidam. até certo ponto. r e i desviar-se. Re rá a “palavra-mestra" ou 1 onde se relacionam os sin caso em apreço. serp ear. mas cada um deles. matéria. 796 — 19 8 ■ m o v im en to . serpenteiam. v. o que pode redundar. trata-se de dizer que alguma coisa se move.. etc. aqueles < nados à idéia geral. s u p e rv is io n a d o p o r A urélio B u a rq u e d e H o lan d a F erre ira. faculdade volitiva. se do índice rei la para a qual o consulenti resta-lhe recorrer ao plan agrupadas de acordo com < idéia de movimento im plia 26 gpiTZiiR Carlos. vivo. o verbo deslizar. > c o rre d io . viajar. tro ta gar. rastejar. enve­ redam. 10 4 — 114 — m o v er-se. mover-se-á de maneira especial: uns simplesmente andam . Locom oção. alguns voam. lear. nôm ade. saltitam. A série é quase inumerável. fileiram-se os antônimos co mos respigados nos verbete 196. P assar em silêncio. só nos ocorrem idéias ge­ rais. arrastam-se. e estes. por exemplo. p a ssa r d e leve. de regra. rastejam. m archar. m ovec tico .. p. afa star-se pouco a po u co . 2 1 2 — 21. não pela idéia geral? Tomemos. outros correm. como exei eidos e mais acessíveis.. rem ovív Mas. ele encont m o b ilid ad e . n ag ilidade. vários galo­ pam . pulam . 191 S (u b stan tiv o s). Cada um desses capítulos se subdivide em títulos mais específicos.210 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Os dicionários de definições e de sinônimos só nos prestam realm en­ te ajuda valiosa. em ver­ betes. deslizar. p au sa. salto. voltear. corrida. Locom oção. M óvel. Vejamos como amostra alguns ter­ mos respigados nos verbetes 196 e 197: 196. No caso em apreço. vôo. e m ­ perrar. to.. 104 m óvel. e sc o rre ­ gar. Etl. letárgico. se m o v e n te . 212 e 213) indicam os principais ver­ betes. trav a m en agilidade. Globo. fixo. G arc ia ♦ 211 Nesse verbete só se indicam dois ou três aspectos particulares da idéia geral de movimento. Dicionário analógico da Kngtta portuguesa. Portanto. distribuídos todos em três classes: S(ubstantivos). o leitor encontra­ rá a “palavra-m estra” ou “palavra-guia”. n ã o d e s c a n ­ sar. e s ta r fixo. azo u g u e. seguida do núm ero dos verbetes onde se relacionam os sinônimos e antônimos a ela correspondentes. sem grande perda de tempo. in ab aláv el. VÇerbos). p atin ar. 1 0 4 — 1 1 4 — 128 m over-se. o termo específico. alto. cam in h ar. am b u lan te. M over-se. 212 — 213 Os núm eros em itálico (196. aq u ietar. estagn ação . i A (d jetiv o s). 7 9 6 — 198 — 199 m o v im en to . . im óvel.. resta-lhe recorrer ao plano de classificação. inclusive os de sentido figurado. Q uieto. en tre v ad o . como exemplo. Efetivamente. Ora a idéia de movimento implica a de espaço. se do índice remissivo não constar como “palavra-m estra” aque­ la para a qual o consulente está procurando um sinônimo mais específico. vivo. nôm ade. M ovim ento (v. calm o. m ar­ cha.26 um dos mais conhe­ cidos e mais acessíveis.. rebolear. ele encontrará alguns sinônimos ou cognatos de mover: m o b ilid ad e . m ovediço. p a ra ­ do. onde as idéias gerais estão agrupadas de acordo com as categorias filosóficas e suas subdivisões. p la n ta rse. Tomemos. A. se rp e ar. vadiagem . e r r á ­ tico . viajar. rastejar. 198-223) — 197.. a palavra procurada. m obilidade. o de Carlos Spitzer. Mas. Recorrendo ao índice remissivo. firm e. No verbete colateral enfileiram-se os antônimos correspondentes. na categoria de es­ 26 SPITZER.. tro tar. d escan so — S.. d e ita ­ do. ágil. Fi­ S (u b stan tiv o s). in q u ie to . c o rre d io . vale dizer. mas pode acontecer que nenhum deles se ajuste ao nos­ so contexto. es tag n a d o . corrediço. rem ovível. p a ra d a . Cíirlos.. 1958. fica r q u ie to . N ão m over. xação. A(djetivos) e V(erbos). basbaque.. aqueles onde estão os termos mais intim am ente relacio­ nados à idéia geral. Porio Alegre. rem ansoso. m archar. nos dicionários analógicos. só pode ser encontrado.. coleàr.. im o b ilid a d e. V. qu ed o .O t h o n M. pelo menos a quase-totalidade das palavras portuguesas que expressam movimento ou imobilidade. com o da maioria das obras desse gênero. 116. quando a palavra lingüístico ou outras raz melhor é recorrer então seu verdadeiro sentido ar . en d é p it de. foi j te . a idéia geral de causa. e n e rg ia . • — A ttribuer la ca u se à: im p u ter à (accep en d an t. réagir. 2 0 7 ). car: m inism e (: libre a rb itre 1 5 3 ). R ésultante. | source: conséquence.. accijd a n t. b ien que. do Diccionario ideoló­ gico de la lengua espafiola. en j que p ode a tu a r ou se m an ça . o p o r m ó v el. do Appendice ao 2o volume do Traité de stylistique française. Etc. pro I tu ar. É o caso. o rig em . contribuer à (cf. Facteur.. Seja. d an s le m êm e sens q u e. p ro v en ir de: ab o u tir à. gerar. so rt (cf. agir effet. Causa — S (u b sta n í sa . em língua portuguesa. 1etc. — Être cause. toutefois. original. s’o p p o se r (cf. II. Neles se acha­ rão. Força violenta (im p e tu o sid a d e .. Influence. in év itab le: fo rtu it. 2 a). radi | brião. fatal. d éco u ler d e . depent curso de causas. originário. principe. en effet. ascencessaire. susciter (cf. O plano do dicionário de Spitzer coincide. etc. origine. n eu tra lise r (aid er: e n tra v e r 206). N e­ . etc. V (erbos). de Francisco Ferreira dos San­ tos Azevedo. Causes concordantes: Causes op­ 13. IV Moção.. geneal« 1 118. e tc 120. c’est d e n ta le (cf. de d estin.27 posées. Espaço em geral. m a n an c ial.paço (Classe III. causer. — C ause. m o tiv o . Os demais dessa á por palavras ou expressõ C. Ê tre d e stin é à. so rte que. — M algré. influer. b ase. assim como no índice remissivo: 27 Os números entre parênteses remetem para outros verbetes. faire (to m b er en. ac a rre ta i. do Dicionário analógico da língua portuguesa. Nécessité. é acc pecífico. parce que. quer.. 14). por certo se não todas. do n c. A (djetivos). tenir à: résulter. (m o tif 191 a).. co n trib u er à: n aître. Raison 15. . actif: (passif). Concourir. résultat.) Vejamos agora. I o ca siã o . 8 0 ). com a diferença de que deste se excluem as palavras puramente concretas. la n ç a r os ! to s d e . venir. verbe­ tes 114 a 128.. possam ter algum valor simbólico. de forma que terá de recorrer aos títulos das categorias de ordem geral e suas subdivisões. en conséquence. e ainda. ím p e to . de Charles Bally. provo­ C oncordant: opposé. Se ela faz parte sentido exato não porque acostumado a lê-la ou ot sem prejuízo para a clare dizer.. 153). encontram-se as se­ guintes subseções: I. de Julio Casares. etc. i E assim prosseguei falta de influência.). por exemplo. A palavra-m estra — causa — encontra-se na Seção VIII da Classe I (Relações abstratas). D éte r­ ■p o u rq u o i. agir sur. p o tê n c ia . filiação.. fa ta lité : H asard.. etc. Prim eiro. C au salité i 14. s’en su iv re.. etc. Ao lado de Moção vêm os números dos verbetes 196 a 223. C oncours: conflit. báj í dial. action co nco rd an te: réaction. no dicionário de Spitzer. d a r . D estiné. C ausar.. ação cont Depois de consulta tudante fique decepciona* antes de “adotá-la”. contrarier.. segundo o plano de Carlos Spitzer). action. Forma. onde achará o verbete causalité: 114. Dimensões. (C onclusion 1 3 3 ). III. ic u se r 2 9 1 ). Indicação da (d e riv a ç ã o . I p a r co n séq u en t. Cause: Effet. um a am ostra parcial dos verbetes relacionados com essa mesma idéia de causa. (M ourir) d e (faim . m otivar. salvo as que. causal.— Pourquoi?. co n sp irer: aller con­ Avoir Lolle ou telle cause: — tel ou tel tre.. por exemplo. Força criadora. como diz o próprio Autor. em linhas gerais. No Appendice de Bally não há índice remissivo onde o consulente possa encontrar a “palavra-guia”. o casião. Força branda. falta de influência..O t h o n M. quer dizer. s o rte . te m p eran ç a. fra q u e za (im p o tên cia. dependência de algum influxo. n a sc e n ­ dução. ind icação da causa eficiente \ (d eriv aç ão . p re -' guiça. b a se . influência. fo rtu n a . etc. Falta de causas determ inadas. te r fo n te. ím p e to .. o melhor é recorrer então a um dicionário de definições para certificar-se do seu verdadeiro sentido antes de empregá-la.. Prim eiro. se lhe conhece o sentido exato não porque a use habitual ou ocasionalmente. Mas. etc. Força criadora. etc. criação. pro.. ação contra. razão . ac a rre ta r. reb en to . V (erb o s).. prim or­ dial. Depois de consultar dicionários como esses. D eriv ad o .) j . cia. mas porque está acostumado a lê-la ou ouvi-la. filho d c. original. causa contrária ou efeito. I sc r o b ra d e. la n ç a r os fu n d a m e n ­ tos d e .. m a n a n c ia l. 1 A (djetivos). germ i-1 nar... fonte. quando a palavra é inteiramente desconhecida. p o tê n c ia . A . e n e rg ia .. a escolha se faz sem maiores dificuldades ou sem prejuízo para a clareza da idéia a ser expressa. etc. não é provável que o es­ tudante fique decepcionado: a palavra que ele procura tem de estar lá. co n seq ü ên -i I sa.. gerar. é aconselhável certificar-se do seu verdadeiro sentido es­ pecífico. m otivo. o rig em .. ensejo.. d a r aso. G a rc ia ♦ 213 114.) 121. viva.. etc. m otivar.. o p o rq u ê. efe­ tuar. S er re s u lta d o .) [ 120. V.. Os dem ais dessa área semântica de causa e efeito vêm encabeçados por palavras ou expressões mais específicas. pro d u to . produzir.. Causa — S (u b sta n tiv o s). desenvoL ver-se. | que pode a lu a r ou se m anifestar (for! ça. por exemplo: ! 116. d eriv a tiv o . provir.. j acaso (azar.) 117.. F f eito — 5. 118.... con­ curso de causas. etc. originário..) I brutal E assim prosseguem os demais verbetes: força destruidora.. isto é. o rig em S em . filiação. etc..) Ii 119. b o n an ça. Em caso contrário. energia ativa. tendência para influir. | (im p e tu o sid a d e . radical. etc. etc. colheita. efeito.. Se ela faz parte do seu vocabulário passivo. suavidade (ca l­ m a. e m b rio n á ­ rio (sic). causal.. C ausar. fruto. nascim ento. . im produtibilidade.. seara. resultado. cansaço. I te. básico. Cau115. Força violenta. g en e alo g ia... resu ltar. em em ­ brião..] | m óvel.. re b e n ta r. v ir d e. etc. Inércia. antes de “adotá-la".. ou apenas o instinto lingüístico ou outras razões às vezes misteriosas parecem recomendá-la. etc. Um d ic io n ário . Nele. distingue-se da le. explica m uitas palavras e frases. opor-se tanto a “dici< das palavras usadas por t a “vocabulário”. 1. v ic iad a s no uso ou tra z id a s de lín g u as e s tra n h a s.4 Dicionários dê D icionário. pois o k passo que o vocabulário p 5. e d iferen ç a-se em que.2 Dicionários de sinônimos A maioria dos dicionários ditos “de sinônimos” se limitam a dar as palavras de sentido equivalente ao da entrada ou cabeça do verbete. vocabulário.seus artig o s p o r o rd e m alfab ética. inscrições. cif. entre várias de significação assemelhada. pois. assunto do tópico seguinte. Roquete e José da Fonseca — Dicionário dos sinônimos — poético e de epí­ tetos — da língua portuguesa. De forma que as distin­ ções de sentido que se fazem. que. A p a la v ra vocabulário só significa ca tá lo g o d e vozes d e u m a lín g u a o u ciência. Elucidário ê um glossário talvez m enos com pleto. n em d ev e e s te n d e r a m ais exp licaçõ es que a s m a té ria s do s vocábulos. A l “lexicologia". os quatro verbetes transcritos da segunda parte desse dicionário de Roquete fogem às rígidas normas lexicográficas usuais. III Dicionário contemporân IV Dicionário da língua po V Grande e novíssimo dici VI Dicionário de sinônimos 28 Gramáticos e filólogos luso-bn (ou sua variante gráfica "lexiolos consideradas em relação ao seu 1 flexões” — como a definia Emes Said Ali: “a lexeologia (assim gra por um.214 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a 5. nários. b á rb a ra s. reservam um a parte de suas páginas para elucidar as di­ ferenças.3 Lexicologia e 5. elucidário Para se ac h arem p ro n ta c com o d am en te as palavras e dicções próprias d e u m a língua. al­ guns. etc. e au to riza sua ex plicação com d o ­ cu m en to s. seu uso e su a c o rre sp o n d ê n c ia com as de o u tra . se d istrib u e m po r rigorosa o rd em alfab ética. coisas n o táv eis. Quanto à distinção entre “dicionário” e “vocabu­ lário”. m as não se e ste n d e . lin g u a g em . líng u a. su a significação. além do rol de sinônimos. difíceis. (Para as referência: bliografia). cic. se a sse m e lh a aos dicionários e vocabulários na co lo ca çã o maLerial d o s . Glossário vem d a p a la v ra greg a glossa. Como se vê. e partir daí para ou­ tras (breves) informações pertinentes. d e su sa d a s. e não mais. a n tiq u a d a s e o bsoletas. Exemplo de dicionário desse tipo é o de J. II Novo dicionário da lín Ferreira. q u e n ão só elucida. Tal é o d o Pe. se n ã o q u e e x a m in a usos. é às vezes id io tism o . encontra-se tam bém uma parte em que os Autores mostram os matizes semânticos de inúmeras palavras. Existe quase sempre a palavra exata para traduzir nosso pensam ento. vá lá o seguinte verbete como ilustração: Lexicologia28 é o es cabulário tom ado aqui nc língua”. entretanto. p. D icionários de definiç I Dicionário da língua pc m oderna. incluindo-a implide ção de Said Ali (cf. não há em qualquer língua duas palavras que signifiquem exatamente a mesma coisa: todas. costum es antigos. 1É . até na sua disposição tipográfica. e a isto ch a m a m o s p ro ­ p ria m e n te dicionário. já vimos.. levando-se em consideração determ inado contexto. são indispensáveis. op. — Por e x te n sã o se d iz d a s vozes Lécnicas d e q u a lq u e r ciência ou arte . como o faz o dicionário registra os fatos comuns e consc da língua portuguesa. conviria propô-la em termos mais atualizados. disse um lite ra to fra n cê s. em esp ecial nas lín g u as m o rta s. te rras. I. às vezes sutis. e não propriam ente sinônimas. essa obra sa lírigua portuguesa). é po r certo m u ito p recio so p ara os p o r­ tu g u e ses pelas riquíssim as notícias que ali lhes dá d c coisas an tig as. e a in d a de pesso as ilu stres. se n ão é tão co m ­ p le to com o o Glossário de Du C ange. S an ta Rosa. tra ta d e p a la ­ v ra s e frases o b sc u ra s. que sem e le se ria m d esco n h e cid a s aos m odernos. Já que estamos falando de dicionários. na realidade. A primeira é ciênc de a mais alta antigüidad< to de vocábulos de um i como sinônimo de “dicioi capaz de se enriquecer se: de correntes lingüísticas r do. glossário. p o ré m m ais difuso. dependem do contexto. mas só existe uma. é o in v e n tá ­ rio d a lín g u a p o r o rd em alfab ética. p. 15). opor-se tanto a “dicionário” — quando com preende apenas o elenco das palavras usadas por um autor. mas a segunda já era praticada.3 Lexicologia e lexicografia . pertence à língua (langue). VI Dicionário de sinônimos e locuções da língua portuguesa — Agenor Costa. edição e data. por exemplo). no que parece ter seguido. ou. Mas. que é um repertório “aberto”. des­ de a mais alta antigüidade. como se sabe. 5). capaz de se enriquecer sempre (com nelogismos. A Nomenclatura Gramatical Portuguesa ignorou. que é a técnica da confecção de dicio­ nários. p. 1. 28 Gramáticos e filólogos luso-brasileiros cle outras gerações (quantas?) entendiam a lexicologia (ou sua variante gráfica “lexiologia”) como aquela “parte cia gramática que trata das palavras consideradas cm relação ao seu valor. pois o léxico. p. ou científico. local. Uma e outra cuidam do léxico. h sua classificação e às suas formas ou flexões” — como a definia Ernesto Carneiro Ribeiro (Serões gramaticais. distingue-se da lexicografia. ver Bi­ bliografia). lato sensu. A prim eira é ciência moderna. Divide-os em um pequeno número de grupos ou categorias ç registra os fatos comuns e constantes e os fatos variáveis e excepcionais” (Gramática secundária da língua portuguesa. G a r c ia ♦ 215 5. à sua etimologia. op. II Novo dicionário da língua portuguesa — Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. incluindo-a implicitamente na “morfologia”. e. à luz de correntes lingüísticas mais em voga. como tal. essa obra saiu com o título de Novo dicionário compacto da língua portuguesa).O th o n M. a “lexicologia”. “léxico” pode até. 15). do vocabulário — vo­ cabulário tom ado aqui no sentido lato de “catálogo das palavras de uma língua”. I I I Dicionário contemporâneo da língua portuguesa — C aldas A ulete. aliás. a li­ ção de Said Ali (cf. que é o conjun­ to de vocábulos de um idioma. p. ordinariam ente em pregado como sinônimo de “dicionário”. IV Dicionário da língua portuguesa — Cândido de Figueiredo.. 5.4 Dicionários da língua portuguesa mais recomendáveis (Para as referências relativas a editor. um a ciência ou um a técnica — quanto a “vocabulário”.Dicionário e léxico Lexicologia28 é o estudo teórico. V Grande e novíssimo dicionário da língua portuguesa — Laudelino Freire. 16). cit. como o faz o dicionário. quer dizer. em certo senti­ do. D icionários d e definições e sinônim os I Dicionário da língua portuguesa — Antônio de Moraes Silva (em edição moderna. . ao passo que o vocabulário pertence ao discurso (parole). como queria Said Ali: “a lexeologia (assim grafava a palavra o grande mestre) não examina os vocábulos um por um. Roquete e José da Fonseca. Dicionário etimológico da língua portuguesa (Tomo I: nomes comuns. Dicionário analógico da língua portuguesa — Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Dicionário de idéias afins — Eduardo Vitorino. Dicionário analógico da língua portuguesa — Carlos Spitzer.).♦ Com a \ c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a VII Dicionário de sinônimos — Antenor Nascentes. D icionários etim ológicos I II III Dicionário etimológico Nova Fronteira — Antônio Geraldo da Cunha. Tomo II: nomes próprios) — Antenor Nascentes. I TERCEIRA PAR . I. D icionários analógicos I II III IV Dicionário geral e analógico da língua portuguesa — Arthur Bivar.). Idem . Dicionário etimológico da língua portuguesa — José Pedro Machado. VIII Dicionário dos sinônimos — poético e de epítetos — da língua portu­ guesa — J. 3. enciclopédicos e /o u ilustrados I II Pequeno dicionário enciclopédico Koogan Larousse — Antônio Houaiss (dir. ' 4. Dicionário prático ilustrado — Jaim e Séguier (dir. \ 2. . e padrão não apenas no sentido de modelo. tudo dependendo. Tal critério nos leva. não nos im pede de apon­ ta r e /o u com entar exemplos tanto dos que. Trata-se. de procurar características comuns e constantes em p arág ra­ fos carentes de estrutura típica. que a p rá­ tica nem sem pre confirma. por conseguinte.. ten tar sistem atizar o que é assistemático. De forma que esse conceito se aplica a um tipo de parágrafo considerado como padrão. ou nuclear. na obra de escritores — sobretudo m oder­ nos — de reconhecido m érito. intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. das idiossincrasias e com petência (competence) do autor. por isso. falta de objetividade e outros defeitos) e.. . que se deva ou que convenha imitar. revelam-se ineficazes como forma de comunicação.. hiatos lógicos. da natureza do assunto e sua complexidade. quanto dos que. em que se desenvolve determ inada idéia central. tam bém atípicos — mas atípicos por serem pro­ duto da inexperiência ou do arbítrio inoperante —. de. a que se agregam outras. se distin­ guem pela eficácia dos recursos de expressão e do desenvolvim ento de idéias.0 O parágrafo como unidade de composição 1. tanto quanto da espécie de leitor a que se destine o texto. do gênero de composição. de protótipo. a resistir k tentação de. ou predom inante.1. todavia. pode haver tam bém diferen­ tes tipos de estruturação de parágrafo. Isso. ou conceito. assim como há vários processos de d e­ senvolvim ento ou encadeam ento de idéias. incongruências. dada a sua eficácia..1 Parágrafo-padrão O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período. secundárias. mas tam bém no sentido de ser freqüente. do propósito.. fugindo à norm a. pois. falta de unidade. de um a definição. quer dizer. é claro. denunciam desordem de raciocínio (incoerências. evidentem ente. . de protótipo. de um a definição. não nos im pede de apon­ tar e /o u com entar exemplos tanto dos que. De forma que esse conceito se aplica a um tipo de parágrafo considerado como padrão. em que se desenvolve determ inada idéia central. ou nuc/ear. quanto dos que.. intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. tam bém atípicos — mas atípicos por serem p ro ­ duto da inexperiência ou do arbítrio inoperante —. quer dizer.. revelam-se ineficazes como forma de comunicação. do gênero de composição. e padrão não apenas no sentido de modelo.0 O parágrafo como unidade de composição 1. falta de unidade.. falta de objetividade e outros defeitos) e. por conseguinte. incongruências. mas tam bém no sentido de ser freqüente. tudo dependendo. secundárias. Tal critério nos leva. todavia.1. do propósito. que se deva ou que convenha imitar. fugindo à norm a. . de procurar características comuns e constantes em p arág ra­ fos carentes de estrutura típica. hiatos lógicos. por isso. a que se agregam outras. denunciam desordem de raciocínio (incoerências. é claro. Isso. se distin­ guem pela eficácia dos recursos de expressão e do desenvolvim ento de idéias. que a p rá­ tica nem sem pre confirma. da natureza do assunto e sua complexidade. evidentem ente. dada a sua eficácia. assim como há vários processos de d e­ senvolvim ento ou encadeam ento de idéias. das idiossincrasias e com petência (competence) do autor. na obra de escritores — sobretudo m oder­ nos — de reconhecido mérito. ou conceito.1 Parágrafo-padrão O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período. ou predom inante. Trata-se. de. tanto quanto da espécie de leitor a que se destine o texto. pois. ten tar sistem atizar o que é assistemático. pode haver tam bém diferen­ tes tipos de estruturação de parágrafo. a resistir à tentação de. o núcleo dessí perspectiva. a ex­ tensão do parágrafo. o seu núcleo. varia também suà extensão: há parágra­ fos de um a ou duas linhas como os há de página inteira. E não é apenas o senso de proporção que deve servir de critério para bitolá-lo. por um trecho descritivo. do que resulta. admitindo-se. de sa "Estávamos em plena secs de toda a narrativa. 3.2 o parágrafo oferece aos professores oportunidades didáticas de aproveitamento. assinalandose. É verdade. dis­ postos.1 o parágrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientem ente as idéias prin­ cipais da sua composição. em grande monta. se o da n crição é ou deve ser um qi te num determinado instai Ora.0). The English Journal. É. como se pode ver no seguinte exemplo: 1 Nos códices não aparece esse espaço livre (“branco paragráfico” ou “alínea”). deram o sinal de parágrafo (§). 6. permitindo ao leitor acom panhar-lhes o desen­ volvimento nos seus diferentes estágios. em certa medida. pelas razões que apontaremos em tópicos sub­ seqüentes.2 Importância do parágrafo 1 2 Indicado m aterialm ente na página impressa ou m anuscrita por um ligeiro afastam ento da margem esquerda da folha. i. que indiossincrasias pessoais nem sem pre levam em consideração esse critério. principalm ente. se a composi­ ção é um conjunto de idéias associadas. à margem a separação do trecho anterior por um signo tipográfico constituído p o r dois “ S S " (abreviatura de s ig n u m se c tio n is. set. n. tanto quanto elas correspondem às diferentes partes em que o Autor julgou conveniente dividir o seu assunto (ver 7. a qu< Dando ao trecho es Autor fracionou o que j á idéias secundárias correia . Francis X. vol. 8 1. como já assinalamos. “An inductive m ethod of teaching com posi­ tion". a sua idéia central. pass dade.e. muitas vezes. Ora. Brian K. 1963. 2 TRAINOR.. cal com o é conhecido hoje e em pregado ainda nos códigos e leis principalmente.3 Extensão do parágrafo Tanto quanto sua estrutura. encontramos nele n Se o núcleo do pará terminada idéia.. entretanto. mas tam ­ bém. 3 4 5 Como unidade de composição “suficientemente ampla para conter um processo completo de raciocínio e suficientemente curta para nos permitir a análise dos componentes desse processo. mais eficaz do que rodo o contexto de um a composição. Pl. que as idéias mais comple­ xas se possam desdobrar em mais de um parágrafo. que. 6 7 < 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Consideremos. esse é o seu der um só parágrafo. p. verticalmente.. na medida em contribuem para a tarefa da comunicação". adn das restantes como um a e pósito de enunciar. pois. 422. uma paragrafação arbitrária: a idéia-núcleo fragm entada em grupos de li­ nhas que do parágrafo só têm a disposição tipográfica.220 ♦ Co municação em P rosa M oderna 1. 1. pelo menos — deve corresponder a cada um a dessas idéias. e MCLAUGHLIN. mais tarde. sinal de separação o u de seção). cada parágrafo — em princípio. da divisão do assunto que depende. por evidente. C om o m a n is fe s ta ç ã o d a v id a p e rc e b ia m -s e o s g e ­ m id o s d o g a d o . vista através da ramaria seca das árvores. i. uma esfera candente. e n ão se o u v ia o trin a d o d e u m a ave. por ora. in: N ova a n tologia brasileira. J á c o m e ç a v a a se in d iv id u a liz a r o c o n to rn o d a f lo r e s ta . de saída. o núcleo dessas dez linhas é o amanhecer. o A utor fracionou o que já era um fragmento da paisagem. pois. entrevisto de determinada perspectiva. na reali­ dade. A p r e tid ã o d a n o ite e s m a e c ia . um fragmento de paisagem ou ambien­ te num determinado instante. cuja caracte­ .O t h o n M. Se o núcleo do parágrafo de dissertação e de argumentação é um a de­ terminada idéia. te n d o n a fím b ria a c e s o o fa c h o q u e a in c en d io u . encontram os nele matéria para apenas um parágrafo e não cinco. A m an h ecia. sem nuvens que lhe velassem o disco. Ora. d e C lóvis M o n te iro . deveria correspon­ d er um só parágrafo. G a r c ia ♦ 221 E stávam os cm p len a seca. Um c re p ú sc u lo fu lv o a lu m ia v a a te rra com a c la rid a d e de u m in c ên d io a o longe. em princípio. A luz foi pouco a pouco tornando-se mais viva. o aspecto geral da paisagem.. suspensa no horizonte. esse é o seu quadro. n a a g o n ia d a fo m e . (R odolfo Teófilo. o c r o c ita r d o s u ru b u s nas carniças. p. entrevisto de certa perspectiva. No oriente assomou o Sol. se o da narração é um incidente (episódio curto). a que o Autor dá o nome de “0 bebedouro Dando ao trecho essa disposição tipográfica em pequenos blocos. Na realidade. separando das idéias secundárias correlatas a idéia-núcleo de “am anhecer”. apenas as dez primeiras linhas.e. “Estávamos em plena seca” nada mais é do que uma espécie de subtítulo de toda a narrativa. a s ilh u e ta d a s m o n ta n h a s ao longe. Parecia uma brasa. passível de nova disposição tipográfica. a que. o zu m b ir d e um inseto! R einava o silêncio d a s coisas m o rta s. 8 5 ) Consideremos. o da des­ crição é ou deve ser um quadro. s o m e n te e s q u e le to s n eg ro s. admitindo-se apenas que a prim eira linha se isolasse das restantes como uma espécie de introdução posta em realce com o pro­ pósito de enunciar. Trata-se de um trecho descritivo. A flo re sta c o m p le ta m e n te d e s p id a . n u a . e ra d e u m a e lo q ü ê n c ia trágica! A m anhecia. com outra perspectiva. traduzir não as impressões visuais e sim as predom inantem ente au­ ditivas (trinado. 1. luz mais viva. so­ bretudo na dissertação e na descrição. ocasionalmente. nas dez linhas iniciais. como vimos em 2. a que damos sentido mais amplo para nos permitirmos outras conclusões. se cações contidas no desem idéias é. o parágrafo-padrão. 12 e 13 correspondem realm ente a um pará­ grafo.) e nos propriamente ditos parágrafos. Entretanto. nião pessoal. O primeiro peri ção de m ostrar que s< pico frasal. quando inicial. debaixo dos mentadores de uma da se acharam em que chegaram até n priram um feito que era o país que desco do que em redor se se cumprira. um juízo. editais. ausência de nuvens) e o delinear-se gradativo do perfil da paisagem (contorno da flo­ resta. o tópico frasal encerra de modo geral e conciso a idéia-núcleo do parágrafo. nas cartas comer­ ciais. o i do o tópico frasal vem n sua conclusão —. auditiva. silhueta das montanhas. gemidos. O rumo das i desconcertante se o i . aquele de estrutura mais comum e m ais eficaz — o que justifica seja ensinado aos principiantes —. no último. itens e alíneas de leis e decretos. a brevidade do parágrafo decorre da pró­ pria natureza do assunto. representada na maioria dos casos por um ou dois pe­ ríodos curtos iniciais. que tradi dente. explanação mesma dessa idéia-núcleo. Em certos casos específicos.222 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a rística principal é o cambiar de cores e luzes (crepúsculo fulvo. nos sumários. o que o Autor pretendeu realçar foi a impressão visual da paisagem. de acordo com a estruturação que estamos pro­ pondo). Ei sal garante de antemão a definindo-lhe o propósito no seguinte exemplo de ( O Brasil é a i espécie humana pan mesmo. avisos. mas a “floresta despida”. pois seu núcleo já não é o amanhecer. s nem todo parágrafo apr< núcleo está como que d sendo apenas evocada pt tículas de transição (ver Pesquisa que fizemos em res permite-nos afirmar c sentam tópico frasal inic praticam ente todos os d quando damos como exe trutura de parágrafos poi (livros. editoriais da impi É provável que tai guas modernas. em que se expressa de maneira sum ária e sucinta a idéia-núcleo (é o que passaremos a cham ar daqui por diante de tópico fra ­ s a l ) 8 o desenvolvimento. agora. Constituído habitualm ente por um ou dois períodos curtos iniciais. zumbir. Voc. em que se expressa opi­ 3 ‘Tópico frasal” é uma tradução do inglôs topic sentence.. É.4 Tópico frasal Em geral. silêncio. a sua inten­ ção nas três seguintes foi traduzir-lhe a repercussão emotiva: “a floresta completamente despida. etc. precedi indutivo: do particular pa Se a maioria dos i tomemos como padrão pa remos de verificar que o por ou explanar idéias. consta. no primeiro pa­ rágrafo. na redação oficial de um modo geral (ofícios. o quadro) que justifica a paragrafação mas também a perspectiva em que se coloca o Autor e a prevalência das impressões (visual. focali­ zada mais de perto. crocitar). em essência. mas o propósito do Autor é.0 uma generalização. É o que acontece nos diálogos. de três partes: a introdução.. conclusões. era de uma eloqüência trágica As restantes (14 a 19) deveriam por sua vez agrupar-se num só p a­ rágrafo: seu quadro ainda é o amanhecer. as linhas 11. 2. decorra de um proa frasal. instruções ou recomendações (parágrafos ge­ ralm ente numerados). mormente nos parágrafos pouco extensos ou naque­ les em que a idéia central não apresenta maior complexidade. isto é. preridão da noite. ramaria seca das árvores). assomo de Sol. Se. mais rara.. Estamos vendo assim que não é apenas o núcleo (no caso da descri­ ção. claridade de incêndio. todas ind tina. e a conclusão. de duas e. Mas a maioria deles é assim construída. Se a maioria dos parágrafos apresenta essa estrutura. pelo próprio Autor. O rum o das idéias a serem desenvolvidas já está aí traçado: seria desconcertante se o Autor não explanasse. Assim fazendo. p. os e n s a ia d o re s. que traduz uma declaração sobre o Brasil como país indepen­ dente. o m étodo é essencialmente indutivo: do particular para o geral (ver 4. o método dedutivo: do geral para o particular. aliás. quando inicial. Essa proporção vem sendo ainda confirmada praticam ente todos os dias em nossas aulas. quando dam os como exercício aos nossos alunos a tarefa de estudar a es­ trutura de parágrafos por eles mesmos escolhidos nas mais variadas fontes (livros. co n ten te s. editoriais da imprensa diária. Quan­ do o tópico frasal vem no fim do parágrafo — e neste caso é. o tópico fra­ sal garante de antemão a objetividade. cu m ­ p rira m u m feito q ue te rm in av a com o triu n fo n a lu z d a p ró p ria glória. Som os os iniciad o res. todas marcadas pela herança greco-la­ tina. De fato. a coerência e a unidade do parágrafo. definindo-lhe o propósito e evitando digressões impertinentes. “Métodos”). que é o tópico frasal. funda­ . é natural que a tomemos como padrão para ensiná-la aos nossos alunos. m arav ilh o so o m u n ­ d o q ue e m re d o r se desd o b rav a. 3 3 2 ) O primeiro período — grifado.O t h o n m . p o d ia m voltar. 1. realmente. com a inten­ ção de m ostrar que se trata de idéia central do parágrafo — constitui o tó­ pico frasal. decorra de um processo de raciocínio dedutivo. p ro fu n d a s e g ra v e s em p re sa s q u e a in ­ d a se a c h a ra m em m ão s d a h u m a n id a d e . se não uma generalização a que se seguem as especifi­ cações contidas no desenvolvimento? Esse modo de assim expor ou explanar idéias é. sendo apenas evocada por palavras de referência (certos pronomes) e par­ tículas de transição (ver 4. justificando. precedido pelas especificações. a sua conclusão —. principalm ente particulares. Com.. G a r c ia ♦ 223 nião pessoal.4). dirigindo-se por si mesmo. (Ti'ês livros. É certo que nem todo parágrafo apresenta essa característica: algumas vezes a idéianúcleo está como que diluída nele ou já expressa num dos precedentes. Pesquisa que fizemos em muitas centenas de parágrafos de inúmeros auto­ res permite-nos afirmar com certa segurança que mais de 60% deles apre­ sentam tópico frasal inicial. artigos de revista). predominante também em muitas lín­ guas modernas. have­ remos de verificar que o tópico frasal constitui um meio muito eficaz de ex­ por ou explanar idéias. em essência. É provável que tal estrutura. o p u le n ta a te rra q u e p isav am . todas indo-européias. É isso que se vê no seguinte exemplo de Gilberto Amado: O Brasil é a primeira gi’ande experiência que faz na história moderna a espécie humana para criar um grande país independente. os ex p e ri­ m e n ta d o r e s d e u m a d a s m ais am p las. q u e tu d o p ara eles se cu m p rira. Enunciando logo de saída a idéia-núcleo.4.5. especificando. belo era o p aís q ue descobriam . Os n a v e g a d o re s d a s d e s c o b e rta s q u e c h e g a ra m a té nó s im pelid o s p ela v ib ra ç ã o m a tin a l d a R e n ascen ça. debaixo dos trópicos. se define ou se declara alguma coisa. um juízo. na redação fi­ nal. resta-nos m ostrar algumas das suas feições mais co­ muns. poderá o autor limitar-se a desenvolver cada um desses itens do seu plano. e na m esm a lin h a d esse d in a m ism o e s tã o os a m a d o re s d e im p recaçõ es e os a m a d o re s d e m o rd aç as (.) (G ustav o C o rçã o . o que anunciou nas três primeiras. até que maior desenvoltura e experiên­ cia na arte de escrever lhes deixem maior liberdade de ação. mais ou menos minucioso. Por isso tudo. Conhecê-los talvez contribua para abreviar aqueles momentos de indecisão que precedem o ato de redigir as prim eiras linhas de um parágrafo. 8 4 ) . principalm ente por ser um excelente meio de discipli­ n a r o raciocínio. nas linhas seguintes. D ez a n o s. restando-lhe fundamentá-lo. Na hipótese de o trabalho ter sido composto à base de um plano ou esquema. razões. e forçando-o a voltar antes do fim ao mesmo rum o de idéias que tom ara no princípio. recomenda-se aos pricipiantes que se em penhem em se­ guir esse m étodo de paragrafação. justificar ou fundam entar a asserção.0. porque nele está a síntese do seu pensamento. Se o Autor julgasse oportuno fazer digressões. com o que estará garantida a coerência entre as diferentes partes da composição.. o próprio tópico frasal o controlaria. apresentando argum entos sob a forma de exemplos. 1. Há vários artifícios. pode o conteúdo do parágrafo já es­ tar aí previsto como um dos seus itens. a presença do tópico facilita o resumo ou sum á­ rio. impedindo-o de ultrapassar certos limites.1 Diferentes feições do tópico frasal Admitindo-se como recomendável essa técnica de iniciar o parágra­ fo com o tópico frasal. o d elírio fascista o u o to rp o r m a rx ista sã o ex p ressõ es p o u co d iferen tes d o m esm o im p é rio d a v o n ta d e .4. se não for muito extenso. a) Declaração inicial — Esta é. O seu propósito já está definido.224 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a mentando. afirm a su a p re ­ p o n d e râ n c ia . o estudante não sabe como começar. à in telig ên cia su b stitu iu -se o g esto e o g rito . p a ra d e s e n c a d e a r o u e n c a d e a r. A V ontade. com freqüência. parece-nos. analogias. processos de explanação que veremos a seguir em 2. além dos quais elas se tom ariam descabidas. bastando para isso destacá-lo de cada parágrafo. a feição mais comum: o autor afirm a ou nega alguma coisa logo de saída para. restrições — fatos ou evidência. d iv in iz a d a . p. que a leitura dos bons autores — contem porâ­ neos de preferência — nos pode ensinar. Ora. Demais.. pois. o tópico frasal lhe facilita a tarefa. Assim sendo. em seguida. À re a lid a d e su b stitu iu -se o d in a m ism o . Vivem os n u m a época de ím petos. até mesmo n a sua forma definiti­ va de tópico frasal. confrontos. p.3): Estilo é a expressão literária de idéias ou sentimentos. p. se lhes magoam essa fibra melin­ drosa. cuja aspereza as lastimou. 39) c) Divisão — Processo também quase que exclusivamente didático. como faz Rui Barbosa no trecho abaixo: Generalização (tópico frasal) Não há sofrimento mais confrangente que o da priva­ ção da justiça. Ord. p. Às vezes. Lógica menor. feito de vários silogismos explícita ou implicitamente formulados). ainda que a mão. muitas vezes nunca mais o esquecem. imprecações são term os que sugerem a idéia de ímpeto). . dadas as suas características de objetividade e clareza. (Apud Luís Vianna. que se fundem num todo harmônico e se manifestam por modalidades de expressão a que se dá o nome de figuras. didática ou científica (ver 5. fundam en­ tando-a a seguir por meio de exemplos e pormenores (delírio fascista. é o que consiste em apre­ sentar o tópico frasal sob a forma de divisão ou discriminação das idéias a serem desenvolvidas: O silogismo divide-se em silogismo simples e silogismo composto (is­ to é. a definição é denotativa. dinamismo. gesto e grito.). E método preferentemente didático. que. i.... seguindo-se-lhe a contestação ou a confirmação. b) Definição — Freqüentemente o tópico frasal assume a forma de uma defini­ ção. Dis­ tinguem-se quatro espécies de silogismos compostos: (.O t h o n M ... G a r c ia ♦ 225 O Autor abre o parágrafo com uma declaração sucinta. (Augusto Magne. a divisão vem precedida por uma definição. ambas no mesmo parágrafo ou em parágrafos distintos.. As crianças Especificação (desenvolvimento) o trazem no coração com os primeiros instintos da humanidade. tor­ por marxista. No exemplo que damos a seguir... a declaração inicial aparece sob a form a negativa. Antologia.e. seja a do pai extremoso ou a da mãe idolatrada (.. é uma generalização (“Vivemos num a época de ím petos”). 95) O prim eiro período poderia servir de título ao parágrafo: é uma sín­ tese do seu conteúdo. 1.) (Jacques Maritain. 246) Via de regra. e. Resulta de um con­ junto de dotes externos ou internos. Princípios. no ca­ so. império da vontade. anedotas ou a acontecimentos de que o Autor tenha sido participante ou testem unha. in o p i­ n a d a m e n te se fendeu. crendices. como os seguintes. “C u rio sid a d e ”) N a flo resta v sis. pelo p assam e n to d e M arshall. 4 1 ) O padre Manuel Bernardes é. e a d v e rtid o q u e o a u d itó rio estav a p o u co a te n to .2 Omissão á Não encontramos essa técnica de iniciar i se m antenha suspensa c tir certos dados necessá dadeira intenção do aut mãos de um cronista ou Vai c h e g a r d> p assará d esp erce b id í m ais afo ito q u e sejí q u e ta n to as su sto u / rá e m lu g a r n e n h u n se d eix am co m o v er p ró p ria . (R. se a s­ s e n ta ra à s o m b ra d ele. op. não apenas crônica. até atingirem sua maioridade estilística. É artifício em prega­ do por oradores — principalmente no exórdio — e por cronistas. das associações implícitas ou explicitas. Nova floresta — favorec im itar pelos principiam* se com um parágrafo e da ou episódio real ou 15. (Nova flo r e s ta . há outros — na verdade.. até a posse da autonomia de expres­ são..1 Alusão histórica Recurso que desperta sempre a curiosidade do leitor é o da alusão a fatos históricos. Todavia. tradições. al­ guns deles podem ser devidamente caracterizados. com freqüência. in tro d u z iu com d e s tre ­ za o co n to ou a fáb u la d e u m c a m in h a n te q u e a lq u ila ra [alu g a ra ] u m j u ­ m e n to e. IL. quem tal­ vez com mais habilidade e mais freqüência se serve desse recurso. para servirem de exemplo aos principiantes. Rui Barbosa tira grande partido da alusão a um a tradição am ericana — a do Sino da Liberdade — para tecer conside­ rações sobre a im portância da justiça e do poder judiciário na vida políti­ ca de um povo: C onta u m a tradição cara ao povo am ericano q u e o S ino d a L iberdade. cujos sons a n u n c ia ra m . em h o ra s ir q ü ên c ia s d ire ta s d o ! (C O Autor anuncia t indicação clara sobre a ] expectativa. aproveitam incidentes do cotidiano como assunto não apenas de um parágrafo mas até de toda a crônica. É processo muil habilidade. oferece-nos inúm eros e excelentes exemplos. o n ascim en to dos E stad o s U nidos. estalan d o . em F iladélfia. sem a qual ■ com a peneira ou esconc . que. Nesse trecho — Demóstenes o mérito d p ertar a curiosidade do volvimento das idéias c pécie de introdução ao dade e a mania das no1 João Ribeiro. a le g a n d o q u e lh e a lu g a ­ ra a b e s ta m as n ã o a so m b ra dela. como introdução à : 15. entre os clássicos da língua. da ordem natural do pensamento e de outros fatores imprevisíveis. p.. p a r a se d e fe n d e r no d e sc a m p a d o d a força d a ca lm a [ca lo r]. E ra u m a d e s­ sas ca su a lid a d e s elo q ü en tes. pois tudo depende das idéias que inicialmente se im­ ponham ao espírito do escritor. tal foi a m aravü ro c id a d e d o s in stin t Aqui também o A são.5 Outros modos de iniciar o parágrafo Além do tópico frasal. inúmeros — meios de se iniciar o parágrafo. em título mas tam bém pel. obra cuja leitura é ainda hoje motivo de prazer.226 ♦ c O M U N I C A Ç A O EM PROSA MODERNA 1. No exemplo seguinte. lendas. e o alm o crev e [c o n d u to r ou p ro p rie tá rio d e b e s ta s de ca rg a p a ra alu g u el] o d e m a n d a ra p a ra m a io r p a g a . em q u e a alm a ig n o ta d as coisas p are ce le m b rar m iste rio sa m e n te aos h o m e n s as g ran d es v erd a d es esq u ec id as (. como o seguinte: O ra n d o u m a v ez D em ó sten es em A tenas so b re m a té ria s d e im p o rtâ n ­ cia. cit.). Em sua Nova floresta. Garcia ♦ 227 Nesse trecho — que vem a calhar pois nele já se reconhece desde Demóstenes o mérito desse recurso à alusão —. Todo o parágrafo constitui um a es­ pécie de introdução ao capítulo onde o Autor condena o vício da curiosi­ dade e a -mania das novidades. um truque. p. (Floresta de exem plos. mas não nos fornece nenhum a indicação clara sobre a personagem de que se trata. q u e ta n to assu sto u Ava G ardner. todo ele constituído pela alu­ são. sa b e rá p re sta r-lh e essa h o m e n a g e m e p itelial e d ifu sa. A maior parte das suas crônicas-narrativas abrese com um parágrafo encabeçado por uma alusão histórica (anedota.[ ü F P E Biblioteca C e n tra l \ O thon M. a m en d o eira . N ão te rá fo tógrafo s à esp e ra . ou. se nota clara influência da Nova floresta — favorece-nos com grande número de exemplos. É processo muito eficaz para prender a atenção. a seu modo. m antendo o leitor na expectativa. muitos de im itar pelos principiantes. q u e os an im ais. m as as coisas p o r aqui n ão se d e ix a m co m o v er facilm ente.5. prepara-lhe tam bém o espírito para o desen­ volvimento das idéias que se seguem. a anedota. se co m o v em p o r co n ta p ró p ria . n o te m p o d e S ão F ran cisco d e As­ sis. técnica que consiste em omi­ tir certos dados necessários a identificar a personagem e apreender a ver­ dadeira intenção do autor. E um artifício. E stará u m p o u co p o r to d a p a rte . G ra n d e e b o ticelesca fig u ra. “O n o v o E so p o ”) Aqui também o Autor usa o parágrafo. de chofre. Veja-se o exemplo: Vai c h e g a r d e n tro d e p o ucos dias. m as p a s sa rá d esp erce b id a. tapar o sol com a peneira ou esconder-se deixando o rabo de fora. não só pelo título mas tam bém pela técnica da narrativa. . len­ da ou episódio real ou imaginário): N a flo resta vizinha d e Cenci A ssisa. Fala. Tem u m a v a rin h a m ágica. em h o ra s indevidas. João Ribeiro. p o r m a is afoito q u e seja. mas exige certa habilidade. mas até o fim da própria crônica. ab ra çav a m as leis d iv in as q u e g o v e rn a v a m o m u n d o . e n ão e s ta ­ rá e m lu g a r n e n h u m . como introdução à narrativa inspirada na tradicional astúcia da raposa* 1. (C arlos D ru m tn o n d d e A n d ra d e . não apenas até o fim do parágrafo. 121) O Autor anuncia um fato. p e rd e n d o a fe­ ro c id a d e do s in stin to s. além de des­ pertar a curiosidade do leitor. n a su a re b e ld ia . ta l foi a m a ra v ilh a das prédicas d o sa n to . em Floresta de exemplos — obra em que. sem a qual o autor acaba tentando.2 Omissão de dados identificadores num texto narrativo Não encontramos outra expressão menos rebarbativa para designar essa técnica de iniciar um parágrafo de tal modo que a atenção do leitor se m antenha suspensa durante largo tempo. N in g u ém . em geral eficaz nas mãos de um cronista ou contista hábil. n o G aleão. d e so rte q u e n ão d e v e m o s e s p e ra r p elas co n se­ q ü ê n c ia s d ire ta s d o se u sortilégio. Admitamos que dissesse: “Manhosar é ficar naquele estado de beatitude. im itan d o a q u e le p rim eiro d ia d e C riação. segundo a Autora.5 Interrogação Às vezes. Explicit guinte feição: “Graves Posta no fim.’ . seguindo-se o desenvolvim ento sob a forma de resposta ou de esclarecimento: S a b e você o q u e é m a n h o sa n d o ? Bem . 1. todavia. a maioria dos parágrafos tidos como padrão (cerca de 60% deles) se iniciam com uma declaração sumária. fatos específicos). seguindo-se as especificações.) (D inah S ilveira d e Q u eiro z . essa decl. o m étodo indutivo. insatisfatória. q u e ignora esse e stad o d e b e a titu d e .. situ a d o nos lim ites d o so n o e d a vigília. lança ela mão desse artifício de interrogar primeiro o leitor para ir dando depois as respostas “aos pouquinhos” a fim de prender-lhe a atenção.5. Mas não são raros os casos em que o tópico frasal está implícito ou diluído no parágrafo. situado nos li­ mites do sono e da vigília.2. o desenvolvi­ m ento das idéias segue. do que resulta uma estrutura que. espica­ çada desde a primeira linha. além de tudo.. O espírito está recolhido. m as o ou v id o a n d a c a p ta n d o os sons. e esse e s tra n h o v erb o só se co n ju g a p e lo s e rtã o n o rd e stin o . inadequada ao clima da crônica e.4. e constituído de tal forma que se possa deduzir (ou induzir) claramente a idéia nuclear. e u Ihé ex p lico .1).S.” Seria uma definição meio didática. como no exemplo su­ pra. 10 9 ) Como artifício de estilo. n blemas urbanos. reflete o processo de racio­ cínio dedutivo (do geral para o particular. o parágrafo começa com uma interrogação. em q u e o nosso p e n s a m e n to flu tu a livre.2. em linhas gerais.5. Quando ocorre o contrário (tópico frasal no fim). 1. constituído apenas pelo desenvolvimento (deta­ lhes. com a p az interior. tícula conclusiva (porta equivalente. exemplos.5. Então. (“Esses sãc ta o Grande São Paulo.Q. q u a n d o a v o n ta d e d e D eus a in d a era a ú n ic a an tes d e sep arad a s as trev as e a luz. ver 4. tivesse começado com a definição inicial de “m anhosando”. os dados particulares. “M a n h o s a n d o ” In: Q u a d ra n te 2 . então. Com.228 ♦ Co m unicação em Prosa M oderna 15. Id. “m anhosar” é mais do que a sua simples definição nos pode sugerir. com a q u ie tu d e. Seu principal propósito é despertar a atenção e a curiosidade do leitor.. Se D. também em linhas gerais. e 6.. gran­ de parte do interesse do parágrafo seguinte estaria prejudicada. decla­ ração de ordem geral. (. 1. É o que se observa no se­ guinte exemplo: “O G ra n d e ! c irc u n d a m — j á a A p esar d a a lta arre p lic am a o lh o s vis c a p ita l p a u lista ser d e h o sp ita is é noto tax a d e poluição qu O trâ n sito é u m toi c id a d e d e d a r solu< d e três h o ra s d o se e d ito ria l d o Jornal A idéia-núcleo de cito) não é “o Grande população brasileira”.1 e 1. T alvez o am ig o nem te n h a tem p o p ara m an h o sar. sendo este. pois. N esses m o m e n to s som os d e um u niverso d e som bras. a interrogação inicial freqüentemente camu­ fla um tópico frasal por decfarapão ou por definição. q u e v o cê é h o ­ m e m d e a sfa lto . p. ou q u em sa b e se d o rm e ta n to .6 Tópico frasal implícito ou diluído no parágrafo Conforme já assinalamos em 1. q u e n ão m a is in terferem . assim. já anda em torno da décima parte da população brasileira”.” (De um ed ito ria l d o Jornal do B rasil.” Posta no fim. (“Esses são alguns dos graves problemas urbanos que enfren­ ta o Grande São Paulo.. o p a u lista p e r­ d e três h o ras d o seu dia p ara ir e voltar. Garcia ♦ 229 “O G ra n d e S ão P aulo — isto é. M e ta d e d a c a p ita l p a u lis ta serv e-se d e á g u a p ro v e n ie n te d e p o ço s d o m iciliares. a m e a ç a d a p o r u m a ta x a d e poluição que técnicos internacionais co n sid eram su p erio r à d e Chicago. Explicitado no início. pois o acréscim o d e novos veículos s u p e ra a ca p a­ c id a d e d e d a r solução d e u rb a n ism o ao p ro b lem a. A p e sa r d a a lta a rre c a d a ç ã o d o m u n ic íp io e d a s o b ra s cu sto sas.. O trâ n sito é um to rm e n to . q u e se m u lti­ p lic a m a olh o s vistos. o tópico frasal poderia assumir a se­ guinte feição: “Graves problemas urbanos enfrenta o Grande São Paulo. a c a p ita l p a u lis ta e as c id a d e s q u e a c irc u n d a m — já a n d a em to rn o d a d écim a p a r te d a p o p u la ç ã o b rasileira. por conseguinte) ou frase de transição equivalente. mas a série de fatos que refletem os seus graves pro­ blemas urbanos.) A idéia-núcleo desse parágrafo (o tópico frasal nele diluído ou implí­ cito) não é “o Grande São Paulo. essa declaração viria naturalm ente introduzida por um a par­ tícula conclusiva (portanto.U F P E Biblioteca Centra O thon M.”) . e n tre a casa e o tra b a lh o . E m m éd ia. A re d e d e h o sp itais é n o to ria m e n te d e fic ie n te p a ra a p o p u la ç ã o . a p e n a s u m te rç o d a c id a d e te m esg o to s. (O trecho p gênero: basta m udar o qi desenvolvimento. contrastes. Desenvol­ v im e n to Conclusão A arte (.) Tópico í Desenvolvimento é a explanação mesma da idéia principal do p ará­ grafo. mas. ou andavam no ganho. Os exemplos que a seguir comentamos talvez ajudem o estudante a es­ truturar o seu parágrafo de maneira mais satisfatória. qualquer que seja ele. comparações. A pobre cidade de São Luís do Maranhão parecia entorpecida pelo calor. e outros. apelo ao testem unho autorizado. apli­ cação de um princípio. Mas.1 Enumeração ou descricão de detalhes O desenvolvimento por enum eração ou descrição de detalhes é dos mais comuns. nossos ocasionais comentários valem menos do que os modelos que apresentamos. Voc. regra ou teoria. advirta-se. adormecido.0): T ó p ico frasal Desenvol­ vimento { Era um dia abafadiço e aborrecido. que variam conforme a natureza do assunto e a finalidade da exposição.2. a preocupação maior do autor deve ser sempre a de fundam entar de maneira clara e convincen­ te as idéias que defende ou expõe.0 Como desenvolver o parágrafo E um parágrafo de pressa no tópico frasal ii através dos pormenores: São detalhes que tom am aborrecido”. em mangas de camisa e pernas [calças] arregaçadas. Suas formas habituais paralelo (que se assenta ní oposição entre idéias isola< se. analogias. de Casti . F. invadiam sem cerimônia as casas para encher as banheiras e os potes. servindo-se de recursos costumeiros tais como a enum eração de detalhes. tudo estava concentrado. Em certos pontos não se encontrava viva alma na rua. baseia-se na sem elhanç conhecido pelo conhecido. e os aguadeiros. Quase que se não podia sair à rua: as pedras escaldavam. as folhas das árvores nem se mexiam. ilus­ trações. 2. o Exemplo clássico de paralelo que A. * pressentir E. as carroças d’água passavam ruidosamente a todo o instante. Observe-se como o i um a idéia suficientemente parte da declaração geral i 2.. abalando os prédios. Ocorre de preferência quando há tópico frasal inicial explíci­ to. em cot 2. exemplos. as paredes ti­ nham reverberações de prata polida. (tópico fi nossa ser fazendo j das e am realidade mundo nt sombra. definições precisas. como no exemplo já citado de Aluísio Azevedo (2. só os pretos faziam as compras para o jantar. as vidraças e os lam­ piões faiscavam ao sol como enormes diamantes.2 Confronto Processo muito com consiste em estabelecer coi nos. I-Iá diversos processos. Note-se a idéia-núcleo. faz en d o p e n s a r em coisas v ag a s e tra n s p a re n te s . e o n d e a p ró p ria d o r se ju stifica co m o rev e la ç ã o o u p re sse n tim e n to d e u m a vo lú p ia sa g ra d a. o estranho pelo familiar (ver 2. Exemplo clássico de desenvolvimento por confronto e contraste é o paralelo que A. coisas. uma oposição entre idéias isoladas. através de certos detalhes. tra n s p o rta n d o -n o s a um m u n d o novo. o n d e se a c la ra to d o o m is té rio e se d esfa z to d a a so m b ra. as folhas. São detalhes que tornam mais viva a generalização “era um dia abafadiço e aborrecido”. 91) Observe-se como o Autor. ex­ pressa no tópico frasal inicial (em itálico) e desenvolvida ou especificada através dos pormenores: as pedras. (Farias B rito. etc. e m co n clu são .) J T ópico D esen vol­ v im e n to A a rte ( .. d a n d o a v o lú p ia d o so n h o e d a h a rm o n ia . A analogia. F. a seguir). parte da declaração geral contida no tópico frasal. m as ilu m in a ­ d a s e am p las com o o firm am e n to . os lampiões.2 Confronto Processo muito comum e muito eficaz de desenvolvimento é o que consiste em estabelecer confronto entre idéias. É.O thon M. 2. seres. as paredes. (O trecho pode servir de modelo para exercícios do mesmo gênero: basta m udar o quadro da descrição e seguir o mesmo processo de desenvolvimento. de Castilho faz entre Vieira e Bernardes: . tu d o q u e é c a p a z d e e m o c io n a r s u a v e m e n te a < ^ C o n c lu sã o •< n o ssa se n sib ilid ad e . de preferência. que também faz parte dessa clas­ se. A antítese é. e o paralelo (que se assenta nas semelhanças). consegue dar-nos um a idéia suficientemente clara do que ele considera como emoção estética. d a n d o -n o s a v isão d e u m a re a lid a d e m ais a lta e m ais p e rfe ita . procurando explicar o des­ conhecido pelo conhecido. baseia-se na semelhança entre idéias ou coisas.3. a p u d Clóvis M o n teiro .. p. N ova a n to lo g ia brasileira. a e n e rg ia c ria d o ra d o id e al.) é tu d o o q ue p o d e c a u sa r u m a em o çã o estética (tópico fr a s a l). Garcia ♦ 231 É um parágrafo descritivo bastante bom. fatos ou fenôme­ nos. Suas formas habituais são o contraste (baseado nas dessemelhanças). a p o esia p ro c u ra v a a B e rn a rd e s. pois a idéia-núcleo é o pró­ prio confronto entre Vieira e Bernardes. o valor do contraste — de que a antítese é a figura típica — reside precisamente na sua capacidade de realçar certas idéias. A ntes se negam . p a ra a co rte. a in d a fa la n d o d a s c ria tu ra s. sensíveis.. C onstitui a política u m a fun ção . pela simples oposição a outras. uma compar. Fr. se g u n d o princípios defini­ dos. do que. Sol tão quente forma. a in d a fa la n d o d o céu. A politicalha. p a ra o in u n d o . o u tradições respeitáveis. substi­ tuídos. mais completa. 1.3 Analogia e comparação A analogia é uma semelhança parcial que sugere uma semelhança oculta.232 ♦ Com unicação em P rosa M oderna L endo-os com a te n ç ã o . é o en v e n en a m e n to crônico dos povos n eg lig en tes e viciosos pela co n ­ ta m in a çã o d e parasitas inexoráveis.6. observe-se o pre A n to lo g ia n a cio n a l. se rep u lsam m u tu a m e n te 0tópico frasal).. Exemplo. c i t p.). quanto. e s ta ­ v a a b s o rto no C riador.8). pelo c o n trário . 1. leis escritas. também muito conhecido.3. V ieira e s tu d a v a g ra ç a s a lo u ç ain h a s d e e stilo (. de tão quente imaginárias.7.6.. O Autor poderia iniciar o parágrafo com um tópico frasal mais ou menos nestes termos: “Vejamos o que distin­ gue Vieira de Bernardes” ou “Muito diferentes (ou muito parecidos) são Viei­ ra e Bernardes”. pois essa idéia está clara no desenvolvimento. p.). 1 8 6 ). é ta m b é m g ên io (. c m B e rn a rd es. Ora. em que entram norm alm ente os cha­ mados conectivos de comparação (como. O Sol é q u e é com o u r n o com lu z e < se m a lu z e o m esm o ta n to 1 p a ra o b te rm o s p la n ta s n ã o po* Sol to rn o u posí É um parágrafo sem tópico frasal explícito. estabelece r (A pud Luís V ia n n a Filho.7 a 1. expressas num a forma verbal própria. ti­ n h a o s o lh o s nos seus o u v in te s. A política é a h ig ien e dos países m o ralm en ­ te sadios. A política é a arte de gerir o E stado. B e rn a rd es. e B e rn a rd es p a ra a cela.. V ieira vivia p a ra fora.) V ieira fa­ zia a elo q ü ên c ia. tal qual). car o desconhecido ( lhança apenas parcia de fogo).. p a ra a cid ad e . às vezes.. p a r a o se u co ração . p a ra si. “lembrar”. se n te-se q u e V ieira. n ão se relacio­ n am u m a com a o utra. Sua estrutur da comparação (cor Fr. por expressões equivalentes (certos verbos como “pare­ Idem d o elerr to d esco n h ed d abstrato (paixão verdade) L . Para dar lor. ou conjunto d as funções do organ ism o n acional: é o exercício norm al d as forças de u m a nação consciente e se n h o ra d e si m esm a. No trecho sej verdade”. Em V ieira m o ra v a o g ê­ nio. Na comparação. A politicalha é a in ­ d ú stria d e o exp lo rar a benefício d e interesses pessoais. (A p u d Fausto Barreto e Carlos de Laet. não se p arecem .6. A politicalha. as semelhanças sao reais..) Descrição d e ta d a do elen x concreto e coi d d o (cachoeiras semi) < l-H O o -J < 2: < 2. q u e.. (Rever 1. Mas seria inteiramente supérfluo. reg ras m orais. pois o que o Autor ressalta entre política e politicalha é o seu antagonismo e não a sua identidade. contrárias. “dai no. e não pro­ priamente de um paralelo ou confronto (como no exemplo de Castilho). o am or. op. cer”. a m alária dos povos d e m o ralid ad e estrag ad a. B e rn a rd e s e ra co m o essas fo r­ m o sa s d e se u n a tu ra l qu e se n ã o c a n sa m com a lin h a m e n to s (. de parágrafo com desenvolvi­ m ento por contraste é o de Rui Barbosa sobre política e politicalha: Política e politicalha não se confundem . em se n d o v e rd a d e iro . Por me o que nos é estranht dático. 3 2 ) Vê-se logo pelo tópico frasal que se trata de um contraste. se excluem . 1. e as p la n ta s n ã o p o d e m v iver sem luz. ferveu. No trecho seguinte. se te m o s le n h a . que é como uma enorme bola incandescente é. V inha d eslizan d o . é p o rq u e a luz d o Sol to rn o u possível o cre scim en to d as flo restas. em p in o u -se. G ar c ia ♦ 233 cer”. (Rui B arbosa. M as a m a d e ira q u e u sa m o s veio d e árv o res. se tenta explicar o desconhecido pelo conhecido. N ós aq u i n a Terra n ã o p o d e ría m o s p a s sa r m u ito te m p o sem a luz e o c a lo r q ue nos v êm d o S ol. mas. e v ão ser. A convicção Idem do elem en­ to desconhecido e abstrato (paixão da vmladé) d o bem . o fio d e p rata q u e se desd o b ra. tem grande valor di­ dático. R e a lm e n te p o d em o s a c e n d e r u m a fo g u eira p a ra o b te rm o s luz e calor. sendo a seme­ lhança apenas parcial (há outras. o que nos é estranho pelo que nos é familiar. Na analogia. 3 5 ) Sol tão quente. d o sofism a ou d o crim e. es­ trem ece a trib u n a . e d esp en h a-se-lh e em to rn o . é com o es­ sas c a ta d u p a s d a m o n ta n h a.6. tal qual.”). E n tã o rem o in h o u a rre b a ta d a . as semelhanças são apenas imaginárias. m a ru lh an d o . quanto à forma. Sua estrutura gramatical inclui com freqüência expressões próprias da comparação (como. estabelecendo uma analogia com a de “cachoeiras da serra”: r L D escrição d etalh a­ d a d o elem ento concreto e conhe­ cido (icachoeiras da setra) A paixão d a v erd a d e sem elha. Para dar à criança uma idéia do que é o Sol como fonte de ca­ lor. cobriu-o e. afinal. de tão quente que é. avul­ tando. p.8). na esp lan ad a. as cachoei­ ras d a serra. parecido com. a rre b a ta -lh e em rajadas a palavra. a p e sa r d e sa b e rm o s p ro d u z ir aq u i m esm o ta n to luz co m o calor. Iniciação à ciência. Fr. encontrou o obstáculo: cresceu. em essência. 77) . Por meio dela. q u e se lh e atrav essa no cam inho. etc. sem elhante a. Corria m u rm u ro so e descuida­ do. p o r vezes. q u a n d o to p o u n a b arreira. e ag o ra b ram e n a voz d o o ra­ dor. po u co atrás.O th o n M. “dar um a idéia”. Rever 1. observe-se o processo analógico adotado pelo Autor do seguinte trecho: O Sol é m u itíssim o m a io r d o q u e a T erra. p. que re b e n ­ tam e e sp ad a n am .. “lem brar”. o regato q u e serp eia. d a í a pouco. op. sussur­ rando. diferenças entre o Sol e uma bola de fogo).. o Autor torna mais clara a idéia de “paixão da verdade”. q u a n d o co n tra riad a pelas h o stilid ad es p erti­ nazes d o erro . “assemelhar-se”: “Esta casa parece um for­ no. b o r­ bulhando. (O sw ald o F ro ta Pessoa. uma comparação. o transpõe. por isso. sacode. ca n ta n d o p ela encosta. eram . A queles b orbotões d 5ág u a. aírontou-o. d esfazendo-se em pedaços d e cristal e flocos d e espum a. e está a in d a tão q u e n te q u e é com o u m a e n o rm e b o la in c a n d e sc e n te . cit. veu-o. é uma analogia: tenta-se expli­ car o desconhecido (Sol) pelo conhecido (bola incandescente). enormes. q u e in u n d a o e sp a ç o em to r ­ no com luz e calor. A ssim . envol-. quando. portanto. mas oculta uma outra mais completa.” Exemplo é argumento por analogia. familiar. d id á tic o í Analog d ên c ia p a ra i m am pela for Q uand p o r o u tra s já A definição ao âmbito exclusr tor. não é analogia porque a aproximação entre “oração” e “trabalho” não se baseia num a semelhança. ainda de Rui Barbosa. p. é um paralelo ou confronto. Entretanto. se não como sinônimas. ip so f a c t o . São distinções mais ou menos bi­ zantinas — é certo — pois. os “borbotões d’água”. Este é o primeiro termo da analo­ gia. o menos familiar: “a paixão da verda­ de”. a s s u m e u m a f< v a s p e c u lia r e s (p o p ro c e sso e m in e n te n iç ã o d e n o ta tiv a ( l ta fó r ic a . como já assinalamos. i s o . s e m e lh a . nem contraste mas simples paralelo ou confronto: O ra çã o e tra b a lh o são os recu rso s m ais p o d e ro so s na cria çã o m o ral d o h o m e m . (A ntologia nacional. o desenvolver. concebida apenas como abstração e não como realidade sensível. para nos explicarmos me­ lhor. entre o termo desconhecido e o conhecido. Na p rim e d e s e n v o lv im e n to . Na primeira parte do parágrafo. O que existe. a semelhança aparente é parcial. “a convicção do bem”. A o ra ç ã o é o ín tim o su b lim a r-se d a alm a p elo c o n ta to co m D eus. M. em linguagem parcial­ mente metáforica. etc.234 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a O tópico frasal (primeiro período) assume a forma gramatical de uma comparação. não há um termo m a is c o n h e c id o com o qual se tenta explicar como m e n o s c o n h e ­ c id o . não foi capaz de dizer quais os afluentes do rio Amazonas. Como se vê. Por isso é analogia. Raciocinamos por analogia ou por semelhança. que vai até “espuma”. juntam os um exemplo: “Pedro não sabe nada. r e g r a o u teo rié e x e m p lo . A esse tipo de analogia cha­ mavam os retóricos “comparação oratória”. Por exemplo.4 Citação de exemplos Para sermos coerentes. O tra b a lh o é o inteirar.). mas o desenvolvimento se faz por analogia. q u e n ã o í p io . o term o conhecido. através do qual se vai tornar mais clara a idéia do segundo. E é isso exatamente o que distingue a analo­ gia da comparação. o Autor descreve. a explanação p o r e x e m p lo ( s ) pode assumir duas feições típicas: uma exclusivamente d id á tic a . legitimamente. m e d ian te a ação co n tín u a so b re si m esm o s e so b re o m u n d o o n d e la b u ta m o s. No seguinte trecho. na realidade. comparação e analogia são em ge­ ral consideradas. mo parágrafo: As cor d o is so n s disi v a-se g u t-ta . pelo menos como equivalentes. que pode por exemplo”). símile). e não os contrastes ou diferenças. não ocorre tampouco nenhum contraste porque não se assinala qual­ quer oposição de sentido entre os dois termos. analogia nem comparação. para m aior rei mesmo. o a p u ra r das en e rg ias d o corpo e d o esp írito . lite r á r ia . o Autor aponta somente as semelhanças. digamos. e. deveríamos incluir este caso na categoria do desenvolvimento por analogia. e outra. não há. p a r e c e . Note-se ainda que. i No parágraf e s o b r ie d a d e d o s b propriam ente didá C om o ra n te s é a r e m o. 128) Não há comparação porque lhe falta a estrutura gramatical peculiar (como. 4 Por causa dessa função esclarecedora da analogia é que os lógicos a chamam também de exempltun. Os q u e \ lares.4 o desconhecido. o q u e i p a ra o prim e tu d o é e n ig m O leitor sen exemplo que cham mite a introdução ver no trecho de J< . 2. que não se deve confundir com a “comparação poética” (metáfora. O exemplo (fazi.. é tão evidente por si mesmo. como todos reconhecem. um a defi­ nição denotativa (i. g u tta p ro n u n c ia ­ v a -se gut-ta . Nesse ca­ so. mas um a espécie de comprovante ou elucidante. Na maioria das vezes. ainda. em oposição à conotativa ou m e­ tafórica. d a í por d ia n te .e. g. a p rim e ira v irtu d e d o s b a n d e i­ r a n te s é a resignação. assume um a forma gramatical típica graças a certas partículas explicati­ vas peculiares (por exemplo. um processo eminentemente didático. carru p ro fe ria-se c a r -m . cabeu). ou. 94) A definição de analogia restringe-se. ao âm bito exclusivamente lingüístico. à enunciação de um princi­ pio. (R ocha Lim a. Q u a n d o u m a c ria n ç a diz fa z i e cabeu. a uma simples declaração pessoal. que não admite aposição de exemplo).an o . em L atim .s v. Mas no trecho seguinte julgou oportuno fazê-lo. p. Na primeira. . H istória do B ra sil. ossu lia-se os-su. p o r ex e m p lo . 4 5 ) No parágrafo abaixo. que é q uase fatalista. 2 2 5 ) O leitor sente a diferença entre os dois tipos de desenvolvimento: o exemplo que chamamos “literário” (por falta de melhor termo) raramente ad­ mite a introdução daquelas partículas que lhe são peculiares. como se pode ver no trecho de João Ribeiro. por exemplo”). o Autor desenvolve o tópico frasal (resignação e sobriedade dos bandeirantes) através de exemplos mais literários do que propriam ente didáticos: C om o as carav an as d o d eserto africano. co n ju g a essas fo rm as v erb ais p o r o u tra s já co n h e cid as. Português no colégio.). en tre g u es à v en tu ra. p. para maior realce. o q u e freq ü en tes vezes suced e. (Jo ã o R ibeiro. G a r c ia ♦ 235 literária. lev an d o u m a d e la s a se m o d e la r p e la o u tra. Vejamos um exemplo.O t h o n M. com o do rm i e correu. que pode prescindir das partículas ou expressões próprias (“como. dobradas ou g em in a d a s co n stitu ía m . ex. (I b i d p. 1. o desenvolvimento. e no mes­ mo parágrafo: As co n so a n te s d uplas. como não podia deixar de ser. que o Au­ tor. deixou num parágrafo à parte. é a so b ried a d e le v ad a ao e x tre ­ m o . a citação de exemplos não constitui. g. E. q u e consiste n a te n ­ d ê n c ia p a ra nivelar palav ras o u constru çõ es q u e d e ce rto m o d o se ap ro x i­ m a m p ela fo rm a o u p elo sentido. u m a p alav ra co m o . didática ou científica. Os q u e p a rte m n ão sabem se v o lta m e n ã o p en sam m ais em v o ltar ao s la re s. tu d o é en ig m ático e d esconhecido. segue-se. d o is sons d istin to s. regra ou teoria. A ssim . didático e muito a propósito: A nalogia é u m fen ô m en o d e o rd e m psicológica. As p rovisões q u e lev am ap e n a s b a s ta m p a ra o p rim e iro p erc u rso d a jo rn a d a . propriamente. 236 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Em muitos casos, a enumeração de exemplos confunde-se com a enu­ meração de detalhes. No trecho seguinte, em que Eça de Queirós evoca a vi­ rilidade física de Antero de Quental, o desenvolvimento d a idéia-núcleo fazse ao mesmo tempo por detalhes e por exemplos, não sendo muito fácil dis­ tinguir uns dos outros: T oda esta alm a d e S an to [A ntero] m o rav a , p a ra to r n a r o h o m e m m ais e s tra n h a m e n te ca tiv a n te , n u m corpo de A lcides [so b re n o m e p a tro n ím ic o d e H ércu les]. A ntero foi n a su a m o c id ad e u m m agnífico v arã o (tó p ico frasal c o n stitu íd o p o r dois p erío d o s d e se n tid o eq u iv ale n te ). A iroso e leve ( d e ta ­ lh e ), m a rc h a v a lé g u as (ex em p lo g era l), em rijas c a m in h a d a s (ex em p lo esp ec í­ fico) q u e s e a lo n g av a m a té à m a ta do B ussaco: com a m ã o seca e fina, d e v elh a raç a (d e ta lh e ), le v an ta v a p esos (ex em p lo esp ecífico ) q u e m e faz iam g e­ m e r a m im , ra n g e r to d o , só d e o c o n te m p la r n a fa ç a n h a ; jo g a n d o o sa b re p a ra se a d e s tr a r (exem plo) tin h a ím p eto s d e R oldão (d e ta lh e p o r c o m p a ra ­ ção), os am ig o s ro lav a m p elas escad as, a n te o seu im e n so sa b re d e p a u , com o m o u ro s d e sb a ra ta d o s: — e em b rig as q u e fo ssem ju s ta s o se u m u rro e ra triu n fa l (d e ta lh e ). C onservou m esm o a té à id a d e filosófica este m u rro fá­ cil: e a in d a recordo u m a no ite n a rua do O iro, em q u e u m h o m e m c a rra n c u ­ d o, b a rb u d o , alto e rústico co m o u m c a m p a n ário , o p iso u , b ru ta lm e n te , e p a s­ sou, em b r u ta l silêncio... O m u rro d e A ntero foi tão vivo e certo, q u e teve d e a p a n h a r o im enso h o m e m d o lajead o em q u e ro lara... (N otas contem p o râ n ea s. Col. N ossos C lássicos, Agir, v. 9, p. 8 3 ) Às vezes, a enumeração de exemplos não serve de esclarecer, mas de provar uma declaração, teoria ou opinião pessoal, como ocorre habitualm en­ te nos estudos filosóficos, na análise estilística e em todo trabalho de pesqui­ sa de um modo geral: T odo d e a n títe se é o estilo d o p a d re A n tô n io V ieira. Eis a q u i três ex e m p lo s, com as a n títe se s su b lin h a d a s: a) “C om ra z ã o co m p a ro u o seu ev a n g elh o a d iv in a p ro v id ê n c ia d e C risto a u m te so u ro esco n d id o n o cam p o . Uma coisa é a q u e to d o s v ê e m na s u ­ perfície; o u tr a , a q u e se o cu lta no in te rio r d a te rra , e, onde m enos se im a g in a m as riq u ez as, ali estão depositadas. (...); (Jo sé O iticica, M a n u a l de estilo , p. 111) Q uando cada exemplo é muito extenso ou extensa é a série deles, e se lhes quer dar maior realce, é costume abrir-se parágrafo para cada um, como se faz no trecho citado, de que omitimos, por desnecessários à nos­ sa argum entação, os exemplos b) e c) além de parte de a), no qual, digase de passagem, o Autor deixou de assinalar a antítese entre superfície e interior da terra. 2.5 Causacão i t Legitimamente, atitudes praticados ou cações. Da mesma fom cias. Não cremos que efeitos de ato praticad te “quais as conseqüêt vendo o resultado do < (ou do que você fez)7 qiiências” ou de “resu o motivo ou razão (e i la forma: “Qual o mo “qual a causa da sua nos, não é comum. T; pos é o calor” ou que centro da Terra”. Dir-: nômenos físicos.5 É ce tido mais amplo e m< tos que não apenas o: físico-químicas; as cie política e outras) dei fala em “causas histór Guerra do Paraguai?” des m odernas?” Mas, além diss (ou motivo) com “efe tra. Dizer, por exemp! ros é a causa do sub* na verdade, efeito. Tc tâncias (simples ante ocasionais, casuais ou re o fato com a caus D. João VI ao Brasil ou da criação da Bibl Há que se disti diatas. A grande depi ou subjacentes da Se; peito de causa, ver 4. Baseados nessa nas quão sibilinas, m 5 Não estará aí um critém das causais? A questão, pc [ ufpe B ib lio t e c a Ç pnT , O t h o n M. C a rç ia ♦ 237 2.5 Causacão e motivação * > Legitimamente, só os fatos ou fenômenos físicos têm causa; os atos ou atitudes praticados ou assumidos pelo homem têm razões, motivos ou expli­ cações. Da mesma forma, os primeiros têm efeitos, e os segundos, conseqüên­ cias. Não cremos que seja linguagem adequada perguntar quais foram os efeitos de ato praticado ou atitude assumida por alguém; dir-se-á certamen­ te “quais as conseqüências ou o(s) resultados(sy\ E comum ouvir-se: “Está vendo o resultado do que você fez?” ou “Viu as conseqüências da sua atitude (ou do que você fez)?” Quem diria “efeito" ou “efeitos” em lugar de “conse­ qüências” ou de “resultado(s)”? Similarmente, dever-se-á perguntar qual foi o motivo ou razão (e não a causa) que levou alguém a agir desta ou daque­ la forma: “Qual o motivo (ou razão) da sua atitude?” Embora possa dizer “qual a causa da sua atitude?”, “sente-se” que não se deve, que, pelo m e­ nos, não é comum. Tampouco se dirá que “o motivo da dilatação dos cor­ pos é o calor” ou que “razão da queda dos corpos é a atração exercida pelo centro da Terra”. Dir-se-á, sem dúvida, “causa”, pois trata-se de fatos ou fe­ nômenos físicos.5 É certo, entretanto, que a palava “causa”, dado o seu sen­ tido mais amplo e mais claro, se emprega também para explicar outros fa­ tos que não apenas os da área das ciências exatas, das ciências naturais ou físico-químicas; as ciências ditas sociais ou hum anas (história, sociologia, política e outras) dela se servem com a mesma acepção. E assim que se fala em “causas históricas” ou “causas políticas”: “Quais foram as causas da Guerra do Paraguai?” “Quais são as causas do congestionamento das cida­ des m odernas?” Mas, além disso, é preciso estar alerta para não confundir “causa” (ou motivo) com “efeito” (ou conseqüência), tom ando uma coisa pela ou­ tra. Dizer, por exemplo, que o analfabetismo de cerca de 30% dos brasilei­ ros é a causa do subdesenvolvimento do Brasil é d ar como causa o que é, na verdade, efeito. Tampouco se deve confundir causa com outras circuns­ tâncias (simples antecedentes — post hoc, ergo propter hoc —, condições ocasionais, casuais ou propícias, mas não causais, o m om ento em que ocor­ re o fato com a causa desse fato). Seria absurdo dizer que a chegada de D. João VI ao Brasil em 1808 foi a causa da fundação da Im prensa Régia ou da criação da Biblioteca Nacional. Há que se distinguir ainda as causas remotas ou subjacentes das ime­ diatas. A grande depressão de 1929-30 teria sido um a das causas remotas ou subjacentes da Segunda Grande Guerra. (Para outras informações a res­ peito de causa, ver 4. Com., 2.2.5.) Baseados nessas distinções, que podem parecer ao leitor tão bizanti­ nas quão sibilinas, mas na verdade não são, vamos mostrar a seguir como 3 Não estará aí um critério para distinguir as orações coordenadas explicativas das subordina­ das causais? À questão, posto que irrelevante, aflige muitos alunos e professores. 238 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a se desenvolve um parágrafo por apresentação de razões ou motivos e por indicação de causas. São dois processos muito comuns de desenvolvimento ou explanação de idéias, isto porque não apenas a curiosidade inata do es­ pírito hum ano mas também o seu estado de perm anente perplexidade em face do m undo objetivo o levam a querer saber sem pre a causa ou o moti­ vo de tudo quanto o cerca, cerceia, alegra ou aflige. Não será exagero di­ zer que o hom em vive a maior parte dos seus dias querendo saber por que as coisas acontecem. O modo e o tempo dos atos e dos fatos parecem preocupá-lo m enos do que a causa ou motivo deles. 2.5.1 Razões e conseqüências O desenvolvimento de parágrafo pela apresentação de razões é ex­ trem am ente comum, porque, não raro, as razões, os motivos, as justificati­ vas em que se assenta a explanação de determ inada idéia se disfarçam sob várias formas, nem todas explicitamente introduzidas por partículas expli­ cativas ou causais, confundindo-se muitas vezes com detalhes ou exemplos. No seguinte trecho, extraído de trabalho de aluno, as razões são in­ dicadas de m aneira explícita: Tanto do ponto de vista individual quanto social, o trabalho é uma necessidade, não só porque dignifica o homem e o provê do indispensável à sua subsistência, mas também porque lhe evita o enfado e o desvia do vício e do crime. A declaração inicial, contida na primeira oração (que é o tópico fra­ sal) seria inócua ou gratuita, porque inegavelmente óbvia, como verdade re­ conhecida por todos, se o Autor não a fundamentasse, não a desenvolves­ se, apresentando-lhe as razões na série das orações explicativas (ou cau­ sais?) seguintes. Carlos Drummond de Andrade apresenta no trecho abaixo um a sé­ rie de razões ou explicações para a sua declaração inicial, sem indicá-las expressam ente como tais: E sina de minha amiga penar pela sorte do próximo, se bem que seja um penar jubiloso (tópico frasal). Explico-me. Todo sofrimento alheio a preo­ cupa, e acende nela o facho da ação, que a torna feliz. Não distingue entre gente e bicho, quando tem de agir, mas, como há inúmeras sociedades (com verbas) para o bem dos homens, e uma só, sem recurso, para o bem dos animais, é nesta última que gosta de militar. Os probLemas aparecem-lhe em carclume, e parece que a escolhem de preferência a outras criaturas de me­ nor sensibilidade e iniciativa (...) (Fala, amendoeira, p. 178) O t h o n M. G ar c ia ♦ 239 A declaração inicial fundamenta-se nas duas razões ou motivos que se lhe seguem: é sina de minha amiga penar pela sorte do próximo por­ que todo sofrimento alheio a preocupa, porque não distingue gente de bi­ cho... As razões não estão suficientemente introduzidas por meio de partí­ culas próprias (porque, em virtude de, por causa de...), mas são facilmen­ te subentendidas como tais. Mas o Autor não expressa apenas os motivos: indica tam bém as con­ seqüências; o período final “os problemas aparecem-lhe em cardume, e pa­ rece que a escolhem de preferência a outras criaturas...” enuncia certam en­ te duas conseqüências (não seria cabível dizer aqui “efeitos” pois trata-se de atos, atitudes ou comportamento humano) do penar da amiga do Poeta pela “sorte do próximo”. É como se dissesse: “preocupa-se tanto com a sor­ te do próximo, que os problemas lhe aparecera em cardume”. Normalmente, entretanto, os parágrafos desenvolvidos por apresentação de razões já têm enunciada(s) a(s) conseqüência(s) no tópico frasal. Não é raro confundirem-se razões com pormenores descritivos, o que facilmente se explica. Se faço uma declaração a respeito de alguém ou al­ gum a coisa e considero necessário justificá-la ou fundamentá-la para que m ereça fé (ver em 4- Com., 1.2 — “Da validade das declarações”), apre­ sento a seguir alguns detalhes característicos que justifiquem a m inha opi­ nião ou impressão. Querendo provar que a cidade do Rio de Janeiro conti­ nua a ser a capital do povo brasileiro, em bora já não seja a capital oficial do País, Augusto Frederico Schmidt apresenta, após a declaracão inicial em que expressa a sua opinião, um a série de porm enores que funcionam como razões convincentes: E sta C idade já n ão é m ais a cap ital oficial d o País, m as c o n tin u a se n ­ d o a cap ital d o povo brasileiro, q u e r q u e ira m , q u e r não. E a cap ital política, em b o ra as C âm aras (a lta e baixa) estejam e m Brasília, d e o n d e nos vêm , diluí­ d o s e d is ta n te s , a m o rte c id o s e m u d a d o s, o s ecos d a s ag itaç õ es p a r la m e n ta ­ res. Aqui fu n cio n o u o Brasil; aq u i e n c o n tro u a sua síntese, o seu ce n tro d e g rav id a d e, esse com plexo q u e é o nosso P aís u n ificad o e ín teg ro . Aqui, ain d a hoje, está a capital brasileira, sensível, viva, m artiriza d a, criv ad a d e setas com o o se u p ró p rio p ad ro eiro . N as m as, nas casas, nos locais d e e n c o n tro co n c en tra -se a m ais politizad a d a s p o p u la çõ e s brasileiras. Aqui se sen te, em p ro fu n d id a d e , o d e s a b a r d a s te rras q u e o s nossos m a io res co n stitu íra m em N ação. Aqui se ouve m ais n itid am e n te o ru íd o d a s raízes d o Brasil irem sen d o pouco a pouco arran cad as. E um singular, u m co n stra n g ed o r esp etácu lo . Todas as m u d a n ç a s são tristes q u an d o significam n ã o ap e n as novas fo lh ag en s ou flo­ rações, m as a g ra n d e m u d a n ç a d o essencial, d a alm a, a tra n sm u ta ç ã o d o q u e d ev e ria se r p e rm a n e n te em nós. (A. E S ch m id t, Prelúdio à Revolução, p. 131) Com exceção dos dois últimos períodos, os demais, a partir do se­ gundo, são, de fato, razões com que o Autor fundam enta a declaração de que o Rio de Janeiro continua sendo a capital do povo brasileiro. 240 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a A apresentação de razões é processo típico da argumentação propria­ m ente dita, isto é, daquela variedade de composição em prosa ou de expo­ sição oral, cuja finalidade é não apenas definir, explicar ou interpretar (dis­ sertação) mas principalmente convencer ou persuadir. Ora, só convencemos ou persuadimos quando apresentamos razões. Se os fatos provam, as razões convencem. Mas os fatos quase sempre constituem as verdadeiras razões; é com eles que argumentamos mais freqüentemente. Um folheto de propa­ ganda que se limite a descrever o funcionamento de uma enceradeira faz apenas explanação ou descrição. Explica mas não convence. Só nos conven­ ce a partir do momento em que começa a m ostrar as vantagens do objeto: o preço, as facilidades de pagamento, a facilidade do manejo, a resistência e a qualidade do material, o seu acabamento, etc. Isso são fatos e são ra­ zões, ou são razões porque são fatos. Grande parte do que escrevemos ou dizemos é essencialmente argumentação, pois, mesmo explicando, explanan­ do ou interpretando, estamos sempre procurando convencer. 2.5.2 Causa e efeito Parece ter ficado claro no tópico 2.5 que o desenvolvimento do pará­ grafo por apresentação de razões e conseqüências ocorre quando se trata de justificar uma declaração ou opinião pessoal a respeito de atos ou atitudes do homem, e que se deve falar em relação de causa e efeito, quando se procu­ ra explicar fatos ou fenômenos, quer das ciências naturais, quer das sociais.6 O seguinte parágrafo mostra-nos o que é desenvolvimento por indi­ cação de causa e efeito, partindo deste para aquela: Pressões nos líquidos — A p ressã o ex ercid a so b re u m co rp o só lid o tra n sm ite -se d e s ig u a lm e n te n a s d iv e rsa s d ireç õ es p o r ca u sa d a fo rte co esão q u e d á ao só lid o s u a rigidez. N u m líquido, a p re ssã o tra n sm ite -se em to d a s as d ire ç õ e s, d ev id o à flu id e z. Um líquido p recisa d e ap o io la te ra l d o vaso q u e o co n tém , p o rq u e a pressão d o seu peso se e x e rce em to d as as direções. Se u m co rp o for m e rg u lh a d o n u m líquido, e x p e rim e n ta rá o efeito d a s p res­ sõ e s re c e b id a s o u ex e rcid a s p elo líquido. (Irm ão s M a ristas, Física, v. I, p. 53 6 ) Note-se que as causas estão claramente indicadas por partículas pró­ prias (por causa de, devido a, porque), forma comum, posto que não exclusi­ va desse processo de explicação ou de demonstração. A exposição nesse tre­ cho faz-se a partir do efeito para a causa; no primeiro período, por exem­ plo, a transmissão desigual da pressão exercida sobre um corpo sólido é o efeito da forte coesão que dá ao sólido a sua rigidez. O período final, por sua vez, é um a inferência ou conclusão, vale dizer, uma generalização, de­ corrente dos fatos anteriormente indicados. Leia-se a respeito de causa e efeito, SUBERVIU.E, Jean, op. cit., p. 67-8, e COURAULT, M. Manuel pratique de Vart d’écrire, v. II, p. 168. No exemplo para o efeito: Os fo g ii ralizaçãOj tópic o u u m busca-f n o c a rtu c h o qt tã o d e ta l póhi b o. A fo rça da u m a força d e g ases. D estarte e m p u rra m o ai Note-se: a cc gases, e estes deten voca (causa) a elim de reação, que, por são). A subida do f< No parágrafo seguida as causas: Cinco c n a l [a aboliçã v am a o p in iãc ler p o r m eio < d o p ú lp ito , do tru ir m aterialrr vos ao p o d e r < rios [...]; 4®, í O parágrafo ca, partindo do efe porque a ação mot escravatura foram: A indicação cias é em essência verso implica racio 2.6 Divisão Freqüenteme co frasal, divide-a um a de per siy par; ridos, principalmei ção (ver tópico seg fos diferentes, se a O t h o n M. G a r c ia ♦ 241 No exemplo a seguir, o desenvolvimento faz-se a partir da causa para o efeito: Os fo g u e tes — Tais en g e n h o s são m o v id o s p ela fo rç a d a reação (gene­ ralização, tópico fra s a l). A ssim , q u a n d o u m m o le q u e so lta u m fo g u ete -m irim o u um b u sc a-p é em festa s ju n in a s , a p ó lv o ra q u ím ica e n c e rra d a n o tu b o ou n o c a rtu c h o q u e im a ra p id issim a m e n te , p ra tic a m e n te n u m átim o . D a co m b u s­ tã o d e ta l p ó lv o ra re su lta m gases q u e d e te rm in a m p re ssã o a lta d e n tro d o tu ­ b o , A força d a ação a tira c o n tin u a m e n te os g a se s p a ra fo ra d o tu b o . E n tão , u m a força d e re a fã o , ig u a l e o p o sta ação , é ex ercid a so b re o tu b o p elo s g ases. D estarte o foguete-m irim sobe. E co n ceito eirado p e n sa r q u e os gases e m p u rra m o ar, p ro d u zin d o a força. No v ácuo, os fo g u etes fu n cio n a m m elhor. (Id. ibid., p. 4 4 1 ) Note-se: a combustão da pólvora provoca (causa) o aparecimento de gases, e estes determinam (causam) a pressão dentro do tubo; a pressão pro­ voca (causa) a eliminação dos gases (ação); esta provoca (causa) uma força de reação, que, por sua vez, faz com que o foguete suba (causa a sua ascen­ são). A subida do foguete é efeito dessas causas. No parágrafo abaixo, enuncia-se primeiro o efeito, enumerando-se em seguida as causas: C inco ações o u co n c u rso s d ife re n te s c o o p e ra ra m p a ra o re su lta d o fi­ n a l [a ab o lição d a e s c ra v a tu ra ]: 1Q, a ação m o to ra d o s esp írito s q u e c ria ­ v a m a o p in iã o pela id éia, pela p alav ra, p elo s e n tim e n to , e q u e a faziam v a­ le r p o r m eio d o P arlam en to , d o s m eetings, d a im p re n sa, d o e n sin o su p erio r, d o p ú lp ito , d o s trib u n a is; 2 9, a aç ão co ercitiv a d o s q u e se p ro p u n h a m a d e s­ tru ir m aterialm en te o form idável ap arelh o d a escravidão, a rre b a ta n d o os escra­ vos ao p o d e r dos se n h o re s; 3-, a ação c o m p le m e n ta r d o s p ró p rio s p ro p rie tá ­ rio s [...]; 4-, a aç ão p o lítica do s e sta d ista s [...]; 5Q, a ação d in ástica. (J. N ab u c o , M in h a fo rm a ç ã o , p. 2 2 7 ) O parágrafo poderia ter assumido feição mais banal ou mais didáti­ ca, partindo do efeito — “a escravidão foi abolida pela ação motora... ou porque a ação motora... etc.” — onde a causa: “as causas da abolição da escravatura foram: l 9..., 29..., etc.” A indicação das causas ou razões antes dos efeitos ou conseqüên­ cias é em essência um proceso de raciocínio dedutivo, ao passo que o in­ verso implica raciocínio indutivo (ver 4. Com., 1.5.1 e 1.5.2). 2.6 Divisão e explanação de idéias "em cadeia" Freqüentem ente, o Autor, depois de enunciar a idéia-núcleo no tópi­ co frasal, divide-a cm duas ou mais partes, discutindo em seguida cada uma de per si, para o que poderá servir-se de alguns dos processos já refe­ ridos, principalm ente da enumeração de detalhes e exemplos e da defini­ ção (ver tópico seguinte), pondo tudo no mesmo parágrafo ou em parágra­ fos diferentes, se a complexidade e a extensão do assunto o justificarem. 242 ♦ c O M U N 1 C A Ç Â O EM PROSA MODERNA Para nos dar idéia das manifestações concretas da vocação literária, Alceu Amoroso Lima adota o critério da divisão da idéia-núcleo em diferen­ tes partes, definindo-as sucessiva e sucintamente no mesmo parágrafo: A v o ca çã o lite rá ria é se m p re co n c reta . M a n ife sta -se co m o te n d ê n c ia , n ã o só à a titu d e geral, m as a in d a a e ste ou à q u e le g ê n e ro d e a titu d e . E n tre as in ú m e ra s p o sições possíveis (e n e s te te rre n o a s classificações c h e g a m às m a io re s m in ú c ia s), h á cinco a m a rc a r b em n itid a m e n te in c lin a çõ e s d ife re n ­ tes d o g ên io c ria d o r — o lirism o, a epopéia, o d ra m a , a crítica e a sá tira . O lirism o é a ex p re ssão d a p ró p ria alm a. A ep o p é ia , a re p re se n ta ç ã o n a rra tiv a d a v id a . O d ra m a , a re p re se n ta ç ã o ativ a d ela. A critica , o ju íz o so b re a c ria ­ ção feita. E a sá tira , a ca ric a tu ra d o s c a ra c te re s (...) (A. A. L im a, Estética literária, p. 9 9 ) No resto do parágrafo (omisso na transcrição), o Autor retom a a mes­ ma idéia-núcleo, dividindo-a, segundo novo critério, em lirismo, epopéia e crítica, e conclui com algumas considerações sobre os gêneros literários. No exemplo seguinte, o mesmo Autor destina um parágrafo à divisão e outros, sucessivos, mas não transcritos aqui, a cada um a de suas partes: D e v ária s espécies são as co ndições su sc ep tív eis d e in flu ir so b re a li­ te r a tu r a . P od em o s m e n c io n a r q u a tro o rd e n s p rin c ip a is d e co n d içõ es d esse g ê n e ro — geográficas, biológicas, psicológicas e sociológicas. Esse parágrafo encerra apenas a idéia-núcleo, cuja complexidade ju s­ tifica venha a ser desenvolvida em outros, um ou mais para cada um a das partes em que o Autor a dividiu. Assim é que só as condições geográficas — como diz o Autor — vão ser desenvolvidas em três longos parágrafos, ocor­ rendo o mesmo com as demais. Esse processo de expor a idéia-núcleo num parágrafo isolado e fazer o desenvolvimento em outros, sucessivos, é muito comum nas explanações alon­ gadas, pois juntar tudo num só não apenas prejudica a clareza mas também impede se dê o necessário relevo a outras idéias decorrentes da principal. Portanto, se os fatos, exemplos, detalhes, razões que constituem o de­ senvolvimento merecem destaque, dada a sua relevância, é sempre recomen­ dável destinar-lhes parágrafos exclusivos. Isso se faz, tomando cada um des­ ses elementos do desenvolvimento como tópico frasal de outros parágrafos. E o que nos mostra A. A. Lima, ao tratar dos fatores sociológicos, por exem­ plo, incluídos no parágrafo anteriormente transcrito como uma das “condi­ ções susceptíveis de influir sobre a literatura”: cied a d e". Sei se r n a tu ra lm i d a m e n te so ri reto . (O A urt tism o literárii Mas esse p. diferentes espécie: Esses p o s p rin c ip a l Desencadeia dos pelo que contt cada um dos tipos terizá-los: Os fat tir esta fora e dicadas no po b ém o futuro vive no tempi s e n ta r em sei A u to r justifica Esse é, sem comum — de se ciocínio funciona 4 tras como que “er do cada vez mais que de um a idéia Em suma: < mar os fatos, detá parágrafo e transi ma ordem, em idé 2.7 Definit Os fato res sociológicos, enfim , influ em d e m o d o in eq u ív o co so b re o m o v im e n to e as in stitu iç õ es lite rá ria s (tópico fr a s a l co nstituído pelo que eraf no parágrafo da idéia-núcleo de toda a explanação, apenas um dos elem entos do desenvolvim ento). Foi B onald, creio, o p rim e iro so ció lo g o a c h a m a r fo r­ m a lm e n te a a te n ç ã o so b re esse asp ec to d a lite r a tu r a co m o “e x p re ssão d a so ­ O desenvoh volver tam bém oi tação de exemplo qüente na exposiç O t h o n m . G arc ia ♦ 243 c ie d a d e ”. S en d o a lite ra tu ra a tiv id a d e tip ic a m e n te h u m a n a e o h o m e m u m s e r n a tu ra lm e n te social, n ã o p o d e a lite r a tu r a d e ix a r d e te r a sp e c to ac e n tu a d a m e n te social. M an ifesta-se esse so c ietism o lite rá rio d o m o d o d ire to e in d i­ reto . (O A u to r prossegue m ostra n d o esses dois m odos de m anifestar-se o socie­ tism o literário.) (7d. ibid., p. 167) Mas esse parágrafo sugere ainda outro, em que o Autor m ostra as diferentes espécies de fatores sociológicos: Esses fato res sociológicos, em s u a d u p la m o d a lid a d e, são d e q u a tro ti­ pos principais: históricos, culturais, políticos e econômicos. (Id. ibid., p. 1 6 8 ) Desencadeiam-se assim, pelo mesmo processo, novos parágrafos sugeri­ dos pelo que contém a idéia-núcleo: o Autor vai destinar um ou mais deles a cada um dos tipos de fatores sociológicos, começando por defini-los ou carac­ terizá-los: Os fatores históricos influem na Literatura pelo sim ples fato d e n ão exis­ tir esta fora do tem po (tópico f i ’asal cuja idéia-núcleo é um a das especificações in­ dicadas no parágrafo anterior). In co rp o ra-se o p assad o no p resen te, com o ta m ­ b ém o futuro, sob a form a d e rem em o raçõ es, tradições e aspirações. O artista vive no tem po, e o problem a d a h e ra n ç a é sem p re u m dos prim eiros a se a p re ­ se n ta r em seu esforço criador. (Seguem-se outros detalhes e exemplos com que o A u to r justifica a sua declaração in icia i) (ld. ibid., p. 168) Esse é, sem dúvida, um processo m uito eficaz — e, por isso, muito com um — de se desenvolver determ inada idéia rica de implicações. O ra­ ciocínio funciona “em cadeia”, as idéias se vão desenrolando umas das ou­ tras como que “em espiral”, e a explanação se vai alargando e aprofundan­ do cada vez mais. O m étodo fertiliza a própria imaginação, fazendo com que de uma idéia surjam outras, numa espécie de explosão em cadeia. Em suma: a explanação de idéias por esse processo consiste em to­ m ar os fatos, detalhes, exemplos, razões contidos no desenvolvimento de um parágrafo e transformá-los, todos ou apenas alguns, de preferência na mes­ m a ordem, em idéias-núcleos de outros, e assim sucessivamente. 2.7 Definição 0 desenvolvimento por definição (ver 5. Ord., 1.3) — que pode en ­ volver tam bém outros processos, como a descrição de detalhes, a apresen­ tação de exemplos e, sobretudo, confrontos ou paralelos — é muito fre­ qüente na exposição didática: I 244 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Os d o is tro p o s o u figuras d e d e sig n a ç ã o m a is co m u n s — “a s d u a s fi­ g u ra s p o la re s d o e stilo ”, co m o as c h a m a R. Ja k o b s o n — sã o a m e tá fo ra e a m e to n ím ia . A p rim e ira co n siste em d iz e r q u e u m a coisa (A) é o u tra (B), em v ir tu d e d e q u a lq u e r se m e lh a n ç a p e rc e b id a p elo e s p írito e n tre o tra ç o c a ra c ­ te rístic o d e A e o a trib u to p re d o m in a n te , o a trib u to p o r ex celên cia, d e B. A m e to n ím ia co n siste em d e s ig n a r u m a coisa (A) p e lo n o m e d e o u tra (B), em v ir tu d e d e u m a rela çã o n ã o d e se m e lh a n ç a ou sim ila rid a d e m as d e c o n tig ü i­ d a d e , d e in te rd e p e n d ê n c ia re a l e n tre am b as. Se a clareza o recomenda, não é raro, no estilo didático pelo menos, alongar-se a definição em verdadeira descrição ou justaporem-se-lhe alguns exemplos. Com freqüência, a definição exerce o papel de justificativa, constitui um a razão de declaração expressa no tópico frasal. No seguinte exemplo, a definição conotativa de “martírio” e de “suicídio” poderia vir expressamen­ te introduzida por uma conjunção explicativa (pois, porque): Na v e rd a d e , o m á rtir n ã o d e s p re z a a v id a. Ao c o n trá rio , v a lo riz a -a d e ta l m o d o q u e a to rn a d ig n a d e se r o ferec id a a D eu s. M artírio é o b lação , o fe ­ re c im e n to , d á d iv a ; suicídio é su b tra ç ã o e recusa. O m á rtir é te s te m u n h a d e C risto ; o su ic id a se rá te s te m u n h a de Ju d a s. (G. C orção, D ez a n o s, p. 2 4 8 ) Aí, o tópico frasal, constituído pelo primeiro período — de que o se­ gundo é apenas um reforço —, vem desenvolvido peias definições (metafó­ ricas) de “m artírio”, “m ártir”, “suicídio” e “suicida” e sim ultaneam ente pelo contraste ou confronto entre esses quatro termos, dois a dois. São esses os processos mais comuns de desenvolvimento do parágra­ fo. Haverá certamente outros, mas difíceis de distinguir e classificar, pois o raciocínio, ainda que sujeito a dois métodos básicos — a indução e a de­ dução — , não pode ser bitolado em moldes rígidos e esquemáticos. É cer­ to, entretanto, que os outros processos ou são variantes desses ou resul­ tam da conjugação de vários deles. Mas o que nos parece incontestável — e a longa prática do m agisté­ rio disso nos convenceu — é o valor didático do estudo do parágrafo como uma unidade de composição. Na realidade da sala de aula, onde se encon­ tram por vezes mais de quarenta alunos, é difícil corrigir e com entar ao mesmo tempo, com relativo proveito, mais de duas ou três composições, a menos que o professor se limite a assinalar apenas errinhos gramaticais de acentuação, grafia, regência e concordância. A estrutura da frase e a orde­ nação das idéias só podem ser ensinadas, transcrevendo-se trechos no quadro-negro. Mas que trechos? Fragmentos apenas? Só os trechos que apre­ sentem certo caráter de individualidade podem oferecer margem a com entá­ rios razoáveis no qi eficaz. Ora, o parági dade de composição tários adequados. To ra, é possível ensinai parágrafo de narraçã forma diversa; ver a tuídas apenas por ui nar com relativa fac ção através de exerc Um dos exen de que nos servimo: sal de determinado do determinado pro ve-se o desenvolvin: confronto. Variante nado modelo de pai o seu desenvolvime desenvolvido da m< quadro-negro o rest zeram e o que est; veis. Se a sala disp lhor é que todo o e Esse é o m é se baseia num prin zer fazendo o que i Ex. — encontra-se O t h o n M. G a r c ia ♦ 245 rios razoáveis no que respeita à organização das idéias e à sua expressão eficaz. Ora, o parágrafo, dada a sua relativa extensão e a sua feição de uni­ dade de composição, permite-nos transcrição no quadro-negro para comen­ tários adequados. Tomando-o como um a espécie de composição em m iniatu­ ra, é possível ensinar aos alunos como fazer uma descrição ou dissertação (o parágrafo de narração tem outras características que devem ser exploradas de forma diversa; ver adiante 3.2). Pode haver descrições ou dissertações consti­ tuídas apenas por um parágrafo. Mas, ainda que assim o fosse, pode-se ensi­ nar com relativa facilidade a ordenar os vários parágrafos de uma composi­ ção através de exercícios de planejamento (ver 7. Pl.). Um dos exercícios de maior rendim ento didático que conhecemos, e de que nos servimos habitualmente, consiste em tomar apenas o tópico fra­ sal de determinado parágrafo e pedir aos aiunos que o desenvolvam segun­ do determinado processo. Em seguida — tudo no quadro-negro — transcre­ ve-se o desenvolvimento do parágrafo original para que os alunos façam o confronto. Variante desse processo é o que consiste em apresentar determi­ nado modelo de parágrafo, principalmente de descrição, mostrar como se faz o seu desenvolvimento e, em seguida, dar outro tópico frasal para que seja desenvolvido da mesma forma; feito isso, o professor transcreve então no quadro-negro o restante do parágrafo. Do confronto entre o que os alunos fi­ zeram e o que está transcrito no quadro, resultam ensinamentos memorá­ veis. Se a sala dispõe de quadro-negro espaçoso, ou de mais de um, o me­ lhor é que todo o exercício seja aí feito. Esse é o método da amostragem mesclado com o da imitação, que se baseia num princípio didático de valor incontestável: só se aprende a fa ­ zer fazendo o que se viu como se faz. (Na parte prática deste livro — 10. Ex. — encontra-se um a série de exercícios desse tipo.) por exemplo.3 — “Definição”). com p o rta t te lh a d o e u m qi N u m a e s q u in a pe se b e. Ao contrá progressivamente. É preciso saber selecionar os de­ talhes. É preciso m ostrar as relações entre as suas partes para m elhor compreendê-lo no seu conjunto e m elhor senti-lo como im­ pressão viva. Veja-se o que faz Eça de Queirós.. Descrição m iudam ente fiel é. destacan­ do o seu “caráter”. ressaltando aqueles aspectos que mais impressionam os sentidos.2). através da indicação dos seus aspectos mais característicos. Ord. det combinar suas im pn Não é.1. Para conseguir isso é preciso saber observar. Red. 5. isto é. que do conjunto deles resulte um a impressão singularizante da coisa descrita. Os pormenores si não se confunde com mos dizer comuns.. o deu Eça de Queirós. Mas recurso de expressão não significa obrigatoriam ente vocabulá­ rio exuberante ou requintado. num só período. analisá-los para se conseguir uma imagem e não um a cópia do objeto.11 Ponto de O ponto de visl ria quer técnica. é preciso ter imaginação e dispor de recursos de expressão. Nesses dois pai rem para que a desci tor. dos seus traços predominantes.2 Ponto de O ponto de vis jeto. Ela é mais do que fotografia.N 3. des­ de que se disponha de alguma imaginação para associações de idéias e sua expressão em linguagem figurada. ser.1 Descrição literária Descrição é a apresentação verbal de um objeto. a qual pode det nificativos. no vasi trav e s. servindo-se de um vocabulário rotineiro. 1.1. salvo se se trata de descrição técnica ou científica (ver 8. dispostos de tal forma e em tal ordem (ver a se­ guir 3. P ara além . cf. saber reagrupá-los. um a espécie de natureza-m orta. Dev co. Pode-se dizer quase tudo com um acervo de palavras até mesmo corriqueiras (veja-se o exemplo de M. o que é preciso é captar a alma das coisas. p assav a u m ilde. de Assis). mas com muito espírito de observação seletiva: O c a m in fr m e d a s lo u re ja v a i d o s te lh a d o s bai: n o r a d ia n te c é u to lh o . sobretudo m etáforas e metonímias. coisa. Téc. porque é interpretação também. A exatidão e a minúcia não constituem sua primordial qualidade: podem até representar defeito. 3.. as suas peculiaridades. (. paisagem (e até de um sentimento: posso descrever o que eu sinto. seguindo-se depc .).0 Parágrafo de descrição e parágrafo de narração 3. tro­ pos que revivificam e multiplicam o vocabulário.) Em b rev e pois c a v a d o en tre ao fu n d o o sol fa rea. que é a matéria da descrição. do quadro. variando-se as pa retrato de um a pera ria. como em certos quadros. 3. Não tam bém na sua atitu ser descrito. A finalidade da descrição (estamos nos re­ ferindo à descrição literária) é transm itir a impressão que a coisa vista des­ perta em nossa m ente através dos sentidos. o n d e a d ia n D efro n te. dom inante e peculiar. Portanto. todos concor­ rem para que a descrição se desdobre em imagens vivas aos olhos do lei­ tor. c o n tin u a n d o p o r u m a se b e. Ao lo n g e d o s te lh a d o s b a ix o s d u m lu g a re jo . 3 5 6 -7 ) Nesses dois parágrafos não há um só traço supérfluo. d e ­ pois c a v ad o e n tre silv ad o s com la rg o s p e d re g u lh o s a flo ra n d o na p o e ira . lo g o d e sfe ito s n o r a d ia n te c é u (. u m a p ilh a cle trav es. que o leitor possa com binar suas impressões isoladas para form ar um a imagem unificada. o n d e a d ia n te u m a v elh a can cela a b ria p a ra a so m b ra d u m a ra m a d a . a té a u m d is ta n te p in h e ira l. com p o rta b aix a e n tre d u a s ja n e la s en v id ra ç a d a s. oferecê-los ao leitor pouco a pou­ co.1 Ponto de vista O ponto de vista é de suma im portância num a descrição. variando-se as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as. boa norma apresentar todos os detalhes acumulados num só período. As m e d a s lo u re ja v a m . No retrato de um a personagem.U F P E Biblioteca Centra O t h o n M. N u m a e s q u in a p eg a v a um m u ro b aix o d e p e d ra so lta. p e s a d a s e c h e ia s. Os pormenores singularizam essa paisagem ■rural de tal forma que ela não se confunde com nenhum a outra. mas tam bém na sua atitude.1. por exemplo. Ao contrário da pintura. p. no v asto te rre iro q u e se a la rg a v a . p o r a q u e le a n o d e f a rtu ra . seguindo-se depois os traços fisionômicos. em ordem tal. G a r c ia ♦ 247 O c a m in h o p a r a a lé m d a p o n te a lte a v a e n tre c a m p o s ce ifad o s. 5.. inconfundível porque deles ressalta um a impressão dom inante e peculiar. P ara além . detalhe por detalhe. d escia m ch ãs e lam eiro s. E ra u m a c a sa té r ­ rea . pode-se com eçar por uma apreciação sum á­ ria. ja z ia m c a n ta ria s. quer literá­ ria quer técnica. o que a torna inconfundível é o tratam ento que lhes deu Eça de Queirós. ao contrário. — e a o fu n d o o sol faiscava so b re a cal fresca d e u m a p a re d e . Não consiste apenas na posição física do observador. re m e n d o s novos no te lh a d o e um q u in te iro q u e u m a e s c u ra e im en sa fig u eira asso m b rea v a.. 5. são traços que podería­ mos dizer comuns.) Em breve o ca m in h o to rc e u .2 Ponto de vista físico: ordem dos detalhes O ponto de vista físico é a perspectiva que o observador tem do ob­ jeto. Não é. c o s te a n d o u m s o u to d e so b reiro s. q u e p a re c e u a G o n çalo a d e Ram ild e. lisa e c u id a d a . p assav a u m a e s tra d a . (.1. na sua predisposição afetiva em face do objeto a ser descrito... No entanto. a descrição vai apresentando o objeto progressivamente. (A ilustre Casa de R a m ires. v a g a ro s o s fu m o s su b ia m . mas não como se se tratas­ . Deve-se. a qual pode determ inar a ordem na enum eração dos pormenores sig­ nificativos.) U m a re v o a d a d e p e rd iz e s e rg u e u v ô o d e e n tr e o re s­ to lh o . D efro n te. um vão de parede.. sensações de calor. aque­ le que determ ina a impressão pessoal. to d a s elaí n a s tra z ia m um a d a s d e re n d a : ac os m ais p o b res t tu r b a n te a q u e b ra n c o m u ito tes . Não se faz a descrição de um a casa de m aneira desordenada.2 4 8 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a se de um a aula de anatomia: o tom da voz.4. Mas não se esqueça de que percebemos ou observamos com todos os sentidos. A ordem dos detalhes é. o feitio dos lábios. a cor das paredes. n tidos em forma. a claridade ou obscuridade do ambiente. decorrem dois tipos de descrição: a subjetiva e a objetiva. a posição dos móveis. voltar à sala de visitas. O retrato que faça de um a paisagem não traduzirá a realidade do m undo objetivo. algo que dê ao leitor uma idéia do seu estilo. em penum bn do século passado. anotando alguma singularidade expressiva. se t tos moldes de constn As chama* p o u c a s sa ias p re p e rn a . passar à cozinha. Continue o observador: entre na casa. Desse ponto de vista mental.3 Ponto de vista mental: descrição subjetiva e objetiva ou expressionista e impressionista O ponto de vista m ental ou psicológico tem igualm ente grande im­ portância para a eficácia de um a descrição. etc. A predis­ posição psicológica do observador — sua simpatia ou antipatia antecipa­ da. quase alheios ao crivo da razão ou da lógica. a cor dos olhos. A descrição rea lhes não se diluem. que fa­ zem com que veja apenas o que quer ou pensa ver e não o que está para ser visto. um a goteira. 4. Ele assim não descreve o que vê mas o que pensa v< tivas ou impressionist precisa. serve de roteiro. pois. onde se gravaram as impressões esparsas e tum ultuadas captadas pelos sentidos. olhar depois para o telhado. um cão sonolento. depois. vultos que passam. chei­ ros. muito im portante (ver ainda Par. à medida que vai cam inhando em sua dire­ ção e percebendo pouco a pouco os seus traços mais característicos com um simples correr d’olhos: primeiro. Red. ruídos. Quem aprecia o gêr Graham Greene. dos idéias. que evita­ rão se torne a descrição um a fotografia pálida daquela riqueza de impres­ sões que os sentidos atentos podem colher. Quase sempre a direção em que se caminha. ou notar que as paredes de fora estão descaiadas. ou se poderia normalmente cam inhar rum o ao objeto. comece de fora para dentro. e não apenas com os olhos. impõe um a ordem natural para a indicação dos seus pormenores. ] crição técnica ou cie Azevedo.1. sair para o quin­ tal. para los de descrição de a sar de não estarem ir 3. exam ine a primeira peça. suas idiossincrasias. enfim. Continue assim gradativam ente. o gesto.1. suas preferências. Seria absurdo começar pela fachada. da época da construção. Téc. m. o próprio < Queirós em grande p Os autores de novel. ou em parte dele. uma mossa no reboco. fenomênico. com freq' discurso narrativo de fo. a interpretação do objeto. reflete-se predom inantem ente o estado de espírito do observador. cor. a visão de conjunto. Mas. Na primeira.) 3. (Para a descrição de objetos e não de paisagem. mil acidentes.1).). ver 8. mas o seu próprio estado psíquico.. Haverá sons. a expressão do olhar. Os dois exempl diferentes quanto ao para não falar do mc senrola a narrativa di m eida e Raul Pomp< exemplos oferecidos s O autor de Me\ costumes e tipos pop servir de modelo. regressar a um dos quartos. É o elem ento subjetivo. destaque o que chame de pronto a atenção (um móvel antigo. po­ nha-se o autor na posição de quem dela se aproxima pela prim eira vez. por exemplo — pode dar como resultado imagens muito diversas do mesmo objeto. a facha­ da. as janelas e portas. expressões que possam traduzir o estado d’alma. contrastes evidentes..4 Descricãi 9 Na prosa de fi as mais complexas — go de toda a narrath revelados em breves aparência física. tra z ia m s o m e n te u m a s p o u c a s sa ias p re sa s à c in tu ra . A descrição realista ou objetiva é exata. G a rc ia ♦ 249 vê m as o que pensa ver. to d a s elas o rn a d a s d e m a g n ífica s re n d a s. O resultado dessas descrições m arcadam ente subje­ tivas ou impressionistas é. com freqüência. tam anho. Mas justam ente por serem diferentes é que os exemplos oferecidos se tornam instrutivos. ape­ sar de não estarem incluídos nas antologias nacionais. pela acumulação dos traços físicos e psicológicos. m ode­ los de descrição de ambientes e paisagens. Conan Doyle. nebulosa como os quadros impressionistas dos fins do século passado. im­ precisa. Azevedo. Os autores de novelas policiais tam bém se exercitam nessas descrições. o próprio Euclides da Cunha. a caracterização das personagens — sobretudo as mais complexas — em geral se vai delineando gradativam ente. E o que caracteriza a des­ crição técnica ou científica.O t h o n M. sentimentos e idéias. cheiro. dos seus gestos. revelados em breves e sumárias ou longas e detalhadas descrições da sua aparência física. quanto ao tem peram ento. muitos dos seus parágrafos poderão servir de modelo. Nela os deta­ lhes não se diluem. como nós. peso.1. ca lç av a m u m a s ch in ela s d e sa lto a lto e tã o . com freqüência. diluída. por isso. encontrará em George Simenon e G raham Greene. O autor de Memórias de um sargento de milícias é fácil retratista de costumes e tipos populares. com portamento. muitas dessas descrições — principalm ente no discurso narrativo de feitio tradicional — se concentram num só parágra­ fo. em penum bra. d a c in tu ra p a ra cim a a p e ­ n as tra z ia m u m a Finíssima cam isa. 3. Eça de Queirós em grande parte) deixaram-nos modelos de descrição desse tipo.4 Descrição de personagens Na prosa de ficção. não se esmaecem em penum bra. se desprezarmos ocasionais incorreções gramaticais e cer­ tos moldes de construção desatualizados: As c h a m a d a s b a ia n a s n ão u sa v a m d e v estid o s. cor. quanto à cultura. ao lon­ go de toda a narrativa. atitudes. Os dois exemplos que oferecemos a seguir pertencem a autores bem diferentes quanto ao estilo. o próprio Coelho Neto. ou em parte dele. Quem aprecia o gênero. u m c o lar d e co rais. dignos de notar e imitar. uma imagem vaga. cuja g o la e m a n g a era m ta m b é m o rn a ­ d a s d e re n d a : a o pescoço p u n h a m u m c o rd ã o d e o u ro . etc. para não falar do mom ento histórico e do ambiente social em que se de­ senrola a narrativa das suas duas obras principais: M anuel Antônio de Al­ m eida e Raul Pompéia. fo rm a d o p o r u m g ra n d e laço b ra n c o m u ito te so e e n g o m a d o . para não falar no mestre de todos. os m ais p o b re s era m d e m iç an g a s. e q u e c h e g a v a m p o u co ab a ix o d o m e io d a p e rn a . mas rica de conotações. M aupassant. antes se destacam ní­ tidos em forma. o rn a v a m a ca b eç a co m u m a esp éc ie d e tu r b a n te a q u e d a v a m o n o m e d e tru n fa s. Mas. Flaubert. Os realistas (Zola. A. dimensional. gradativam ente. graças ao: dar. dosados mesmo de certo desdém. d* .. A... enum e­ rando-lhe as partes com ponentes (pés. tam po). os g esto s. a ca d a p asso .. de Raul Pompéia: N as ocasiões d e a p a ra to é q u e se p o d ia to m a r o p u lso ao h o m em . se essas partes nada apresentarem de característico. Mesmo eliminada essa carga de ironia ou desdém. tosi orla das r ciam. fican d o d e fo ra to d o o c a lc a n h a r... como já vimos. pessoa ou paisagem através dos seus traços típicos. d e e m p u rrã o . le m b ra v a a lis u ra d a s co n sciên cias lim p a s — e ra a e d u c a ç ã o m oral. dis­ torcidos pela intenção caricatural. A. quase sarcástica.] (O A teneu. e ra m d e u m rei — o a u to c ra ta ex celso d o s silab ário s. gavetas. Na descrição de M. sem a sob: felicíssimas — i ria a imagem d< Estamos \ m a — ou. o segui e Raimundo Lid sional. de tal forma que se perm ita ao leitor distinguir de outros sem elhantes o objeto da descrição. cap. de Almeida. 9-1 0 ) A descrição é modelar. “as chamadas baianas não usavam de vestidos”. s o b a c risp a çã o á s p e ra do s su p e rc ílio s d e m o n stro ja p o n ê s. p e n e tra n d o d e lu z as a lm a s circ u n sta n te s — e ra a e d u c a ç ã o d a in te lig ê n cia. até certo de Memórias de Ateneu retrata o sionista. melh vo: M. v o lu ta s m aciças d e fios alvos. de AL ta a personagei exato. m a te ria lm e n te . o queixo. o retrato psicológico da sua personagem . os porm enores não são relevantes por si mesmos: é inútil descrever um a mesa. através dos traços físicos. d e ix a n d o d e fora os b raço s o rn a d o s d e a rg o la s d e m e ta l si­ m u la n d o pu lseiras. to rn e a d a s a cap rich o . vai o Autor delineando ao mesmo tempo. R eforça-se so b re tu d o isto u m p a r d e b ig o d es. o p erfil d o ilu stre d ir e to r [. q u e ele fazia p a ra le v ar a d ia n te . s o b e ­ ra n o s. n ã o vêem os côv ad o s d e G olias?!. os porm enores tornam o trajo das baianas realm ente inconfun­ dível. Compare-se agora o retrato de Aristarco traçado pela pena irónica. N ã o só as c o n d e co raç õ es g rita v am -lh e n o p e ito co m o u m a c o u ra ç a d e g ri­ los: A ten eu ! A teneu! A ristarco to d o e ra u m a n ú n c io . o propósito do autor deve ser prim or­ dialm ente o de apresentar o objeto. de Charl Universidade de 3. “ guaje. isto é. calm o s.15 Det Outro exe sionista \ mas a oferece Coelho ' razão — pelo s tor de Inverno e bastante aprecia como se pode v Larj sussurro. sev e­ r a m e n te e s c a n h o a d o d e o re lh a a o re lh a . o o lh a r fu lg u ra n te . na im o b ilid a d e d o g es­ to . o expres: tração subjetiva se refere ao que para fora” (cf. a rência do sempre. se os seus aspectos forem idênticos aos de qualquer outra mesa (salvo se a intenção do autor é exatam ente m ostrar a vulgaridade do objeto). além d e tu d o isto. e. q u e tã o b e la m e n te im ­ p u n h a co m o o re tra im e n to fec u n d o d o seu e s p írito — te re m o s e sb o ç a d o m o ­ ra lm e n te . Note-se como. dc cedro. o p ro g re sso d o e n s in o p ú b lico . nas nheiros. Mas. o olhar fulg mente escanhoa o par de bigode e não de qualqi cos.250 ♦ C OMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA p e q u e n a s q u e a p e n a s c o n tin h a m os d e d o s d o s pés. a sim p les e s ta tu ra d iz ia d ele: aq u i e s tá u m g ra n d e h o m e m .. en v o lv iam -se g ra c io sa m e n te e m u m a ca p a d e p a n o p reto .. o que se grava no tarco. Nos parágrafos descritivos. A p ró p ria e s ta tu ra . c o b rin ­ d o os lábios. É um a representa­ ção viva do objeto feita por quem sabia observar e distinguir o detalhe expressivo da minúcia anódina. XVII) A idéia principal desse parágrafo descritivo é o trajo das baianas. (M em órias. enunciada logo na prim eira linha à guisa de tópico frasal. fecho d e p ra ta so b re o silên cio d e o u ro .. na m u d e z d o culto. p. a p a u sa h ie rá ti­ c a d o a n d a r deix av a s e n tir o esforço. revelando inclusive o que há nele de pitoresco. a lfo m b ra d o d e fo lh as.O t h o n M .1. não obstante e não raras vezes. muito mais pálida se­ ria a imagem do diretor do Ateneu. que tam bém poderíamos dizer “im pres­ sionista”. nas h o ra s cálidas. em metáforas felicíssimas — irônicas. melhor. exato. ag a sa lh o e fre scu ra. o do segundo é vivo. experiência objetiva e sua pene­ tração subjetiva. Elise Richter e os autores citados. in El impresionismo en el lengitaje. hiperbólicas —. paisagista bastante apreciável. m u ra v a m a s trilh a s. expressionista (já que — como ensinam Amado Alonso e Raimundo Lida — “o impressionista se refere ao motivo ou estímulo oca­ sional. com a mesma atitude — a coisa inanim ada e o ser vi­ vo: M.5 Descrição de paisagem Outro exemplo de descrição. o segundo. mas R. N a tra n s p a ­ rê n c ia d o a r a z u la d o cru z av am -se . De fora para dentro. O Autor de Memórias de um sargento de milícias reproduz o que viu. lib é lu la s e b o rb o le ta s. o sc ila n d o fle x u o sa m e n te com e s tra le ja d o su ssu rro . como se pode ver no trecho seguinte: L arga a la m e d a d e b am b u s. S eb es d e ce d ro . o Autor de O Ateneu retrata o que quis ver ou lhe pareceu ter visto. I) . é a que nos oferece Coelho Neto. de Charles Bally. até certo ponto. se se limitasse ao desenho dos traços físi­ cos. Por isso. de Almeida descreve os trajos das baianas. d e s g re n h a d a s ca su a rin a s d e s fe ria m g em id o s eólios. R ei Negro. até certo ponto minucioso. d e c o n tín u o . (C o elh o N eto. C a ra m a n ch é is em c ú p u la s ou à feição d e c a b a n a s o fe re ­ ciam . em parte. to sa d a s à a ltu ra cPhom em . “El impresionismo linguístico”. Buenos Aires. e se m p re . Impressão é a percepção do objeto como tal. O primeiro é impres­ sionista. sugestivo. de dentro para fora” (cf. o queixo severa­ m ente escanhoado de orelha a orelha. quando sua frase não peca pela falta de naturalidade. com razão — pelo seu preciosismo vocabular. r e n te co m os esp i­ n h eiro s. a b o b a d a v a u m c a m in h o se re n o . a imobilidade do gesto. A. 3. Estamos vendo assim o que é óbvio: não se descreve da m esm a for­ ma — ou. d o c e m e n te . graças aos pormenores expressivos e singularizantes: os gestos. Mas. Censurado com freqüência — e. a expressão se refere ao que minha alma lhe empresta. a estatura. Pompéia retra­ ta a personagem Aristarco. o an­ dar. Universidade de Buenos Aires. sem a sobrecarga expressionista. G a r c ia ♦ 251 que se grava no espírito do leitor é uma imagem viva e palpitante de Aris­ tarco. o Au­ tor de Inverno em flor revela-se. 1956. em b aix o . fo rm a v am ta p ig o à o rla d a s ram p a s. pejorativas. 159). o p ar de bigodes retorcidos — são traços inconfundíveis dessa personagem e não de qualquer outra. mas agora de paisagem e não de objetos ou pessoas. soava u m esv aíd o e trê m u lo m u rm ú rio d ’ág u a . p. o expressionista ao mundo interior. traduzida. o parágrafo do primeiro é objetivo. cap . os supercílios de m onstro japonês. pela sua afetação retórica. o olhar fulgurante. e. D e re p e n te . Entretanto. que. a que se ajustam outros. o A utor de Iracema não é um observador frio.6 Descricâo t Essa qualidade distintivos. já é outro o quadro — o do Paquequer na sua mansidão: D epois.252 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a É o quarto parágrafo de um a série de doze em que o Autor descre­ ve a casa da fazenda. como nesses quebra-cabeças infantis formados por recortes sinuosos que é preciso ajuntar para se ter uma paisagem. como que se integrando nela: Aí [trê s o u q u a tro lé g u as acim a d a s u a fo z]. Constam. criam aque descrições de José de dida de “como o tap pontas do rochedo” alexandrino m oderno tuosidade. apresenta ao leitor com certa mas comedida sim­ patia. VII da 1. paisagista admirável. o trecho que a seguir transcrevemos é representado por um parágrafo mais longo do que a maioria dos que distinguem a sua obra. Notem-se z gem: “como o tapir e gundo trecho. . na m aioria dos casos. não é simples espectador turista. no se­ guinte. Note-se que o parágrafo não está cum ulado de pormenores insignificativos: é como se o Autor usasse binóculos. Outro é o tipo de parágrafos descritivos que encontramos na obra de José de Alencar — este. e não microscópio. parágrafos curtos. simples testem m ente por serem poét tem-se de muitas das i se um sopro de vida 1 leitor se afeiçoa à ima ra hum ana em luta co 3. com menos afetação. por assim linguagem carregada < de Alencar do paisagi: como se o primeiro fa gundo. mas. O núcleo do parágrafo é o ímpeto e arrem esso do rio. e s p u m a n d o . até “Era a Ave-Maria”. se é que se pode cham ar de “capítulo” cada um a das subdivisões das quatro partes do seu conhecido romance). cujos traços. As duas seções em que se divide esse trecho descritivo — a prim eira. Trata-se de um modelo no gênero (modelo que o estudante pode e deve mesmo im itar como bom exercício de estilo): descrição viva. o P a q u e q u e r la n ç a -se rá ­ p id o s o b re o seu le ito e a tra v e ss a as flo restas co m o o tapir. co m o o tig re so b re a presa. São inúmeros os exemplos dessa espécie na obra do romancista cearense. J a c in to a r r r a essa “g ra n d e z í M a d e ira .parte de O guarani. típicos — i de Queirós. “c e flores agrestes”. encadeados mais pelo sentido do que por partí­ culas de transição. sucessivos. e a segunda a partir daí até “Todos se descobriram” — são constituídas por um a série de pequenos parágrafos. qualquer outro cham aria de “sussurrar do vento” ou “gemidos do vento”) a descrição é suficientem ente caracterizadora para deixar no espírito do lei­ to r um a im agem satisfatória da cena focalizada. como pode servir de exemplo o trecho antológico “A prece” (cap. falta-lh e o e sp aç o . a idéia ções igualm ente simpl num a linda bacia”. isoladamente. Os seus são. para v er “mais de perto” os aspectos mais atraentes da paisagem. S o b re a mc m irei u m c a n d ee i d e p e n a s d e pato. não chegam a retratar um quadro. e na qual focaliza de perto um fragmento de paisa­ gem. mas alguém que se deixou contagiar do pró­ prio encanto da natureza. sol O ritm o e a flui pressivas.1. apressado ou distante. foge-lhe a te rra . de quem i Jacinto em A cidade e M as n a s a tre la s. Em suma. pessoal. Em suma: a de comportar-se como sei que José de Alencar é Essa. em geral. representado aqui pela alameda e os caramanchéis. soltos. o s o b e rb o rio re c u a u m m o m e n to p a ra c o n c e n tra r su a s fo rças e p re c ip ita -se d e u m só a rre m e sso . pelo menos de gos­ to discutível: “gemidos eólios” é para o Autor o que. Ao contrário do que se pôde sentir pelo exemplo de Coelho Neto. fora um a ou duas amostras de preciosismo vocabular (uma. a m p la s c h ita . sim. de períodos não m ui­ to extensos. afeti­ va. mais característicos a seu ver. mas apenas um fragmento dele. d e i­ x a n d o o pêlo esp arso p elas p o n ta s d o ro ch e d o e e n c h e n d o a so lid ã o co m o e s ta m p id o d e su a c a rre ira . fa t m e ce n u m a lin d a le ito d e n o iv a. como se estives­ se exam inando num a lâmina as nervuras de um a folha. como se o autor insuflas­ se um sopro de vida hum ana nos acidentes da natureza. Sobre a mesa enorme de pau branco. ofereciam o conforto de almofadinhas de chita. onde tanto filosofáramos considerando as es­ trelas. que o rio Paquequer parece com portar-se como ser vivo e atuante. Por outro lado — ou ju sta­ m ente por serem poéticas — as descrições do romancista cearense reves­ tem-se de muitas das características da narrativa.6 Descrição de ambiente (interior) Essa qualidade primeira da descrição — assinalar apenas os traços distintivos. (Op. por assim dizer. deixando” e “o pêlo esparso pelas pontas do rochedo” — um decassílabo galego-português (4-7-10) e um alexandrino m oderno (4-8-12). a idéia de mansidão está sugerida em imagens e com para­ ções igualm ente simples e espontâneas: “fatigado do esforço”. Eça de Queirós. amplas e de braços. um tinteiro de frade armado de penas de pato. o ritmo e a m e­ dida de “como o tapir. “como em leito de noiva. se estende sobre a terra e ador­ mece numa linda bacia que a natureza formou e onde o recebe como em leito de noiva.O t h o n M. Entre duas . “adormece num a linda bacia”. No se­ gundo trecho. de quem damos abaixo mais um belo exemplo: o gabinete de Jacinto em A cidade e as serras: Mas na sala imensa. criam aquela atm osfera poética que caracteriza a m aioria das descrições de José de Alencar.1. ad­ mirei um candeeiro de metal de três bicos. G a r c ia ♦ 253 Depois. por exemplo. aliados a imagens e com parações ex­ pressivas. cit. típicos — m arca também o estilo de outro grande escritor. Quarta parte. 3. sob cortinas de trepadeiras e flores agrestes”. com a aliteração em “p”. é que distingue o paisagismo poético de Alencar do paisagismo mais ou menos convencional de Coelho Neto. sob cortinas de trepadeiras e flores agrestes. Observe-se. As cadeiras de verga da Madeira. carpinteirada em Tormes. comunhão com a natureza. insinuada num a linguagem carregada de afetividade. espum ando. e “como o tigre sobre a presa”. É como se o primeiro fosse cúmplice da natureza nos seus sortilégios. Notem-se ainda as com parações adequadas ao am biente selva­ gem: “como o tapir espum ando”. e o se­ gundo. Jacinto arranjara um centro de repouso e de estudo — e desenrola­ ra essa “grandeza” que impressionava o Severo. cap. graças a esses recursos de estilo em que José de Alencar é prodigalíssimo. Em suma: a descrição é tão anim ada. fatigado do esforço supremo. XI) O ritm o e a fluência da frase. um vaso de capela transbordando de cravos.. É por isso que o leitor se afeiçoa à imagem do rio Paquequer como se se tratasse de criatu­ ra hum ana em luta com os elementos. simples testem unha do seu espetáculo. Essa. a sugerir im pe­ tuosidade. entre dois retratos negros com caixilhos ne­ gros...3”. com quas de um a novela ou c cos. nos divertim« uma espécie de mot mesmo com Joaquir e de outro: retrate filho. a posição dos plena rua? na casa gum lugar conhecid O quê e comi conte tudo de um j em suspenso. Os mais graves defeitos de estrutura de parágrafo decorrem . um Plutarco. uma cômoda antiga. Leve 3. as Crônicas de Froissart. a quem: personag como: o modo i quando: a époc onde: o lugar d porquê: a causa por isso: resulta (Cap. Uma estante de madeira en­ chia outro espaço de parede. alguns nobres livros. cordeiros de esguedelhada lã se apressa­ vam através de alcantis para o Menino. cadeiras de palhinha. o Manual de Epicteto. fato e circunstân­ cias. com ferragens lavradas” e “seu m árm ore branco”.2): ■í . em li narrativa.2. o A utor lhe assinala apenas os traços característicos — móveis e per­ tences —. espalhados. coroado por uma enorme Coroa Real. Ao descrever a sala. pastores de surrões vistosos. recebera sobre o seu mármore rosado o devoto peso de um Presépio. nas outras esperavam. com ferragens lavradas. sobre uma das suas prateleiras repousavam duas espingardas. se o julgasse necessário.) Porque n Silva. mas sem se deter dem oradam ente em nenhum deles. em fila decorosa. é a sala e não a cômoda. imagi za-lhes o diálogo. expressa no tópico frasal. ou tes. Eis aí a ra­ zão por que o Autor não entrou em minúcias ao se referir à cômoda. 1. embutida.6. por exemplo —. como os primeiros Doutores nas bancadas de um concílio. mau pai. rever 1. dessa falta de equilíbrio e pro­ porção entre as duas partes. E a um canto um molho de varapaus. Tra­ ta-se. Penha com uma facade. (quem — vier.. implica interferência de to ­ dos ou de alguns dos seguintes elementos (personagens. IX) Nem sempre quê. apre faça de ambos bons de interesses. muito envernizadas. O relato de um episódio. Tal como o objeto (m atéria da des­ crição). pois a idéia-núcleo. Vá o estudante Quem: imagin trato físico e mora nervosos. Seria des­ cabido alongar-se na descrição detalhada de cada um a das peças do mobi­ liário — da cômoda. o quê: o fato. onde Jacinto “arranjara um centro de repouso e de estudo”. Fr. de parágrafo iniciado por tópico frasal. sem os quais n O quadro aqui não é a paisagem externa m as o ambiente: a “sala im ensa”. Todavia. Ihão. muito novas. ano­ tando-lhe apenas um ou dois detalhes caracterizadores: “antiga. como se vê.2 Narração 3. subordinada. Depois. dando-se realce ao que é secundário ou pon­ do-se no mesmo plano da idéia principal outra. outros aspectos da descrição.. (Ver em “Redação Técni­ ca. gênio e te sões de gíria habitu balho. real ou fictício. que na sua lapinha lhes abria os braços.254 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a janelas. 1. / A matéria e as circunstâncias A m atéria da narração é o fato. particularizando em dem asia os seus aspectos em prejuízo do conjunto. — antagonista) Está aí. embutida. como é prová ta: em outra experii Onde e quanc aspecto do dia. onde Reis Ma­ gos. tem igualmente sentido muito amplo: qualquer acontecimento de que o hom em participe direta ou indiretam ente. na maioria dos casos. pode­ ria fazê-lo em parágrafo à parte. 25. a Odisséia. um Virgílio.. Não im por­ ta: em outra experiência. confrontando os hábitos. descreva-o.. as pessoas presen­ tes. quando: a época. (onde) com uma facada no coração. com quase todos os seus ingredientes... retrate o local do crime. Ou faça de ambos bons moços. Feche os olhos e imagine: um bar? em plena rua? na casa de um deles? Sirva-se de retalhos de lembranças de al­ gum lugar conhecido e reajuste os aspectos à cena que vai se desenrolar. Porque não lhe quis pagar (porquê) uma garrafa de cerveja. a narrativa m elhorará. onde: o lugar da ocorrência. 25. imagine o encontro entre eles. em linguagem chã mas objetiva e clara. O imprevisto da cena. G a rc ia ♦ 255 o quê: o fato. bom filho.. mostre o conflito de interesses. a ação (enredo). Tire partido dos contrastes. Não contc tudo dc um jato só. apresente o outro como mocinho.. com a família. (como) a seu colega Joaquim de Oliveira. ponha-os a discutir. gênio e temperam ento. nos divertimentos. rebelde. Penha. traços fisionômicos. vá espicaçando a atenção do leitor. idade. a posição dos protagonistas. (quem — antagonista) Está aí. Nem sempre todos esses elementos estão presentes. Pedro da Silva. como é provável. bom pai.. (quem — protagonista) pedreiro. Pode servir como germe de um a novela ou conto: basta porm enorizar cada um dos elementos bási­ cos. reproduza-lhes o diálogo. pode resultar num dramaIhão. tiques nervosos. m au pai. por isso: resultado ou conseqüência. Leve a narrativa a um ponto de saturação tal.. Onde e quando: imagine a hora em que se deu o crime.. o caráter de um e de outro: retrate um como vilão.. descreva o aspecto do dia.U F P E Biblioteca Cenír? O t h o n M. na rua... quem: personagens (protagonista(s) e antagonista(s)).3 a seguir). ponha-o a falar. sem os quais não há narração (ver ainda 3. que não seja . salvo quem e o quê. hábitos. a essência de uma narrativa. dada a qualidade desses ingredientes. razão ou motivo. porquê: a causa. mau filho. O quê e corno: continue imaginando. imagine-o em casa.. residente na Rua Xa­ vier. ou da noite. Vá o estudante dando largas à sua imaginação: Quem: imagine como seria Pedro da Silva. a que basta d ar o primeiro impulso. no tra­ balho. Faça o mesmo com Joaquim de Oliveira. Continue: a imaginação às vezes funciona como uma espécie de moto-contímio. matou (o quê) ontem (quando) em Vigário Geral.. desordeiro. A história está nascendo. faça-lhe o re­ trato físico e moral: estatura.. m antendo-o em suspenso. como: o modo como se desenrolou o fato ou ação. reproduza-lhe as expres­ sões de gíria habituais. o momento em que ocorreu o fato. de trinta anos. desajustado. Mas falta o epílogo.4. come­ çando.2. o gesto fatal. sendo os romances policiais: meio e um fim e é n guir. 8 É e v id e n t e q u e e sta m o s re ssa d o e m lu c r a r ia c o m f a m il ia r iz a r . esse ' ce” (irmão gêmeo do tece. 3. aquele estági* ga a um ponto tal. É. Q uando o narrador se põe na pele de qualquer personagem. Quem conta a história? Um observador neutro. normalmente. É dramalhão. o difícil é che­ gar ao clímax e ao desfecho. a vio­ lência do golpe. em todos os lugares e todos os momentos.. a queda. 3.. O ponto de vista tem. por exemplo..e. eles). Até os fins do s ver um conto. motivadas por conflitos de interesse ou de paixões. o dram alhão está-se avolumando. Imagine a faca ou punhal na mão do assassino. a da sua sucessão no tempo. Todavia.3 Enredo ou intriga O enredo (intriga.256 ♦ COMU NICAÇAO EM PROSA MODERNA mais possível adiar o desenlace ou desfecho.2.. capaz de nos dizer não só o que as per­ sonagens fazem mas também o que pensam e sentem? O autor escolherá naturalm ente o ponto de vista que mais se adapte aos seus recursos técni­ cos e à sua imaginação criadora. m atice fra n cês ( S ã o Les Éc P a u lo . um a n< uma estória (tanto qi dentes se encadeasse] certo rigor. como na descrição... B a r . É o epílogo. ou um co-participante dos acontecimentos? Será um a personagem de primeiro plano ou um a figura secundária? Será um narrador onisciente e onipresen­ te.. em si mesmo. veio Joyc ra.. o sangue em borbotões (Puxa! até eu mesmo já estou ficando impressionado com essa tragédia!) Continue o estudan­ te. no segundo. um a espécie de testem unha invisível de tudo quanto ocorre. a cronológica. trama. distante. O caminho é esse mesmo: só os contistas natos não conhecerão essa fase (nem passarão os olhos por estas páginas.1). estrutura­ do por um nexo de causa e efeito entre as peripécias que se enovelam e ca­ minham para um desfí va mesma. o propósito de ser original ou de despertar mais interesse no leitor ou de dar maior ênfase a certos incidentes ou pormenores. E estourou o estt “anti-romance”. E. fábula) é aque­ la categoria da narrativa constituída pelo conjunto dos fatos que se enca­ deiam.. ela. pode levar o autor a adotar outra. de forma que não se acrescente nenhum fato novo depois do desfecho. história ou estória. mas em outras experiências. É fácil começar um a narrativa. servese o autor d a terceira (ele. í. pois o tempo e (ou a principal) obse a ancilla narrationis ( ce a profundidades a subalternidade. o clími Na exposição. o gesto repentino de sacá-la. c da estória.2 Ordem e ponto de vista A ordem no relato dos fatos ou acontecimentos é.. com maior ou i ou quatro estágios pi a complicação. importância primordial. por onde devia acabar.. dos incidentes ou episódios em que as personagens se envolvem.. Sendo apenas testem unha.s < a le it u r a d o t u d o o s a r t ig o s d e R .. urdidura. Imagina o leitor a m elhor m aneira de term i­ nar a narrativa.... que são para principiantes). No primeiro caso relata apenas o que vê. a narra­ tiva é feita n a primeira pessoa (eu. um artifício artesanal. o principiante já terá apurado o gosto. num determ inado tempo e num determinado ambiente. nós). sim. o enredo t sua categoria por exc< nos até os últimos esj Mas depois vei< veio Proust. ele pode ser onisciente e onipresente. situando-a apresentando alguma cia propriam ente o c ta(s) e o(s) antagon man} é por aí que ei do modelo tradiciona tensão. como se faz em muitos ro­ mances policiais (ver 4. fecho ou desenlace é grande destruição tri 7 So b re o “n o v o ro m a n a veau ro m a n ( P a r is . aqui também.. veio Kafka. E estourou o estruturalismo. 1 9 6 6 ) — t u d o o s a r t i g o s d e R . das revelações de identidade. ainda se escrevem estórias que têm um começo. entrosando-se até com certo rigor. esse “romance do rom an­ ce” (irmão gêmeo do “poema do poema”) em que nada praticam ente acon­ tece. G a rc ia ♦ 257 minham para um desfecho. Mas ainda há os romances policiais. um a novela. o choque de interesses entre o(s) protagonista(s) e o(s) antagonista(s). Mas depois veio Freud. em suma. veio Proust. três ou quatro estágios progressivos da intriga. so b re ­ . o seu ponto de maior tensão. veio o surrealismo. acima de tudo. T o d o r o v e G é r a r d G e n e t t e . e d e P E R R O N E . a complicação. em que a descrição deixou de ser a ancilta narrationis (serva da narração). O n o v o P a u lo . é “o momento da grande destruição trágica. a le it u r a de R O B B E . com maior ou menor freqüência. a exposição (menos freqüente). A l a i n . o narrador explica (ou explicava) certas circunstâncias da estória. com maior ou m enor nitidez. um romance ainda era. da morte. sendo mesmo encarado com certo desprezo. de enredo clássico típico. aquele estágio em que o conflito entre as personagens centrais che­ ga a um ponto tal.8 Na exposição. esse “laboratório da narrativa”. esse “anti-rom ance”. Salvo. e v id e n t e q u e e s t a m o s c o n s i d e r a n d o a p e n a s a n a r r a t i v a d e f e it io t r a d i c i o n a l . é por aí que em geral começam as narrativas não de todo desviadas do modelo tradicional. quando escre­ ver um conto. evidentem ente. L e y la . situando-as em certa época e certa ambiência e introduzindo ou apresentando algumas personagens. B a n h e s . Até os fins do século XIX e a prim eira década do XX. o que acontece. veio a Primeira Grande Guerra. 1 9 6 6 ) . veio Joyce. a sua categoria por excelência.s e c o m l u c r a r i a c o m a le it u r a d o n9 a s n o v a s p e r s p e c t iv a s d a a n á l is e e s t r u t u r a l d a n a r r a t iv a m u i t o 8 d a r e v is t a C o m m u n i c a t i o n s ( P a r is . P o u r u ri nou­ ro­ 1 9 6 3 ) . D e s a . o caso do nouveau ro­ man. é a narrati­ va mesma. m a n ce fra n c ês ( S ã o 8 É L e s E d it io n s d e M in u it . que se podem distin­ guir. ou quase tudo (pelo m e­ nos até os últimos espasmos do realismo). que já não é possível procrastinar o desfecho.M O J S É S . E d . contar um a estória (tanto quanto possível interessante). pois o tempo e o espaço (ou melhor: o objeto) constituem a única (ou a principal) obsessão do ficcionista. estória em que os inci­ dentes se encadeassem de m aneira conseqüente. o le it o r i n t e ­ r e s s a d o e m f a m ilia r iz a r . E veio o llnouveau roman” francês. o enredo constituía a substância mesma do gênero de ficção.U F P E B ib lioteca Cent O. o clímax e o desenlace ou desfecho. Enredo é. O des­ fecho ou desenlace é a solução mesma dos conflitos. esse. em que a análise psicológica des­ ce a profundidades abismais.THON M.7 O enredo. d u S e u i l .G R I L L E T . C o l e ç ã o B u r it i. da solu- 7 So b re o “n o v o ro m a n c e ” re c o m e n d a -se veau ro m a n ( P a r is . A complicação é a fase em que se ini­ cia propriam ente o conflito. passou à condição de total subalternidade. O clímax é o ápice da estória. veio a Segunda Grande Guer­ ra. T. um meio e um fim e é nessas. 0 enredo era tudo. submissão. ct na. o que se tei 3 . D a y .2. luta. em Morfologia do conto — estudo sobre o conto popular russo. decep­ ção. * 3 .258 ♦ C OMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA cão dos mistérios.12 em 1958 — apontara trinta e um a “funções” da narrativa (popular). perda e recon­ quista (de pessoa ou de coisa). a biografia de constituem relatos < (no seu sentido vu ficção (do latim fin t imaginação. durante certo tempo. 77ie 12 A ntologia brasileira de. fluências que sofret crenças políticas e conquistas. toda narrativa consiste numa seqüência de fatos. 6 . Muitas vezes ap associação com ouu 3 . etc. 2 .10 5. I. rapto. por sua vez. peregrinação. ro.2. L E W I S . o perfil. 1 Al (do gr. de que damos aqui apenas as que nos pare­ cem mais típicas: crime praticado por vingança. diverso é o conflito entre protagonista e an tag o n ista. peregrinação. 2 . th ir ty -six dram atic situations. resulta do trata­ m ento dado pelo autor a determ inado assunto. cuja I a ed. 6 .11 basea­ do no estudo do enredo de grande número de narrativas.4 Tema e assunto 3. entretanto. X X I V O fato relata* no. 4 At tada por ela mesma dios em que esteve dos costumes de si fez a sua educação. conflito íntimo. O conto. algo equivalente mas não exatam ente correspondente a essas situações dramáticas de Polti: ausência. da descoberta e m orte dos vi­ lões. se desenrolam em determ inado lugar e momento. derrota.2 ÍN cia.2.3 autobiografia). etc. 1 0 1 .6 . diverso é o com portam ento das personagens. envolvendo participação de personagens. As circunstâncias e motivações da atuação das personagens e a configuração dos seus confli­ tos e antagonismos constituem situações dramáticas. vitória. ambição. imprudência fatal. 5 PE do não apenas por s . A fr â n io . mas que. 6 . literatura . empresa temerária. an-ekdotos. j á Vladimir Propp. sobretudo Greimas e Todorov (cf. violação. mas o seu aproveitam ento no rom ance de Bernardo G uim arães (A escrava Isaura) e no de H arriet Beecher Stowe (A cabana de Pai Tomás) transform a-o em tema. M orphology o f the fo lk ta le . reconhecimento.. revelação do traidor. interdição. só se tornou conhecido no Ocidente atra­ vés da 1“ ed. p. vitória. picante. rivo/icíade. empresa difícil. data de 1928. enigma. v o l. identificou trin­ ta e seis situações dramáticas. libertação. pois diversa é a interpretação que lhe dá cada autor. The poetic im age. partida (do herói).5 Situações dramáticas f Em síntese. nhecida da História va curta. mediação. C . Por exemplo: a escravi­ dão. como fonte de situação dram ática. An­ tes dele. derrotas m aior ênfase aos h< pessoa. regresso. ju l­ gamento errôneo.2 . etc. que. 2 . constitui um assunto. libertação. 10 C f. in ( p.”9 3. regresso (do herói). 11 C f. remorso. Sémantique stru récit littéraire”. 3. Georges Polti. da união dos amantes. do primei- y C O U T IN H O . As “funções” acabaram sendo o termo consagrado pelos adep­ tos da sem ântica estrutural. traição. fora do círculo restrito dos especialistas.2 . Bi 3 . cuja principal fi guma personagem.6 Variedi A m atéria do enredo é o terna. ações ou situações que. em inglês. auto-sacrifício. prova.2.6. a nc um a técnica especiz escapa à finalidade rais expostas nos t< espécies menores (i incidente. d o a m b ie n te e a té m e sm o d o n a rra d o r. o perfil. São recordações. 3 .6. derrotas.1). é o de qualquer n arrati­ va curta. que nos revelam os seus conflitos íntimos. 6 . quer dizer “inédito”. sugerida por associação com outros fatos (ver “Alusão histórica”. r e a l o u f ic tí­ c ia . G a rc ia ♦ 259 ro. uma descrição dos lugares que conheceu e dos costumes de sua época. Se o autor dá m aior ênfase aos homens e costumes de seu tem po do que à sua própria pessoa. idiossincrasias. frustrações. 2 . O conto. é “fingimento”. não publicado). 2 .2. que nos mostram como se fez a sua educação. o incidente. 2 . o esboço biográfico ou autobiográfico. que. 3 . a autobiografia. um a reportagem policial constituem relatos de fatos reais. com freqüência. a novela e o romance — principalm ente este último — têm um a técnica especial. do segundo. obsce­ na. Par. a anedota (no seu sentido vulgar) são algumas das espécies do gênero de ficção. dela se distinguin­ do não apenas por ser em geral mais curta. e ficção (do latim fingire = fingir) é invenção. porém. é produto da imaginação. o que escapa à finalidade deste trabalho. 1 A n e d o t a . a novela. as suas crenças políticas e religiosas. 2 . n 9 8). um relato dos episó­ dios em que esteve envolvido. curiosa.e.. 6 .3 B iografia é o relato da vida de personagem real (ver autobiografia). (do gr. 4 A u t o b i o g r a f i a é a vida de uma personagem real con­ tada por ela mesma. que nos falam das in­ fluências que sofreu. O seu sentido usual. e. 6 . 3. após as características ge­ rais expostas nos tópicos precedentes. que exige tratam ento à parte. 5 P e r f i i . como se formou o seu caráter. O romance. “Les catégories du récit littéraire”. conquistas. é uma variedade de biografia. os seus interesses. é um a particularidade pouco co­ nhecida da História. picante.6 Variedades de narração O fato relatado pode ser real ou fictício. Muitas vezes aparece como uma espécie dc “a propósito”. e tão complexa. o conto. mas também por ser interpreta- . A história do gênero hum a­ no. c u j a p r i n c i p a l f in a l id a d e p a r e c e s e r a d e f r i s a r tr a ç o s d o c a r á t e r d e a l­ g u m a p e rs o n a g e m . an-ekdotos.O t h o n M. p. etimologicamente. 3 . 3 . divertida. o que se tem são memórias. Entretanto. 6 . 3. tais como a anedota. seu anseio de felicidade. 172 e ss. o aluno poderá tentar algumas das espécies menores (incluindo-se aí o próprio conto).. epigramática e.2.5. 2 I n c i d e n t e é t a m b é m u m a n a r r a t i v a c u r t a . E o retrato do próprio narrador. ambições. 1. Sémantique structurale. in Communications. a biografia de um herói. i. R oberto ta m b é m se calara e esta v a ali. m as N oem i b em v ia os o lh o s com q u e ele a o lh a v a. mas tensos: Levou [R oberto] co n stra n g id o a m ão ao ca b e lo . p o b re p e d a ç o d e ca rn e d o lo ro sa . m u d o .2. vale dizer.7 Dois exemplos de parágrafos de narração O núcleo do parágrafo narrativo é — repitamos — o incidente. no m eio d e am b o s. ag o ra . um m o v im en to . em que se procura sublinhar os traços mais característicos da pessoa. um a determ inada minúcia. a té lhe fazia m e d o co m seu s o lh o s am arelo s. É um m om ento de tensão e expectativa. Nele não há. com que membros de certos grupos ou classes costumam divertir-se. o que distingue a narração da descrição é a presença de personagens atuantes — homens ou animais. E o o u tro . e todo o parágrafo gira em torno desse único inciden­ te: eis o princípio básico que o narrador principiante deve ter sempre em to. episódio curto ou fragmento de episódio. li­ geira. im ó v el. N oem i so rriu . L em brav a um p o u c o o R o b erto fu g itiv o e d e s lig a d o dos p rim e iro s tem p o s. com malícia às vezes. o lh av a o te to . via de regra. pelo menos. g ra ­ ve. tecnicamente impossível de antecipar. 2 8 4 ) A A utora focaliza o instante em que se defrontam dois rivais junto ao leito onde a m ulher de um deles repousa doente. e s p ero u -lh e ta n d o -lh e as p a t a São ambos exce dramático diverso — í cia desencadeada no i vras e expressões bast R achel de Q (palavras que sugen ímpeto refreado) c o n s tra n g id o o lh a v a o te to calara g ra v e s u fo c a n d o o u sa d ias fu g itiv o e d eslig a d o a b a fa v a s e d e fro n ta ra m o te o r d o a n te p e n ú l à e sp re ita fitavam implacavelir . p ro n to s a d isp u tá -la . ares. um incidente que a n arradora isola da urdidura ou intriga p ara poder focalizar de perto a reação das personagens. ao conjunto da in Confronte-se ag da Silva. 5. p a ra q u e to d a a tra n q ü i­ la ig n o râ n c ia d e J o ã o Ja q u e s sa lta sse com o u m a ro lh a. Lembra um instan­ tâneo de película cinematográfica com a m áquina posta em repouso para permitir a análise dos detalhes da ação. q ue a fitavam im p la c a v e lm e n te . d u ro s d e d e s e jo e d e am or. São muito conhecidos os “perfis poé­ ticos”. O cavalo p ô d e le v an ta r-se . Jo ã o Ja q u e s. n u m a d essas a b s tra ­ ções q u e lhe era m fre q ü e n te s. esse já e s­ ta v a à esp re ita . B astaria u m a p alav ra. Em princípio. cu ja v ida se esvaía ao s p o u co s. m a ltra ta d a . em expectativa. brejeira. Tudo ocu­ pa um só parágrafo. com simpatia quase sempre. um instante no tempo. (Caminho de pedras. Ao contrário da bio­ grafia. aqui tam bér m a: não se deve part nas o instante ex p ra co. ironizando ou louvando alguns dos seus companheiros. pois o seu conteú­ do é um fiat. Veja-se o exemplo que nos oferece Rachel de Queiroz em seu romance Caminho de pedras: os protagonistas estão praticam ente imóveis. N oem i co m eç o u a se re ­ v o lv e r no leito. e n q u a n to os d o is h o ­ m e n s se d e fro n ta v a m . su fo ca n d o o u sa d ias. p. p ro n to s am b o s a s a lta r u m so ­ b re o o u tro . um devem'?. que abaixo t quase nenhum : as pe: peto agressivo. portanto. e. o perfil não tem qualquer propósito didático: é uma narrativa livre.260 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a tiva e levemente irônica e humorística. No se em ím peto incontido: O m ancebi q u e seu s o lh o s fú ro co m a p o n ta d sistível. p e n te o u -o com os d e ­ dos. Pode não haver m ovim entação das personagens: basta que haja tensão. M esm o Jo ã o Ja q u e s talvez já se n tisse a q u e le a r te n so e p assio n al q u e a b a fa v a ali. tópico frasal explícito. teoricam ente imprevisível. E ela. ao conjunto da intriga. c o n h e c e u q u e o se u in im ig o e ra cadáver. ferid o n a p e rn a . n ão p ô d e le v an ta r-se . P re cip ito u -se e n tã o o an im a l com fú ria ceg a e irre ­ sistível. o b o i en ra iv e c id o arre m e sso u -o aos a re s. O cavalo b a q u e o u tre sp a ssa d o . Compare-as: R a c h e l d e Q u e ir o z R e b e l o d a S il v a (palavras que sugerem ímpeto refreado) (palavras que sugerem violência desencadeada) c o n s tra n g id o arro jo o lh a v a o te to a rre p ia r a te sta d o to u ro c a la ra p recip ito u -se grav e fú ria ceg a e irresistív el s u fo c a n d o o u sa d ias b a q u e o u tre sp a ssa d o fugitivo e d eslig a d o v o lta n d o so b re ele ab a fa v a boi en ra iv ec id o se d e fro n ta ra m arrem e sso u o teor do antepenúltimo período esp e ro u -lh e a q u e d a à e s p re ita a s se n ta n d o -lh e as p a ta s fita v am im p la c a v e lm e n te . No segundo. e violên­ cia desencadeada no segundo — está denunciado por um a série de pala­ vras e expressões bastante caracterizadoras. N ada im pede. um a determ inada cena ou episódio. 2 0 7 ) São ambos excelentes exemplos de parágrafos narrativos. V oltando so b re ele. in: Antol. que se ajuste. Confronte-se agora o trecho de Rachel de Queiroz com o de Rebelo da Silva.O th o n M. N a c p. G a rc ia ♦ 261 m ente. cujo clima dram ático diverso — ímpeto refreado ou expectativa no primeiro. No primeiro o movimento é lento. que se fragm ente ainda mais. que abaixo transcrevemos. entretanto. a s se n ­ ta n d o -lh e as p a ta s so b re o p eito . dominando seu ím­ peto agressivo. le v o u o arro jo a a rre p ia r a te sta d o to u ­ ro com a p o n ta d a lança. a ação se desencadeia já em pura violência. e n ã o se a rre d o u s e n ã o q u a n d o . em ímpeto incontido: O m a n c e b o d e sp re z a v a o p erig o . aqui tam bém .”. ao infini­ to. mas captar ape­ nas o instante expressivo.. (“Ú ltim a co rrid a d e to u ro s . ou quase nenhum : as personagens como que se refreiam. p ag o a té d a m o rte p elo s so rriso s q u e seus olhos fu rta v am d e lo n g e. e o cav aleiro . e. o irrelevante. como na descrição. como num m osai­ co. e s p e ro u -lh e a q u e d a n as arm a s.. Mas — convém relem brar — a m inúcia. não é um a virtude em si m es­ m a: não se deve particularizar o supérfluo. sintom ático. d) desfecho: as quatro últimas orações (a partir de “e não se arredou. E é aqui que bate o ponto: “ligeiro com entário”. deu resultados tão satisfatórios (alguns trabalhos se revelaram dignos de publicação). capaz de m ostrar-lhe os aspectos a encarar. b 1. dando eviden­ tem ente informação prévia sobre alguns deles. II Estrutura (os elem< 1. XIX-XXX. 3.3 Roteiro para análise literária de obras de ficção As lições contidas nos tópicos precedentes sobre o parágrafo de n ar­ ração (3.. isto é. O Roteiro que segue. O autor: nome o dos biográficos e lo da época).3.2.3 Quanto à caracte. um a narrativa com­ pleta.4 Enredo (intriga. I Dados sumários sobi b) complicação: o segundo e o terceiro períodos. e a) confidentes. à linguagem ou es­ tilo e outros aspectos? Sem essa orientação.1 O autor de 1.3 2.2 a 3. em m iniatura. O professor que dele se queira servir pode selecionar ad libitwn os itens que mais se ajustem às ca­ racterísticas da obra recom endada ou à orientação adotada. com suas quatro fases nitidam ente marcadas: Roteiro a) exposição: o primeiro período (até “ponta da lança”). pode ser muito mais proveitosa quando devidam ente orientada. quando precedida de uma espécie de questionário à guisa de roteiro como o que apresentam os a seguir. sua estrutu ra. traduzindo-se em apreciações in funda­ das ou desconexas.3. 2. é o momento de maior tensão dramática. Importa.. as virtudes a ressaltar no que respeita à técnica da n a rra ti­ va. Como fazê-lo o estudante. (c) que resumam cada capítulo logo que acabem de lê-lo. A obra: romance edição lida (ver ' Resumo ou reser o. em essência. Às vezes. 1. Personagens 1. as im pressões da leitura re ­ sultam vagas. fantáí timento lh mas figura ta notorie assim. 2. as qualidades a sublinhar.7) encontram seu complemento e aplicação prática no presente roteiro para análise literária de obras de ficção. reco­ m endar (a) que leiam e releiam os tópicos do Roteiro. períodos curtos. adotado em minhas aulas. enti 2.3. densos de dramaticidade (até “não pôde levantar-se”).2 2. à caracterização das personagens. A leitura de obras-primas da literatura de ficção (nacional ou univer­ sal).1 Quanto à variedc mais importantes 1. c) clímax: as três primeiras orações do quarto e último período (até “a queda nas arm as”). que me animo a incluí-lo aqui. (b) que façam a lei­ tura de lápis na mão (da obra a ser analisada ou comentada) para assinalar à m argem observações por eles sugeridas. exigem tam bém um “ligeiro com entário”.”).262 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa m o d e r n a O parágrafo de Rebelo da Silva é. Os professores que costum am recom endar a seus alunos leitura extraclasse lim itam -se geralm ente a pedir uma notícia biográfica do Au­ tor e um resum o da obra lida. clara e objetiva. caóticas.2 A análise { ou convem 1.3 As personé rias. habitualm ente ou esporadicamente feita por estudantes do curso fun­ dam ental (principalmente do segundo grau) e das faculdades de letras. .1 2. entretanto. í Há exposição ou Onde começa a £ Onde começa o ( Em que trecho 0 fecho? Acha que o leitor em susp€ 13 Alguns itens desta pan* p. sobretudo particula­ res. 1.2 Quanto à imporù antagonista (s). se não recebeu nenhum a orientação didática. difusas. Resumo ou resenha. local e data de nascimento (e m orte). XIX-XXX.j U F P E Biblioteca Centra O t h o n i com- M.1 O autor descreve-as fisicamente logo de início ou paulatinamente? 1. até “a 3. urdidura) Há exposição ou apresentação? Se há. O autor: nome completo. novela ou conto? — Local (cidade). 1. fantásticas? São normais? mórbidas? patológicas? Que sen­ tim ento lhe despertam: simpatia. 2. clara iades a narratit ou estura renf u ndaarticula1 dignos dele se :n às caeviden:o.2 Quanto à importância: identifique primeiro o(s) protagonista(s) e o(s) antagonista(s). — Da­ dos biográficos essenciais. comiseração. p. II Estrutura (os elementos da narrativa)13 ie nar:ica no univer­ so funletras. em seguida. estória.. escola ou corrente literária (esti­ lo da época). 1.1 2. cit. onde termina? Onde começa a complicação (capítulo ou cena ou episódio)? Onde começa o clímax (auge.2 A análise psicológica. a 6. o desenlace ou des­ fecho? Acha que o desfecho foi artificialmente protelado para m anter o leitor em suspense (como acontece nas telenovelas)? 13 Alguns itens desta parte (de 1. asdemais (as secundárias): a) confidentes.2 2..4 Enredo (intriga. G a r c ia ♦ 263 Roteiro I Dados sumários sobre o autor e a obra sos de 1.1 Quanto à variedade: são individuais? típicas? caricaturais? Nomeie as mais importantes. isto é. assim. op.11). suspense)? Em que trecho (episódio) ocorre a solução. é clara. então roman à c/e/? 2. A obra: romance.3.3 2. trama. e. Or. penetrante? é superficial ou convencional? é dem orada ou lenta.3 Quanto à caracterização 1. 2.3) baseiam-se nas lições de Afrânio Coutinho. editor e data da edição lida (ver 9.3. .3. 1.3 As personagens lhe parecem fiéis à realidade ou são im aginá­ rias. Personagens 1. recoim a leiassinalar capítulo 1. — Época. ou rápida e sumária? 1. ápice. Pr.2. se ocorre. repulsa? Algu­ mas figuras parecem retratar vultos históricos ou figuras de cer­ ta notoriedade do contexto social descrito pelo autor? Será. c) narrador. isto é? 0 como leitura do Au“ligeiro Como a. se houver. b) de contraste. 264 ♦ COMUNICACÃO EM PROSA MODERNA 2. realism . r 1. 6.3 Serve-se o autor c guagem é predomi 1.9 Você é capaz de a tativos do estilo d mantismo. acontecimentos (inc ca.4 Há desleixos gram: 1. j delas? 3. quer dizer. colégio.4 Alonga-se o autor em descrições detalhadas do ambiente? Julga essas descrições condicionadas ou ajustadas à ação e ao com portamento das personagens? Considera-as indispensáveis ao desenrolar da estória? São descrições impressionistas ou expressionistas? São minuciosas? São convencionais? Constituem lugares-comuns do estilo da época ou escola literária? Há originalidade nessas descrições? Você costuma ler os trechos descritivos ou “passa por cima”? Você é capaz de transcre­ ver um parágrafo e assinalar nele algumas das características aponta­ das nos tópicos 3. política. uma só in­ triga.). religio­ sa? (ver a seguir item IV).1 Qual é o local dos acontecimentos? Há mais de um ou há unidade de lugar? 3. rurais. os fatos. novela) de aventuras ou de ação? E narrativa policial ou de espionagem? É romance histórico? Seu tema é um a intriga amorosa? Há conflitos psicológicos? Será romance de costu­ mes (urbanos. há nela pouca ação e m uita análise psicológica entrem eada de descrições e reflexões ou comentários do autor? ou. em que praticam ente nada acontece)? 5. 3.6 Há unidade e organicidade na narrativa. m antendo certo nexo ló­ gico entre si? ou. 1. Tempo 1. quer dizer. ao contrário.4 Em que época se d< 6.2 parece-lhe rápida. vulgar.2 Há traços estilísti* certas estruturas d* 1.5 Há distinção entre gens e o do autori Trata-se de romance (conto. como ocorre no “novo romance” francês. a cidade) ou social (algum agrupam ento social específico.3 Tem o autor o hábi 1.2 E o narrador onisc ria é muito restrit participa? O narrac lugares e/o u época sistir? Acompanha tro.1 a 3. sobressaem os de natureza emocional.1 A narrativa parece-lhe morosa ou lenta. paisagem. o cam­ po. Ambiente (cenário. ou duas ou mais. ou. família)? 3.1 O narrador é tamb* cal é feita a narrati 6.3 A ordem da narrat tempo)? 5. 5. episó­ dios ou incidentes encadeiam-se naturalmente. trata-se de um a série de episódios mais ou m enos independentes. regionalistas)? Terá conotação social.8 Há exemplos insof de que tratam os e plifique. O estilo do autor p vencional.6 A fala das persona de do cotidiano? 1. Tema (assunto) 1. quase ausência de enre­ do.3 Cor local e atmosfera: nas descrições predom inam os elementos físicos do am biente (cor local. as descrições e < 5. reg 5.? III Linguagetn e estilo 4.6 de 3. paralelas? 2. clube. Ponto de vista 6.7 Há modismos estil do autor.1.7 A intriga é complexa (abundância de episódios entrelaçados) ou extre­ m am ente simples (um fiapozinho de estória. gíria.2 Qual é o tipo de ambiente predominante? Físico (a natureza. relacionados apenas pela presença de uma ou de outra personagem? Há unidade de ação. alguma parcela da comunidade: fábrica.5 O enredo parece-lhe ser de pura invenção ou evidenciam-se nele tra­ ços autobiográficos do autor? 2. situação) 3. exem­ plifique. intelectual ou psicológica (atmosfera)? Especifique. quer dizer. ao contrário. ao contrário. Par. ou interfere. gíria. vocabulário) das persona­ gens e o do autor? Há discurso indireto livre? 1. Ponto de vista 6.6 A fala das personagens ajusta-se à sua categoria social e/o u à realida­ de do cotidiano? 1.7 Há modismos estilísticos individuais ou coletivos (“cacoetes” de estilo do autor. 1. limitando-se aos fatos de que ele diretam ente participa? O narrador relata episódios ocorridos sim ultaneam ente em lugares e/o u épocas diferentes e aos quais.3 Tem o autor o hábito de dirigir-se ao leitor? Exemplifique e comente. corrente ou escola literária (classicismo. julgando. regionalismos. com entando. modernismo em geral)? . neologismos)? 1. ro­ mantismo. III Linguagem e estilo 1.0 — “Feição estilística da frase”? Exem­ plifique. afetado.3 A ordem da narrativa é cronológica ou do tipo flashback (recuo no tempo)? 5. O estilo do autor parece-lhe correto? É vivo. ou sua lin­ guagem é predom inantem ente não figurada? Exemplifique.5 Há distinção entre o estilo (fala.2 Há traços estilísticos nitidam ente individualizantes (preferência por certas estruturas de frase. 1. 1.4 Há desleixos gramaticais graves? Exemplifique.O th o n m .2 parece-lhe rápida. 2.1 O narrador é também um a das personagens? Em que pessoa gram ati­ cal é feita a narrativa (na primeira — eu — ou terceira — ele.8 Há exemplos insofismáveis ou apenas vestígios daqueles tipos de frase de que tratamos em 1. em virtude da sucessão contínua dos acontecimentos (incidentes).. G a r c ia ♦ 265 5. realismo.4 Em que época se desenrola a narrativa? Qual a duração? 6. impressionismo. con­ vencional. ou seu conhecim ento da estó­ ria é m uito restrito. prevendo o com portam ento delas? 6. que reduz ao mínimo a análise psicológi­ ca. ou interfere. arcaísmos. não poderia as­ sistir? Acompanha ele as personagens como simples espectador neu­ tro. eles)? 6. 1. vulgar. vulgarismos. espontâneo. retórico? Exemplifique. acelerada. por isso. as descrições e comentários do autor? 5. certas palavras.2 É o narrador onisciente e onipresente. Fr.3 Serve-se o autor com freqüência de recursos metafóricos. expressões ou metáforas)? 1.9 Você é capaz de assinalar ou transcrever e com entar trechos represen­ tativos do estilo da época. diálogos. Ponto de vista moral e religioso Tem a obra — no seu conjunto ou em alguma de suas partes — pro­ pósito moralizador? Revela o autor preocupação com o problema religio­ so? Há sinais de intolerância religiosa. É tras qualidades do esc mais graves nas redaçc rior — decorrem meno: ração da frase. a orien las que dizem respeito realce das idéias denrn 4. pode a obra ser considerada im pró­ pria para m enores? Por quê? Como encara o autor o problema do sexo e do am or em geral? 3. prove. um a peça ou roteiro cinematográfico? 4. un quase sempre a falta d já assinalamos — pode diente do tópico frasal. cc A correção gran qualidades do estilo.1 Unidade.266 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P rosa M o d e r n a IV Idéias e concepções 1. N ção pode estar absolun lar-se absolutam ente ir com exemplos disso. tem a e/o u enredo se assemelhem aos do livro que você acaba de ler e comentar? Você seria capaz de fazer dele uma adaptação teatral ou dramática. da inco de realce.0 Qualidad As observações p zer uma idéia mais pr Resta-nos agora falar d ral. social? Do ponto de vista moral. Ponto de vista político e ideológico Deixa o autor perceber claramente suas tendências políticas? Parecelhe um escritor “engajado (“comprometido”) ou “alienado”? Representa a obra um testem unho ou depoimento sobre sua época e os problemas que afligem a hum anidade ou um a parte dela? Faz o autor crítica social. locuções adv . Outivas impressões provocadas pela leitura Gostou? Sentiu-se empolgado pela narrativa em si. ra­ cial. fantasista. técnica de n ar­ rativa. as mesmas da frase ção inteira: correção. de preconceitos de ordem moral. ci da. pela psicologia ou com portam ento ou destino de alguma personagem? pelo estilo? pelas reflexões do autor? A leitura o enriqueceu espiritualm ente? culturalm en­ te? provocou-lhe reflexões ou foi apenas um passatempo? Leu outras obras do mesmo autor? Leu obras de outros autores. fatalista. ilustre. entretanto. a form chegam a invalidar a r com um mínimo de “re: Isoladamente. Quando o e: suas relações de depene rente e objetivo. V. pessimis­ ta ou otimista da vida e dos homens? 2. quer dizer. adequada e do em preg advérbios. cujo estilo. pro­ paganda ou proselitismo? Como? Justifique. Ponto de vista filosófico Revela o autor uma concepção realista. Da­ da. mas quase sempre a falta de uma resulta da ausência da outra. uma das mais im portantes qualidades do estilo.4. a estabelecer suas relações de dependência. E esse mínimo de erros seconsegue evitar com um mínimo de “regrinhas” gramaticais. Mas nem sempre a mais importante: uma composi­ ção pode estar absolutamente correta do ponto de vista gramatical e reve­ lar-se absolutam ente inaproveilável. coerência e ênfase. A primeira — já assinalamos — pode ser em grande parte conseguida graças ao expe­ diente do tópico frasal. entretanto. Quando o estudante aprende a concatenar idéias. tanto do simples período quanto de um a composi­ ção inteira: correção. coerência e ênfase A correção gramatical é.0 Qualidades do parágrafo e da frase em geral As observações precedentes talvez tenham ajudado o estudante a fa­ zer uma idéia mais precisa da estrutura e da importância do parágrafo. de modo ge­ ral. coe­ rente e objetivo. expondo seu pensamento de modo claro. clareza. Resta-nos agora falar de suas principais qualidades. a orientação que vimos seguindo. coerência e ênfase. da incoerência das idéias. Isoladamente. Os professores topamos todos os dias com exemplos disso. E verdade que erros grosseiros podem invalidar ou­ tras qualidades do estilo. unidade e coerência têm características próprias. 4. advérbios. vamos limitar-nos àque­ las que dizem respeito mais de perto à ordenação. concisão. da falta de unidade. a segunda depende principalmente de uma ordem adequada e do emprego oportuno das partículas de transição (conjunções. sem dúvida. as mesmas da frase. locuções adverbiais. a forma gramatical vem com um mínimo de erros que não chegam a invalidar a redação. da ausência de realce. propriedade. ao entrosam ento e ao realce das idéias dentro do parágrafo: unidade. certas palavras denotativas e os pronomes). que são. Mas a experiência nos ensina que os defeitos mais graves nas redações de alunos do curso fundam ental — e até supe­ rior — decorrem menos dos deslizes gramaticais que das falhas de estrutu­ ração da frase. .1 Unidade. . se dizer que bentende-se: na realidai te). Isso nos lev a a a d m itir q ue o reg im e de Fidel C astro é co m u n ista. coi triste”. omitindo-se o que não é essencial ou não se relaciona com a idéia predom inan­ te no parágrafo. ao parágrafo qual­ quer traço de unidade. ocasional. a “chegada de reforços”. p ro v av e lm en te. Uma das versões possíveis seria esta: A cabam d e c h e g a r a C u b a refo rço s m ilita re s d a U n ião S oviética p ara o reg im e c o m u n ista d e F idel C astro. histórica. q u a p en o sa. ilude o leitor. A ca b am d e c h e g a r a C uba reforços m ilita re s d a U n ião S o v iética p a ra o reg im e c o m u n ista d e F idel C astro. Evitem-se. Esse “pois” indica vestígios de um silogismo incompleto (ver 4.. portanto. a < tempos modernos são it hoje em dia não é . porém. mas não entre suas ações indicadas no trecho. Pois foi a u m dos c o la b o ra d o re s c a stris­ ta s — “C h e ” G uevara — q u e o ex -P re sid e n te J â n io Q uaclros co n d e co ro u . O raciocínio que teria levado a essa estrutura deve ter sido mais ou menos o seguinte: A cabam d e ch eg ar a Cuba reforços m ilitares d a U níão Soviética. seria necessá­ rio dar-lhe um a nova estrutura.. os co m u ­ n istas n ã o d ev em se r cond eco rad o s sem q ue se esca n d aliz e p a rte d a o p in ião p ública d e país n ão com unista. portanto. es­ c a n d a liz a n d o a o p in iã o p ú blica e c o n trib u in d o p a ra a s u a p ró p ria re n ú n c ia. sem dúvida. a unidade consiste em dizer um a coisa de cada vez. que supõe ver aí a idéia predominante do parágrafo. digressões descabidas e indiquem-se de maneira clara as relações entre a idéia principal e as secundárias. (R ed ação d e a lu n o ) Pergunta-se: qual é a idéia principal desse parágrafo? A chegada de reforços. Note-se. Falta. 1.. Ora. Pois esse escâ n d alo p ro v o co u -o a co n d eco ra­ ção d e “C he" G uevara pelo ex -p resid en te Jâ n io Q u ad ro s. pelo ex -p resid en te Jâ n io Q u ad ro s. como se explica a dia) que prova justam e mento deveria ser feito D izer a b s u rd o .2 — “Método dedutivo”). u m d o s c o lab o rad o res castristas. escâ n d alo q u e foi. um a rela­ ção implícita.. p o r afro n to sa . e s c a n d a liz o u a o p in iã o p u blica e c o n trib u iu p a ra a s u a re n ú n c ia . _ . de forma que as idéias secundárias assumam feição gramati­ cal mais adequada: oração subordinada ou adjunto adverbial: C om a chegí c o m u n ista d e Fidel d e n te Jâ n io Q u ad re cia — to rn a -se aind Sob a forma de í ser um a idéia secundári oração principal (“a con ceira idéia desse parági ção de subalternidade s» Assim. ab su rd o . Sugere-se então nova estrutura. poi d e s d e tra n s d e s e atra ç õ As facilidades. a condecoração. sob a forma de tópico frasal.268 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Em síntese. entre as três personagens referidas. cuja premissa m aior está implícita. A falta de unidade do parágrafo seguinte decorre da ausência de co­ nexão entre os seus dois períodos.. coerência e ênfase. que relação há — ou mostrou seu autor haver — entre esse fato e os restantes? Há. pois. Com.. que” já denunciam certa relação entre a chegada de reforços e o que se segue. O ra. nesta últir denciadas as três princij bém do período): a) unidade: um a só idéi b) coerência: relação (n nante e as secundári c) ênfase: a idéia prede ção principal mas tai fim ou próximo ao fi O seguinte trecho D izer q u e vi. A co n d e co raç ão d e “C h e” G u ev ara. Para consegui-lo. que na versão proposta a idéia principal é “condeco­ rar”. o escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente? Se é a chegada de reforços.5. um a d a s causas d a su a renúncia. J . A partícula de transição “pois” (conjunção conclusiva) e a expletiva “foi. Im ed iatam a id a d e M éd ia. (R ed ação d e alu n o ) Ora. um “prazer triste”. nesta última versão estão mais ou menos razoavelmente evi­ denciadas as três principais qualidades do parágrafo (que no caso são tam ­ bém do período): a) unidade: um a só idéia predominante. O seguinte trecho também peca pela falta de unidade e de coerência: D izer q u e v ia jar é um p ra z e r triste. a c o n d e c o ra ç ã o d e “C h e” G u ev a ra p elo ex -p resi­ d e n te Jâ n io Q u a d ro s — g esto q u e talvez te n h a co n trib u íd o p a ra s u a r e n ú n ­ cia — to rn a -se a in d a m ais a fro n to sa à o p in iã o pública. o co n fo rto d a s ac o m o d a çõ e s. p a re c e um ab s u rd o . . a “chegada de reforços” passa a ser um a idéia secundária. se dizer que viajar é um prazer triste parece um absurdo (su­ bentende-se: na realidade não é um absurdo. en fim . A ter­ ceira idéia desse parágrafo. por estar no fim ou próximo ao fim do período-parágrafo. a rapidez dos meios de transporte nos tempos modernos são idéias que só nos podem levar a adm itir que viajar hoje em dia não é. Im e d ia ta m e n te nos o co rrem as d ific u ld a d e s d e tra n sp o rte s d u r a n te a Id a d e M édia.. torna-se ainda mais afrontosa”). Sob a forma de adjunto adverbial.. Assim. a comodidade. u m a a v e n tu ra p en o sa. As facilidades. q u a n d o v ia jar d ev ia se r re a lm e n te u m a a v e n tu ra a rris c a d a e p en o sa. u m a a v e n tu ra p en o sa. pois im e d ia ta m e n te n o s o co rrem as in ú m e ra s e te n ta d o ra s fac ilid a­ d e s d e tra n sp o rte s. G arc ia ♦ 269 C om a c h e g a d a a C uba d e refo rço s m ilita re s d a URSS p a ra o reg im e c o m u n ista d e Fidel C astro.”. permitindo que se dê maior realce à contida na oração principal (“a condecoração.. p a re c e um a b s u rd o . c) ênfase: a idéia predom inante não apenas aparece sob a forma de ora­ ção principal mas também se coloca em posição de relevo. b) coerência: relação (no caso. viajar não é um prazer tris­ te). como teria sido durante a Idade Média. O desenvolvi­ m ento deveria ser feito com a apresentação de outro exemplo: D izer q u e v ia ja r é um p ra z e r triste..U F P E Biblioteca Cenír- O t h o n M. por ser tam bém irrelevante. assume uma fei­ ção de subalternidade sob a forma de aposto: “gesto que. como se explica a apresentação de um exemplo (viajar na Idade Mé­ dia) que prova justam ente o contrário? Falta de coerência. de conseqüência) entre essa idéia predom i­ nante e as secundárias. to d a s as o p o rtu n id a ­ des e a tra ç õ e s q u e fazem d a itin e râ n c ia tu d o m e n o s um p ra z e r triste . 270 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a 4. da declaração ini­ cial contida no tópico (primeiro período): os detalhes e exemplos incluídos no desenvolvimento sempre se reportam à drástica tirania do tantã métrico no parnasianismo. e m Portugal. N em só d e pão vive o hom em . 8 7 ) 4. n Eliminadas as e: concisão e unidade: O assassíni n ã o só p e lo impa< to d e cu lp a c o le th m in á v el d o século. Publicações da A. se m elh an te a u m a lin o típ o . pela cultura das letras e d a s artes que lhe am en izam . O seu d estino é a sce n d er d a m aterialidade à mais alta esp iritu alid ad e. digno de imitar: O inconsciente da história vem dirigindo a ativ id ad e dos povos. q u e lhe d esv en d a os se­ g redos d a n a tu re z a . a felicidade coletiva (tópico frasal). aliás. cercado pela sim patia do povo do grande Estado do Texas. q u e fu e ra lo u c o p o r futel Parece que o pro de a idade de quatro aj peito da tia velha e viú suburbana (“que ficava retamente se relaciona .. o bem -estar.2 Evite pormenores impertinentes. eram desses “albatrozes” que. que nos fa zia . quando percorria a cidade de Dallas. — quando percorria a data. O tópico frasal.. acumulações e redundâncias O assassínio do P residente Kcnnedy. com a do çu ra d a s em oções estéticas. R aim undo C orreia. que. Visões e revisões„ p. O n ú m e ro diri­ gia a idéia. vol. tinham dificuldade “d e m arch ar” no chão vu lg ar d a prosa. sem dúvida. em bora n ão possuíssem gran d es asas. q u e a H istória. ascen d er pela fé. n ão se lim itaria a satisfazer necessidades físicas. p o r assim dizei. L. 1941. (R ed ação d e a lu n o ) wuÊmw^mmmrr! Temos aí um es res em excesso (grifac em nada reforçam ou do Presidente Kenned] — naquela triste tarde cente. O céreb ro d e u m p arn a sian o tornava-se. o resultado é sempre um pa­ rágrafo uno..2. (E u g ên io G om es. a fra se poética era previam ente m odelada em dez ou doze sílabas.. O seguinte pará] so secundário: Q u a n d o eu c já id o sa. principalmente.) que adotam esse critério quase que sistematicamente. d es d e as m ais antigas civilizações. tão cedo rouba­ do à vida. Essa ativ id ad e. como já vimos. naquela triste tarde de novem bro. O riginou-se disto u m antagonism o. Não ocorre nenhuma digressão impertinente. em razão d o q u al alguns p o etas só escreviam facilm ente em verso. dc son nada tem a ver — provocado pelo saa fato referido no tre — tão cedo roubado à \ — que nos fazia. m as tam b ém p o r um a espécie de se n tim en to d e culpa coletiva. e a indicaçã ficar a carga aferiv. cercadt pormenores óbvios. nenhum porme­ nor dispensável. o nome da c na memória do leit — aclamado. (Ensaios.2. aliás. q u e p a d o s e n ta d a n u m a no ssa casa.. e C esário Verde. coerente. pela ciência. do seu suces­ sor. mas o escritor inexperiente muito lucraria em assim fazer até adquirir maior desembaraço. Há autores (como Xavier Marques. no espírito subm etido a esse imperativo e po r ele deform ado. po rém . nos seus excelentes Ensaios. estabelecer um con — terra natal. B. q ue lhe revela a presença do Criador. claro. terra natal. p. p ara os labores pacíficos q u e co n stro em a econom ia. por i sentim ento era de i que responsáveis. por exemplo.. como que responsáveis por esse crim e estúpido.1 Use sempre que possível tópico frasal explícito O parnasianism o exerceu tão drástica tirania com o seu ta n tã métrico. o Presidente Johnson. 2 vols. Rio. chocou a h u m a n id ad e inteira n ã o só pelo im pacto em ocional provocado pelo sacrifício do jovem estadista am ericano. I.2 Como conseguir unidade 4. co m o passar d o tem po. 2 3 5 ) A unidade desse parágrafo resulta. gravará corno o mais abom inável d o século. a asp ereza d a luta pela existência. aclamado por num erosa m ultidão. objetivo. atra in d o -a e reduzindo-lhe a extensão à calha m étrica p re d e te rm i­ n ad a. no Brasil. não precisa vir obrigatoriamente no iní­ cio do parágrafo. dispensáveis. O seguinte parágrafo revela os moldes habituais de redação no cur­ so secundário: Q u a n d o eu tin h a q u a tro a n o s d e id a d e e m o rav a com u m a tia viúva e já idosa. — que nos fazia. Parece que o propósito do autor era dizer que gostava de futebol des­ de a idade de quatro anos. aliás. como a data. o Presidente Johnson: o Presidente John­ son nada tem a ver com o crime nem com o comentário que dele se faz..O thon M. Então. — quando percorria a cidade de Dallas: também dispensável. por assim dizer. — aclamado. Os porm eno­ res em excesso (grifados no texto) são. n a sa la d e ja n ta r d a n o ssa casa. pois em nada reforçam ou esclarecem a idéia-núcleo do período (“o assassínio do Presidente Kennedy. p ró x im a ao H o sp ital S ão S eb astiã o . já e r a louco p o r futebol. q u e p assav a a m a io r p a r te d o d ia a c a ric ia n d o u n i g a ta rrã o p e lu ­ d o s e n ta d a n u m a v elh a e ra n g e n te c a d e ira d e b alan ço .. o período ganharia em concisão e unidade: O assassín io d o P re sid e n te K en n ed y ch o co u a h u m a n id a d e in teira.. chocou a hum anidade inteira. — provocado pelo sacrifício do jovem estadista americano: nenhum outro fato referido no trecho poderia ter provocado o impacto emocional. — tão cedo roubado à vida: clichê ou lugar-comum que não diz nada de novo.”) e da casa suburbana (“que ficava próxima ao Hospital. e a indicação da data...”): — naquela triste tarde de novembro: o fato que se comenta era ainda re­ cente. pormenores que nem indi­ retam ente se relacionam com a preferência do autor por aquele esporte? . portanto supérflua. Eliminadas as excrescências e redundâncias.”). pois.. cercado pela simpatia do povo do grande Estado do Texas: pormenores óbvios. G arcia ♦ 271 Temos aí um exemplo de período prolixo e centopeico. n ão só p elo im p a cto em o cio n al m as ta m b é m p o r u m a esp écie d e s e n tim e n ­ to d e cu lp a coletiva p o r esse crim e q u e a H istó ria g ra v a rá co m o o m ais a b o ­ m in áv el d o século. — terra natal.. o nome da cidade onde ocorreu o crime estava ainda muito vivo na memória do leitor. em bora se possa ju sti­ ficar a carga afetiva de “triste tarde de novembro”. q u e ficava nos su b ú rb io s... redundância. responsáveis por esse crime estúpido: se o sentim ento era de culpa coletiva. do seu sucessor.. é claro que todos nos sentíamos como que responsáveis. Talvez se justifiquem só por estabelecer um contraste emotivo com o assassínio. para que alongar-se em pormenores a res­ peito da tia velha e viúva (“que passava a maior parte do dia.. dadas as circunstâncias. na sua maioria. com a qual marcaria o i cos e a incapacidade d versão do trecho. ganha o parágrafo maior unidade e coesão.4 Ponha em parágrafos diferentes idéias igualmente relevantes. P roblem as inadiáveis. O crescim ento in d u strial e a ex p lo ra çã o d e novas fontes d e riq u e z a e s tã o a exigir um a elite d e técnicos cap azes d e re a lm e n te ac io n a r o ap ro v e itam en to de nossas potencialidades econôm icas em benefício d o p ro g res­ so nacional. fiquei to d o m o­ lhad o e ap a n h ei u m b ru to resfriado. Com a eliminação dessas excrescências. 4.3 Frases entrecortadas (ver 1. A p an h e i u m b ru to resfriado. o d e s a m p a ro das au to rid ad es. q ue se viciaram n a ro tin a b u ro crática. o que seria fácil o mento industrial”.. a sua forma de orações independentes. a au sên c ia d o esp írito d e p e s­ quisa. se o p õ e m a esse pro p ó sito . selecione as mais importantes e transforme-as em orações principais de períodos menos curtos O r ig in a l R e v is ã o S aí d e casa h o je d e m a n h ã m u ito ce d o . (R ed ação d e a lu n o ) A idéia-núcleo dos três primeiros períodos é o em penho do Brasil em vencer o seu subdesenvolvimento crônico. e um. formar. São e num só parágrafo. tais com o c u rr sê n c ia d o esp írito d Eliminadas as red as duas idéias mais im m ento e a necessidade i dições de formar. Eu fiquei to d o m o lh ad o . a dos dois seguintes. Fr. a p re c a rie d a d e dos laboratórios. c o n tu d o . Eu tin h a p e r ­ d id o o g u a rd a -c h u v a . n u m a c a sin h a d o s su b ú rb io s. n a ta re fa d e v en cer o seu su b d e sen v o lv im en to crônico. C om o ti­ nha p erd id o o g u ard a -c h u v a e o ô n i­ bus custasse a chegar. As três idéias mais importantes são estar chovendo. Q u an d o sa í d e casa h o je d e m a n h ã m uito cedo. d e im po rtân cia fu n d a m e n ta l. Com essa nova estrutura. 4. em ­ bora a prim eira versão seja perfeitam ente aceitável como forma de expres­ são em língua falada. n o tícias d e a n h O cin em a. dific O ra. e o u tro s fato res c o n stitu e m óbices ao p rep a ro d e p rofissionais capazes.5 0 desenvoi fragmentar-se et D iversos fat< e s tã o v erifican d o ní O rád io é u i com e s tra d a s e veíc O rád io é u t g am -se n o tícias d e les. o aui mas mas também deixo' elas. a necessida­ de de uma elite de técnicos que as universidades se revelam incapazes de 14 Na sua forma original. já e ra louco p o r fu teb o l. por mais se aproximarem a prótase e a apódose: Q u a n d o e u tin h a q u a tro an o s e m o rav a com u m a tia viúva e idosa. o cresc q u e z a . M uitos obstáculos. com q u e no e lite d e técn ico s ca p o te n c ia lid a d e s ecoí d o la m e n ta v e lm e n u res.2.2. O ô n ib u s cu s­ to u a chegar. com li O Brasil d e 1 ce r o seu su b d e se ir s e n ta d o s p o r p ro b le esse p ro p ó sito . 4. O último períodc sas universidades. E stava ch o v e n d o . 2. estav a ch o v en d o . o ti culpe o Autor a liberdade de . o trecho ganharia não apenas unidade mas tam bém maior clareza.3) freqüentemente prejudicam a unidade do parágrafo. com in ten so esforço.Fale-se da tia em outro parágrafo ou pelo menos em outro período. relacionando-as por meio de expressões adequadas à transição O Brasil d e hoje em penha-se. ficar todo molha­ do e apanhar um resfriado: daí. ig vila te m o seu p e q i N as cid ad es. im p ed em o p rogresso d o país.2. Seus currículos d esatu a liz ad o s. As universidades vêm falhando la m en tav e lm en te em virtu d e d a sua in c ap a cid a d e de p ro v er a form ação d e técnicos em alto nível. a u ­ sê n cia d o esp írito d e p esq u isa e d e s a m p a ro d a s a u to rid a d e s. tais com o cu rrícu lo s d e s a tu a liz a d o s. O ra. D iégues Jú n io r. Regiões culturais do Brasil. São essas as três principais idéias do trecho. e s tã o a ex ig ir u m a elite d e técn ico s ca p az es d c re a lm e n te a c io n a r o a p ro v e ita m e n to d e n o ssas p o te n c ia lid a d e s econôm icas. etc. as relações entre elas.14 (M. Nas cid ad es.2. m u ito s o b stá cu lo s. as n o ssas u n iv e rsid a d e s v êm fa lh a n ­ d o la m e n ta v e lm e iu e n a su a m issão d e form á-los. e uma conjunção adversativa antes de “as universidades”. tran sm issõ e s d e jo g o s e b a i­ les. antes de “o cresci­ mento industrial”. que nos des­ culpe o Autor a liberdade de fragmentâ-lo para servir de ilustração. p. d ific u lta n d o o p ro g re sso d o País. Garcia ♦ 273 formar. O último período mostra mais detalhadamente o despreparo das nos­ sas universidades. o cre scim en to in d u stria l e a ex p lo ra çã o d e n o v as fo n tes d e ri­ q u ez a. com q u e nos liv ra re m o s d o su b d e sen v o lv im en to . p re c a rie d a d e d o s la b o ra tó rio s. n a ta re fa d e v e n ­ c e r o seu su b d e sen v o lv im en to crô n ico . o cin em a e s tá a b e rto to d o s os d ia s . 3 6 7 ) 14 Na sua forma original. se o p õ em a esse p ro p ó sito . d e im p o rtâ n c ia fu n d a m e n ta l. re p re ­ se n ta d o s p o r p ro b lem as in ad iáv eis. ig u a lm e n te. como deve. Eliminadas as redundâncias. O rád io é u tiliza d o no m e io ru ra l e n as cid ad es. com e s tra d a s e veículos. . ficaram distribuídas em dois parágrafos as duas idéias mais importantes: o em penho em vencer o subdesenvolvi­ mento e a necessidade de técnicos que as universidades não estão em con­ dições de formar. o que seria fácil com uma simples partícula “ora”. No e n ta n to . com a qual marcaria o contraste entre a necessidade de uma elite de técni­ cos e a incapacidade das nossas universidades para formá-los. em v irtu d e d e v ário s fa to ­ res. ig u a lm e n te . o c in e m a .O thon m . a facilid ad e d e tra n sp o rte s. seria mais satisfatória: O Brasil d e h o je e m p e n h a -se . a um só parágrafo. juntando-as num só parágrafo. n o tícias d e an iv ersário s. de maneira explícita. p ro p a g a n d a . e a tra v é s d e le d iv u l­ g am -se notícias d e to d o s os tip o s. E n tre ta n to . A seguinte versão do trecho. o autor não apenas reduziu a importância das duas últi­ mas mas também deixou de indicar. com ligeiras alterações. v ai p e n e tra n d o m esm o nos m eio s ru ra is. com in te n so esforço. 4. O cin em a .5 0 desenvolvimento da mesma idéia-núcleo não deve fragmentar-se em vários parágrafos D iversos fato res têm sid o resp o n sáv eis p elas tra n sfo rm a ç õ e s q u e se es tã o v erifican d o n a reg ião d e co lo n iza çã o estra n g e ira . cad a vila te m o seu p eq u e n o cin em a. o trecho corresponde. O rád io é um d eles. o n d e h á p ro jeçõ es. u m a v ez p o r se m an a. o o u tro . p. perdese a noção de unidade. 16) A idéia-núcleo de todo o trecho está contida no primeiro parágrafo. entre outros modernos. Numa paragrafação com características menos pessoais e mais de acordo com os nossos hábitos lingüísticos em língua escrita. m o d e r­ n istas. b) não se afastar. Os m iudinhe E co rrem az C ad a m iudir Os m iudinho E q u a n d o n< O g ig a n te é José de Alencar. etc. É o que fazem. sendo os demais apenas desenvolvimento dele. U m a vez afeito s aos m o ld es franceses. e) inter-relacionar as ft conectivos de transiç da qual depende tan obter coerência”). . n ã o serv em e n tre ta n to a u m a c u ltu ra com a u n iv e rsa lid a d e d a fran cesa. para evitar falso julgamento. m u ito d ife re n te s d a n o ssa . e não sete. sobretudo em Ubirajara tuídos por um e no m. teríamos aí matéria para ape­ nas um parágrafo. c) evitar digressões irrel damentação das idéi nais. refletida num feitio de frase mais ou menos sentencioso. L ínguas n ão latin a s.274 ♦ Com unicação em P rosa M oderna O núcleo desses cinco pseudoparágrafos é um só: a declaração conti­ da no primeiro. só d e s p e rta m o in te ­ re sse d o s h o m e n s d e ciência. É certo que. A in d a h o je n ã o são n u m e ro so s os q u e e n tre n ó s cu ltiv am o inglês e o alem ã o . No tre­ cho abaixo transcrito. reduzindo-os a poucas linhas sem levar em conta a íntima relação entre as idéias. e não as que dc mo de palavra-puxadigressões ser mais e mento central. por motivos não relacionados com o desenvolvimento ló­ gico do parágrafo — propósito de ser mais claro ou de tornar a leitura mais fácil — muitos autores. o teor da nota do rodapé). (E studos filológicos. É verdade igualmente que a intenção do autor. o tópico frasal. Lá v êm n a tu ra lista s após ro m ân tico s. e não apenas nos seus livros didáticos. Álvaro Moreira e Aní­ bal Machado: a) dar atenção ao que em tópico frasal. e os seis restantes nada mais são do que o desenvolvimento dela. por c frasal. m ais ta rd e p a rn a sia n o s . verdadeiramente. depois de se referir à influência francesa na cultura brasileira a partir do século XVIII. que é. com tona­ lidade lírico-filosófTca. latin as e fáceis. e não no seguinte d) evitar a acumulação cleo. deve o estudante D aí e s ta situ a ç ã o p re d o m in a n te d a v elh a G ália. S o m o s trib u tá ­ rios d a c u ltu ra fra n ce sa p o r in te rm é d io d o g ra n d e v eícu lo q u e é a lín g u a. O esp a n h o l e o ita lia n o . Também a intenção didática pode justificar o desmembramento do que deveria ser um parágrafo longo em vários curtos. personagens — abusa d cleo numa série de pari Em outros casos um critério pessoal arb de injunções de um est m ultuária do m odem isr De qualquer forn m ento da mesma idéte (não é sua extensão qu< organização ou planejar pico frasal para outro si Em conclusão: pa grafo. n u n ca m ais d eix am o s d e s e ­ gui-los. Fragmentada como está a idéia-núcleo (re­ lembramos. prossegue o Autor: E c o n tin u a a d o m in a r a F ra n ça in te le c tu a l e a rtístic a . fica-se com a impressão de que o Autor enunciou vários tópicos frasais mas não os desenvolveu. pode até mesmo aconselhar esse tipo de paragrafação fragmentada. principalmente jornalistas. a sua atitude em face do tema. atomizam seus parágra­ fos. É o que faz sistemati­ cam ente Antenor Nascentes. a que fo. E quando nada mais têm que cavar. fazendo combinações. e não no seguinte. da idéia predom inante expressa no tópico frasal. Em outros casos e autores. Mas. d) evitar a acumulação de fatos ou pormenores que “abafem” a idéia-nú­ cleo. fincam. (Aníbal Machado. deve o estudante: a) dar atenção ao que é essencial. onde praticam ente todos os parágrafos são consti­ tuídos por um e no máximo dois períodos curtos. como se o autor estivesse pulando de um tó­ pico frasal para outro sem desenvolver suficientemente cada um deles. i. refincam os alfinetes na pele do gigante. O gigante é o inacreditável Outro. De qualquer forma. ressalvados os casos particulares.e. Cada miudinho com sua miudinha.4. por descuido. o indevido gigante. dentro do mesmo parágra­ fo. c) evitar digressões irrelevantes ou impertinentes. beliscam o gigante. em grande parte. São cabíveis apenas as intencio­ nais. b) não se afastar. principalmente nos seus romances indianistas — e sobretudo em Ubirajara. nunca devem as digressões ser mais extensas do que o próprio desenvolvimento do pensa­ mento central. p. e) inter-relacionar as frases ou estágios do desenvolvimento por meio de conectivos de transição e palavras de referência adequados à coerência. enunciando claramente a idéia-núcleo em tópico frasal. “Como obter coerência”). 199) José de Alencar. cavam o n ariz e cavam n a vida. E correm azafamados. que não sirvam à fun­ damentação das idéias desenvolvidas. tanto no Brasil quanto alhures. Os m iudinhos -niebehmgen cavatn a terra.U F P E Biblioteca Centra l O thon M. G arcia ♦ 275 Os miudinhos fincam. Em conclusão: para conseguir unidade através da estrutura do pará­ grafo. e não as que decorrem somente de associações de idéias num ludismo de palavra-puxa-palavra. como aconteceu na fase inicial e tu­ m ultuaria do modernismo. o desenvolvi­ mento da mesma idéia-núcleo num a série de parágrafos breves ou não (não é sua extensão que se condena) é freqüentem ente sintoma de falta de organização ou planejamento. a unidade (ver 4. . a paragrafação fragm entada decorre de um critério pessoal arbitrário — uma espécie de cacoete estilístico — ou de injunções de um estilo de época. Cadernos de João. de qualquer forma. da qual depende também. salvo algumas falas de personagens — abusa desse processo de desenvolvimento de um a idéia-nú­ cleo numa série de parágrafos de extensão muito limitada. a que o autor deve voltar logo.. D eus fez o h o m e m à su a im a g em e se m elh an ça . a frase saconselhável quanto E n co n trar pressiva e eleg ar ca lo n g a. hipérbato.. Confrontem-se as duas versões seguintes: O rdem d ireta.ed. algumas continuam. / Ordem de colocação e ênfase Como se sabe. repetindo (o homem. 2. Se Note-se ainda c objeto indireto e p ra pleonástico. a colocação das palavras na frase constitui um dos pro­ cessos mais comuns e mais eficazes para dar relevo às idéias. Todas as lín­ guas têm o seu sistema próprio de ordenar termos e orações dentro do perío­ do. À figura de construção com que se designa a alteração da ordem di­ reta dão as gramáticas modernas o nome genérico de inversão. fora da sua posição normal ou habitual. z vo “encontrar”. à seqüencia lógica. a m . € Há no períodc seu modo.3). a servir-se daquela nom enclatura consagrada pela retórica dos velhos tempos: anástrofe. A inversão pode dar à fra­ se mais vigor e mais energia. 1. obrigam a linguagem a recorrer constantemente às inversões para com mais exação debuxar o mesmo pensa­ mento de que é ela o transunto fiel” (Ernesto Carneiro Ribeiro. que.3..1 e 1. se construíc dignação de que se dado a outro o cargo sobrecarga afetiva de posição dos predicatr — A rq u itt m e tiro u esse en g u n s o d izem .. Diz-se que há inversão quando qualquer term o está fora da ordem direta. à clareza e à ênfase. acontecido”. reto “a mim”. pela ordem direta. contrapondo-se a essa ordem analítica ou ordinária [direta].3 Como conseguir ênfase Em tópicos anteriores (1.. Vejamos agora outros de maneira mais especificada. fê-lo. real­ ce ou relevo.4. já nos referimos a al­ guns dos recursos de que dispõe a língua para dar realce a determ inada idéia. o sentido ordem direta.5. Fr. porque A m im t n te m su c e d id o im s á ria e insupríve gas m ais clara. atu ra d in su p rív el u m a lc Nesta versão. prolepse e sinquise. mas em geral a disposição desses elementos está condicionada ao rumo do raciocínio. a impetuosidade das paixões e dos sentimentos que salteiam o espírito na enunciação das idéias e muitas vezes a clareza do pensamento e a perspicuidade do estilo. a concisão. É evidente que a posição incomum de homem no início da segunda versão lhe dá maior realce do que o que lhe advém da colocação normal na primeira. p. Fez D eus Na seguinte fr. por ocu­ parem um a posição insólita. a harmonia do discurso. em antepor-se o sujeito ao verbo e este aos seus complementos essenciais. o objeto direto. Se. de dis­ tinção nem sempre fácil mas quase sempre inútil. ganhem maior relevo. o que é o mesmo que dizer: mais ênfase. o objeto indireto e o predicativo se pospõem ao verbo. o vigor. Pode-se conseguir o mesmo efeito com os demais termos. a rapidez. No que se refere ao Português. basta antepô-los para que eles. fê-lo D eus à su a im a g em e se m elh an ça . Serões gra­ maticais. Na conhecida i antologias sob o títul mingúes. teoricamente pelo menos. O rdem inversa: O h o m e m . O vernáculo inversão é mais simples e mais claro. 853). entretanto.4. a chamada ordem direta consiste. se quisesse realçar “à posição: A su a imt Se o propósito 4. já que o “uso. Mas a própria gramática admite uma série de exceções. Na conhecida narrativa de Alexandre Herculano. Note-se ainda que. a resposta de Afonso Domingues... transcrita em várias antologias sob o título de “O rei e o arquiteto”. já o não sou). bastaria. que vão ressaltando. objeto indireto e predicativo. sabedor n u n c a o fui. com seu complemento. que. com ele se inicia o período: A m im . inicie-se a frase com o verbo: Fez D eus o h o m e m à su a im a g e m e se m elh an ça . fez D eus o h o in em . porque. Essa sobrecarga afetiva decorre em grande parte da ênfase resultante da anteposição dos predicativos “arquiteto” e “sabedor”. fê-lo. a tu ra d a e c o n tín u a p rática d o escrever. me tem acontecido.. e até mesmo deà posição do último adjunto adverbial: E n c o n tra r a m e sm a idéia v e rtid a em ex p ressõ es an tig as m ais clara.O thon m . a tu ra d a e co n tín u a d o escrev er d ep o is d e c o n sid e ra r n ecessária e insuprível u m a locução nova p o r m u ito tem po. no caso. Posta na assumiria feição menos satisfatória. Vossa M ercê m e tiro u esse en c arg o . cada um a a das expressões ou termos em que incidem. é muito comum dar-se à oração um torneio pleonástico. a mim. . a m aior ênfase está no infiniti­ vo “encontrar”. quando se verifica a anteposição do objeto direto. d e p o is d e c o n s id e ra r p o r m u ito te m p o n ec es­ s á ria e in su p rív e l u m a lo cu ção n o v a. e n c o n tra r v e rtid a em ex p re ssõ es a n ti­ gas m ais clara. até onde for aceitável. constitui o sujeito de “tem-me acontecido”. expressiva e e le g a n te m e n te a m e sm a id éia. Se o propósito é fazer sobressair a ação. arquiteto. Garcia ♦ 277 se quisesse realçar “à sua imagem e sem elhança”. o sentido ordem direta. n a m in h a lo n g a. ex ­ pressiva e e le g a n te m e n te tem -m e ac o n te cid o in ú m e ras vezes n a m in h a p rá ti­ ca lon g a. Na seguinte frase de Rui Barbosa. Nesta versão. já o n ão so u . p elo m en o s assim o crê em e al­ g u n s o dizem . a anteposição: À sua im agem e sem elh a n ça. maior ênfase ganha o objeto indi­ reto “a mim”. se construída em ordem direta.. me te m su c e d id o in ú m e ra s vezes. — Arquiteto d o m o steiro d e S a n ta M aria. a frase saconselhável quanto outras inversões. repetindo-se esses termos nos pronomes átonos correspondentes (o homem.. não chegaria a revelar toda a in­ dignação de que se sentiu possuído o velho arquiteto cego por ter o rei dado a outro o cargo de mestre-de-obras do mosteiro de Santa Maria.. anteposto ao verbo. Há no período seu modo. A verdade. em que a procura da ênfase através da posição das palavras no texto.2). a ordem c c) Na U niversidad tu ra d o s seu s t v id ad e. Os dize­ res da legenda podem ser mais ou menos os seguintes: a) O Sr. / vos (demonstrativos. nas línguas de declinações. e) ê n fa se n o “q u an d o ": O ntem . C. nsta seria a fonr cabeça a frase. Nesse caso. Em tese. J. principalmente curtas. P ed ro d a Silva m a to u . São frases típicas do estilo jornalístico. antes do nome. funcion Mas talvez não agrada maneira: b) O M agnífico R< rei em D ireito. quando pobre e pobre homem. expressa como está no princípio do período. P edro d a Silva m a to u o n te m seu co leg a . resid en te na R ua Xavier. a ênfase não resulta apenas da posição mas também da função do termo. . e abstrata.278 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa m o d e r n a Esse processo de iniciar orações. d e trin ta anos. o que se salienta é a personalidade de Alexandre (sujeito). c) ê n fa se n o “c o m o ” (o u n o “com q u ê ”): Com u m a faca d a no coração. d ) ê n fa se n o “o n d e ” : Em Vigário G eral. com u m a fac ad a n o co ra ção . ressalta-se o sentido de Dario (objeto direto). em geral.. p o r se te r n e g a ­ d o a p a g a r-lh e u m a g arra fa d e cerveja. Se. mas ainda as­ sim dispõe de recursos bem numerosos. digamos. O fatc . todos os termos da oração podem ser deslocados para ga­ n h ar m aior realce (e também por questão de clareza. em certos cas tos. ritm o e eufonia). Ao tratarm os do parágrafo de narração (3.. sugerido também pelo noticiário jornalísti­ co: a legenda que acompanha um clichê onde aparece. Penha. pos realce pode justificar a adjetivos. como veremos a seguir. se ções que possam tom ar Observe-se a gra tar” nas diferentes pos período: 15 Consulte-se. b) ên fa se n o “q u e m ” re fe re n te ao a n ta g o n ista : Jo a q u im de Oliveira foi a ssassin ad o o n te m . em V igário G eral. Joa­ quim Carapuça recebendo das mõas do Reitor da Universidade de Jacutin­ ga o seu diploma de bacharel em Direito. JUCÁ (filho). Em Alexander vicit Darium. 25. Mas se é a ação de vencer. Pedro d a Silva m a to u o n te m seu co lega J o a ­ quim d e O liveira porq u e. rec dade do período. o Sr. a frase assume outra feição: Vicit Dariam Alexander Essa liberda­ de de colocação só é possível. entret ro à posição desse term< ele ou eles a oração. demos como exemplo um tópi­ co de reportagem policial em que a ênfase incide na circunstância de cau­ sa (porque). se é a vitória propriamente que se deseja pôr em primei­ ro plano. Se o Sr. seu colega Jo aq u im d e Oliveira.. etc. pedreiro. Jo a q u im C a ra p u ç a rec eb e d as m ãos do M ag n ífico R eitor d a U n iv er­ sid a d e d e J a c u tin g a o se u d ip lo m a d e b a c h a re l em D ireito. Variemos essa po­ sição e consideremos os matizes enfáticos daí resultantes: a) ê n fa se n o “q u e m ” re fe re n te ao p ro tag o n ista: Pedro da Silva. ‘promoção”. O português se vê até certo ponto tolhido.. Carap veria de querer se acr “quando o Sr. em Darhun Alexander vicit. Se } conveniente distribuí-los verbo. em V igário G eral. pa regra. j lísticas de ordem enfátic Quanto aos adju pospostos ou antepostos harmonia da frase. nos títulos ou manchetes. com o termo a que se quer dar maior ênfase. essa t que tem Universidade c Os adjuntos adno vas vêm.. d a d a po r seu colega P edro d a Silva. consti­ tui preocupação constante de redatores e repórteres. a propósito. entretanto. Vejamos outro exemplo. etc. porque este n ão lhe quis p ag a r u m a g arrafa d e cerveja. com um a facada n o coração. em Vigário Geral. m ato u o n tem . Cândido. J. etc. era comum no latim. como o latim e o grego.. a qual por sua vez decorre do ponto de vista em que se coloca o autor da frase com o propó­ sito de focalizar mais de perto determ inado fato ou personagem . entretanto. pondo um ou uns antes e outro ou outros depois do verbo. que certos adjetivos. Posta assim na outra extremi­ dade do período. Cândido. possessivos. a Universidade de Jacutinga desejasse fazer a sua “promoção”. antes do nome. E sabido. 164-5. G a r c ia ♦ 279 Esta seria a forma preferida pelo J. iniciar com ele ou eles a oração. e abstrata. p. M. Se. a oração temporal “quando o Sr. por sutilezas esti­ lísticas de ordem enfática. Carapuça tivesse interferência na redação da legenda. . O fa to r psicológico na evolução sintática . a ordem dos termos e estrutura da frase seriam diversas: c) N a U n iv ersid a d e d e J a c u tin g a re a ü z o u -se o n te m a so le n id a d e d e fo rm a ­ tu ra d o s se u s b ac h aréis e m D ireito . Mas talvez não agradasse ao Reitor. SAID ALI. C. é que não existe nenhum princípio rígido quan­ to à posição desse termo acessório. ênfase proporcional à que tem Universidade de Jacutinga. ha­ veria de querer se acrescentasse a “dessa festividade”. 2Q. J. pospostos ou antepostos conforme a seqüência lógica. período simples e simples período. Os adjuntos adnominais representados por adjetivos ou locuções adjeti­ vas vêm. exprimem caracterização concreta quando pospos­ tos. e também JUCÁ (filho). homem pobre e pobre homem.15 Observe-se a gradação enfática do adjunto adverbial “antes do ja n ­ tar” nas diferentes posições que ocupa nas seguintes versões do mesmo período: ls Consulte-se. J. a clareza. recebia o seu diploma”. Quanto aos adjuntos adverbiais.. funcionando ainda como sujeito do único verbo da legenda. J. embora seja recomendável: 1-. 198 e seg. C. Carapuça.O t h o n M. essa oração daria ao nome de J. p. evitar desloca­ ções que possam tornar a frase ambígua ou obscura. C a ra p u ça o se u d ip lo m a d e b a c h a ­ rel e m D ireito. entretanto. a ênfase e a harmonia da frase. A fo to fixa um m o m e n to d essa festi­ v id a d e. quando antepostos: homem gi-ande e grande homem. pospondo-se em casos excepcionais. A verdade. Se houver mais de um e a seqüência lógica o permitir. mas aqui também o realce pode justificar a sua anteposição. a propósito. entretanto. é conveniente distribuí-los. pois nela seu nome en­ cabeça a frase. de regra. é de norma pô-los junto ao verbo. indefinidos) e também os numerais vêm. Gramática s c a m c tó ric i. que preferiria vê-la redigida de outra maneira: b ) O M agnífico R eitor e n tre g a ao Sr. se se pretende dar-lhes maior realce. em certos casos. por outro lado. Os pronomes-adjetivos (demonstrativos. Se o Sr. pospostos ao nome que modificam. em geral. e) C o stu m o . co stu m o ler o jornal. em que cada grupo passaria a ter quase o mesmo número de sílabas (4. Jo a q u im C a ra p u ça . A terceira variant Lm eu melhor amigo”: J. Desfeita a prótase. As intercalações nas ver­ sões a). — 1. As­ sim. está em posição de destaque mais adequada a termos essenciais (su­ jeito. 0 E le g a n h o u m il d u as sem anas. à oração principal. co stu m o le r o jo rn a l. E u m político g ra n d e am ig o . ou. ainda aqui. o adjunto. Conviria indagar se a segunda versão (b) é mais enfática por ser mais comum na corrente da fala ou se é mais comum por ser mais enfática. Admitamos que se queira fazer um a declaração a respeito de Joaquim Carapuça. respectivam ente). Na primeira versão.280 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a a ) Eu. elemento acessório da frase.. pai d a E steia (o u “q u e é p ai d a E ste ia”). 5 e 6. o sentido principal da oração se completa no objeto direto o jornal. verbo ou complementos). ao in que o entendimento do e Na versão seguintí condição de “pai da Este O m e u m elho o p a i da Esteia. b) m e u m e lh o r am igo. sentido que só se vai completar com o termo jornal. O m e u m e lh o r am igo. é u m poKdco de grande fa tu r o . Parece que a melhor versão é aquela em que o adjunto ganha maior relevo. o jo rn a l. e ) E le g a n h o u m il d u a s se m a n a s . 2° um dos termos e cou-se para o fim da fras pio de Alexandre Hercula Há um a infinidadt guintes. É possível que. onde os dois grupos de força — costumo ler e antes do jantar — têm um a extensão e um a cadência diversas do terceiro — o jornal O período se tornaria mais harmonioso se se fizessem isócronos ou similicadentes os três grupos de força. meu melhor amigo). os termos . b) Ele só g a n h o u d u a s se m a n a s . Confronte-se essa \ que se pretendesse dar u c) C o stu m o le r o jo rn a l a n tes do jantai: d ) C o stu m o ler. d) e e) aparentem ente interrompem a cadência da frase. Vejamos um caso em que a posição de termos em fim de oração pode contribuir para a ênfase.5: a prótase de antes do jantar deixa em suspenso o sentido do resto da frase. do fim. c) p a i d a E steia. o que se deseja é realçar a qualidade de “político de grande futuro”: Como o sentido ir logo de saída. portanto. o jo rn a l da tarde. alongando-se o ter­ ceiro com um adjunto adequado: C o stu m o ler. antes. . colocado como está no princípio da oração. a n te s do ja n ta r . Na terceira versão. C a ra p u ça . lançando-se mão dos seguintes elementos: a) p olítico d e g ra n d e fu tu ro . no caso do período composto. m elh o r am igo. a posição que ocupa é a que. se aplique aquela norma de estruturação do perío­ do a que nos referimos em 1. deveria caber a um ter­ mo essencial. como decorrênri a) Só e le g a n h o u d u as sem anas. d ) E le g a n h o u m il d u as sem an as. g) Ele g a n h o u m il d u as sem anas. isto é. antes do ja n ta r. c) E le g a n h o u só du as sem an as. b ) A ntes do jantar. Fr. antes do ja n ta r. sobretudo em d). Note-se nas três ve termos essenciais da oraçi tos). os três estágios rítmicos da frase. de preferência. a n te s d o ja n ta r. ler o jo rn a l. Há um a infinidade de matizes semânticos e enfáticos nas frases se­ guintes. Como o sentido mais importante está completo na oração enunciada logo de saída. cuja estrutura. não aconselharia sua anteposição. A terceira variante destacará em J. d) Ele ganhou mil reais só pela remoção duas semanas. um dos termos essenciais dessa oração (no caso. e) Ele ganhou mil reais pela remoção só duas semanas. do lixo acumulado durante do lixo acumulado durante do lixo acumulado durante do lixo acumulado durante do lixo acumulado durante lixo só acumulado durante lixo acumulado só durante . Joaquim Carapuça. e as secundárias. ao invés de se destacarem. Note-se nas três versões: l e. nos termos acessórios (os apos­ tos). pai da Esteia e político de grande futuro. 2Q. pai da Esteia e meu grande amigo. Na versão seguinte. tomam-se quase supérfluos. c) Ele ganhou só mil reais pela remoção duas semanas. g) Ele ganhou mil reais pela remoção do duas semanas. a idéia mais importante está expressa nos termos essenciais da oração. mais complexa do que a do exem­ plo de Alexandre Herculano. 0 Ele ganhou mil reais pela remoção do duas semanas. o predicativo) deslo­ cou-se para o fim da frase. b) Ele só ganhou mil reais pela remoção duas semanas. Carapuça. já que o entendimento do essencial da comunicação deixa de depender deles. Carapuça a sua condição de “meu melhor amigo”: J. Carapuça. G ar c ia ♦ 2 8 1 Confronte-se essa estrutura com aquela que se iniciasse pelo term o a que se pretendesse dar maior ênfase: É um político de grande futuro o J. como decorrência da posição da partícula “só”: a) Só ele ganhou mil reais pela remoção duas semanas. é o meu melhor amigo. é o pai da Esteia. político de grande futuro.O t h o n M. o que se ressalta em Joaquim Carapuça é a sua condição de “pai da Esteia”: O meu melhor amigo. os termos secundários ou acessórios (os apostos pai da Esteia e meu melhor amigo). i) tê m o m esm o se n tid o d e f). q u a n d o quiser. A má colocação de “no primeiro capítulo” e “no quarto (capítulo)” dá à frase um sentido ambíguo e chistoso. i) Ele g a n h o u m il re a is p e la re m o ç ã o d o lixo a c u m u la d o d u r a n te d u a s se ­ m a n a s só.282 C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a h ) Ele g a n h o u m il re a is pela rem oção cio lixo a c u m u la d o d u r a n te só d u a s se­ m anas. do que resultará também ligeira mudança de sentido: a) ele a p e n a s e m ais n in g u é m g a n h o u m il re a is. a coerência e a ênfase. nem mesmo as duas vírgulas que separam “quando quiser” eliminam totalm ente a ambigüidade. como no seguinte período: O p ro ta g o n is ta d a h istó ria d iz q u e n ão q u e r c a sa r n o prim eiro ca p ítu ­ lo. Arranca o esta d ) o tra b a lh o foi pouco p a ra os mil re a is q u e rec eb eu . é igual­ m ente ambíguo e incoerente no seguinte trecho: E stou p ro n to a d isc u tir com você. quando não é possível conciliar as três na mesma frase. Ilid o cu ra o u b ) ele p o d e ria te r g a n h o m ais. esse assu n to . Pelas mesmas razões. m as já c o n c o rd a em fazê-lo no quarto. por certo. em que “esse assunto” não é. m as ap e n a s d o a c u m u la d o d u ra n te as d u as se m an a s. Poder-se-á preferir uma ou outra. mas de “discutir”. As nove posições diferentes da partícula “só” são perfeitamente cabí­ veis sem injúria à estrutura da língua. Por vezes. e) n ão tin h a d e re m o v e r m ais n a d a : só o lixo. h ). . c) m ais o u m e n o s o m esm o se n tid o d e b). segundo se deseje realçar esta ou aquela idéia. g) . Casos como esses levam-nos a contrapor a regrinha da ênfase (“colo­ que em posição de destaque as palavras de maior relevância”) às da clare­ za e da coerência: aproxime tanio quanto possível termos ou orações que se relacionem pelo sejuido. Da aplicação equilibrada dessas duas diretrizes po­ dem depender em grande parte as três qualidades primordiais da frase: a clareza. qualidades que devem sobrepor-se à da ên­ fase. o complemento de “quiser”. m e re cia m ais. f) a rem o ção n ão era d e iodo o lixo. É evidente que a liberdade de colocação encontra seus limites nas exi­ gências da clareza e da coerência. o u a q u a n tia q u e ele g a ­ n h o u foi m u ito con sid eráv el. a simples deslocação de um adjunto adverbial torna as idéias obscuras ou incoerentes. . tu d o g asta. n em b e m q u e seja p ró p rio e se g u ro : o p ai n ã o te m se g u ro o filho. afin al. São trechos antológicos os seguintes: De Vieira: T udo cu ra o tem p o . o relig io so n ão te m s e g u ­ ra a su a cela.. um olhar bastava" (decrescente). A rranca o e sta tu á rio u m a p ed ra dessas m o n ta n h a s. (S e rm ã o .. . os castelos. e a té D eus. nos anos da R ainha D. tosca. bruta.3.. afrontou-o. menos do que a das vidas. onde os três substantivos — fazendas. e taiv ez em u n i m o m e n to so rv e os rein o s e m o n a rq u ia s in ­ te ira s. n ão e s tá seg u ro . um gesto. sangue e vidas — se enfileiram em ordem crescente de importância: a per­ da das fazendas (bens materiais) é menos lastimável do que a do sangue. tu d o digere.é só relem brando. o n o b re n ã o te m se g u ra a su a h o n ra . tu d o faz esquecer. É a g u e rra a q u e la c a la m id a d e co m p o sta d e to d a s as c a la m id a d e s. cobriu-o e. a começar do primeiro período. voa. tu d o acaba. Eça de Queirós e Rui Barbosa — p a­ recem deliciar-se no apelo a esses recursos típicos da oratória clássica. e a deste. o transpõe. “Uma pala­ vra. o eclesiástico n ão te m s e g u ra a im u n id a d e . se liberta. recurso de ênfase tanto quanto propriam ente de coerên­ cia.4. envofvew-o. revivendo. e dos mais conhecidos: E a g u e rra a q u e le m o n stro q u e se s u s te n ta d a s faz e n d a s. De Rui: (O re g a to ) co rria m u rm u ro so e d e s c u id a d o . se aperfeiçoa. ressofrendo as su a s d o re s q u e a A lm a se corrige. É a g u e rra a q u e la te m p e s ta d e te rre s tre q u e leva os cam p o s. d a s vidas. Alguns autores — como Vieira. d u ra . consiste em dispor as idéias em ordem crescente ou decrescente de im ­ portância: uAndat corre. M aria Francisco Isabel de S a b ó ia ) Todo o parágrafo é constituído por uma série de gradações ostensi­ vas. d o sa n g u e . e m q u e n ã o h á m al alg u m q u e ou n ã o se p a d e ç a ou n ão se te m a . de quem cita­ mos abaixo outro trecho também antológico. e q u a n to m ais co m e e co n so m e ta n to m en o s se farta.. o p o b re n ã o te m se g u ro o seu su o r. inform e. as c id a ­ des. as casas. De Eça: . principalm ente na oratória de Vieira. as vilas.2 Ordem gradativa A gradação. se torna m a is pró p ria pa ra D eus. se não perdes o trem" (crescente). e n c o n tro u o o b stá cu lo : cresceu.. o rico n ã o te m se g u ra a faz en d a. Numerosos modelos desse gênero de gradação encontram-se em obras do século XVII. nos te m p lo s e nos sa crário s. .3. n as tra n sm u ta ç õ e s. pode se (Novos estudos): “Os medi rente das inovações. simploce (no princípio e no fim). transmui das três fases finais consri “nos homens” até “nos bk ses e o seu feitio entrecort 4. crí­ ticos.3. tudo se p ro lo n g a. os pobres. Os clássicos. E a nova “retórica”. O texto está entre aspas.) 16 Esse parágrafo final de interpretação é quase paráfrase de irecho de um excelente livrinho de F.284 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Nas três definições metafóricas de guerra (É a guerra aquele mons­ tro. 107. a enumeração iniciada por “campos” é tam bém crescente quanto à intensidade: os campos valem menos do que as casas. Gonçalves. semiólogos deliciam-se com outros termos.3. M entira n o roí M en tira nos p a rtid o s..16 4. igualmente rebarbativos.1 Repetições intencionais Se a repetição resultante da pobreza de vocabulário ou de falta de imaginação para variar a estrutura da frase pode ser censurável. abusavam dessa fi­ gura. lingüistas. o pleonasm gado com habilidade... passando do ambiente familiar (o pai não tem seguro o filho) para o social (os ricos. anáfora (re­ petição no início de cada frase ou verso). notadam ente os do período barroco. onde o ro de exemplos do que a 4.2 Pleonasmo. do indireto e mais raram ente. Cosia Marques — Problemas de análise literária. Aí coisas. as cidades e os castelos (“por natureza mais próprios para sua defesa”)..3. Vieram a s a fro n ta s in so len te s à so b e ra n ia d a ju stiç a . estas menos do que as vilas. tudo se c o n tin u a n o m u n d o .3 Outros meios de conseguir ênfase 4. Vieram os escâ n d alo s m o n stru o so s d a c o rru p ç ã o a d m in is tra ti­ va.3. Quando resulta de das palavras. e 17 Consulte-se a propósito o a estudos de língua portuguesa. com que até não faz muito tempo alguns mestres e gram á­ ticos ainda se deliciavam: Ó tempos. Só mesmo parodiando a frase latina (O têmpora. que a velha retórica se esmerava em esmiuçar em reduplicação (repe­ tição seguida).3 Anacolutos A interrupção rum o do raciocínio. aquela tempestade.” O < vel fundamental. O mesmo sentido de progressão se observa na série iniciada após os dois-pontos. ó termosí (Nos tempos modernos. . No segundo período. p. os religiosos) “até chegar ao universal e ultra-sensível” (Deus. nos tem ­ plos e nos sacrários). epístrofe (no fim). Se à repetição se z dação (ascendente e desc turar-se de intensificaçõe* M entira d e tu M entira nas p ro m e ss tira nos p ro g resso s. (O..3. mais do que os moc Rui Barbosa chegou a dei (4. B arbosa). Bilac) Vieram os h o rro re s d a n te sc o s d a ilha d a s C obras. mas a ordem das idéias é do Autor citado. aquela calamidade) há outra gradação intensiva quanto ao significado.1) nos referimos a ui jeto direto.. Note-se a superabu Autor para realçar as idé tira. anadiplose (no fim de urna ora­ ção e no princípio da seguinte). V ieram c e n a s trá g i­ cas d o Satélite. Livraria Coimbra. os reinos. as aliterações (protes ecos (convicções. epanalepse (no meio). ainda mais viva porque o Autor parte do concreto para o abstrato. a repetição intencional representa um dos recursos mais férteis de que dispõe a lingua­ gem para realçar as idéias: Tudo se en c a d e ia .3. menos do que as monarquias (“compostos por vezes de vários reinos”). os eclesiás­ ticos. 1948. p.. res gos. V ieram as d ila p id a ­ ções o rg ía c a s d o d in h e iro d a n a ç ã o (R.3.. diácope (com intercalação de outras palavras). o mores!) para expressar nosso espanto diante dessa nom enclatu­ ra rebarbativa. M entira n as so lu çõ es.) M entira nos p ro testo s. M en ­ tira nos pro g resso s. as aliterações (protestos. Ainda há pouco (4. projetos. G arcia ♦ 285 Se à repetição se aliam ainda outros artifícios de estilo como a gra­ dação (ascendente e descendente) e efeitos melódicos. M entira no rosto. em pre­ gado com habilidade. n a voz. no gesto. o pleonasmo constitui defeito abominável. p. Esta figu­ 17 Consulte-se a propósito o excelente estudo de Jesus Belo Galvão. M entira n o s p ro jeto s. realça sobremaneira a expressão das idéias. como o seguinte exemplo de Rui Barbosa: M entira d e tu d o .3. n a escrita. pode ser pleonástico. . M entira nos h o m e n s. progressos) os ecos (convicções. Também o sujeito. a começar de “nos homens” até “nos blocos”. como decorrência de um desvio no rum o do raciocínio. que Rui Barbosa chegou a defender com certo ardor na Réplica. onde o leitor encontrará mais informações e maior núm e­ ro de exemplos do que os que julgamos sensato incluir neste tópico. as gradações ascendentes (clímax) das três fases finais constituídas pela enumeração dos adjuntos. M entira n a s convicções. O pleonasmo e mais dois estudos de língua portuguesa . Note-se a superabundância dos recursos oratórios de que se serve o Autor para realçar as idéias: a repetição intencional da palavra-chave men­ tira. programas.3. M entira n a s refo rm as.1) nos referimos a um dos casos mais comuns — o da repetição do ob­ jeto direto. é o que as gramáticas chamam de anacoluto. Assinale-se ainda a estrutura nominal das fra­ ses e o seu feitio entrecortado ou asmático.3. 17-56. M entira n o s p ro g ra m as. n o s ato s. em tu d o e p o r tu d o (.. M entira n a s tra n sm u ta ç õ e s. recorriam a essa figura de construção.17 4.U F P E Biblioteca Centra l O th o n M. n a p alav ra. n a s coisas. soluções). M entira no s p artid o s.3 Anacolutos A interrupção da ordem lógica. na p o stu ra .” O assunto vem tratado em todas as gramáticas de ní­ vel fundamental. 4. n o s blocos. promessas. transmutações. como no exemplo de Mário Barreto CNovos estados): “Os medíocres. n a s coligações. mais do que os modernos. Os anti­ gos.3. do indireto e do predicativo. a frase chega a sa­ turar-se de intensificações. é verdade que mais raram ente. esses deixam-se levar sem resistência na tor­ rente das inovações. M entira nas p ro m essas. Entretanto.3.2 Pleonasmos intencionais Quando resulta de descuidos ou de ignorância do verdadeiro sentido das palavras.. só o exemplo dos bons autores pode servir ao principiante como guia. escrevem como nosso raciocínio ne cações extremamente prej conveniente. é outra m aneira de enfatizar idéias.. em que o inten te ação provisória de certc tros.. Os < cionam quando suas parte dade compósita. rico de lucidíssimas ex­ plicações e exemplos. 110 seu magis­ tral livrinho — Meios de expressão e alterações semânticas (Organização Si­ mões.. é 0 parên­ tese de correção. 2. Vieira). paulatir tâncias) com a apresentai gráfica se chama de flash Se. pelos efeitos. na Réplica. Fr.5 Parênteses de correção Semelhante. quanto à noiva. quer-me parecer que não lhe sobram razões".5.. não se voltando 0 Senhor. Fr. que nã por de excelentes idéias q ra.3.) — dedica-lhe todo um capítulo.. Podem-se visão. mas o seu efeito ou propósito é 0 mesmo: “Demais... a essas reticências intencionais. harmoniosa e coerente Em geral. é usual tanto na língua do povo quanto na obra dos bons escritores. a de determina A ordem dos fato: são não visa aí. ou retificação: “Vol­ tando-se depois o Senhor (não digo bem).3.4.3. de As­ sis). 1961. São freqüentes os r< onde deviam term inar — tuindo-se depois.4. os principais fatores 4. Rui Barbosa. 2. As vezes. por traduzir desconhecimento de princípios elementares de estrutura sintática.3. entretanto.. não. O emprego eficaz e expressivo do anacoluto exige assim muito cuidado. o Brasinho! Um homem! Quem diria.4 Interrupções intencionais Interrom per bruscamente a frase. Na maioria dos casos.. ou estereotipado como no exemplo supra. um a observação marginal curta. que permite se insinue no meio de uma frase uma idéia nova. seu valor enfático pode ser considerável.. estereotipada em construção do tipo “eu. que sou. Não se deve... L 4." (M. nem pot . XXVI) Ora. m suspense.. (cap.” (A. disse eu depois de um instante.5 e 1. mesr gica mas somente nas ce exemplo. Júlio Ribeiro. Um homenzarrão! (7d. sobretudo em Memórias póstumas de Brás Cabas: Não entendo de política. Se é intencional. mas o conjunto só ajustadas e conectadas seg gadores de futebol.3. 1. em Elogios acadêmicos.3.4 Como obter c A coerência (do la consiste em ordenar e ir acordo com um plano d obter-se ao mesmo temp< m a” da composição. essas frases ou fragmentos incidentes vêm entre reti­ cências. deixando-a em suspenso com o propósito de cham ar a atenção para 0 que se segue. seg tras palavras: assim como não se entendam.8 — “Frases parentéticas”) 4.1). o paralelismo rítmico e sintático ou gramatical contribui para a ênfase (rever 1. uma ressalva.’ 286 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a ra. fazem a louvação do anacoluto.1 Ordem cron No gênero narrativ fatos.ed. há anos. a n da ordem cronológica se cia. deixe-me viver como um urso. assim tende conseguir 0 que. cons­ titui um grave defeito de estilo. 4. torna-se neo do-as numa ordem adequt por meio de conectivos e p pois.4. Said Ali. a noiva e o parlam ento são a mesma coisa.. É verdade que. isto é. entretanto. XXIX) 4. na sua Gramática. (Rever 1.6 Paralelismo rítmico e sintático Também. ou resultar de distrações que redundam em fragmentos de frase muito comuns no estilo dos principiantes ou incau­ tos. saberás depois. Latino Coelho.. onze não se conjugarem as hal ção dentro do campo. Machado de Assis é freqüentemente reticencioso. como. histórica. Onze excelentes jo­ gadores de futebol. pois. motivos. só fu n ­ cionam quando suas partes componentes se ajustam. a narrativa é.1 Ordem cronológica No gênero narrativo. Ela é. o relato sumário do crime —. hiatos e deslo­ cações extremamente prejudiciais à coerência e à clareza.1. Em ou­ tras palavras: assim como não basta encontrarem-se em campo onze Pelés que não se entendam. Se. entretanto. G arc ia ♦ 287 4. mas o conjunto só funcionará quando todas estiverem adequadamente ajustadas e conectadas segundo o esquema de montagem. adota-se normalmente a ordem da sucessão dos fatos. paulatinamente. Os organismos vivos. onze Pelés. os próprios mecanismos. É o que em técnica cinemato­ gráfica se chama de flmhback. que não se articulem. relatar antes o que ocorre depois. São freqüentes os romances policiais ou de mistério que se iniciam por onde deviam term inar — digamos. não se entrosem de maneira cla­ ra. em que o interesse da narrativa decorre muitas vezes da escamo­ teação provisória de certos incidentes ou episódios ou da antecipação de ou­ tros. Podem-se reunir as mil e uma peças de um aparelho de tele­ visão. ao suspense: . assim também não é suficiente dis­ por de excelentes idéias que não se ajustem. nem poderia visar. entis: o que está junto ou ligado) consiste em ordenar e interligar as idéias de maneira clara e lógica e de acordo com um plano definido. assim. reconsti­ tuindo -se depois. essa subversão da ordem cronológica se torna absurda. (Rever 1.O t h o n m . pouco rendimento obterão numa partida. Sem coerência é praticamente impossível obter-se ao mesmo tempo unidade e clareza. se pode subverter a ordem cronoló­ gica mas somente nas cenas isoladas de intenso teor dramático. a “al­ ma” da composição. salvo se se pre­ tende conseguir o que. segundo o plano do jogo e o objetivo do gol. torna-se necessário planejar o desenvolvimento das idéias. se não se conjugarem as habilidades de cada um na sua posição e movimenta­ ção dentro do campo. por assim dizer. os principais fatores de coerência. legitimamente.4. mesmo nesse caso. Não se deve. circuns­ tâncias) com a apresentação dos personagens. os antecedentes (causas.) Em geral. por exemplo.1. escrevemos à medida que as idéias nos vão surgindo: mas. nos romances policiais e seus similares. como nosso raciocínio nem sempre é lógico. pon­ do-as numa ordem adequada ao propósito da comunicação e interligando-as por meio de conectivos e partículas de transição. Para evitar esse in­ conveniente. A ordem dos fatos históricos no seguinte trecho é caótica: a inver­ são não visa aí.. ocorrem lapsos. harmoniosa e coerente. Ordem e mansição constituem. 4. se integram num a uni­ dade compósita.4 Como obter coerência A coerência (do latim cohaerens. pois prejudica a clareza e a coerên­ cia. Fr. se chama de suspense. 1. É verdade que. a de determ inada fase de uma batalha. tam bém cronologicamente. O observa­ dor tem primeiro uma visão de conjunto.1. e assim por diante (rever Par. Jônatas Serrano: G eneralizações U m a d a s características do p ro g resso e fe tu a d o p ela H u m an id ad e no século XIX é a facilid ad e crescen te dos m eios d e com unicação. u m im enso A coerência des: do fato de todos os po pacial sugerida pela pi tude natural. pode-se co: depois as conseqüênci xar sempre para o fim No parágrafo qc inicia com um a genen que a fundamentam . ou vice-versa. as es­ pecificações representadas pela série de inventos e experiências. “locom otiva” ( 1 8 1 4 —► —► 1830). Red. no segundo. o S a ­ vannah. foi d e S a v a n n a h a L iver­ pool.4. historiandose os fatos na ordem sugerida pelas datas (1807 —► 1814—►1819 -> 1 8 3 0 ). e d a í a S. c o m eç ad a em 1828. o Savannah. * em que se amplia o se A mocidad* interessam. importantíssima a ord* por um a generalizaçãc dam entem (método d< chegar à conclusão (ir sa e efeito. Téc. a realizações adm iráveis: m áq u in as. p eq u en o steamer. S tephenson criou a locom otiva p ro p ria m e n te d ita . Jouffroy. Em 1 8 3 0 funcio­ n ou a prim eira via férrea p ara tran sp o rte d e passageiros. e d aí a S. a de quem acaba de entrar no quarto (“a cama estava im ponente”). arre p a n h a v a m ra m o s d e flores i m as m u ito vistoso. 2 1 5 ) 4.). Em 1 8 1 9 . cuja força P apin já o b serv ara n o sé­ culo anterior. e v ita n d o a ad e rê n c ia d a s ro d as (1 8 1 4 ). A mocida* interessam ou peh . (H istória da civilização. p. de dentro para fora. em certos casos.3 Ordem lói Especificações em ordem cronológica: “barco a v ap o r” (1 8 0 7 1819). foi d e S av an n ah a Liverpool. Em seguida. em 1 807. F u lto n . F u lto n e S tep h en so n . chegou. graças a W att. a realiza­ ções adm iráveis: m áquinas. 3.2 Ordem espacial Nas descrições é sempre aconselhável e. em traços rápidos mas bas­ tante identificadores. da direita para es­ querda. ch eg o u graças a W att. notando. ras fig u rav a u m a < ram ro sas e b o g a r o te to . É o que faz o Autor. q d e u m a s e n h o ra d sil. F ulton navegava em barco a v ap o r n o H udson. a ordem por assim dizer imposta pelo ponto de vista: dos detalhes mais próximos para os mais distantes.288 ♦ C OMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA U m a das características d o progresso efetu ad o pela H u m an id ad e d o sé­ culo XIX é a facilidade crescente dos m eios d e com unicação. m as só em 1 8 3 0 fu n c io n o u a p rim e ira via férre a p a ra tra n s p o rte d e p assag eiro s. d e N ova York a Albany. por nhorões e crótons”: A c a m a est d o d e la b irin to . Note-se como Aluísio Azevedo descreve. seguir a ordem em que o objeto é observado. navegação e viação férrea. n a v e g a v a em b arc o a v ap o r no H u d so n . cuja força Pa­ pin já observ ara no século anterior. de N ova York a Albany. com eçada em 1828. F ulton e Stephenson. isto é. como que num movi­ Na dissertação. parece a 4. n av eg ação . Jouffroy. mento de natural curi* até as suas extremida* dem laços de cetim. O trecho deveria desdobrar-se em dois parágrafos: no primeiro. Em 1819. ou dispondo-os. S te p h e n so n crio u a lo ­ co m otiva p ro p ria m e n te d ita . até mesmo imperioso. evitan d o a ad erên cia d a s ro d as em 1814. A aná diatista da mocida rais que tudo abn concluírem com fa vasta dose de sufi preendimentos qu avante. p e q u e n o steam er. Petersburgo. as idéias gerais correspondentes aos períodos inicial e final. Já e m 1807. ou destes para aqueles. um a cama preparada para recém-casados.4. Dí riverde). v iação férrea.2 e ver 8. O vapor.. O vapor. em torno das duas idéias principais — “barco a vapor” e “locomotiva”. P ete rsb u rg o . q u e n ão q u er apenas m as quer já. pode-se começar pela apresentação da primeira. onde encontra dem laços de cetim. p o r fora d o so b rec éu . Idade. a rre p a n h a v a m -n o p elas ex tre m id a d es. Esse esp írito d e fácil g en e raliz aç ão leva os m oços a co n c lu írem com facilidade e a ju lg a re m d e tu d o e d e to d o s com p recip itação e v a s ta d o se d e suficiência. esp arra lh ac lo co n tra ü te to . por fim. Mas procure-se dei­ xar sem pre para o fim as idéias ou argum entos mais im portantes. A m o cid ad e é n a tu ra lm e n te to ta litá ria e as soluções parciais n ão lhe in te re ssa m ou pelo m enos n ão a satisfazem . (O h o m e m .3 Ordem lógica Na dissertação. A m o ro so L im a. so b re a q u a l se d e s fo lh a ­ r a m ro sas e b o g aris. em ati­ tude natural. em grande parte. ou partir dos detalhes (especificação) para chegar à conclusão (método indutivo). rep u g n a ao esp írito imed ia tista d a m ocidade. nas explanações didáticas. exigindo d e m o ra e p aciên cia. na exposição em geral. sexo e tem p o . o “imenso feixe de ti- A c a m a esta v a im p o n e n te : d escia -lh e d a c ú p u la u m en o rm e c o rtin a ­ d o d e la b irin to . a cujo filho a m a m e n ta ra a n te s d e v ir p a ra o B ra­ sil. A análise. e lá no alto . enum erando-se depois as conseqüências. m a s m u ito vistoso. d o n d e p e n d ia m laços d e c e tim azu l. Tudo isso. No parágrafo que damos a seguir. 72) . Pode-se iniciar o parágrafo por um a generalização. Se se estabelecem relações de cau­ sa e efeito. seguindo-se as especificações que a fundam entam . à b a s e d a s q u a tro co lu n as. “descendo" as quatro colunas de que pen­ detalhes contíguos (a colcha audestaque. e term ina por um a conclusão claram ente enunciada. parece contemplá-lo pela primeira vez. do fato de todos os pormenores do quadro se encadearem num a ordem es­ pacial sugerida pela própria observação do objeto. (A. u m im e n so feixe d e tin h o rõ e s e cró to n s. p. P or cim a d a fam o sa c o lch a a u riv e rd e co m arm a s b rasilei­ ra s fig u rav a u m a ce rim o n io sa c o b e rtu ra d e re n d a s . po rém . acrescentando-se-ihe fatos ou detalhes que a fun­ dam entem (método dedutivo). 4. q u a n d o m o ça. Os casos p articu la re s n ão in te ressa m . é utilíssim o p ara os g ra n d e s e m ­ p re e n d im e n to s q u e exigem certa d o se d e te m e rid a d e p ara serem levados av a n te . g ran d e s ra m o s d e flores n a tu ra is. em que se amplia o sentido da declaração introdutória: A m o cid ad e é essen c ialm en te g e n e ra liz a d o ra . G ar c ia ♦ 289 detém no cortinado. feita por quem. E q u e r em lin h as g e­ rais q u e tu d o ab ra n jam . é im portantíssim a a ordenação lógica das idéias. Daí passa para outros riverde). notando. 17 7 ) A coerência desse parágrafo de descrição decorre. ou adotar processo inverso. p. em posição de nhorões e crótons": M. q u e a avó d o Luís.O t h o n m ento de natural curiosidade. a ordem lógica é evidente. b a ra tin h o .4. o olhar se até as suas extremidades. re c e b e ra com o p re s e n te d e u m a se n h o ra d o P orto. Ele se inicia com um a generalização (tópico frasal). que lhe condicionam o comportamento. É preciso “colá-las”. Qualquer estudante de primeiro grau que tenha recebido algumas li­ ções elementares sobre fenômenos físicos estará em condições de explicar. como a de “mocidade generalizadora”. o enlace entre a introdução e a conclusão torna o parágrafo coerente. Urge cuidar também da transição entre as idéias. atirado de janela de apartamento. às vezes de maneira inevitável. perceber a verdadeira relação entre o fato e sua(s) conseqüência(s) é estabelecer uma ordem lógica. e a insistência nas idéias centrais. Há.290 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa m o d e r n a Todos os estágios do raciocínio do Autor se encadeiam coerentemen­ te.4. “a mocidade é totalitária”. Mostrada a relação de causa e efeito. saber o “porquê. Em plano mais elevado. uma ordem lógica de fatos ou eventos que está ao alcance até mesmo dos espíritos menos privilegiados: a que se baseia nas relações de causa e efeito. por que entre as extremidades dos trilhos das vias férreas fica sempre um pequeno intervalo ou por que um martelo. “quer em linhas gerais”. mesmo no cotidiano e rotineiro. que nos força a uma resposta. indispensável à coerência. A de “querer”. Qualquer indivíduo pode percebê-la pelo simples fato de estar vivendo. que corre paralela à anterior. Além disso. Palavras desconexas são como fragmentos de um jarro de por­ celana. É a lógica dos acontecimentos. “julgarem com pre­ cipitação”. embora se façam necessários exercícios práticos capazes de disciplinar o raciocínio. “porém”). assim.4 Partículas de transição e palavras de referência A ordem de colocação é. é o que se faz nas pesquisas. da conexão entre elas. “tudo isso”. nas dissertações. por que chove. a um a reação ou comporta­ mento em determinado sentido. por exemplo. “que tudo abranjam”. . que o assaltam. Mas não é ordem apenas verbal ou sintática. entretanto. interligá-las para se obter uma unidade de co­ municação eficaz. ele estará habilitado a redigir um parágrafo coerente e lógico. mas não é suficiente. em ordem lógica. também se desdobra em variantes: “querer em linhas gerais”. a ordem lógica depende em grande parte do encadeam ento dos componentes da frase por meio da associação de idéias. “dose de tem eridade”. 4. “as soluções parciais não lhe interessam”. pelo trecho citado. graças inclusive ao emprego de palavras de referência e transição (“esse espírito”. quer nas ciências quer na filosofia. por exemplo. “a análise repugna ao espírito imediatista”. que só escreverão de maneira coerente os que tiverem compulsado manuais de lógica. que vem desenvolvida sob varian­ tes adequadas: “os casos particulares não a interessam”. “espí­ rito de fácil generalização”. Descobrir a causa. chega ao solo mais depressa do que uma folha de papel. Como se vê. A grande e constante perplexidade do homem em todos os tempos advém da ignorân­ cia da causa dos fatos ou eventos que o rodeiam. pois implica subs­ tancialmente um processo de raciocínio dedutivo ou indutivo. Não se acredite. “concluírem com facilidade”. tanto maior o acervo desses utensílios gramaticais. que. Quanto mais civilizada é uma língua. certas partículas e. como to­ das as conjunções. em situações complexas. que muitas vezes todo o sentido de um a frase. mostra­ mos como o liame entre orações e períodos muitas vezes se faz implicita­ mente. G a rc ia ♦ 291 É certo que na língua falada ou escrita. todas as preposições. A ausên­ cia da conjunção explicativa (pois. (Em sentido mais amplo. Fr. Alguns são legítimos conectivos: os intei'vocabulares. porque) não impede que se perceba niti­ dam ente essa relação. as conjun­ ções aditivas e. conforme seja a conexão que entre eles se estabeleça: quando e n q u a n to J o a q u im C a ra p u ça co stu m a v ir ao Rio po rq u e se em b o ra g a n h a m u ito d in h e iro em São Paulo (g a n h e ) . parágrafo ou página inteira deles depende. na sua maioria. ocasionalmente. Tal é a importância desses elementos.) A uns e outros englo­ bamos aqui na dupla designação de partículas de transição e palavras de refe­ rência. até mesmo orações. sempre. uma en­ tonação de voz podem ser suficientes para interligar e inter-relacionar idéias: E stou m u ito p reo c u p ad o . Outros seriam mais apropriadamente chamados palavras de referência: os pronomes em geral. têm valor anafórico (quando no texto relacionam o que se diz ao que se disse) ou catafórico (quando relacionam o que se diz ao que se vai dizer). quando se traduzem situa­ ções simples.4. os pronomes relativos e os interrogativos indiretos. em determinadas situações. como.2). sem a interferência desses conectivos: um a pausa adequada. 1.. Há vários d ia s q u e n ão rec eb o n o tíc ia s de m in h a filha. e os interoracionaú». a inter-relação entre as idéias pode prescindir das partículas conectivas mais comuns. Temos aí dois períodos justapostos. duas orações independentes e desconexas como “Joaquim Cara­ puça costuma vir ao Rio” e (ele) “Ganha muito dinheiro em São Paulo” assu­ mem configuração muito diversa. perío­ dos e parágrafos. Dois enunciados soltos. Mas. Ao tratarmos da justaposição (1. A pausa e o tom da voz mos­ tram que o segundo indica o motivo ou a explicação do primeiro.O th o n M. quanto mais apta a veicular o ra­ ciocínio abstrato. isto é. períodos e pa­ rágrafos servem de transição no fluxo do pensamento. a presença dos conectivos e locuções de transição se tom a quase sempre indispensável para entrosar orações. advérbios e locu­ ções adverbiais. de valor discreta­ mente anafórico. a Lei d e D iretrizes e Bases to r n o u possível a re o rg a n i­ z a ç ã o dos currículos. acim a de tudo. o colégio p asso u p o r tran sfo rm aç õ es raclicaís. as ativ id a d es p ro sse g u ira m n o rm a lm e n te . o advérbio “real­ mente” mostra de maneira clara a continuação de algo que terá sido ante­ riormente dito. precipua m ente. por exemplo. mas ainda as­ sim incompleta. Mas não será assim num período composto em que se con­ traponha “hoje" a “ontem": “Ontem choveu muito. Não o bstante. não traz em si nenhum a idéia de referência ou de transição num a frase isolada como “Ho­ je não choveu". que a idéia de oposição. mas hoje não” — em. indicada pela adversativa “mas". e o sentido se desfigura: tivem os d e a m p lia r as in stala çõ e s d o p ré d io . m orm ente. se junta à de referên­ cia a um fato passado. antes de mais na­ da. fom os o b rig ad o s a a d m itir novos p ro fesso res. prim ordialm ente. Também. esses cinco pe­ ríodos passam a constituir realmente um parágrafo coerente. O advérbio “hoje". to d a s as ativ id a d es p ro sse g u ira m n o rm a lm e n te . demasiadamente extensa. relevância: em prim eiro lugar. É assim palavra de referência ou transição. é preciso deixar bem claro que esta série dc exem plos não é com pleta. Em “Realmente. Em virtude desses fa to res. As linhas pontilhadas correspondem a partículas ou expressões de tran­ sição (inclusive uma oração reduzida do infinitivo) que encadeiam de manei­ ra coerente os cinco enunciados soltos: Para a te n d e r ao crescente núm ero de pedidos de m a tric u la . Na lista que damos abaixo. você tem razão”. pela m esm a razão. pois acumulam outras informações sobre o assunto. . principal­ m ente. Por outro lado. tiv em o s d e a m p lia r as in stalaçõ es d o prédio. o estudante encontrará alguns advérbios ou locuções que talvez o deixem intrigado. fom os obrigados a ad m itir novos professores. sobretudo. As “cabeças" ou verbetes das alíneas encerram o sentido geral de cada grupo analógico. a) Prioridade.Omitam-se as expressões de transição de um parágrafo ou de um a série deles. Os exemplos que acompanham alguns itens devem ser lidos com aten­ ção. principalm ente no que diz res­ peito às locuções adverbiais. a Lei de D iretrizes e Bases tornou possível a reorganização dos currículos. Em primeiro lugar. o colégio p asso u p o r tran sfo rm aç õ es rad icais. p rim eiram en te. Assim inter-relacionados pelos elementos de transição. simultaneamente. si­ m ultaneidade. conformidade: igualm ente. A lista ao lado — estard eíe pensando com toda a cer­ teza — inclui advérbios ou locuções adver­ biais em que é difícil perceb er a idéia de transição. A princípio. No exem plo anterior (valor anafórico). No exem plo seguinte (valor catafórico). por fim . “ligam. é o que parece. Certeza.). poste­ riormente. Também o adjetivo “an teri­ o r” funciona como palavra de referência. agora. quem sabe? é provável. fi­ nalmente. inegavelmente. o au to r destas linhas confia dem ais na paciência do leitor ou duvida dem ais do seu senso crítico. nesse ín­ terim. ainda por cima. pouco depois. logo após. Além d as locuções adverbiais indicadas na coluna à esquerda. eventualm ente.O t h o n M. por outro lado. de acordo com. su­ cessão. m utatis m utandis. outrossim. leitor? Qual é a função desse “sem d ú ­ vida" se não a de desen cad ear neste exem plo os argum entos com que d efen d e­ mos nosso p o n to de vista? 18 Talvez valha a pena lembrar que “certamente”. assim tam bém . posterioridade. inquestionavelmente... em seguida. fre­ qüentemente. sob o mesm o ponto de vista — e as conjun­ ções comparativas. nossa intenção era omiti-los p ara não alo n g ar este tópico: m as. aju n tan d o ”.18 Cerra/nenre. tam bém as conjunções aditivas. mas também. . anterioridade. indubita­ velmente. “com certeza” e até mesmo “sem dúvida”. conforme. da m esm a forma. possivelmente. raram ente. ocasional­ m ente. e) Dúvida: talvez. Sem dúvida. sem elhantem ente. nem . do mesmo modo. enfim. (a)demais. continuação: além disso. c) Semelhança. certamente. não só. logo. logo depois. negação meio irônica ou desdenhosa. imedia­ tam ente. não é certo. duração. a princípio. constantemente. “T am bém ” expressa aqui sem elhança. nos convence­ mos d e que as ilustrações são freqüentemence m ais úteis do que as regrinhas. de m aneira idêntica. pouco antes. por analogia. etc. analogam ente. f) O leito r ao chegar até aqui — se é que chegou — talvez já ten h a adquirido um a idéia d a relevância das partículas de tra n ­ sição. enquanto isso — e as conjunções tem porais. se é que. ainda mais. por fim. d) Adição. atualm ente. sim ilarmen­ te. anteriormente. que indica assentimento (apesar do “não") e “pois sim”. de conform idade com. Da m esm a fo rm a . quiçá. com toda a cer­ teza. com o o nom e o indica. afinal. Q uer a p ro ­ va. a rep eti­ ção de “exem plos” ajuda a interligar os dois trechos. às vezes. não raro. provavelm ente. G a r c ia ♦ 293 b) Tempo (freqüência. segundo. o p ronom e dem onstrativo “desses” serve íguaímenrc com o partícu la de transição: é um a p alav ra de referência à idéia an terio r­ mente expressa. hoje. nesse meio tempo. ordem . ênfase: de certo. ao mesmo tempo. eventualidade): então. por vezes. Finalmente. por certo. que âs vezes expressa negação. tam bém — e as conjunções aditivas (e. comparação. sem dú­ vida. indica adição. com muita freqüência insinuam “dúvida” mais do que “certeza”. é preciso acrescentar que al­ guns desses exem plos se revelam por ve­ zes um pouco ingênuos. É uma situação contraditória semelhante à que se verifica em “pois não”. sem pre. oposição. enfim. Em suma. portanto. acolá — outros advérbios de lugar. Stephenson construíra a locomotiva a vapor 'Blüclier. anterior. a fim de. c os pronomes dem onstrativos. m enos — e as conjunções adversativas e concessivas. em outras palavras. os num erais ordinais (prim eiro. isto é (i. por conseguin­ te. assim. Causa e conseqüência: daí. distância: perto de. A invenção da locomotiva a vapor data. j) Lugas. algu­ mas outras preposições. com efeito — e as conjunções causais. sal­ vo.) (Repetição ou perífrase de palavra anteriormente expressa é tam­ bém outra maneira de se estabelecer conexão cnire idéias. perífrase ou variante sua. Kssas partículas. “esse” (posição intermediária. inopinadam ente. portanto. vêm sem pre entre vírgulas. os pronomes adjeti­ vos último. conclusão: em sum a. hora) não se deve em pregar esre. = verbi gratia. exceto. dentro. i) Propósito. restrição. à unidade do texto. penúltim o. “Este ano choveu muito. leitor: as partículas de transição são indispensáveis à coerência entre as idéi­ as e. de propósito. fora.'. ressalva: pelo contrário. posterior.g. . a saber. ex. de súbito. finalidade: c:om o fim de. em virtude de.) “Km 1830 corria o primeiro irem de passagei­ ros. ou por outra. mês.g) Surpresa.). k) Resumo.kl est). imprevista: inesperadam ente. l) Este caso exige ainda esclarecimentos. g. proximidade. de um sinônimo. con­ clusivas e explicativas. m) Contraste. propositadam ente. surpreendente­ m ente. exem pli gratia). Di­ zem os jornais que as tempestades e inunda­ ções foram muito violentas em certas regi­ ões do Brasil..) . Nesse ano. imprevistamente. em conclusão. intenção. dia. entretanto. da conjunção “entretanto” e do demonstrativo “nesse”. ou entre um a vírgu­ la e dois-pontos. mas “es­ se” ou “aquele". com o propósi­ to de.” (A transição entre os períodos do último exem­ plo faz-se por meio d a expressão “invenção da locomotiva”. recapitulação. h) Ilustração. repetições da mesma palavra. os pronom es pessoais. de fato. por causa de. mais adiante. antepenúltim o. n) Referência em geral: os pronomes demonstrativos “este” (o mais próximo).” (A transição neste último exemplo se faz pelo em prego de sinônimos ou equivalentes de palavras anteriormente ex­ pressas (choveu): tem pestades e inundações. de 1814. além. quer dizer. “aquele” (o mais distan­ te). segundo. o que está perto da pessoa com quem se fa­ la). por conseqüência. ditas “explicativas”. em contraste com. esclarecimento: por exemplo (v. por isso.e. etc. incencionalmenre — e as conjunções fi­ nais. em resuino. Com referência a tempo passado (ano. junto a ou de. próximo a ou de. em síntese. como resultado. o sujeito de “mudarse” é o de “obrigou”.”)..5. formas verbais de estrutura e valor sintáticos diferentes. Ex. (Pela redação dos tópicos e pelos exemplos comentados. b) desenvol­ vendo a reduzida: “Quando ele saiu de casa..5 Outros artifícios estilísticos de que depende a coerência e. a p o rta fech o u -se com ím p eto .4.O t h o n M. se a preci­ são o exigir..” (Assim o leitor não rirá por você ter dito que a “porta saiu de casa. 1. pois. também a clareza. o que é inadmissível.5) Passei alg u n s d ia s ju n to à m in h a fam ília e re v e n d o velhos am ig o s d c infância. . o trabalho de meu pai obrigou-o a fre­ qüentes viagens pelo Brasil.. Fr.”) e fazendo as devidas acomodações sintáti­ cas no resto do período (“seu trabalho obrigou-o. Evita-se o absurdo de dizer que.. o leitor verá quais deve empregar e quais deve evitar) 4. Dada a estrutura do período (e desprezada a evidência do contexto ou situação).5.4. em certos casos. a) explicitando-se o sujeito do infiniti­ vo (“ao mudar-se meu pai.”. ao mesmo tempo): Passei a lg u n s dias ju n to à m in h a fam ília. não havendo explicitação. re v e n d o ao m esm o te m p o v e lh o s am ig o s d e infância..2 Falta de paralelismo sintático (ver 1. Mutatis mutandis..1 Omissão do sujeito de uma subordinada reduzida gerundial o u ^' r ele não é o mesmo da principal S ain d o d e casa. às vezes. Pode-se evitar a incoerência: a) omitindo-se a conjunção “e”. o trabalho m udou para o Rio.” (ver 10. G a rc ia ♦ 295 4.”).. o sujeito de “saindo” é “porta”. ambí­ gua e até risível. 4... com as reduzidas de infi­ nitivo: “Ao mudar-se para o Rio. 312). a porta fechou-se. fato que pode dar margem a uma frase incoerente.4..” Pelas razões já expostas. por ser esta o de “fechou-se”. em princípio pelo menos. que não deve coordenar “passei” a “reven­ do”. Pode-se evitar esse risco: a) explicitando-se o sujeito da reduzida: ‘'Saindo ele (fulano) de casa. a porta fechou-se.. b) desenvolvendo a reduzida: “Quando meu pai se m udou.... é o que ocorre..4. pode-se acrescentar um advérbio que expresse inclusão ou sim ultaneidade (inclusive. o sujeito de uma reduzida de gerúndio ou de infinitivo é o da sua principal ou o da princi­ pal do período. o concreto e o abstrato.. no caso do Brasil. de as­ sociação ou coordenação de idéias desconexas.3 Falta de paralelismo semântico (falta de correlação e associação de idéias desconexas) a ) H á u m a g ra n d e d ife re n ç a e n tre os c a n d id a to s a m a tríc u la s e as v ag a s n as escolas. um dos seus axiomas. Nao é possível estabelecer.f. 311) . 311) Na poesia m oderna e. dessa forma. estar numa das suas partes. isto é. os n o sso s n o rd e stin o s vivem em co n d içõ es q u a s e m iseráv eis.. sobretudo na de certa fase do Modernismo. Se casa é o maior. diga-se: “diferença entre o número de candida­ tos e o (núm ero) de vagas”. Uma das inúmeras formas desse paralelismo alógico é também a enumeração caótica. Ex. ipso facto.296 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a b) tom ando paralelas as duas orações ou partes delas: — Passei alg u n s dias ju n to à m in h a fam ília e revi (ao m esm o te m ­ p o ) v elh o s am ig o s d e infância. — Passei alguns dias ju n to à m inha família e a velhos am igos d e infância. é o todo. isto é. um dos aspectos que a vêm caracterizando desde que Mallarmé e outros investiram contra o logismo neoclássico dos parnasianos. que o espe­ cífico está subentendido no geral.e. relação de coordenação en ­ tre “candidatos” e “vagas”. em que se coordenam disparidades tais como o maior e o menor. antepondo-se a pane (varanda) ao todo (casa). são freqüentes os exemplos de alogismo semântico. e se Zulmira não estava nela. que o maior com preende o menor. * Invertida a ordem dos termos coordenados. nem tampouco no resto da casa). “Nunca fui à Europa nem à França” e “Nun­ ca fui à França nem à Europa”.4. o geral e o específico. b) E n q u a n to os E stados U nidos se d istin g u e m p e lo se u a lto p a d rã o d e vi­ d a . 4. (Ver 10. o todo e a parte e coisas heterogêneas de toda a ordem. c) Z u lm ira n ã o esta v a n a casa n e m n a v ara n d a* É um dos princípios da lógica. É incoerente o confronto entre país (Estados Unidos) e indivíduos (nordestinos).5. a va­ randa. entre um todo e as partes de um todo.. Ex. C. (Ver 10. a declaração torna-se logicamente indiscutível: Zulmira não estava na varanda nem na casa (i. que a parte está com preendida no todo. não poderia. seja qual for o pretexto. Mas ainda há outras superfluidades: se é “terminantemente proibida” a entrada. em segundo. 4. sociais e culturais: que outras atividades “clubistas” poderia ainda haver para justificar a especificação? Se a “poda” preservasse esse “galho seco”.4 Falta de concisão (redundâncias) A redundância estilística ou retórica é uma das mais comuns formas de prolixidade (rever 2. g) Nas referidas dependências do mesmo: em que outro lugar estaria o aviso proibindo a entrada de estranhos? no céu? no inferno? E esse “do mes­ mo”. Em terceiro. ipso facto. recreativas. Eli­ mine-se o “toda”. sociais e cultu­ rais. a informação é óbvia e desnecessária. Redundância. Omita-se. se a deliberação é unânime tem de ser de toda a Diretoria. mas também em sobrecarregar a frase com adjetivos e advérbios. recreativas. 0 Sendo terminantemente proibida. que é que está fazendo aí? De que outras dependências se trataria? Só do próprio clube. bastaria. que é que o adjetivo “suas” está fazendo aí? e) Atividades esportivas. é abusivamente.4. ou permanência. redundante. a entra­ da. fi'eqiiência e permanência: não haverá freqüência nem perma­ nência se não houver entrada.O th o n M. a entrada de estranhos nas referidas de­ pendências do mesmo.. dizer apenas “atividades”.5. logica­ mente deduzíveis. proibida. não se há de admitir qualquer pretexto. Voc. em detalhar superfluamente. A seguinte frase. são exclusivamente privativas dos seus sócios. em acrescentar idéias já claramente expres­ sas (pleonasmo propriamente dito) ou implicitamente subentendidas. por exemplo. ingenua­ mente redundante: Conforme a última deliberação unânime de toda a Diretoria. b) Entrada. tanto quan­ to a participação nas suas atividades esportivas. ou o “unânim e”. Redundância. G arc ia ♦ 297 4. ela consiste não apenas em explicitar em dem a­ sia. Além disso. a freqüência e a permanência nas dependências deste Clube. c) Exclusivamente privativas: em privativas já subjaz a idéia de exclusividade. Confundindo-se às ve­ zes com o pleonasmo típico. Pleonasmo. sendo terminantemente proibida. seja qual for o pretexto> a eritrada de estra­ nhos: é óbvio. é lógico que. com acumulação de sinônimos e repetição de palavras sem qual­ quer efeito enfático. basta freqüência. . se a freqüência já é privativa dos sócios. a en­ trada de estranhos tem de ser também. que é que o adjetivo “última” está fazendo aí? Nada. Impõe-se uma “poda em regra" nesta galhada seca de palavras su ­ pérfluas: a) Conforme a última deliberação unânime de toda a Diretoria: em prim ei­ ro lugar. é óbvio que a participação nas atividades também o é. advérbio supérfluo.2 — ‘Amplificação”). d) Participação nas suas atividades: se até a entrada já é privativa dos sócios. então. d e sistiu -sc d a excursão. sem prejuízo para a eficácia do aviso: “É proibida a entrada (ou freqüência. comum a várias orações. desistimos”.. mas. A forma em que “a gente” fosse o sujeito das duas orações seria admissível em lingua­ gem coloquial. o sujeito. Diga-se: “não sabemos.4... Par.. no mesmo período. mesmo assim estamos preparados”..6 Certas estruturas de frase difíceis de bem caracterizar .2. ou a permanência) de estranhos” ou “Só é permitida a entrada de sócios”. embo­ ra se ajuste mais ao verbo saber do que ao preparar. 4.) . em v irtu d e d o m a u te m p o . à ú ltim a h o ra .5. pelo sentido e não pela forma: em “gente” se subentende um falante do sexo masculino.. m e sm o assim a g e n te e s tá p re p a ra d o p a ra recebê-los.5 Falta de unidade . N ão sa b em o s se eles virão p a ssa r a lg u n s d ias co nosco..2) 4. A construção com o pronome “se” seria também correta. (Em “a gente está preparado”.acumulamentos e digressões impertinentes também concorrem para a incoerência da frase (rever 3. m as.C o m u n i c a ç ã o Feita a “poda” a frase ficaria reduzida ao essencial. ora como uma figura indeterminada ("se" na passiva pronominal) ía m o s to d o s ju n to s. 4A5. Devia dizer-se: “íamos. quer dizer.o tipo mais comum é aquele em que. assume feição diversa: ora como agente (voz ativa) ora como paciente (voz passiva perifrástica ou analítica). já que este se emprega também como reflexivo.. a concordância faz-se por silepse de gênero. . COM.Q uarta P arte 4.Eficácia e falácias da comunicação . frases em que procuram fundir idéias que não tinham ou que foram mal pensadas ou mal digeridas. A experiência nos ensina que as falhas mais graves das redações dos nossos colegiais resul­ tam menos das incorreções gramaticais do que da falta de idéias ou da sua má concatenação. é preciso fornecer-lhe os meios de disciplinar o raciocínio. É que palavras não criam idéias. mínimo sufi­ ciente para permitir que o estudante adquira certos hábitos de estrutura­ ção de frases m odestas mas claras. pontuação. lhes “fertilizarmos” a mente. enfim. Quando os professores nos limitamos a dar aos alunos temas para redação sem lhes sugerirmos roteiros ou rumos para fontes de idéias. e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase. e porque não tem o que dizer. porque pensou. se não principalmente. quer dizer. em grande parte. não se pode m m sm itir o que a mente não criou ou não aprovisionou. Não podiam dar o que não tinham. palavras de dicionário. de estimular-lhe o espírito de observação dos fatos e ensiná-lo a criar ou aprovisionar idéias: ensinai. Todos reconhecemos ser ilusão supor — como já dissemos — que se está apto a escrever quando se conhecem as regras gramaticais e suas ex­ ceções. o resultado é quase sempre desanimador: um aglomerado de frases descone­ xas. assim como não é possível dar o que não se tem. Há evidentem ente um mínimo de gramática indispensável (grafia.0 Eficácia 1. apren­ der a pensar. mal redigidas. Escreve realmente mal o estudante que não tem o que dizer porque não aprendeu a pôr em ordem seu pensamento.. 1. estas. mesmo que dispusessem de palavras-palavras. um acúmulo de palavras que se atrope­ lam sem sentido e sem propósito. fundindo-as em moldes frasais adequados. Quando o estudan­ te tem algo a dizer. por assim dizer. coerentes. . nem mesmo o melhor vocabulário de que possa dispor. desde que se aprenda como associá-las e concatená-las. pois. um pouco de morfologia e um pouco de sintaxe).1 Aprender a escrever é aprender a pensar Aprender a escrever é. forçosamente. Portanto. a pensar. sem. mal estruturadas. sua expressão é geralmente satisfatória. não lhe bastam as regrinhas gramaticais. se existem. aca­ bam corporificando-se naquelas. objetivas. é que. e pensou com clareza. aprender a encontrar idéias e a concatená-las. uma opinião de quem . 1. a “arte que nos faz proceder. pois estaria apoiada num fato observado. a ciência das leis ideais do pensam ento. As noções que se seguem sobre métodos ou processos de raciocí­ nio. que a prova dos fatos se tornasse desnecessária ou supérflua. afirm asse que “Fulano é ladrão porque foi preso em flagrante quando assaltava a Joalheria Es­ meralda. desse território da arte de pensar. m erecesse tal crédito. facilmente e sem erro. com ­ provado ou com provável. Ora. mas apenas um escorço mais ou menos assistemático com finalida­ de exclusivamente prática. que são. um a opinião abalizada. N enhum dos in­ terlocutores seria mais convincente se declarasse que “Fulano é ladrão porque B eltrano disse que é”. especificações em que se apoi­ am as generalizações traduzidas em pronunciam entos. amena. . Só isso convence e põe fim ao pingue-pongue do “é ladrão”. num caso como esse. isto é. pronunciam entos expres­ sam opinião pessoal. indicam aprovação ou desaprovação. porque infundada. na m adrugada de anteontem ”. Li­ m itando-se apenas a afirm ar ou negar sem fundam entação. Sua validade é muito relativa. Isso é prova. isso é que constitui a evidência dos fatos. Nenhum dos dois convence porque am ­ bos expressam opinião pessoal. certam ente não isenta de prevenções ou preconceitos. Por isso. sua declaração teria muito maior grau de credibilidade. os interlocutores acabam travando um “bate-boca” estéril da m esm a ordem daqueles a que seriam levados se argum entassem apenas com palavras de sentido intencional (rever 2. com ordem. não esperem os entendidos ver aí um “tratado” de Lógica. grosso modo.302 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a Ora. vale dizer. toda d e­ claração é gratuita.2 Da validade das declarações D eclarações. sem eles. por isso. facilm ente co n testá­ vel.. só os fatos provam . nem se pode invocar aquilo que se costum a cham ar de “testem unho au to riza­ do”. tanto quanto possí­ vel. que perm ita ao principiante uma vi­ são panorâm ica. en tretanto. 1.5). até que seja provado o que se nega ou se afirm a. sem a prova dos fatos. muito superficial e apressada. “não é la d rã o ”. julgam entos. Por conseqüência. se este capítulo tem a pretensão de ajudar o es­ tudante a pensar com um pouco mais de clareza e objetividade.. Se. que constituem a essência dos argum entos convincentes. E nenhum dos dois convence. Fulano não é ladrão”. essa opinião ou julgam ento terá de ser posta de quarentena. Mas será uma invasão pacífica. no ato próprio da razão” é a Lógica. um a “incursão meio turística”.. Voc. Respeitável ou não. pela re ­ putação baseada no saber e na experiência. terá de in­ vadir os domínios dessa ciência ou arte. e. IVIas sua vali­ dade deve ser dem onstrada ou provada. ou melhor. procuram os traduzi-las em linguagem acessível e. apreciações. O pronunciam ento “Fulano é ladrão” vale tan to quanto a sua con­ testação: “Não. mas é improvável que a precipitação pluvial no mês de janeiro deste ano seja maior do que a do mês de janeiro do ano 1 Cf. apresentam-se ape­ nas “motivos de credibilidade”.). O que assim se declara a respei­ to desse fulano é possível. Mas que é fato? É a coisa fe i­ ta. isto é. p. Inferir é concluir. porque. 321 e 324. §61. devida e acuradam ente observados. 211-2. 64.1 1. “gosto porque gosto”). em que o que se discute ou afirma diz respeito à beleza e não à verdade (“gosto não se discute”. Mas convém não confundir fato com indício. b) implica a apreciação de ordem estética. mas não é certo porque não provado. Os fatos. Dizer. É extremamente provável que no verão chova com mais freqüência do que no inverno. levam ou podem levar à certeza absoluta. se acompanhada de prova. opiniões. CUVILLIER.O t h o n m. é deduzir pelo raciocínio a partir de certos indícios. c) diz respeito à fé religiosa (não se provam dogmas. tem o apoio de autoridade (testemunho autorizado). come­ çou a ostentar um padrão de vida que seu salário ou suas conhecidas fon­ tes de renda não lhe poderiam jam ais proporcionar”. É evidente que o grau de probabilidade das inferências varia com as circunstâncias: há inferências extremamente prováveis e inferências extrema­ mente improváveis. 317. quer dizer. por exemplo. se apoiada ou fundamentada na evidência dos fatos. pois expressam somente probabilidade ou possibilidade. A. uCredo quia absurdurrí\ creio porque é absurdo (ou ainda que seja absurdo. é deduzir pelo raciocínio apoiado apenas em indí­ cios. à l’usage des classes de philosophie. Nouveau précis de philosophie. é evidente por si mesma (axiomas. I. sim. . de repente. e La dissertation philosophique . que “Fulano é ladrão. é inferir.observações e inferência $ Fatos não se discutem. os indícios nos permitem apenas inferências de certeza relativa. verificada e observada. G a r c i a ♦ 303 Em suma: toda declaração (ou juízo) que expresse opinião pessoal ou pretenda estabelecer a verdade só terá validade se devidamente demonstra­ da. postulados). é mesmo provável. Mas há certas ordens de declarações que prescin­ dem de prova: I II III rv quando quando quando quando a declaração expressa uma verdade universalmente aceita.3 Fatos e indícios . escapa ao domínio puram ente intelectual: a) é de natureza puram ente sentim ental (“o amor desconhece outras ra­ zões que não as do próprio coração”). é provável que esteja doente: va­ mos visitá-lo ou telefonar-lhe. mas não provam. Agimos por presunção. deixou de comparecer hoje. os enganos em que verificamos ter incorrido. quando nos defrontamos com os fatos: não choveu (e o guarda-chuva se revela o trambolho ridículo que é em dia de Sol). Se um aluno. Posso provar que a água congela a 0°C: basta servir-me do term ô­ metro. o professor pode estar viajando. daí.próximo. é provável que esteja colando: tomemos-lhe a prova e demos-lhe zero. pois os dados disponí­ veis me vieram de segunda mão. Pode-se provar que Fulano m atou Beltrano: o fato foi testem unhado por pessoas dignas de crédito e o exame de balística pro­ vou que a bala. não houve sequer observação direta. O congelamento é um fato que pode ser verificado. testado. São argum entos persuasivos capazes de levar os jurados a presumir que o acusado é o criminoso. por exemplo. relevantes. se bem que não lastimável) e o aluno não estava colando (a punição foi injusta). que. e não fatos ponderáveis e mensuráveis. Por isso prova. foi indiscutivelmente dis­ parada pela arm a em que o acusado deixara suas impressões digitais. baseados apenas em indícios. típicos ou característicos. baseado na observação acurada dos fatos. Indícios podem persuadir. 1. suficientes e fidedignos. Se o céu está carregado de nuvens densas que obscurecem o Sol. a intenção de matar. Se o professor. encontrada no corpo da vítima. Mas não se pode provar que o acusado tinha. pois os elementos disponíveis — como. Não obstante: pode não chover. ou o caderno con­ sultado pode não ter nenhum a relação com a m atéria da prova. por­ que inferimos. É o maior ou menor grau de probabilidade que condiciona o nos­ so comportamento diário e o nosso juízo em face das coisas e pessoas. A simples leitura de uma reportagem sobre o crime supostamente praticado por Fulano não me pode permitir afirm ar com certeza que o sus­ peito é de fato o criminoso: nessas circunstâncias não houve exame acura­ do dos fatos. saber a quem apro­ veitaria a eliminação da vítima — constituem apenas indícios. mas o grau de certeza desse julgam ento é muito relativo: a sentença será possivelmente mas não justa certamente. o professor não está doente (e a nossa visita ou tele­ fonema podem significar perda de tempo. medi­ do.4 Da validade dos fatos Mas os fatos em si mesmos às vezes não bastam : para que provem é preciso que sua o/xservapão seja acurada e que eles próprios sejam adequa­ dos. é provável que chova: levo o guarda-chuva. se comunica com um dos colegas ou parece consultar caderno de notas sob a carteira. Nossa rea­ ção ou comportamento em face desses indícios foi de uma pura inferência. nunca faltou a uma aula. . durante a prova. o aluno pode es­ tar apenas pedindo ao colega que o espere após a prova. realm ente. Além disso — supõe-se — não sou enten­ dido em direito penal ou processo criminal para chegar a uma conclusão válida e incontestável. durante anos. o Pedro também moram em barracos. no Brasil pelo menos. só por causa dele. “ab uno disce omnes”. certamente não fornecerá ao eleitor em potencial se­ não os dados abonadores. meu argumento é falho. no Rio de Ja­ neiro. São. poderiam perfeitamente funcionar como capital do Bra­ sil. que no Rio de Janeiro to­ dos andam de short ou de maiô: o núm ero de fatos considerados não foi suficiente e. falsas. João mora num barraco. pois.O i h o n M. Quando se diz que alguém não tem m étodo de trabalho. de hábitos esportivos. poderiam ser bem diversas: diferença de idade. Se alguém nos tentasse convencer de que a fundação de Brasília foi apenas desperdício de dinheiro porque Goiânia ou Belo Horizonte. levei um bru­ to tombo. Quem alegasse como motivo para a abolição dos exames orais a in­ tensidade do calor no mês de dezembro. como diz a Lógica. ao fazê-lo. Portanto. ademais. Isso é concluir do particular para o geral ou. A conclusão — vale dizer. Desprezadas essas condições. não estaria apresentando como razões fatos típicos nem característicos. Se um correspondente de agência noticiosa estrangeira fizesse entre operários de salário mínimo um inquérito sobre suas condições de m ora­ dia. com veemência demagógica. 1. o Fran­ cisco. não merecerão fé. o Manuel. nem todo o Rio de Janeiro é constituído por praias arenosas povoadas de banhistas. logo. fa­ tos insuficientes. Há interesse e pode haver malícia. todos m oram em barracos. Se recomendo a um amigo que não ande de bicicleta. e outras. a área de observação foi muito restrita. Além disso. método é a m elhor maneira de fazer as coi­ sas. exaltar as virtu­ des do seu candidato. cidades tam bém do interior. generalizando.5 Métodos Em linguagem vulgar. porque. por­ que a área (ou universo) da pesquisa não foi típica nem suficientemente ampla: o Rio de Janeiro não é habitado apenas por pessoas que ganham salário mínimo. conclusões baseadas em fatos dessa ordem hão de ser for­ çosamente. ou provavelmente. pois é suspeita a fonte de onde provieram. pois as circunstâncias em que se veria meu amigo. certa vez. estaria apresentando um fato irrele­ vante: o calor não constitui argumento “de peso”. G a r c i a ♦ 305 O estrangeiro que passar um a sem ana nas areias de Copacabana não estará em condições de afirmar. isto é. Meu argu­ mento não vale: os fatos que apresento como razões não são adequados. constituindo o que se chama de enumeração imperfeita ou incompleta. quer-se dar a . a generalização — é falaciosa porque apoiada em fatos insuficientes. os fa­ tos nada provarão por serem inadequados. de senso de equilíbrio. “arm aria” o seu raciocínio da seguinte forma: José mora num barra­ co. Os dados colhidos seriam insuficientes. O cabo eleitoral que. Joaquim tam bém mora num barraco. manejados a jeito para tentar convencer: não se­ rão fatos fidedignos. se fizesse a experiência. nenhum a atividade im­ portante cessa. p. regularm ente seguido nas operações mentais. refaz e não realiza a contento os propósitos colimados. partimos da observação e análise dos fatos. da validade das declarações e dos fatos.. método (meta = através de. m odo(s) de saber: a análise.. a descoberta e a comprovação da verda­ de. comparativo.1 Método indutivo O que já dissemos a respeito da generalização e d a especificação. que procede a partir dos dados singulares. em que a indução e a dedução.. sem desobedecer às leis imutáveis do conhecimento. Pela indução.. específicos. 251. é o conjunto dos meios ou processos em pregados pelo espíri­ to hum ano para a investigação. existem ainda os m étodos particulares de algumas ciências. etc. perde tempo. à generalização. desperdiça esforço e energia.. que tam bém contribuem para a descoberta e comprovação da ver­ dade. regra. lei. 15. a síntese. pode ajudar o estudante a fazer uma idéia do que é o método indutivo. adaptam o seu processo à natureza variável da realidade. princípio. 1. a classificação e a definição (ver 5. por isso. Mostrar como uma conclusão é tirada da experiência sensível. Lógica menor. odos — caminho) é o cam inho através do qual se chega a um fim ou objetivo.) É neste sentido que Aristóteles e Sto. histórico. faz. um rumo. Método implica. uma direção. vale dizer. para chegarmos à conclusão. Assim se pode dizer que cada ciência tem seu método próprio: dem onstrativo. o Silogismo.3. métodos que constituem o que se costuma cham ar de tnodus sciendi. e tirando materialmente sua origem da realidade singular e concreta percebida pelos sentidos. normativo. concretos. a saber. Jacqucs. em outras palavras. assim. . à norm a. e a Indução. resolver um a conclusão nos fatos dos quais nosso espíri­ to a extrai como de uma matéria (resolutio materialis) é proceder por via in­ dutiva. Em outros termos: 2 MARITAIN. por assim dizer subsidiários ou não funda­ mentais. que pro­ cede a partir das verdades universais. Tomás ensinam que nós te­ mos somente dois meios de adquirir a ciência. Distinguem-se primordialmente dois tipos de operações mentais na busca da verdade. dependendo formalmente todo o nosso conhecimento dos primeiros princípios evidentes por si mesmos. ou. Além disso. desfaz.”2 Mas há outros métodos. quer dizer.1 a 1. Etimologicamente. (. Ord. dois métodos fundamentais de raciocínio: a in­ dução (que vai do particular para o geral) e a dedução (que parte do geral para o particular): “Mostrar como uma conclusão deriva de verdades univer­ sais já conhecidas (. Do ponto de vis­ ta da Lógica.1). Le..entender que os meios de que se serve para realizar determ inada tarefa não são os mais adequados nem os mais eficazes.) é proceder por via dedutiva ou silogístico (resolutio formalis). Partiram do que era conhecido (bondes e ônibus elétricos) para o desconhecido (sd ônibus elétricos). Parte do efeito para a cau­ sa. que é sempre a melhor solução. como partiram .. Vejamos um fato específico. então. suficientes. fatos. O estudante quer fazer um trabalho sobre. a reforma agrária? so­ bre a vida nas favelas? sobre a conveniência ou inutilidade dos exames orais? sobre os problemas de ordem sexual que obcecam os jovens dos nossos dias? sobre a co-educação? sobre as atividades das agremiações es­ tudantis? sobre a prática dos esportes nas escolas do curso fundamental? . Tentemos explicar isso em linguagem mais acessível. partindo. o princípio ou norma ou diretriz. ou o jornal onde trabalhe o repórter-pesquisador poderá abrir sua manchete: “Os ônibus elétricos resolvem o problema dos transportes coletivos. a conclusão a que se che­ gue representará a melhor solução para o caso. confrontados antes de se chegar a uma conclusão. O chefe de relações públi­ cas da em presa concessionária (admitamos que a solução seja favorável aos ônibus elétricos) poderá. de des­ cobrir o que é m elhor — e filosoficamente. desejosos de “tirar a questão a limpo”. como vulgarm ente se diz? Sairiam pelas ruas a colher dados concretos. a conclusão. baseado n o s/ato s apurados pelo asses­ sor técnico. fazer a declaração: “O ônibus elétrico é a solução para o gra­ ve problema dos transportes urbanos nesta luminosa cidade de São Sebas­ tião do Rio de Janeiro”. um caso particular: a substituição dos bondes pelos ônibus elétricos.” Agindo dessa forma. E um raciocínio a posteriori. adequados. Na própria Assembléia Legislativa. em suma: a verdade. fatos ca­ pazes de provar a conveniência ou não da medida preconizada pelas auto­ ridades: quantos passageiros conduzem os bondes em cada viagem.O t h o n A /l. testem unhos.. Se os fatos observados forem típicos. e quantos conduzirão os ônibus elétricos? quantas viagens pode fazer cada tipo de veículo num período de vinte e quatro horas? qual a duração do percurso de ida-e-volta de cada um deles? quanto tempo haverá de espera nas filas dos ônibus elétricos? quais as condições de conforto em uns e ou­ tros? qual dos dois tipos “atrapalha” menos o trânsito dos outros veículos? qual deles é mais barato? Eis aí alguns dos fatos a serem observados. exemplos. em suma. Trata-se de chegar a uma conclusão. A opinião pública está dividida: uns defendem a medida como solu­ ção ideal para o problema dos transportes coletivos. a questão tem dado motivo a longos deba­ tes. que os bondes já não atendem satisfatoriamente. outros a condenam de m aneira taxativa. o assessor e o repórter teriam adotado o méto­ do indutivo. moralmente. Mas os caminhos que levam à verdade nem sempre são muito fá­ ceis. relevantes e fidedignos. o melhor é a ver­ dade. analisados. isto é. a solu­ ção. G a r c i a ♦ 307 o processo mental busca a verdade partindo de dados particulares conheci­ dos para princípios de ordem geral desconhecidos. Pois bem: que faria um repórter ou um assessor técnico. dos fatos particulares ou específicos para a conclusão ou generalização. 5. o que se fa z. ao contrário. através de gerações. tornaria não somente a his­ tória impossível como também entravaria o desenvolvimento das ciências. ao testem unho alheio. enfim. sem levar em conta nenhum a autoridade. Isto representaria a estagnação de todas as ciências. colha os dados.1. pelo acúmulo de pesquisas e conclusões parciais. exam inar to­ dos os fatos “ao vivo". Desde que o pes­ quisador não se subm eta servilmente. portanto. visando a outras conclusões. a prática científica não concorda absolutam ente com o ponto de vista cartesiano. apoiando-se sobre os seus trabalhos para a realização de suas investigações. A ciência — usemos o term o — não é obra exclusivamente indivi­ dual. quando revestida de certas condições que a tornam legítima. pessoalmente in loco. classifique-os. o trabalho de verificação pessoal a ser exigido de cada cientista absorveria sua vida inteira. Cada geração de pesquisadores apela sempre para a autoridade dos seus predecessores. 1. Quando. esta­ mos aplicando o que se chama de métodos de autoridade.” “A autoridade. o acolha com espírito crítico. Por outro lado. tendo em vis­ ta outros propósitos. ou mesmo necessário.308 ♦ C o m u n i c a ç A o em P r o s a M o d e r n a sobre os atritos entre pais e filhos adolescentes? sobre os program as de te­ levisão? sobre as novelas de rádio? sobre as oportunidades de divertim en­ to de que dispõem os jovens de mesada que mal d á para os cigarros e a condução? sobre o que lêem (se é que lêem) os seus colegas? sobre a ONU? sobre a OEA? sobre estatização e iniciativa privada? sobre naciona­ lismo e entreguismo? sobre a crise do petróleo? sobre as concessões para a exploração de minérios por empresas privadas? sobre o transporte ferroviá­ rio ou rodoviário ou marítimo do Brasil? quer saber como funciona a nos­ sa Assembléia Legislativa? como se fabrica sabão? como se faz um a lâm pa­ da? como se criam galinhas? Se pretende fazer trabalhos dessa ordem — sejam dissertações breves sejam monografias ou ensaios mais alentados — procure primeiro Sciber o que há. ao longo do tempo. analise-os. vale dizer. um papel de grande importância no pro­ . em condições satisfatórias. nos baseam os em afirmações alheias dignas de crédito.1 Testemunho autorizado Mas talvez não lhe seja possível. desem penha. provisórias ou definitivas. desde que uma ciência atingisse certo grau de complexidade. o que se diz. na pesquisa da verdade. “A pretensão de Descartes e Bacon de im por ao pesquisador a regra de só adm itir o que pode ser visto. cegamente. mas resultado de um esforço coletivo. o m étodo de autoridade constitui processo de investigação da verdade indispensável ao progresso da ciência. nos servimos de testem unhos autorizados. o que se fez. Com efeito. Outros já podem tê-lo feito. O estudante poderá aproveitar o resultado dessas pesquisas e acrescentar o das suas próprias. discuta-os e conclua. ouvido ou verificado por si mes­ mo. observá-los diretam ente. o que é. mas. observe os fatos. p. a desfaçatez. da generalização para a especificação. portanto. infere-se um conseqüente que une esses dois termos entre si”. 4 MARITATN. “cam inham os” em sentido inverso: do geral para o particular. o mesmo Joaquim Carapuça teve a coragem. c it.. a física teórica.3. como se diz. ficou provado o seu crime.”3 Se. do desconhecido para o conhecido. Não é só nos laboratórios ou em contato com a realidade viva que se descobre a verdade: tam bém nas bi­ bliotecas se chega a ela. sobretudo quando se trata das ciências formais (como a matemática. todas as observações e experiências dos seus antecessores que eles não podem verificar por si mesmos.) e das ciên­ cias hum anas (política. da seguinte forma: 3 SANTOS. digamos. 1.0. pois os cientistas. de candidatar-se novamente ao mesmo cargo nas eleições deste ano. nem percorrer suas instalações. Id. a título de base histórica. Isso tam bém é in­ vestigação da verdade.4 Ilus­ tremos: o aluno Joaquim Carapuça. testem unho a que — con­ vém frisar — deverá acrescentar a sua contribuição pessoal. consultar in loco seus arquivos: basta acolher o testem unho de outros pesquisadores.1 Silogismo A expressão formal do método dedutivo é o silogismo. devidamente controla­ da. 7. O método foi indutivo: chegou-se à conclusão — Joaquim Carapuça fraudou realm ente as atas — pela análi­ se dos fatos revelados durante o inquérito. aceitam. 174. M atutai de filosofia. É método a priori: da causa para o efeito. O seu raciocínio “se resolverá”. as suas con­ clusões parciais (que talvez venham a servir a outros).O t h o n m. de um antecedente que une dois termos a um ter­ ceiro. Aber­ to inquérito. pelo m étodo indutivo. foi acusado de fraudar as atas de votação. p. etc. J. etc. nem entrevistar seus funcionários ou dirigentes.. a ONU. Theobaldo M. “arm ando”. Como ra­ ciocinará o eleitor consciente antes de depositar seu voto na urna? Racioci­ nará pelo método dedutivo.2. 1. G a r c i a ♦ 309 gresso da ciência. partimos dos fatos particulares para a ge­ neralização. sobre. pelo dedutivo. 223. talvez. .). economia. op.5. nem mesmo.5. um silogismo. sob pena de se condenarem à parali­ sia intelectual. sem o saber talvez. não precisará assistir aos debates dessa orga­ nização. o estudante pretende colher material para um traba­ lho. sociologia. que é um a “argum entação na qual.2 Método dedutivo Se. Ver 6. candidato a presidente do Grêmio nas eleições do ano passado. Ora. isto é pesquisa. a lógica matem ática. é tam ­ bém verdadeira. Conclusão: logo. as duas prim ei­ ras cham am -se premissas. no qual se m anipularam fatos. como prová-lo? Só pelo exame dos fatos: será necessário consultar. Não pode ser alguns. se revelaram m aus representantes ou maus presidentes de grêmios ou as­ sem bléias. pela experiência.. de Carlos Marx. a segunda. todos os confessadamente comunistas — ou pelo menos um núm ero suficiente deles — para sabermos. o eleitor consciente não vota no Jo a­ quim Carapuça. processados e condenados pelos mesmos motivos. de exemplos. Além disso. Jo a q u im C a ra p u ça é in elegível. se as duas prem issas tam bém o fo­ rem . a prem issa m aior deve ser univer­ sal: todo ou nenhum. Se as duas premissas são verdadeiras. a conclusão. log o . Jo a q u im C a ra p u ça é c o m u n ista .. se de fato o lêem. e a últim a. Admitamos. então. não apenas com petência. pois sua característica é a universalidade. E a menor? sê-lo-á? Ficou provado que sim. Vejamos. com segurança e certeza. que delas decorre naturalm ente. integridade m oral. realmente Carlos Marx? Sabemos que muitos. que todos lêem Carlos Marx. Por conseguinte. quanto à m atéria. Jo a q u im C a ra p u ça lê C arlos M arx. A prim eira prem issa diz-se maior. O silogismo pode ser válido. a nossa . menor. quanto aos seus aspectos formais. um extracto da sua doutrina. pela observação de um núm ero suficiente de casos ou fatos. No exem ­ plo dado. que a prem is­ sa m aior é verdadeira. parece que J. talvez. conclusão. ou ser um a coisa sem ser outra. Mas. o ra. Pela forma do silogismo. m enor: O ra. só conhecem o nome e. será verdadeira? Todo com unista lê. Será isso possível? Se não é possível. m aior: T odo c o m u n ista lê C arlos M arx. Por quê? Porque a conclusão só pode ser verdadeira. O fato de nenhum candidato acusado de fraude dever ser eleito é um a prem issa verdadeira? Sem dúvida. condição indispensável ao silogism o verdadeiro. C. e verdadeiro. Vejamos agora se Joaquim Carapuça é comunista porque lê as obras de Carlos Marx: P rem . principalm ente. enfim. portanto. ele é um a coisa e outra: válido e verdadeiro. Das três proposições que constituem o silogismo. Mas como se chegou a essa conclusão? Pelo m étodo indutivo. função para a qual se exige. Mas examinemos as premissas: a maior. pelo menos. de se ter verificado que outros candidatos nas m esm as condições sujeitos à m esm a acusação. Prem. Mas entre am bas deve haver um a idéia (ou term o) com um: condenado por fraude (no sujeito da prim eira e no predicado da segunda). é realm ente comunista.310 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a T odo c a n d id a to c o n d e n a d o p o r fra u d e é in elegível. Esse é o termo médio. Jo a q u im C a­ ra p u ç a foi c o n d e n a d o p o r lra u d e . atra­ vés do inquérito. mas. quer dizer. s Normalmente separam-se por um ponto as proposições do silogismo. mas pode-se também adotar o ponio-e-vírgula. por isso é válido quanto à form a. (Há.O t h o n M. a seguir. mas é falso quanto à matéria.2) do tipo non sequitur (“não se segue”). 2. Marx — talvez não seja verdadeira. não se pode concluir obrigatoriam ente que o Rio é uma cidade: pode haver cidades que não tenham igrejas assim como pode haver igrejas onde não existam cidades. na observação de um núm ero insuficiente de fatos. No entanto. por descuido ou por malícia. que na prática a busca da verdade se faz ao mesmo tempo pela indução (dos fatos particulares para a generaliza­ ção) e pela dedução (da generalização — premissa maior — para explicar ou com preender um fato particular). isto é. Raram ente chegamos à descoberta da verdade apenas por via indutiva ou apenas por via dedutiva: os dois m éto­ dos conjugam-se para o mesmo fim.5 Esse silogismo traz no bojo um sofisma (ver.) Acabamos de ver.2 Silogismo do tipo non sequitur Ninguém. 1. . pois baseou-se no que se chama “enum eração imperfeita ou incompleta”. outras condições necessárias à sua validez e verdade. seu cabo eleitoral poderá tentar convencer-nos da conveni­ ência da sua eleição. mais cabível. tentaria ou conseguiria convencer-nos de que o Rio de Janeiro é uma cidade só porque tem igrejas. em são juízo. o Rio d e J a n e iro é u m a c id a d e . falaciosamente. sofis­ mando enfim. arm ando um si­ logismo como o seguinte: T oda c id a d e tem igrejas. G a r c i a ♦ 311 generalização — todo comunista lê C.2. uma série de silogismos do tipo non sequitur. que é. dessa espécie de silogismo muita gente se serve a todo momento.5. aliás. o Rio d e Ja n e iro tem igrejas. E se não é verdadeira a premissa maior. vale dizer. o ra . logo. armando maliciosamente. assim. evidentemente. mas seria descabido discuti-las num capítulo como este. pois se trata de três proposições (ora­ ções) que formam um só período. do fato de ter igrejas não se se­ gue necessariamente. não im porta que o seja a m enor (é possível provar que Joaquim Carapuça lê Carlos Marx): a conclusão será falsa. O silogismo está bem armado. cujo propósito é dar ao estudante noções de Lógica apenas elem entares e indispensáveis ao encaminhamento de outras questões. Defendendo a candidatura de Joa­ quim Carapuça. 5. é bom a d m in istra d o r. e presunções. J. Convém. ora. ou adjunto equivalente: T odos os p ro fesso res d e v e m s a b e r u m p o u c o d e p sicologia. C. C. quer dizer acom panhadas de uma pro­ posição causal ou explicativa. tabus. preconceitos não funcionam como argumentos válidos. m am ente freqüentes r car nossas opiniões oi ma do espírito humai quase sempre se tradt que é?”. m e re c e se r eleito. o ra. J. lê Carlc . logo J. subjaz como nos iceberg chega a ser bem extens. é u m in d iv íd u o hábil. Resulta i lógica dá o nome de ent ser eleito”. seja a ciocínio dedutivo. evitar o emprego de silogismos desse tipo ou não se deixar iludir por eles. C. logo J. impulsos ou com. que se caracteriza por ter uma ou ambas as premis­ sas seguidas ou munidas de prova. o ra. C. Nem sempre. J. J. você é. portanto. da m esm a forma como o ser bom político não significa que alguém seja ou venha a ser bom admi­ nistrador. Q uando desejar atitude.3 Epiquirema: premissas munidas de prova Outro tipo de silogismo também muito comum na vida prática é o cham ado epiquirema. T odo b o m a d m in istra d o r m e re c e se r eleito .. logo. caso e tando-se à premissa rr de norm a ou diretriz. o ra. em ou­ tras palavras: não podem servir como premissas.2. C. “seu” teimos 1.. T odo b o m político é b o m a d m in istra d o r. os dentes. dúzia de laranjas. é hábil. T odo in d iv íd u o h áb il é bom político. 1. é b o m político. logo J. As primeiras ções de causas ou mol nui a partir do momei sas duas perguntas. É o que a lógica chama de polissilogismo. é b o m político. superstições. e assim sucessivamente. O ra . en t em nos mesmos um siloj consciência é apenas a ações. porque o c o n ta to co m m e n ta lid a d e s em fo rm ação exige d eles c e rta c a p a c id a d e d e c o m p re e n d e r o c o m p o rta m e n to e as rea çõ es d o s jo v e n s p a ra m e lh o r o rien tálos e ed u c á-lo s. m uitas vezes gem coloquial. Pura presunção. é (será) b o m ad m in istra d o r. C. pois in­ cide num sofisma de non sequitur: o fato de ser indivíduo hábil não impli­ ca necessariam ente a qualidade de bom político. a menos que o raciocínio seja vicioso.4 0 raciocín O raciocínio dedu de do nosso comportarr tudes mentais tanto qu. precisa sa b e r u m p o u c o d e p sico lo g ia. professor.2. C. C. a conclusão do segundo pas­ sa a ser a da maior do terceiro. no caso. que pode ser falacioso ou não.5. é. Temos aí um a série de silogismos em que a conclusão do primeiro serve de base à premissa maior do segundo. não constituem princípios ou norm as de que se possam tirar conclusões logicamente aceitáveis. J. é m in eiro . fornece os elemen premissa maior do siloj m aior quando se aceita nela se contém. mos. logo. C. eh tras proposições (Ora.3 1 2 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a T odo m in e iro é hábil. que dele nos servimo: nam facilmente subent lheiro — em linguage: dadosa ao filho recalci dentes pelo menos du que provocam a cárie certeza. algumas outra que seja o menino. subjaz como nos icebergs uma elaborada série de processos rnentais.” — seguem-se. algum as outras razões bem convincentes. . Quando desejamos convencer. não deve ser eleito”. ou melhor.2. lê Carlos Marx. traduzida em expressão verbal. Por menos inteligente que seja o menino. “J. C. você é um m enino asseado: logo. a que a lógica dá o nome de entimema: “J. a cárie. ele há de com preender ou subentender as duas ou­ tras proposições (Ora. tacitam ente. caso em que o silogismo nem mesmo se com pleta. entretanto.4 0 raciocínio dedutivo e o cotidiano . o seu papel de norm a ou diretriz. A necessidade de provar ou justifi­ car nossas opiniões ou declarações parece que faz parte da natureza mes­ m a do espírito hum ano. É freqüente omitir-se a premissa m aior quando se aceita pacificamente.. Nem sempre. A bem dizer. em tom conse­ lheiro — em linguagem epiquirem ática.. sobretudo na lingua­ gem coloquial. Assim falará..o entimema O raciocínio dedutivo preside ou condiciona praticam ente a totalida­ de do nosso com portam ento diário. logo. por exemplo. m uitas vezes nos servimos de epiquirem as.5. Como você sabe. seja a dem onstração de um teorem a — implicam um ra­ ciocínio dedutivo. mas o tom e a situação em que dele nos servimos são tais.). fornece os elementos ou dados para a generalização que vai ser a prem issa maior do silogismo dedutivo. impulsos ou comandos. a regra ou norm a que nela se contém. que assume então. é comunista”. poderíam os dizer — a m ãe cui­ dadosa ao filho recalcitrante: “Meu filho: todo m enino asseado escova os dentes pelo m enos duas vezes ao dia. limi­ tando-se à prem issa maior. trate de escovar os dentes. Às vezes. em perguntas de “que é?” e “por que é?”. que chega a ser bem extensa quando inclui ainda a indução. A perplexidade do homem em face de realidade quase sempre se traduz em indagações. de regra de conduta. nossa perplexidade cessa ou dimi­ nui a partir do momento em que ficamos conhecendo as respostas para es­ sas duas perguntas. As primeiras resolvem-se em definições.. por baixo dela. que.. porque assim elimina os germes que provocam a cárie e. C. G a r c i a ♦ 313 Situações que provocam raciocínio silogístico dessa ordem são extre­ m am ente freqüentes na vida cotidiana. com certeza. como sabe­ mos.. antes dela. temos consciência de se estar elaborando em nós mesmos um silogismo completo. em ações.O t h o n m. é acusado de fraude. o que aflora no plano da consciência é apenas a conclusão. reações ou ati­ tudes m entais tanto quanto as mais complexas — seja a compra de uma dúzia de laranjas. Mas. logo. assim isolada. Resulta daí um silogismo truncado ou incompleto. as segundas em indica­ ções de causas ou motivos. que as duas outras proposições se to r­ nam facilmente subentendidas. As mais simples ações. “seu” teim oso. 1. aconselhar ou sugerir determ inada atitude. a criação da palavra enthymemci (en = em. A justificativa ocorre espontaneam ente ou resulta de pergunta do interlocutor. Se o nosso herói J. Charlton. 21 e 27. por sua vez. agimos e reagimos em face de situações concretas do nosso dia-a-dia.6 a quem se deve. Não é preciso dizer com todas as letras que os mentirosos não m e­ recem crédito para não dar ouvidos ao que nos diz um mentiroso notório. slogans e cartazes publicitários são essencialm ente entim em áticos — e tam bém metonímicos. A estrutura ausente. — que. C. U. Na prática. quando se trata da língua falada: “Por quê? Por que diz você que J. Basta afirmar: J. E um raciocínio de fácil m anejo. é um mentiroso (“logo. a respei­ to. nos advertirá: “Ele está nervoso. “de cabeça mais fria”. M odem English handbook. É pensando “entim em aticam ente” que. C. 109-10. aliás. o apodítico. como já ensinava Aristóteles. não acredite no que ele diz” é um a conclusão tão espontânea. pensam ento). não deve ser eleito (ou que é com unista)?” A vida cotidiana está cheia de situações que sc “resolvem” em encimemas. que se inspiram os profissionais d a propaganda comercial: legendas. isto é. C. A experiência nos ensina que às pessoas nervosas ou irritadas con­ vém ouvi-las com certa paciência ou tolerância. das quais. entim em aticam ente. 7 GORRELL. p. (Ver. Nesta hi­ pótese.) Os exemplos que acabamos de apresentar são apenas algumas das variedades mais comuns de silogismo categórico. sem grande esforço. apenas dez ou doze são válidas. mas. Robert M. é fácil admitir que em quase tudo quanto fazemos ou dizemos haja sempre pelo menos vestí­ gios ou resíduos de raciocínio dedutivo. que se tom a desnecessário formulá-la). quase sempre se impõe um a justificativa. entretanto. Se são assim tão variadas as formas do silogismo. às vezes nem mesmo a premissa m enor é enunciada: vai-se logo à conclusão. Gorrell e Laird7 nos oferecem um 6 Cf. a conclusão é facilm ente subentendida. o condicional. De qualquer forma. p. nosso amigo serviu-se de um silogismo incom pleto ou truncado. 156-84. nos dirige im propérios. p. além deste. Tentando mostrar como esse tipo de raciocínio é freqüente na vida diária. se revestem de formas as mais diversas: dizem os entendidos que há sessenta e quatro espécies. Eco. Arte retórica e arte poética. thymos. porém. tenha um pou­ co de paciência”. a prova ou razão do que se declara..” A essa advertência não precisa seguir-se a recom endação “logo. com freqüência. cuja finalidade m esm a é persuadir e não propriam ente dem onstrar.314 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a Não é preciso declarar expressamente que “nenhum indivíduo acusa­ do de fraude deve ser eleito” ou que “todo indivíduo que lê Carlos Marx é com unista” (relembrem-se as observações anteriores sobre a validade da premissa maior) para se chegar à conclusão. . por estar nervoso ou irritado. espírito. um amigo mais to ­ lerante. c LAIRD. mesmo entre os incultos. E é nessa capacidade de o homem comum pensar. há ou­ tros tipos — o expositório. etc. já uma vez. logo. estava com fome (premissas maior e menor reversas). seu raciocínio foi muito mais complexo e essencialmente dedutivo. devo comer alguma coisa. m i l k s h a k e pode ser preparado e servido em alguns instantes). Quem está com fome deve comer alguma coisa. estou com pressa. (ora) eu tenho uma aula de Economia dentro de sete minutos. quando experimentei sen­ sação igual. para não falar do próprio m ilk s h a k e . m ilk s h a k e deve ser servi­ do aqui. Dirige-se então ao bar e pede um m ilk s h a k e de chocolate. logo. Se al­ guém lhe perguntasse porque pediu o m ilk s h a k e . (ora). Deve ter sido mais ou menos assim: “Sinto um a estranha dor no estômago. M ilk s h a k e de chocolate é servido nos bares. certamente responderia que o fez porque “teve vontade”. m ilk s h a k e é uma boa coisa para ser pedida ao garçom. (ora) eu tenho dinheiro. G arcia ♦ 315 exemplo tão interessante. Provavelmente nem sequer pensou no que fez. logo. logo. que não resistimos à tentação de transcrever al­ guns trechos dele. Quem precisa comer al­ guma coisa apressadamente deve procurar algo que possa ser preparado e servido em alguns instantes (ora.” . A decisão de to­ m ar um copo de m ilk s h a k e .. portanto. devo estar com fome. pouco antes de começar uma das suas aulas. se é que estou com pressa. posso tomar m ilk s h a k e . Pode-se tomar m ilk s h a k e quando se tem dinheiro. sente um a indisposição no estômago. isto aqui é um bar: logo. considerada mais atentam ente. Na realidade. Quem tem de estar na sala de aula den­ tro de sete minutos está com pressa. que o estudante que começar a analisar seu pensamento acabará certamente por perder a aula de Econo­ mia. pondo entre parênteses algumas informações para orien­ tar o leitor: “.um estudante.I u f r p E Biblioteca C en tra O thûn M. implica um a sé­ rie tão elaborada de raciocínios dedutivos. E assim por diante. (Ora) eu estou com fome.. O sofisma implica má-fé. L. não pr necessária.. talvez. as superstições. (Haverá certam ente um a terceira m aneira de errar: raciocinando mal com dados falsos.2 Sofismas A esse raciocínio vicioso ou falacioso é que a Lógica chama de sofis­ ma.2. duas quantidades i dos. Lógica. quando declaramos ou generalizamos apressadamente. Não cabe à Lógica investigar as causas do erro (isso é missão da psicologia. í. duas m aneiras de errar: erram os racioci­ nando mal com dados corretos ou raciocinando bem com dados falsos. raciocínio. do ponto de vista lógico.) O erro pode.0 Falácias se superficial deles) i sos afetivos. manifestou-se apenas um a impressão resultante daquilo que. e das ciências). mas descrever-lhe as formas. : m a” a sua argumenta mas.1 A natureza do erro Ainda que com etam os um núm ero infinito de erros.2. p. tal é a evi< te. 2. Er­ ramos. no sentido nas ciências ou na m< tarde.8 Bem. as verdadein definição inexata. em Lógica. a obsei-vação . quando dizemos: “Fulano é antipático” ou “Fulano só falou comigo uma vez e já me considera antipático”. 2. malícia ou insi 2.e. As crendices. que não tem o propósito de enga­ nar. se chama “sim­ ples inspeção”. isto é. falso raciocínio elaborado com a intenção de enganar. pois. Axioma é um \ por si mesmo. portanto. acidente e a falsa ana> 2. Mas.2. na ver­ dade. 198). que nega o que é e afirma o que não é. mas para que haja erro é preciso haver um julgamento. rância. a c desconhecimento) da vicioso. resultar de um vício de form a — raciocinar mal com dados corretos — ou de matéria — raciocinar bem com dados falsos. LIARD. a expres: Os lógicos divi formais (erro resultai de um engano da ap Os principais s mente). Todavia.2 Ignorânci Esta é uma da principalm ente quand< te da questão em foco sunto discutido. não há propriamente.. se descobre a v Essa máxima d esta outra: “Tudo o q no tempo de duração ou máximas assumen tenta construir o seu de relativa. pelo menos de n do excessivo pelo geô obra com o mesmo tít termo se aplique de extensão. acaba.1 Falsos a. substit . um a opinião expressa. dando como e\ aquilo que é. não se deve confundir o erro em si (a opinião falsa) com o raciocínio que o produziu. uma de­ claração. apenas. mas apenas m ostrar que as falsas opi­ niões deles decorrentes tiveram como ponto de partida um raciocínio ilegí­ timo ou vicioso. só há.. chamam os lógicos paralogismo. E a simples inspeção (ausência de análise dos fatos ou análi- 8 Ao sofisma que não é intencionalmente vicioso. o paralogismo pressupõe boa-fé (Cf. os tabus são erros: não com pete à Lógica debatê-los. da metafísica. em f o r m a i s (erro resultante de um vício de forma) e m a te r ia is (erro resultante de um engano da apreciação da m a t é r i a . ou c írcu lo v ic io s o . Os lógicos dividem os raciocínios falazes. igno­ rância. a expressão de sentimentos e não a juízos pautados pela razão. os fa ls o s a x io m a s . mas de demonstração des­ necessária. se descobre a verdade” (J.) Embora o termo se aplique de preferência à matemática. até um ponto em que já não nos le m b r a m o s d o a s ­ s u n to d is c u tid o . malícia ou insuficiência de argumentação. (São conheci­ dos. de Maricá. esses falsos axio­ mas. quer dizer. principalmente quando a veemência e a paixão nos desviam insensivelmen­ te da q u e s tã o em foco. substittiindo-o por outro ou outros não pertinentes.2 Ignorância da questão Esta é um a das falácias mais comuns nas polêmicas ou debates. que os reduziu a cinco.2. tal é a evidência do que se declara: o todo é maior do que a par­ te. cedo ou tarde.2. evidente por si mesmo. dando como indemonstrável aquilo que é. os doze axiomas de Euclides. sofismando. o erro de a c id e n te e a fa ls a a n a lo g ia . comum a todos os casos. G a r c i a ♦ 317 se superficial deles) que nos leva a pronunciamentos motivados por impul­ sos afetivos. 2. número considera­ do excessivo pelo geômetra francês Legendre. dos f a t o s ) . a p e tiç ã o d e p r in c íp io . numa obra com o mesmo título da de Euclides: E le m e n to s de G e o m e tiia . é costume empregá-lo. da sua ousadia. não propriamente indemonstrável. Essa máxima de Rousseau será um verdadeiro ou falso axioma? E esta outra: “Tudo o que existe e tem limites no espaço os tem igualmente no tempo de duração?” (M. J. os s o fis m a s . Muitas sentenças ou máximas assumem. as verdadeiras falácias do raciocínio são. às vezes. no sentido de qualquer proposição ou máxima geralmente aceita nas ciências ou na moral: “E um a x io m a geralmente admitido que. duas quantidades iguais a um a terceira são iguais entre si. por extensão. Muito orador ou polemista ousado “ar­ ma” a sua argumentação com essas verdades aparentes. dando como evidente por si mesmo.1 Falsos axiomas Axioma é um princípio necessário. ou verda­ de relativa. 3333). M á x im a s . a ig n o r â n c ia d a c a u s a (falsa causa). o resultado da sua presunção. a observação in e x a ta ... Os principais sofismas materiais (de que trataremos aqui preferente­ mente). segundo os entendidos: a d e fin iç ã o in e x a ta . 2. sendo alguns de indução e outros de dedução. a imponência de axiomas. acaba. a d iv isã o in c o m p le ta . apenas. a ig n o r â n c ia (ou desconhecimento) d a q u e s tã o (ou assunto). Rousseau). pelo menos de nome.O t h o n M. e aquele que tenta construir o seu raciocínio sobre essa aparência de verdade. vale dizer. mas ca­ . O advogado de defesa “esqueceu” a questão. ao raciocínio frio. 2. em face das provas concludentes. dizendo que o acusado é um excelente chefe de fanriiia. o impropério. descam bam para o insulto. um pai extrem oso. As orações de “porque”. tom ando como coisa dem onstra­ da o que lhe cabe demonstrar. irrefutáveis. cidadão exemplar. não provou que suas providências eram legais. irritar ou desesperar o ouvinte ou leitor. para os “sentim entos de hum anidade” dos jurados. Só por gracejo ou então com o pro­ pósito de “encerrar o assunto”. poderá alegar que a simples tom ada de preços trouxe econo­ mia de tempo e de dinheiro. tra ­ balhador honesto. e que os serviços prestados foram os mais sa­ tisfatórios. como se diz.5 Petição de princípio É também argumento de quem. diria alguém: “Fulano morreu de velho porque viveu muitos anos” ou “Fulano morreu pobre porque não tinha di­ nheiro”. m orreu pobre). pois apresen­ ta a própria declaração como prova dela. da teatralid ad e dos gestos. Mas não provou nada: sofismou. Fulano é comunista. para outro te r­ reno onde.. Sofismam. os corpos pesados tendem sempre a cair porque são atraídos para o centro da Terra. m aliciosam ente. Sua resposta será uma defesa. O adm inistrador não provou que tinha ra­ zão. A ignorância da questão assume outros aspectos muito comuns nas assembléias políticas e nos comícios.. não tem argumentos. um a desculpa. É a petição de princípio. ignorando a verdadeira questão. Fulano é “gorila”. Fugimos aos fa ­ tos. certam ente. são a própria declaração disfarçada em ou­ tras palavras. adm itindo já como verdadeiro exata­ m ente aquilo que está em discussão. de que o acusado praticou realm ente o crime que lhe é im­ putado? Não podendo negar a evidência dos fatos. em que políticos e jornalistas demagógicos. O adm inistrador ou homem público acusado de não cumprir a lei que o obrigava a abrir concorrência para a pavimentação de certo trecho de estrada.. a calúnia: Fulano é ladrão. estas crianças são muito mal-educadas porque nunca aprenderam boas m anei­ ras. en­ fim. acom panhado. também cham ada círculo vicioso. sofismou. espera comover e convencer os jurados.2. dadas como causa da declaração (mor­ reu de velho. com o apelo aos sentim entos. Argumentam? Não. Machado de Assis é o maior escritor brasileiro porque nenhum outro . desviando-se. por lhes falecerem argumentos vá­ lidos com que rebater a evidência dos fatos apresentados pelos oponentes. Que faz o advogado de defesa. apelará para o “bom coração”. apelando para a emoção.318 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a pazes de comover. E desculpa não convence. Fula­ no é entreguista. uma alegação. ditas com tom de auto-suficiência. coisas desta ordem: o fumo faz mal à saúde porque prejudica o organismo. isto é. Não é raro ouvirmos.. falaciosam ente. assim como em certa imprensa. a política. à lei ou princípio científico. a sua razão de ser.2. pesquisa­ dor) busca a re la ç ã o c o n s ta n te e g e r a l entre fenômenos (fatos) simultâneos ou sucessivos. a sua causa. chegando assim a con­ clusões falsas ou a declarações incompletas. Todo aquele que se inicia ou se exercita na arte de escrever deve evi­ ta r esse tipo de falsa argumentação. também. G arcia ♦ 319 jam ais atingiu as mesmas alturas no que respeita à criação literária. ou humanas (a história.[U P P E B ib lio teca Centrai* O thon M. o que determ inou o outro é a c a u s a . chega-se à g e n e r a liz a ç ã o . hipótese. “A rt p o é ti q u e ”) 2.. por exemplo). por exemplo. Red. Se descobre essa relação. não a justifi­ cam. Partindo da simples o b s e r v a ç ã o . o estudante. o observador (cientista. ou melhor. Estabelece-se assim um a relação de causa-e-efeito. em erro por não ter observado adequadamente as fases de unia reação química. a menos que se trate de “escamoteação” de fatos para falsear a conclusão. Nas suas experiências de laboratório. o de­ term inado é o e fe ito . criando h ip ó te s e s . por vezes. Téc. a sociologia.5 Ignorância da causa ou falsa causa O espírito humano não se contenta com a simples observação dos fatos: procura também a sua explicação. E verdade que nas ciências ditas morais e sociais. enfim.. verificação e generalização constituem. descobre a lei ou p r in c íp io c ie n tífi­ c o . Ao tratarm os da c o n c is ã o d o p a r á g r a fo . evidentem ente. o estudante inci­ de.2. por is­ so . sua obra é imortal: jamais será esquecida. tal como nos recom enda Verlaine que façamos com a eloqüência: Prends 1’é. nas suas aulas práticas de ciências. omite certos e stá g io s ou certas p a r te s . por exemplo) a descoberta das causas não .. ora de redu/iddncia (repe­ tir pormenores já implícitos em declaração prévia). mostramos como “pegar pelo pescoço” esse tipo de sofisma e “torcê-lo”. 1. Observação. 2. que a gramática chama ora de t a u t o ­ lo g ia (dizer a mesma coisa com outras palavras). os estágios nor­ mais do m étodo experimental. Na d escriç ã o de u m p ro c e sso (funciona­ m ento de aparelho ou máquina) ou de um o b je to . Nas ciências ditas experimentais ou da na­ tureza (as físico-químicas.4 Observação inexata O erro de julgamento resultante da o b se rv a ç ã o in e x a ta é antes um pa­ ralogismo do que um sofisma propriam ente dito. v e r ific a n d o (tes­ tando). não raras vezes.2). de fato. não é argum entar mas alinhavar palavras que nada acrescentam à própria declaração: não a fundamentam. simplesmente porque não o b se r­ v o u os f a t o s ou dados concretos (ver “Descrição técnica” 8. Isso.loquence et tnrds-lui son cou! (Jadis et naguère. Dos fenômenos observados. a busca da relação de causa-e-efeito caracteriza o mais efi­ caz e talvez o único método verdadeiram ente científico. estou raciocinando por indução. nem sempre é possível. Essa curiosidade. pois. a previsão do tempo. também fera. lhes citribuímos como verdadei­ ra causa o que é simples aparência ou coincidência. No entanto. e sentencio: Vai chover. tom o um a xícara de café e custo a conciliar o sono. como também é conhecida essa espécie de fa­ lácia ou sofisma). não é raro raciocinarmos assim. mas não certo. social. deixam de ter as suas causas e suas leis. causas e leis que são ou indicam relações necessá­ rias quer entre fatos quer entre atos. ou o são até que realm ente se estabeleça a relação necessária entre o fato declarado e o que se conside­ ra como sua causa. os fenômenos que estudam.2.. Se. mas i infere em virtude de u É. por exemplo.Isso. ainda que de outra ordem. cit. assim. à noite. tam bém achat servindo-nos de um a « habitado (é um a hipóu como a Terra. J . entretanto. pois o que vem antes não é. nem por serem distintos dos das ciências experimentais. o que é provável. sinto-me incli­ nado a adm itir que a causa da minha insônia ten h a sido a infusão.2. nos pode.6 Erro de 2. quando. a erros de julgam ento. p. mas indução pare de alguns fatos singuk clusão universal. em erro. política. L A H R . Quando querem qüentem ente de um ej m iliar ao leitor ou ou\ laranja. Se. ao crer que o que vem antes é a causa do que ocorre depois: post hoc ergo propter hoc (“depois disso. a causa do que vem depois. Estabeleci um a relação entre causa (verdadeira) e efeito. e t barriga de alguém é rurgiões são uns crii não é dessa ordem gi lemos todos os dias? ou não se deixando c Afirmações como essa são gratuitas. op. por exemplo. (estudados pelas cic sa única mas a um sempre constituem J rem muitas generali: É inegável que a característica predom inante da natureza hum ana é querer saber sempre não apenas o que acontece mas também porque e como acontecem as coisas. Em que se baseia. vejo nuvens densas.. os fenômenos de natureza espiritual. “carregadas”. por isso. muitos contestam serem elas ver­ dadeiras ciências. troveja e relampeja. levar. C h . a an á tos do espírito. diversa da das ciências experimentais. já que as suas conclusões parecem simples opiniões pes­ soais mais ou menos plausíveis. que a experiência provou serem a causa da chu­ va? Olho para o céu. não raro. e até econômica 2. essa verdadeira ânsia de que­ rer saber sempre a causa dos fatos. por preguiça ou por malícia. e logo adiante tropeço e caio e admito que a causa da minha queda foi o encontro com o felino. Entretanto. por falsa ou mali­ ciosa observação e interpretação dos fatos. Mas quem nos garante que o aum ento da população tem como causa única a existência de famílias prolíferas? ou que a causa da cabeça chata da maioria dos nordestinos é a rede onde dormem? ou que a causa da prolificidade é a subnutrição? ou que o de­ senvolvimento do Brasil tem como causa o tem peram ento latino ou a mis­ cigenação? Erro de aciden se fosse um atribute um a generalização f. em qu das para outras não ol plicar a desconhecida. Suas conclusões podem ter assim um incontestável caráter de certeza. por causa disso”). mas incidin­ do em erro. 2 M a n u el de f . entretanto. como vi­ mos. necessaria­ mente. Incidimos. cruzo com um gato preto na rua. quando o nosso raciocínio é falho em qualquer dos seus estágios. pouco antes de me deitar. Maneira simplista de explicar os eventos.320 ♦ Comunicação em P rosa M oderna se faz com a mesma segurança. chegando a conclusões apressadas ou intencionalm ente buscadas. nando com erro de a tos. além de se parece são tirada por analogi M A R I T A I N .7 Falsa an\ Analogia é seme ção. sim. 10 C f.. logo. Todavia. se não na observação de certas condi­ ções atmosféricas (fatos). venta com intensi­ dade. Certo médico en medicina é inútil. por considerarmos como causa o que não é causa (non causa pro causa. mas um a conclusão provisória. cit. mas a uma outra enunciação singular ou particular. C h . parte da coisa conhecida para ex­ plicar a desconhecida. a analogia uma relação entre coisas ou entre procedimen­ tos do espírito. do que resulta. Certo médico enganou-se no tratam ento de um parente nosso. M an u el de p h ilosophie . e a analogia cria hipóteses e não certezas).6 Erro de acidente Erro de acidente é aquela falácia em que se toma o acidental como se fosse um atributo essencial. evitando emiti-las ou não se deixando convencer por elas. “Marte deve ser habitado (é uma hipótese. fato ou objeto mais fa­ miliar ao leitor ou ouvinte: “A Terra é um a espécie de bola. de um exemplo. os cirurgiões fazem isso. e todos os médicos são charlatães. assim. tam bém tem rotação e revolução. servindo-nos de uma analogia. evidentem ente. 10 C f. p.O thon M.9 É. racioci­ nando com erro de acidente. no caso.10 isto é. Daí decor­ rem muitas generalizações falsas ou parcialmente falsas. p. L A H R .. Certo político revelou-se desonesto. 2. além de se parecer com a própria Terra pela forma” — é um a conclu­ são tirada por analogia. logo. 2 7 3 . op. os ci­ rurgiões são uns criminosos: silogismo sofístico por erro de acidente. a medicina é inútil. ou melhor de laranja. 9 M A R IT A IN . Garcia ♦ 321 (estudados pelas ciências humanas) não podem ser atribuídos a uma cau­ sa única mas a um complexo delas. . logo. como a Terra. um a generalização falsa.2. em que o raciocínio conclui de certas semelhanças observa­ das para outras não observadas. “na qual o espírito passa de um ou de alguns fatos singulares (ou de uma enunciação universal) não a uma con­ clusão universal. mas indução parcial ou imperfeita. 4 0 7 .2. concluímos que todos os políticos são desones­ tos.7 Falsa analogia e probabilidade Analogia é semelhança: ela nos pode levar a uma conclusão pela indu­ ção. portanto. o estudante. logo. nem sempre identificáveis porque nem sempre constituem fatos materiais mensuráveis ou ponderáveis. pois. que ele infere em virtude de uma semelhança”. 2. Quando queremos fazer-nos com preender melhor. tam bém tem um a atm os­ fera. por semelhança. também achatada nos pólos” — diríamos a uma criança curiosa. Quem mete a faca na barriga de alguém é criminoso: ora. servimo-nos fre­ qüentem ente de um exemplo constituído por coisa. constante. Pois não é dessa ordem grande parte das “sentenças judiciosas” que ouvimos ou lemos todos os dias? Acautele-se. E. .322 ♦ C omunicação em P rosa M oderna um a hipótese. m eu cão há d e s a ra r com o m esm o p re p a ra d o q u e cu ro u a sa rn a do c ã o d o m e u vizinho. já que parte de um caso sin­ gular para outro singular: do planeta Terra para o planeta Marte. Seu dono. Mas a cura do cão e a cura do meu amigo são coisas prováveis. que diagnosticou como causa o ácido úrico. passa: de médico e louco todos temos um pouco. pois os sintomas eram os mesmos e os mesmos preparados não surtiram efeito. pois só leva­ mos em consideração as semelhanças entre os casos particulares — sinto­ mas idênticos nos dois cães — sem termos em conta as possíveis diferenças que talvez recomendassem outro tratamento. m e u cão a p re se n ta v a sin to m a s se m e lh a n te s. enfim. sujeita que está a confirmação resultante da observa­ ção de outros fatos. O ra. O ra. O cão sarou.” (Às vezes.. não obstante. Mas podia não ter sarado. Pode assim a analogia ser um processo falaz. Nosso vizi­ nho nos forneceu (gentilm ente) a receita. ou Você s e n te u m a d o r d o lado. se você to m a r H epatolina . diz-se que o raciocínio por analogia é uma forma de indução imperfeita. é sem pre preferível recorrer ao silogismo ou à indução de enum eração perfeita ou completa. e u ta m b é m se n tia u m a d o r s e m e lh a n te . que passa logo. ficará b o m ta m b é m . O cão do nosso vizinho coçava-se dia-e-noite e perdia o pêlo. e fi­ q u e i b o m com H epatolina. lo g o . por­ que o raciocínio por analogia. provocado por alimentação inadequada. dela nos servimos a todo momento: “Sentes uma dor do lado? É fígado.. a “dor do lado” do meu ami­ go). É assim uma forma de inferência a partir de um fato isolado para outro fato isola­ do. Toma Hepatolina. apenas em virtude de uma semelhança: O cão d o m e u vizin h o ficou bo m com o p re p a ra d o q u e o v e te rin á rio lh e receito u . Raciocinando por analogia. por ser uma hipótese. Porque só nos fornece probabilidades. resolveu cham ar o veterinário. ta m b é m “d o la d o ”.) O raciocínio por analogia é uma indução parcial ou imperfeita. depois de lhe aplicar sem resultado mil e um preparados contra sar­ na. a minha “dor do la­ do”) para o particular (a sarna do meu cão. que conclui do particular (a sarna do cão do meu vizinho. embora exerça papel considerável na desco­ berta da verdade. e nosso cão ficou bom sem pre­ cisar de veterinário. lo g o . concluímos que nosso cão também tinha ácido úrico. só nos fornece probabilidades e não certezas. mas apenas a ilustrar ou esclarecer uma proposição ou declaração. “Desenvolvimento por analogia e com paração”.3). G arcia ♦ 323 Comparações e exemplos constituem tam bém formas elem entares de raciocínio por analogia ou semelhança. porém mais conhecido (rever 3. .Othon M. Par. 2. tornando-a mais sensível pelo cotejo com outro fato particular.. destinadas não propriam ente a chegar a um a conclusão mais ou menos provável. .\ Q ui nta P ar t e 5.Pondo ordem no caos . ORD. Esses dois processos. 1. por as­ sim dizer. pois. todo conhecimento é confuso e superficial. em outras pala­ vras. a classificação e a definição constituem outros tan­ tos processos de disciplina do raciocínio. fatos. e sua aliança constitui. o espírito humano tem de servir-se tam ­ bém da síntese. ou. p. fatos. apóia-se nas semelhanças ou analo­ gias entre seres. . Santos. o verdadeiro m étodo geral de que se servem as ciências. à dedução.1 Análise e síntese Todo método é. ou. São. Daí a necessidade de análise. por si só. uma operação do espírito em que se parte do mais complexo para o menos complexo. não alcança toda a verdade dos fatos ou fenômenos. de organização e ordenação de idéias com o propósito de sistematizar a pesquisa da verdade. como diz Victor Cousin (citado por Theobaldo M. “síntese sem análise é ciência falsa. isto é. seres ou objetos. ele é. a inteligência humana precisa discriminar. método geral de que se servem todas as ciências. a síntese. sem esta última. fenômenos ou idéias. cit.. fe­ nômenos. Análise é a de­ composição de um todo em suas partes. a grande dificuldade do conhecimento científico decorre da natu­ reza complexa das coisas. embora a análise corresponda. dividir. à in­ dução. em essência. sem aquela. Se. preocupando-se mais com as diferenças entre os objetos do que com as suas semelhanças ou analogias. Para perceber as relações entre as idéias.1. em essência. inversos mas complementares. certamente. que é a reconstituição do todo decomposto pela análise. São também chamados modus sciendi. assim. estão na base de todos os métodos científicos sem exceção. O espírito sintético nos permite uma visão de conjunto. e a síntese. isolar as dificuldades para resolvê-las.0 Moàus sciendi A análise. e análise sem síntese é ciência incompleta”. Nas opera­ ções mentais em busca da verdade. da exatidão. 224). op. Ora. modo(s) de saber. do todo para suas partes. Mas a análi­ se. analítico ou sintético. incompleto. O espírito analítico caracteriza-se pelo senso do detalhe. métodos ditos sistemáticos. ao contrário do analítico. 1 7. E xcitabilidade.2 Exemplo de análise de um tema especifico O aluno que quisesse fazer uma redação a respeito. R elações com o a m b ie n te . analisa) as características gerais do seu com­ portam ento. levando em conta as diferenças entre elas: P ara d esco b rirm o s as c a ra cterísticas g e ra is d o s se re s vivos e v erificar em q u e d ife re m eles d e m a té ria b ru ta . v am o s e x a m in á -lo s sob os d e z as p e c ­ to s se g u in te s: 1.e. 6. assim discriminasse (i. v. F ro ta Pessoa. das ri­ quezas do Brasil. p.7. 1 0 0 . Faria análise informal o constitucionalista que. “A m e t o d o l o g i a n a c i ê n c ia p o l ít i c a ” .328 ♦ C omunicação em P rosa M oderna / . C om posição. e) a s funções ec o n ô m icas e sociais d o G overno. 5. C o o rd e­ n a ç ã o . não poderia desenvolver o seu tem a sem o trabalho pre­ liminar da análise. (O.e. j u l h o . p.. digamos. que não pode ser com­ pleta nem caracterizar-se pela exatidão absoluta consiste em discernir por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de um todo. M etab o lism o . H e re d ita rie d a d e . Faz análise formal o naturalista que. 0 a s in stitu iç õ es políticas c o n s a g ra d a s . C rescim en to .d e z e m b r o d e 1 9 6 2 . A segunda. divide (i. / . 1. para nos dar uma idéia do que são os seres vivos. R ep ro d u ção . in R evista do In sti­ tu to de C iências Sociais da Universidade do Brasil .. 3 . O rg a n iz açã o . d ) a a d m in istra ç ã o p ú b lica. de acordo com a finalidade da exposição. desejoso de estudar certo aspecto da estrutura governamental. T h e m í s t o c l e s B r a n d ã o . 9. Este último tipo constitui a condição da abstração e da formação de idéias gerais. 7. 10. tão numerosas e variadas são as idéias implícitas em 1 C A V A L C A N T I . dividis­ se ou analisasse) o seu tema: a) a co n stitu ição . . 4. n ° 2 . os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno. 2. Biologia n a escola secu n d á ria . 8. A primeira é peculiar às ciências m atem áti­ cas e físico-naturais ou experimentais. / Análise formol e análise informal Há dois tipos de análise: a form al (científica ou experimental) e a informal (racional ou m ental). E volução. c) o g o v ern o reg io n a l o u local. 8 5 ) É análise formal ou científica porque baseada nas relações constan­ tes e invariáveis entre os seres e seu com portamento. b ) o g o v ern o federal. 1. era só tom ar o subtópico f) e por sua vez tam ­ bém decompô-lo (as diferentes espécies de pedras preciosas). topografia acessível.. que algumas já estão incluídas na lista caótica. pela análise. decompomos o todo em suas partes. pela classifica­ ção estabelecemos as relações de dependência e hierarquia entre essas par­ tes. as coisas. clima ameno. ouro. Arrolaria certa­ mente as que mais importassem ou todas aquelas de que tivesse conheci­ mento. etc. isto é.. os obje­ . R iquezas m inerais: a) ferro b) m a n g a n ê s c) cobre d) e s ta n h o e) c a ssiterita 0 p e d ra s preciosas. i. Garcia ♦ 329 “riquezas”. Em outras palavras: classificar é distribuir os seres. o rol desses dados (ou fatos) seria mais ou m e­ nos desta ordem: riquezas minerais: ferro. babaçu. Fazendo a mesma coisa com os outros tópicos ou itens. O segundo estágio desse processo preli­ minar de elaboração mental.e. ainda assim seria incompleta — ou talvez dem asiadam ente longa. pedras preciosas. de todos os “sinais” de riqueza que lhe fossem ocorren­ do como conseqüência das suas leituras ou experiência. por longa que fosse.2 Classificação * Se. Basta saber um pouco de geografia econômica do Brasil para enum erar sem esforço várias espécies delas e verificar. Na prim ei­ ra hipótese — enum eração incompleta — o aluno poderia tom ar cada um dos itens ou alguns deles e submetê-los a uma nova análise. solo fértil. cacau. o plano se estaria delineando. A lista. Na prática. aliás.O thon m . do propósito dele e do tipo de leitor a que se destinasse. pois tudo dependeria das dimensões do tra­ balho. Se quisesse prosseguir. madeiras. fatos) que daria para um livro e não uma simples re­ dação de cinqüenta ou cem linhas.. matérias-primas. especificando-os cada vez mais. esse trabalho consistiria num a lista preliminar. Sirva de exemplo o primeiro: riquezas minerais. petróleo. café. o segundo modits sciendi — a classifica­ ção — de que trataremos no tópico seguinte. o aluno acabaria dispondo de tanto material (idéias. rios caudalosos. mas ainda de maneira desordenada. Com isso. O segundo estágio da análise daria coi­ sa mais ou menos assim: I. decompondoos. carvão. levaria a uma disposição mais adequada da matcria. cana-de-acúcar. mais ou menos caótica. terra imensa. O resultado. 128. a principal ordem dos mamíferos — os primatas — e subdividindo-a em famílias ou subordens. em que se tomam os caracteres comuns e diferenciadores de maneira mais ou menos convencional. adaptado. Considere-se a seguinte lista de coisas e seres: relógio. A formação de qualquer idéia geral é um ato de classificação. classificação que se fará segundo as afinidades comuns entre os elementos da série: M e c a n is m o s Ve íc u l o s A l im e n t o s A ves relógio bicicleta a rro z sab iá b a rb e a d o r e létric o m otocicleta b a ta ta c a n á rio v e n tila d o r au to m ó v el feijão g alin h a 2 Exemplo. op. aves e mamíferos). Tanto isso é verdade. essenciais e invariáveis. pelo menos entre os leigos. homem) — quando assim age. motocicleta. Gorrell e Charlton Laird. arroz. Mas análise e classificação ligam-se tão intimamente. a hie­ rarquia. no segundo. só a classifi­ cação pode pôr-lhe ordem. os dois termos são empregados como sinônimos. está o zoólogo classificando os animais de acordo com seus caracteres ao mesmo tempo com uns e diferenciadores. bicicleta. batata. 44 classes (cinco das quais são subdivisões dos vertebrados: peixes. imprecisão que se deve evitar: análise é decomposição. cít. e estas em gênero e espécies (macaco. Constitui essa operação uma das funções essenciais da inteligência hum a­ na. Q uando o zoólogo divide (ou classifica) o reino animal em 12 ra­ mos (um dos quais corresponde aos vertebrados). canário. natural. de Robert M. sabiá. com freqüência. esclarecer e transm itir nosso conhecimento quanto re­ presentar realm ente as relações intrínsecas. 80 ordens (doze das quais correspondem a subdivisões dos mamíferos). ou um a série de fatores circuns­ tanciais. batráquios. Trata-se de um a enum eração caótica. por exemplo. os fatos ou fenômenos de acordo com suas semelhanças e diferenças. e prossegue. au­ tomóvel. que às vezes se podem confundir. p. Mas. enfim. a classificação pode consistir num processo mais ou menos arbitrário. barbeador elétrico.330 ♦ Com unicação em P rosa M oderna tos. por exemplo. feijão. . que tan­ to pode consistir num processo cômodo. fora das ciências ditas naturais. que. répteis. que nos permita coordenar. tomando. No primeiro caso. galinha. prático mas arbitrário. sendo esta própria de ciências tais como a zoo­ logia e a botânica. entre as idéias. ventilador. segun­ do os propósitos que se tenham em vista. a classificação se diz arti­ ficial. e classificação é hierarquização.. sotopondo-lhe os subtópicos (especifi­ cações). os primatas.2. Como subdivisão. ao correr os olhos pela lista caótica da fase preliminar do seu trabalho.7 Coordenação e subordinação lógicas O mesmo se pode fazer com todos os fatos. etc. verificaria o estudante que nem todos os itens têm a mesma extensão. fenômenos ou idéias. abstrato. Assim também a classe de palavra substantivo subordina as suas varie­ dades: próprio. Estas variedades estão coordenadas entre si. paralelas. mas extensão que é menos ampla do que a do conceito geral de substantivo. verbo. mas coordenados entre si. composto.2 Classificação e esboço de plano Servindo-se do tema “riquezas do Brasil”. elas estão classificadas (distribuídas em classes) em substantivo. simples. pois têm caracteres básicos co­ muns. mas o que importa — e este é o princípio geral da classificação — é que se le­ vem em conta duas relações básicas entre as unidades ou elementos: a coor­ denação e a subordinação. mas. Retomemos a classificação do reino animal. de­ rivado. tudo dependendo do propósito. estanho.2. As palavras. como mostramos. porque são. os quirópteros. quer dizer: uns são mais amplos. mais específicos. a disciplina. podem vir agrupadas pela afinidade de sentido. Admitin­ do que “riquezas minerais” viesse a ser o primeiro tópico (a ordem depende­ ria da ênfase e do desenvolvimento que lhe fosse dado). Nas gramáticas. concreto. pronome. estão arroladas pela ordem alfabética. arti­ go. mais gerais. Resultado: 1. se alguns deles ou todos viessem a ser subdivididos. advérbio. 7. comum. o aproveitamento. a religião. do que outros. num dicio­ nário comum. preposição. etc. os carnívoros são termos subordinad. de certo modo. G arcia ♦ 331 Os alunos de uma turma podem ter classificação segundo diferentes critérios: a cor dos cabelos. de preferência). cobre. encabeçados por letras minúsculas.. que “riquezas minerais” inclui ferro. de que tratamos há pouco: na ordem dos mamíferos encontramos os primatas.|UFPE Biblioteca Centra O thon M. numeral. R iq u ezas m in e rais: a) ferro b) m a n g a n ê s. adjetivo. os quirópteros. os insetívoros. os insetívoros. a aplica­ ção. os carnívoros e outros. tendo relativamente a mesma extensão. primitivo.os a mamíferos. Já teria verificado. conjunção e interjeição. 0 p e d ra s p recio sas . 7. o aluno numerá-loia (algarismo arábico. ou por algarismos romanos. manganês. num dicionário analógico. a idade. etc. 3 Definição A definição. Consiste. num a fórmula verbal atra­ vés da qual se exprime a essência de uma coisa (ser. . como “pedras preciosas” pode ser especificado. 2 0 9 . idéia).0. 1. referen­ cial ou ostensiva). o aluno te­ ria concluído a classificação e. por­ tanto. objeto. teria delineado o plano ou roteiro ou esquema do seu trabalho (ver ainda a aplicação desse processo no pre­ paro de plano de um a descrição. L A L A N D E . Como uma das categorias da lógica. traduz-se num a “proposição afirmativa que tem por fim fazer conhecer exatamente a extensão e a com preensão de um ter­ mo e da idéia correspondente”.4). v e r b e t e définition.332 ♦ c O M U N I C A Ç Ã O EM PROSA MODERNA Mas. Pl. A n d r é . 3 C f. etc.. etc.3 A sem iologia distingue duas espécies de definição: a) a que se faz por referência à coisa denotada pelo signo (definição denotativa. op. em 7. essa definição se diz lexico­ gráfica) . a) d ia m a n te s b) tu rm a lin as. É. nos dicionários. é um recurso de expressão de que nos servimos para dizer o que é que queremos dar a entender quando em­ pregamos um a palavra ou nos referimos a um objeto ou ser. quanto à disposição e num eração dos tópicos. e. assim. 2. a um a língua artificial ou m etalíngua (definição se­ mântica ou metalingiiística. 1. em 7. IV — p e d ra s preciosas. PL. R iquezas v egetais: Fazendo a mesma coisa para os demais itens ou tópicos. a nom enclatura dos tópicos passaria a ser: 1. b) a que se faz por meio de signos pertencentes a um sistem a construído. “Observações”. uma operação do espírito em que se determ ina a compreensão que caracteriza um conceito. como modus sciendi. c i t p. ipso facto. R iquezas m in erais: I — ferro II — m a n g an ê s. 2. E válido dizer que.O th o n M. caracterizar. os indivíduos. informam-nos ou levam-nos a conhecer. com freqüência. saciam nossa curiosidade. podem-se definir palavras (definição metalingüística) como se podem definir (descrever) coisas. mas sobretudo de “que é isso?” — . A maioria dos testes e dos exa­ mes consistem em responder a “que é isso?” (ou era assim antes da ob­ sessão dos de “múltipla escolha”). Definimos o homem (a classe dos hom ens): “é um animal racional”. Fr. Portanto. v e r b e t e défin itio n . em grande parte — ou é essencialmente — um indagar perm anente. as obras individuais. nem todas as coisas adm item definição. Não há. é um a constante busca de respostas que. de informar — se resolve. só podem ser descritos ou caracterizados. toda nossa ânsia de sa­ ber. . e responder com definições. Nas ciências — sobretudo nas ciências exatas — dificilmente se pode dela pres­ cindir. um perguntar a todo instante “que é isso?”. Definir é um a das contingên­ cias do cotidiano. explicar.. G arcia ♦ 333 Nos dicionários. apontando nele os traços que o dis­ tinguem dos outros indivíduos da mesma classe. cif. se todas as palavras podem ser definidas semanticamente.4 Mas. em termos de definição.. grosso modo. Na prática. m ui­ tos estudantes (só estudantes?) erram nas respostas não porque ignorem a m atéria mas porque. 5 . p. 5 S o b r e a s m o d a lid a d e s d a s e x p r e ss õ e s d e c a u s a e d e t e m p o — que re sp on d e m e a " q u a n d o ” — . não sabem definir.6 . 1 . a “p o r q u ê ? ” . é usual em pregar “definir” no sentido de descrever. tra­ duzidas em definições. Ora. a definição é uma análise semântica da palavra-ver­ bete. Se assim é. as espécies. de conhecer — como todo nosso propósito de ensinar. se é nas escolas que mais perguntas se fazem e mais respos­ tas se dão — respostas que não são apenas a perguntas de “por quê?”. esclarecem nossas dúvi­ das. v e r 1. lato sensu. na sua maioria. Viver é. E x . 1 . segundo os rigores da lógica. em última análise. nada mais justificável do que ensinar a definir. A definição é um dos mais eficazes e mais freqüentes recursos da expressão de que nos servimos na exposição ou explanação de idéias. Ora. mas não podemos definir um homem que se cham a Joaquim Carapuça (uma espécie dentro da classe): este só podem os descrever. da coisa a que se refere.1 a 1 . Só se de­ finem as classes. lei­ tor. aquele que levou Joa­ quim Carapuça a m atar por ciúmes a sua querida Serafina. 5 . J e a n e f a l. praticam ente.5 de “como?” e de “quando?”. mas não uma determ inada espécie de amor.} op. en­ tretanto. 1 0 7 a 1 1 1 . um a só m atéria — mesmo que seja geogra­ fia ou história. se confunde com a descrição do pró­ prio objeto. a feição e o desenvolvimento do tópico seguinte estarão em parte justificados. D U B O I S . análise que. 6 . caracterizando-o. ciências essencialmente descritivas — em que o professor não se veja na contingência de definir algo. 4 C f . Posso definir o am or em geral. 1 3 6 . e 1 0 . por exemplo. lados iguais (d2). a d e f in iç ã o ( m e t a lin g ü ís t ic a ) é a a n á lis e d o s ig n if ic a d o d e um s i g n o . E n t ã o . o u s e j a : S = (s e m e - (se m a s S 2 +■ ••• S t) = G + d \ T d2 + dq . o definiens ( o que define). a n á l i s e q u e s e fa z . a definição deve apresentar cer­ tos requisitos: 6 a ) é o d e fin ien d u m ( o cjue d e v e ser definido)..d q corresponde à própria estrutura da proposição predicativa..d 2 + . G = predicativo. (d e â n g u lo s re to s) p a la v r a ( íw r e m a ) o sem em a + (S ) n o s s e u s se / n a s.1 Estrutura formal da definição denotativa No que diz respeito à sua formulação lógica e à sua estrutura ver­ bal. d) diferenças (differentiae) — tudo aquilo que distingue a coisa representa­ da pelo term o de outras coisas incluídas n a mesma classe.1 Requisitos da definição denotativa Para ser exata. d e c o m p o n d o .3. o s e n t i d o g e r a l in c lu i o s e le m e n t o s m ín im o s re tâ n g u / o c o m p r e e n d e S 3 ( d e la d o s ig u a is ) + cie s i g n i f i c a ç ã o os sem as S ( q u a d r ilá t e r o ) T.o ma — S ). b) cópula = verbo ser (ou seu equivalente em estruturas menos rígidas. “consistir em ”.7 Exemplo: Retângulo é um quadrilátero de ângulos retos e lados iguais dois a dois. em que T = sujei­ to. S) de um a S 2 . a definição traduz-se num a proposição.1. constituída por quatro elementos: a) termo (definiendum) — a coisa a ser definida. 1. dois a dois (d3). dita “predicativa”. e S | + + — S2 S 4 ( d o is a d o is ) .334 ♦ Comunicação Prosa em M oderna 1. c) gênero (genus) — a classe (ou ordem) de coisas a que pertence o termo. Sujeito = termo (T): retângulo Verbo de ligação = cópula: é Predicativo = gênero (G): um quadrilátero Adjuntos = diferenças: de ângulos retos (d x). Sr|. C o m o se v ê . A s s i m . c ) e d ) . verdadeira e válida.6 A “fórmula” da definição que daí se pode tirar T = G T d j -I. co­ mo. e d = adjunto(s) do núcleo do predicativo.3. “significar”). 7 P a r a a s e m â n t ic a e s t r u r u r a lis r a . a m o d e r n a “f ó r ­ m u l a ” s e m â n t i c a d e d e f i n i ç ã o c o r r e s p o n d e à s u a t r a d i c i o n a l “ f ó r m u l a ” ló g ic a . portanto. Isso ocorre. um a explicação. assim. sobretudo. é inaceitável uma definição do tipo da seguinte. Essa norma referente à rigidez gramatical não impede. então. b) o gênero deve ser suficientemente amplo para com preender a espécie de­ finida. nas definições conotativas ou metafóricas. um a definição (?) inadmissível.. equivalente a um nome. em verdade. Se. isto é. d) deve ser obrigatoriam ente afirmativa. c) deve ter um a estrutura gramatical rígida tal. G a r c i a ♦ 335 a) o term o deve realmente pertencer ao gênero (classe) em que vem incluí­ do na definição: “mesa é um m over e não “uma ferram enta” ou “uma instalação” (ver item seguinte). pas­ sa a ser uma descrição do objeto. no . muito comum no estilo dos colegiais (só colegiais?): “M adrugar é quando a gente acor­ da muito cedo”. Segundo esse princípio — dito do “gênero próximo e dife­ rença específica” —. entretanto. Esta norm a diz respeito principalm ente ao gênero. mais familiar ao leitor ou ouvinte. se cos­ tum a dar o nome de “definição expandida” ou “alongada”. forma nom inal do verbo. e) deve ser recíproca para' não ser incompleta ou insatisfatória: “o homem é um ser vivo” não constitui definição suficiente porque a recíproca — “todo ser vivo é homem” — não é verdadeira (o gato é um ser vivo mas não é homem). não pode pertencer a mesma classe do term o sujei­ to “m adrugar”. se possa adotar uma es­ trutura algo diferente. que o termo (sujeito) e o gênero (predicativo) pertençam à m esm a classe de palavras. Quando a definição — ou o que se pretenda como tal — é muito lon­ ga e constituída por uma série de períodos (ou mesmo parágrafos). quando se diz que “triângulo não é prism a”. ou que “é um móvel de sala de jantar” (gênero demasiadamente restiito. mesa de escritório. g) deve ser expressa em linguagem mais simples. definição. pois inclui um grande núm ero de outros “objetos” que nada têm a ver com a mesa). tanto do ponto de vista lógico (a oração tem poral não representa o gênero) quanto gramatical (a con­ junção “quando” não pode introduzir oração predicativa). pois ex­ clui outras espécies de mesa. É. que. e suficientemente restrito para que as características individualizantes possam ser percebidas sem dificuldade nem confusão com ou­ tras espécies.).. não é admissível dizer que “mesa é um objeto de uso doméstico” (gênero demasiadamente amplo. mesa de “centro”. não há. aquelas em que o gênero tem sentido metafórico. ou proposição predicativa). em que o gênero está expresso num a oração que não pode ser predicativa (“quando a gente acorda”) pois não equivale a um nome e.O t h o n m. Em virtu­ de desse requisito — que é tanto imposição da gramática quanto da ló­ gica — . a que. nas definições que visam a efeitos estilísticos. mesa de cozinha. f) deve ser breve (contida num só período. indispensáveis à clareza. vale dizer. ou paralelogramo. segun­ do nos parece. h) não se pode usar no gênero o termo que se está definindo. Essas normas sobre a estrutura e os requisitos da definição não consti­ tuem. Q uan­ do o gênero não é mais conhecido do que o term o. como se poderá objetar. Um estudante de ciências — sobretudo de ciências naturais — corre o risco de cometer graves erros. à precisão e à objetividade da comu­ nicação. torna-se necessá­ rio defini-lo também. simplesmente porque desconhece a técnica da de­ finição.33 6 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a caso da definição de retângulo. deve-se substituí-lo por ou­ tro mais claro: figura plana de quatro lados. apesar de ter o conhecimento da matéria. são. simples bizantinices. ao contrário. se adm ite que o gênero — quadriláte­ ro — não é familiar ao leitor ou ouvinte. . da exposição ou explanação de idéias ou da simples in­ formação. de revelar ignorância. ID. .S e xt a P arte 6.Como criar idéias . Mas onde e como encontrar idéias? Como criá-las. e adquirir experiência é aprender. “vivendo é que a gente aprende” (porque está aprendendo a pensar). que se integra em nós. ibid. graças à imaginação e à reflexão. A frase de Locke* já mais de um a vez aqui citada — “Nihil est in inteilectu quod prius non fuerit in sensu” — é indubitavelmente válida (em que pese ao idealismo de Hegel. atra­ vés da experiência. pois todas lhe vêm da experiência. que . Mas o espírito é como um a caixa de ressonância: as impressões colhidas através da observação dos fatos. inventá-las ou produzi-las? 1. sem exceção alguma” (Philosophical essays concer­ ning human understanding. regrando nossas atitudes.). como diz a sabedoria popular. seja física. se entrecruzam. Também assim pensa David Hume. Para Locke (e outros) todas as idéias provêm da sensação (vale dizer: da experiência) e da reflexão. quando diz que “só pela experiência conhecemos. se multiplicam. consubstanciam-se em idéias ou representações que. E evidente. seja mental. a fonte principal das nossas idéias — em certo sentido é mesmo a única. pautando nosso com porta­ mento. Ló­ gica e teoria do conhecimento.1. (An essay concerning human understanding. A alma hum ana é um a tabula rasa sem nenhum a idéia inata. portanto. e sim uma situação global. ou. Mas a experiência não é um fato isolado. se desdobram em outras.1 Experiência e observação A experiência é. arrolado. Adquirir experiência é observar. que acaba abrangendo toda a atividade humana. invertendolhe os termos: “Nihil est in sensu quod prius non fuerit in inteilectu” — “n a­ da nos chega aos sentidos sem ter antes passado pelo espirito”). pois ela pode ser tão variada e m ulti­ forme.0 A experiência e a pesquisa Acabamos de ver como disciplinar o raciocínio. seção Y citado por Joel Serrâo e Rui Gracio. “que é o fundam ento de todos os nossos conhecimen­ tos” (Id. liv. como ordenar e co­ ordenar idéias para a descoberta da verdade. classificado. cap. se associam. I). certamente. II. que a subverteu radicalmente. p. 229). Viver é adquirir experiência. por sua vez. o agradável e o desagradável. quanto maior for a acuidade de nossa observação. 1: e JAGOT.”2 Mas a experiência da vida é desordenada. “dirigindo a conversa”. parece que só há mesmo três modos de aproveitar a experiência alheia: o convívio. L’E ducation du style. un métabolisme psychique. “C’est donc aux faits qu’il faut revenir. o que. criando ou desenvolvendo idéias. fize­ ram. isso se consegue. específico. Neste caso. mas será apenas mais uma “redaçãozinha” anódina. . P C. distinto. Muitas vezes. interrogatório ou entrevista.340 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a não estará em condições de escrever quem não dispuser de uma capacida­ de m ínim a de refletir. Ora. quando se visa a um objetivo imediato.. desordena­ da. sofreram. muito bem escrita. Isto porque “la fonction vi­ tale de l’esprit littéraire consiste à appréhendre le contenu concret pour le dissocier e t l’inform er en combinaisons imaginatives. a conversa e a leitura. pensaram. le Fiat Lux de tout sa­ voir.) ^expérience est la loi. 84. selon un mécanisme individuel. de coleta de dados (fatos) — sobre as condi­ ções de vida nas favelas do Rio de Janeiro. temos de servir-nos da alheia. ordenar e associar impres­ sões e idéias advindas da observação dos fatos. indiscriminada: aprendese o útil e o inútil. consiste em saber o que outros observaram. quando se tem em vista um propósito imediato. h á que criar uma situação que as canalize para o nosso objetivo. sua redação poderá ficar muito “bonitinha”. A conversa é. linguagem desapoiada dos fa­ tos. entretanto. de protesto. epidérmico. 1 DUCHIEZ. ipso facto.1 Nossas abstra­ ções inspiram-se sempre na justeza da observação. traduzida em depoimento ou testemunho. por assim dizer. n a realidade. portan­ to. de idéias. mas tam bém intercâmbio de idéias. Mas. Não é assim apenas conta­ to físico. 2 I d op. ela tem de ser provocada. p. form ando conceitos e preconceitos. a simples conversa avulsa. p. adquirindo padrões de com porta­ mento. transformando-a. circunstâncias várias limitam as oportunidades de experiência pessoal. talvez — como já assinalamos — o meio mais assí­ duo de aprendizado de palavras. ocasional não nos pode prover daquelas idéias de que precisamos. quer dizer. Se se limitar a generalidades em linguagem lírica ou. sentiram... regrada. e. a fim de aproveitar a experiên­ cia alheia. atitu­ des. de for­ ma que. de selecionar. Constitui. estamos de qualquer forma assimilando hábitos.. Nes­ te caso. (. Quanto mais observa­ mos. Suponhamos que o estudante queira fazer um trabalho — que neste caso será de pesquisa. c’est à la réalité qu’il faut puiser. em síntese. viram . si l’on p eu t dire”. Convivendo. o bom e o mau. dirigida. controlada pela atenção e pela ob­ servação acurada. mesmo. enfim. i. cit. um a forma híbrida de experiência: a nossa e a alheia. tanto maior será o acervo de nossas idéias. 94.e. em inquérito. aproveitável. assistente social. assistentes sociais. 5.. em suma. J.. Whitaker. certam ente. dê por term inadas as entrevistas com os entendidos e. sanitaristas. e outras cir­ cunstâncias. entre nas bibliotecas. será preciso que o estudante (aprendiz de sociólo­ go. arrole-os. bisbilhotar. cap. PENTEADO. pesquisadores (sociólogos. o estudante talvez desça do morro com um acervo de dados (fatos. Colhidos assim os dados..3 vale di­ zer. que será. Planejado o questionário e ano­ tadas as respostas. entrevistar pessoalmente todos os entendidos cujo testem unho seja necessário à preparação do trabalho. isso se faz da m aneira mais simples... Ord. 3 Consulte-se. que constituirá.O t h o n m.. monografia. repórter) tome papel e lápis e. 1. se quer fazer coisa que se aproveite. um a contribui­ ção apreciável. certam ente. ainda é cedo para começar a elaboração do trabalho propriam ente dito (dissertação. vale dizer. é preciso planejar o questionário. Hênio. Mas a pesquisa não deve limitar-se apenas a essa coleta de dados. Técnica de ieitura e redação ( I a parte). desde que — convém relem brar — se tenha certificado de autenticidade.2).. a pesquisa bibliográfica propriam ente dita. . Sua experiência lhe será útil. classifique-os (ver “Classifica­ ção”.. há outras fontes de testemunhos: os entendidos. neste caso... com vistas a um determ inado fim. do depoim ento dos favelados. Mas perguntar a esmo é. da fidedignidade e da relevância dos testem unhos colhidos e anotados. que é aquela de que a gente lança mão quando quer saber alguma coisa: pergun­ tando. 185-213 e TAVARES. autori­ zado.) que tiveram contato com os mesmos fatos. Para isso. □ respeito. espaço. sistem aticamente. que se familiarizaram. V "Teoria e prática da leitura". Ora. tese): o estudante talvez não se tenha assenhoreado ain­ da de todas as idéias (dados. urbanistas. por questão de tempo.2 Leitura Nem sempre é possível. com aque­ les cuja experiência se pretende aproveitar. A técnica da comunicação hum ana. en­ saio. Mas. depoimentos) suficiente para o preparo de um trabalho que será. psicólogos. etc. p. quer dizer. Desça então o estudante das favelas. quer dizer. é preciso saber previamente o que se vai indagar através dessa espécie de entrevista com os favelados. 1. Urge recorrer a outra fon­ te: a leitura.. sem dúvida. com a questão. É aí que entra a leitura. e mesmo indispensável: con­ sulte-os e anote seu testem unho. fatos) necessários. suba às favelas para colher os fatos “ao vivo” ou através do testem unho alheio. R. Trata-se aqui de perguntar. G a r c i a ♦ 341 Para evitar isso. total que com preende toda espécie de impressos e manuscritos. localizar a obra desejada? Diria o leigo que basta num erar as estantes e os livros. por exem­ plo. tom ando o campo do conheci­ m ento como a unidade. . a mais difundida é a primeira. de Washington.0 Pesquisa bibliográfica 7. e a Classificação Decimal Universal (CDU). a B. H id ráu lica 3 5 0 A d m in istra çã o 400 L ingüística. No Brasil. e fazer um a lista disso. pelo seu pre­ ço? Evidentemente que não.N.342 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a 1. distribuição feita de tal for­ m a que seja possível. Sim. Mas estarão eles distribuídos pelo seu tam anho. divide-o em dez classes de um mínimo de três al­ garismos precedidos pelo ponto (ou vírgula) decimal (na prática. porque. o da Biblioteca do Congresso. tem atualm ente mais de cinco milhões de pe­ ças.3. hoje em desuso).3. pela cor de sua lombada. Filologia 4 6 9 L ín g u a p o rtu g u e sa 5 3 4 . pela sua espessura. Estão classificados de acordo com o assunto. é mais ou menos o que acontece.2 T elescópios 200 R eligião 53 0 Física 300 C iên cias sociais 5 3 2 H id ro stá tic a . Os sistemas de classificação bibliográfica mais conhecidos são o de Melvil Dewey (CDD = Classificação Decimal de Dewey). sendo as divisões subseqüentes lidas também como números deci­ mais. em breve prazo.7 Classificação bibliográfica As grandes bibliotecas têm milhares de obras (a Nacional. ba­ seada na de Dewey. Diz-se que a CDD é decimal. tem cerca de três milhões) 4 Já imaginou o estudante o que será a distribuição desses livros todos pelas estantes.8 A cústica 600 C iências a p lic a d a s T ecnologia 6 1 0 M edicina 4 Segundo dados fornecidos em 1987. Vejamos uma amostra: 000 O b ra s g e ra is 500 C iências p u ras 0 1 0 B ibliografia 5 1 0 M a te m á tic a 0 2 0 B iblio teco n o m ia 5 2 0 A stro n o m ia 100 Filosofia 5 2 2 . U F P E Biblioteca Centr O thon M. G arcia ♦ 343 6 2 0 E n g e n h a ria 8 3 0 Lit. alem ã B elas-A rtes 8 3 9 .8 3 6 4 (H ans C hristian A ndersen) j i 7 2 0 A rq u ite tu ra 8 4 1 .4 5 (La F o n tain e) \ 700 77 8 F otografia I 800 900 H istó ria. G eo g rafia 7 8 0 M úsica 9 2 0 B iografia L ite ra tu ra 9 4 0 .1 E u ro p a m e d iev a l 8 1 0 Lit. arb e ric an a 8 2 0 Lit. inglesa Sabendo em que consiste a classificação decimal, o estudante pode orientar-se satisfatoriam ente não apenas para a organização da bibliogra­ fia mas também, até certo ponto, para a escolha do seu tema. A classificação adotada pela Biblioteca do Congresso, de Washing­ ton, que é pouco difundida, mesmo nos Estados Unidos, em prega as letras do alfabeto para as classes maiores, e algarismos arábicos ou letras adicio­ nais, para as subdivisões: Belas-A rtes A O b ras g erais N B F ilosofia, Religião O ... C H istória, C iências P L ínguas e lite ra tu ra s au x ilia re s Q C iências H istó ria e T opografia R M edicina E eF H istó ria a m e ric a n a S A g ricu ltu ra G G eografia, A ntro p o lo g ia T T ecnologia H C iências sociais U C iências m ilita re s D V C iências n av ais J C iências políticas w ... K D ireito X I E ducação Y M M úsica z I B ibliografia, B ibliote As classes correspondentes às letras I, O, W, X e Y estão ainda em branco para ulterior aproveitamento. 344 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a 1.3.2 Obras de referência Simulemos um a visita à biblioteca. Mesmo naquelas em que os li­ vros ficam fora do alcance do leitor, há algumas obras, geralmente em es­ tantes baixas, próximas às mesas de leitura, que ele pode consultar sem in­ terferência do bibliotecário ou funcionário encarregado de atender ao pú­ blico. São as cham adas obras de referência: dicionários, enciclopédias, catá­ logos e boletins bibliográficos. Comece pelas enciclopédias, que podem ser gerais (a Encyclopaedia Britannica, a Barsa, a Larousse, a Delta, a Mirador Internacional) 5 e especiali­ zadas (a Catholic Encyclopaedia, a Jewish Encyclopaedia, e muitas outras so­ bre assuntos específicos, como ciências sociais, artes plásticas, etc.). Consultando previamente as enciclopédias, o aluno pode ter um a idéia geral do assunto escolhido, uma visão sucinta que lhe perm ita orien­ tação preliminar. Assim informado, ser-lhe-á talvez mais fácil delinear o plano do seu trabalho. 1.3.3 Catalogação Mas o acervo das obras de um a biblioteca de grande porte — como a Nacional ou a Estadual — fica fora do alcance do leitor. De forma que ele tem de “pedir” o livro que lhe interessa. Neste caso, deve consultar an­ tes o catálogo ou fichário, e listas ou boletins bibliográficos impressos.6 Em lugar de acesso imediato (na Biblioteca Nacional, fica à direita do saguão, no andar térreo), o estudante encontra uma fileira de fichários (estantes com “gavetinhas” cheias de fichas). Essas fichas, que constituem o catálogo, estão distribuídas (classificadas) em ordem alfabética por au­ tor e por assunto. Se o estudante ainda não sabe o nome do autor ou título da obra que lhe interessa, deve consultar o catálogo ou fichário por assunto, orien­ tando-se pela classificação decimal. Admitamos que ele esteja preparando uni trabalho sobre filologia portuguesa mas desconhece os livros que lhe s Há anos vem sendo preparada, sob a égide do Instituto Nacional do Livro, ti E nciclopédia mas, por enquanto, ao que parece, não saiu ainda dos planos. 6 Exemplo de obras desse tipo é a Pequena b ib lio g ra fia crítica <la lite r a tu r a b ra sile ira , de Oito Maria Carpeaux, obra indispensável a quem pretenda estudar qualquer aspecto da literatura brasileira. Por exemplo: suponhamos que o estudante se aveniure a um trabalho de certo fô­ lego a respeito de José de Alencar. Recorrendo ao índice onomástico, encontrará em A lencar; José de — remissão para a página 97 {ed. de 1964) onde se acham: a) nome completo do autor, local e data do seu nascimento e morte; b) lista das obras publicadas: c) edições mais importantes ou mais recentes; d) ligeira apreciação sobre o autor e a obra; e) bibliografia (na 3S edição, arrolam-se 72 títulos de trabalhos — livros, artigos, ensaios — sobre o autor de /raccmcj). B ra sileira , O t h o n M. ♦ G a r c i a 345 possam ser úteis. Se recorrer ao fichário por assunto, na Biblioteca Nacio­ nal, encontrará, num a das “gavetinhas” correspondentes à letra “F”, aque­ la em que se acham as fichas sobre Filologia portuguesa, como, por exem­ plo, a seguinte: I FILOLOGIA PORTUGUESA ) 11-286, 4, 30 Silva N eto, Serafim da, 1917-1960 introdução ao estudo da filologia portu g u esa. São Paulo, Comp. Ed. Nac. [1956] i ! j 1 \ 221 1. Filologia portuguesa. 2. Língua p o rtuguesa. — História. 252.725 — CL — 56 4 6 9 .0 9 j ! Sobreposta ao nome do autor, vem a indicação do assunto (Filolo­ gia portuguesa). O núm ero à esquerda (11-286, 4, 30) é o “de cham ada”, isto é, aquele pelo qual o livro deve ser pedido. Abaixo do nome do autor vem o título completo da obra, seguido, nesta ordem, do local da publica­ ção (São Paulo), do nome da editora (Comp. Ed. Nacional) e da data da publicação (1956).7 Abaixo do título, o núm ero de páginas da obra (221), acom panhado às vezes da indicação em centímetros da altura do livro (in­ dicação ausente nessa ficha). O que se segue (1. Filologia portuguesa... etc.) é o que se chama de “pista do livro”, quer dizer, outros nomes pelos quais a obra pode ser também localizada no fichário. O número à direita, 469.09, é o da classificação decimal, e o da esquerda — já não incluído em fichas mais recentes — o do registro do livro. (O CL indica que se tra­ ta de contribuição legal, isto é, doação do editor e não aquisição por com­ pra; 56 (= 1956) é data da entrada da obra na Biblioteca. Para pedir o(s) livro (s), o estudante deve preencher um a papeleta ou formulário com as referências indispensáveis à sua localização: número de cham ada, título completo e nome do autor. Feito isso, sente-se à mesa que lhe for destinada, espere a obra e... mãos à obra. 7 A re spe ito da técnica de citação e referências b ib lio g rá fica s, v e r “P rep aração dos o rig in a is ”, 9. Pr. Or. 1.4.0 Como tomar notas 1.4.1 O prim eiro contato com o livro Se o leitor está interessado em colher apenas alguns dados sobre de­ term inado assunto, pode ser que, no momento, não lhe interesse ou não lhe seja possível a leitura completa do livro. Neste caso, comece pelo índi­ ce geral (ou sumário) para ter uma idéia do que nele se contém. Se hou­ ver índice remissivo — também dito “analítico” — , isto é, índice por as­ sunto distribuído em ordem alfabética com indicação das páginas onde são tratados os tópicos arrolados — corra os olhos por ele para localizar os itens que possam ter relação com o tema do seu trabalho. F, vá tomando notas. 1.4.2 Notas Saber tomar notas de leitura é coisa muito importante. Mas, primei­ ro, é preciso saber o que anotar, segundo, como anotar, terceiro, onde anotar. Não se toma nota de tudo, evidentemente, m as apenas daquilo que possa interessar ao esquema do trabalho. Procure resumir as informações que lhe interessem; neste caso, convém Ler presente ao espírito que a maio­ ria dos parágrafos tem a sua idéia-núcleo expressa no tópico frasal. Se o tó­ pico frasal for muito extenso, rcduza-o a nominal (ver, a seguir, 7. Pl.). Mas, se pensar em aproveitar textualmente a opinião do autor, copie ipsis veiiris (palavra por palavra), tendo o cuidado, sempre, de anotar de manei­ ra precisa todas as indicações necessárias à localização do trecho transcrito (nome do autor, título completo da obra, local, editora, data e páginas; ver Pr. Or., 1.2.9 a 1.2.11), 1.4.3 Fichas M uita gente toma notas em cadernos ou folhas avulsas. Processo desaconselhável, porque, com o acúmulo de anotações, o estudante vai-se ver depois em palpos de aranha para pôr seu m aterial em ordem, de for­ ma a dele poder servir-se no momento da elaboração do trabalho. Para evitar essa “atrapalhação”, o melhor é tom ar notas em fichas de cartolina de mais ou menos 15cm x lOcm (o formato padrão é de 125mrn x 75mm), que se encontram nas papelarias. Mas, como tais fichas estão agora pela hora da morte, é mais prático e mais econômico reduzir uma folha de papel de máquina, tipo ofício, a oito fichinhas de mais ou me- O t h o n M. G a r c i a ♦ 347 nos 11 x 8, tam anho reduzido, sem dúvida, mas suficiente para a m aio­ ria das notas.8 1.4.3.1 Ficha de assunto A primeira coisa que o leitor deve fazer é indicar sucintamente o as­ sunto na cabeça da ficha, de maneira clara para facilitar a ordenação alfa­ bética. Em seguida, resuma o que interessa ou transcreva ipsis litteris, se achar necessário. Se na m esm a ficha de assunto não couberem todas as notas referen­ tes ao tópico, passe a outra (não escreva jam ais no verso), repetindo a palavra-tópico e num erando no ângulo superior direito. No fim das fichas subseqüentes, indique sempre, abreviadam ente, a fonte, e junto a cada no­ ta, a página. No caso de o mesmo tópico se alongar por mais de uma fi­ cha com notas de mais de um autor, é aconselhável (assim fazemos nós, pelo menos) adotar uma sigla ou abreviatura convencional referente às fontes de cada anotação. Mas isso exige que, nas fichas bibliográficas — quer dizer, naquelas em que só se anota o título de determ inada obra, o nom e do autor, o local, o editor e data — se repita a sigla ou abreviatura. Exemplo de ficha desse tipo: ... . F !i ■ Parágrafo ( 6) (D esenvolvim ento) — p o r confronto ou com paração: — — — — — | j í Eça, C. E M., 76 N abuco, M. F.t 100, 101, 227 Rui, Oração, 33 A. Lins, A glória, 164, 165 M. Aires, Re/, 50 — J. Rib., Est., 20, 29, 130 — A. Mcycr, M. de A., 129 — Corção, Dez. 19, 61 Quando a fonte é uma só, basta sotopor ao tópico a sigla ou abrevia­ tura convencionada da obra, seguindo-se as notas acompanhadas da página: 8 C onsulte-se, a respeito de fichas e p esquisas, N A S C E N T E S , Antenor. “M étodos de estudo e de p esquisa em m atéria de F ilo lo g ia Portuguesa", in ; Revista da Univ. de M inas Gerais. B. H o ri­ zonte, n - 9, p. 14 8 -59 , e VERA, A rm and o Asti. M etodologia da pesquisa científica (tra d . port.). 348 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a A d je tiv a ç ã o ! (N e g a tiv is ta e d é fo rm a n te ) 1. c o n d e n s a r C D A , F a z. ( 1 ) ' ! — — — o lh o to rto , 1 2 a n d a im e s h irto s , 1 5 , 1 7 , a m o r c a c h o rro , 1 6 — — — — — — — b a n d id o tre m , 1 6 ja n e la s d o lo ro s a s , 18 c id a d e c a la d a , e n tre v a d a , 1 9 , 2 0 to rto , to rc id o , p a ra lític o , 2 1 , 2 2 , 2 3 b ru to ro m a n c e , 3 7 á rv o re b a n a l, g o rd a , 3 8 , 39 p a ra lít ic o s s o n h o s, 4 0 18 2. n ã o use a s i | 3 . c a d a t ó p ia j 5. não anote j 6. u se, se p o s cap. d o se i j ! j | i Esse é um exemplo de ficha com material para um estudo que vi­ mos preparando sobre a adjetivação negativista e déform ante em Carlos Drummond de Andrade. As trinta e tantas fichas já preparadas sob o mes­ mo tópico com portam, cada uma, de dez a doze exemplos colhidos em Fa­ zendeiro do ar & poesia até agora, cuja ficha bibliográfica é: AN D R A D E , C a d o s D ru m m o n d de (C D A , F a z.) F a ze n d eiro do a r & p o e sia a té a g o ra R io , Jo s é O lím p io , 1955 561 p. Quando não se possui o livro, é sempre aconselhável indicar à es­ querda da ficha, embaixo, o número de cham ada e as iniciais da bibliote­ ca onde ele foi consultado. 1.4.3.2 Fichas de resumo As vezes só interessa a essência do pensam ento de um autor em de­ term inada obra. Faz-se então ficha de resumo: 4. titu le as fit (P- 2 A abreviatura “q. da(s) pela palavra “leit sido anotados. Kierzek tante de ficha bibliográf lan Handbook of. Englisí rênteses é o número-sé De forma que, se o esti ta recorrer a Kierzek, n Aí estão as normí mo pedante, que deverr quisa. A prática e o méi esses princípios básicos trário do que parece, ec É certo que mui como a denominou cert Ataíde. Mas a verdade de anotar e fichar — p< lativo fôlego. Esta obra vários anos, mas só o 3.000 fichas, nos absor zam o que chamam de fazem com razão, quai pelo deleite e vaidade ante com a pazinha dt freqüência desse métod zer fichas’ leva a dois t mais tirar disso qualqu nunca ter um a idéia pi pia confusamente um a simplesmente um meio U F P E Biblioteca Centrai O thon I ! I j G arcia ♦ 349 Notas de leitura (q.v.) I 1 A/l. Kierzek, M. H. B. (1) 1. co ndensar o que é essencial, m as acuradam ente; 2. não use aspas, a m enos que p reten d a citar textualm ente; 3. cada tópico nu m a íicha; 4. titule as fichas e indique as fontes; 5. não anote no verso da ficha; 6. use, se possível, títulos que correspondam já às divisões ou cap. do seu trabalho; (p. 207) A abreviatura “q.v.” (quod vide) rem ete para a(s) ficha(s) encabeçada(s) pela palavra “leitura”, onde outros aspectos do assunto podem ter sido anotados. Kierzek é o nome do autor, e M.H.B. a sigla da obra cons­ tante de ficha bibliográfica onde se encontra: Kierzek, John M. The Maanillan Handbook of.English, N.Y., The Macmillan Co., 1947. O “1” entre pa­ rênteses é o número-série das fichas desse tópico tiradas da mesma obra. De forma que, se o estudante não se lem brar do que significa M.H.B., bas­ ta recorrer a Kierzek, nas fichas bibliográficas. Aí estão as normas elementares, sugeridas com o mínimo de tecnicis­ mo pedante, que devem presidir à elaboração de qualquer trabalho de pes­ quisa. A prática e o método de trabalho podem sugerir “acomodações”, mas esses princípios básicos não devem ser totalm ente desprezados: eles, ao con­ trário do que parece, economizam tempo, trabalho e... “atrapalhações”. É certo que muitos chegam a ironizar essa... “cultura de fichário”, como a denominou certa vez Matos Pimenta em crítica dirigida a Tristão de Ataíde. Mas a verdade é que, sem esse trabalho — trabalho quase braçal de anotar e fichar — pouca gente está em condições de realizar obra de re­ lativo fôlego. Esta obra, por exemplo, vinha sendo pensada, m entada, há vários anos, mas só o trabalho de pesquisa, que se traduziu em mais de 3.000 fichas, nos absorveu durante três anos. Só os improvisadores ironi­ zam o que chamam de “cultura de fichário”. Mas às vezes eles e outros o fazem com razão, quando estigmatizam a erudição acumulada nas fichas pelo deleite e vaidade de... acumulá-la sem proveito, sem transmiti-la adi­ ante com a pazinha da sua contribuição: “Tem-se escarnecido com muita freqüência desse método de fichas. E com muita razão, se o hábito de 'fa­ zer fichas’ leva a dois ou três absurdos: fazer fichas a vida inteira sem ja ­ mais tirar disso qualquer proveito, anotar nas fichas as idéias alheias sem nunca ter uma idéia própria, escrever obras inextricáveis em que se reco­ pia confusamente uma infinidade de fichas... Entretanto, ‘fazer fichas’ é simplesmente um meio cômodo de trabalhar melhor e de maneira mais rá- 350 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a pida. Não é um substituto da reflexão, e sim um recurso material destina­ do a torná-la mais clara e mais fácil.”9 A censura não se dirige, portanto, à acum ulação de fichas mas à fal­ ta de propósito delas. Toma-se nota para algum fim, imediato ou remoto. Muitas notas tomadas hoje ficam esquecidas no fichário toute sa vie\ mas outras nos vão servir quando menos esperamos. De qualquer forma, a in­ tenção com que as tomamos não deve ser apenas a de acumulá-las para... exibi-las. Todos os que se especializam em algum assunto são levados, qua­ se por instinto, a tom ar notas que lhes pareçam relevantes e que, espe­ ram, ou supõem, algum dia serão aproveitadas em trabalho apenas mentado ou já concretam ente planejado. 1.5.0 Outros artifícios para criar idéias Admitamos agora que o estudante se encontre diante da “página em branco”, sentado diante da máquina ou de lápis em punho a esperar que as idéias lhe jorrem da mente com ímpeto proporcional à sua ansiedade. É um m om ento de transe a que estão sujeitos todos os que ainda não adqui­ riram o desembaraço natural advindo da prática diuturna do escrever (transe e aflição traduzidos em mordiscar a ponta do lápis ou em acender inúmeros cigarros). O assunto sobre que se propõe escrever é vago, não depende d a pesquisa mas apenas da experiência e das vivências. Como ini­ ciar o trabalho? De que artifícios servir-se para despertar as idéias? Vejamos como conseguir isso, mas agora através da sábia lição do Professor Júlio Nogueira: o trecho que da sua obra — A linguagem usual e a composição — a seguir transcrevemos, dadas as suas virtudes de clareza didática, passa a constituir a m elhor parte deste capítulo: “Eis-nos face a face com o assunto sobre que temos de discorrer, produzindo um a composição de trinta ou quarenta linhas, no mínimo. O assunto é um desses temas abstratos, que nos parecem áridos, avaros de idéias. Seja: a amizade, por exemplo. “Que dizer sobre a amizade? Como encher tantas linhas, form ulan­ do períodos sobre períodos, se as idéias nos escapam, se a imaginação está inerte, se n ada encontramos no cérebro que nos pareça digno de ser ex­ presso de forma agradável e, sobretudo, correta? Qual a orientação que devemos seguir versando tal assunto até a conclusão, de m aneira que nos desem penhem os dessa tarefa superior às nossas forças? “Agora a resposta, o remédio. Antes de tudo: se o nosso estado de espírito é de perplexidade, se nos domina essa preocupação pungente, esse desânim o de chegar a um resultado satisfatório, o que temos de fazer é — não começar a tarefa imediatamente. Em vez de lançar a esmo algumas ex­ 9 MORNET, Daniel. Conimcnf préparer et rédiger une dissertation, p. 36-7. O t h o n M. G arc ia ♦ 351 clamações, algumas frases inexpressivas sobre o papel, reflitamos; concen­ trem o-nos. Empreguemos uma quarta parte do tempo de que dispomos em pensar, em m etodizar o assunto, em dividi-lo nos pontos que ele comporta e em submetê-lo aos coeficientes amigos que aqui vamos enum erar e que nos darão mais que a matéria necessária. Esses coeficientes protetores não serão sempre os mesmos nem no mesmo grau para todos os assuntos, mas há-os para tudo. Chamam-se definição, distinção, considerações gerais, ante­ cedentestem p o , lugar, comentários, narrações a propósito d.o tema (fato co­ nhecido, anedota, fábula), conseqüências, discurso direto e outros que o en­ genho de cada um poderá estremar. Vamos escolher aqui o que nos pode servir para o assunto dado: a amizade. “A definição nos dirá ser a amizade um sentim ento que consiste em estim ar a outrem, querer a sua presença, desejar-lhe todo o bem possível; sentim ento que traz um grande encanto à vida. A distinção nos sugere que a amizade pode ser verdadeira ou apenas aparente. Nesta segunda classe estam os a ver os interesseiros, os que se dizem nossos amigos, pensando ern obter vantagens e favores, e que, passada essa possibilidade, nos vol­ tam as costas, nem nos reconhecem nos dias difíceis para nós. Por esse ca­ minho virão também outras idéias. As considerações gerais serão no senti­ do de cada um semear amizade por toda parte, fazer-se estimar por to­ dos, desarm ar prevenções que, às vezes, sentimos contra certas pessoas em quem depois só reconhecemos bons predicados e a quem estendemos fran­ cam ente a mão de amigo. Citemos a propósito o provérbio que diz: ‘Mais vale amigo na praça que dinheiro na caixa/ O tempo nos poderia servir. É justo considerá-lo o cadinho da verdadeira amizade, a qual se perpetua, re­ sistindo aos embates da vida. O lugar nos dirá que a distância não é noci­ va à verdadeira amizade. Os amigos, ainda separados, continuam a interes­ sar-se pela sorte recíproca: correspondem-se, trocam notícias de caráter pessoal. Podemos recorrer a fatos históricos ou lendários que se apliquem à m atéria. Aludamos ao caso de Dãmon e Pítias, que nos dará muitos pa­ res de linhas. Se não o conhecemos, contemos um fato da vida real e, se não nos ocorre nenhum : inventemo-lo! Imaginemos alguém que chega de um a longa viagem, a quem dizem que um seu amigo está m orrendo à míngua num casebre dos subúrbios, porque os negócios lhe correram mal e um a moléstia cruel o salteou, quebrando-lhe toda a atividade. Descreva­ mos o encontro dos dois; as medidas que o recém-chegado toma, transfe­ rindo para o conforto de sua residência o amigo enfermo: a cham ada do médico, a compra de remédios e dieta necessária, e, por fim, o restabeleci­ m ento do amigo, que volta à atividade da vida e, ainda apoiado pelo ou­ tro, faz bons negócios e satisfaz os seus compromissos. Imaginemos agora o que aconteceria se não fosse esse ato de amizade. “Procedendo com este método ainda parecerá difícil a tarefa? Decer­ to que não! A dificuldade primacial estava na produção das idéias, mas os coeficientes amigos nos salvaram. Pensando nele, investigando a melhor m a­ neira por que se podem aplicar ao assunto, facílimo será organizar o nosso 352 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P r osa M o d e r n a plano, isto é, o arcabouço, as linhas gerais da nossa composição, antes do que não devemos absolutamente iniciar a tarefa. Falamos ou escrevemos quando temos alguma coisa que dizer. A idéia surge no cérebro e exteriori­ za-se pela palavra. No colóquio o apoio ou a contestação dos nossos ouvin­ tes vai despertando novas idéias. O nosso cérebro por si só é que não há de fazer o trabalho. Por isso devemos separar todas as peças da nossa composi­ ção e procurar materiais por esses processos, um a vez que não tenhamos o dom de escrever de improviso, o que só é dado a raros indivíduos.”10 Adaptando esses “coeficientes amigos” do Prof. Júlio Nogueira e al­ guns outros artifícios, poderíamos esboçar um a espécie de plano-padrão passe-partout, que pode ser fonte de sugestões para o desenvolvimento de idéias similares à que serviu de ilustração no trecho transcrito (a amizade): 1.5.1 Plano-padrõo passe-partout ou plano-piloto 1. Definição a) denotativa; b) conotatíva; c) alongada. N.B.: Se o tema o permitir, usem-se os três tipos de definição (ver 5. Ord., 1.3 a 1.3.1.1),. inclusive por citação. Se possível, ilustre tam bém com exemplos ou “casos”, provérbios, etc. 2. Considerações gerais 3. Distinção Exemplo: as várias espécies de amizade (de curiosidade, de vaida­ de, etc.). Cite exemplos ou “casos”. 4. Comparação ou analogia N.B.: Este tópico pode vir isolado ou estar incluído no precedente ou no seguinte, mas vai aqui como lembrete, já que é sem pre possível estabe­ lecer comparações entre fatos ou idéias. 5. Contraste N.B.: Quase tudo, como as medalhas, tem duas faces: a idéia de am izade opõe-se à de ódio, à de curiosidade, à de indiferença ou apatia. 10 NOGUEIRA, Júlio. A linguagem usual e a composição, p. 161-3. Transcrição autorizada pelo Autor. isto é. criação. N. 1. é possível referência a lugar (a amiza­ de.5. às três proposições do silogismo. visto que seu propósito é convencer o lei­ tor. Seria assim outra espécie de argu­ m entação informal (ver 7. é formar-lhe a opinião através do raciocínio dedutivo.B. 4.2. tempo. por exemplo. Com. conseqüências.. a prim eira coisa a fazer é arm ar o silogismo. Ilustração real ou hipotética (ver 7.O t h o n M. Vejamos agora se é possível aproveitá-lo também como um a espécie de esboço de plano ou roteiro que sirva ao mesmo tempo de fonte de su­ gestões para a criação e desenvolvimento de idéias. anedota. Não obstante. num a frase ou sentença que expresse opinião favorável ou contrária (rever 4. lugar.2 Silogismo dedutivo.1) (Caso. 11 Servimo-nos aqui do termo “dissertação” por ser ele mais familiar ao leitor.. grosso modo.0).2. planejamento e desenvolvimento de idéias Já vimos sum ariam ente (4. Com. efeito. e armá-lo de tal forma que a declaração — ou tópico assim desdobrado — venha a ser a conclusão. no caso da amizade.5. O “artifício” consiste em tom ar determ inada declaração como tese ou tema para uma dissertação11 em três partes ou estágios corresponden­ tes. origem. PL. longe do coração”). O tópico (nominal) ou tema ou título do trabalho é: As histórias em quadrinhos Desdobremos esse tópico num a declaração.1) o que é silogismo e como pode ele servir de teste da eficácia ou da falácia do raciocínio. Exemplifiquemos. .). entretanto. Portanto. é de verdadeira argumentação. Conclusão 1. a verdadeira. motivos. o caso cm pauta.2). Circunstâncias (Causa. 1. 7.. exemplo histórico ou inventado. não depende da presença física) ou a tempo (ela resiste ao tempo. já diz o provérbio que “longe dos olhos. G arc ia ♦ 353 6.: Nem todas as circunstâncias podem ser sempre aproveitadas. Suponhamos que se queira fazer um a dissertação a respeito da leitu­ ra das histórias (ou estórias) em quadrinhos. que se ajuste ao tem a como ilustração). etc. 8. Pl. 4. 5. 1. incontestável. que é a de ser verdadeira para que a con­ clusão possa também sê-lo. por meio de adjuntos adnominais (= restritivos) ou adverbiais —. pelo espí­ rito de agressividade.2). gramaticalmente. pela exaltação de falsos heróis. Com. Para isso. Estas.6.354 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a Digamos que seja contrária e venha traduzida em term os claros e suficien­ tes específicos para perm itir uma tom ada de posição: A leitura das histórias em quadrinho s é prejudicial à fo rm a ç ã o do cará­ ter dos jo v e n s.3 e 3. ao âmbito. 1. basta fazer a per­ gunta “por quê” e dar a resposta. por imitação. consiste em encontrar razões. as ra­ zões apresentadas na resposta tornam-se perfeitam ente aceitáveis pelos nos­ sos padrões morais. Essa declaração é a tese que se pretende defender ou sustentar com argumentos convincentes e de maneira coerente. Fr. Se assim é. por­ tanto. restringir o sentido de “histórias em quadrinhos” ao âmbito das que tratam de crimes — homicí­ dios. a verdade. — Por que a leitura das histórias em quadrinhos é prejudicial à for­ mação do caráter dos jovens? Resposta (possível ou provável): — Porque. roubos. chantagens —. o que.. sem dúvida. oferecem a condição mínima indispensável à formulação da premissa maior. em gerai. Além disso. Par. causas ou motivos (rever 1. são em geral condená­ veis. das típicas histó­ rias de “mocinho contra bandido”. A outra condi­ ção — a universalidade — é de natureza formal: todo ou nenhum. cultura e tradições. é indispensável. m uitas são inócuas... assaltos. descrições ou dra­ matizações de cenas e peripécias marcadas pela extrema violência. enfim. deturpa-lhes a mente e os leva. 2.. Mas para isso é preciso “inventar” as duas premissas. Em vista disso. Adotando-se o método dedutivo. se a m enor o for igualmente. a primeira ou maior. sem dúvida. expressam. a reações e comportamento anti-sociais. Ora. Feita a restrição — que. via de regra. ou pela caracterização de criminosos e marginais. O meio mais prático e mais eficaz de “inventar” a premissa maior. outras têm propósitos educativos. É certo que nem todas as histórias em quadrinhos apresentam essas características condenáveis: algumas são cômicas. Ora. consiste num a proposição que encerra — ou deve encerrar — uma verdade universal. pela explosão de instintos selvagens. arma-se o silogismo de tal modo que ela venha a ser a conclu­ são. nossa experiência. vicia a imaginação dos jovens. Exemplo: Pergt/nra. elas consistem em narrativas. p a­ . já provada ou acei­ ta pacificamente (rever 4. se expressa. como já sabemos. quando já se tem o teor da conclusão.5) que tornem aceitável a declaração. para evi­ tar contestação ou ressalva do interlocutor ou leitor.. . um para cada proposição. o roteiro ou plano da dissertação. em linhas gerais.. mas aqui essa rigidez formal não precisa ser as­ sim tão severam ente respeitada: bastam as condições mínimas da universa­ lidade e da veracidade. G a r c ia ♦ 355 rece incontestável que toda história em quadrinhos cujos personagens são o mocinho e o bandido e cujo assunto seja o crime.. as h istó ria s em q u a d rin h o s d o tip o “m o c in h o c o n tra b a n d id o " d istin g u e m -se p ela d escriçã o d e c e n a s ou n a rra ç ã o d e p e rip é c ia s m a rc ad a s pela ex tre m a violência. p ela e x a lta ç ã o d e falsos h eró is..O t h o n M. em especificar.) A conclusão. é evidente que se podem adm itir outras versões. incluindo-se outros detalhes. Maior: T oda n a rra tiv a d e p erip é cia s m a rc a d a s p ela ex tre m a v io lên cia. a le itu ra d a s h istó ria s em q u a d rin h o s d o tip o “m o c in h o c o n tra b a n d id o ” é p reju d icia l à fo rm a çã o d o c a rá te r dos jo v en s. No corpo da dissertação.2. teríamos de escolher uma das razões dadas na resposta. Quanto à forma verbal das premissas. é p re ju ­ dicial à fo rm a çã o d o c a rá te r dos jo v e n s. apresenta característi­ cas de extrem a violência e agressividade. A segunda premissa não oferece dificuldades: M enor: O ra. pelo e s p írito d e ag re ssiv id a d e. etc. etc. etc... 2. Esse desenvolvimento consiste em apresentar outros detalhes. é evidente que o núm ero de parágrafos poderá ser maior. casos. etc. Além desse limite de linhas. 2. já a conhecemos: é a própria declaração que serviu de tema: basta introduzi-la pela conjunção adequada: Conclusão: Logo. etc. educadores (testem unho autorizado). fato s. o respeito à estrutura rígida do silogismo exige seja cada um a delas constituída por uma só proposi­ ção. e 3. Para um a redação do tipo das que se fazem no curso secundário — vinte ou trinta linhas — bastariam três parágrafos... em ilustrar com exemplos ou casos concretos. Se levássemos em conta esse preceito. em abonar com citações de opinião de entendidos — sociólogos. Voc. desde que se conserve em essência o mesmo teor da premissa. além das outras arroladas na res­ posta. . em amplificar (rever “Amplifica­ ção”. 4. Aí está. (Ju stifiq u e -se a d e c la ra ç ã o com ex em p lo s. Resta agora desenvolver mais m iudam ente cada uma das três proposições. Par. e talvez mais um como introdução. psicólogos.0). que esse esquema ou roteiro silogístico só ofere­ ce m argem para desenvolvimento quando a declaração é argumentável (ver 7. isto é.1). à premissa maior é. A premissa m enor e a conclusão “brotam ” com facilidade: Ora. é possível. U rge m esm o um a c a m p a n h a d a im p re n sa v isa n d o a esse p ro ­ p ó sito . como se viu. e a questão está encerrada. esta laranja está verde. isto é. É claro. pois se trata de um fato concreto indiscutível: bas­ ta chupar a laranja. tocar. etc. associando-a a um caso es­ pecífico.. q u e.356 ♦ c O M U N I C A Ç Ã O EM PROSA MODERNA Quanto à conclusão.. de advertência.. não há possibilida­ de senão de arm ar o silogismo. o “alongam ento” ou “desdobram ento” da conclusão pode perfeitam ente — e isso é usual — assumir a feição de conselho. m edir a deformação do caráter dos jovens como decorrência indiscutível . a indução. Nos casos concretos. Tal resposta é aceitável porque a experiência assim me ensinou: tan­ tas vezes chupei laranjas verdes que estavam azedas. Logo. que me é possível ge­ neralizar. de lição prática ou de preceito moral. por exemplo. O caminho que nos leva à generalização.. Exemplo: Por c o n seq ü ê n cia . e mesmo aconselhável e habitual. que lida com imponderáveis tais como as idéias de “prejudicial” e “formação do caráter”. a declaração de que “esta laran­ ja está (ou deve estar) azeda”? Arme-se o silogismo: Pergunta: Por que está (ou deve estar) azeda? Resposta: Porque está verde. que haja provocado a defesa da te ­ se. os pais e p ro fe sso res d e v e ria m proibir. quando está sujeita a debates porque sujeita a di­ vergências. “alongá-la” em conseqüência de segundo plano. Nesta hipótese. Como desenvolver. está (ou deve estar) azeda. etc.. re s trin g ir ou s e le c io n a r a le itu ra d a s h istó ria s em q u a d rin h o s d esse tip o . PL. As a u to rid a d e s ed u c ac io n a is d o País n ão p o d e m fec h ar os o lh o s à in flu ê n c ia m aléfica d e sse g ê n e ro d e p u b lic aç õ es. tolo ou inútil. etc. trata-se aí de uma declaração argumentável. Será possível ver. C u m p re -lh es o ri­ e n ta r os jo v e n s. pesar. Seu desenvolvimento seria descabido. p ro p o rc io n a n d o -lh e s o p o rtu n id a d e s d e le itu ra m ais s a u d á ­ v eis. a um a determ inada situação. O mesmo não acontece com a tese das histórias em quadrinhos. etc. que apresentam fatos. formulando a premissa maior: Toda laranja verde é azeda. 4. Foi fácil arm ar o silogismo mas não será fácil ou possível desenvol­ vê-lo num a dissertação. como já sabemos. parece-nos.. Par. prosseguindo ou não para um a conclusão explícita. 1. sobretudo na pena dos escritores mais hábeis. omissão que. fatos ou idéias particulares que se ajustem à declaração ini­ cial. porém. quase todos os que se iniciam com a indicação de idéias ou fa­ tos particulares (exemplos. recom en­ dando-lhe que desenvolvesse o tema pelo m étodo dedutivo. até certo ponto pelo menos. 1. entretanto.4). questões dessa ordem. os pa­ rágrafos com estrutura silogística. G a r c ia ♦ 357 da leitura das histórias em quadrinhos? Percebem-se. Vejamos o seguinte exemplo. dosado pelo m es­ mo instrum ental a que nos laboratórios se subm ete a m atéria inerte e pas­ siva.2.. mas ainda assim os resultados são relativos. lei. pois o espírito hum ano. regra. Essa d e c la ra ç ã o foi feita q u a n ­ d o se u país d e p e n d ia a in d a d a a ju d a e c o n ô m ic a d a In g la te rra . as suas m a­ nifestações. seguin­ do-se casos.) o B rasil do s n ossos d ia s ta m b ém d e p e n d e d e a ju d a e x te rn a p a ra se d e se n v o l­ ver.O t h o n M. como já assinalamos. Trata-se do pa­ rágrafo de introdução sobre o tema: “Dadas as circunstâncias da conjuntu­ ra internacional. temperamento. até onde é possível o Brasil seguir uma política extena in­ dependente?” G eorge W ash in g to n afirm o u c e rta v ez q u e n ão h á p aíses d e s in te re s s a ­ dos: tu d o aq u ilo q u e u m a n a ç ã o rec eb e d e o u tra com o fav o r te rá d e p a g a r m ais ta rd e com u m a p a rte d e su a lib e rd a d e . A psicologia já dispõe de meios e processos experimentais capazes de tes­ tar. extraído do trabalho de um aluno a quem orientáram os quanto a esse processo de desenvolvimento. detalhes. Em princípio. n ã o se rá difícil d e d u z ir q u e ta m b ém te m p o u ca lib e rd a d e p ara se g u ir o se u p ró p rio ca m in h o no q u e ta n g e à p o lítica in te rn a c io n a l (. é certo. não pode ser pacificamente pesado. Desmontemos o mecanismo do parágrafo para lhe surpreenderm os o arcabouço dedutivo. declaração ou conclusão assentada neles (caso de tópico frasal no fim do parágrafo) seguem o m étodo indutivo.. que.5. pautam-se pelo padrão dedutivo. um juízo..1 Exemplo de parágrafos com estrutura silogística dedutiva São freqüentes. vícios de educação. salvo no que respeita aos dois trechos omitidos por necessidade de economizar espaço. de passagem. etc. O ra. tanto podem ser atribuídas a essa leitura quanto a outras influências (ambiente social. etc..) e term inam por uma apreciação.).. como imponderável absoluto.) A transcrição é fiel. um a declaração sum á­ ria de feição ou teor universal (princípio. medido. Por outro lado. ao tratarm os do tópico frasal (3. teoria. tanto indutiva quanto dedutiva. norm a). . se (. os que apresentam logo de início uma idéia de ordem geral. não preju­ dica absolutam ente a estrutura silogística. 358 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P rosa M o d e r n a A premissa maior está clara, formal e materialm ente, no primeiro período, no trecho justaposto: “tudo aquilo que um a nação recebe de ou­ tra...” etc.: PM — T udo aq u ilo q u e u m a n aç ão rec eb e d e o u tra com o fav o r te rá d e p a g a r m ais ta rd e com u m a p a rte d e sua lib e rd a d e . Não nos interessa aqui discutir a validade ou veracidade da declara­ ção de G. Washington (testemunho, aliás, autorizado); aceitemo-la como verdadeira. Se é verdadeira — e parece que sim — é também válida do ponto de vista formal, já que apresenta a característica de universalidade (tudo...). A premissa m enor está igualmente clara na essência do período in­ troduzido por “ora”: P m — O ra (...), o Brasil (...) ta m b é m d e p e n d e d e a ju d a (ec o n ô m i­ ca) e x te rn a ... (q u e r dizer, “rec eb e favor d e o u tra n a ç ã o ”, já q u e re c e b e r a ju ­ d a é re c e b e r fav o r). A conclusão também está incluída no mesmo período em que se en­ contra a Pm: “não será difícil deduzir (‘deduzir’ é aqui o termo adequado) que também tem pouca liberdade para...” etc. — ou, formalmente: Concl. — Logo, o Brasil te rá d e p a g a r m ais ta rd e com u m a p a rte d e sua lib e rd a d e (“...te m p o u ca lib e rd a d e p a ra se g u ir s e u p ró p rio c a m in h o no q u e ta n g e à p o lítica in te rn a c io n a l" ). Se a PM e a Pm são verdadeiras, a conclusão se impõe também como tal. Os demais parágrafos (cinco no total, cerca de quinhentas palavras), como, aliás, toda a redação, em bloco, seguem o mesmo processo, de tal forma que todas as conclusões dedutivas dos quatro primeiros parágrafos passam a ser a série de premissas em que se baseia a conclusão do último. Mas nem sempre — e no caso em foco nem todos — os parágrafos apresentam essa nitidez — e também rigidez — formal do silogismo dedu­ tivo. Isso, aliás, é muito mais comum. No seguinte exemplo, penúltimo pa­ rágrafo da dissertação em pauta, a estrutura silogística vem mais diluída. Depois de mostrar, no segundo e no terceiro parágrafos, outros fatos que corroboram a tese enunciada no de introdução, diz o autor: F in a lm e n te , o Brasil é p resa d e sua p ró p ria c o n d iç ã o d e p aís s u b d e ­ se n v o lv id o . C om o tal, te m d e a c e ita r as im posições d a q u e le s q u e o au x ilia m com té c n ic a e cap ital. Por isso, se vê o b rig a d o a a g ir n o p la n o in ie rn a e io n a l d e a c o rd o com a o rie n ta ç ã o d o bloco d e n aç õ es q u e lh e p re sta m as sistê n cia e a ju d a ... O t h o n M. G arc ia ♦ 359 A premissa maior, em que se firma a conclusão final, está subjacen­ te, ou melhor, oculta (rever 4. Com., 1.5.2.4, entim em a): o aluno partiu do princípio (certo ou errado; não importa aqui discutir) de que todo país subdesenvolvido é presa da sua própria condição e deve aceitar as imposi­ ções daqueles que o auxiliam: PM — Todo país subdesenvolvido tem de aceitar as imposições da­ queles que o auxiliam. Pm — Ora, o Brasil é um país subdesenvolvido (“presa da sua condi­ ção de país subdesenvolvido”). Concl. — Logo, o Brasil tem de aceitar as imposições daqueles que o auxiliam. O resto do parágrafo encerra os corolários dessa conclusão: “Por is­ so, se vê obrigado a agir no plano internacional de acordo com a orienta­ ção do bloco de nações que lhe prestam assistência e ajuda...” O que nos im porta aqui é mostrar a estrutura cerrada do raciocínio dedutivo. A conclusão em si, do ponto de vista formal, é absolutam ente válida. Quanto a ser verdadeira, isso depende da premissa maior: “todos os países subdesenvolvidos têm de aceitar as imposições daqueles que os auxi­ liam”? e da menor: “o Brasil é um país subdesenvolvido”? E os corolários? Essas “imposições” verificam-se também no plano da política internacio­ nal? Para confirmar a verdade do corolário, o aluno talvez tivesse de se­ guir agora o m étodo indutivo, que consistiria em arrolar tantos casos parti­ culares, tantos exemplos concretos de que o Brasil tem agido no plano da política internacional “de acordo com a orientação do bloco de nações que lhe prestam assistência e ajuda” — tantos exemplos — fidedignos, adequa­ dos e suficientes (rever 4. Com., 1.4, — “Da validade dos fatos”) — que a conclusão se tornaria necessária, se imporia por si mesma. Os comentários que acabamos de fazer parecem suficientes para m ostrar a importância e a eficácia do raciocínio silogístico na explanação de idéias. fÜTpEBiblioîe c a C e n t r a S é t i ma P arte 7. PL. - Planejamento 1.0 Descrícão i As noções precedentes sobre análise, síntese, classificação e criação de idéias provêem o estudante das bases indispensáveis ao planejam ento e à elaboração de qualquer tipo de composição. Vejamos agora, praticam en­ te, como fazer um plano ou esquema. O primeiro exemplo, a seguir, é de uma descrição, mas descrição em que podem ocorrer trechos de narração, pois, como se sabe, esses dois gêneros freqüentem ente se permeiam. Admitamos que o estudante se proponha fazer um trabalho sobre o colégio que freqüenta. É um tema dos mais comuns no curso ginasial. Via de regra, o aluno, falho de orientação, limita-se a redigir meia-dúzia de parágrafos sem consistência, sem coerência e sem objetivo determ inado, contentando-se com generalidades. Embora pressinta que há m uita coisa a dizer, não sabe como fazê-lo: as idéias lhe ocorrem da maneira esparsa, caótica, desordenada. Pois bem: se a elaboração do seu trabalho for prece­ dida pela observação atenta, pela análise e classificação dessas idéias, seu plano se irá delineando, e ele acabará sabendo facilmente não apenas o que dizer mas também como fazê-lo. Vejamos: Comece o aluno por fazer, mais ou menos a esmo, um a lista das idéias que lhe forem ocorrendo. É o estágio preliminar da análise ou divi­ são. Em seguida, procure arrum ar essas idéias em ordem adequada, de acordo com as afinidades comuns, pondo no mesmo grupo as que se coor­ denam, e subordinando-as a um termo de sentido mais amplo. É o estágio da classificação. Meditando, pensando no seu assunto, o aluno acabará che­ gando a um esboço de plano mais ou menos como o seguinte: 1. A cidade, o bairro, a rua onde está situado o colégio. 2. Os edifícios, seu estado de conservação, seu estilo arquitetônico, suas aco­ modações, etc. 3. Cursos que oferece: primeiro e segundo graus, etc. 4. Os alunos: sexo, condições sociais, econômicas, etc. 5. Data da fundação, o fundador, o nome; ligeiro esboço histórico. 6. Regime: internato, semi-internato, externato. 7. Horas vagas: recreios, biblioteca, jogos, etc. 364 C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a 8. Os professores: número de professores, qualificações e méritos. 9. As aulas: horários, duração, aulas teóricas, aulas práticas, etc. 10. Gosto (ou não gosto) do meu colégio porque... A análise do assunto mostrou ao aluno a variedade, a fertilidade mesmo, das idéias nele implícitas. Mas os dez tópicos desse esboço refle­ tem ainda o caos. A classificação virá pôr-lhes ordem. Tomemos o primeiro tópico ou item: “a cidade, o bairro, a rua onde está situado o colégio”. Haverá, por acaso, um a idéia geral a que possam estar subordinados os elementos desse tópico? Cremos que sim. Vejamos: que significa “onde está situado”? A sua localização, a sua situação. E que há de comum entre “cidade, bairro e rua”? A idéia de situação. Logo, esta é a idéia geral, a que se subordinam as outras, específicas e coordenadas entre si. Temos assim a verdadeira estrutura do primeiro tópico do esboço do plano: 1. Situação: a) a cidade; b) o bairro; c) a rua. (Observe o aluno a gradação decrescente que existe entre os subtópicos a), b) e c): de “cidade” para “ru a”, isto é, do term o de maior exten­ são para o de m enor extensão. Mas pode-se preferir a ordem crescente (de rua para cidade). Continue o aluno a exam inar cada uma das partes em que a análise decompôs a idéia geral, que é o tem a ou assunto. Mas atente sempre para a relação de igualdade (coordenação) e de desigualdade (subordinação) entre os tópicos e subtópicos. Tome o de n9 2, que com preende várias idéi­ as. Que relação há entre elas? Qual delas tem maior extensão: edifícios ou estado de conservação? edifícios ou estilo arquitetônico? edifícios ou d e­ pendências? Edifícios, é claro. Então, este será o term o geral, o tópico subordinante, e os demais, específicos e subordinados: 2. Os edifícios: a) estilo arquitetônico; b) estado de conservação; c) dependências. Ora, descrevendo os edifícios estamos dando uma idéia de sua apa­ rência, não? Podemos, portanto, ampliar ainda o quadro da descrição, servin­ do-nos de um termo de maior extensão: Aspecto externo não englobará, por acaso, as idéias de edifícios, sua aparência, seu estado de conservação, seu O t h o n M. G a r c i a ♦ 365 estilo arquitetônico, suas dependências? Pois será esse o tópico maior, cuja extensão é paralela da do primeiro (Situação). Mas como só temos em vista descrever os edifícios (e não jardins ou outras áreas), delimitamos o tópico por meio de um aposto: 3. Aspecto externo — os edifícios: a) estilo arquitetônico; b) estado de conservação; c) dependências. Prossiga o aluno no exame dos outros tópicos, para verificar se es­ tão distribuídos em ordem lógica. Vejamos. O de n9 5 não lhe parece des­ locado? Não é natural que, depois de falar da situação e do aspecto exter­ no do colégio, se faça referência ao seu histórico (data da fundação, o fun­ dador, o nome)? Então, o de nQ 5 deve antepor-se ao de ne 3 (cursos). O de nQ 4 trata dos alunos; é natural, portanto, que a referência aos profes­ sores dele se aproxime. O de ne 7 refere-se às horas vagas; ora, o mais ló­ gico seria indicar primeiro as horas “não vagas”. Neste caso, o de ne 9 deve antepor-se ao 7g. O resultado dessa ordenação lógica — aliás, antes de bom senso do que de lógica — é o seguinte: P lano 1. Situação: a) cidade; b) bairro; c) rua. 2. Aspecto externo — os edifícios: a) b) c) d) estilo arquitetônico; estado de conservação; dependências; ....... (outros detalhes). 3. Histórico: a) b) c) d) data da fundação; o fundador; origem do nome do colégio; ....... (outros detalhes: fatos, episódios dignos de nota). 366 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a 4. Cursos: a) primeiro grau; b) segundo grau; c) ...... (outros, se houver). 5. Corpo discente: a) sexo e idade; b) condições sociais e econômicas; c) (outros detalhes). 6. Corpo docente: a) núm ero de professores; b) qualificação e méritos; c) ...... etc. 7. R e g im e : a) internato; b) externato; c) semi-internato. 8. Atividades curriculares: a) b) c) d) número de aulas; horário; aulas práticas; aulas teóricas. 9. Atividades extracurriculares: a ) r e c r e a ti v a s ; b) esportivas; c) culturais. 10. Conclusão: apreciações de ordem geral e impressões pessoais. Pronto? Definitivo? Parece que ainda não. Repasse os olhos e procu­ re descobrir falhas ou incoerências no plano: detenha-se, por exemplo, no exam e do subtópico c) do tópico 2: “dependências". Todas as dependên­ cias serão externas, para que se justifique a sua inclusão como subtópico O t h o n M. G a r c i a ♦ 3 6 7 de “aspecto externo”? Se o autor descrever ou mencionar salas de aula, la­ boratórios, biblioteca e outras dependências internas, estará fazendo um plano sem levar em conta uma classificação das idéias, pondo como subor­ dinado a outro um termo (idéia) que, logicamente, m aterialm ente, a ele não se subordina (rever 5. Ord., 1,2 a 1.2.2). Observe ainda o leitor-aluno, aprendiz de escritor, que alguns tópi­ cos foram ligeiram ente alterados em relação à lista primitiva. Note, p. ex., que o item ou tópico 10 aparece agora como Conclusão e que alguns ter­ mos específicos foram substituídos por outros, de sentido mais geral: “da­ ta da fundação” por “histórico”; “alunos” por “corpo discente”; “professo­ res” por “corpo docente”; “aulas” por “atividades curriculares”; “horas va­ gas” por “atividades extracurriculares”. No decorrer da redação do texto e como conseqüência de imprevis­ tas associações de idéias, podem impor-se novas alterações nesse plano pri­ mitivo, plano rascunho ou plano provisório, que, servindo, preliminarmen­ te, apenas ao autor, não deve ser considerado como um leito de Procusto, como um molde rígido, mas sim como um roteiro maleável, remanipulável, sujeito a acomodações e reajustam entos ao texto. Só depois desse tra­ balho simultâneo — do plano para o texto e do texto para o plano —, quando a composição está concluída, é que o autor, então, elabora o pla­ no definitivo ou formal, que, refletindo fielmente mas sum ariam ente as idéias centrais da composição, vai servir ao leitor para lhe dar uma visão de conjunto do teor do trabalho, da m aneira como o autor desenvolveu o tem a. Nas composições escolares, salvo exigência explícita do professor — o que ocorre às vezes —, não é costume virem elas acom panhadas de pla­ no; isso, entretanto, pode acontecer, quando o trabalho, por ter implicado pesquisas dem oradas e metódicas e por ter adquirido extensão e feição de m onografia, se destinar a publicação. Essa fase preliminar, representada pela procura e acham ento das idéias, que vão sendo registradas na “lista caótica” — fase que a retórica clássica denom inava inventio (invenção) — e a seguinte, que compreende a preparação do plano (dispositio = disposição) muito facilitam a tarefa da composição propriam ente dita (elocutio = elocução), contribuindo para a sua unidade e coerência. Quando o plano é relativamente pormenorizado e a composição não muito extensa (digamos: cerca de 500 palavras), a cada um dos seus tópicos (seções primárias, indicadas pelos algarismos arábi­ cos) pode corresponder um parágrafo no texto, do que resultarão cerca de 11, pois deverá haver pelo menos um destinado à introdução (ver, a se­ guir, 2.0 Narração, 2.2 e 2.3). Se tiverem estrutura de frase, poderão ser aproveitados quase que literalmente como tópicos frasais (rever 3. Par., 1.4) dos parágrafos correspondentes; se forem nominais, i.e., constituídos — como está no plano proposto — apenas por nomes (substantivos, adjeti­ vos, pronomes, formas nominais do verbo), já encerrarão pelo menos as idéias nucleares dos períodos ou parágrafos respectivos. 368 ♦ c O M U N I CAÇÀÛ EM PROSA MODERNA É certo que a elaboração do plano (e o ieitor-aluno já deve ter pensa­ do nisso lá com os seus botões) toma algum tempo; mas não é tempo perdi­ do: o que se gasta no elaborá-lo recupera-se, com juros, dividendos e corre­ ção (não monetária, evidentemente) no executá-lo. Se o aluno (agora au­ tor) se servir da sua experiência, das suas lembranças, se tiver algum espírito de observação e um pingo de imaginação, e se tiver aproveitado as lições sobre a organização do período (rever 1. Fr., 1.5.0 a 1.5.3) e o desen­ volvimento do parágrafo (3. Par., sobretudo 2.0 a 3.1.6), acabará fazendo um a descrição (entrem eada provavelmente de trechos de narração; rever 3. Par., 3.2 a 3.2.7, e ver, a seguir, 2.0 — “Narração") bastante aceitável, algo — quem sabe? — que se aproxime do exemplo que oferecemos a seguir: 1.1 " 0 Ginásio Mineiro de Barbacena" (D aniel d e C arv alh o , De outros tem pos, Rio, Jo sé O lím p io , 1 9 6 1 , p, 7-32) o “L ocaliza-se n a m eia e n c o sta d a c o lin a d o M atin h o , a 1 .2 6 0 m e tro s d e a ltitu d e , à d ire ita d a lin h a fé rre a d a C e n tra l d o Brasil, e n tre as estaç õ es d e B arb a ce n a e S a n a tó rio . O cu p av a te r ­ ren o espaçoso, d e d e z h ec ta re s. V* 3 X I O f < “E stava, p a ra a ép o ca, m a g n ific a m e n te in sta la d o em ed ifí­ cio d e p ro p o rç õ es co n v e n ie n tes, c o n stitu íd o d e alg u n s p av ilh õ es, s e n d o d e dois p a v im en to s em to d a a e x te n sã o d e su a fre n te , c o r­ po p rin cip al v o lta d o p a ra a cidade. A p a rte c e n tra l, p ro v id a d e p la tib a n d a e d e e sc a d a ria para acesso ao a n d a r su p erio r, d isp u ­ n h a d e sala d e v isita, G ab in ete d o Reitor, S ecre taria , sala d e C o n g reg a çã o e B iblioteca. “N a ala d ire ita , estav am : em b aix o , o g ra n d e refeitó rio , com co zin h a e su a s div ersas d e p e n d ê n c ia s , nos fu n d o s; em ci­ m a, am p lo d o rm itó rio d o s a lu n o s “m a io res". L ig ad a a e ssa ala, p e rp e n d ic u la rm e n te , ach av a-se a casa d e re sid ê n c ia d o reitor. “O té rreo , na ala e s q u e rd a ,... “O ‘rec re io g ra n d e ’, d e fo rm a q u a d r a d a ,... “Na p a rte in te r n a ,...” A descrição continua ainda detalhando outros aspectos dos edifícios, por mais uma página e meia. Em seguida, term inado esse tópico (o aspec­ to externo: os edifícios), passa o Autor ao histórico do colégio, iniciando essa parte com um pequeno parágrafo de transição: O t h o n M. G a r c i a ♦ 369 “F eita a d escriçã o to p o g ráfica, p assem o s ao m o m e n to h istó rico . “O co rp o an tig o d o p réd io , d e p és-d ire ito s d e m a d e ira , p a re d e s d e p a u -a -p iq u e e rip as, so b re alicerces d e p e d ra , foi c o n s tru íd o p elo P ad re J o ã o F erre ira d e C astro q u e nele fu n d o u , n a s e g u n d a m e ta d e d o sé cu lo XIX, o a n ­ tigo C olégio P ro v id ên cia. F oram se u s a lu n o s ...” Nas páginas seguintes, em continuação ao histórico, o A. abre títulos para referência a alguns personagens mais importantes — Reitores e Professo­ res; Soares Ferreira; O Dr: Remmers e o Barão Hugo von Kraus — e algumas atividades curriculares e extracurriculares — A Banda. A Educação Física. As Diversões. A Formação Cívica. Os Clubes. Os Companheiros (p. 12-32). Eu m e lem b ro d o s pés d e p in h a. sustaram.2 Análise das a) IrWodução: linhas 1 b) Desenvolvimento: 1? 3. Introdução (linhas 2.1 "O cajueiro" 1 2 3 4 O ca ju e iro já dev ia s e r v elh o q u a n d o nasci. “tem perada” com certa dose de fantasia. e m o rre u h á m uito tem p o .♦.parte: linhas 27 a c) Conclusão: linhas 34 1. há pouco m encionados — experi­ ência. L em bro-m e d a ta m a re ira . rotei­ ro) de um a narração (ou narrativa. violetas. . e d e ta n to s arb u sto s e folhagens coloridas. TUclo su m ira . Ele vive n as m ais a n tig a s rec o rd a çõ es d e m in h a in fân c ia: belo. sugere um a atmosfe sugere a situação: “i cria condições para cajueiro (belo. serva da narração) — m ostra como o autor. e dos ca n teiro s d e flores hu m ild es. capitalizando lembranças e impressões do passado. 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 2. A gora v em u m a c a rta d iz e n d o q u e ele caiu. 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Eu m e le m b ro d o o u tro caju eiro q u e e ra m enor. — apresenta a idéia-nú — sugere temas ou idé a) “recordações de i b) infância remota: — — — — sugere o plano: a c. como se prefere dizer hoje) inspirada em episódios. C ada m en in o q u e ia cre sce n d o ia a p re n d e n d o o je ito d e seu tro n co . evidente­ mente. 2. pensant mãos que j. imen vai desenvolver no 2. d a g ra n d e to u c eira d e esp ad as-d e-S ão -Jo rge (q u e nós ch am áv am o s sim p lesm en te “ta la ”) e d a alta sa b o n e te ira q ue e ra no ssa aleg ria e a co b iça d e to d a a m en in a d a d o bairro p o rq u e fornecia ce n te n as d e bolas p reta s p a ra jo g o d e g u d e. d o cajá-m anga. pôde reconstituir cenas fragm entárias da sua in­ fância. n Foi de flores. A crônica abaixo transcri­ ta — que entrem eia trechos de narração com outros de descrição (a pri­ meira raram ente prescinde da segunda: a descrição é a “ancilla narrationis”. espírito de observação e um pingo mais grosso de im agina­ ção —. e cau telhado de da. memória. Desenvolvimento (1 A — I P r im e ir a pa rte idéia principal: evo* cia da queda do ca. o lu g a r m e lh o r p a ra a p o ia r o p é e su b ir pelo cajueiro acim a. m as o g ra n d e p é d e frutap ão ao lado da casa c o im enso caju eiro lá n o alto era m com o árv o res sa g ra d as p ro te g e n d o a fam ília. no a lto d o m o rro a trá s d a ca sa . pequenos incidentes ou peripécias do dia-a-dia e. Observe o aprendiz de escritor a estrutura tem ática dessa crônica e tome-a como modelo: No \ carregado c vera: mas í se o morro um amigo « A ca numa tarde ceira.0 Narração M Servindo-se dos mesmos recursos. lem b ro -m e d a p a rre ira q u e cobria o ca ram a n ch ã o . se n tir o leve b alan c eio n a brisa d a ta rd e. o aluno-aprendiz-de-escritor pode elaborar o plano (esquema. v er d e lá o telh ad o das casas do o u tro laclo e os m orros além . a cica d e seu fruto. beijos. im en so . c o m o se n ã o q u is e s s e q u e b r a r o te lh a d o d e n o s s a v e lh a c a s a . 2. 1. Introdução (linhas 1 a 4): — apresenta a idéia-núcleo ou idcici principal: o cajueiro (linha 1) caiu (4) — sugere temas ou idéias secundárias: a) “recordações de minha infância". F o i a g o ra .2 2 ) 2. p p .O t h o n M. c o m o q u e m a p r e s e n t a a u m a m ig o d e o u t r a s t e r r a s u m p a r e n t e m u it o q u e r id o . e c a iu m e io d e la d o . sugere a situação: “no alto do morro. 1 9 5 6 . m a s d e p o is fo ra m b r in c a r n o s g a lh o s to m b a d o s . c) Conclusão: linhas 34 e 35. D esenvolvim ento (linhas 5 a 33): A — I P rim eira parte (5 a 21): idéia principal: evocações de peripécias da infância sugeridas pela notí­ cia da queda do cajueiro. E s t a v a c a r r e g a d o d e flo re s . correspondentes a três parágrafos). t r ê m u lo d e s a n h a ç o s .parte: linhas 5 a 2 1 . que o Autor vai desenvolver no penúltim o parágrafo. atrás da casa”. n u m f r a g o r t re m e n d o p e la rib a n c e ir a . Cem crônicas escolhidas. b) Desenvolvimento: 1 . e m n o s s o s irm ã o s q u e j á m o r r e r a m . D iz q u e p a s s o u o d ia a b a ti- 31 32 33 34 35 d a . D iz q u e s e u s f ilh o s p e q u e n o s s e ass u s t a r a m . ♦ 371 (R u b e m B ra g a . 2. 3 2 0 . cria condições para um contraste dramático entre a beleza e o viço do cajueiro (belo. e m f in s d e s e t e m b ro .parte: linhas 2 7 a 33 (três partes. G a r c i a 22 23 24 25 26 27 28 29 30 N o ú lt im o v e r ã o a in d a o v i . C h o v e r a : m a s a s s im m e s m o f iz q u e s t ã o d e q u e C a r ib e s u b is se o m o r r o p a r a v ê .lo d e p e rt o . e s t a v a c o m o s e m p r e c a r r e g a d o d e fr u t o s a m a r e lo s .p arte: linhas 2 2 a 2 6 . belo. e m n o s s o p a i. J o s é O lím p io .2 Análise das partes a) Introdução: linhas 1 a 4. . 3. R io . sugere um a atmosfera afetiva: cajueiro velho. imenso. A c a rta d e m in h a ir m ã m a is m o ç a d iz q u e e le c a iu n u m a ta rd e d e v e n t a n ia . imenso) e a sua queda e morte (eíe caiu). b) infância remota: “antigas” recordações. p e n s a n d o e m n o s s a m ã e . — — — — sugere o plano: a carta com a notícia da queda do cajueiro. — segundo: indiferença (as ocasionais aflições infantis não costumam ter ressonância prolongada: “mas depois foram brincar nos galhos tom bados”) (33). é o desenlace da história. em nosso pai. B — I S egunda parte ( linhas 22 a 26): Idéia principal: última visão do cajueiro (22).. b) animização do cajueiro: “como se não quisesse quebrar o telhado de nos­ sa velha casa” (29-30). c) sugestão de tristeza: “passou o dia abatida” (30-31) e “pensando em nos­ sa mãe. b) sugestão de solidão: mas (apenas) o pé de fruta-pão e o cajueiro per­ m aneciam (14-15). II Idéias secundárias: a) dramaticidade sugerida pelos pormenores caracterizadores: “tarde de venta­ nia”. C — I Terceira parte ( linhas 27 a 3 3 ): Idéia principal: “ele caiu numa tarde de ventania”. II Idéias secundárias: a) caracterização: viço e vigor do cajueiro: “carregado de frutos amarelos” (23). c) afetividade (animização do cajueiro): “como quem apresenta a um ami­ go de outras terras um parente muito querido” (25-26). c) sugestão de espírito fam iliar e afinidade afetiva: o cajueiro e o pé de fruta-pão “eram como árvores sagradas protegendo a família” (15-16).. em nossos irmãos que já morreram" (31-32). emoção discreta e indiretam ente sugerida por palavras-signos ou signos de indício: . a irmã “ficou abatida” (28-31). 3.. apenas brevemente enunciado na introdução (ele caiu). b) intewenção de personagem: “fiz questão de que Caribé subisse o m or­ ro..” (16 a 21). d) traços da psicologia infantil: — prim eiro: susto (“seus filhos pequenos se assustaram ”) (32-33). d) sugestão de comunhão nos brinquedos infantis: “Cada menino que ia cres­ cendo. “pela ribanceira”. Conclusão: a emoção provocada no espírito do Autor.372 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a II idéias secundárias: a) sugestão de ruína e abandono: “Tudo sumira” (14).” (24-25). “fragor tremendo”. Verdadeiro motivo de toda a crônica-narrativa. 2. prendendo-lhe a atenção por mantê-la sem ­ pre em suspenso. a intriga. de modo que o leitor fique sabendo. — no tempo: a época dos acontecimentos. fatos ou dados objetivos. discutir ou descrever nos parágrafos (ou capítulos) subseqüentes. paisagem): a casa da famí­ lia. o “clima dram ático” da sua crônica-narrativa. . de saída. O que sugere ou se apresenta na introdução deve ser (acrescido de outros pormenores) desenvolvido no nú­ cleo ou miolo do trabalho. que. B. há dois planos temporais: o atual (o da queda do cajueiro) e o remoto ou passado (o da infância do Autor). (Em otitros gêneros de composição em prosa como a dissertação — que compreende a explanação e argumentação — o desenvolvimento se faz através de argumentos. No trecho comentado. G a r c i a ♦ 373 a) fato recente. Pois foi esse fiozinho de enredo que permitiu ao Autor criar. vivo ainda na memória do Autor: “Foi agora” (34). De qualquer forma.e. de que pode servir de exem­ plo a crônica de Rubem Braga. através da reconstituição de fiapos do seu passa­ do. desper­ tando a curiosidade do leitor. ruína. o que se vai narrar. tristeza. i. o arcabouço. b) a situação dos fatos ou episódios: — no espaço: descrição do ambiente (cenário. como se viu na análise da crônica. O desenvolvimento.1 0 que a "história" ou "estória" proporciona: a) a criação de uma atmosfera psicológica. Sua exten­ são varia de acordo com a extensão do próprio trabalho. a paisagem. a localização do cajueiro. abandono. a história é constituída por um fiozinho muito tênue.) A história ou enredo é apenas o suporte. fatos ou acontecimentos. (34) com o cajueiro “carregado de flores” (34-35) a denun­ ciar ainda viço e vigor frustrados pela morte. telhado das casas. morte). na expectativa de episódios futuros.[Ü f P E B ib lio te c a C e n tra ! O t h o n M. saudade de infância. Varia tam bém conforme a natureza do assunto. b) contraste afetivo entre a tristeza causada pela queda do cajueiro e o as­ pecto festivo da natureza na prim avera (idéia sugerida por “em fins de setem bro”. ela deve apresentar a idéia diretriz. onde a idéia principal é apresentada através de peripécias.3 Função das partes A introdução já vem definida desde Aristóteles: “é o que não admite nada antes e pede alguma coisa depois”. o enredo. a ur­ didura ou a história propriamente dita. Mas é difícil estabelecer princípios rígi­ dos. através da discussão da idéia principal ou tese. Na crônica de R. constitui o entrecho. permite o desenvol­ vimento da idéia principal. 2. no gênero narrativo.. resumindo-se apenas na recepção da carta com a notícia da queda do cajueiro. os morros. moral ou afetiva (na crônica de Rubem Braga. isto é.3. o leitor m an­ tém-se ainda na expectativa dos pormenores dramáticos. amigo do narrador. uma generalização. Não é tampouco a repetição da introdução.374 ♦ C OMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA c) a indicação de causa ou circunstâncias (se houver): a causa da queda do cajueiro terá sido a sua idade e a ventania.). 2. qual­ quer acréscimo.. A conclusão não é um apêndice à narrativa ou a qualquer gênero de composição. ruína causada pelo tempo: sobrevivência do cajueiro e do pé de fhita-pão. sua psicologia. Pode ser uma apre­ ciação sucinta. po­ lítica. sua linguagem. etc. o suspense desfaz-se logo na terceira linha (“Agora vem uma carta dizendo que ele caiu”).4 Plano de " 0 cajueiro" Vejamos agora como essa crônica de Rubem Braga “se traduz” no seu plano ou esquema: A (Introdução) — Recebimento da carta com a notícia da queda do cajueiro. f) a invenção de peripécias significativas que perm itam : — caracterização das personagens. Como a introdução. econômica. B. já está também definida por Aristóte­ les: “O fim (conclusão) é o que pede alguma coisa antes e não admite nada depois”. I Paisagem e peripécias: a) b) c) d) o outro cajueiro. não é um pormenor que se acrescenta. d) a indicação de conseqüências (se houver): o abatim ento da irmã (explí­ cita) e a tristeza do Autor (implícita). não obstante. — dramaticidade (conflito entre personagens e situações). . — descrição e caracterização da paisagem ou am biente. e até mesmo descabido. Na crônica de R.. não é um resumo nem uma nova idéia. — artifícios que despeitem a curiosidade do leitor e lhe prendam a aten­ ção graças à expectativa ou suspense e à surpresa. B (Desenvolvimento) — Evocações da infância e queda do cajueiro. suas reações. um comentário pessoal do Autor. e) a introdução de personagens: Caribe. brinquedos infantis. o que só ocorre no penúltim o parágrafo. — apresentação de circunstâncias ou fatores de ordem vária (social. sua classe social. outras árvores e plantas. tudo fei­ to de tal modo que se sinta ser desnecessário. etc. c ) .. .. pormenores da queda.... 3 ... que. i.. I I .. t o d o s o s d e m a is a e le c o o r d e n a d o s — b ) . e tc...s e a s s im : A — ..d e .. c o o r d e n a ­ d o s . m a is ra r a m e n t e . b) a presença do amigo Caribe. S e I — é f r a s a l.... — d e v e ­ r ã o s e r ig u a lm e n t e n o m in a is . I I I . III A carta da irmã: a) b) c) d) e) a queda do cajueiro. I V e tc... p o r a l ­ g a r is m o s a r á b ic o s .. b ) .. d ) ... in s ir a m ... I — . B . o esqueleto d e u m p la n o p o d e a p r e s e n t a r . Se h o u v e r n e c e s s id a d e d e m a is u m a s u b d iv is ã o . .. le v a m o m e s m o s ím b o lo a lf a b é t ic o o u n u m é r ic o . I I — . implícita na referência indireta à pri­ mavera — “fins de setem bro” — e direta ao cajueiro. I I I ) e as ú lt im a s .... C ) o u .. f r a s a is d e v e r ã o s e r I I .. repercussão do fato no espírito da irmã. N o te -s e a d is p o s iç ã o d e c a d a it e m o u tó p ic o : o s id ê n t ic o s .... e tc .. e tc . 2 — . O b s e rv a ç õ e s : 1. A s p r im e ir a s s u b d iv is õ e s s ã o m a r c a d a s p e lo s a lg a r is ­ m o s ro m a n o s ( I . d e v e n d o f ic a r a ig u a l d is t â n c ia d a m a rg e m e s q u e r d a .. d e s e n v o lv im e n t o e c o n c lu s ã o ) s ã o g e r a l­ m e n te a s s in a la d a s p e la s m a iú s c u la s (A . A t e n t e -s e a in d a p a r a a c o n v e n iê n c ia d e se a d o t a r a m e s m a e s t r u t u r a d e t ó p ic o p a r a o s q u e se c o o r d e n a m . m a s d e ta l fo r m a q u e o s in a l d e c a d a n o v a s u b d iv is ã o fiq u e lo g o a b a ix o d a p r im e ir a le t r a d o te x to d o tó ­ p ic o p re c e d e n t e .. 3... G arcia ♦ 375 II Última visão do cajueiro: a) a aparência do cajueiro.s e e n t r e A e I o s a l ­ g a r is m o s a r á b ic o s 1 . 2 .. C (Conclusão) — A emoção do Autor. a ) .. a reação dos meninos. 2... B — . S e g u n d o e s s a s n o rm a s .. 1 — .fe c h a r . c ) . .. a s m e n o re s . a ) .e . P o r e x e m p lo : s e a ) t e m e s t r u t u r a n o ­ m in a l. d e v e m s e r s e m p r e i n d i ­ c a d a s p e la s m in ú s c u la s s e g u id a s d e p a rê n t e s e .|UFPEBiblioteca Centrai O t h o n M. apesar de vi­ çoso — “carregado de flores” — tom bou para morrer. b ). evocação de entes queridos. À s d iv is õ e s m a io r e s ( in t r o d u ç ã o . 2). isto é. 3. . 378-88. assinalar. De estrutura muito simples. como contraste. para. in: Dês livros. pelos costum es. seguindo-se a sua comprovação ou justificação. U n id ad e física afirm a d a n a ad m iráv el co n tin u id a d e d o territó rio . esse g ran d e todo. 3. distingue-se principalmente pela sua construção paralelística: a segunda parte desenvolve. Convém observar atentam ente o processo adotado pelo Autor: o de­ senvolvimento da idéia geral baseia-se na divisão e enumeração de seus vá­ rios aspectos.3. 378 a 388). p ela lín g u a . d e se n tim e n to s e d e interesses d e su a p opulação. o Autor mostra a unidade real do Brasil. No trecho que abaixo se transcreve e que serve de introdução a todo um artigo-ensaio1 de cerca de dez páginas. na mesma ordem. um a dissertação que pode ser feita — como acontece em exames e provas — com os conheci­ mentos gerais já de posse do estudante. as idéias expostas na primeira (ver. in d u stria e com ércio. p. 1 “M editações”. d a p ro d u çã o . mas harmoniosa e proporcionada. o trecho abaixo transcrito apresenta características de unidade e independência. o b jetiv ad a no co n ju n to d e elem e n to s constitutivos da econo m ia. esse c o n tin e n te u n ido. U n id ad e política m a n ifesta d a na c o m u n id ad e cle idéias. a seguir. Apesar de ser apenas parte de um todo. U n id ad e m o ral d e m o n stra d a pela religião. 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 O fato m ais d e stac ad o q u e se im p õ e a q u em estu d a o Brasil é o d a esp lên d id a u n id a d e d o p aís.1 "Meditações" $ 1 2 3 D iante d e m im se e ste n d e em face d o m a r az u l o Brasil im enso. em seguida (p. e u n id a d e in te le c tu a l expressa na id e n tid a d e d a form ação e d a cu ltu ra. de Gilberto Amado. Na co n tem p laç ão dele v ieram -m e as seg u in tes reflexões. d o trab alh o . a ab­ surda falta de unidade “na vida política dessa esplêndida coletividade una”.0 Dissertação Vejamos agora como planejar e elaborar um a dissertação que tam ­ pouco exija leitura ou pesquisa especializada. pelas relações m ateriais. pelos costumes. o fa to p rim o rd ia l q u e se a ssin a la a o observ ad o r. N ão há distinções específicas q u e estrem em u m brasi- 47 leiro do outro. m aterial. d a su a unidade. p a ra u sa r e x p re ssão d o direito pú b lico m o d e rn o . são fatores de unidade. 3 7 8 -9 ) 2 O aluno poderia deier-se na análise desse parágrafo (linhas 25-32) e comentá-lo à luz das lições contidas nos tópicos referentes à unidade e a coerência do parágrafo garantidas pelo enunciado do tópico frasal. é o Brasil u m a n aç ão in te g ral. N ão o separa n en h u m lago interior. S eu povo é o m esm o em to d a a e x te n sã o d o seu te rritó rio . O Brasil apresenta-se. Na atm osfera brasileira em breve se apaga q ualquer traço diferencial alienígena. com o a u n id a d e m esm a. em vez de divisão. E sse g ran d e país. 1 9 6 5 . assim . De norte a sul e d e leste a oeste. N ão se n d o u m E sta d o inte g ra l. N en h u m a m em ória d e outros idiom as subjacentes n a sua form ação p ertu rb a a unid a d e ín tim a d a consciência d o brasileiro na enunciação e na com unicação do seu p ensam en to e d o seu sen tim en to . m o ral. As m ontanhas que se erguem dentro dele. p o v o ad o h o je p o r m ais d e 4 2 m ilh õ es3 d e habita n te s . Os seus rios prendem e aproxim am as populações entre si. No seu aspecto exterior. Q uestão d e raça não existe no Brasil. é u m a co letiv id ad e n ac io n a l u n a . no seu corpo com o na sua alm a. in te le c tu a l ú n ico . o Brasil é um rodo único. A im igração d e indivíduos d e raças diferentes d a prim itiva raça colonizadora n en h u m a influência teve com o fator d e diferenciação. p. i 1 ' . pela religião. 3 O artigo-ensaio foi escrito há mais de cinqüenta anos. Se h á u m fen ô m e n o social típ ico n a face d o p lan eta é esse d a u n id a d e in c o m p aráv e l d o Brasil.O t h o n M. com o talv ez n ã o h aja o u tr a assim n a te rra . Jo sé O lím p io . pela 48 49 50 51 52 53 54 55 form ação. ♦ 377 (G ilb erto A m ado. pela língua. u m to d o . nenhum m ar m editerrâneo. assim os que correm dentro do país como os que m arcam fronteiras. pela cultura. u m E stad o to ta litá rio . é o Brasil um dos raros países que se bastam a si m esm os. to d a s o riu n d as d a m esm a fonte. que p o d em prover ao susten to e asseg u rar a existência dos seus filhos. Três livros. Os im igrantes p erd e m o caráter d e origem logo à prim eira geração. na su a constituição geográfica. tota litá ria . Por sua produção e p o r seu com ércio. co m o um país uno. G a r c i a 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 N enhum país d o m un d o é m ais uno d o q u e o Brasil na su a aparência e na su a realid ad e. E e ste o p rim e iro c a ra c te rístic o d a n o ssa p á tria .2 U m a só religião disciplina os nossos corações e constitui o substratum espiritu al d a nação. Tradições as m esm as com pequenas diferenças locais. os brasileiros falam a m esm a língua quase sem variações dialetais. Rio. provas. III Segunda parte: O Autor fundamenta com razões. de sentim entos e de inte­ resses” (12-13). c) unidade lingüística (28-32). 2 Desenvolvimento (linhas 4 a 53): Desenvolvimento constituído de duas par­ tes. “esse grande todo. b) auto-suficiência econômica (25-27). 29 a unidade do Brasil como característico primordial (1. d) unidade intelectual: “na identidade da formação e da cultura” (11). esse continente unido” (2). d) unidade religiosa (33-34). seguidas respectivamente de dois parágrafos-sínteses (linhas 14 e 18). seguindo mais ou menos a mesma ordem de idéias: a) unidade geográfica (19-24). servindo-se o Autor de um fato circunstancial como ponto-de-partida: “Diante de mim se estende em face do mar azul o Brasil imenso” (1-2). e) unidade de costumes e tradições (34-36). b) unidade econômica (9). e) unidade política: “na comunidade de idéias. religião. c) unidade moral: na língua.7-18). exemplos ou por­ menores — quer dizer: fatos — a declaração da primeira parte. com a inclusão de outras idéias se­ cundárias: I Primeira parte: O Autor discrimina os vários aspectos da unidade do Brasil (idéia-núcleo enunciada na introdução): a) unidade física: “na continuidade do território” (5-6).378 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a 3. b) sugere o plano: “Na contemplação dele vieram-me as seguintes refle­ xões:” (2-3). . à guisa de arremate ou confirmação. II Dois parágrafos-sínteses: l 9 unidade singular do Brasil: “Nenhum país é mais uno” (1 A).2 Análise das partes e plano de "Meditações" 1 Tnti'odução (linhas 1 a 3): a) apresenta a idéia-núcleo ou idéia principal: o Brasil. costumes (7-8). como um país uno. nome com que se designa a exposição ou explanação de idéias. entretanto. marcada apenas pela partícula “as­ sim”. como a unidade mesm a. se poderia chamar dissertação. na qual o Autor se limita a repisar a idéia-núcleo. quer dizer. c) não existem questões de raças (50-51). pelas provas com que vai fundamentando suas declarações. alguns traços de verda­ deira argumentação na maneira como o Autor procura convencer o leitor. em linguagem didática. 2*: a) não h á distinções específicas entre os brasileiros (46-47). O trecho cuja estrutura acabamos de analisar é o que. (Veremos nos tópicos seguintes o que é e em que consiste a argumentação.O t h o n m. b) o Brasil é uma coletividade nacional (40). Notam-se nele. G a r c i a ♦ 379 rv Parágrafos-sínteses: 1®: a) a unidade do Brasil é um fenômeno social típico (37). b) a imigração de outras raças não é fator de diferenciação (48-49). c) o Brasil é um a nação integral (43). formar-lhe a opinião. pela evidência dos fatos. generalizando-a na expressão “como a unidade mesma”.” Trata-se de um a conclusão sucinta.) . assim. 3 Conclusão (linhas 54 e 55): “O Brasil apresenta-se. se. na simples conversação. esse professor estará argumentando. na imprensa. além disso.1 Condições da argumentação A argum entação deve basear-se nos sãos princípios da lógica. fizer a res­ peito da doutrina de Comte uma exposição com o propósito de influenciar seus ouvintes. dando dessas doutrinas uma idéia exata. de convertê-los em adeptos de po­ sitivismo. Se a pri­ meira tem como propósito principal expor ou explanar. sem tentar convencer seus alunos das verdades ou falsidades num a ou noutra contidas. degenerando em “bate-boca” estéril. com o propósito. convencer ou tentar convencer m ediante a apresentação de razões. enfim. de mostrar ou provar as vantagens. 4. em inteira liberdade de se decidirem por qualquer delas. nas discussões que se travam a todo ins­ tante. Na dissertação. persuadir ou influenciar o leitor ou ouvinte. deixando-os. Entre­ tanto. ao contrário. Na dissertação podemos expor. por ser positivista. de lhes formar a opinião. em face da evidência das provas e à luz de um raciocínio coerente e consistente. procuramos principalmente Jbnnar a opinião do leitor ou ouvinte. tentando convencê-lo de que a razão está conosco. falacioso ou sofismático. Um professor de filosofia pode fazer um a explanação sobre o existencialismo ou o marxismo com absoluta isen­ ção. a conveniência. Mas. em última análise. idéias de que discor­ dam os ou que nos são indiferentes. a argum entação não raro se desvirtua. uma e outra têm características próprias. da filosofia comtista — se assim proce­ der.0 Argum entação Nossos compêndios e manuais de língua portuguesa não costumam dis­ tinguir a dissertação da argumentação. externamos nossa opinião so­ bre o que é ou nos parece sei: Na argumentação. explicar ou interpre­ tar idéias. Em . sem ten­ ta r formar-lhes a opinião. nas assembléias ou agrupa­ m entos de qualquer ordem. a segunda visa sobretudo a convencer. expressamos o que sabemos ou acredita­ mos saber a respeito de determinado assunto. nos Parlamentos.4. fiel. de que nós é que estamos de posse da verdade. nos debates. nas polêmicas. sem combater. a verdade. No entanto. em suma. Argumentar é. considerando esta apenas “momen­ tos” daquela. recorrendo assim ao argum ento ad populum. a ironia. Tratemos agora apenas do segundo. Fatos — Os fatos — termo de sentido muito amplo. op. o sarcasmo por mais brilhantes que sejam. juízos de simples inspeção.2 Consistência dos argumentos A argumentação esteia-se em dois elementos principais: a consistên­ cia do raciocínio e a evidência das provas. a ironia. Whitaker Penteado. 4. com que se costu­ ma até mesmo designar toda a evidência — constituem o elemento mais im­ portante da argumentação em particular assim como da dissertação ou expla­ nação de idéias em geral. mas este fato deve servir de estímulo aos homens de boa vontade para que se disponham a falar com maior freqüência e maior desassombro. antes revelam a falta deles. Ord. para invectivas de toda ordem. Homens mal-intencionados discutem por objetivos egoístas ou ignóbeis. isto não constitui motivo para que homens inteligentes se omitam em advo­ gar idéias e projetos que valham a pena. Quanto ao primeiro. os exemplos. ltconsti'utiva na sua finalidade. o insulto. O ponto de vista que considera a discussão como vazia de sentido e ausente de senso comum é não só falso.. Ora. Tampouco valem como argumentos os preconceitos. R. G a r c i a ♦ 381 vez de lidar apenas com idéias. o orador descamba para o insulto. o sarcasmo.O t h o n M. / Evidência (fatos. que constituem o que se costum a chamar de argum ento ad hominem. jam ais constituem argumentos.) e o testemunho. enfim.). 4. os doestos. sob o ponto de vista social” (J. as ilustrações. mas também perigoso. já fornece­ mos ao leitor algumas noções preliminares (cf. princípios ou fatos. as superstições ou as generalizações apres­ sadas que se baseiam naquilo que a lógica chama. p. ou então revela o propósito de expor ao ridículo ou à execração pública os que se opõem às suas idéias ou princípios. A legítima argumentação. não se confun­ de com o “bate-boca” estéril ou carregado de animosidade. Ela deve ser. Embora seja exato que os ignorantes discutem pelas razões mais tolas. o xingamento. São cinco os tipos mais comuns de evidência: os fatos propriamente ditos. 4. independente­ m ente de toda teoria. cit. exemplos. testemunhos) Evidência — considerada por Descartes como o critério da verdade — é a certeza manifesta. dados estatísticos. etc. cooperativa em espírito e socialmente útil. . e 5. os dados estatísticos (tabelas. números. tal como deve ser entendida. a certeza a que se chega pelo raciocínio (evidência de razão) ou pela apresentação dos fatos (evidência de fato). Com.2. por mais que irritem ou perturbem o oponente. como já vimos. 233). ao contrário. m a­ pas. enfim. pe­ ças dramáticas de conteúdo social). mais convincente. mais persuasiva do que a hipotética. ilustrar a tese para tornar aceitável a conclusão. Ilustrações — Quando o exemplo se alonga em narrativa detalhada e entrem eada de descrições. num a forma verbal típica: “Suponhamos que o leitor (ou ouvinte) seja pro­ fessor particular. dez ou mais aulas diárias é um exemplo típico dos sacrifícios a que estão sujeitos os membros do magistério particular no Brasil. Entretanto. ela vale por si mesma como prova. De forma que é indispensável levar em conta essa relatividade para que eles sejam convincentes. é hi­ pótese: narra o que poderia acontecer ou provavelmente acontecerá em de­ term inadas circunstâncias. como o nom e o diz.” E a narrativa prossegue com outros detalhes e peripé­ cias capazes de. nem por ser im aginária. Mas. um recurso de valor didático incontestável. Sua feição dramática deve ser tanto quanto possível explorada. citando o fato de contribuintes se verem força­ dos a recorrer a hospitais particulares para operações ou tratamentos de ur­ gência. em certos casos. a ilustração se faz por referência a episó­ dios históricos ou a obras de ficção (romances-tese. Ao meio-dia já terá dado quatro ou cinco aulas. Sua introdução no corpo da argumentação faz-se com naturalidade. é preciso que seja clara. Seu dia de trabalho começa invariavelmente às 7 horas da m anhã. é invenção. capaz de. O propósito principal da ilustração hipotética é tornar mais viva c mais impressiva um a argumentação sobre temas abstratos. um a tese ou opinião. e. Os fatos evidentes ou notórios são os que mais provam. funcionem realmente como prova. romances de protesto.. objetiva. para não falar da adequação à idéia que se defende. Mais eficaz. A ilustração real descreve ou narra em detalhes um fato verdadeiro. seu valor de prova é relativo. O que se espera da ilustração real é que. sujeitos como estão à evolução da ciência. O fato de o Professor Fulano de Tal se ver na contingência de dar. ademais. A primeira. É. Muitas vezes. prescinde da con­ dição de verossimilhança e de consistência. Exemplos — Exemplos são fatos típicos ou representativos de determina­ da situação.C o m u n i c a ç ã o P rosa M o d e r n a Temos dito mais de uma vez que só os fatos provam. porque o instituto de previdência a que pertencem não os pode aten­ der em condições satisfatórias. só eles conven­ cem. sintomática e obviamente relacionada com a proposição. desde que o exagero não a transfor­ me em dramalhão. cujo enredo se pode então ligeiramente resumir. tem-se a ilustração. Mas nem todos os fatos são irrefutáveis. com a sua primeira aula a uma turma de quarenta ou mais alunos. . em colégios particulares. Há duas espécies de ilustra­ ção: a hipotética e a real. da técnica e dos próprios concei­ tos ou preconceitos de vida: o que era verdade ontem pode não o ser hoje. tornar mais clara. apóie ou justifique detenninada declaração. seu valor como prova é muito relativo. por si só.. até mesmo duvidoso. de fato. Para isso. Depois de um a ou duas ho­ ras para o almoço. Provo a defi­ ciência da previdência social. sustente. Mas. enfim. em conversa. desde que fidedigno ou autorizado. Entretanto. Entretanto.3 Argumentação informal A argumentação informal está presente em quase tudo quanto dizemos ou escrevemos por força das contingências do cotidiano. porque com­ prou um apartamento dúplex na Avenida Atlântica e passou dois anos excursionando pela Europa (razões = prova — evidência). uma cifra respeitável. ex­ pressamos nossa opinião sobre fatos ou idéias. da exposição puramente narrativa ou descriti­ va — é essencialmente argumentação. é preciso ter cautela na sua apresen­ tação ou manipulação. Toda argumentação consiste. relatando episódios ou incidentes do cotidiano. com os mesmos dados estatísti­ cos. estamos. se foram 30. concordar conosco. Têm grande valor de convicção. numa declaração seguida de prova (fatos. seu valor de prova é inegável. os candidatos? Se foram cerca de 6. e não ao “autorizado”): 0 mesmo fato presenciado por várias pessoas pode assumir proporções e versões as mais diversas.000. Testemunho — O testemunho é ou pode ser o fato trazido à colação por intermédio dc terceiros. procurando fazêlo aceitar nosso ponto de vista. já que sua validade é também muito relativa: com os mesmos dados estatísticos tanto se pode provar como refutar a mesma tese. descrevendo. dos sil. porque este ano. Quase toda conversa — salvo 0 caso. a percentagem de reprovação. o testemunho continua a merecer fé até mesmo nos tribunais. eles iefirçaurtcninadar. mas fatos es­ pecíficos. Pode ser falsa ou verdadeira a conclusão de que o ensino fundamental no Brasil é muito deficiente. com que se pretende provar a deficiência do nosso ensino médio. só no Rio de janeiro. Se é certo que muitas pessoas — sobre­ tudo as mulheres — só sabem conversar “contando. iceiioje. Entretan­ to. inventando”. constituindo quase sempre prova ou evidência incontestável. as­ sim. quantos foram. aliás freqüente. 4. . apesar das suas falhas ou vícios.O t h o n ven:ivo. de qualquer forma. fazê-lo. não é menos certo que. ?roda îos. 3. posso chegar a conclusões opostas. é de 50%.000 candidatos às escolas superiores. toda vez que. em essência. Sua presença na argumentação em geral constitui. foram re­ provados. imo ou iva. isto é. revivendo casos ou peripécias. evidência). sinal de excelente resultado. o que não é grave. sua eficácia é também relativa. tica for1sópe:nte M. Têm-se feito experiências para provar como o testemunho pode ser falho (refiro-me. narrando. 110 total. valioso elemento de prova. ao testemunho “visual”. é. Portanto.000 os candidatos? A percentagem de reprovados passa a ser apenas de 10%. razões. Mas. Se autorizado ou fidedigno. índice realmente lastimável. evidentemente. Argumento quando declaro com a m aior naturalidade: Joaquim Carapuça está muito bem de vida (declaração). aparentem ente. hoipérais îrso lais jito iro. tentando convencer aquele pequeno auditório das “rodinhas”. digamos. antes pelo contrá­ rio. G a r c i a ♦ 383 Dados estatísticos — Dados estatísticos são também fatos. la e trahide:on0 à ide. Três mil candida­ tos é. porque admite divergência..384 ♦ c O M U N I C A Ç Â O EM PROSA MODERNA Mas esse tipo de argumentação informal corre freqüentemente o risco de ser falacioso. recebeu uma heran­ ça ou. opinião) Como se trata de contestar ou refutar. constituído por três ou quatro estágios. tirou a sorte grande. formar-lhe o caráter. através de um a forma verbal do tipo: “Dizem que (ou Você diz que.3. educa. estou certo apenas quanto à declaração (ter-me pago os mil reais) mas posso estar errado quanto às razões (ter recebido o salário do mês). houve apenas inferência. O esquema. muitos acredi­ tam que. Trata-se de uma proposição argumentável. Portanto. só ele é realmente eficaz quando se deseja corrigir a criança. Vejamos um exemplo: Suponhamos que alguém diz ser o castigo físico a melhor maneira de educar a criança. Admitamos que se queira contestá-la.. será. portanto. Neste caso. a argumentação assume estrutura mais complexa. 4. Proposição (declaração. b) contestá-la. a pancada.. tese. provar que o castigo fí­ sico não educa. é evidente que a declaração deve ser atribuída a outrem . dedução pelo raciocínio. Cremos que o conhecimento da sua estrutura pode ajudar grandemente o estudante a argumentar com segu­ rança e objetividade. / Estrutura típica da argumentação informal em língua escrita ou falada Q uando a natureza da declaração implica desenvolvimento de idéias abstratas. a partir de indí­ cios e não de fatos. isto é.. de uma argumentação por contestação da proposição: Primeiro e st á g io 1. com um a “ar­ quitetura” mais trabalhada. Embora seja mais comum na língua falada — o que talvez justifique a denominação informal — dela nos servimos também com m uita freqüência na linguagem escrita. visto ser possível terem sido outros os motivos (acertou no jogo-do-bicho ou numa acumulada do jóquei. pode-se: a) provar a validade dessa declaração.” . pediu emprestados dois mil reais para pagar os mil que me devia). Fulano declarou que. é opinião generalizada que) só o castigo físico. Se digo que “Fulano já deve ter recebido o salário do mês porque me pagou os mil reais que me devia”. quando a declaração se baseia apenas em indícios. mas — frise-se bem— só em certos casos. seja um bom corretivo. nossa argum en­ tação acaba. é indiscutível) que. etc. Neste caso. você te n h a ra z ã o . p ossível qu e.. exemplos de casos particulares que parecem confirmar a tese. basta atentar em certas cir­ cunstâncias. pode não haver. o número de casos ex­ cepcionais. em certos caso s.). talv ez te n h a m r a z ã o . quase sempre — já que se trata de opor aos argum entos favoráveis precedentes..” Em seguida. passamos diretam ente da pro­ posição à contestação. assim mesmo. a qual se vai adiante contestar (criança muito rebelde. A concordância parcial (fique a denominação) reflete um a atitude natural do espírito em face de certas idéias ou teses. ou à propo­ sição toda.” “Em p a rte . então. o autor. ou falante. provas. pois é incontestável que existem quase sempre “os dois lados da m edalha”. em poções medi­ camentosas. sem “escam otear”.. tiro pela culatra. só em cer­ ta medida. excepcionais. ineficácia de outros corretivos. ou o trecho da . Sem essa cautela. Portanto. juntam -se as razões.. Entretanto. Na argumentação. que é o Terceiro est á g io 3. Concordância parcial Na concordância parcial (não sabemos que outro nome dar ao segun­ do estágio deste tipo de argum entação informal). uma feição verbal semelhante às seguintes (de teor concessivo): “E v e rd a d e (é certo. a panca­ da seja aconselhável. só em condições muito especiais e. fatos. muitas idéias adm i­ tem concordância parcial ou contestação parcial: basta encará-las do ponto de vista geral ou do ponto de vista particular. é possível que a pancada eduque. corremos o risco de ser contraditórios ou de oferecer as melhores razões à parte contrária. ra­ zões para uma concordância parcial. em certo s caso s.. outros.2 . convém dosar bem ou restringir.” “F. em certos fatores. é ev id en te. é natural admitir que. reincidência provo­ cadora.. contrários — o período ou parágrafo. em certos casos particulares.. ou é possível que não encontremos. Mas. este estágio assume usualmente... para dispormos de argumentos favoráveis à nossa tese. Contestação ou refutação (é o “miolo” desse tipo de argum entação) Aqui tam bém a forma verbal assume feição típica. homeopáticas. reco­ nhece que em certos casos. ou mesmo invariavelmente.. Fr.. cria complexos. aproveitando a tese proposta..fala na língua oral. que se pode. em certa m edida. “portanto”. revolta. tendo “é verdade que”. de preparar o espírito do leitor. por outro lado.7 e 1.. Tais partículas encabeçam períodos ou parágrafos em que ne­ gamos (argumentação por refutação) ou confirmamos o teor da proposição: “Logo (por conseqüência. discordância. 1.. é antipedagógico. habitual nessas estruturas concessi­ vas).. na maioria dos casos.. até mesmo. por “é verdade”. ele é condenável.” Seguem-se então a essa frase inicial da contestação as razões expressas em orações encabeçadas geralmente por conjunções explicativas ou causais: “.” “Entretanto. mas aceitável como reforço ou ênfase e.. primeiro.. “é certo”. que decorre naturalmente das provas ou argumentos apresentados. esses dois estágios expressam um pensam ento essenci­ alm ente concessivo. pleonástico. Conclusão Não existe argumentação sem conclusão. de indicar em que termos ou extensão se concorda com o que está declarado antes. “por conseqüência” e. principalmente. e por um a oração adversativa.” a função. resultante do enlace semântico entre os enunciados in­ troduzidos.” E claro que a série de razões deste terceiro estágio deve ser mais nu­ merosa e.. objeção parcial). pois é evidente que não se con­ testa com provas mais frágeis do que aquelas com que se justificou a concor­ dância parcial..porque humilha. e. como se sabe... “de forma que”." .” Q uarto e st á g io 4. por isso. portanto. é um mé­ todo de educação condenável.. entretanto (esse “entretanto” é. Tanto é pensa­ m ento concessivo. a pancada não educa.6.2) — advém da presença da oração adversativa. construir um simples período em que entre uma oração de “em bora” ou equivalente: “Embora o castigo físico possa. “logo”. As principais partículas típicas da conclu­ são são.6. Em conjunto. que se vai enunciar a seguir (a partir da oração adversativa). de forma que) nao se devem es­ pancar as crianças. “é certo que. segundo. se iniciam com um a conjunção adversativa ou expressão equivalente: “Mas. na maioria dos casos. aqui. respectivamente. mais ponderável. porque.7. ou ouvinte. que lhe correspondam.. ser eficaz.. E evidente que a idéia de concessão — que se filia à de oposi­ ção e de ausência de condição (rever 1. na maioria dos casos.. para a restrição (contestação.. porque. como acontece com mais freqüência. um para cada estágio. 69 Aceite os fatos. pode exigir. 49 Veja se o opositor apresentou uma evidência adequada ao argumento empregado. a complexidade do assunto. ou a vários deles. mas demonstre que foram mal empregados.O t h o n m. o desenvolvi­ mento. o teor da proposição. tanto na língua fa­ lada quanto na escrita. 59 Escolha um a autoridade que tenha dito exatam ente o contrário do que afirma o seu opositor.Procure atacar os pontos fracos da argum entação contrária. por exemplo. . 4. esse tipo de argumentação pode reduzir-se a um simples parágrafo (correspondente na oral a uma só fala não interrompida pelo interlocutor). Entretanto. levando os argumentos contrários ao máximo de sua extensão.4 Normas ou sugestões para refutar argumentos W hitaker Penteado. que provem exatam ente o contrá­ rio dos argumentos que lhe são apresentados pelo opositor. é comum repor­ tar-se a conclusão à situação que a criou: “Porianto. Em alguns casos.” Na língua escrita. Muitas argumentações alongam-se por várias páginas. 89 Cite outros exemplos semelhantes. 79 Ataque a fonte na qual se basearam os argumentos do seu opositor. quando se procura negar tese ou opi­ nião alheia. Essa é a estrutura típica da argumentação informal. não acho que você deva espancar seu filho como acaba de fazer. Depois de dizer que a maneira de contestar argumentos depende de fatores pessoais e de circunstâncias vá­ rias. a proposi­ ção será verdadeiramente o tópico frasal. um pai que espanca o filho diante de nós. Comece por ele. incidente). G a r c i a ♦ 387 Muitas vezes. principalmente na língua falada. com ou sem concordância parcial. em outros. o Autor apresenta-nos as seguintes sugestões: “l 9 Procure refutar o argumento que lhe pareça mais forte. a argumentação é provocada por um a situação real (fato. e os demais estágios. por confirmação. No primeiro caso. 2. ou que defen­ de em conversa a conveniência da pancada. no caso do castigo físi­ co. tudo dependendo da maior ou menor complexidade das idéias postas em discussão. arrola algumas sugestões para refutar idéias ou argumentos. Nesses casos. ela se faz por contestação ou refuta­ ção... na sua excelente obra já citada. 39 Utilize a técnica de “redução às últimas conseqüências”. maior número de parágrafos: quatro pelo menos. definida. em parte. da informal: até sua estrutura e desenvolvimento podem ser. Nesse caso. pois deve haver quem discorde da existência de umas ou de outras.” (Op. a proposição deve ser. afirmativa e su­ ficientemente específica para permitir uma tom ada de posição contra ou a favor. Não se pode argumentar com idéias a respeito das quais todos.1 Proposição A proposição. convencidos. seria inútil tentar convencer-nos daquilo de que já estamos.9° Demonstre que a citação feita pelo opositor foi deturpada.. quer dizer. a proposi­ ção poderá configurar-se como: Porque a Previdência Social oferece (ou não) aos trabalhadores toda a assistência que dela se deve esperar ou Deficiências da assistência médica prestada pelo instituto X no ano tal no Estado tal. Por outro lado. Quem discutiria a declaração ou proposição de que o homem é mortal ou um ser vivo? Quem discutiria o valor ou a impor­ tância da educação na vida modema? Se argumentar é convencer peia evi­ dência.5 Argumentação formal A argum entação formal pouco difere.. sim. cit. deve ser clara. é possível argumentar. explanação ou interpretação. indiscutível. a democracia. Argumentação implica. Para submetê-las à argumentação é necessário delimitá-las e apresentá-las em tennas de opção: previdência so­ cial. argumentáve/. já que admite diver­ gências de opiniões. por exemplo. doutrina ou princípio. pesquisas) já tenham pro­ vado a verdade da tese.. p. Corno argumentar a respeito de generalidades tais como a previdência social. Isto leva a crer que as questões técnicas fogem à argumentação. 4. inconfundível quan­ to ao que afirma ou nega. a caridade.. a proposição torna-se argumentável. desde que os fatos (experiências. não pode ser uma verdade universal.. é indispensável que seja. de preferência. Além disso. a liberdade? Proposições va­ gas ou inespecíficas que não permitam tomada de posição só admitem dis­ sertação. assim. absoluta­ mente todos. incontestá­ vel. divergência de opinião. antes de mais nada. Fatos não se discutem. 242) 4. . mas em que sentido? Trata-se de mostrar a sua importância? Quem o contestaria? Trata-se de assinalar as suas falhas ou virtudes em determ ina­ do instante e lugar? Sim? Então. Le. 10s Analise cuidadosamente os argumentos contrários.. pela apresentação de razões. em essência. Posta em termos semelhantes. estão de acordo. dissecando-os para revelar as falsidades que contêm. Mas a formal exige outros cuidados. a propaganda. os mesmos. com a omis­ são de palavras ou de toda a sentença que diria o contrário do que quis dizer o opositor.5. é de suma importância a ordem em que as provas são apresentadas.4). para influenciar o leitor ou ouvinte. que não costuma aparecer na argumentação in­ formal. sem o saberem.. Quase sem­ pre. pelo menos. Muitos são comuns também à dissertação: confrontos flagrantes. compa­ rações adequadas e elucidativas. entretanto.5. palavras de sentido intencional. adota-se a ordem gradativa crescente ou climática. 5. que. comparações. Se a proposição é. Urge. testemunho autorizado. aquela em que se parte das provas mais frágeis para as mais fortes. principalmente na língua falada. “democracia” e “liberdade”. elas acabem impondo-se por si mesmas: esse é o momento de enunciá-las. “A democracia é o único regime político que respeita a liberdade do indiví­ duo”.1.. autenticidade. narrações). definir com precisão o sentido das palavras (rever. fidedignidade. Outro recurso de convicção consiste em manter o leitor como que em suspense quanto às conclusões. portanto.2 Análise da proposição A análise da proposição.3. por atribuírem a determinada palavra ou ex­ pressão sentido diverso. mais irrefutáveis. mantendoo por tempo demasiado na expectativa da conclusão. estatísticas.3 Formulação dos argumentos A formulação dos argumentos constitui a argumentação propriamente dita: é aquele estágio em que o autor apresenta as provas ou razões. descrições.5. a respeito da definição). . o supor­ te das suas idéias. Mas deve lembrar-se da paciência e da re­ sistência da atenção do leitor para não cansá-lo nem exasperá-lo. e até mesmo anedotas. que de­ clare. a que seja mais capaz de impressionar o leitor ou ouvinte. até um ponto de saturação tal. abstrato. em suma. logo de saída. ao contrário do que se faz na refutação.1. 4. importa que o autor ou orador defi­ na também. Além disso. ilustrações. O autor deve lembrar-se de que só os fatos provam (fatos no sentido mais amplo: exemplos. torna-se talvez necessário conceituar ou definir primeiro. constitui na formal estágio da maior importância. o autor deve escolher a que melhor se ajuste à natureza da sua tese. a fim de impedir que o debate se tome estéril ou inútil. 1. e por isso sujeitas ao malabarismo das múltiplas interpretações. várias ve­ zes iminentes mas não declaradas. Existem ainda outros artifícios de que o argum entador pode servir-se para convencer. isto é. 1. a sua posição de maneira inequívoca. G a r c i a ♦ 389 4.O t h o n M. sem possibilida­ de de conclusão: os opositores. É aí que a coerência do raciocínio mais se impõe. desde que apresentem aquelas condições de quantidade suficiente (enumeração per­ feita ou completa). Ord. Além da definição dos termos. o que pretende provar. 4. Antes de começar a discutir é indispensável definir com clareza o sentido da proposição ou de alguns dos seus termos a fim de evitar mal-enten­ didos. vago.3 a 1. a propósito. Com. relevância e adequação (rev. alusões históricas per­ tinentes. por exem­ plo. podem estar de acordo desde o início. a essência da proposição.l a c o m o e x e m p l o . h á d e p r o v á . insofismáveis. testem unho. Conclusão 4 R e f e r in d o . se bem que sucintamente. n o s e u c o n h e c id o Serm ão da Sexagésima: “ H á d e t o m a r o p r e g a d o r u m a s ó m a t é ria . O segundo refere-se à necessidade de se anteciparem.la p a r a q u e s e c o n h e ç a . e m 1 6 5 5 . pontos que ele. h á d e c o n c lu ir . c o rn o s in c o n v e n ie n t e s q u e s e d e v e m e v ita r. Proposição (afirmativa. h á d e d e c la r á . sem dúvida. ou se preverem possí­ veis objeções do opositor ou leitor. consiste em pôr em termos claros. englobará na conclu­ são final. h á d e a c a b a r . prova ou razão) 2. exemplos. h á d e c o n f ir m á .5. c o m o s e fe ito s.5 Plano-padrão da argumentação formal 1. h á d e a m p lif ic á . e m e s s ê n c ia . não deve conter em si mes­ ma nenhum argumento. h á d e r e s p o n d e r à s d ú v id a s .4 Conclusão A conclusão “brota” naturalmente das provas arroladas. a r g u m e n t a ç ã o . c o m a s c o n v e n iê n c ia s q u e s e h ã o d e s e g u ir .” . ilustrações. 4. O primeiro diz respeito à conveniência de o autor frisar. e d e ­ p o is d is s o h á d e c o lh e r . h á d e s a t is f a z e r a s d i f i c u l d a ­ d e s. h á d e d e f in i. uma simples re­ capitulação ou mero resumo: em síntese. Sendo um arremate. j á d i z i a o p a d r e A n t ô n i o V ie ir a . para refutá-las a seu tempo. h á d e a p e rta r. ela não é. Análise da proposição 3. Formulação dos argumentos (evidência): a) b) c) d) e) fatos.la c o m a r a z ã o .la c o m as c a u s a s .s e a o s e r m ã o . semelhante à da argumentação informal. de maneira tanto quanto possível enfática. os pon­ tos principais da sua tese. h á cle p e r s u a d ir . dados estatísticos. isto é.la c o m a E s c r i t u ­ ra. como aliás em toda conclusão explícita.Por fim.4 4.5. cabe ainda lembrar dois outros fatores relevantes. h á d e d iv id i. h á d e i m p u g n a r e r e f u t a r c o m t o d a a fo rç a d a e l o q ü ê n c ia o s a r g u m e n t o s c o n t r á r io s . dos argumen­ tos apresentados. nas ocasiões oportunas. entretanto. Sua estrutura verbal é. suficientemente definida e limitada. c o m a s c ir c u n s t â n c ia s . q u e é. 4.l a p a r a q u e s e d i s i i n g a . em i. e de- . há de Escrirucom as com os ficulda3. TÉC. RED. .Redação técnica tira.O i t av a P arte 8. Mas tais revelações são raras. experiências e pesquisas. . com muitas das suas variedades todos nos fa­ miliarizamos facilmente. de “praias de banho”. de “piqueni­ ques”. de processos. que leva em conta.1. e. das quais nem sequer ouviram falar nas salas de aula. propiciando a revelação de vocações literárias. precipuam ente ou exclusivamente. como “abertura de caminhos para outros ru­ mos”. pesquisadores — quer de nível m é­ dio — mecânicos. de “minhas férias”. Apesar de apresentarem ambas certa feição cabalística. futuros técnicos em geral. que servem. Seguindo es­ ses moldes. São evidentemente exercícios úteis e indispensá­ veis. E os outros. que exige treinam ento especial. tanto é certo que existe ern cada um de nós. o feitio artístico da composição. desenhistas — terão de fazer outras espé­ cies de composição. narrações de “passeios ao campo”. médicos. um funcionário público em estado de latência como sinal da nossa brasílica vocação burocrática. relatórios e teses.1 Redação literária e redação técnica Os compêndios e manuais adotados no curso fundamental ensinam que há três gêneros principais de composição em prosa: a descrição. além do mais. E a classificação tradicional. de funcionamento de mecanismos. a “amizade”. que poderiam ser englobadas na denom inação genérica de “correspondência administrativa”.0 Descricão técnica 1. mas profissionais de quem se exige preparo mais prático? Esses outros. eletricistas. tanto do curso fundamental quanto do universitário: descrição de peças e aparelhos. de sumários e resenhas científicas e outros tipos de redação téc­ nica ou científica. os que as têm acabam mais tarde “abrin­ do caminho” por si mesmos. quer de nível universitário — engenheiros. os professores vimos ensinando como fazer descrições de “pôr-dosol”. o “dever” e temas quejandos. a narra­ ção e a dissertação. redação de artigos científicos. nos quatro cantos deste Brasil imenso. ainda que o não fossem. economistas. de m anuais de instrução. Os únicos exercícios de composição não literária propriam ente dita que se fazem no curso fundam ental (de hum anidades ou de comércio) são os de “redação oficial” e de “correspondência comercial e bancária”. os que não serão literatos. dissertações sobre “meus colegas”. 2. 1 2 O p. a re­ levância da clareza. preocupando-se de preferência com a objetividade.”2 A bem dizer. Hoje — um “hoje” que já não é recente —. corre­ ção. pode o leitor pensar que redação técnica é al­ gum bicho-de-sete-cabeças.. entret rias espécies mas também . Muito diversas % um a borboleta feitas por j mologista debruçado sobre . p . a outra m inantem ente denotativa. há muito tempo que seu futuro já não depende exclusivamente da habilidade am anuense de re­ digir minutas de decretos. redação técnica é “qualquer espécie de linguagem escrita que trate de fatos ou assuntos téc­ nicos ou científicos”. etc. toda composição que deixe em segundo plano o feitio artístico da frase. Nesse caso.1 Ressalte-se. do restrito que passamos £ técnica ou redação científica. ensinar também aos nossos jovens coisas menos líricas ou menos burocráticas.).2 0 que é redação técnica Por essa introdução. as atividades de iniciativa privada se avolumaram de tal forma e tal complexidade atingiram. parece conceito pacífico o de que tal expressão designa apenas aquelas formas de comunicação escrita de incontestável caráter ci­ entífico.1. a efi­ cácia e a exatidão da comunicação.6 — é bem divei encarregado de um incuen de morte. cit. 3. Na verdade. Urge. e ao 1. nam ento de mecanismos. as teses e dissertações guns não chegam a ter indr outros. filo­ sofia da vida e deduções são necessariamente subjetivas. experiência pessoal. convencendo. ofícios e requerimentos. dimensões. < A descrição técnica p cia. além sável apresentar certo núm vamos limitar-nos à descriç de redação científica. entretanto. objetividade. etc. 1. que já não tem cabimento limita­ rem-se as nossas escolas e compêndios ao ensino exclusivo de descrições de “pôr-do-sol” ou de redação de ofícios. a redação oficial. como faz a própria Autora. há m uito tempo. ne] exatidão dos pormenores e e os requisitos de expressiv recer. não obstante constituem parte integrante de qualquer redação técnica m eritória. e especialmente da área das ciências experimentais.3 Descrição de ol A descrição técnica a rais da literária. Entretanto. 1. Mas dem sê-lo também da liter de composição é o objeciv Queirós faz da sala de Jac Par. lugares.3. ordenação lógica. que é enorme nas em­ presas privadas. 6 . mas um a objetividade com pletamen­ te desapaixonada torna o trabalho de leitura penoso e enfadonho por le­ var o Autor a apresentar os fatos em linguagem descolorida. a literi se em objetividade. da lógica e da precisão. eventos. p . ênfase. pois.1 Tipos de redai Há diversos tipos de i cas propriam ente ditas. crenças. os rios. Na definição sumária de M argaret Norgaard. os princípios básicos em que se assenta são os mesmos de qualquer tipo de composição (clareza. peso. Não é.394 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a Ora. felizmente. É nesse senti­ 1 A te c /m ic íií w r ite r f c h a n d b o o k . pos de redação técnica exij pode comportar. cluir um grande número dc em revistas científicas sob £ O estudo da estrutur.). a correspondência comercial e ban­ cária. qualidades que não excluem a imaginação. p fatos. sem a marca da sua personalidade. “A redação técnica — acrescenta a Autora — é necessariamen­ te objetiva quanto ao ponto de vista. como as duas prime im portante de todos. portanto. porém. pode ser considerada como redação técnica. com o du­ plo objetivo de lhes ensejar melhores oportunidades de trabalho e de aten­ der à crescente dem anda de pessoal especializado. e cujo estilo “não deve ser diferente de outros tipos de composição”. Opiniões pessoais. embora sua es­ trutura e seu estilo apresentem algumas características próprias. coerência. os papéis e documentos notariais e forenses constituem redação téc­ nica. que o Brasil deixou de ser essen­ cialmente terra de bacharéis e funcionários públicos. peso. Al­ guns não chegam a ter individualidade própria. Uma traduzse em objetividade. as descrições de um a borboleta feitas por um romancista em cena bucólica e por um entomologista debruçado sobre o microscópio.O t h o n M. procedimentos. fases de pesquisas). nele se pode in­ cluir um grande número de trabalhos de pesquisas usualm ente publicados em revistas científicas sob a denominação genérica de “artigos”.1. dada a sua estrutura. a fenômenos. da que faria um policial encarregado de um inquérito. Muito diversas hão de ser. a outra sobrecarrega-se de tons afetivos. os manuais de instrução. nela se sublinha mais a precisão do vocabulário. dimensões. se na mesma sala tivesse ocorrido um crime de m orte. convencendo. porém. como as duas primeiras citadas e mais o sumário científico.2. A descrição técnica deve escla­ recer. os pareceres. fatos. A descrição técnica pode aplicar-se a objetos (sua cor.). e ao relatório. os relató­ rios. O que. G a r c i a ♦ 395 do restrito que passamos a em pregar as expressões equivalentes redação técnica ou redação científica. forma. as teses e dissertações científicas (monografias em geral) e outros. eventos. 1. lugares. quanto ao objetivo. O estudo da estrutura e das características formais dos diferentes ti­ pos de redação técnica exigiria um desenvolvimento que esta obra já não pode comportar.6 — é bem diversa. predom inantem ente conotativa. 3. a literária deve impressionar. pelo mesmo motivo. Uma é predo­ m inantem ente denotativa. etc.1 Tipos de redação técnica ou científica Há diversos tipos de redação técnica: as descrições e narrações técni­ cas propriam ente ditas. O mais im portante de todos.3 Descrição de objeto ou ser A descrição técnica apresenta. entretanto.3. agradando. vamos limitar-nos à descrição técnica. Em virtude disso. além das prescrições de ordem geral. a aparelhos ou mecanismos. seria indispen­ sável apresentar certo número de modelos comentados. já que são sempre parte de outros. eles po­ dem sê-lo também da literária. distingue essas duas formas de composição é o objetivo e o ponto de vista: a descrição que Eça de Queirós faz da sala de Jacinto — segundo o exemplo que oferecemos em Par. pois. então. que está presente em todos os tipos de redação científica. a outra. aparên­ cia. é o relatório. não só porque há dele vá­ rias espécies mas também porque. a exatidão dos pormenores e a sobriedade de linguagem do que a elegância e os requisitos de expressividade lingüística. Mas nenhum desses tem as lhe é exclusivo. é claro. . a processos (funcio­ nam ento de mecanismos. m uitas das características ge­ rais da literária. 1. um a vitrola ou um a máquina de lavar roupa podem ser des­ critas do ponto de vista: a) do possível com prador (legenda de propagan­ d a). cit. leigo —. descrição de campo ou de laborató­ rio. g ira em q u a tro p o n to s d e a p o io e ac io n a o eixo ex c ên tric o p o r m eio d e e n g re n a g e n s o b líq u as. destacando o colorido dorsal. São fatores que preci­ sam ser levados em conta. A descrição tipicamente científica. em grande parte nominais. os dentes. como no seguinte exemplo. ela se caracteriza por um a estrutura de fra­ ses curtas. dele dependem a forma verbal e a estrutura lógica da descrição: qual é o objeto a ser des­ crito (definição denotativa)? que pane dele deve ser ressaltada? de que ângulo deve ser encarado? que pormenores devem ser examinados de pre­ ferência a outros? que ordem descritiva deve ser adotada? (lógica? psicoló­ gica? cronológica?) a quem. situ a d a s nos cab eç o te s. p.3 O seguinte exemplo pode dar-nos um a idéia do que deve ser esse tipo de composição: O m o to r e s tá m o n ta d o n a tra se ira d o ca rro . etc. as narinas. sã o c o m a n d a d a s p o r m e io d e tu e h o s e balan cin s. e vai detalhando: os olhos.. c) do técnico encarregado da sua m ontagem ou instalação. b) do usuário (o jovem ou dona-de-casa que de uma ou de outra se vão servir). a lín­ gua. com tê m p e ra esp ec ial n o s colos. a qual. Os cilin d ro s e s tã o d isp o sto s h o ri­ z o n ta lm e n te e o p o sto s dois a dois. os membros superiores e inferiores. pois o emprego de termos técnicos está reduzido ao mí­ nim o indispensável ao seu esclarecimento. o tímpano. a que espécie de leitor se destina? a um leigo ou a um técnico? Assim. As válv u las. O seguinte fragmento é ilustrativo: ■* O exemplo é de Norgaard. está fix a d a p o r coxins d e b o r ra ­ ch a na e x tre m id a d e b ifu rc a d a d o chassi. d) do técnico que terá eventualm ente de consertá-la. O v irab req u im . d e co m ­ p rim e n to re d u z id o . p o r su a vez. Neste caso. A ordem da descri­ ção é a lógica: o Autor começa pela cabeça (suas dimensões em relação ao corpo). fix ad o p o r q u a tro p a ra fu ­ sos h caixa d e câm b io . M an u a l de instruções (V olksw agen) Trata-se de parágrafo de descrição que tem em vista o usuário — em geral. .396 ♦ Comunicação em P rosa M oderna O ponto de vista é tão im portante quanto o objetivo. em que o Autor faz a descrição de um holótipo de Hyla rizibilis. As bielas c o n ta m com m a n ca is d e ch ttm b o -b ro n z e e os p istõ es são fu n d id o s d e u m a lig a d e m e ta l leve. consiste muitas vezes numa enumeração detalhada das características do objeto ou ser vivo. pois deles dependem a extensão. op. O último parágrafo da descri­ ção é destinado a indicar a aparência cio conjunto. C ada p a r d e c ilin d ro s tem u m cab eço te c o m u m d e m e ta l leve. livre d e v ib raçõ es. 164. a estrutura e o estilo da descrição técnica. . et alii. o mostrador. as fases da fabricação de um produto. ausência de afetividade lingüística.4 Descrição de processo Quando o propósito é mostrar o funcionamento de aparelho ou me­ canismo ou os estágios de um procedimento (como. Werner C. p. Report w riting . modo de operação ou funcionamento (pêndulo). Conclusão 1. “Unia nova espécie de Hyla da Serra do Mar em São Paulo". muitas delas nominais. r> GAUM. p. 24.O t h o n M. P olegar com p re p ó le x ru d im e n ta r. p. dezembro. A transcrição do plano foi feita com ligeiras adaptações na tradução. Eric M. G a r c i a ♦ 397 M em bros a n te rio re s cu rto s e ro b u sto s. 3. limitamo-nos apenas ao plano. 431. a que Gaum6 dá o nome de exposição narrativa. . cujas características principais são: 4 BOKERMANN. etc. D edos lo n g o s e ro b u sto s. os e x te rn o s u n id o s p o r u m a m e m b ra n a v estig iá ria. Eric M. suficiente por si mesmo como ori­ entação: Plano da descrição de um relógio de parede5 1. Revista Brasileira de Biologia . aparência: alto.4 Note-se: vocabulário de sentido exclusivamente denotativo ou extensional. Readable writing. daqueles antigos. 5 STEEL. frases curtas.. de um a investi­ gação ou sindicância). com tais e tais dimensões. por exemplo. n. c) o mecanismo. o a n te b ra ç o m a is d esen v o lv i­ d o d o q u e o braço. A. Discos d o ta m a n h o d o tím p a n o . b) o mostrador. Rio. Cari G. 61. Visão de conjunto: a) b) c) d) função ou finalidade: marcar o tempo. Descrição detalhada das partes: a) a caixa. o d o p o le g a r um p o u co m enor. tem-se a descrição de processo. 33. de madeira. Como o trecho é muito extenso. Steel dá-nos um exemplo muito ilustrativo de descrição de objeto — um relógio de parede. 1964. calos su b a rtic u la re s e carpais b em d esen v o lv id o s. de um trabalho de pesquisa. 4. 2. partes componentes: a caixa. v. etc. grá­ ficos. A fig u ra 7 9 7 m o stra-n o s r e s u m id a m e n te to d o o p ro cesso a c im a d e sc rito . transm itidas pela antena). Esse tipo de descrição é. sons captados. q u e fo rn ece a o n d a a se r irra d ia d a p ela E stação . 7 Omitimos a ilustração da fig. m apas. ênfase na ação. diagramas. o interesse da descrição de processo não deve depender da expectativa ou suspense. etc. sã o co n d u z id a s a u m pré-am plificador de m icrofone. miolo ou corpo de quase todos os relatórios técnicos é. q u e as am p lifica c o n v e n ie n te m e n te . pode tom ar-se confusa. correntes elétricas conduzidas e 49. Curso p rá tico de rádio. um a exposição narrativa. por fim. que deve ser suficientemente detalhada.E (a lta fre q ü ên c ia) se rá m is tu ra d a com as c o rre n te s d e so m a m ­ p lific ad a s p e lo m odulador. O núcleo.E m isturada com as correntes amplificadas e. o mais difícil por exigir do autor não apenas conhecimento completo e pormenorizado do assunto. em essência. mas tam ­ bém muito espírito de observação e senso de equilíbrio: se ela sai por de­ mais detalhada. O seguinte parágrafo pode servir como amostra de descrição de pro­ cesso: Transm issão de um program a de rádio Os sons q u e se p ro d u z e m d e n tro d o c a m p o d e a ç ã o d o m ic ro fo n e são p o r estes ca p ta d o s e tra n sfo rm a d o s e m c o rre n te e lé tric a eq u iv a le n te . 69. (M artins. e tra n sm itid a s n o esp aç o p o r m e io d e u m a a n te­ na transm issora. E stas c o rre n te s. O. transformados. pode revelar-se incom pleta ou inadequada. Por isso é que quase toda descrição de processo vem acom panhada de ilustração (desenho. d e ­ p ois d o q u e são tra n sfe rid a s p a ra u m a m p lifica d o r d e g ra n d e s d im e n sõ e s. Existe n o e q u ip a m e n to tra n sm isso r u m circ u ito g e ra ­ d o r d e a lta fre q ü ên c ia. 79. 5e. 39. onda de R. ausência de suspense: ao contrário da narração literária. transferidas a um amplificador de grandes dimensões. indicação clara das diferentes fases do processo. Esta o n d a d e R. . b) os estágios sucessivos do processo (1Q. 29. objetividade: nada de linguagem abstrata ou afetiva. referida no texto. c h a m a d o m odulador. p. 127) Note-se: a) o propósito (transmissão de programa de rádio). um a descrição de processo. amplificadas.398 ♦ a) b) c) d) e) C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a exposição em ordem cronológica.. d ev id o ao fato d e se re m e x tre m a m e n te fra c a s. se muito simplificada. não apenas como esclarecimento indispensável mas ainda como meio. talvez. por assim dizer. de “dosar” os detalhes. 79.).N. voz passiva e não ativa.”. apesar do vocabulário técnico. se p a ra d o e la v ad o v ária s v ezes. acid ificad o co m ácid o clo ríd rico ao v e rm e lh o C o n ­ go. em ebulição.5 g d e cia n to lin a em 5 0 0 m l d e p irid in a . A pós esse p erío d o . Qual é o objeto? 8 M A R T IN S FILHO. podemos esboçar o seguinte plano-padrão para a des­ crição técnica de objeto e de processo. e. 2. e o to ta l dos líquidos. Note-se ainda o feitio impessoal da exposição narrativa: “dissolveram-se. “refluxamos” ou “aquecemos”. 35. características. O resíd u o d o fil­ tro foi la v ad o com 20m l d e ág u a q u e n te (80°C ). q u e foi.. p. . etc. A m is tu ra foi reflu x ad a d u r a n te 7 h o ra s e d e ix a d a em rep o u so p o r um dia. G a r c i a ♦ 399 c) as partes componentes (microfone. HCI).5 % ) d o ácid o I. objeti­ vo e ponto de vista). p o r c e n ­ trifu g aç ão . O relato de experiência de laboratório é um a descrição de processo.O t h o n M.. e u lte rio r c ristaliza ção em d io x a n o e ta n o l (1 :1 ). isto é. em vez de “dissolvemos”. n. 1963. Rio. q u a tro vezes. et alii : “Síntese de derivados p-subsiituídos dá cafeína”. re c o lh en d o -se ao e s fria r 0 . etc. pré-amplificador.. modulador. Guilherme.). d e p o is d e frio. a q u e c e u -se m ais u m a h o ra e fiitro u -se o líq u id o p erid ín ico a q u e n te .”.”.3 g d a cia n to lin a c ristaliza d a com P K 2 7 8-279°C . O btiv eram -se 0 . 1.8 Note-se que. junho. d) o resultado (transmitidas no espaço por meio de um a antena).. e a d ic io n a ra m -se com p e q u e n o s in te rv alo s 2g d e p e rm a n g a n a to d e p o ­ tássio. se ca n d o -se a se g u ir em u m desse c a d o r a v ácu o .5 Plano-padrão de descrição de objeto e de processo Apoiados nesses elementos básicos (estrutura. v. como se vê no seguinte exemplo: O xidação com p erm a n g a n a to em m eio peridínico D issolveram -se 0 . a descrição se faz de m a­ neira clara e objetiva: a cada fase ou estágio da experiência corresponde um período sucinto (o mais extenso deles tem apenas três orações) com escassa subordinação. de modo geral: A Objeto 1.. 192.. “a mistura foi refluxada.0 8 6 g (1 3 .. “aqueceu-se. D estilou-se a m a io r p a rte d a p irid in a . por último. D epois d o tra ta m e n to co m á g u a a c id u la d a (a p ro x im a d a m e n te pH 4. em e b u li­ ção. co m a sp e c to g e latin o so . o seu p o n to d e fu são elev o u -se a 3 7 5 -3 7 8 °C (d e c o m p o siç ão ). P recip ito u -se o ácid o o rg ân ico . A nais da Academia Brasileira de Ciências. fu n d in d o -se a 36 8-372°C . ..)? 4.) .. 2. Fases ou estágios do funcionamento. aplica­ ções práticas. Qual é a sua aparência (forma. Normas a seguir para pô-lo em funcionamento.: apreciação das qualidades. Que partes o compõem? a) (descrição detalhada). dimensões. B Processo (funcionamento) 1. 3. Princípio científico em que se baseia.. cor.. ex. C Conclusão (p. (idem) etc. visão de conjunto.. b) . peso..2. etc. Para que serve? 3. etc. seja técnico seja administrativo. explana­ ção didática. de in­ quérito (administrativo. de meca­ nismo. de processo. . narrativa minuciosa de fatos ou ocorrências. consiste num a exposição rápida e informal de caráter pessoal. não é um gênero menor. pesquisas científicas. p. de pesquisa (ou científico). O relatório. de inspeção (ou de viagens). parcial. contábil. Odacir Beltrão9 nos dá um a lista bem num erosa deles: de gestão (relatórios empresariais periódicos). quer do serviço público quer de empresas privadas. de rotina. como se vê. engloba variedades m e­ nores de redação técnica propriam ente dita: descrição de objeto. Entretanto. de tomada de con­ tas. É verdade que só recebem essa designação aqueles documentos que apresentam certas ca­ racterísticas formais e estilísticas próprias: título. Algumas ve­ zes. vocativo. quase todos têm certas características comuns de que o lei­ tor se poderá assenhorear. nada mais são do que relatórios. sumário. Odacir. 167. muitos papéis que circulam em repartições públicas ou empresas privadas. dada a variedade de feições que assume: muitos artigos publicados em revistas ci­ entíficas. e o relatório-roteiro (elaborado com base em mo­ delo ou formulário impresso). de cadastro. que só a prática pode ensi­ nar.) e “fecho” (saudações protocolares e assinatura). inquéritos e sindicâncias. “abertura” (origem. que. entretanto. outras. e até mesmo a argum entação. variedades especiais. de processo. contendo informações sobre a execução de determ inada tarefa ou explanação circunstanciada de fatos ou ocorrências. y BELTRÃO. policial e outros).0 R elatório adm inistrativo O relatório é um dos tipos mais comuns de redação técnica. data. assume formas mais complexas e volumosas. Há várias espécies de relatório. É o que pretendem os proporcionar-lhe nas pági­ nas seguintes. Correspondê/ida. São. etc.2. como os relatórios de gestão. distinguindo apenas o relatório administrativo do técnico propriam ente dito. j) “Dados compara paradas com as ção todos os fa k) “Demonstrações nanceiras que i ciamento relati1 1) “Propaganda — tições ou servii tratos de autoi ficam inteiram* Como se v< relatórios públicos ção dos nossos p< legislação especiá l i A transcrição é feii enumeração dos tópic . 3. d) discussão: apuração e julgam ento dos fatos. desenhos. Mas. 11954]. relatórios perió­ dicos destinados a publicação. 3. e o vocativo. como costumam ser os de gestão.4 0 2 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m p r o s a M o d e r n a 2. o propósito do relatório. a que os americanos dão o nome de letter of transm ittal Alguns relatórios costumam incluir ainda m aterial ilustrativo: diagra­ mas. tem um a “abertura” e um “fecho”. núcleo ou corpo do relatório): relato minudente dos fatos apurados. No segundo. além da “abertura” e do “fecho”: 1. 16-7. ou de apresentação. 2. constituindo uma espécie de carta ou ofício de “encam inham ento”. esses elementos costumam vir em separado. do ato ou da autoridade que determ inou a investigação e da pessoa ou funcionário disso incumbido. da data. portanto. b) o local. seja administrativo seja técnico ou científico. No que respeita à composição ou estrutura. em geral. devem simples. etc. mmssmfSSST a) “Sumário — Um consultas. quando o relatório é muito extenso. indicando-se: a) a data. gráficos. Todo relatório propriam ente dito. mapas. b) “Organograma — gão. se colocado der m elhor o qu* c) “Ofício de apresei apresentação. lá se recomenda a inclusão dos seguintes elementos: 10 Publicada pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Cíetulio Vargas na coleção Cadernos de Administração Pública. Benedicto Silva apresenta na sua monografia Publicidade administrativa10 os critérios recomendados na organização de relatórios. Enuncia. Intfodução: indicação do fato investigado. às vezes a em enta ou sumário. da repartição ou serviço. Conclusão e recomendações de providências ou medidas cabíveis. que podem vir incorporados no texto ou sob a forma de apêndice e anexos. dc veis e as recome d) “Realizações e rt passadas com o dício das realiza e) “Extensão — No f) “Estilo — Além atenção à grami g) uDisposição — A vem correspond rio lógico. h) “Equilíbrio na ê zer um a pintun nal à sua impoi i) “Estatísticas — dicado. cuja forma e disposição va­ riam de acordo com as praxes adotadas nas empresas ou repartições públi­ cas. Rio. Sua estrutura com preen­ de. as formas protocolares usuais. Desenvolvimento (texto. Em certos casos. critérios que resultaram de um a sondagem da opinião pública feita nos Estados Unidos em 1927 pela National Municipality Review. n. na primeira vem a indicação do local ou origem.. p. c) o processo ou método adotado na apuração.1 Estrutura do relatório administrativo O relatório administrativo é uma exposição circunstanciada de fatos ou ocorrências de ordem administrativa: sua apuração ou investigação para a prescrição de providências ou medidas cabíveis. do qual constem um resum o das realizações mais notá­ veis e as recomendações para o futuro. 1) ltPropaganda — A inclusão de m atéria para exaltação de pessoas. j) “Dados comparativos — As realizações do ano em curso devem ser com­ paradas com as dos anos anteriores. k) “Demonstrações financeiras — Incluir três ou quatro demonstrações fi­ nanceiras que indiquem a im portância despendida e os meios de finan­ ciamento relativos a cada função e órgão. tanto assim que já existe. Garcia ♦ 4 0 3 a) “Sumário — Um sumário no início do relatório facilita enorm em ente as consultas. auxiliam o leitor a com preen­ der melhor o que se segue. trata-se de recomendações aplicáveis à preparação de relatórios públicos e periódicos. h) liEquilibrio na distribuição da matéria — O material exposto deve perfa­ zer um a pintura completa. d) “Realizações e recomendações — Uma comparação das recomendações passadas com o progresso feito na execução das mesmas serve como in­ dício das realizações anuais. b) “Organograma — Os organogramas dos serviços prestados por cada ór­ gão. de longa data.808. sintaxe e propriedade de expressão. n- e) “Extensão — No máximo 50 páginas. g) “Disposição — As partes referentes às várias repartições ou serviços de­ vem corresponder à estrutura do governo ou seguir algum outro crité­ rio lógico. i) “Estatísticas — Aconselha-se a inclusão de estatísticas. se colocados no início do relatório. especialmente de administradores em exercício.O thon M.”11 Como se vê. legislação especial. Re­ tratos de autoridades. porém. mas. tomando-se. assunto que tem merecido tam bém a aten­ ção dos nossos poderes públicos. 0 “Estilo — Além de claro e conciso. salvo no que respeita ao emprego das minúsculas para a enum eração dos tópicos. c) "Ofício de apresentação — Abrir o relatório com um pequeno ofício de apresentação. ficam inteiram ente deslocados num relátório oficial. . como é o caso dos Decretos 5. repar­ tições ou serviços é considerada contrária à ética e de m au gosto. em considera­ ção todos os fatores ocorrentes. ocupando cada atividade espaço proporcio­ nal à sua importância. quando in­ dicado. o texto deve refletir a necessária atenção à gramática. de 13 de junho de 11 A cranscrição é feita ipsis liUeris. devem as mesmas ser completadas por diagramas ou gráficos simples. C om o ch e fe d e tu rm a . i rização e classificação científicas. Além das já lonj (esta. dá ao leitor uma idéia da estrutura dos relatórios mais comuns: Rio d e J a n e iro . de l Q de outubro de 1943.565. m< Internacional das Unit aos editores e redatoi três categorias: a) méi noticias). c o n fo rm e d e p o im e n to d e íls. ressa lta a c u lp a b ilid a d e d o fu n c io n á ­ rio X. 2 8 d e o u tu b ro d e 1 9 4 6 S e n h o r D ireto r T endo sid o d e s ig n a d o p a ra a p u r a r a d e n ú n c ia d e irre g u la rid a d e s o c o rrid a s n o D e p a rta m e n to d o s C orreios e T elégrafos. p a ra in q u irir os fu n cio n á rio s X e Y . s e n d o n e­ g lig e n te no exercício de su a s funções. na o ca siã o da a b e rtu ra d a m ala e m a p re ç o — o q u e n ã o o co rreu . O se g u n d o . Prontuário de redação oficial. A proveito a o p o rtu n id a d e p a ra a p re s e n ta r-lh e p ro te sto s d e m in h a d is­ tin ta co n sid eraç ão . 2. em 1967 (P-TB-49) ur cumentos” técnico-ciei mentos científicos” esi co. so b re q u e m rec aem as m ais fo rte s acu saçõ es. 163. apesar de \ nicação apresentada à nal de Documentação) de trabalhos cientifica teiro (dados de 1958: 26.. a tese. No in q u é rito a q u e se p ro c e d e u . p a ra os d evidos fins. João Luís. É o q u e m e c u m p re le v ar ao c o n h e c im e n to d e V S'3. entre os fia. dirig i-m e ao chefe d a S eção “A”. pois a g iu p o r o m issão . 5.. 12 3. a) 12 Apud NEY. “informi nas as das espécies ma Ao que parece. 7. d ev ia e s ta r p re s e n te . 6. o re la tó rio d a s d ilig ê n c ia s que.1 N o m en d ati Na categoria d a destinadas a publicaçãt variedade de trabalhos dos “artigos” (às vezes tanto. Do exposLO conclui-se q u e so m e n te o in q u é rito policial p o d e rá escla­ rec er o crim e p e rp e tra d o com a v io lação da m ala d e c o rre sp o n d ê n c ia d a Se­ ção “A” . e fe tu e i. a p e sa r d e n ão se p o d e r c o n s id e ra r m a n c o m u n a d o com o p rim e iro . O m odelo que se transcreve abaixo. 4. n esse se n tid o . e 13. ac u sa d o s d o e x tra v io d e v alo res e n d e re ç a d o s à firm a S e L. d e s ta praça. tornaram-se ria científica”. Im põe-se in sta u ra ç ã o im e d ia ta d e p ro cesso a d m in istra tiv o . em conseqüêncie generalizando entre nó trabalhos que não se a ginas. este último acom panhado de uma Exposição de Motivos do DASP com “Normas para relatório anual”. su b m e to à a p re c ia ç ã o d e V S-. Em 10 d e se te m b ro d e 1946. 3. A m bos n e g a ra m a a u to ria d a v io lação d a m a la d a c o rre sp o n d ê n c ia . c o n fo rm e te rm o s c o n sta n te s d as d e c la ra ç õ e s a n e x as. quando universit periódicos) e de outro “sinopse”).000 periódicos). o relatório e mais . te m p a rc e la d e resp o n sa b ilid ad e. p. apesar de muito simples. c) rapports à balhos em progresso).4Ü 4 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P rosa M oderna 1940. . o ensaio. a monogra­ fia. em conseqüência sobretudo da nossa “explosão universitária”. o relatório e mais nove espécies. depois de se referir à grande variedade de trabalhos científicos publicados em milhares de periódicos do mundo in­ teiro (dados de 1958: mais de 1. “sinopse”). papers. inclui-se uma grande variedade de trabalhos. G. a ABNT propôs. Também preocupada com a questão. notícias). entre­ tanto.I. Ao que parece. news. progress reports. para citar ape­ nas as das espécies mais importantes. c) rapports de mise au point (ingl. “estudos”. relatórios de tra­ balhos em progresso). “resenha”.000.000 periódicos).S. “informe científico” e “relatório de pesquisa”. “ensaios”). apesar de várias tentativas nesse sentido. Além das já longamente consagradas “memória”. mencionava a proposta levada a discussão pelo Conselho Internacional das Uniões Científicas (I. às vezes. quando universitária. em 1967 (P-TB-49) uma “identificação e classificação de 122 espécies de do­ cumentos” técnico-científicos “agrupados em 11 gêneros”. No gênero “docu­ m entos científicos” estão incluídos. “tese” (esta. Alguns autores também têm tratado do .Conferência Geral da F. Já em 1960.1 Nomenclatura das dissertações científicas Na categoria das chamadas “dissertações científicas” precipuamente destinadas a publicação em periódicos especializados.D.000 de artigos ou memórias em mais de 26. genérica e sumariamente designa­ dos “artigos” (às vezes. (Federação Internacio­ nal de Documentação). entre os “documentos genéricos” arrolam-se o artigo. com freqüência. não necessariamente destinada a publicação em periódicos) e de outros gêneros menores (“recensão”.3. “monografia”. Ultimamente. não se firmou ainda critério satisfatório para a caracte­ rização e classificação inconfundíveis dos principais tipos dessas dissertações científicas.C.-A Boutry. tornaram-se também freqüentes denominações tais como “memó­ ria científica”.0 Dissertações cien tífic as : teses e m o n o g rafias 3. memórias). em comu­ nicação apresentada à 26. o informe científico. a tese.U. vêm-se generalizando entre nós denominações mais específicas para esses tipos de trabalhos que não se corporificam em alentados volumes de centenas de pá­ ginas. b) nouvelles (ingl. entre outros. “resumo”.) no sentido de se recomendar aos editores e redatores-chefes de publicações a distinção clara entre estas três categorias: a) mémoires (ingl. no seu excelente livro Como fa ­ zer uma monografia (p. em sentido lato. pois relatam experiências ou pesquisas. muito se assemelham a relatórios (técnicos ou científicos). se inspiram nos modelos adotados por congêneres estrangeiras. coletâneas. as apresentadas a congressos. elaboradas com al­ gum — e às vezes com extremo — rigor metodológico.13 Tanto num sentido quan­ to no outro. pois há outras. referências bibliográficas. as teses acadêmicas. dizíamos. da dissertação. embora possam divergir no que se refere a alguns elementos preliminares e pós-liminares (apêndices. opúsculos. discutem resultados e propõem conclusões.. propõe uma classificação das dissertações cien­ tíficas.). são. como. para fazerem jus ao nome. Trabalhos dessa natureza e com esssas características apresentam ge­ ralmente um a estrutura mais ou menos rígida. em geral. essas monografias apresentam — ou costumam apresentar — uma idêntica estrutura do texto propriamente dito. de la­ boratório ou simplesmente bibliográfica). conforme seja o trabalho di­ vulgado em periódicos. seguem explicitamente determinado método-padrão. em se tratando de teses universitárias.2 Estrutura típica das dissertações científicas A palavra “monografia” (estudo pormenorizado de determinado assun­ to relativamente restrito) costuma ser empregada. que podem ser elaboradas segundo critério mui­ to pessoal). devem implicar certa dose de pesquisa (de campo. índices. b) o dos relatórios de pesquisa e dos informes científicos. c) o da divulgação cien­ tífica. ou volumes mais alentados.4 0 6 ♦ C o m u n i c a ç ã o e m P r osa M o d e r n a assunto. exigência a que estão sujeitos os candidatos ao mestrado. “monografias”. que. p. a maioria das dissertações ditas “científicas” (excluídos os “gêneros menores” mencionados no 1Q parágrafo deste tópico). em sen­ tido restrito. especificamente. com pequenas variantes. 13 O Parecer 977/65 do Conselho Federal de Educação distingue a tese. estabelecida. sobretudo americanas. 3. miscelâneas. que. apresentam aparato bibliográfico segundo as normas vigentes da documentação e. “te­ ses” (sobretudo acadêmicas ou universitárias. e. no seu conjunto. distribuindo-as em cinco “níveis”: a) o da tese e da monografia. 161). a ABNT) e. . anais de congresso e outros. pelas principais universidades brasileiras. anexos. a que se obrigam os candidatos ao grau de doutor. e) o da recensão ou dos resumos. para desig­ nar indistintamente os gêneros maiores das dissertações científicas. “informes científicos”. etc. por exemplo. ou tenha publicação avulsa sob a forma de folhetos (mínimo de quatro e má­ ximo de quarenta e oito páginas). Seja como for. Délcio Vieira Salomon. ex. mesmo que se denominem “memórias científicas”. preconizada ou já consagrada por instituições competentes (no caso do Brasil. mais ou menos padroniza­ da. ou simplesmente “artigos” — a maioria dessas dissertações cien­ tíficas. d) o da recensão crítica. na mesma ordem em que a matéria nele se sucede”. Sua localização é — ainda segundo a mesma fonte — no início do documento. desde que dela constem. etc. a exemplo da capa. de tabe­ las.) C — D e d ic a t ó r ia Havendo dedicatória.) nem com lista (cronológica. bolsas de estudo) ou pessoas (cole­ gas. ilustrações.14 14 Muitos autores. só se pode falar em folha de rosto. agradecimentos e epígrafe”. Se for o caso. índices. instituição ou re­ partição pública. Se a publica­ ção se faz por conta de ou sob o patrocínio de em presa. de ilustrações. após o próprio resumo. que. o professor orientador) que. prefácios. bibliografia. no caso das teses. ela deve vir após a folha de rosto. expressar o autor seus agra­ decimentos a instituições (fundações. gritantem ente óbvio. glossários. se houver). logo após a folha de rosto. a indicação do editor e do local (cidade) e a data (ano) da publicação. seções e outras partes de um documento. além do nome do departa­ mento (e) da universidade a que o trabalho é apresentado. é de praxe m encionar tal fato. de exemplos. tanto quanto possível. etc. em linguagem sóbria. E — Sum á r io O sumário — que. não deve confundir-se com índice (alfabético. segundo a ABNT/NB-85. analítico. etc. de assun­ tos. de um a form a ou de outra lhe prestaram ajuda ou colaboração discreta. o nome do autor. . notas. geralmente no pé da página seguinte e. quando se trata de publicação avulsa (ou que pretenda sê-lo). mes­ mo. remissivo de autores. preferem colocar o sumário após esses três elementos e. evidentem ente e obrigatoriamente. nos trabalhos de pesquisa. o título (e o subtítu­ lo. inclui também a classificação do trabalho como dissertação de mestrado ou to e de doutorado.. D — A g r a d e c im entos É de norma. Garcia ♦ 4 0 7 Capa A capa é geralmente de apresentação livre. de 1978. É óbvio. (Para outros elementos m ate­ riais da apresentação de livros e folhetos. a folha de rosto deve incluir os dados essenciais à identificação bibliográfica do trabalho.). tabelas. etc. inclusive os seus elementos preliminares (listas de abrevia­ turas. “caso não haja folhas de dedicatória.) e pós-liminares (apêndices. outros pesquisadores e.) — é “a enumeração das principais divisões. B — Folha de rosto Sem elhante à capa. entretanto.O thon A — M. consulte-se ABNT/NB-217. 16 Tiremos um exemplo da “Primeira Parte” desta obra (1. p. terciárias. como exemplo.5. índices analítico ou de assuntos.4. secundárias.0 Estrutura sintática da frase 3 2 (i.4. anexos etc. em que se arrolam as divisões ou seções maiores (partes ou capítu­ los).) Todos os títulos das seções (primárias. 1976. a NB-69.) e os pós-liminares (bibliogra­ fia. quaternárias. muitos autores ainda preferem o sistema alfa­ num érico).0 Feição estilística da frase 123 2. . As secundárias. por motivos de ordem didática e outros. Fr. Pelo sistema progressivo. 16 Cf.408 ♦ Comunicação em P rosa M oderna Nas obras científicas. com a indicação das páginas correspondentes no texto. inclusive os elementos preliminares* (dedicatória.0 Processos sintáticos 42 1...0 Discursos direto e indireto 147 15 PUC. por exemplo — o sistema de num eração progressiva (quanto ao texto propriam ente dito e exclusivamente considerado.): 1. quinárias — raram ente se vai além destas últimas) devem ser nu­ m erados e titulados no sumário na mesma forma como o são no corpo do trabalho. adotando-se — de preferência. didáticas ou de erudição. table des rnatières. o são igualmente. como a PUC15 do Rio de Janeiro. * Nesta obra. ingl. de 1972. o Pla­ no sucinto da obra estampado na página deste livro. nota do editor — se houver — prefácio.5 Coordenação.4. evidentemente.1 Estilo 123 3.1 Frase. xxi). terciárias. tais elementos constam apenas do Pla­ no sucinto (p. (Ver. da ABNT. etc. Rio de Janeiro.. período. nota sobre a edição etc.e. 6. ed.1 Paralelismo rítmico ou similicadência 59 2 . onomástico ou de nomes próprios refe­ ridos no texto. oração 32 1. além de tabelas. p. as seções ditas “prim árias” (geralmen­ te as divisões principais do trabalho) são num eradas consecutivamente a partir de “1”. Normas para apresentação de teses e dissertações.) — tudo. contents) — pode vir precedido por um plano sucinto da obra (“sumário reduzi­ do”). segundo a ordem natural dos números inteiros. 32) 1. correlação e paralelismo 52 1. o sumário — dito também “quadro (ou tábua) da matéria” (fr. como querem a ABNT e muitas universidades brasileiras. para informações minudentes sobre esse sistema de numeração progressiva. quater­ nárias. Assim. não sendo objeto desta norm a. Pode dispensar a leitura do texto quanto ao seu aspecto fundam ental (tese. já define resu­ mo.5 Resumo crítico ou recensão. reswné. ao passo que reswno % a apresentação conci­ sa e freqüentem ente seletiva do texto de um artigo. reswné d’auteui. mas quando se trata de monografia-artigo pode sê-lo por ou­ trem e em geral o é. su­ mario. da secundária n ô 4. pondo em relevo os elementos de maior interesse e importância. terciária. na área da documentação bibliográfica. o segundo algarismo indica seção se­ cundária. synopsis ou summary) “é a apresentação concisa do texto de um artigo. anteriormente em pre­ gado para definir resumo feito pelo autor. “2. obra ou documento que acompanha. conclusões). 2. e assim sucessivamente. epítome). F — Resumo (ou Sinopse) Sinopse e reswno são palavras de significação muito aproximada (os dicionários incluem-nas no mesmo verbete como sinônimos de síntese.2 Resumo indicativo é um sumário narrativo. subordinação lógica de primeiro. Segundo ainda a m esm a fonte. caiu em desuso. Zusammenassung). mais sucintamente.” . “2.4 Resumo informativo/indicativo é a combinação dos dois tipos ci­ tados em 2. A supracitada norma da ABNT distingue quatro espécies de resumo (transcrevemos): “2.2.1. (O zero [“0”] que os segue — não explicitamente prescrito pelas nor­ mas d a ABNT — visa a advertir o leitor dessa característica por assim dizer “capitular”. obra ou documento.3 Resumo informativo é uma condensação do conteúdo.0. de 1975. Segundo a ABNT/NB-88. da primária n. 1. é uma aná­ lise interpretativa do documento. al. precede o texto e é sempre redigido pelo próprio autor.) Nos tópicos subseqüentes. “2. con­ densação. redigido por especialista. esp. G arcia ♦ 409 Os algarismos iniciais 1. ingl. sendo fre­ qüentem ente redigido por outra pessoa que não o autor”.” Seja como for — sinopse ou resumo —. costumam ser em pregadas com acepções específicas..1.4. Entretanto. mas não quanto aos demais aspectos. Ord. devendo ser redigi­ da pelo autor ou pelo editor”. metodologia. sinopse (fr. a ABNT/NB-88.0 respectivamente (rever 5. quando se trata de monografia-tese (tese acadêmica). o último algarismo indica que a seção em causa é a quaternária da terciária ne 5. Neste último caso. costuma vir posposto ao texto.5.1). em 1. analyse ou compte-rendu analytique e ao ingl. o resumo corresponde ao fr. como “a apresentação concisa dos pontps relevantes de um texto” e acrescenta em nota: “O termo sinopse. o terceiro. As subdivisões devem representar. mas.2 e 2. sobretudo se apresenta também versão em alguma(s) das principais línguas indo-européias (fr. resultados e conclusões. evidentemente.3.0 e 3. summary ou abstract. dispensando a leitura do texto.UFPEBiblioteca Central O thon M . que exclui dados qualitativos e quantitativos e não dispensa a leitura do texto. absftact. 2 e 3 indicam as seções primárias correspon­ dentes a três dos quatro capítulos em que se divide essa primeira parte da obra. ingl. segundo e ter­ ceiro graus em relação a 1. que expõe fi­ nalidades. esse elemento. G — Lis t a ( s) Alguns trabalhos costumam apresentar também lista (s) de ilustrações.. de tabelas. b) o aparato. monografias e artigos — até 250 palavras. se se interessar por informações mais deta­ lhadas.7 Recomenda-se que os resumos tenham as seguintes extensões: notas e comunicações breves— até 100 palavras. “o assunto desta tese. II — ser redigido em linguagem objetiva e impessoal.” Em sum a: a sinopse (ou resumo.4 1 0 ♦ Comunicação em P rosa M oderna Quanto à extensão. enfim. que.. que encerra a exposição da matéria. c) o m étodo adotado. precedem o texto e po­ dem.C. diz ainda a referida norma: “5. é a essência mesma do trabalho. o que não im pede a citação entre aspas de uma ou outra expressão típica.1.”. se extensas. d) os resultados e as conclusões. VI — ser feita.U. o I. se for o caso. o texto apre­ senta a seguinte estrutura padronizada: . ou aparelhagem. indicando sucintamente: a) o assunto e o propósito do trabalho. ocupar páginas separadas. novas teses. as já m enciona­ das F. Nas dissertações científicas elaboradas com o rigor metodológico recom endado por instituições competentes (entre outras.. à leitura do original.D.. V — destacar com a devida ênfase a contribuição pessoal do autor (fatos no­ vos.. possa levá-lo. relatórios e teses — até 500 palavras. interpretações e conclusões). relembre-se a nota supram enciona­ da referente ao “desuso” do term o “sinopse”) deve: I — apresentar as idéias mais relevantes do original. IV — evitar tanto quanto possível repetição de frases íntegras do original. nessa ordem. oferecendo ao leitor um a visão su­ cinta do assunto.I. de tal forma que. como se fosse um a peça autônom a.. III — ser inteligível por si mesma. H — T f. a nossa ABNT e algumas universidades). se serviu o autor nas suas pesquisas e experiências.x t o O texto. de que.” e outras equivalentes. abreviaturas e símbolos.S. evi­ tando-se assim expressões tais como “o autor deste trabalho. sem qualquer juízo ou apreciação crítica sobre o mérito ou as falhas do trabalho (isto compe­ te às recensões críticas). .. expõem-se os “resulta­ dos”. Consiste essencialmente num a típica descrição de processo. Também.”). é comum declarar na introdução se os resultados e conclu­ sões são definitivos ou se constituem apenas subsídios para ulteriores estudos. importância) dessas experiências (pesquisas.. O estilo dessa parte é essencialmente argumentative: trata-se de provar e comprovar com os fa­ tos apurados. uma análise judicatória do que se apurou. um a injunção fazer-se referência ao que se costuma cham ar status quaestionis (es­ tado da questão). aquilo que se apurou. com a análise e interpretação deles. sem rodeios: “O principal interesse (significação.) 4. em suma.17 3. le­ vantamento) reside no fato de que. entre a introdução e a conclusão.. (ou III —) Resultados (Indicado o método e descrita a experiência.. representa o “miolo” do 17 Os franceses usam às vezes expressão “Technique" em vez de “Méthode". Também aqui..e. (ou II —) Método (s) (O método compreende não apenas a indicação dos processos adotados na apuração e análise dos fatos mas tam bém a própria descrição ou ex­ posição narrativa da experiência ou pesquisa e da aparelhagem e do m aterial empregados.. é de praxe. (ou I —) Introdução (Além dos requisitos básicos da introdução — dar ao leitor um a idéia clara e concisa do assunto. “Resultados” e “Discussão” constituem o desenvolvimento. dos seus corolários e conseqüências.O thon M. (ou IV — ) Discussão (A “discussão” é a interpretação mesma dos “resultados”....) “Métodos”.”. é. . parte substancial de qualquer tipo de exposição — seja científica seja lite­ rária —. às vezes. i. Quase sempre o pará­ grafo inicial dessa parte enuncia o m étodo sem rodeios: “O método adotado consistiu em.” ou “A interpretação dos fatos per­ mite admitir que. ser analisado e discutido. e alguns autores são mais explícitos. e que vai. mencionar outros estudos. a seguir. adorando a denominação “Material e métodos". se observou. pesquisas e conclu­ sões relacionados com o assunto em pauta. ou confirma a tese de que. que.e. o parágrafo inicial apresenta geralmente feição típica. sondagens. a indicação da sua importância. i. é mesmo. Garcia ♦ 4 1 1 1. nas dissertações científicas.) 2. no sentido de conven­ cer o leitor da consistência e validade da tese defendida pelo autor. delinear sucintam ente o plano do trabalho e indicar-lhe o propósito —. feita em ordem lógica ou cronológica. .. ilustrações. 29.9 a 1.. às vezes. f) dem arcar nitidam ente os estágios sucessivos da apuração dos fatos (pes­ quisas. gráficos. idéias alheias.7)..3. com mapas. gráficos. é possível indicar alguns dos seus requisitos bási­ cos..L l ) e das descrições (de objeto. (ou V — ) Conclusão (ou Conclusões) (A conclusão depende do enfoque dado aos tópicos (ou seções) prece­ dentes... e de acordo com as norm as vigentes (ver 9.”). uma espécie de previsão ou profecia a respeito do resultado de futuras pesquisas ou estudos decorrentes de fatos novos: “Posteriores estudos mostrarão ou provarão que..0 a 1. Pr. 2. Red.. Em alguns trabalhos. levantam entos).) que: l 9.”... após o texto.. .2. assim (portanto. I — A pêndice(s) e anexo (s) Muitos trabalhos apresentam.3 a 1... b) apresentar os fatos de maneira objetiva. sondagens. 1. Não obstante. Ord. Téc. 1..5). tabelas.. além dos que possam ter sido inseridos no próprio texto. encadear as idéias de m aneira clara. e) evitar raciocínio falacioso (rever 4.. caso em que assume uma forma verbal típica: “Conclui-se. Com. rever 8. etc. aten­ tando para as partículas e expressões de transição entre período e pará­ grafos. se necessário. deve o autor ter em mente sobretudo as seguintes: a) esclarecer devidamente o leitor quanto ao ponto de vista em que se co­ loca o autor.. dados estatísticos e outros tipos de documentação. cuidando o autor em não apresentar. b) no enlace das conclusões parciais a que se possa ter chegado nos dife­ rentes estágios da pesquisa e da discussão.. matéria suplementar..13).. como suas.4 1 2 ♦ C omunicação em P rosa M oderna trabalho. ela pode consistir: a) num a série de inferências a partir dos fatos apresentados. Entre as suas características formais. mencionando sempre. no caso das dissertações científicas. 5. fazendo-se sem­ pre no texto chamadas ou remissões. objetiva e coerente.. . experiências.2.. tabelas.0 a 2. etc. Or. d) ordenar. g) docum entar adequadam ente. de processo. mesmo que tais elementos venham em apêndices ou anexos. em vista do exposto. consti­ tuída por mapas.. 39.2. a conclusão inclui. de modo que cons­ tituam fundamentos insofismáveis para as conclusões e recomendações finais. 1. discutidos e in­ terpretados. sem rodeios. c) distinguir-se pela exatidão das definições (rever 5. h) ilustrar. . as fontes bibliográfi­ cas. (Ver esses índices no fim desta obra. citações e referências bi­ bliográficas. a seguir. Or. Essa distinção. como indispensáveis a intro­ dução e as conclusões. dificilmente se podem ignorar os elementos 2. delineando. “reserva-se o uso do cabeçalho ‘Referências Bi­ bliográficas7 para denominar a lista completa.18 (Quanto ao critério para notas. consultc-se a mencionada obra preparada pela PUC cio Rio de Janeiro. segui­ dos da(s) respectiva(s) página(s) em que são mencionados no texto. formato. etc. Ver também. preparadas pela PUC-RJ. que preferem o termo “bibliografia77 sem distinções.). G arcia bibliográficas ♦ 4 1 3 ) Segundo as já citadas Normas para apresentação de teses e disserta­ ções. nem sempre é levada em conta pela maio­ ria dos autores. se houver).) Essa é a ossatura habitual das dissertações científicas feitas a rigor. Mas. 9). sobretudo se ele engloba os assuntos e os nomes próprios. sempre que há pes­ quisa sistemática de campo ou de laboratório — e não apenas bibliográfi­ ca —.O thon J — B ibliografia ( ou Referências M. paginação. distribuição. ver. particularizada e sistemática das fontes usadas diretamente na elaboração do trabalho e citadas no decor­ rer do mesmo”. no se­ gundo. 9. Mais comumente. 9. normas sobre matrícula. No primeiro caso. tiragem. É evidente que o autor pode ajustá-la quer aos seus propósitos quer às pecu­ liaridades do assunto. citv p. — “Preparação dos originais”.” (op. alegando que todo índice é remissivo. esse tipo de índice se diz “analítico”.) K — Índice O índice (dito ainda às vezes “remissivo”. 18 Rara ouiras informações referentes à preparação e apresentação de teses (papel. — "Preparação dos originais”. já que sempre “remete” o lei­ tor para o texto) é uma lista detalhada e por ordem alfabética dos assuntos (“índice de assuntos”) e dos nomes próprios (“índice onomástico”). deve pospor-se a cada capítulo. como fa­ zemos nesta obra. é claro. a seguir. ainda que aconselhável. Or. 3 e 4 (métodos. . discussão e resultados). [.. expressão que muitos con­ denam. pospõe-se ao texto (ou aos apêndices e anexos. convém advertir.. prazos e defesa da tese. Pr.] “O cabeçalho ‘Bibliografia7 será usado apenas para deno­ m inar a lista exaustiva da documentação existente sobre determinado assun­ to. sobretu­ do do texto propriam ente dito. Pr. então. um plano a seu talante. admitindo-se. . e o segundo como tese de mestrado........ apresenta-se ao estu­ dante apenas o sumário de dois trabalhos dessa natureza: um (A) da área das ciências experimentais e outro (B) da das ciências humanas. 3. o período final encerra a “previsão” do que poderá resultar de ulteriores pes­ quisas ou informações: “Pending further information it would therefore seem that........... A — “Studies on the proteins of hum an bronchial secretions”19 [Estudos sobre as proteínas das secreções bronquiais humanas] Table of contents [= sumário] Summary [= resum o = sinopse = abstract] .............. Cláudia Amorim.. além disso...... v.. References [Referências bibliográficas] B — Autoconceito e “locus” de controle em estudantes brancos e negros de universidades americanas20 19 MASSON.. In tro d u c tio n ...................... à guisa de exemplo.: No original........... (A tradução do trecho citado é da autora.... A m sterdam ....) ....... por questão de espaço..... embora o primeiro tenha sido elaborado como artigo para publicação em periódico especializado............... [5.......... Texas.................. se transcrever............... Self-concept and locus o f control in black a n d white college stu­ dents........... Aknowledgements [Agradecimentos] 7...................... Discussion .......... o texto integral de dissertações científicas....... p...........3 Amostras de sumário de dissertações científicas Na impossibilidade de........ I l l ........ R L......................................... 446.... A thesis by —> submitted to the Graduate College of Texas A&M University [.. a “conclusion” não vem explicitamente titulada......... se bem que claram ente enunciada nos dois últimos parágrafos................ 1......... n................................................ Ambos apresentam estrutura idêntica..... M aterial and Methods ............ 4.] for the degree of Master of Science. 2........................... et a l Biochimica et Biophysica Acta... Results ........................... 1974.....................................” 6................ 20 GARCIA...................... 1965... 2.......3..... Conclusion] Obs..... dez........... ........................4 Análise estatística.................................................su/tados 3...................................2 Instrum entos .........3 H ipóteses relativas às interações en tre variáveis para estudantes pretos ...........................2......................2.......................................2.........2 Hipóteses relativas a locus de controle ....................... 2....6 Interações entre variáveis ... G arcia ♦ 4 1 5 SUMÁRIO Pág.1 Nível sócio-econômico ...2 4.. 2.................1 Hipóteses relativas a autoconceito e repressão ................................ 4....................................... 3.......................................2 Estudos sobre repressão e autoconceito................................................... ................................................................................4 H ipóteses relativas às interações en tre variáveis para estudantes brancos.2......................................................................................................................................................................................................................................1 Apresentação do p ro b le m a .............................1 Estudos sobre etnicidade e autoconceito ............................................................................. 1........................................ 4................. Objetivo do trabalho ...............2.... Diferenças étnicas: autoconceito e repressão ...... 2..................................................... 2............... 4.. 3........ 1............... 4...................2.............. 2...................................... Re...................................................................................................................... Métodos 2......4 Diferenças étnicas: locus de controle ............................................ 2..1 Escala Tennessee de autoconceito ........................... Introdução 1..............................................2 Escala Levenson de locus de controle ........................ 1...5 Diferenças étnicas: outras variáveis ......................................................................................................... Discussão 4....................................................... 4................... 1.............3 Sexo ................3 Inventário de atitudes ..................................3 Procedimento ................. Lista de ta b e la s . 1..............2 Revisão da literatura pertinente [status quaestionis] ...............................................................O thon M......................3 Estudos sobre locus de controle ....................... .............1 Sujeitos da pesquisa .....3 2............................. 3............................................ 1................ 3............................................... ........... F) não está arrolado no sumário.................. II — Instrum entos ........................ esse esquema apresentaria a seguinte “ossatura”: A — Introdução I — Apresentação do problema ..................................... Na amostra B..............................) ....................................................................... não incluídos nele... III — Procedimento ....... Trata-se de dois critérios diferentes mas igualmente aceitos.......................... a) Estudos sobre etnicidade ............ C — Resultados I — Hipóteses relativas (etc....................................................................................................... rever 3............................ II — Hipóteses relativas (etc............................................. IV — Análise estatística ............................................................... o resumo (abstract) e os agradecimentos vêm em páginas anteriores à do sumário e............................................. ................) ..........................................:.... norma preferida modernamente......................................................................... Referências bibliográficas ........... No modelo B.................. ipso facto....... b) Escala Levenson de . b) Estudos sobre repressão ................................................................................................................ entretanto.... Conclusão 5............................................... baseado no modelo B................................................... que................................... B — Métodos I — Sujeitos da pesquisa ...........1 Sugestões para pesquisas futuras .................................. Alguns autores (poucos) adotam um sistema alfanumérico................................................... etc....... o resumo (surnmcuy ou abstract.............................. só se aplica ao texto....4 1 6 ♦ Comunicação em P rosa M oderna 5....................... e os agradecim entos pospõem-se ao texto propriam ente dito..............: No modelo A.. II — Revisão da lite ra tu ra ............................................................................... a numeração dos tópicos é progressiva........................................ Obs..................... a) Escala Tennessee d e ............... etc..................... etc......................................................................................2. Apêndices ............... .... este deve vir como aposto daquele — como se vê no exemplo supra.......: No sistema alfanumérico — ou qualquer outro que não o pro­ gressivo —........ da “conclusão” —. que lhe sirva de ín­ dice............. etc....... pois “a)” ou “1” ou “I” fazem prever “b)” ou “2” ou “H”.. encabeçada pela letra.. ou algarismo.O thon m ....... e não em linha isolada................. E — Conclusão — Sugestões para pesquisas futuras Obs.......... quando um tópico só tem um subtópico.. G arcia ♦ 4 1 7 D — Discussão 1 — Nível sócio-econômico .. ............ Preparação dos originais .N ona Parte 9. . OR. PR. especialmente os universitários. cu­ jas principais fontes são: a) Normalização da documentação no Brasil (1964). No que respeita. subsiste ainda certa falta de uniformidade. Todavia. norma brasileira (PN-B 66. * Atual Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). tam ­ bém no Brasil se vêm fazendo. as publicações dessas instituições e órgãos federais circulam em âmbitos tão restritos. à simples preparação do texto original datilografado. e todos os que se iniciam em trabalhos destinados à publicação. nos últimos anos. 1 A Comissão de Documentação da ABNT corresponde à TC-46 (Techmcaí Comission. A exemplo do que ocorre há muito tem po em outros países. ex.1. que quase só os especialistas têm delas conhecimen­ to. Dessa tarefa se têm incumbido o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Docu­ m entação (IBBD)* e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 1970). adiante referida como NDB-64. aí incluída a apresentação material dos originais para impressão. De forma que os estudantes em geral. da Organização Internacional de Normalização {International Standards Organization — ISO) cia Unesco. e Referências bibliográficas. em ocasiões várias. prescrito algumas normas. entretanto.1 Normalização da documentação Chegamos finalmente à última fase da composição: o preparo dos originais. Daí o presente capítulo. da ABNT. desconhecem muitas normas comezinhas referentes ao assunto. 1946). esforços no sentido de sistem atizar praxes ou convenções relativas à docum entação de um modo geral. a mecânica do texto. normas brasi­ leiras (PNB-66. . Normalização da documentação no Brasil (1964) e Referências bibliográficas.. em bora alguns órgãos federais — como o DASP e o Ministério das Relações Exteriores — tenham . 1970).0 Norm alização datiiográfica e bibliográfica 1.1 através de boletins e publicações especiais — como. p. 1962). Conselho Nacional de Pesquisas e IBBD.ed. Portanto.2 Uniformização datilográfica Embora m uita gente ainda rascunhe à mão (há mesmo quem não saiba pensar “em cima da máquina”). e) de citações ou transcrições isoladas: de cinco a seis batidas além da m ar­ gem do parágrafo. 1. Além disso. usa-se também pa­ pel com 210mm x 297mm. certidões. a carbono preto. escrituras. d) Elementos de bibliologia.2. Mesmo assim.2. em geral igual ao da primei­ ra via.4 2 2 ♦ Comunicação em P rosa M oderna b) Normas para catalogação de impressos da Biblioteca Apostólica Vaticana (Rio. recom enda­ do pela ABNT. o que se segue é apenas uma tentativa de uniformização sujeita a discordâncias por razões de ordem pessoal. — se escreve no verso).2 Margens a) em cima e embaixo: cinco a seis espaços simples (cerca de dois centímetros e meio). 1. no que se refere principalmente à uniformização datilográfica. . 1. b) à esquerda: dez a doze batidas (cerca de 3cm). etc. c) tinta: preta ou azul-preta. d) de parágrafo: sete a oito batidas além da m argem do papel. que é o formato internacional.1 Papel a) uma só lauda (apenas em documentos notariais e forenses. salvo aquilo que já está fir­ mado nas publicações do IBBD e da ABNT. do Ministério das Relações Exteriores (1957). d) cópia: pelo menos uma. de Antônio Houaiss (1967). recorremos ainda ao testem unho de vários entendidos para chegar a um a m édia das preferências. b) dimensões: tam anho ofício (cerca de 22cm x 33cm ). cremos que ninguém hoje em dia te­ ria coragem de encam inhar à impressão um texto manuscrito. c) Manual de serviço. as norm as seguintes levam em conta apenas o texto datilografado. c) à direita: cinco a sete batidas (cerca de l..5cm ). 2. 1. í.4 Espaços de entrelinhas c) d) e) f) no texto: duplo (2). de papel “tam anho ofício”.2. G arcia ♦ 4 2 3 12. ex. e a oito ou dez acima do texto.B. seguidos de um tra­ vessão entre dois espaços de batidas. . N.O thon M. b) 32 a 34 linhas por página. por página. obtém-se um a página-padrão que comporta em média: a) 65 a 70 batidas por linha. nas notas de rodapé: simples (1).2.5 Numeração das páginas As páginas devem ser num eradas no centro. 1. em cabeça de página.: itálico. b) de tópicos: os títulos de tópicos ou subdivisões de capítulos devem vir. entre o texto e as transcrições: três (3).3 Linhas e batidas Com as margens indicadas em a).6 Posição de títulos e subtítulos a) de capítulos: no centro da linha. supra.2. nas citações ou transcrições isoladas: simples (1). b) e c). c) de subtópicos: incisos na linha inicial do parágrafo. a dois ou três espaços simples da extremidade superior do papel (desaconselha-se a numeração no ângulo direito superior ou no centro da margem inferior). a doze ou quin­ ze espaços de entrelinhas a partir da extremidade superior do papel. espaço duplo.2. à esquerda com ou sem margem correspondente à do parágrafo. mas em linha isolada. 32 linhas. 1. espaço duplo. de preferência.: Algumas editoras prescrevem outras medidas: 62 batidas por linha.7 Sublinhas a) um a sublinha em palavra do original corresponde a itálico ou grifo no texto impresso. 61). do negrito e do versoI a) itálico: títulos de livros.8 Emprego do itálico. b) negrito: tópicos. Q uando ela com preende vá­ rios parágrafos.10 Notas de rodapé a) As notas de rodapé visam prim ordialm ente a: I — indicação das fontes de trechos citados. p. ex..: VERSALETE.9 Citações / a) As citações devem ser exatas..: O v e r s a le t e t o . II — explanações marginais não cabíveis no texto. Desde que indicadas claramente as fontes. adi­ ante “Citações”). N. no último nome do autor nas referências bibliográficas (v.2 c) três sublinhas: versai ou caixa alta (letras maiúsculas). 1. e x . textuais (em certas obras de natureza filoló­ gica.. b) Toda citação deve vir entre aspas duplas. conserva-se até mesmo a grafia do original. seções primárias ou ca­ pítulos.b) duas sublinhas: negrito ou negrita. fre­ qüentes e longas podem prescindir das aspas. mas as de fechar só após a última palavra da transcrição.2.. c) VERSAL: no título da obra e no das suas partes. 1. jornais e obras-de-arte em geral..B. recomenda que o negrito seja representado pela sotoposição de uma linha quebrada ou sinuosa.. 1.: n e g rito . . toda palavra a que se queira dar maior realce do que a do itálico. as transcrições isoladas. as aspas de abrir devem ser repetidas no início de cada um deles. ex. reservando-se as duas sublinhas para o versalete. subtópicos.2. por estranha que pareça)....: VERSAL. ‘xxxxx’. ou títulos de parágrafos incisos na sua linha inicial. palavras em acepção especial (que tam ­ bém costum am vir entre aspas duplas). pala­ vras ou expressões estrangeiras. 2 Antônio Houaiss em seus Eferneníos de bibliologia (v.. é u m a c a ix a a l t a n o m e s m o c o r p o d o tip o d o t e x ­ 12. revistas. c) Citações incluídas em outras citações já aspeadas levam aspas simples: “. 11 Referências bibliográficas As referências bibliográficas devem ter as indicações necessárias à per­ feita identificação da obra. em que as do autor vêm com algarismos. final ou capitular. a partir da margem. ser feita no texto. Se.) e) O núm ero deve ser posto um pouco acima da linha do texto. [Rio d e Ja n e iro ] C asa d e Rui B a rb o sa. entre parênteses. p. logo de­ pois da pontuação que fecha a citação e não depois do nome do autor. ou do verbo que a introduziu. a não ser que se torne necessária ordenação dupla.) f) “A nota de rodapé deve ser composta com a primeira linha recuada. h) Nos originais datilografados. 1 9 4 9 .) g) O espaço de entrelinhas das notas de rodapé deve ser sempre 1 (um). para não sobrecarregar o texto. “usem-se algarismos arábicos e não aste­ riscos. ou da pontuação que a precede. ao título da obra e ao número da página.: Havendo lista bibliográfica (no fim da obra ou do capítulo). p. p. por artigos ou capítulos. 12. 1 0 . simplificada.” (Cf. e as do editor. a indi­ cação das fontes pode limitar-se. título da obra e página. entretanto. seguido da data (ano) da edição da obra e da página de onde se faz a citação.) d) Para a num eração das notas. . ex. a nota de rodapé separa-se do texto por um traço contínuo de dois ou três centímetros.: Diz Rui B arbosa: Tudo é viver. 1910. com asteriscos)”. de ou­ tras obras e autores relacionados com o assunto em pauta. p re v iv e n d o . ocasionalmente. evitando-se a numeração por página. à refe­ rência ao nome do autor. 18.U F P E Biblioteca C e n t ra l) O thon M. c) A numeração das referências em notas de rodapé deve ser consecutiva. G arcia ♦ 4 2 5 III — ocasionais remissões para outros capítulos ou partes da obra. (NDB-64. a indicação. b) Q uando as citações são muito freqüentes e há lista bibliográfica. para dois ti­ pos de notas (em caso de edições anotadas. a obra onde se faz a citação in­ clui lista bibliográfica.: Nabuco. Oração aos moços.15 (N D B -64. tais indicações podem limitar-se — para não sobrecarregar o texto — ao nome do autor. tra­ ço que deve ficar a dois espaços do texto e da nota. 1 9 7 0 . Muitos adotam ainda critério mais simplificado. das fontes pode também. após o trecho citado. (NDB-64. Obs. Ex. Ruí. PNB-66. precedida do núm ero alto sem pontuação: 15 BARBOSA. citando apenas o sobrenome do autor. e precedido pelo núm ero da nota: 15 B A R B O S A . miscelâneas.12). Ele­ mentos de bibtiologia. músicas. Rio. Se o local é presumido. jo r­ nais e revistas deve ser impresso em itálico (uma sublinha no original). peças teatrais.” (= e outros).). NABUCO. em geral entre aspas. p. citam-se ambos. HOUAISS. sinal que tam bém o separa do local de edição. o caso dos nomes próprios. a obra em que aparecem: MONTEIRO. M inha form açã o . separa-se do do local da edição por meio de vírgula. mas de maneira inconfundível. S a 7. 39: Local da edição — O local da edição (cidade) vem separado do título por um ponto. G arnier. 7. (s. Jo a q u im . Rio. seguido pelo(s) prenom e(s) separado(s) por vírgula. folhetos. só se usa inicial maiús­ cula na primeira palavra do título. faz-se a menção entre colche­ tes: [Recife]. 4q: Editor — O nome do editor. que pode vir simplificado ou abrevia­ do. 1 9 1 0 . seguido de “et alii” ou “et al. 1941. evidentemente. p. Não havendo indicação do editor. menciona-se apenas o primeiro.3 mencionando-se a seguir. antologias) e de artigos de periódicos deve vir em redondo (ou romano). ligados por c ou & (o sobrenome sempre anteposto ao(s) prenome(s). 29: Título — O título de livros. R u i. põe-se a do Copyright (que costuma vir 3 O PNB-66 já não preceitua o emprego de aspas nesse caso.2. Se não há data expressa. Salvo. in­ troduzido pela preposição latina in (ver 1. quando não iniciam a referência bibliográfica (caso em que vem em ver­ sai). 4 Títulos em francês ou inglês estão sujeitos a outras convenções: cf. 9 9 -1 0 2 .4 como se viu no exemplo supracitado. põe-se [s. e estar separado do nome do autor por meio de um ponto. Amónio.ed.e d . 5Q: Data da edição — A data da edição vem também separada por vírgulas. .Normas prescritas pela NBD-64 e pelo PNB-66: l ô: Autor — Indica-se o autor pelo seu sobrenome (em versai ou versalete = três sublinhas no original). Quando a obra tem dois autores. O título de partes de obras.2. 18. “A spectos d a lin g ü ística m o d e rn a ". In: MISCFAÃNEA de e stu d o s e m h o n ra do A n te n o r N asc en tes. de colaborações em obras coletivas (co­ letâneas.]. Clóvis d o Rego. Sendo mais de dois os autores. Rio. In (em) — Usa-se para citações extraídas de obras coletivas. (opere citato ou opus citatum = na obra citada) — O mesmo que loc. com as mesmas pala­ vras) — Expressão em pregada para frisar que a citação se faz fielmente. o(s) algarismo(s) idêntico(s) que precede(m ) à esquerda o primeiro algarismo modificado: Ex.. ou a id. suprimindo-se.2.11. cit. ibid.. Por brevidade. Idem (o mesmo) — Pronome latino com que se indica que o trecho citado vem do mesmo autor a que se fez referência anteriorm ente. 35-45. seguida por dois-pontos.) — Esta preposição (abreviada às vezes em ap. ibid. mas menos usado. se­ guidos do núm ero da página. no nominativo = no lugar citado) — Indica que o trecho citado faz parte de obra já menciona­ da: Júlio Nogueira (ou Nogueira. 2 1 3 . Apare­ ce mais com umente abreviado: id. estão igualmente caindo em desuso as abreviaturas “pág.. Loc. G ram ática n o rm a tiva da língua p o rtu g u e­ sa.” 7. cit. ou locus citatus. admite-se a omissão do “p..d. vêm geralm ente juntos. Op. Também já não se usa “pp. põe-se [s. O lím pio. mas na de um terceiro: A p u d LIMA.72 Expressões latinas usuais Nas referências bibliográficas. cit. 1 972 . 12345-7” (NDB-64). 373. C.2.” quando a citação abrange mais de uma página. Júlio). no da final... 21-8. cit. p. faz-se a menção entre colchetes: [1956]. citado por. 6Q: Número da(s) página(s) — “Ao indicar os números das páginas inicial e final de um a referência.].. d a R ocha.” ou “págs. Garcia ♦ 4 2 7 no verso da folha de rosto) ou do impressor.”. J. (loco citato. Ibidem (aí mesmo.. quando a indicação da página se segue ao título da obra. . p. 1608-74. na falta de ambas. sendo ela presumível. adotam-se algumas expressões latinas de que damos a seguir as principais: Apud (de acordo com. segundo. Ver o item 29 de 1. ipsis verbis (com as mesmas letras.. laud. a op.) serve para indicar que o trecho trans­ crito não foi colhido diretam ente n a obra do autor citado. cit. ou Ap. m anter-se-á o núm ero completo da pági­ n a inicial. Ipsis litteris.O thon M. cit Op.. no mesmo lugar) — O trecho citado foi extraído da m esm a obra e autor já referidos. loc.. em notas muito freqüentes. Id. no ablativo. conforme recomenda o PNB-66. H.: p. (opere laudato ou opus laudatum = na obra louvada ou ci­ tada) — O mesmo que loc. 2 . segundo as prescrições de 1. U m a le t r a 5 . assim mesmo) — Pospõe-se.3 ju s t a p o s iç ã o e < 5 . seguindo-se as mesmas prescrições.1 e m p re g a -se o : 5 .5 .5 s e ja d o .5 . A s s in a la e m e t c a e te r a pi .3 .4 . c) lista final classificada por assunto.2.3 d u a s b a rra s ver b a rra h o r iz o n t s ou acom panhac 1. pela ordem alfabética do último nome do(s) autor(es).5 .5 . 1978) e so b retu d o para a o b ra d e A ntônio H ouaiss — Elementos de bibliologia (Rio. não é ipsis verbis.3 gem com o sõ s ã o lo c a liz a d a s 1. Institu to N acional d o Livro. por capítulo. ou segundo critério recom endado pela natureza da obra e do assunto.5 .4 .4 .1 r P a ra s u b s ti c a m -s e n a m a r j 5 . A sup n p o r u m a b a rra a) lista completa.3 .4 m ação.4 . Sic (assim.2 p a ç o e n tre d u j 5 .2.4 t ip o s d e le t r a s o u p o r c ír c u lo s cação do t ip o n e g r ito o u n eg VERSAL 3 Sempre foi praxe universalmente respeitada grafar todas essas abreviaturas e expressões'la­ tinas em itálico ou grifo (uma sublinha no original). 1970.3 . o terceiro é mais raro. Isto se faz geralm ente de três modos: P a ra s u p r i 5 . da ABNT estabelecem que sejam escritas em tipo redondo.3 5 . b) lista parcial. 5 . VII a X. deve trazer a lista das obras consultadas. segundo a NB-73. a cada passo) — Substitui a referên­ cia à página.1 t ic a is : fra l a v r a j 5 . não só porque se traia de praxe arraigada mas também porque obriga à incoerência de grifar outras expressões da mes­ ma origem.1 à s e g u in t e 5 . quer dizer. quando se aproveita em síntese o pensam ento do autor expresso ao longo de toda uma obra ou de algumas de suas pági­ nas.2 . Entretanto. mas ape­ nas conceptual.1 v e r m a is d e u n s in a is g r á f ic o s 5 .3 . de Dewey). cap.2 Se f e r ê n c ia a o o r ií o esp aço e n tra O prim eiro caso é o mais comum. Dec.3 . do 2“ v olum e. 1967. à palavra cuja transcrição exata se quer frisar. E comum o seu em prego quando a palavra tem grafia incorreta ou desatualizada.). com permissão da ABNT. quando a citação não é textual.s e v e a d a e m 5 . que se tenha baseado em pesquisas bibliográficas consideráveis. de acordo com a CDU ou a CDD (Classificação Decimal Universal ou Cias. d e ju s t a p o s iç ã o . É pena.4 .428 ♦ Comunicação em P rosa M oderna Passim ou et passim (aqui e ali. e o segundo é adotado com fre­ qüência nas obras de feição didática. ou o seu sentido parece ina­ dequado ao contexto ou surpreendente nele. Essas n o rm as restringem -se aos casos m ais com u n s e m en o s com plexos. 2 v. rem etc-se o leitor p ara as citadas fontes da ABNT (NDB-64 e N or­ m as ABNT sobre docum entação. entre parênteses. da NDB-64: q u e n a e s c r it a /e s p a c y e j a r u i m a rg e m d e n tro 5 . Para as d em ais situações.5 RESUM C A s fo rm a s 5 .11.2 as le t r a s ou p in v e r t i d a s o u a 5 . as normas adota­ das na revisão de provas tipográficas.13 Listas bibliográficas Todo trabalho de “certo fôlego”.2 . 5 .3 Revisão de provas tipográficas Transcrevemos a seguir. que não admitem tipo comum. em versai ou versalete.6 P a ra a u m e n t a r e in d ic a . PospÕe-se ao título da obra.5 ra s 5 . a NDB-64 e o PNB-66. ( tro to c o r p o d a s le tra r e p e t id o n a m a i 5 . ao lado do sinal de localização.H Para introduzir ou a u m e n ta r /. com o sinal de separação à margem.6 5 .1 5 . Localizam-se letras/" /jV sinais gráficos e^espaçosTporJmeio (dejbarras ver. j # J # f4p~ que na escrita musical é igual ao sustenido. ver mais de um em cada linha.5 5 .2 .1 5 . A supressão do espaço entre dujas letras é injdicada pelo sinal df e / ^ justaposição e a diminuição.3 5 .5 . p alavra / / t-l emprega-se o sinal “deleatur”. Garcia ♦ 429 N B -73 RESUM O 5 . as letras ou palavras certas.2 5 . 3 . Para aumentar uma entrelinha. acompanhada pelo sinal de justaposição. As letras defeituosas são localizadas como letras erradas e repetidas na margem dentro de um círculo. são assinaladas à mar.3 5 . [^ e ^ o sinal de aproximação.2 .£ p . 5 .2 5 .4 . J y invertidas ou a^avessadas. indicam-se na margem.( ^ * 0 sejado. coloca-se entre duas bar. como em et caetera pelo sinal de justaposição.3 .3 .4 .3 5 .4 . As letras voltada^. e para jesoac/e j a r uma palavra./ T J L J . Uma letra ^issa será amarada à precedente ou Z®711 à seguinte Se a omissão for importante faz-se referência ao original. v e rs ^ T ja VERSAL romana VERSAL (ftáíicQj V E R S A L (fiegrit^ Para ifíudario corpo das letras. ^ ticais: palavra# por meio de um travessão jlnfcrçf /-y pa£aAm*A J—f t n f o duas barras verticais e entrelinhas por meio de uma barra horizontal bifurcada numa das extremidades ou acompanhada pelo sinal de operação.3 E X E M P L IF IC A D O As formas dos sinais devem variar quando hou.O thon M. usa-se a barra indiycada eny 5 .5 .3 . A supressão de uma entrelinha é indicada por uma barra horizontal. " .1 5 . Indicam-se os vários tipos de letras por meio de linhas convencionais ou por círculos.5 .4 5 .1 5 ./ f f f f ras e indica-se na margem o sinal de espacejar.4 . 2 ./^ o espaço entrepalavras usa-sejofsinal de separação. ff. ' Para substituir lejjras ou erradas.5 .4 Para suprimir Jletras./ @ L © gem com o sinal “vertatur”.4 . assinala-se o trecho num circulo ^ repetido na margem com a indicação do(SORPÕ)de.3 . Assinalam-se os caracteres compostos. sinais/palavras. repetidos na margem com a indi­ cação do tipo desejado:Gromano) itálico ou itálico negrito ou negrito.1 5 .2 5 . 6 .7 . palavra ou linha deve ser sublinhada. usa-se na margem dois traços horizontais para.1 Comunicação em P rosa M oderna Para corrigir a inv^$io de duas letras.7.U\ vras ou linhas l sinal) usa-se o) de transposição. Uma parte ilegível do original será indicada pelo compositor por meio de XXX ou ??? Para indicar que uma letra.7 .8 5 . estes devem ser numerados na margem. // \ D éci ma P ar . paia. As correções devem ser claras.6 ./ . 3 ~ r < ^ ^fPara deslocar letras ou linhas para baixo ou^ são ocç>£ij£ em mais de duas linhas.8 5 . explícitas e bem destacadas na prova. dois traços verticais paraleLos.8 .6 . Toda correção será localizada no texto e explicada ou repetida na margem.7 .7 . F =3 fio grosso.5 5 .43 0 ♦ 5 .9 5 .7 .4 5 .3 5 . suprime-se a parte que está a mais numa linha e acrescenta-se na seguinte.11 j t l 4 para cima empregam-se setas ou o sinaÜXou UT.3 5 .6 . No caso de uma divisão silábica ou de fón^^la mal feita.7 . porém sem apagarem o texto. f Se f o s f espaços f entre /as/palavras/forem/desiguais. Para deslocar uma linha para a direita ou para a esquerda usam-se setas ou colchetes voltados para j-----------.7 5 . os traços serão indicados por uma seta. Para alinhar no horizontal. ff rz fio duplo./ / lelos e no vertical.7 5 .7 . Se a invergrafos.Ja direção desejada. UI U H indicam-se com barras verticais. Assinala-se uma palavra ou trechoCsinal de transposição)deslocado por um círculo seguidorç>elo terminado por üma seta no lugar correto.6 . etc.2 5 . bem localizadas.1 5 . repetidas na mar­ gem sem outro sinal. trechos ou pará .4 5 .6 .5 5 . Paraît abrir parágrafo usa-se o sinaj/e* para suprimir.7 .v rigida.6 . e a natureza dos mesmos pelas convenções: fh =: fio horizontal.1 5 . No caso de tabelas. emprega-se o sinal L— te quan­ do deve ter um traço por cima o sinal/.6 5 .6 . Anula-se uma correção desnecessária barrando o sinal de >àpejfeção e sublinhando com pontos a parte mal cor.6 . completas. mas \ ^ se a inversãolmaior lum número]afeta[elementõsj deJ ÜJ l LUíFlAl recomenda-se a indicação da ordem dos mesmos. As manchas na prova(j)assinaIam-se por meio O de um círculo repetido na margem. fv zz fio vertical.9 5 .7 .1 0 5 . EX. .Exercicios .D éci ma P arte 10. Mesmo Gonçalves Dias” (Eduardo Portella. mas na sala faz ainda muito calor. dois. por serem discrepantes. 117). creio.100 . 59). respec­ tivamente Fg. escrevendo à margem as abreviaturas correspondentes. Mas. Os anos sucessi­ vos de 30 iniciaram um declínio que culminaria por 45. IV Cada terra com seu uso. II “Eles [os epígonos do professor Alceu de Amoroso Lima] repetiram de­ bilmente o seu impressionismo. as frases nominais e as frases de situação. Quando o que deviam fazer era continuar. mas tenho saudades da minha cidade” (Lima Barreto. Literatura e realidade nacional. — É verdade que aqui é muito quente? A senhora deve saber: não mora aqui? — Há poucos anos... . — Gosta? — Alguma coisa. Diga em seguida se as estruturas adotadas se justifi­ cam ou não como recursos estilísticos: I ‘À perspectiva européia consistia em observar no Brasil aquilo que era di­ ferente dela. Mesmo José de Alencar incorreu nesta falha de perspectiva. frases nominais e fragmentárias 101 Sublinhe os fragmentos de frase. era fortalecer. ibid. disse-me ela. cada roca com seu fuso.A frase Frases de situação.. 37). Durante esse esta­ do de coisas que prefiro cham ar instrumentalismo” (Id. Fn e Fs. por serem agentes do exotismo. III “— A tarde refrescou.. p. Não acha? — É verdade. p. Estava seduzida pelo exótico. p. o seu lúcido e antecipado expressionismo. Vida e morte. Valorizava o índio e a selva. . Como a dela própria que soa­ ra naquele instante para Otávio: aguda... que não participam da m odernidade. cidade. que o leva a servir-se de um vocabulário requintadíssimo. Idade. é mais é a própria verdade. VIII “O pensam ento mais cruel se delata na forma feliz com que se expri­ me.. seja o m om ento em que Amoroso Lima. em regra. e tempo. VII Depois da descob ca do menor. 142). Amoroso Lima. Caderno de João. p.. Como fora da época eram há trinta anos alguns excêntricos que timbravam em ser modernos” (Jd.. 102 Na constn paralelismo gramatic« ta gramatical.. sexo em globo é a idade mais feliz da vida. lançada para o alto. abanca-te nesta pedra e vai preparando o teu cigarro. são hom ens até certo ponto fora da época. que a água está fervendo e as xícaras já tilin­ tam na bandeja.. Vencendo-se um mês depois o prazo de paga­ mento da dívida. o am or da luta. p. afastar-se do foco. fu­ gir. ibid.. p. geralmente. corrija a estrutura d condenáveis e justifiq I Tanto na sala de ai implicando com algui II Fiquei decepcionac quando o professor n gundo grau. Se bem ragem m oral” (A. 165). XIII Não vinham os de se estabelecerem sj 1 . Um minuto apenas. p. um pouco saciado” (Clarice Lispector. ibid. E afronta o perigo lheres. que as m u­ que possuam. V Ouvimos um ruído VI Passei alguns dias cia. não no 2 pidam ente vencidas..então ela repetia urna daquelas vozes que ouvira em solteira. estático.. p. p. 105). VIII “O caráter brasil mental porque saberr sivamente próprias. VII “Bota a trouxa no chão... outros.. dorm ir” (Aníbal Machado. XII “Os hom ens de nossos dias. III Ao rom per da aui natureza se mostra n IV Embora todos o < tempo. ibid.” IX Peço-lhe que escre Grêmio e se a data d X Dispondo de poucc rias-primas no mercat volvidos estão sempr* XI O Governador neg cialidade da PM do í XII Pouco im porta que lhes causamos. 64). vazia. A voz de um a m ulher jovem junto de seu homem. m udar de lençol. ninguém sabe IX A busca do terrno exato. O tem peram ento com um desassombro. Algo inacabado. o que tornou inevitável a venda do sítio. XIII Tudo ia correndo satisfatoriamente.. com notas iguais e claras. Perto do coração. de mulher. não possuem. quando um incêndio consumiu toda a colheita daquele ano. m udar de quar­ to. de idéias. m udar de profissão. Se bem que a mocidade podemos ser individualmente mais felizes" (A. X “. Idade. XI “Dizer que a mocidade do que um lugar-comum. Requisito de assassino que usa armas de luxo” (Id. p. VI “M udar de lado. combinado com uma estrutura frásica tortuosa. 104). correr para longe. mais co­ sexo e tempo..4 3 4 ♦ Comunicação em P rosa M oderna V “O hom em possui espontaneam ente másculo e belicoso. 167). 72). Vai sair bem coado e quentinho” (Id. o que torna a sua linguagem freqüentem ente obscura. vale dizer. ninguém sabe se é casado. repugnam à índole da língua. III Ao rom per da aurora e quando os pássaros começam a cantar é que a natureza se mostra mais aprazível.juFPEBibHotena Central! O thon A/l. XI O Governador negou estar a polícia de sobreaviso e que a visita da ofi­ cialidade da PM do Estado tivesse qualquer sentido político. V Ouvimos um ruído e alguém forçar a porta dos fundos.” IX Peço-lhe que escreva a fim de informar-me a respeito das atividades do Grêmio e se a data do concurso de oratória já está marcada. VII Depois da descoberta do avião. II Fiquei decepcionado com a nota que obtive na prova de m atemática e quando o professor me disse que eu nem sei o que é uma equação de se­ gundo grau. os países subdesen­ volvidos estão sempre carentes de meios para elevar o seu padrão de vida. . G arcia ♦ 435 Paralelismo gramatical 102 Na construção dos seguintes períodos não se levou em conta o paralelism o gramatical. pelo menos do ponto de vis­ ta gramatical. Alberto está sempre implicando com algum colega. entretanto. não no sentido próprio mas sim que as distâncias são mais ra­ pidam ente vencidas. IV Embora todos o conheçam e apesar de conviverem com ele há longo tem po. VI Passei alguns dias com minha família revendo velhos amigos de infân­ cia. Melhore ou corrija a estrutura dos que lhe parecerem estilística ou gramaticalmente condenáveis e justifique a construção dos demais: í Tanto na sala de aula quanto ao brincar no recreio. a fim de se estabelecerem no Novo Mundo. XIII Não vinham os colonizadores com espírito pioneiro. X Dispondo de poucos produtos de exportação e como os preços das matérias-primas no mercado internacional são muito baixos. VIII “O caráter brasileiro dessa periodização literária é tanto mais funda­ m ental porque sabemos dispor de uma literatura com características osten­ sivam ente próprias. XII Pouco importa saber o que dizem esses estrangeiros ou a impressão que lhes causamos. outros. o m undo nos dá a impressão de ter fi­ cado menor. alguns são toleráveis. tendo objeto e métodos próprios. São também muito amigos. É um pouco demagógico. Isso me obriga XI Moramos no mesmo edifício. XXV Foi trem enda a dos pela sua fúria. XVIII Esse livro foi pre da e foi escrito por J. As notas foram muito baixas. Da coordenação para a subordinação . E também não telefonou para avisar. com a necessária clareza e ênfase.. Ele convence qualquer auditório. Mal nos cumprimentamos. XVI “Os m étodos de sistematização são muitas vezes ou históricos ou vão procurar suas bases nas doutrinas clássicas. XXVI A casa foi constr ruínas. XXI Os jesuítas tinham começaram as disputa era o cativeiro dos índ XXII A escravidão dos tia apenas a escravidãí XXIII Os colonos do M veiro dos índios. não é grande coisa. Este ano é um dos últimos. a verdadeira relação de sentido entre os períodos que os compõem. X Eles se conhecem. Mas o tempo foi insuficiente. Este ano está entre os primeiros. Chama-se Flash. 103 Os seguintes grupos de frases não mostram. Ele dá respostas ou faz perguntas de “gente grande”. a se constituir como ciência indepen­ dente. homens.organização de períodos XV O incenso só recei mens refulge sem eclip XVI A chuva amolece . fazendo as necessárias adaptações para reduzir cada grupo a um só período. Prett tra isso se opuseram c am parados por lei de dos índios. Então nos encontram os freqüentem ente. Ele comprou um carro novo também.” XIII Eu recobrei os sen‘ vam para a terra. Muitos alunos não puderam responder nem à m eta­ de das questões. II Meu irm ão gosta muito de matemática. isto é.4 3 6 ♦ Comunicação em P rosa M oderna XIV Não im porta qual seja o tam anho da sua casa ou se há um a cozinha m oderna e espaçosa. Dê-lhes nova estrutura. VII O Flamengo está sempre bem colocado na disputa dos campeonatos da cidade. XXIV O choque entre t ros foi atirado a distâi IX Este candidato fala muito bem. É um animal muito inteli­ gente. XV “A psicologia tende. Eu prefiro literatura. Justifique os casos que lhe parece­ rem estilisticamente recomendáveis: XVII Nossa casa estaví uma pequena lagoa.” XIV O com andante era lhe os cabelos crespos. O Bonsucesso é dos times mais fracos. atualm ente. XX Os dois soldados al veio ver o pobre rapaz III Nós tem os um cão policial. Ele apresen­ tou ao Diretor o relatório das atividades durante o prim eiro semestre. Ej I O presidente do Grêmio encontrou-se ontem com o Diretor. 1 XXVII Ele foi muito ge . IV Ricardo só tem sete anos. XII Moramos no mesm to cedo. Raram ente se encontram. Ficou cheio de dívidas. XIX A festa estava m u promisso. Ela conside VIII Carlos reformou o apartam ento. V Ele não veio jantar. VI O professor chegou atrasado e ainda “deu” prova de Matemática.. Um dos passagei­ ros foi atirado a distância. Pelas suas faces vermelhas caíamlhe os cabelos crespos. Era aí que costumávamos pescar. XVI A chuva amolece a terra. Ele saiu muito cedo. XVII Nossa casa estava situada na várzea. XIX A festa estava muito divertida. Ribeiro. XX Os dois soldados afastaram-se. Os interesses destes últimos vieram a ser am parados por lei de 1652. O forro e o assoalho estão em ruínas. XIII Eu recobrei os sentidos. Ela considerava todos eles libertos. Isso me obrigará a fazer uma reforma de grandes proporções. Pretendiam tornar geral a escravidão do indígena. A glória dos grandes ho­ mens refulge sem eclipse depois de mortos. Então o caboclo saiu do esconderijo. Então começaram as disputas entre eles e os colonos. S. XXIII Os colonos do Maranhão rebelaram-se contra a lei que proibia o cati­ veiro dos índios.O thon m . XXVII Ele foi muito gentil conosco. Ele fraturou o crânio. É uma história muito divertida. XVIII Esse livro foi premiado pela Academia. XXIV O choque entre os dois veículos foi muito violento. A velhice já lhe alvejava alguns fios. Estava num escaler de marinheiros. O estilo não é grande coisa. Con­ tra isso se opuseram os jesuítas. Ficamos até constrangidos. Raram ente nos vemos. XXI Os jesuítas tinham-se estabelecido no Maranhão no século XVII. XXII A escravidão dos índios era proibida por lei de 1574. XXVI A casa foi construída há muito tempo. Saio sempre mui­ to cedo. Até automóveis foram arrasta­ dos pela sua fúria. Garcia ♦ 437 XII Moramos no mesmo edifício. O pranto da mulher abranda o coração dos homens. A trezentos metros dela ficava um a pequena lagoa. O rapaz estava muito ferido. XV O incenso só recende depois de queimado. O motivo dessas disputas era o cativeiro dos índios. Ele veio ver o pobre rapaz. Eles rem a­ vam para a terra. Tinha outro com­ promisso. Essa lei proibia term inantem ente a escravidão dos índios. XXV Foi trem enda a violência do furacão. XIV O com andante era um belo homem. . Essa lei permi­ tia apenas a escravidão do indígena feito prisioneiro. chama-se Heróis na retaguar­ da e foi escrito por J. a) Os ratos lembram os frívolos (idéia mais im portante). Antônio. c) (O lobo) provocou < d) (Os poderosos sem to de b). Houve um a festa n meiros dias. Voltou as costas. 4. II Sem indicações do va 1. I Com indicações do valor das orações 1. Foi i 6. Seu pai vi\ sou com um a jov< Ramos de Almeida . c) (A formiga) trabalh. Fingem-se superiores a tudo (atributo de despeitados). a) b) c) d) A raposa lem bra os despeitados (idéia mais im portante) (Ela) desdenha as uvas (atributo do sujeito de a). Ele do estava a casa. c) Resolvem em conselho atar um guizo ao pescoço do gato (atributo do sujeito de a). d) Não ousam (os ratos) aproximar-se dele (gato) (oposição a c). Os aventureiros exe por D. jeito de a). a) b) c) d) e) f) A rã nos lembra as pessoas muito vaidosas (idéia mais im portante). Ele cor 8. a) A formiga nos lembra as pessoas muito previdentes (idéia mais impor­ tante). Não nos foi possível concluir a tare­ fa a contento. Desejam mais do que podem (atributo do objeto direto de a). Ela inchou muito (atributo do sujeito de a). d) Ela provê-se de alin pósito de c). a) O lobo nos lembra c b) (Os poderosos) se s* to de a). Pauk minário Episcopal. 3. servindo-se de conectivos adequados às relações e funções sugeridas pelo sentido deles. Le gem. Ela invejava o tam anho do boi (causa de d). Acabou arrebentando (conseqüência de d). o cága 5. Uma noite destas e contrei no trem da rapaz de vista e de 3. 5. Iniciou no aí geiro. Gonçalves Dias naí tuguês.’ 1881. A Quinta da BoavÊ São Cristóvão. A selvagem a nham a rotação ap. Ela queria igualar-se ao boi (outra causa de d). b) (As pessoas previdei buto do objeto diret XXIX O com portam ento da turm a foi imperdoável. b) Advertem-nos da presença do inimigo (fim ou propósito de c). 2. 4. 7. Cabral partiu de B< va à índia. 104 Forme períodos compostos com os seguintes enunciados soltos. Isso provocou reclamações dos interessados. 2. O inspetor não teve ou­ tro rem édio senão pedir a suspensão dos culpados. Eduardo Prado era nasceu em S.438 ♦ C omunicação em P rosa M oderna XXVIII Dispúnhamos de pouco tempo. e) No m om ento de pôr em prática essa idéia genial (circunstância de tem ­ po em relação a d). Não se pode alcançar (causa de b). Eu conheço esse rapaz de vista e de chapéu. Antônio. Eles tornaram o rochedo mais inacessível. 2. 4. Depois. 3. 6. Formou-se em 1881. Era filho de um comerciante por­ tuguês. Essa jovem chamava-se Adelaide Ramos de Almeida. Houve um a festa no céu. A Quinta da Boavista é um belo parque. Foi em São Cristóvão que eu nasci. Cursou por algum tempo as aulas do Se­ minário Episcopal. A selvagem acompanhava a sua vista como certas flores acom pa­ nham a rotação aparente do sol. Eduardo Prado era filho mais moço do Dr. o cágado não pôde comparecer. d) (Os poderosos sem escrúpulos) satisfazem sua ambição (fim ou propósi­ to de i>). Seu pai vivia m aritalm ente com um a mestiça. 7. c) (A formiga) trabalha incessantemente durante o verão (atributo do su­ jeito de a). b) (Os poderosos) se servem de qualquer pretexto (atributo do objeto dire­ to de a). Iniciou no ano seguinte as longas e repetidas viagens ao estran­ geiro. Voltou as costas. Paulo em 1860. G arcia ♦ 439 b) (As pessoas previdentes) fazem suas reservas para os dias difíceis (atri­ buto do objeto direto de a). Todos os bichos compareceram. Então en­ contrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro. 5. . Nos dois pri­ meiros dias. Ele nasceu em S. Ainda hoje moro aí. Uma noite destas eu vinha da cidade para o Engenho Novo. d) Ela provê-se de alimentos para poder enfrentar o inverno (fim ou pro­ pósito de c). 5. Os aventureiros executavam os trabalhos de defesa. Matriculou-se na Faculdade de Direito. Eles eram dirigidos por D. Levantou os olhos ao céu para evitar o rosto da selva­ gem. II Sem indicações do valor das orações 1.O thon M. ele se ca­ sou com um a jovem de boa família. c) (O lobo) provocou o inocente cordeiro (atributo do sujeito de a). Ele se destina­ va à índia. Ele comandava uma esquadra de treze navios. Martinho da Silva Prado. Nesse roche­ do estava a casa. 8. Gonçalves Dias nasceu no Maranhão. Esse parque fica no bairro de São Cristóvão. Ele andava muito devagar. Cabral partiu de Belém num a segunda-feira. 9 de março. a) O lobo nos lembra os poderosos sem escrúpulos (idéia mais importante). Antônio dirigia os trabalhos de defesa que os aventureiros executa­ vam para tom ar ainda mais inacessível o rochedo onde estava situada a casa. dirigidos por D. b) Houve. O novo general. a) Os aventureiros que. que nham a rotaçãc c) Evitando o rost tas flores a com levantando os c d) Para evitar o r certas flores ac olhos ao céu. que encon­ trei um a noite destas no trem da Central. um rapaz que é aqui do bairro e que eu co­ nheço de vista e de chapéu. bairro or e) Nasci e ainda r Boavista. menos o chegar nos dois c) Uma vez houve dois primeiros < d) Por andar m uit vez houve no o 2. marquês de Barbacena.: O alui correspondem a alj precedente. b) Uma noite destas. b) D. Texto original de José de Alencar: 4. c) Os aventureiros tornavam ainda mais inacessível o rochedo onde es­ tava situada a casa. Não interrogava ninguém. foi em c) Nasci e ainda j Quinta da Boav d) A Quinta da Bc tóvão. executavam os trabalhos de defesa. quis aproveitar os serviços do ilustre barão do Cerro-Largo. Então criava novas forças e arrem etia juvenilm ente ao trabalho. Antônio. a qual nham a rotaçãc b) Voltando as cos selvagem. pois. . encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro. Antônio dirigia os aventureiros que executavam os trabalhos de defe­ sa para tornar ainda mais inacessível o rochedo onde estava situada a casa. dirigidos por D. executando os trabalhos de defesa. se você a identificar. d) Eu conheço um rapaz aqui do bairro. em cada série. teve com ele uma larga conferência. certa v< chos. c) Uma noite destas. quando vinha da cidade para o Engenho Novo. que é a) Encontrei uma noite destas. 10. na maioria dos casos. quando encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro. Deleitava-se com ouvir al­ gum a palavra de apreço. que conheço de vista e de chapéu. vindo da cidade para o Engenho Novo. a di­ ferença entre elas decorre da escolha da oração principal: a) Levantando os i vagem. d) D. tornaram ainda mais inacessível o rochedo em que estava si­ tuada a casa. o que não signi­ fica que todas as outras sejam inaceitáveis. Versão original i Obs. Um deles. escolhido a melhor. 3. Antes de partir para Santana do Livramento. Versão original. v. 1. Antônio. provavelmente. eu vinha da cidade para o Engenho Novo. de vista e de chapéu. Texto original de Machado de Assis: a) A Quinta da B bairro onde nas b) Situada em Sã< parque. manifestou-se toda a estima e ve­ neração que lhe votava. por an meiros dias.4 4 0 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P rosa M oderna 9. 5. quando vinha da cidade para o Engenho Novo no trem da Central. o qual eu co­ nheço de vista e de chapéu. Ele já o conhecia de nome e muito o res­ peitava. corresponde à forma original do autor. Texto original d 105 Os seguintes períodos constituem versões diferentes das mesmas idéias. Ele era acanhado. terá. Por essa ocasião. a) Todos os bichos cágado. levantou os olhos para o céu para evitar orosto da selvagem. que é um belo parque. o cágado não pôde ir a um a festa que certa vez houve no céu. 4. a qual acompanhava a sua vista como certas flores acom pa­ nham a rotação aparente do sol. e) Nasci e ainda resido em São Cristóvão. certa vez. ele voltou as costas. c) Nasci e ainda resido no bairro de São Cristóvão. que é um belo parque.O t h o . que é um belo parque. Texto original de José de Alencar: a) Levantando os olhos ao céu. foi em São Cristóvão que eu nasci e é aí que ainda resido. que acompanhava a sua vista como certas flores acom pa­ nham a rotação aparente do sol. onde está situada a Quinta da Boavista. não pôde comparecer nos dois pri­ meiros dias. . está situada em São Cris­ tóvão. à qual com pareceram todos os bichos. mas nos dois primeiros dias o cágado não pôde ir. que acompanhava a sua vista como certas flores acompanham a rotação aparente do sol. houve no céu. bairro onde nasci e ainda resido. c) Evitando o rosto da selvagem. menos o cágado. voltando as costas. de Sílvio Romero: rabalhos stava side defeituada a >nde esdos por executaituada a a) Todos os bichos foram a uma festa que. Obs. d) Por andar muito devagar. d) Para evitar o rosto da selvagem. por andar muito devagar. certa vez. todos os bichos lá foram.: O aluno deve ter notado que esses cinco grupos de períodos correspondem a algumas das possíveis versões pedidas no exercício 104.n )uvir aljuvenil/iços do o o resele uma ia e ve- mesmas iiitor. Versão original do Autor: Engenho e eu contrei no >ta e de quando 1 eu coenconide para 2 a) A Quinta da Boavista é um belo parque. que anda muito devagar e por isso não pôde chegar nos dois primeiros dias. a di- M. b) Situada em São Cristóvão está a Quinta da Boavista. Garcia ♦ 4 -^ 1 3. se ío signios. uma festa no céu a que compareceram todos os bi­ chos. precedente. que é um belo parque. Versão original. b) Houve. por andar muito devagar. que acompanhava a sua vista como cer­ tas flores acom panham a rotação aparente do sol. b) Voltando as costas. II. adaptada. mas o cágado. voltou as costas para evitar o rosto da sel­ vagem. situado em São Cristóvão. c) Uma vez houve um a festa no céu. 5. ele levantou os olhos ao céu. onde está situada a Quinta da Boavista. d) A Quinta da Boavista. levantando os olhos ao céu. bairro onde nasci e ainda hoje resido. que é o autor do maior poema épico que já se escreveu em língua portuguesa. I Tudo corria normalmenu til Espero que ine respondas a fim de que se esclareçam as dúvidas que di­ zem respeito ao assunto que está sendo discutido..4 4 2 ♦ C omunicação em P rosa M oderna Subordinação enfadonha 106 Nos seguintes períodos há excesso de orações subordinadas..e. deixou também uma série de sonetos que são conside­ rados como obras-primas no gênero. pediram-me que devolvesse o livro que me fora empres­ tado por ocasião dos exames que se realizaram no fim do ano que passou. . VI Camões.1 ). in tro d u z id a s p o r p ro n o m e rela tiv o ) p o r ad jetiv o s. pou IX Quando completei dezi X Quase não o reconheci. dê a cada pe­ ríodo a estrutura que lhe pareça mais satisfatória: b) A pós os ex a m e s o r I Quando chegaram. sempre que possível: a) as o raç õ es desenvolvidas (i..” VIII Ao findar o mês. X Convém que recapitulemos toda a matéria que foi dada no prim eiro se­ mestre e que o professor disse que incluirá na prova que se realizará no mês que vem. substituindo. 1 . do que resultam enfadonhas repetições de “quês”. Indicacâo das circi 107 Sublinhe todas sejam orações. XIV Para o desenvolvimen várias indústrias de base. XV Ainda vai todos os d i do oitenta anos de idade. III Ele fazia comentários a IV É indispensável que se conheça o critério que se adotou para que se­ jam corrigidas as provas que se realizaram ontem. a fim de que se tomem providências que forem julgadas necessárias. IX Muitos candidatos revelaram que desconheciam totalm ente a m atéria que constava dos programas que foram organizados pela banca que os exa­ minava. d ) M al te rm in e m o s e II Solicitei-lhe que repetisse o recado que me transm itia por telefone. XI Ele se casou.. in tro d u z id a s p o r co n ju n çõ es) ad v e rb iais p o r a d ju n to s o u re d u z id a s equiv alen tes. c) as a d je tiv a s (i.e. Logo q u e te rm i g o za r as m in h a s férias a) T erm in ad o s os exaj Em seguida. dosando equilibradamente essas variantes. II Não me interrom pa qua IV Não foi possível condni V Como conseqüência da VI “Como andava com tan VII “Depois de haverem d ram-se da cidade. VIII O Diretor determ inou que a prova fosse adiada até que se apurassem as irregularidades que o inspetor denunciara.4 ... concluímos o trabalho que havíamos interrompido quando ele chegou. V Urge que se ultime o inquérito que se instaurou para que se apliquem aos culpados as penalidades que a lei impõe. lo cu ­ ções a d je tiv a s o u a p o sto s (v er 1. apesar ds XII Em virtude da falta cf XIII Com a proximidade <: mais impacientes.. Fr. indique-lh< substitua-as pelo maior nt lando a forma que lhe par ordem dos termos ou das M ODELO : b) as s u b sta n tiv a s d esen v o lv id as p o r su b sta n tiv a s ou re d u z id a s d e infinitivo. c) D epois q u e (assim p a ra S ão Paulo. VII Depois que ele saiu. mas ele desligou sem que me desse maiores explicações. altere a estrutura das ex­ pressões condenáveis. i pe- b) A pós os ex a m e s orais. tão envelhecido estava. p a rtire i p a ra S ão Paulo em g ozo d e férias. )U. p a rtire i p a r a S ão P aulo em g o zo d e férias. etc. em poucos dias corria m uita terra. e dii semem III Ele fazia comentários ao mesmo tem po em que lia os poemas. pres- d ) M al te rm in e m os ex a m e s o rais. XV Ainda vai todos os dias ao escritório. XIV Para o desenvolvimento do Brasil. IX Quando completei dezoito anos. sejam adjuntos sejam orações. nenhum jornal circulou hoje.” [uem i em side- VII “Depois de haverem transposto as m ontanhas. ssem . c) D epois q u e (assim que. a) T erm in ad o s os ex a m e s o rais. suspenderam-se as aulas. ainda não conhecia o Rio de Janeiro. Garcia ♦ 4 4 3 Indicacão das circunstâncias $ . . os alunos vão ficando cada vez mais impacientes. q u a n d o ) te rm in a re m os ex a m e s o rais. indique-lhes o sentido (causa. VI “Como andava com tanta diligência. os invasores assenhorea­ ram-se da cidade. m ude a ordem dos termos ou das orações. mas I Tiido corria norm alm ente até que ele chegou.” VIII Ao findar o mês. torna-se necessária a implantação de várias indústrias de base. apesar da oposição dos pais..téria exao seá no XII Em virtude da falta d’água. não obstante haver já com pleta­ do oitenta anos de idade. poucos veranistas ainda lá permaneciam. p a rtire i p a r a S ão Paulo. . Se julgar necessário. II Não me interrom pa quando eu estiver dando aula. XIII Com a proximidade dos exames finais. XI Ele se casou. IV Não foi possível continuar a viagem porque a chuva era muito forte..) e substitua-as pelo m aior núm ero possível de variantes equivalentes. p a rtire i p a ra S ão P aulo. p a rtire i p a ra S ão P au lo a fim cle g o za r as m in h a s férias. M ODELO: Logo q u e te rm in e m os ex a m e s o rais. V Como conseqüência da greve dos gráficos. locu- 107 Sublinhe todas as expressões de circunstâncias. fim.pido X Quase não o reconheci..Othon M.. do ex- s por itivo. assina­ lando a forma que lhe pareça mais adequada. conseqüência. Nã II O pai era extremam ente s III Suas pretensões são desci IV Os estudantes amotinaraE V O Brasil é um país com m vel contar com um a poderos VI O Brasil tem um grande em futuro próximo. um a gra 1 .. pretexto ou causa? V Ao invadir a Tchecoslováquia..5. bem com Deus e com os homens. XI A antropologia se esforça XXII “Ferido no seu posto..” IX Para os demagogos. explicação. motivos.. segundo era seu costum e....4 4 4 ♦ Comunicação em P rosa M oderna XVI Só ficarei sossegado depois da assinatura do contrato. é necessário obter nota superior a cinco. (o vigário) informara-se de tudo.. aben­ çoou a enferm idade. pelo prc a expressão dessas circunstâi MODELO: Causa. XVI Na conhecida fábula de sentou razões. e. conseqüência. explicação ou origem? IV Q uando a verdadeira razão de um ato ou atitude não se identifica com o motivo invocado como justificação. que f< I A razão de um fato ou fenômeno é a sua causa. Hitler alegou como minorias alemãs dos sudetos. III A razão íntima de um ato ou atitude é o seu móvel.. ao terceiro dia adorm eceu para sem pre.” VIII Muitos tratados de paz j. o que se tem é um móvel. de t VII O trabalho é a . XXTV “Com a partida de Nassau para a Europa. tendo em vis­ ta a ênfase resultante da escolha e da posição da oração principal (rever 1 Fr.” X Os livros são verdadeirame XXI Quando os dias eram mais quentes. XVII Para a aprovação nos exames. e justifique ou condene a sua construção... motivo. de cons ceira... ralhando com umas. mas o seu verdadeiro Europa. XIX “Era sobretudo ao anoitecer que a aldeia se animava. de to XVIII “Tinha-se adiantado o arcebispo... portan I Chovia torrencialm ente. da n. 1...1 a 1. a mi: para suas arengas. motivo ou pretexto? II A razão invocada para justificar ou explicar um ato ou atitude é o seu ou.5. ficaram as rédeas do Bra­ sil holandês confiadas a três negociantes obscuros. VI A ociosidade é a . ele recomeça a cam inhada. XX “Correndo a m ão pela cabeça das crianças.” 108 Procure nas frases do exercício precedente aquelas em que há prótase a apódose... afagan­ do outras.. quando surgem os primeiros clarões da aurora. pretexto. na segunda.. XII Na Bahia estão ..3).. conclusão a) Causa ou m otivo: O i desaforada ao profess 109 Preencha as lacunas ou sublinhe o termo adequado: b) Conseqüência (subord tão desaforada.... deso 110 Forme dois ou trê ciados que se seguem: na pi motivo. de conclusão.. era certo ver o prior passear pelo pom ar quando a tarde caía. XIV O fim da guerra foi .” XIII São Paulo é . um soldado intrépido elevou o espírito.” XV A miséria e a fome são .. causa... a proteção das era o domínio da c) Conclusão (coordenaç to desaforada.... de gran XXIII “No dia seguinte. III Suas pretensões são descabidas. de conclusão. desculpas.. XVI Na conhecida fábula de Fedro. de futuras guerras. para suas arengas. pretextos. de conseqüência.. Ele está destinado a ser. XV A miséria e a fome são . que foi (ou acabou sendo) expulso. G arcia ♦ 445 de todos os vícios.[ u F F E Biblioteca Central! O tho n VI A ociosidade é a VII O trabalho é a M. V O Brasil é um país com milhares de quilômetros de litoral.. IX Para os demagogos. pelo processo subordinativo. O filho tornou-se tímido e complexado.... Não posso atendê-lo. XIV O fim da guerra f o i de grandes comemorações. motivos... XIII São Paulo é . pelo processo coordenativo.. VI O Brasil tem um grande potencial hidráulico. É indispensá­ vel contar com um a poderosa frota naval... na segunda. . apre­ sentou razões. O diretor os suspendeu. II O pai era extrem am ente severo.. causas ou explicações? 110 Forme dois ou três períodos com cada um dos grupos de enun­ ciados que se seguem: na primeira versão. para devorar o cordeiro. VIII Muitos tratados de paz já contêm o ... da nacionalidade. X Os livros são verdadeiram ente a única de cultura. estabeleça relação de causa ou motivo. na ter­ ceira. Não pudemos sair.. XII Na Bahia estão . de toda a riqueza... c) Conclusão (coordenação): O aluno escreveu ao professor uma carta mui­ to desaforada.. IV Os estudantes amotinaram-se.. foi expulso. de revoluções. M ODELO: a) Causa ou m otivo: O aluno foi expulso porque escreveu uma carta muito desaforada ao professor. o lobo.. uma grande potência industrial.. a miséria do povo é quase sempre apenas um .. b) Conseqüência (subordinação): O aluno escreveu ao professor uma carta tão desaforada.. XI A antropologia se esforça por desvendar o mistério d a do homem. em futuro próximo. de grandes patriotas. portanto (por conseqüência). I Chovia torrencialm ente.. Varie sempre que possível a expressão dessas circunstâncias. 446 ♦ Comunicação em P rosa M oderna VII A Alemanha invadiu a Polônia em 1939. 0 Não dispondo a Coroa portuguesa de recursos suficientes para empreen­ der por si mesma a exploração do Brasil...... Oposição (contra 112 Preencha as 1... etc.... insuficiência) de recursos da Coroa portuguesa para empreender. variando tanto quanto possí­ vel a estrutura frasal das expressões de causa ou de conseqüência... b) Como não dispunha (ou dispusesse) de recursos suficientes para empre­ ender..... IX Seriam m udos os r (id. uma das causas. A Inglaterra declarou-lhe guerra... VIII Os males da vida (id. Não pude prestar atenção ao que diziam. 1509). h) Por não dispor de recursos. leva­ da) a dividi-lo em capitanias.... 1433)...... Alvares Cabral se desviou do caminho das índias e aca­ bou descobrindo o Brasil? II Por que Anchieta é o Apóstolo do Brasil? 113 Das dez máx dica oposição pelo proo de todas as estruturas processo coordenativo... i) Foi por causa da falta de recursos da Coroa portuguesa.. I Os charlatães e os vell os homens . 111 Responda às seguintes perguntas.. I Por que Pedro... V A alegria do sábio e i e ... Pedro abdicou? V Por que diz Euclides da Cunha que o sertanejo é. 1396).. etc.. (id. em conseqüência da) falta de recursos para empreender.. raço que atraem tanto 1259).... tuação (vírgula ou pont Frase centopeic III Por que é o São Francisco chamado o “rio da unidade nacional”? IV Por que D.. razões ou motivos) da divi­ são do Brasil em capitanias foi a insuficiência (falta. 1487)... 4 g) Tendo em vista a escassez de recursos.. que o Brasil foi dividido em capitanias... VIII Não foram ainda publicados os proclamas. Não podem casar-se.. etc. tética (as lacunas entre ] IX Estava m uito preocupado...... c) Em vista da (em virtude da. II A fortuna sem virtude III A paixão dos moços (id.. etc.. viu-se obrigada (forçada. isto é...... e) Dada a falta (escassez. d) A causa (a principal causa.. de períodos tros mais curtos e mais nal: .. IV A reflexão é fecund (id.... etc. X A leitura é a m elhor maneira de formar o estilo.. um for­ te? 114 Os seguinte cas. escassez) de recur­ sos da Coroa portuguesa para empreender por si mesma.. e . (id. antes de tudo. etc... 4086)... e indi­ cando a forma que melhor se ajuste ao contexto: MODELO: P or q u e f o i o B ra sil d iv id id o e m c a p ita n ia s? a) O Brasil foi dividido em capitanias porque a Coroa portuguesa não dis­ punha de recursos suficientes para empreender por si mesma a explora­ ção de tão extenso território. 128( VI A modéstia é econôn VII A ignorância é proli (id... .. X Os vícios encurtam .. Muitos professores exi­ gem que seus alunos leiam pelo menos um livro por mês. .. a dos ... a (pronome oblíquo) ... IX Seriam m udos os m eninos... apenas a prim eira in­ dica oposição pelo processo subordinativo...... e e ......... 4154)... Obs... VII A ignorância é prolixa em seus discursos...... tornam ....... Frase centopeica (desdobramento de períodos) 114 Os seguintes trechos constituem exemplos de frases centopeicas.. a .... 1509).. (... a é (é) ..... (id............ (é) ....... 4086).... e destruir.. Máximas.: Atente para a pon­ tuação (vírgula ou ponto-e-vírgula........ (id..... conforme o caso).......... seja pelo processo coordenativo.. (id.. a do .. V A alegria do sábio e do justo é interior e serena.......... 113 Das dez máximas do exercício precedente.. se as m ulheres não fossem ... (id. servindo-se de todas as estruturas capazes de indicar a idéia de oposição...... II A fortuna sem virtudes é mais desastrosa do que a III A paixão dos moços é desfazer (id........... e IV A reflexão é fecunda de verdades....... e ...... X Os vícios encurtam a vida..... seja pelo subordinadivo......... reescreva as demais........... isto é........... (id..Othon M. (id. 1285)... e ........ ) os homens .. são destituídos daquela im prudência e desem ba­ raço que atraem tanto a sua confiança (Marquês de Maricá. VIII Os males da vida que fazem m elhorar os bons... e ........ os (id.... sem que se altere o sentido da forma origi­ nal: . a imaginação...... 1487).. 1286).. 1259).. 1396). 1433)........ 1382)... de períodos caudalosos que devem ser desmem brados em ou­ tros mais curtos e mais claros. VI A modéstia é econômica.. (é).......... as ..... G arcia ♦ 4 4 7 Oposição (contrastes ou antíteses) 112 Preencha as lacunas com palavras que dêem à frase feição antitética (as lacunas entre parênteses correspondem aos conectivos): I Os charlatães e osvelhacos têm o condão de agradar aos tolos... (id... de . ... a ................. 1286). 1382). a (pronome oblíquo) . ( id . seja pelo subordinadivo.... (id . (id . (.... (é) ..... 4086)........... 113 Das dez máximas do exercício precedente.... a do .. (é) ......... e e . tornam . 1285)....: Atente para a pon­ tuação (vírgula ou ponto-e-vírgula.... reescreva as demais....O thon M.. os (id . de períodos caudalosos que devem ser desmem brados em ou­ tros mais curtos e mais claros. é VI A modéstia é econômica.. e destruir........ (id......... a im aginação... 1433).. seja pelo processo coordenativo... VIII Os males da vida que fazem m elhorar os bons........ II A fortuna sem virtudes é mais desastrosa do que a III A paixão dos moços é desfazer (id.... (id .. 1396).. conforme o caso)... 1509)..... (id.. e IV A reflexão é fecunda de verdades..................... 1487).... servindo-se de todas as estruturas capazes de indicar a idéia de oposição.... (é) .... se as m ulheres não fossem ...... VII A ignorância é prolixa em seus discursos.......... e .. isto é......... 4154)..............) os hom ens .. sem que se altere o sentido da forma origi­ nal: ... a ......... 1259).. Máximas... são destituídos daquela imprudência e desem ba­ raço que atraem tanto a sua confiança (Marquês de Maricá. as . Obs. e ... apenas a prim eira in­ dica oposição pelo processo suborcfinativo....... IX Seriam m udos os m eninos....... V A alegria do sábio e do justo é interior e serena.... e . (id.. a dos ..... Garcia ♦ 4 4 7 Oposição (contrastes ou antíteses) 112 Preencha as lacunas com palavras que dêem à frase feição antitética (as lacunas entre parênteses correspondem aos conectivos): I Os charlatães e osvelhacos têm o condão de agradar aos tolos......... Frase centopeica (desdobramento de períodos) 114 Os seguintes trechos constituem exemplos de frases centopeicas... X Os vícios encurtam a vida.... de .... p. não só o desenvolvimento de que carece todo o espírito progressista. apud Eugênio Werneck. como parte dos oficiais e soldados não era estranha ao movimento. que era um ver das nas pontas. seus < sos a cada sorte feliz. como os mais di­ retos e ativos representantes do progresso intelectual do povo. qualquer que seja a sua hierarquia social. op c i t p. 287) Períodos curtos i II “Quando. à casa de campo do gover­ nador. honre estrangeiro. aqui formad do com pena eficiente a Rio Grande do Sul. de pern. o tenente-coronel daria tempo a que o alferes fosse a Cachoeira. que mantinhe dito intelectual pagava i diplom ata no Reino das nha. onde lhe diria que fizesse muito boa jo rn ad a e dissesse em Portugal que já se não precisava de generais na América. pela nobreza de seu caráter. escarvan* meio do silêncio que suc III O marquês de Marial gentileza do filho.” (Joaquim Norberto. de Rebelo d: logias: I Como não é nosso pr< que todos têm assistido oferece de notável. Antologia brasileira. e. acudiria ao alarm e e apoiaria a revolução). que sacrificá-lo-iam.” (lb. pela delicadeza do seu sentir ou pela generosidade dos seus instintos. glori­ ficar as virtudes e os nobres impulsos do coração hum ano. zela os direitos que tem . como todas as faculdades intelectuais do povo repri­ midas. entregam -se à pintura das paixões e dos costumes. apud Eugênio Werneck. onde cada indivíduo. onde o cidadão. . vexado pelo pesado tributo. segundo a fácil credulidade do Tiradentes. que não pode produzir com liberdade. bem como a livre expansão da força e do poder individual. como da sociedade que representam exprimem logicamente a seguridade e o bem -estar moral de cada um. por condição preexistente a todas as formas de governo e a todas as instituições sociais. apenas tocara o c diu a fronte e. nas epopéias. abafadas. lançam-se a procurar na ficção e nos artifícios literários. como a expressão ideal dessa liberdade. em verso e em prosa. ao contrário. expandemse livremente também. resumir em si todas as faculdades que constituem a soberania popular. desde que acha cerrada a esfera da livre discussão das opiniões e das causas que diretam ente influem sobre o seu destino. e.) III “(O povo. nos Est mingos José Gonçalves d nação. cerceadas. a sua incurável d (Quintino Bocaiúva. visto que esta tarefa é também li­ vre àqueles que dela se incumbem especialmente. 351) mm 115 Desdobre os adequados a traduzir a compare a sua versão cc Salvaterra”. ligeireza. opressas. entorpecendo a livre manifestação do pen­ sam ento. nada tendo que intervir na luta das questões sociais. na Áustria. levando a sua cabeça a Vila Rica para com ela im por ao povo o respeito pela nova república. c suas feições se contraírai luta. onde se achava o general visconde de Barbacena. Acudiria ao tum ulto o tenente-coronel Francisco de Paula à frente d a tropa. os legisladores ou os governos procuram m ono­ polizar em suas mãos todo o poder. mas ain­ da a representação colorida e disfarçada das verdades e das opiniões. engn Imperador. aos artifícios da imaginação com que procu­ ram . para conduzi-lo com toda a sua família até à serra. aí o romance e o teatro.” IV “Médico que nunca < um português de aristoc galhães — Barão e depc ça imperial a que. ou então. como membro do Esta­ do.448 ♦ Comunicação em P rosa M oderna I “Nos países onde o elemento da liberdade forma a base do seu poder po­ lítico. exercita a parte de poder que lhe pertence e assume francam ente a responsabilidade de suas opiniões e de seus atos. ibid. nos dramas ou na história. e de moviment giosa. aí não só a imaginação. rr Arcos saiu a farpeá-lo. apoteosar as al­ tas ações morais e civilizadoras daqueles homens que se criam heróis pela força do seu talento. aí a literatura. direr touros se corriam deseml II Depois de se picarem ro preto. nos Estados Unidos. de armas compridas e revira­ das nas pontas. à espanhola. a sua incurável doença. brilhando radio­ sos a cada sorte feliz. e um tou­ ro preto. secretarian­ do com pena eficiente a espada pacificadora de Caxias no M aranhão e no Rio Grande do Sul. suas feições se contraíram e sua vista não se despregou mais da arriscada luta. e de movimentos rápidos e bruscos. não nos legou uma alta obra poética:” (Marques Rebelo. o que é indício de grande ligeireza. professor que poucas aulas deu. compare a sua versão com a do original — “Ultima corrida de touros em Salvaterra”. o que o espetáculo oferece de notável. seus olhos seguiam-lhe os movimentos. logo que entrou o touro preto e o conde dos Arcos saiu a farpeá-lo. G arcia ♦ 449 IV “Médico que nunca clinicou. por­ que todos têm assistido a elas e sabem. que era um verdadeiro boi de circo. em seguida. de memória. que m antinha tam bém o seu rebanho conservador. na Rússia. carregou-se de um a nuvem o semblante do ancião. de Rebelo da Silva. . honra lhe seja feita. no Piemonte. sacu­ diu a fronte e. estacou como deslum brado. na Argentina e na Santa Fé — Do­ mingos José Gonçalves de Magalhães. II Depois de se picarem alguns bois. conquanto a poesia fosse a sua fasci­ nação. narrativa que se encontra em várias anto­ logias: I Como não é nosso propósito descrevermos uma corrida de touros. na Espa­ nha. lá fora como diplom ata no Reino das Duas Sicílias. apenas tocara o centro da praça. Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras) Períodos curtos e intensidade dramática 115 Desdobre os seguintes períodos em outros mais curtos e mais adequados a traduzir a intensidade dram ática da narrativa.O thon m . na Áustria. e que ao sú­ dito intelectual pagava com atenciosa e admirativa moeda. filho de um português de aristocrática linhagem. diremos só que a raça dos bois era apurada e que os touros se corriam desembolados. tanto e fielmente serviu aqui e no estrangeiro. de pernas delgadas e nervosas. aqui formado no circunspecto areópago palaciano. Domingos José Gonçalves de Ma­ galhães — Barão e depois Visconde de Araguaia. abriu-se a porta do curro. III O marquês de Marialva assistira a tudo do seu lugar e. revendo-se na gentileza do filho. escarvando a terra impaciente soltou um mugido feroz no meio do silêncio que sucedera às palmas e gritos dos espectadores. engrossando como deputado geral o rebanho liberal do Imperador. com grandeza. pela gra­ ça imperial a que. o que é sinal de força prodi­ giosa. mas. quando o marquês. ei . — casa. e a esperança pendia de um fio tênue. decorridos alguns instantes. sem fazer caso dos que o rodeavam. redija agora u com um tópico frasal 203 Redistribua mais específico: — Mecânico. veículo. banhando-o de lágrimas e cobrindo-o de beijos. pousou-lhe um óscu­ lo na fronte. cobriu-se e. o velho soltou um grito sufocado e cobriu os olhos. 0 geral e o e 201 Relacione ] m aneira inconfundíve Sua sala de aula Um dos seus profes: Um colega tímido Um jantar em fazrí: A esquina da rua 3 O bar que costuma Um objeto de essrni 202 Feita a rei. pois seus receios se haviam realizado. já que cavalo e cavaleiro rolavam na arena. contii — Chevrolet. devorando o touro com a vista cham ejante e pro­ vocando-o para o combate. levantou-lhe do chão a espada. onde a im ensidade da tragédia imobiliza todos. desabrochou-lhe depois o talim. sem que nenhum ouse desviar a vista de cima da praça. — navio de guerra. dente. cidade. que tinha dobrado o joelho com a força do golpe. cingiu-o. e. 200 - o V( V O pai angustiado ajoelhou junto ao corpo do filho. tornou a abraçar-se com o corpo do filho. operário — gado. animal.4 5 0 ♦ Comunicação em P rosa M oderna IV De repente. vaca. correndo-lhe a vista pelo fio e pela ponta de dois gumes. passando depois a capa no braço. VII Clamores uníssonos saudaram a vitória. a vida dos espectadores resume-se nos olhos. VI Enquanto o combate se demora. aper­ tando depois as mãos na cabeça. estava no meio da praça. se levantava mais branco do que um cadáver e. cidade. embarcação. redija agora um parágrafo de oito ou dez linhas. animal. Humaitá. estado. torneiro — gado. submarino . Mimosa. vaca. quadrúpede.O vocabulário O geral e o específico . bairro. 203 Redistribua as seguintes palavras. veículo. carro. introduzindo-o com um tópico frasal adequado. país — Chevrolet.O concreto e o abstrato 201 Relacione pelo menos cinco detalhes que perm itam distinguir de m aneira inconfundível: Sua sala de aula Um mentiroso contumaz Um dos seus professores Um megalomaníaco Um colega tímido Um demagogo em vésperas de eleições Um jan tar em família A esquina da rua onde mora O que se descortina da janela do seu quarto. mamífero — casa. partindo do mais geral para o mais específico: — Mecânico. como se pede no exercício prece­ dente. O bar que costuma freqüentar Um objeto de estimação 202 Feita a relação dos detalhes. trabalhador.200 . operário. Opala — navio de guerra. continente. rua. pinho-de-riga. rio Negro — homem. pedir. sem in — fazer alguma coisa de mi — agir com cuidado.. se possível. cômico. jovem. se n tia -m e constrangido. dada a feição generalizadora da sua linguagem. j gante... medo. gritar. coragem. 207 Escolha na relaçã ações. ch eg o u m e u am igo. nababescame Conotação (ver tam 209 Complete os segi rações ou desenvolva-os em prego de clichês (expressões radas): O céu estrelado lemb O córrego era como A: co) . sangue nas veias. enconfrava-se um a estante de livros. ordenar. roda-j gitador... O estranho rnandou-tne se n ta r e afastou-se. N aq u e le a m ­ biente estranho. ginasta. aborrecer. indivíduo seção. para reproduzir a conversa sobre o assunto (in fine): E ra u m a sala m u ito am pla. correr. 206 O seguinte trecho carece de originalidade e expressividade. pálido. discretaj centemente. divisão. planta. cadenciado. literatura. mamífero.. ser vivo. calmo. Afinal.. R esp o n d i-lh e que p ro cu rav a u m am igo. cansar-se. Viam-se p elas p a re d e s alguns quadros. erro. estar (= encontrar-se alguma coisa em algum lugar). Q u an d o en tre i aproxim ou-se d e m im um indivíduo q u e m c p e rg u n to u o q u e eu d e se ja ­ va. O casarão no alto la palm eira isolada no fm (verbo de sentido metafóric As águas do riacho (verbo lem bravam -m e .. soneto árvore. hum anidade. ( — agir sem cuidado. jovem. o n d e várias pessoas conversavam . m adeira para construção geografia. através de adjuntos. irrequieto. lirismo. Ao m eu la d o . criança I saço. 208 Escolha o advér ações ou comportamentos: b) substantivos e adjetivos: velho (pessoa ou coisa). gestos oi — agir como um fanfarrão. E n q u a n to esp erav a. co m q u em co n versei s o b re o assunto que ali m e levara. potamografia. bêbado.. S o bre u m a d a s m e sa s via-se u m ja rro co m flo res. comovente. poema. u m sofá o n d e estav a m sentados do is cavalheiros e u m a senhora. acusar. multidão. . A chuv. alegre. ministério poesia. M ais a d ia n te . adolescente. negar. queda de árvore fre torneira pingando. rude. metafórico: Edifício alto — H istó ria in te re ssa n te — Dia b o n ito — Pessoa sim p á tic a — Sala a m p la e c o n fo rtá v e l — C asa h u m ild e — Livro in te re ssa n te — V iagem in te re s ­ s a n te — Pai c a rin h o so — R ap az cie fu tu ro — P rofesso r d e d ic a d o — B risa ru m o reja n te — C órreg o s u s s u rra n te — C riança le v ad a — Poeta in sp ira d o — Voz m e lo d io ­ sa — M en ino ro b u s to — C a rá te r im p o lu to — C ena piLoresca — F esta a n im a d a . movimentos. departam ento. 204 Dê os term os específicos abrangidos pela área sem ântica das se­ guintes palavras: (lépido. Joaquim — dançarino. medin* — fazer as coisas de modo ■ — fazer as coisas pouco a p — fazer as coisas sem cham (metodicamente. porm enores caracterizadores. corri os olhos p ela sala ricam ente m obiliada. realidade ou com exagen — viver em grande fausto. serviço. alegrar-se. econômico.4 5 2 ♦ Comunicação em P rosa M oderna — — — — — raça. triste. geografia física. servindo-se inclusive do discurso di­ reto. imp cam baleante.. Substitua as palavras grifa­ das por outras de sentido mais específico ou lhes acrescente. povo. ver. entufado. feio. arquejan a) verbos: dizer. afluentes do Amazonas. bande cação. 205 Substitua os adjetivos por expressões ou locuções de sentido mais específico e. cadenciado. ritmado... arquejante.... ofe­ gante. bêbado... sangue nas veias.... entre as pedras. irrequieto. A chuva (verbo de sentido metafórico) . lugares-comuns.. exemplos ou analogias... nababescamente. fogoso. compassado. lembravam-me . investida de um touro. O córrego era como As águas da cascata (verbo de sentido m etafóri­ co) . cam baleante.. Evite o em ­ prego de clichês (expressões estereotipadas... rio — dançarino.... vela de em bar­ cação.. discretamente. gestos ou atitude de: onas.... sem o senso da realidade ou com exagerado cavalheirismo — viver em grande fausto. no peito- . evidente — agir com cuidado. ágil. latejante.. G arcia 4 5 3 207 Escolha na relação abaixo o adjetivo que m elhor caracterize as ações.. medindo as conseqüências — fazer as coisas de modo disciplinado e ordeiro — fazer as coisas pouco a pouco — fazer as coisas sem chamar a atenção.. paulatinamente.. Conotação (ver também exercícios 508 e 509) 209 Complete os seguintes fragmentos de frase por meio de com pa­ rações ou desenvolva-os em metáforas. (lépido.. entufado. giratório. As nuvens que (verbo de sentido metafórico) .. O casarão no alto da colina dava-me a impressão de . respiração de pessoas idosas.U F P E Biblioteca Central O thon M. queda de árvore frondosa... no céu de fundo azul eram como. roda-gigante. criança levada. sem interesse — fazer alguma coisa de maneira clara. movimentos... ginasta.. torneira pingando. impetuoso.. metáforas sur­ radas) : O céu estrelado lembrava .. displi­ centemente.. cavalo respirando de can­ saço...... coleante. ostensivamente. Os picos m ontanhosos pareciam . trem ulante. quixotescamente. 208 Escolha o advérbio adequado à caracterização das seguintes ações ou comportamentos: — agir como um fanfarrão.... cavalo novo. sensatamente). Aque­ la palm eira isolada no fim da alam eda era como ... resfolegante.. como um milionário perdulário — agir sem cuidado. lebre. bandeira hasteada exposta ao vento.. gotejante). prestidi­ gitador.. de m aneira às vezes ridícula. As águas do riacho (verbo de sentido metafórico) ... violento. sem dar na vista (metodicamente. serpente. ........... Fonte d e á g u a m in e r a l: Cauda d o s a n i m a i s : ........ As pradarias verdejan­ tes eram ............ Tronco das árvores:...... 211 As palavras grifadas têm sentido denotativo (ou referencial).............. Á g u ia :.. o corvo é branco — Atirar pérolas aos porcos — Segredo de polichinelo............... R a to :........ . L eb re:.............. O peso d a b a l a n ç a : . outro........ Alicerces d o p r é d i o : .......................... Gavião:........... A l e n h a p e g o u fogo: . Berço de criança: ..... R aposa:....... todos os gatos são pardos — Quando os olhos vêem com amor................................................ Pureza d a á g u a : ........ Aurora P o l a r : ...... ......... ........ B o i:.................................... Braços d o c o r p o h u m a n o : ......................... Toupeira:...... L e ã o :....... 212 Dê um substantivo.... V íbora:........... Tapete d a s a l a : ............. construa frases em que elas apareçam com teor conotativo (ou metafórico): A to r r e n te d e u m r i o : .... Lago s e r e n o : .... ....... em outras palavras. A cortina d a s a la : ............ Vaca:.......................... O calor d o s o l : . .............. do caçador — Tanto vai o cân­ taro à bica......... que um dia fica — E preciso separar o joio do trigo — E de pequenino que se torce o pepino — Para olhos perspicazes a m entira é diáfana — De noite... ............4 5 4 ♦ C omunicação em P rosa M oderna ril da janela.......................... No alto do Corcovado......... ........ C oruja:.................... .......................... ......... H ie n a :......... explique: Não há rosas sem espinhos — Água mole em pedra dura tanto bate até que fura — É pescador de águas turvas — A cavado dado não se olha a idade — Um dia é da caça....... quando empregados metaforica­ mente: C ão:.. Gambá: ... adjetivo ou locução capazes de traduzir o sentido dos seguintes nomes de animais..... F r u to s d a s á r v o r e s : ...... .............. Raiz d a á r v o r e : ........ (verbo de sentido metafórico)....... .......................... (verbo de sentido metafórico) o Cristo Redentor como ............ R ouxinol:................................. A fa c e d o r o s t o : . Pérolas c u l tiv a d a s : Noite e s t r e l a d a : ......... . Flor d o s j a r d i n s : . ... Árvore f r o n d o s a : ...... Entardecer d e v e r ã o : ....................................................................... C h aca l:.................................................... a cidade p are­ ce....... Burro: Lesma: C am aleão:. Tempestade m a r í t i m a : ........................ C ágado:. Vista à noite do Pão de Açúcar..................... 210 Substitua as frases ou expressões de sentido conotativo por ou­ tras de sentido denotativo...... ........................ — As sementes são em cerra fértil o que os ....... 14. ( ) pomba. — A calúnia é como a . pureza de sentimentos...... — A calúnia ataca as m e­ lhores reputações assim como o . prudência. sem. ( ) violeta. comércio. são para um a inteligência viva... ( ) abelha e formiga. — Quem fala sem refletir é como o caçador que .... 13.. é para o corpo..O thon M. ( ) hera. modéstia. os melhores frutos... em seguida. 2... 11. 9.... ( ) duas mãos enlaçadas. num ere convenientemente: 1. fidelidade con­ jugal.... egoísmo. assim como ... vitória.. que se avoluma à medida que rola. 15.. 6. é para o corpo. ( ) narciso. 7... eternidade.. paz..... ( ) cornucópia cheia de frutos. inconstância nas opiniões. ( ) ramo de oliveira.. abundância.. ( ) camaleão... G arcia ♦ 4 5 5 213 Complete as seguintes comparações ou analogias com termos adequados.... 8.. ( ) coroa de louro. ( ) cipreste. pelos seus — Um exército sem chefe é como um .. trabalho e perseverança..... plantas e seres em pre­ gados geralm ente como símbolos das idéias arroladas a seguir. — O ví­ cio é para a alma o que .. 216 Escolha na relação abaixo o nome da entidade mitológica ou per­ sonagem histórica a que se referem as seguintes perífrases antonomásticas: a) O pai da história — O legislador de Atenas — O historiador da N ature­ za — O pai da medicina — O legislador dos hebreus — O vencedor de .... ■ — O mau exemplo é contagioso c o m o — A leitura é para o espírito o q u e .. 10.. 5.. 4. sem.... am izade fiel.. ( ) lírio... 214 Que significam as seguintes expressões? Espada de Dâmocles? Tonel das Danaides? Asno de Buridan? Ovo de (Cristóvão) Colombo? Caminho de Damasco? Pedra de Sísifo? Caixa de Pandora? Besta do Apocalipse? Suplício de Tântalo? Olhos de Argos? Fio de Ariadne? Pomo da Discórdia? Nó de Alexandre? Túnica de Nesso? 215 A relação abaixo inclui nomes de coisas.. 3.. — O sangue é para o corpo o que é para a árvore.. ( ) serpente mordendo a própria cauda... concórdia e alian­ ça. ( ) as serpentes do caduceu... luto e morte.. 12.. renove as que lhe parecerem vulgares: Julgam-se os homens pelos seus atos. ( ) caduceu..... ” n) “A tarde pobre fica.. k) “Teus olhos.” i) “Estes lábios — casu] j) “Tlias mãos são como dois alvos lírios na h 217 Sublinhe as palavras ou expressões de sentido conotativo ou metafórico: a) “Era a grande.” 1) “Cha-mi-né.. Bilac. Barroso). d) “E o incêndio temeroso. (Édipo — D. No esplendor cáustico do céu imaculado.” (Belmiro Braga. a inexplorada selva primitiva. o frio q (O. as cigarras entravam a chichiar respondendo-se. galopa.” (G. o sol. Risália £ me recordam dois la sob a pálpebra rosad tocaiando corações.” (id.. “Requiescat”) Famílias etimoli g) “As árvores do campo. Torre nova de igreja canhão monstruoso < vomita. recendiam a coivaras. investem furentes. ameaça. fum arando.... pragueja dia e noite m) “O céu apaga em su Há lágrimas de luz i e um a cordeona soli e) “Amor é ave. de braços levantados. baralhando-se. destramam-se lam­ bendo as folhagens encarquilhadas e os troncos resinosos que estalam e atroam . não torna mais ao primitivo ninho.” (Francisca Júlia. dum ponto e doutro. num a dormência ca­ nicular. “Relíquias”) f) “O am or é um a árvore ampla e rica De frutos de ouro e de embriaguez: Infelizmente frutifica apenas uma vez. cho­ fram-se. ensangüentado. parecia girar vertiginosamente. esmaecendo a luz em laivos de sangue e ouro sobre a fímbria do acaso. em concerto. a venerável floresta das eras bárbaras. Neto).... (Éolo — Marte — Plutão — Apoio — Diana — Pluto — Mercúrio — Morfeu — Minerva — Vênus) h) “Os coqueiros tremul são ventarolas gigant é deles que vem a b] que desliza.” (C. Quixote — Sólon — Napoleão — Orfeu — Buffon — Moi­ sés — Heródoto — Teseu — Hipócrates) b) Deuses: das riquezas — da guerra — dos sonhos — das artes — do co­ mércio — dos infernos — dos ventos. são esqueletos que.. enroupadas de neve sob o látego da invernia que corta.. doudejante.. dum brilho intenso de revérbero. rabeiam. vão pedindo socorro à primavera m orta. b) “Cálido. queimando. voa e vai queim ando. “Inverno”) 218 Junte os rad form ar tantos compostc o sentido dos vocábulo* .456 ♦ C omunicação em P rosa m o d e r n a Austerlitz — O cavaleiro de Triste Figura — O cantor da Trácia — O vencedor do Minotauro — O vencedor da Esfinge. Peixoto). que. es­ palhando raios em torno. Os campos am olentados. c) “Ao cair da tarde. se as asas solta. o estio abrasava. templo augusto das tribos” (A. A espiar pelas vidraç O crepitar das brasa Meu Deus. As altas chamas enoveladas afastam-se. deusas: da sabedoria — do amor — da caça.). ameaça. pragueja dia e noite a praga escura da fumaça.. O crepitar das brasas na lareira. “Depois da m orte”) j) ‘Tlias mãos são como dois alvos lírios na haste dos teus braços.. Há lágrimas de luz na longa fila dos candeeiros e um a cordeona soluçando..” (Antônio Sales.” (Guilherme de Almeida. Garcia ♦ 4 5 7 h) “Os coqueiros trem ulantes são ventarolas gigantes: é deles que vem a brisa.. tristemente. “Cântico dos cânticos”) k) “Teus olhos.” (Goulart de Andrade.. “A cham iné”) m ) “O céu apaga em sua forja a velha chama.” (Augusto Meyer. horas inteiras A espiar pelas vidraças. Risália am ada..” (Belmiro Braga. “Olhos”) 1) “Cha-mi-né... “Triste encanto. Meu Deus. em seguida.”) Famílias etimológicas 218 Junte os radicais latinos da relação A com os da relação B para form ar tantos compostos quantos cada um deles permitir. o frio que a pobrezinha sente!” (Mário Quintana.. me recordam dois ladrões sob a pálpebra rosada tocaiando corações. canhão monstruoso de tijolos. que desliza. “Na avenida”) i) “Estes lábios — casulo escalarte de beijos.O thon M. vomita.” (idem.. “Elegia para uma rua em São João”) n) “A tarde pobre fica. dê o sentido dos vocábulos assim formados: . Torre nova de igreja sem fé. ao passo que os de origem grega o fa­ zem geralm ente em -o. c o n té m . q u e rep e le) — d ro m o (lu g a r o n d e se oorce — fag ia (a to d e co m er) — fo b ia (ó d io .(tem p o ) nu d a (c )tilo -(d e d o ) mi b e n e -(b e m ) la n i-(lã ) bi-(clois) lapidi-O ápidc.(an tig o ) ict aque-(água) h erb i-(erv a) pulcri. te m o r) — fo n ia (som . — g rafia (esc rita) — g ra m a . a ca li-(b elo ) m< c o s m o -(m u n d o ) mi cro n o .(belo) a rm i-(a rm a b ran c a) h o m i-(h o m e m ) silv i-(selv a) b ib lio -(liv ro ) isc b io -(v id a) iin a u ri-(o u ro ) ign i-(lo g o ) siri-(b ich o -d a-sed a ) av i-(av e ) in là n ti-(c ria n ç a ) so n i-(so n o ) c a c o -(m a u ) m* su i-(d e si m esm o . tri-(lrê s) p ed ra ) carn i.= p atri(p a i) g em i-(g e rm e ) a e ro -(a r) he a m e n o -(v e n to ) hií a n t ro p o .(carn e) si m e sm o ) ce li-(cé u ) m a g n i-(g ra n d e ) triti-(trig o ) c e n ti-(c e m ) m ale-(m al) u n d i-(o n d a ) c e n tri-(c e n tro ) m a tri-(m ã e ) u x o ri-(e sp o sa ) d u lc i-(d o c e ) tneli. ío q ü e n te (q u e laia) — a g o g o (q u e c o n d u z ) — co la (q u e h a b ita ) — m a n o (m ão ) — alg ia (d o r) — co m o (ca b ele ira) — p a ro (q u e p ro d u z o u se re p ro d u z ) — a s te n ia (d e b ilid a d e ) — c u ltu r a (a to d e cu ltiv a r) — p ed e (pé) — c a rd ia (co ração ) — d u to (q u e c o n d u z ) — so n o (q u e soa) — ce falo (cab eça) — fero (q u e leva. p arri. a lti-(a lto ) 219 Como o exercício . como se pode ver nos exercícios que se seguem.458 ♦ C o m u n i c a ç ã o em Prosa M od e rn a R e la ç ã o A a li-(a sa ) a n g ü i-(c o b ra ) o v i-(o v o ) (fu m aça) o v i-(o v elh a) fu n g i-ífu n g o . p ro d u z) — vago (q u e a n d a o u v ag u eia) — c ra c ia (g o v ern o ) — fico (q u e faz o u p ro d u z) — v oio (qu e q u er) — d o x o (q u e o p in a ) — Ilu o (q u e e s c o rre o u flui) — vom o (q u e ex p ele o u v o m ita) — fo rm e (q u e te m a fo rm a d e) — voro (q u e co m e) — fu g o (q u e foge. voz) — g in o (m u lh e r) Obs.: Note-se que o primeiro elemento desses compostos de origem latina term ina quase sempre em -i.(m el) v ia -(c a m in h o ) e s te li-(e s tre la ) m o rti-(m o rte ) v elo ci-(v elo z) fra tri-(irm ã o ) n u ilti-(m u ito ) v e rm i-(v e rm e ) n o eti-(n o ite) d em o -(p o v o ) e tn o -(ra ç a ) m fa rm a c o -(m e d ic a m e n io ) ne filo -(am ig o ) ne fisio-(naL ureza) oc fo n o -(v o z.(h o m e m) híi a rq u e o . so m ) of fo to -(lu z ) or g e o -(te rra ) ca R e la ç a o B — a m b u lo (q u e a n d a ) — gero (q u e co n tém ou p ro d u z) — c id a (q u e m a ta) — loquo. es l . co gum elo) an g ü ili-(e n g u ia ) a p i-(a b e lh a ) n u b i-(n u v e m ) fum i-(fum o. g ra m a t(o ) (p eso . ciên cia) — alg ia (dor) — m a n e ia (a d iv in h a ç ã o ) — a s te n ia (d eb ilid ad e ) — m e tro (m ed id a) — c a rd ia (co raç ão ) — n o m ia (re g ra . to d o ) a rq u e o -(a n tig o ) ictio -(p eix e) p iro -(fo g o ) biblio -(liv ro ) iso -(ig u al) p lu to -(riq u e z a ) bio-(vida) lito -(p e d ra ) p o li-(m u ito ) ca co -(m au ) m a c ro -(g ra n d e ) p síc o -(a lm a. reto ) am e n o -(v e n to ) h id ro -(á g u a ) p a le o -(a n tig o ) an tro p o -(h o m e m ) h ip o -(c av a lo ) p a n -(tu d o . G arcia ♦ 459 219 Como o exercício precedente.O thon M. g ra m a t(o ) (p eso . m a rc a) fisio -(n a tu re z a ) o d o n to -(d e n te ) to p o -lu g a r) fono-(voz. te c n o -(a rtc ) etn o -(ra ç a ) ) p rod u z) ta q u i-(rá p id o ) m ero so ) logia (d iscu rso . som ) o ftalm o -fo lh o ) x en o . tom ) . le tra ) — te ra p ia (cu ra) — to n o (te n sã o . d iferen te) o rto -(d ire ito . d o en ç a) — cra cia (g o v ern o ) — p eia (a to d e fazer) — d o x o (q u e o p in a) — p o d o (pé) — d ro m o (lu g a r o n d e sc co rre) — p o le (cid a d e) — fagia (a to d e com er) — p o ta m o (rio) — fobia (ó d io .(gra n d e) q u iro -(m ã o ) c o sm o -(m u n d o ) m ic ro -(p eq u e n o ) rin o -(n a riz ) c ro n o -(te m p o ) m e lo -(c an to ) rizo -(raiz) d a (c )tilo -(d e d o ) m iria -(d e z m il.(es tra n g e iro ) fo to -(lu z) o n o m a to -(n o m e ) z o o -(an im al) g c o -(te rra ) o ro -(m o n ta n h a ) R e la ç ã o B — ag o g o (q u e co n d u z ) i) ta) origem ga o fauem. mas agora com radicais gregos: R e la ç ã o A . n u ­ d em o -(p o v o ) jz m iso -(in im ig o ) te le-(lo n g e) fa rm a c o -(m e d ic a m e n to ) n e c ro -(m o rto ) te rm o -(ca lo r) filo-(am igo) n e u ro = n ev ro -(n e rv o ) tÍp o -(fig u ra. e s p írito ) cali-(b elo ) m eg a (lo ) .eda) mo. te m o r) — sco p ia (a to d e v er) — fonia (som . voz) — sofía (sab e d o ria) — g ino (m u lh e r) — teca (lu g a r o n d e se g u a rd a ) — g rafia (esc rita) — teísm o (re lativ o a Deus) — g ram a . lei) — cefalo (ca b eça ) — p a tia (se n tim e n to . a a e ro -(a r) h e te ro -(o u tro . escrito . teto de túnel 8. ru b o riz a m ) o (n a sc e n te . tra n s p a re n te s . su b stân cia d e cobi 22. lua crescente 10. alabastrino 8. se a larg a) p a r a o a lto . e s v e rd e a d a s). d e s lu m b ra d o ra m e n te . rubro 15. 17. tra ç a ) (e m laca. 18. tra n slú c id o s) (d ilu e m -se. a aparência ou a natureza das coisas designadas pelos subs­ tantivos ou expressões arrolados na primeira: p a lid e z (m u ito a c e n tu a d a ) te cla s b ra n c a s d o p ia n o n ev e p o m b o s b ra n c o s d e n te s m ão s a lv a s e d elica d as lu a r ca b elo s d e p esso a id o sa á g u a d e fo n te o u ca sc ata ju b a d e le ã o sol d e v e rã o c é u o n d e se re fle te clarão d e in c ê n d io lábios p in ta d o s colo o u fro n te d e m u lh e r b ra n c a e jo v e m ( ) céu em d ia d e ch u v a 1. a p a re c e . d a d o (su b sta n tiv o 223 Como o < 1. v e rd e ja n te s. prateado 17. d elin eia. água de pântano 13. liriais 3. em v e r­ m e lh o ) a lin h a (c o rru g a d a . e o so l (su rg e. p r a te a ­ d a. fig u ra p la n a com tos iguais d o is a < 2 1 . P ouco a p o u co . se e s p a lh a . d e s p o n ta . funil Vocabulário das sensações I Visão 220 Sublinhe as palavras ou expressões entre parênteses que mais se ajustem ao contexto: “ U m a (fina. q u e se (e sb a ­ te. alvinitente 9. lábios muito gross< 12. u m a p o e ira (d e o u ro . ponte que se ergu* 15. alvo 11. 4. sombrio 5. purpurino 16. tê n u e ) m a n c h a d e c la rid a d e (a rg ê n te a . d iá fa n a ). lâ m in a d e b a rb e a r 4. 16. o n d u la d a . m o e d a 2. d e lg a d a . es­ m a e c e m ) le n ta m e n te . p lú m b e a ) (re c o rta . coisa q u e n ão poc 25. 5. níveos 2. em m e io dos listrõ es vivos q u e (a v e rm e lh a m . capota de automóv 9. 6. ob jeto q u e p o d e se 7. rio de águas mans 14. opalino. cam in h o q u e n ão 24. p o n ta d e lápis 5. o re lh a sa lie n te . ro d a d e e n g re n a g e 3. objeto sem peso coisa fora de uso quantidade que nã estrada cheia de c mola de relógio 20. h o riz o n te ). p u rp u reia m . d o u ­ ra d a . nasce) (lu m in o sa m e n te .460 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a M o d e r n a 222 Como o e? Áreas semânticas 1. d isso lv em -se.” V irgílio V árzea 221 Escolha na segunda coluna o adjetivo que melhor caracterize a cor. a rre d o n d a d a ) d a s c o lin as (v erd es. vi­ re n te s. cristalino 4. le v an te . d e o cra . carmesim 6. lu g a r q u e n ão poc 2 3. 3. V apores (d iáfan o s. tra n s p a re n te . nariz semelhante a 11. marmóreo 7. la q u e a d a ) (tra n slú c id a . o fu sc a n te m e n te ) co m o u m a g e m a d e o u ro (fla m e ja n te . co b re to d o o h o riz o n te . esbraseado. lactescente 13. fulvo 14. lápis cano bola de borracha n terra fendida pelo i montanha ou eleva< 7. r e p o n ta . opalescente 12. acinzentado 2. fla m a n te . 19. o rie n te . b rilh a n te ). co isas q u e n ã o se 6. ebúrneo 10. em o cra. a forma. d e s e n h a . m o e d a ) p o rtá til 2. funil ( ) v u lto so 2. coisas q u e n ã o se p o d em e n u m e ra r ) in u m e ráv el 6. can o ( ) e s ta g n a d o 4. o b je to q u e p o d e se r c a rre g a d o n a m ã o ) circ u lar 7. lâ m in a d e b a rb e a r ) d e n te a d o 4. lua c re sce n te ( ) o b so le to 10. m o n ta n h a ou elevação ta lh a d a a p iq u e ( ) aq u ilin o 7. su b stâ n c ia d e co b rc ( ) in tan g ív el 22. fig u ra p la n a com q u a tro ân g u lo s r e ­ tos iguais dois a dois ( ) cúbico 2 1. lápis ( ) rem a n so so 3. o re lh a sa lie n te ) de abano ♦ 461 . te rra fe n d id a pelo ca lo r d o Sol ( ) im p o n d e rá v e l 6. ca m in h o q u e n ão p o d e se r p erc o rrid o ( ) cú p rico 24. d a d o (su b sta n tiv o ) ( ) in tra n sitá v e l 223 Como o exercício precedente: 1. n a riz se m e lh a n te ao b ico d a ág u ia ( ) abobadado 11. rio d e á g u a s m a n sas ( ) sin u o so 14. o b je to sem peso ( ) e sp ira la d o 16. coisa q u e n ã o p o d e se r to c a d a ( ) re ta n g u la r 25. q u a n tid a d e q u e n ã o p o d e se r m e d id a ( ) tú rg id o . m o la d c relógio ( ) a lc a n tila d o 20. ro d a d e e n g re n a g e m ) a fu n ila d o o u cô n ico 3.j ü F P E Biblioteca C entral! O thon A/l. lu g a r q u e n ã o p o d e ser a lca n ça d o ( ) inacessív el 2 3 . te to d e tú n e l ( ) u n g ü ifo rm e 8. á g u a d e p â n ta n o ( ) cô n ico 13. coisa fo ra d e uso ( ) tu b u la r 17. p o n te q u e se e rg u e ( ) cilíndrico 15. b o la d e b o rra c h a m u ito ch eia ( ) lev ad iço 5. e s tra d a c h e ia d e curvas ( ) g re ta d o 19. G arcia 222 Como o exercício precedente: 1. p o n ta d e lápis ) d elg ad o 5. tú m id o 18. láb io s m u ito grossos e sa lie n tes ( ) a b a u la d o 12. c a p o ta d e a u to m ó v e l ( ) im e n su ráv e l 9. . tric o le ja m . m o d u la d o . o b se rv a r a te n ta m e n te ) e s q u a d rin h a r 13. d e n eg ar... a cu sto ) p e rc e b e r 4.... 3... h a rm o n iz a n d o .. .462 ♦ Comunicação em P rosa M oderna 224 Modos de ver: numere a prim eira coluna de acordo com a segunda: ) e n tre v e r 1.B. discoí zar. ch ilid o s. 4. ao lo n g e ) p re s e n c ia r 12. assobios. p. d e a p e lid a r. c h ilre a d o s.. d e asas. (G. a 228 Vozes hw ram a idéia geral ■ tes. ta r e S u b á re a s: 1. 6.. . d e g ag u e ja r. Consulte o dicionário.. chilrcios. de discutir. ch il­ ros. co n c e rta n d o . . v e r ao lon g e ) a v ista r 3. cho. flores q u e . de C nome de animal (v< vo e /o u venham ao — cisn e. álacres. coaxar. d e ch a m a r. v ig iar com cu id ad o ro u fe n h o . corvo. grito s. e n to a d o . ruídos. C ruis) (tilin ta m . d ei ta rta m u d e a r. v er p a n o ra m ic a m e n te ) d iv isa r 5.... pio. n o m ear. o lh a r com a d m ira ç ã o e ) v ig iar ) a p re c ia r ) assistir 226 Consulte 1964. o b se rv a r s e c re ta m e n te ) d e s c o rtin a r 6. coro.. 229 Reagrup sentido: — lo q u a z. farfa lh am . se m e n te s d u ra s. sap o .. triste s dos g u a r ib a s com as o u tra s m u itas vozes q u e m e ce rcav a m : flébeis. o b se rv a r com p ra z e r ) lo b rig a r 8. e n q u a n to no recesso d a m a ta [a m a z ô n ic a ] tu d o é silên cio e o b sc u rid a d e . ca n to . esten tó co. ap ito s. ru m o re ja m : p io s. A ssim .. roçar. S ão ram o s q u e v e r­ g a m a o peso d e anim ais. d e c la ra r. d e d iz e r sim plesm II Audição (e fa la ) 225 Escolha na relação abaixo a palavra adequada a cada um a das lacunas do seguinte trecho: 2. indicadas abaix ) e x a m in a r ) p e rlu s tra r — ) c o n te m p la r ) te s te m u n h a r ) v islu m b ra r N. 7. p ro c la m a r. indagar.. e a té o . 227 Sublinhe gradáveis: e m b ev e cim en to — 9. a r lh o so . sei ra to . d e m u rm u ra r. ver d e p erto ) in sp e c io n a r 11. to c a d a s pelos beija-flores. esfa rfalh am . altilo q ü e i lo u v a çã o . ru g e-ru g e .... sin fo n ia . pipilos. lobo. rap o sa . frêm itos. b a te r. p o m b o . afirm ar. o u v in d o a o lo n g e os . ag u d o s... d e p e n a s.: Algumas definições da segunda coluna aplicam-se a mais de um verbo da primeira.. d e alg u m as cig arra s e a dos p rim e iro s sap o s.. v e r ra p id a m e n te ) re la n c e a r 2.. rech in o . ver a tra v é s. co a x aç ão ). p e rc o rre r com a v ista. vai Lá p o r cim a u m a a g ita ç ã o c o n s ta n te .. o b se rv a r m in u c io sa m e n te ) n o ta r 7. in q i gtiir. a ra ra s e tu c a n o s q u e . v e r in d is tin ta m e n te .. co n c erto . E ra o q u e eu ob serv av a ag o ra . 292).. ru m o re s. 5... ex a m in a n d o ) e s p re ita r 10... eloqüei . e le fa n te . d e n o m in a r. 11. ja v ali. esclarecer. d e d iz er sim p lesm en te .O thon M. b alb u cia r. 12. se rp e n te . replicar. cavalo. reagrupe-os nas subáreas corresponden­ tes. corvo. 7. b errar. 3. rato . se rm ã o . cascavel. a ltilo q ü e n te . e lo q ü e n te . Subáreas: 1. e com dois os desa­ gradáveis: — ro u fe n h o . lin g u a ru d o . d e m u rm u ra r. mas subordinada: — cisne. d e a p e lid a r. e s te n tó ric o . 13. p. e s trid u ia n te . p e ru . de Celso Cunha. q u estio n a r. se rp e n te. co m p assad o . recusar. seg red ar. d e re sp o n d e r. d eb a te r. G arcia ♦ 4 6 3 226 Consulte a lista de verbos no Manual de Português (29 vol. lo u v ação . co g n o m in ar. cig arra . 228 Vozes humanas: verbos de elocução — Os verbos seguintes encer­ ram a idéia geral de “elocução”. lobo. e s trid e n te . m o ­ cho. b rad a r. u lu la n te . ce g o n h a. b u rro . o n ça . e n to a d o . p aíav ro so . d e p e rg u n ta r. d e g ag u e ja r. p o m b o . d e c h a m a r. d e b la te ra r. d e ex c la m ar co m v ee m ê n cia . p o le m i­ zar. p a ro la g c m . d e c la ra r. ta rta m u d e a r. p ro c la m a r. cav ern o so . de acordo com a maior afinidade de sentido: — lo q u a z . b aleia.. v erbo so . nom ear. d e d isc u tir. rejeitar. o v elh a. indicadas abaixo: — afirm ar. u n ísso n o . v erb o rrá g ico . ro d eio . inquirir. retru car. in d eferir. 1964. 292). 229 Reagrupe em subáreas. d e ex p licar. reto rq u ir. proferir. ta rta m e la r. dissertar. cacofônico. circ u n ló q u io . clam ar. 5. interro g ar. 10. su ssu rra n te . e stre p ito so . red a rgü ir. indagar. o ra ç ã o . v o c ife ra n té . a n d o rin h a . 6. leão. d e n eg a r. ex p lan ar. 4. 227 Sublinhe com um traço os sons agradáveis. d e n eg ar. a rg e n tin o . d e p ro n u n c ia r em voz alta. gritar. p ato . su ssu rrar. e forme orações que tenham como sujeito nome de animal (ver lista abaixo). vociferar. 14. 9. m o d u la d o . d iscorrer. m aru lh o so . d e ex p o r. p rolixo. e lu cid a r. p a ­ . ra p o sa . incluam um adjunto adverbial expressi­ vo e/o u venham acom panhadas de outra oração. alcu n h ar. 2. sa p o . conciso. 8. .. Dizer com as palavras absolutam ente necessárias . perífrase..... garantir. ao subir.. 231 Escolha o advérbio mais adequado às seguintes m aneiras de fa­ lar ou expressar-se: Afirmar alguma coisa de m aneira sentenciosa e autoritária Afirmar de maneira term inante e decisiva . ou.... ou ........ Quando.. ou Quando pisadas. Falar com o respeito semelhante ao que se deve às coisas sagradas.... Concordar sem dizer palavra Fa­ lar sem cuidado........ 232 Os verbos que se seguem exprimem a idéia geral de afirmação: reagrupe-os de acordo com as especificações abaixo: — afirm ar... filípica. re v e re n te m e n ­ te. re­ d u n d a n te m e n te . in se n sa ta m e n te .. r e t u m ­ bar.... homília.... a s s o b ia r...... Expressar-se com ardor e entusiasmo ...com excesso de palavras ..... .. sem interesse . O mar .. confirm ar... ou . 236 Confidên idéia geral de relau cífico de: ...... Os sinos . escolhido na lista abaixo: Os canhões ou . Falar sem refletir .464 ♦ C o m u n i c a ç ã o em Pros a M o o e r n a negírico... fecundo taciturno.. la co n ic am en te . prática..... . comunicativo...t angi­ das pelo vento. com palavras que não expressem as idéias de maneira clara ........ ao longe..... ru m o re ja r. lengalenga. ou . ratificar. copioso.... v alid ar... r u f ia r ) .. com p a­ lavras que adm item duplo sentido . b a d a ­ lar. tilin ta r. sóbrio... s u s s u rra r . ou.. gárrulo...... re b o a r. ra n g e r. caladão. v e e m e n te m e n te . ru fa r. d isp lic e n te m e n te .. o b sc u ra m e n te ... re p e r c u tir.... (ta c ita m e n te .... ou ... asseg u rar. folhas secas ...... p e rfu n c to ria m e n te ..... so le n e m e n te .. sib ilin a m e n te )..... discurso. Gravetos no fogo . im p u n e m e n te . e s ta la r.. a m b ig u a m e n te .. e s tra le ja r. p ro lix a m e n te .... te ste m u n h a r........... 230 Complete com o verbo adequado. com provar. Falar com hum ildade ou submissão Falar com orgulho ou insolência ...... rib o m b a r.......... O riacho ou Os dentes ... ou. c re p ita r .. d o g ­ m a tic a m e n te .. a rro g a n te m e n te .. Os tam bo­ res As asas das aves em v ô o O vento ou .. Taças que se tocam . se rv ilm en te..... p e re m p to ria m e n te .. asseverar. ou Vozes ... ou.. aos eclesiásticos e às pessoas idosas ... catilinária... . O foguete. ta n g e r. Sentido específ a) b) c) d) afirm ar simplesme afirm ar com convi afirm ar com provi reforçar um a afiir 233 Explique c Homologar um conct — Validar um docur tos: — Ratificar um... a tr o a r. A cam painha Um portão velho ... e sfu z ia r. silv a r.. e s tr o n d e a r . c o n c isa m e n te ...... . tagarela...... re sso a r. com o mí­ nimo de palavras necessárias .... e s trin c a r...... tautológico. re p ic a r... dar um a lei: — Subi mentar um a tese: — 234 Defina o : Opinião controversa: claração incontestáve nuscritos apócrifos: picaz: — Declaraçãc zes: — Palavras < mistificadora: — Lin 235 Aquiescên cerram a idéia gera com o sentido de: a) simples idéi b) idéia de aqi c) icléia de aqi d) idéia de aqi — render-se à evidêr ponto de vista — faz — aprovar — condes os fatos — opinar fc aderir — acatar.. e s tru g ir..... Expor idéias de m aneira superficial e apressa­ da . e s ta la r....... lacônico. Falar sem so­ frer castigo ou punição .. de frio ou de raiva. (sib ilia r.. fa rfa lh a r... as folhagens das árvores ... su b m issa m e n te . ............................ d) idéia de aquiescer por falta de firmeza ou timidez: — render-se à evidência dos fatos — tolerar — admitir — participar do mesmo ponto de vista — fazer coro com a opinião geral — ser “maria-vai-com-as-outras” — aprovar — condescender — conceder — convir — deferir — aceder — aceitar os fatos — opinar favoravelmente — sancionar — submeter-se às ordens de — aderir — acatar.............................................................. reagrupe-os de acordo com o sentido de: a) simples idéia de concordar..... confissão — Os seguintes verbos encerram a idéia geral de relatar ou contar.... b) idéia de aquiescer em face de provas ou razões........................... 234 Defina o sentido dos adjetivos grifados: Opinião controversa: — Opinião dogmática: — Opinião irrefutável: — De­ claração incontestável: — Argumentação frágil: — Opinião suspeita: — Ma­ nuscritos apócrifos: — Denúncia anônim a: — Atitude cética: — Atitude su$picaz: — Declaração plausível: — Afirmação cautelosa: — Palavras vera­ zes: — Palavras cáusticas: — Verdade insofismável: — Linguagem mistificadora: — Linguagem verrinosa: — Opinião abalizada......... relato.............................. reforçar um a a firm ação :................. 236 Confidência....... G arcia ♦ 465 Sentido específico de: a) b) c) d) afirm ar sim plesm ente:...................... afirmar com provas ou testem unho:.................. reagrupe-os de acordo com o sentido espe­ cífico de: ..... afirm ar com convicção:........ 233 Explique o sentido de: Homologar um concurso: — Sustentar uma opinião: — Defender um a tese: — Validar um documento: — Sancionar uma lei: — Autenticar docum en­ tos: — Ratificar um a declaração: — Corroborar uma opinião: — Referen­ dar um a lei: — Subscrever um parecer: — Lavrar um a sentença: — Docu­ mentar uma tese: — Abonar com exemplos............................................... 235 Aquiescência ou aceitação — Os verbos ou locuções seguintes en­ cerram a idéia geral de aquiescência ou aceitação......f l ^ P E B iblioteca C e n t r a i O thon M........................................ c) idéia de aquiescer por benevolência ou tolerância....... inobservância — Os seguintes verbos grifados encerram todos a idéia geral de negai. recusar ou rejeitar. rejeição. 238 A idéia de negação é freqüentemente expressa por meio de pre­ fixos negativos ou privativos. a que pertencem os exercícios pre­ cedentes: Prefixos gregos — inseto áptero — tratamento asséptico — homem abúlico — membro atrofiado — indivíduo apático — sílaba átona — pessoa anêmica — pão ázimo — animal anuro — figura assimétrica — animal acéfalo — substância antídoca — substância amorfa — regiões antípodas — sal anídrico — expressões antitéticas — remédio anódino — opiniões antagônicas — carta anônima — substâncias antígenas — orador afônico — p rin cíp io s a n tin ô m ic o s — pessoa afásica — palavras amilógicas — animal ápodc . convém advertir. nada tem que ver com a área semântica da audição ou da fala. c) fazer revelação pública e ruidosa: — confidenciar — segredar — cochichar — murmurar — sussurrar — espalhar — propagar — proclamar — divulgar — aludir — trair — insinuar — soprar — referir-sc a — publicar — proferir em altas vozes — irradiar. Explique o sentido exato das seguintes ex­ pressões. b) fazer uma revelação indiscreta. recusa.466 ♦ C o m u n i c a ç ã o em Pros a M o d e r n a a) confidenciar ou revelar discretamente um fato. dê o sentido específico de cada um: Cxmtestar uma opinião: — Denegar um direito: — Ab-rogar títulos ou privi­ légios — Denunciar um tratado: — Rescindir contrato: — Refutar um argu­ m ento — Romper vínculos conjugais: — Veiar uma lei: — Revogar um a lei: — Indeferir um requerim ento: — Violar um tratado: — Infringir regula­ mentos: — Transgredir uma ordem. 237 Negação. a m aioria das quais. . manifestação de vontade — A relação que se segue inclui palavras que encerram a idéia geral de ordem..... II As .. Exemplo: .. para a retirada das suas trocas da zo­ na fronteiriça. G arcia ♦ 467 Prefixos latinos tráfico ilícito — a rg u m e n to irre to rq u ív e l toalha imaculada — falta irrem issív el fisionomia impassível — d e c isã o irrev o g áv el glória imperecível — q u e s tã o in d u b itáv e l conduta impecável — a titu d e in tra n s ig e n te propósitos ímpios — a titu d e in ju rio sa desejo imoderado — re p u ta ç ã o in a tac áv e l substância imponderável — re p u ta ç ã o ilibada direito imprescritível — p a re c e r irre fra g áv el direito inalienável — lin g u a g e m d e s p u d o ra d a céu inclemente — ex ig ên c ia d e sc a b id a gênios incompatíveis linguagem incoerente — in d iv íd u o d e s a ju s ta d o coisa inaudita — anedota desopilante direito inquestionável — a rg u m e n to d esp icien d o prazer inefável — g esto d e s p re n d id o labirinto inextricável — lin g u a g em d e sp rim o ro sa desastre irremediável — a ti iu d e in s ó lita — p esso a d e sin so frid a 239 Ordem. co­ m ando ou apelo.O thon M. pontifício.. ele teve de abrir mão de certos privilégios.. III O . é um a autorização que alguém confere a outrem para..... parlamentar. médicas devem ser cumpridas religiosamente......... imposição. em seu nome..... comando. I A China enviou à índia um ...... IV P o r VA das circunstâncias.. . dos papas é uma carta patente que contém .. preencha com elas as lacunas das frases abaixo: (alvará — habeas-corpus — mandado de segurança — regimento — estatutos — discricionário — decreto — déspota — Lestamento — ultimato — prescrições — draconiano — mandato — injunções — bula — breve — arresto — edital — édito (e edito) — aviso — postura — dogma — ditadura — tirania — força).. praticar certos atos.... .... é um a garantia constitucional para proteger direito individual líquido e certo. estar certo de que..... é....... imperfeito do indicativo.. seus sinônimos mais comuns são . é um ato pessoal. unilateral... XIX Dizern-se .. almejar..... opressora. XVII A é um a forma de governo autoritário e discricionário. as leis excessivamente severas. cassado por .determinações de ordem ad­ m inistrativa... que instituições ou associações estabelecem norm as gerais de seu funcionamento.. etc.. se possível. suplicar. confirmando ou autorizando atos ou direitos.. XII É nos seus . verbos específicos de apelo ou comando atenuado (rogar. aspirar a... ou. VIII A ordem judicial que se faz pública por meio de avisos ou editais cha­ ma-se .. .... XVIII é tam bém o nome que se dá aos governantes tirânicos. etc. ansiar por. acreditar que. Formas cle polidez com que se atenuam ordens ou apelos: (— pret... é um documento passado por autoridades judiciárias ou adm i­ nistrativas a favor de alguém.. desejar. solene e irrevogável. e contra ilegalidade ou abuso do poder. ao passo que a . pelo qual alguém. XV Muitos parlam entares tiveram seu ..). é um ato escrito oficial que contém.... locuções adverbiais (por favor. com observância da lei. solicitar. XIII O .... de ordem po­ lítica. XIV O ... não am parado por .VI O dos bens do devedor é a garantia de dívida cuja cobrança foi ou vai ser ajuizada... VII .... XI Atos .... opresso­ res e cruéis. futuro simples do pretérito. gratuito. e ...... cruel e violenta..... esperar. além disso. não conhecem outras condições ou restrições que não a von­ tade de quem os pratica...... IX O ..... ter a esperança de.... dispõe de seus bens.... querer...)..................... XVI Questões fundam entais e indiscutíveis de um a doutrina religiosa ou sistem a filosófico chamam-se . aprovando...... X Os decretos pontificiais chamam-se também ou ou . optativo. suave. de expressão de polidez e justificando ra­ zoavelmente o apelo ou a ordem: — inscrição em exame vestibular von- — cancelam ento de matrícula — exame de segunda época icem dmiatos — adiam ento de prestação de serviço militar — convocação de membros de agremiação — convocação para prestação de exames ou provas — reconsideração de punição imposta por superior hierárquico — retificação de notícia publicada em jornal dual o do — desculpa por não ter comparecido à solenidade a que tenha sido convi­ dado — informações a respeito de pessoa ou fatos L po- — recomendações de ordem geral sobre atividades funcionais — convites t ou III Olfato •asso 2SS O - 242 Sublinhe as palavras mais adequadas ao contexto: Os pântanos (exalam.UFPEBiblioteca Central O thon M. O sândalo (se evola. Aíàste-se. aimiscarado). acidulado. mefítica. se for o caso. (ácido. Aceite minhas desculpas. inebriante. recendem). tresandam. cartas. cheirar. recendente). enxofre. evapora). desprendem ) mau cheiro. Atenda ao meu pedido. capitoso. O miasma é um a em anação (odorífera. Em linguagem poética cheiro é (em ana­ ção. Não se deve (inalar. penetrante. G arcia ♦ 469 240 Atenue as formas imperativas. servindo-se. vinho. doce. acre. — charco. amónia. gás. cloaca. fragrância). mefítico. pestilencial. em anam . sufocante. recende. avisos ou edi­ tais. En­ tre. chapelo 241 Escreva bilhetes. requerimentos. servindo-se de expressões de poli­ )i ou dez: i ad- Fale mais alto. 243 Dê o adjetivo que caracterize o cheiro de: ições an d o ar a. fétido. aspirar. Cale-se. eflúvio. ofícios. nauseabundo. miasmas. Apresente-se ao diretor. Requeira em termos. inspirar) gases tóxicos. limão. éter. . respirar. carniça. Substâncias putrefactas (trescalam. recurso de expressão muito freqüente na poesia. éter. O que produz fogo é: ignescente. combustível. O giz é: friável. por exemplo. ácrido. tronco de árvore. frag­ m entário. acetinado. agudo. olfativas (cheiro do­ ce). miasmático. cativante. grosseiro. redolente. É o que se chama de sinestesia (etimoiogicamente “sensações sim ultâ­ neas”). combustor. amoldável. manipuláveis. e na outra os que se referem ao olfato. almiscarado. capitoso. discreto. melífero. volátil). (rugoso.6. maleável. farináceo. V Paladar (e também olfato) 246 Disponha num a coluna os adjetivos relativos ao paladar. As substâncias que não transm item calor são: isolantes. claro. a consistência ou a natureza de: Pele dura e áspera: friável.. oloroso. acre. 1. bolorento. O ferro em brasa é: candente. maleável. inebriante. travado. empestado. plásticos. mingau. uniuoso. extasiante. fedegoso. 245 Escolha na lista abaixo o adjetivo adequado à natureza. fuzil.7) 247 Escolha substantivos que possam ser sim ultaneam ente caracteri­ zados por alguns dos seguintes adjetivos: — amargo. nidoroso. consis­ tência ou aparência de: — manteiga. balsâmico. fragrante. bola de bilhar.8. Fr. dolente. acético. cortante. em seguida. graxa. principalmente a partir do simbolismo. ajunte a cada um deles um nom e ajustado a tais adjetivos: — acre. que é da área semântica do pa­ ladar. pastoso. coriácea. aveludado. rubro. incandescen­ te. elástica. . luminoso. o mesmo adjetivo caracte­ riza sensações diversas: doce. As folhas de um livro são: manejáveis. capitoso. salobro. azedo. Os metais são: elásticos. ignífero. O ouro é essencialmente: dútil. maciço. aromático. flexível. aveludado. viscoso. Uma lâ­ m ina de aço fina é: dútil. rcdolente. macio. ácido. chilro. isotérmicas. sutil. maleáveis. fino. cálido. metálico. gritante. elástico. O que se derrete ao calor é: fusível. pestilencial. O carvão é: comburente. nodoso. picante. pêio de gato. óleo. fundível. isócronas. m anuseá­ veis.IV Tato 244 Sublinhe o adjetivo mais adequado a expressar a sensação tátil. engulhento. pele de sapo. pican­ te. bafiento. delicioso. pode aplicar-se a sensações auditivas (voz doce). recendente. suave. ignígeno. goma de mascar. acidulado. râncido. (Ver 1. Cruzamento de sensações — Muitas vezes. . móbil. Dos matagais sobre a ..... le­ vando em consideração não apenas o sentido do texto mas também o rit­ mo e a rima dos versos: Pelas corolas ... retine.... Com invisíveis mãos.. sedento.. luminoso.... Doce ou bandolim .... E enlaçavam-se em .. altivo. galho Caía um .... capelas. “Missa da Ressureição”) (opulenta. a luz na areia........ 249 Como o exercício precedente: a luz na areia: o granito ... As . retine.. comprime.... ro­ xas........ abobadado.. Vão . -ado...... Glorioso. troteando.. de orvalho Suspirava u m carinhoso... mugir. Os magros bois . túmidas.... no manto. arte.. aljôfar. mavioso... chama-se. coma.. róridas). -anto.. murcho....... Vocabulário mediocrizado 250 O seguinte trecho vem transcrito com parte de seu vocabulário “mediocrizado”: procure restaurar a forma original. substituindo as expres- ... rubra.. pulsando. (rima c/o 2. . flores da Quaresma. erriçada...O thon M.. Garcia ♦ 4 7 1 VI Varias sensações 248 Preencha as lacunas com palavras escolhidas na lista abaixo. queimado na várzea.. crispado.. (João Ribeiro...... Rolam pedras na encosta da estria Da chuva encarquilhando o bloco . . leve. Excessivo calo r a terra... flameja.... favônio.. se­ dentos.. “Sob o Equador”) (chamejante.verso) De cada . espelhante). -eia)... alaúde.... a rendilhada e luminosa . o sol. -entos.. Correia... emalha. e quase estala à luz do dia.. u m . uma gema ... outros lentos Buscar o taquaral anguloso.... .... a tristes uns.. ó Ema! (R..... teia.. (Rima de algumas das palavras omitidas: -ante. Pingo d^gua. enquanto Morre o boi. A terra O capim seco. . abba. U m a porção d e v a p o re s n o a r se espalha. B ranca flo r d e p o la re s p rim av eras... C om o u m a in fo rm e m ancha. Aves em grupos separados. Ai m a g o a d o d e luz lactescente. dcd = -ia.. B ruxa d o m in a d o ra d o m a r forte.\ G radativam en te. trêm u la. F ogem .. (R. “Anoitecer”) (R im a: abba.. se avolum a e cresce A s o m b ra à m edida que a lu z rec u a. e iu re as árvores.. pálida Lua. (G o u la rt d e A n d ra d e. espalham -se d e rra m a d o s U ns to n s doces d e tristeza. A n a tu re z a indiferente desm aia. Fecham-se os olhos d o dia.. Im precisa lem brança d e um sol lum inoso e quente. “A ta rd e ") (R im a: a b a b a b c e = -uça. (C astro Alves.... D esperta os sons n a s escuras g ro tas... E a o n ç a so b re as pedras a s sa lta beirando> Da serra os aspectos estrem ecendo. -ados (nas q u ad ra s) e -ua. lâ m p a d a d e doen te! L ua. confronte a sua versão com a original: E ra a h o ra em q u e a ta rd e se inclina Lá cio alto d a s se rras m ais distantes.. -otas. cdc.. T risteza d o céu. m a ch a d in h a té tric a d a m o rte . em to m o . Q u a n d o so b re a la g o a q u e se encobre P assa o b a n d o selv ag em d a s gaivotas....grifadas por outras que mais se ajustem ao contexto e ao ritmo do . E em tu d o . A noitece. P or cé u s d o u rad o s e averm elhados raiad o s. Correia. pela o rd e m ) 251 Como o exercício precedente: A ve rm elh a o O cid e n te n a ag o n ia O sol. E d a a ra p o n g a o c a n to q u e chora. em seguida. -ece (nos terceto s) 252 Como o exercício precedente: Lua..\ a lu a A parece trê m u la . S a u d a d e desconhecida q u e pelo a r paira. D esenham -se além das serras Os cum es d e c h a m a coroados. “L u n a r”) (R im a: A babbccd) . e -an d o .. quase que exclusivamente. de um defensor do passado. no Congo. isto é . Corra-se o planisfério e procure-se à altura de Pernambuco. imite-os. O seu am or à liberdade. Pedro II tinha grande prestígio nos Estados Unidos. a Pernambuco. nenhum a nação nas condições geográficas em que vivemos realizou obra que se comparasse à nossa. contra o espírito renovador. O Governo americano foi o último de todos os governos do novo con- . a sua atividade. à altura de São Paulo. resumo. indique o tipo de desenvolvimento.itmo do 300 . Os discur­ sos pronunciados no Senado americano. quando se discutiu o reconheci­ mento da República Brasileira. titulação e imitação de parágrafos 301 Leia com atenção os parágrafos dados a seguir e: a) b) c) d) e) oitecer”) terceto s) assinale o tópico frasal. desenvolvimento. Como já tive ocasião de assinalai. pelo progresso.0 parágrafo V ta r d e ”) Tópico frasal. consistiram.” (Gilberto Amado. alguma coisa igual pela cultura. no sudoeste africano. mas na exaltação das virtudes do grande venci­ do. Três livros. não no elogio dos vencedores. de São Paulo. a singeleza da sua pessoa. isto é. sequer parecida. uma réplica. I “O brasileiro de hoje tem consciência da sua terra e sabe quanto é digna dela a sua gente. p. o seu espírito aberto a todas as novidades do sécu­ lo. substituindo os dados do desenvolvimento. dê-lhes um título sugerido pelo seu conteúdo. em M adagáscar ou na Nova Caledónia. 335) ‘L u n ar”) II “O Im perador D. que de um rei só faziam a idéia de um hom em rodeado de fausto. nas índias Neerlandesas ou na Nova Guiné. sintetize-os. impressionaram sempre os americanos. Cerca de qua­ tro quintas partes da população do país viviam nos campos. individualismo e ausência de traquejo so­ cial. mais perto do espírito. Agir. Esta guarda dos fatos o que eles têm de falso. açúcar. a arte. A arte conserva-se mais universal. aos erros. Fala a religião de Júpiter. As pessoas que tinham participação efetiva no processo eleito­ ral representavam pouco mais de um por cento da população do país. ed.a arte é mais fiel que a religião. para essa demora. A economia do país continuava a apoiar-se na exportação de uns poucos produtos primários. insulamento dentro de sua propriedade e de seus conhecimentos. A ilu s ã o a m e r ic a n a . abrigando muitos milhares de pessoas. maior resistência mo­ ral. e estes. U m p r o je to d e r e fo r m a a g r á r ia . organizadas econômica e socialmente nessas fazendas. ausência de espírito de competição. educação inferior. 95) III “No que tange ao agricultor. decerto. na frieza. A arte mantém-se mais perto da origem. e se inspirou. in : N o s s o s c lá s sic o s . podemos enum erar nele um a psicologia pró­ pria. m uito diversos do que haviam sido no século anterior. de Prometeu. p.” (Eduardo Prado. apatia política. 92) V “O sistema econômico e a estrutura social do Brasil não eram. condições higiênicas precárias. associado a localismo acentuado. principalm ente café. talhada pelas influências ecológicas e sociais do meio ambiente: con­ servadorismo exacerbado com o conseqüente apego à rotina e desconfiança à técnica. Também cerca de quatro quintas partes da população estavam formadas por analfabetos. predomínio dos contatos primários entre os parentes ou companheiros mais chegados. etc. ed. da tradição. hospitalidade.. 17) IV “. às paixões de cada cidade e de cada indivíduo. que reconheceu a república do Brasil. Dobra-se a religião aos instintos. N o s so s c lá s s ic o s . comércio e indústria em estágios absolutamente primários. estavam constitucionalmente destituídos de direi­ tos públicos. na quase hostilidade com que a imprensa recebeu a revolução. p.474 ♦ Comunicação em Prosa M oderna tinente. então como hoje. A produção. por força do trabalho. menos infiel à dor antiga e à antiga esperança da hum anidade. baixa den­ sidade demográfica. A religião diverte o pagão com faunos e sátiros. fecundidade. sedentarismo. de cacau.. em 1930. cujas dimensões eram algumas vezes consideráveis. Para . seja de café. insensi­ bilidade ao espírito de classe.” (Jackson de Figueiredo. e o Estado continuava a financiar-se principalmente com impostos arrecadados sobre o comércio exterior. Mantém-se a arte como que à par­ te. e se faz idolatria. p. Agir.. que continua­ vam sendo a instituição econômica e social básica do país. estava organizada em fazendas. in.” (Coutinho Cavalcanti. agravado o nível mental pela perm anente fuga dos elementos mais capazes para os centros urbanos. enquanto os nacio­ nalistas tram am em favor de nossa volta ao estado de colônia. havia um mecanismo por meio do qual os resultados das eleições po­ diam ser alterados pelas autoridades centrais. Assiste o País às mais . é o poder de m oldar as almas segundo uma concepção íntima do Homem. incansavelmente levado a efeito para desorientar o julgamento dos bra­ sileiros. in: R e v is ta C iv iliz a ç ã o B r a s ile ir a nQ 1. por todas as razões. Schmidt. P r e lú d io ã r e v o lu ç ã o . todos nós sabemos o que acontece há muito tempo. p. constituir-se em defenso­ res de posições claras. “Obstáculos políticos ao crescimento econômico no Brasil”. em po­ brecem os brasileiros. p. Os que deveriam. O voto era ostensivo e o contro­ le dos votos era feito por pessoas da confiança"dos senhores locais. Não se concebe que o educador ignore. paciente traba­ lho. agrava-se a situação do povo. F. As autoridades locais. Não se concebe um artista que não domine inteiram ente. o grande educador é sempre um hum a­ nista (falo do humanismo íntimo. para ter-se uma idéia das privações e dificuldades por que passa um povo dos mais gentis e resignados do m undo. Na verdade é de cor­ tar o coração verificar-se a situação de pauperismo a que todos estamos atingindo.” (Celso Furtado. estavam sob controle dos grandes senhores proprietários de terras. como a figura do Presidente da Repúbli­ ca. de bom senso. além do am or das crianças e da in­ tuição psicológica. que substituiu a do Imperador. o Estado existia apenas através de alguns de seus símbolos mais ostensivos. enquanto os róseos e vermelhos m anobram no escuro — empobrece o Brasil. dilacera e corrói tudo e instala-se vitoriosamente e cada vez mais nas cidades. mesmo quando eram parte integrante da burocracia federal. ou não procure conhecer cada vez melhor. Nas regiões desabrigadas do Nordeste. que é amor e conhecimento do hum a­ no).U F P E Biblioteca Central O thon M. G arcia ♦ 475 a grande massa da população. de interesses autênticos. Neste sentido. mas a pobreza — a metástase da miséria — in­ vade tudo.” (Jacinto Prado Coelho. aqueles que es­ tavam no poder dispunham de todos os meios para nele permanecer. Por úl­ timo. 54) VIII “Estamos em Babel. Verifica-se uma incessante faina de destruir. Basta olhar a m ultidão na rua. Somos um povo que desconhece o seu destino. Um longo. página 135) 17) VI “O que faz a grandeza do educador. A e d u c a ç ã o d o s e n tim e n t o p o é tic o . aqui mesmo no Rio de Janeiro. 6) VII “Enquanto os políticos se agitam e lutam pelo poder. o material em que trabalha. Na confusão de línguas. aparecem nesta hora turva como arautos do advento do reino da desordem e da in­ quietação. as necessidades e as virtualidades físicas e morais do homem.” (A. pela inteligência e pelo coração. Nada do que é hum ano lhe pode ser alheio. Desta forma. está frutificando neste momento. numa época em que a indústria mecânica. para dar exemplos correntes e conhecidos. for­ mam-se círculos de opressão que impedem soluções realistas. ‘eles reclamam satisfações multiplicadas para as suas ne­ cessidades não mais somente do seu corpo. um horizonte cada vez mais largo.. à variedade das necessidades dos grupos sociais. não podia permanecer inalterável um aparelho educacional. examinar ós problemas de educação do ponto de vista. mas tam bém do seu espírito. mas de um a socie­ dade em movimento. arruinar e em pobrecer a Nação. acelerou as modificações nas condições e nas normas da vida social a que correspondem variações nas maneiras de pensar e de sentir e nos sistemas de idéias e de conceitos. transformou as maneiras de produção e as condições de trabalho. p. e onde houver uma saída para as dificuldades desta pobre pátria enraíza-se logo o câncer da obtusa incompreensão. não dos interesses da classe dirigente. nos sistemas escolares. pela escola que é uma instituição social. O seu organismo refinado complica as suas exigências. que dilataram as fronteiras nacionais. A educação e seus problemas. não semearam cidades: o . para poder abraçar. As bandeiras paulistas e outras. não de um a estática social (que não existe senão por abstração). Impede-se a exportação indispensável ao surto do de­ senvolvimento — pois sem exportar o que temos não podemos comprar os equipamentos necessários à nossa industrialização forçada. Era preciso.” (Fernando de Azevedo. como expressões de outras necessidades vitais’. Ora. 15) IX “À cada época. Mas a regra é geral. correspondem processos novos da educação para uma adaptação constante às novas condições da vida so­ cial e à satisfação de suas tendências e de necessidades. O envenenamen­ to da opinião pública — obra de maliciosos táticos-ideológicos e de cavado­ res de votos — estrangula as possibilidades de fazer-se atuar fatores que po­ deriam ser decisivos para uma reação em favor da prosperidade. a cuja base residia uma velha concepção da vida. Em torno do petróleo e dos minérios. mas dos interes­ ses gerais (de todos). Bouglé. na sua rigidez clássica. aum entando a intensidade.. 27) X “Os séculos passados viram as ondas de todas as invasões bater inutilmen­ te às muralhas dessas duas fortalezas: a floresta e o sertão. p. ibid. À medida que os meios de ação se multiplicam à volta dos homens. e. na marcha da civilização. e elas se apresentam logo às suas consciências. pondera C. pois.estranhas intervenções — todas elas com o objetivo de massacrar. Os colonizado­ res ficaram. As idéias e as institui­ ções pedagógicas são essencialmente ‘o produto de realidades sociais e políti­ cas’. Quem pensar fora dos moldes de um falso nacionalismo (porque existe o verdadei­ ro) expõe-se a toda sorte de calúnias e perseguições. ‘como caranguejos arranhando a praia’.” (/d. criando esse fenômeno novo da urbanização precipitada da sociedade. e atender.. da tendenciosidade. é um grande ciclope. Quem verdadei<Lt p. lançando incessantemente os seus tentáculos sobre o campo. nenhum a vida se acusava. Dirse-ia que a cidade industrial. com esses movimentos rígidos que têm o ar de um a carica­ tura sinistra da vida. Fora desses acenos.O thon arruinar e *to do dejm prar os nenam ene cavadois que poEm torno ridos. de usinas. esse es­ tranho e impressionante movimento de êxodo da população rural que leva alimento ao Vulcano da cidade tentacular. para eles. apertava-lhe o peito amplo. interrompida. O >resentam es vitais7. A cidade seria. ibid. 3 suas nespírito. para os ruralistas. brasileira. segundo eles. Ant. de um frescor insidioso. E sempre. cuja base ma época ormou as fenômeno ações nas ações nas eitos.. das estradas ao sertão foi a solidão. de chaminés e de máquinas aperfeiçoa­ das e incompreensíveis.77 (Jb. p. montou seu cavalo russo crinalvo e desceu à bateria. destacando-se da esquadra. fora regrei é pátria ende. Com o sol acima do horizonte. e com os gi­ gantescos membros articulados de suas máquinas e de suas indústrias. O golfo brilhava em todo o seu vas­ to âmbito. e com essa matemática de ferro e essa organização im­ placável de altos-fomos. Dir-se-ia a costa de um rochedo só habitado por aves do oceano. Deu um lance d’olhos à barraca onde se escon­ dia o paiol. de carvão e de aço. 94) . is. A ci­ vilização brasileira não penetra ainda a floresta e o sertão. no seu trabalho alarmante de ab­ sorção mecânica.. quem a observasse de largo descobriria sobre as terras cegas de algu­ mas quebradas. repetiu algumas ordens. Toda a política do país seria agora uma luta organizada das cidades contra os campos. manejado por algum mecânico genial e delirante. e depois confronte a sua versão com a do original. agaloada de prata. entre as moitas e os barrancos dos outeiros. se aproximaram a reconhecer os pontos. um mundo à Wells. 15) sos novos i vida so­ as instituis e políti: homens. aplicada sobre o campo. p. com reflexos móveis de espelhos. a farda de miliciano azul-ferrete. alongando as ventosas até as suas popula­ ções e atraindo-as à boca de suas oficinas. um desses fabulosos monstros de muitos braços.77 (Xavier Marques. 27) nutilmen»lonizadopaulistas idades: o M. quando um a barca e um lanchao. de interseções súbitas e de planos entrosados. com a cabeça cortada de visões angulosas. por pequenos agrupamentos humanos. cujas palmas verdes.. Garcia ♦ 4 7 7 que ficou de sua passagem. Ao contato do ar ainda fresco. um a imensa bomba de sucção. p. não de ma socie>s interesnstituição escolares. 49) Reestruturação de parágrafos para confronto 302 Cada um dos trechos abaixo compreende vários parágrafos que foram englobados num só. indicada entre parênteses: I “Ouvia-se o murmúrio discreto das pequenas ondas no cascalho e o flabelar dos coqueiros. Era a. A custo. tinha as mãos e o ros­ to colorido de púrpura. a espaços. veja se os restaura. que encon­ traram. olhou para a linha dos vasos inimigos e passava às trincheiras. procurando o tópico frasal correspondente a cada um deles. um ou outro vulto incerto que depressa desaparecia. chamavam os inimigos como mãos de gigantes. Barros Galvão saiu do quartel de Amoreiras. Toma! Toma! Toma! Vai para junto deles. 131) IV “O jornalismo era ainda então planta quase exótica entre nós. c) paisagem urbana: G eneralização: Siriri se e s te n d e d e sd e .. João VI é que se estabeleceu a Imprensa Régia e foram aparecendo outras oficinas tipográficas na corte e nas pro­ víncias. os olhos em fogo. 122) III “A velha considerou a rapariga com espanto.. é p avoroso. eram feitas na Europa. As m eninas co n so m em -lh e to d o o oi q u e n ã o tem m edida. surpreendeu à porta da sa­ leta o olhar aceso com que lhe comiam o estendal de notas (que o hóspe­ de pusera a secar num a peneira) a velha portuguesa. deram-lhe boa noite. No eni Especificação: Tem saco ro ço ad o je ito de vel as m en in as. e a linguagem jornalística era a linguagem grosseira de espíri­ tos bulhentos. Nos dias da independência e do primeiro imperador. tomou ele certo incremento. após os ver. para o regaço da moça estupefacta. boa irmã. O que a fazia trem er eram aquelas cobrinhas de gelo que andavam a passear pela sua espinha... ao quarto do Joaquim. que entrava com uma garrafa de vinho. Datam daí os primeiros passos do jornalismo no Brasil...” (Julia Lopes de Almeida. ib id . tudo. Era a febre! Maria Matilde debateu-se toda a santa noite. C air n o can al. que o servia. Como haveria ela agora de com prar o sino de ouro e construir a sua alta torre rutilan­ te? Teria de começar pelo primeiro vintém. rapidam ente. fechou-se por dentro e começou a chorar. Teus irmãos estão nus? Toma. vai comprar agasalho para eles! Têm fome? Dá-lhes pão. p. cor­ reu ao catre. com in sta n te s. a introdução do M ODELOS d e a a) tipos (re tra to s): G eneralização: “O d e. n ão p e rm ite q u e i co n d içõ es. p. ain­ da alagadas da chuva. é a n d a r paj raíz es d e sc o b e rta s e ex nó. Tão cobiçoso era o olhar de ambos. servindo-se da sua expt você não está obrigado a de meiro tópico para desenvolvi cabe é imaginar alguém cu ainda que nos “modelos” de deiram ente. p. vertiginosamente. o vale se Especificação: O ’ te rr a se c o n v e rte em lai n al. se qi os trechos que vêm. Eram. Acabando de cear. unidas aos membros doloridos.. tem pos de grandíssima agitação. que se insultavam. porém. depois em purrou-a violenta­ mente para fora. Com a vinda de D. tanto! Ao menos nessa noite poderia dormir sobre o seu colchão. Logo. a velha deu-lhe tudo. Vai com Deus! A moça aparava aquelas moedas inesperadas num de­ lírio de felicidade.. um folheto qualquer. Eu é q u e sei. depois. sumiu as mãos trigueiras nos rasgões da enxerga e atirou pu­ nhados de m oedas. arrependido da im pru­ dência de ter mostrado tanto dinheiro. as roupas.478 ♦ C omunicação em P rosa M oderna II “Ao levar (o hóspede) à boca uma colherada. e ele recolheu. ali mesmo.. As próprias publicações holandesas do tempo. E fazer d ó: os braços chei g risalh o s esv o açan d o -lh e b ) cenas dram áticas: G eneralização: " í tu d o à n o ite. ao rom per do dia. e o m a­ rido. ib id .. seguia para Alfenas. nem mesmo um livro. ib id . com os lábios secos. Não havia tipografias.. datadas do Recife. muito pão.. com um a vela de sebo.. declarou que m uito cedo. Nada de doutrina e de apreciação calma de princípios. a cabeça estalava-lhe. não se publicara no Brasil um só jornal ou perió­ dico. que coou na alma do rapaz um frio de medo e uni clarão de pres­ sentim ento. resolveu acautelar-se. 231) Redação de parágraf 303 Leia atentam ente servando bem o processo ad íamos sempre a generalizaçâi vim ento): você poderá. e por isso deixava paga a hospedagem . o lo d o m o v ed iço x e sc o ra m as p a re d e s c a g ro.. os partidos agrediam-se ter­ rivelmente. e as costas doíam-lhe tanto. Durante os três séculos coloniais.” (Lúcio de M endonça..” (Silvio Romero. . verda­ deiram ente. a introdução do parágrafo.” (Adonias Filho. ninguém lhe dá importância. quando aproveitar os trechos que vêm. 122) :nte. de lit. E o Sr. Brito é um dos homens mais notáveis da cida­ de. tortuosa. fazer a mesma coisa. um desacoroçoado jeito de velho funcionário pobre que se desespera em casa coni as meninas. servindo-se da sua experiência e da sua imaginação. a Rua cio Siriri se estende desde o Alto de São Cristóvão até a Avenida Barão de Ma- .. nestas condições. Ultimamente. Coutinho. dc fazer dó: os braços cheios de embrulhos. assustadas. precisam freqüentar a sociedade. As cobras. 1. invadem a estrada. Eu é que sei.” (Ribeiro Couto. como meu pai. Note ainda que nos “modelos” de a) a f) a generalização (tópico frasal) é. 231) Generalização: “Comprida. p. os cabelos grisalhos esvoaçando-lhe pelas orelhas. Especificação: O vento engrossa o vôo. Baianinha e outras mulheres. 248) b) cenas dramáticas: Generalização: “Raramente chove no vale. aln. se quiser. Especificação: Tem uma obesidade caída. é ser absorvido pelo visgo.rafias. O mundo sem estrelas. é pavoroso. totalmente ne­ gro. sobre­ tudo à noite. Note que iso­ lamos sempre a generalização (= tópico frasal) da especificação (desenvol­ vimento): você poderá.O t h o n :a da sa0 hóspee o maolhar de de presa imprutrou que deixava 1 vela de . v. p. um desânimo balofo. G a r c i a ♦ 479 Redação de parágrafos baseada em modelos 303 Leia atentam ente os modelos de parágrafos que se seguem. Mas. O que a sear pela ebateu-se rpas. Enlouquecidas. am-se terde espíri:ão calma M. Fechados em casa. p. As am feitas Im prensa nas proNos dias cremento. após os modelos. as serpentes mordem as raízes descobertas e embrulham-se na luta e na lama como se fossem um nó. Brito. o lodo movediço rola ao peso da água. o vale se transforma. como tópicos frasais para desenvol­ ver. p. cogitativo. 131) . as árvores beijam o chão. e a terra se converte em lama. Am. deram para um furor de luxo que não tem medida. sob o chapéu de palha encardida. os homens escoram as paredes com os corpos. Cair no canal. apud A. 28) c) paisagem urbana: p. não permite que vejamos a mão posta diante dos olhos. Andar. No enianto. M O D E L O S d e a ) a f) a) tipos (retratos): Generalização: “O Sr. você não está obrigado a descrever. Memórias de Lázaro. Evidentemente. ob­ servando bem o processo adotado pelos respectivos autores. boa num deviolentaj haveria 2 rutilane tanto. Durante ou perió. No ca­ nal. quando chove. nestes instantes. anda sempre assim. consomem-lhe todo o ordenado. é andar para a morte. triste. ora larga. bras. o paletó-saco poeirento. cortirou puupefacta. ora estreita. m fome? eles. As meninas querem vestidos. O que lhe cabe é im aginar alguém cujas características se ajustem ao tópico.. O vale. por exemplo o “delicioso Jacinto” (pri­ meiro tópico para desenvolvimento) como Eça de Queiroz o fez. coberto de filó amarelo. como se todos fossem empregados de uma repartição pública onde é obrigatória a assinatura do ponto. melhores. Mas o seu trecho principal. 15) Misturadas no ria-se para a 1 dência literári.” (Aluísio Azevedo. Naquela segunda-feira não se ouvia um rumor de louça. de quando em quando. Os garçons andavam nas pontas dos pés. porta e janela apenas. davam para a rua. e Andrade. entravam no silên­ cio. um enorme espelho de moldura dourada e gasta inclinava-se pomposamente sobre um sofá de molas. de pressa. que lhe ficava fronteiro. Manuel. o queixo encostado no peito. IVês largas janelas de sacada. guar­ necidas de cortinas brancas. com grandes beirais. e logo para o Vasco. um detestável retrato a óleo de Mme. de platibanda e enfeitada de cornijas. Brizard. o si­ lêncio tornava mais profundos os suspiros. vasos bonitos de louça da índia. Pelo contrário. dá ao local um tom mais elegante e mais alegre. dentro da atmosfera do Romantismo. em termos essencialmente políticos. olhava sorrindo para um velho piano. sem rebo­ co. Especificação: Aí. ficavam fazendo parte dele. Ouvia-se. como for d) ambientes: Generalização: “O salão de visitas era no primeiro andar. Riia do Siriri. não há mais casas de palha. Especificação: Mobília antiga um tanto mesclada. Os suspiros. cheios de areia até a boca. uma construção mais nova. do lado oposto. Especificação: Os nossos historiadores literários encaram a autonomia literária conforme essa orientação. Outras. por cima dos consolos. tendo Sílvio Romero estabelecido a capa­ cidade de expressão nacional com critério valorativo de excelência literária. 215) 0 dissertações: Generalização: “O problema da nacionalidade literária foi colocado. também.480 ♦ C omunicação em P rosa M oderna roim. equilibrando-se: era um cho­ calhar de vidros. seguü J Tipos (re tra to s ) a) “Este delicioso J moço em que r Queirós) b) Apesar de já er seus tempos de c) “Seu Gatti é un Silveira) . Os suspiros tomavam maior o silêncio. alegre. vinte anos mais moça. Em outros dias. E havia no Rio Branco a gente de sempre. porque mais habitado. as xícaras dançavam nos pires. p. Casa de pensão. o Café Rio Branco parecia até quarto de doente grave. Carlos Drummond de. um suspiro saído do fun­ do do peito de alguém.” (Mário Filho. não perturbavam o silêncio de pesar que tomara conta do Rio Branco. são largas. grande lustre de cristal. carregando as bandejas com o cuidado de quem pega em menino de colo. da independêr excitação do e e da propagar fundidos eram homens de Iet tras e a polític vica. ao centro. Aqui e ali. “O Flamengo das horas más”. apud Bandeira. vai da Rua das La­ ranjeiras até a da Estância. cobertas de telha. não abria a boca para nada. 94) e) paisagens oit ambientes com figuras: Generalização: “Naquela segunda-feira.” (Amando Fontes. Rio de Janeiro em prosa e verso. p. em uma das paredes laterais. Especificação: Flávio estava de cara amarrada. Ninguém deixara de vir. Agora. São de taipa ou de tijo­ lo. As vezes pequeninas. O Flamengo tinha perdido de cinco. p. pouco mais altas que um homem. acaçapa­ das. ” (Joel Silveira) costado no as dos pés. sem rebois.” (Eça de Queirós) parecia até Dgo para o b) Apesar de já entrado em anos. seguindo os modelos. ou como arma de excitação do espírito guerreiro (Guerra do Paraguai. e confundiram-se independência política e indepen­ dência literária. A m ultidão dos convivas tagarelava em grupos por todos os cantos. p. As mesmas ruas. nmond de. o ensaio político.” (Afrânio Coutinho. olílicos. A literatura exercia assim uma função cí­ vica. e louça da Agora. c) “Seu Gatti é um italiano atarracado. de platinte e mais iririj p. muito vermelho. p. a polêmica. a autonomia política transferia-se para a literatura. ra um cho: ouvia um do do funsilêncio de i no silênmcio.” (R. guarjm enorme : sobre um d a óleo de elho piano. 215) colocado. A literatura era usada pela política nas campanhas em prol da independência nacional e da abolição da escravatura. Braga) III Paisagem p ro vin cia n a “Ali estava a cidade. conservava ainda o espírito jovial dos seus tempos de estudante boêmio.. o jornalismo.” (Homero Homem) b) “Sábado. a gente descobre essa vida inesperada e humilde dos terraços. cabeludo. acaçapaa. Introdução à Literatura no Brasil. Garcia ♦ 481 Misturadas no Romantismo literatura e política. 94) a) “Este delicioso Jacinto fizera então vinte e três anos. autonomia do a capaa literária. II Paisagem u rb a n a a) “A praça agora é um a babel pequena e ondulante. io de colo. duelando suas vozes e cantigas. campanha de Canudos) e da propaganda republicana. . seus rifões de venda. as mesmas árvores. 15) M. . o mesmo casario triste. na cidade. Os gêneros de atividade intelectual mais di­ fundidos eram a oratória. 39) tro.o. como força de expressão nacionalista. de tarde. o si:o a gente ■egados de oras más”. os que reuniam as le­ tras e a política ou a ação pública. da janela de um vigésimo andar. e os homens de letras típicos do tempo eram os lutadores. desenvolva os seguintes tópicos: I Tipos (re tra to s ) são. grande cada.” (José Condé) IV A m b ien te com fig u ra s (fe sta ) A sala era imensa.O th o n lua das Laou de tijo.. e era um soberbo moço em que reaparecera a força dos velhos Jacintos rurais. p. ” (Graça Aranha) b) “Lufadas impetuosas de vento destruíam os colmados.482 ♦ C o m u n ic a ç ã o em P r o sa M od ern a V A m b ie n te sem fig u ra s (fim de festa) 1.. arrancavam ou quebravam as árvores. o pad lhes — “pasta a que indicam tran se a esses detalh« e) “O adolescente detesta ser tratado como criança.” Tópicos frasais (descrição. “Nenhuma língu tão grande extei Q uando saiu o último conviva. 1. e sopra ri que chega. (Tarde sertaneja) brisa. narração e dissertação) para desenvolvimento e confronto com o original 304 Os trechos a seguir são tópicos frasais de parágrafos de disserta­ ção. (Anoitecer — Os bojo da mata a * das e sucessivas . com tanto quanto po 4. mas adora ser tratado como hom em . cuja Eugênio Werneck. b) A lição dos exemplos vale mais do que a dos preceitos. 2.” (Felício dos Santos) VII Paisagem cam p estre (flo re sta tro p ic a l) ‘A floresta tropical é o esplendor da força n a desordem... O fogo erguera-se e lambia num anseio satânico os troncos das árvores. (Primeiro dia de \ sua competente j de chifre.” 3.. abalavam as serras. “De todas as art dúvida a arte d< VI Cenas d ra m á tica s a) “Começara a queima. d) “Não são as idéias e sim os ideais que governam a adolescência. “Portugal foi a j incansável empe tes do m undo c< 5. Árvores de todos os tam anhos e de todas as feições.” (Graça Aranha) 3. a impressão que se tinha era a de que houvera ali um terremoto. “É uma injustiça ência exclusiva c VIII D issertações a) As aplicações práticas da eletrônica vêm exercendo influência cada vez mais considerável na evolução dos costumes e idéias da sociedade con­ tem porânea.. c) Importa menos o êxito do que o esforço.” 305 Como o de descrição. “Chama-se. procure desenvolvê-los pelo processo que lhe pareça mais adequado e em seguida confronte a sua versão com a do original: 2.. assinalada na História Universal pelo seu incansável em penho e heróica solicitude em dilatar os breves horizon­ tes do mundo conhecido.. cuja forma original se encontra na Antologia brasileira. a mais difícil é sem dúvida a arte da palavra. ibid.) É a tarde que chega. a América o Novo Mundo... 214) 4. Não ciciam mais os buritis (. 87) 2. in: Ant. ibid.. (Anoitecer — Os pirilampos) “Os primeiros vaga-lumes começavam no bojo da mata a correr suas lâmpadas divinas.” (Id. a mais expressiva.” (Latino Coelho.77 (Visconde de Taunay..77 (Mont7Alverne. o padrinho o acompanhou até a porta. “De todas as artes a mais bela. vem o sol descambando. nem mesmo o sânscrito. p. 213) itamco am ou 3. a sua lousa de escrever e o seu tinteiro de chifre. 111) . (Tarde sertaneja) “Correm as horas.77 (Obs. ibid.. voltou o menino. com razão. e sopra rijo o vento. 217) ires de 5.. Antônio de Almeida.O th o n M. in: A n t brasileira. 1. ibid. de Eugênio Werneck. 20) 2... que indicam tratar-se da época passada. 244) da vez le con­ tratado 305 Como o exercício precedente. apetecer a ambição. No alto as estrelas m iú­ das e sucessivas principiavam também a iluminar. p.” i a de (Couto de Magalhães. porque em si tem tanto quanto pode adivinhar a fantasia. p.: Note os deta­ lhes — “pasta a tiracolo77. nac. Garcia ♦ 483 1. O desenvolvimento deve ajustarse a esses detalhes. refresca a brisa. (Primeiro dia de aula) “Na segunda-feira. “Portugal foi a grande nação. p.) (M. “lousa de escrever7’ e “tinteiro de chifre” — .77 (Graça Aranha. p.77 (Id. ibid.. ibid. p. “Nenhuma língua primitiva do mundo. 37) issertauado e 3. p. mas agora trata-se de parágrafos de descrição. “Chama-se. armado com a sua competente pasta a tiracolo. ocupou tão grande extensão geográfica como o tupi e os seus dialetos. “É uma injustiça reconhecer nas revoluções políticas dos povos a influ­ ência exclusiva das paixões e dos crimes individuais.. p. pronomes) que sejam inade­ quados às relações de idéias que pretendem estabelecer: . 28) “A princípio.) “A vida é como uma excursão pelas ruas de um a cidade desconheci­ da. locuções adverbiais. convém deixar claro o que se entende por de­ mocracia. i b i d p.” (Desenvolvimento por exemplos. têm feito da terra um espetáculo de sangue. Agir..” (Desenvolvimento: razões e exem­ plos históricos. Ribeiro. idem.” (Desenvolvimento por comparação. p. uns dos outros. 96) “A ambição dos homens por uma parte.) (Id. era o Brasil habitado por um a gente da mais ín­ fima civilização. não menos do que na guerra. há ocasiões para a prática de atos heróicos. Prado.” (Desenvolvimento por definição.” (Desenvolvimento como o do tópico precedente.) (Matias Aires. Nossos Clássicos.” (Desenvolvimento por comparação de aspectos.) Transição e coerência $ 308 Substitua os conectivos de transição e palavras de referência (conjunções.. 29) “Há dois países no mundo formados pelo homem: a Holanda e o Egi­ to. mas tam bém re­ lativam ente. advérbios.484 ♦ C o m u n ic a ç ã o em P r o sa M od ern a 306 Como o exercício precedente: “Ao ser descoberto. e pela o u tra a vaidade.” (Desenvolvimento por apresen­ tação de razões e de exemplos. Agir. idern.. mas sem possibilidade de confronto: “Na paz. a m aior parte dos criminosos. 30) “Das classes populares saem.) (J.) “Antes de mais nada. Nossos Clássicos.” (Desenvolvimento por meio de exemplos e pormenores característicos. p. in: Col.) (A. p.. p. supôs-se que eram todos os índios do Brasil da mesma estirpe.) (E. não só absolutam ente. in: Col. mas dentro de pouco tempo se percebeu que se distinguiam m ui­ to. Herculano. 36) 307 Como o exercício precedente. . de férias... tira sempre notas baixas.. .. não podem ainda casar-se. fi­ cou muito abatido.. de férias.O th o n m.. contanto que se faça alguma coisa para m elhorar suas condições de vi­ da... 309 Preencha as lacunas com o conectivo adequado e pontue: 1 Telefonou-me várias vezes .. VI Ele é muito estudioso . não conseguiu comunicar-se comigo .. III Posso esperá-lo sem preocupação. ao passo que não conhe­ ce ainda o Butantã.. não conseguiu comunicar-se comigo .. II .. me tivesse telefonado várias vezes. têm sempre por fim o seu maior bem. IV O cão ladra e não morde........ e o povo term inará por perder a fé nos seus governan­ tes. Garcia ♦ 485 I Levantei-me às 6 horas... ainda que os segundo visem ao mesmo fim para zelar e prom over 0 bem comum. II Não nos entendíam os. eu estava fora...30... IV Não foram publicados os proclamas ...... XI Os maus. e também os bons.. conquanto não tenha nenhum com ­ promisso para hoje. IX Ele m ora em São Paulo há mais de dez anos. dormi.. V O livro é muito volumoso... X Q uando eu era criança.... não podia prestar atenção ao que se di­ zia..... em bora falássemos línguas diferentes. pois m e tinha deitado às 3. ganhei de meu avô um violino..... VIII O tem po passa. VI A em pregada foi despedida..... de fato. posto que se tivesse negado a ir à feira em conseqüência da chuva.. com efeito. eu não tinha nenhum a vocação musicai. eu estava fora.... porquanto é muito interessante... V Estava muito preocupado . ao verificar que tinha sido reprovado. aliás. os primeiros esperam consegui-lo brevem ente com dano dos outros. XII O livro que o professor recom endou a leitura já está esgotado visto que foi publicado há menos de um mês.. III Ele estudou com afinco .. pou­ co mais de três horas.. VII As crianças devem ser castigadas se bem que se revelem desobedientes.. . XIII Não voltarei para jantar .. não precisam esperar por mim.... a televisão é um passatempo mortificante.. XXII Nada conseguirás ..... o tempo passava. acredito que não me tenha visto ... Em blemas de ordem n V A iniciativa priva cráticos.................. XVIII .... nada mais temos a tratar.. assinale a causa da incoerência e procure reestruturar os parágrafos de m aneira mais satisfatória: I Na verdade.... esteja zangado comigo..... Dela depei munistas não existe VI Desde os mais \ Na antigüidade...... não me cumprimentou.... o matem. não pode entrar....... XX . (Reda VTII Os jovens são inexperientes mas ousados ..... XV Ele não confessará .... te preveni das conseqüências.... II Imenso tem sido homem....... é m elhor dar a reunião por encerra­ da...... XIV Só podem entrar os convidados . III Os problemas d polêmicas entre os econômica e social situação das famíliz IV O problema do sociedade vem enfr paz de... XVII ......486 ♦ c O M U N I C A Ç Ã O EM PRO SA M O D E R N A VII As dificuldades de estacionamento no centro da cidade são cada vez maiores . os velhos.... X Ele é sabidam ente um rapaz pobre .. XII Não há razão para que te queixes . um pouco indisciplinado...... XXI ninguém se dispõe a fazer o trabalho. de ri falta de paralelism* vras de extensão s partículas de transi em cada um a dela guida reestruture-a I Para se ter uma fronte-se a vocaçã( m aterialistas do Oc II A França é um ] mães sempre se de III Não se deve fal de prejudicar a saú . os campos se despovoam as cidades se congestionam cada vez mais...... que poderiam dedi pais e filhos..... m para a época. pois.... XVI É aluno excelente ... muit< vias marítimas para XIX Aceito sua decisão . além de pro­ porcionar às famílias alguns momentos de distração..... fornece-lhe asperezas.. ou porque o que se diz no desenvolvimento não se concilia com o que está expresso no tópico fra­ sal.... locuções adverbiais ou prepositivas) são ina­ dequados às relações que se pretendia estabelecer. por terem mais experiência. você não foi convidado . m uita gente que tem carro já prefere ir de ônibus ou táxi. Somos f< a afligir a hum anid IX Em virtude das más condições da vida rural... faço-o eu........ não me pareça justa...... XI No século XVI liam-se novelas de cavalaria .... ou porque os conecti­ vos de transição (conjunções. pela ciência nefício próprio. são mais comedidos.. hoje lêem-se histórias em quadrinhos.. Parágrafos incoerentes 310 Os seguintes parágrafos são incoerentes. ostenta um padrão de vida que dá para a gente desconfiar.. mais aflitos ficávamos. reduz-lhes o tempo Unidade e < 311 As segui ou adaptadas. te esforces.. Somos forçados a reconhecer que um a série de males passaram a afligir a hum anidade. dom ar a natureza e aproveitá-la em be­ nefício próprio. (Idem). que cada vez se torna mais rara entre pais e filhos. con­ fronte-se a vocação mística e espiritualista dos hindus com os burgueses m aterialistas do Ocidente. por ausência ou inadequação das partículas de transição ou por acum ulam entos de informações. e em se­ guida reestruture-as: I Para se ter uma idéia da disparidade de costumes entre os povos. Entretanto. . por falta de paralelismo semântico. VI Desde os mais remotos tempos. (Idem). Foram eles os primeiros que se serviram das vias marítimas para trocas comerciais ou incursões de conquistas. (Idem). pela ciência e pela técnica. III Os problemas decorrentes do desquite ou do divórcio vêm suscitando polêmicas entre os que se interessam por essas questões. carecem de unidade e coerência. A instabilidade econômica e social dos nossos dias muito tem contribuído para agravar a situação das famílias da classe média. O homem tem-se mostrado ca­ paz de.O th o n m. Unidade e coerência: paralelismo semântico 311 As seguintes frases (parágrafos ou simples períodos). Na antigüidade. II A França é um país de grandes poetas e pintores. Garcja ♦ 487 que poderiam dedicar à conversa. III Não se deve falar mal dos ausentes nem adquirir maus hábitos capazes de prejudicar a saúde. V A iniciativa privada é uma das principais características dos países dem o­ cráticos. Dela depende mesmo a preservação da democracia. não conseguiu ainda resolver os inúmeros pro­ blemas de ordem moral que o vêm afligindo. fornece-lhe meios eficazes para enfrentar a vida e amenizar-lhe as asperezas. posta a serviço do homem. (Idem). (Redação de aluno). por associação de idéias desconexas (pala­ vras de extensão semântica diferente). A técnica. muito arrojadas. para a época. II Imenso tem sido o progresso no século XX. extraídas. IV O problema do desajustam ento conjugal é um dos mais graves que a sociedade vem enfrentando no século atual. ao passo que os ale­ mães sempre se destacaram como músicos e filósofos. (Idem). Identifique em cada um a delas a causa da falta de unidade e de coerência. o homem se sente fascinado pelo mar. muitos povos singraram o Mediterrâneo em expedições. Nos países co­ munistas não existe liberdade de expressão nem mesmo de crença. ou adaptadas. de redações de alunos. A aristocra­ cia rural e latifundiária não tom ou ainda consciência da necessidade de promover. ao passo que José Lins do Rego escolheu para am biente de seu romance Me­ nino de engenho uma fazenda da zona açucareira do Nordeste.4 8 8 ♦ C o m u n ic a ç ã o em P r o sa M odern a IV Ela cozinha muito bem. Urge reformá-las. em futuro próximo. tornando realidade o sonho de Bolí­ var: “um por todos e todos por um ”. virtualm ente antagônicas e hostis. em 18 de fevereiro de 1960. como integrante das classes dirigentes. VII A história de O Ateneu se desenrola num internato para meninos. como fator de gran­ de influência no panoram a mundial. chega fre­ qüentem ente atrasado para dar as suas aulas. de que o Brasil tam bém participou em con­ seqüência do torpedeam ento de alguns navios m ercantes que singravam os mares em missão pacífica. É preciso começar a procurar o cam inho certo. já o trem partia. e seu marido se queixa de que passa a maior parte do tem po ao telefone. ela mesma. constituída por povos de grande afinidade espiritual. Clareza e coerência 312 Faça o que for necessário para evitar a incoerência e /o u ambi­ güidade dos seguintes períodos: Chegado à estação. X A América Latina afirmar-se-á. IX O professor. a liberdade de expressão do pensam en­ to. o Tratado de Montevidéu. VIII Após a guerra civil espanhola. V A casa é muito espaçosa. Subsistem ainda estruturas arcaicas. É preciso evitar os óbices a esse ad­ vento. garantida pela Constituição a todos os brasileiros. as reformas indispensáveis à melhoria das condições de vida da m aior parte da popula­ ção. VI Os países da Europa e do mundo comunista estão separados pela corti­ n a de ferro. XI Depois da Segunda Guerra. sete países assinaram. mas os móveis são todos de jacarandá. apesar de haver escrito vários livros didáticos. o m undo ficou dividido em duas zonas de influ­ ência. O Nordeste apresenta um forte potencial revolucionário. . num a solenida­ de de grande pompa. XII Para acabar com as barreiras ao comércio regional da América Latina. se viu sujeita a seve­ ras restrições. Ele está sendo aproveitado por politiqueiros inescrupulosos e por criptocomunistas simulando vocação messiânica. dada a sua origem ibérica. Cumpre assinalar que o povo do Nordeste já tom ou consciência da sua situação. o ônibus chegou finalmente. em grande parte. Carlinhos. Quando criança. (Id. (Id. o fogão ficou aceso. nem consta nem se pode com indução plausível suspeitar que o propusesse a si como . personagem principal. a baía da Guanabara constitui um espetáculo deslum brante. )rigem enida- ambi- M. Garcia ♦ 489 Olhando do alto do Corcovado. (Marquês de Maricá. Depois de esperar longo tem po. porém.se adstocraide de formas opulacia da »rdeste eitado jcação 2 n conam os influ^atina. os cartazes me cham aram a atenção. e o mesmo Bernardes assim o conceituava. Falando sinceramente. desequilibrado m ental. Caminhando pela calçada. meu colega pensou que meu pai me estivesse punindo por ter sido reprovado. Ouvindo sua resposta. Baseando-se na análise da situação nacional. Passando em frente ao cinema. da sobrevivência de estruturas arcaicas. ênfase e clareza 313 Na sua forma original. Saindo de casa. ocasionalmente. tente restabelecê-la. Depois do exame. o caminhão derrapou e colheu o operá­ rio quando entrava na barbearia. a chuva começou a cair. contava quatro anos de idade. ao ze Me:amen1 seve­ ra fregranBolí. a vida é uma fonte de tédio. (Id.O th o n maior i cortios. O telefone tocou ao entrar no quarto para apanhar a chave. enquanto o m undo não m udar de estrutura e os h o ­ mens. de organização. Por me ter posto como aluno interno. meu pai já me ensinava a ler. quando o pai. é diversa a posição de alguns termos e orações dos seguintes períodos. o ônibus parou e ele saltou sem que eu p u ­ desse replicar-lhe.. nem indica.. o cão teve de ficar acorrentado.. 2972) Todos hão de ser o que são e o que têm sido sem alteração im por­ tante ou essencial. Chegando a casa. 2870) Nunca saberíamos avaliar os bens da vida sem os males que os con­ trastam com a inteligência lim itada que temos. 3049) Vieira sem contradição é guapíssimo mestre de nossa língua. as injustiças sociais d e ­ correm. meu avô sempre me entretinha recordando episó­ dios de sua infância. Ordem de colocação. tendo em vista a ênfa­ se e. o ritmo e a clareza (alguns trechos levam indicação das fontes para possível confronto): A felicidade que depende dos outros e não tem sua origem em nós mesmos é muito precária. Máximas 2183) Os homens não poderiam conhecer nem avaliar as coisas e sucessos deste m undo sem os contrastes que a Natureza apresenta. mas vi­ nha repleto. m atou sua mãe. o médico lhe disse que estava esperando bebê. Para não ser mordido. Desde os três anos. .. disse D. (Id. 208) M eneou tristem ente a cabeça. (Id. p. Observo que < produzido por Belo ] Muitos alunos las seguidas. (Ant. Fizemos uma prova muito difícil ontem. 82) Aquele sepulcro ainda estava orvalhado de lágrimas ao despontar do sol.. (Id. p. (Id. F.. p ro a palavras: I Não peço nada ao II Não atalho a ftirií III Não devo ao pob IV Não peço ao rico V Não gabo nem r q VI Umas vezes.. IX A mente pura do .3 p. logo que entrou o touro preto. aos primeiros albores da m anhã. Trouxe de Ter na geladeira.490 ♦ C o m u n ic a ç ã o em Prosa M oo er n a exem plar (. p. p. se o olhar experimentado do nauta pudesse descortinar o que ali se passava por entre as árvores gigan­ tescas e em aranhadas silvas da margem correntina. 203) Parece que se espiritualizam para se entregarem as coisas a nós as­ sim que as imaginamos. Durante o nai rias vezes. A vida nos causa surpresas muito freqüentem ente. (Id. A vida oferece inúmeras oportunidades só aos que se esforçam. composto de soluços e choro. que os portugueses são homens de língua ruim. Um gemido agudo. sente-se que Vieira tinha os olhos nos seus ouvintes. ibid. lendo-os com atenção. porque um grande perigo os ameaçava. Júlio. p. nac. os 3 (J. p.. Aires. (Ant.. 182) As garrafas perfilavam-se pretas. Tem sido nosso propósito levar nossos alunos a aprenderem por si mesmos sempre. p. 76) Pedro Afonso e Maia conquistam im orredoura glória para o exército que representam . p. sucumbindo e ba­ tendo-se a ferro frio. quaisquer que sejam os seus defeitos. (Id. O prejuízo causado pela enchente foi de grande monta. e um gesto do Diretor ordenou o assalto. caiu sobre o cadá­ ver como um a lágrima de fogo. Alugam-se qu£ dar. guarnecendo os assa­ dos. (A nt nac.. ibid. concluída a faina da baldea­ ção em busca de lenha com que suprir a escassez de carvão. (Id. levando por ato instintivo a mão ao lado para arrancar a espada. Lealdade e franqueza são as maiores virtudes a meu ver. p. VII Que aproveita ai VIII Se alguém não to) (M... 207) Vi o sol surgir da janela do meu quarto no horizonte.) Ainda falando do céu. p. eu vos confessarei um a coisa.) O colégio alinhou-se como bem pôde. quando o mancebo exalava a vida antes de tocar o chão. Quase sempre Estive em São Quando conte: além do horizonte ( suaves repousos que portas do túmulo.. 75) Parte das guarnições vogara para terra. (Raul Pompéia. dobrado no ar. 72) — Sr. 186) A Corte cham ara a Salvaterra um a tourada real. 191) Carregou-se de um a nuvem o semblante do ancião... p. (Id. Reflexões. (Id. (M. depois de completamente mutilados.. A tese de que só se aprende fazendo não é nova. Bernardes estava absorto no Criador ainda falando das criaturas. p. 187) Ninguém pode tirar a vida ao homem a não ser Deus. Vi a lua surgir Oferecemos ui em couro. debaixo do aguaceiro que não cessava.. Leonardo.. nac. 209) As tábuas da mesa gemeram quando os rapazes se sentaram em bancos vindos do Ateneu de propósito.. Lisboa). O Ateneu. Ele não é descortês. Pleonasmo e 314 Na sua f mos enfáticos. Bernardes). desarrolhadas. Ele escreveu i nada... 280) Não reinaria tanta calma nos descuidosos vasos [de guerra] e pron­ to soaria o toque de alarma em todos eles. Oferecemos um exem plar cle Os Lusíadas ao professor encadernado em couro. II Não atalho a fúria ao doido (Id. Vieira). se necessário. procure restaurá-los. Herculano). chegando ao fim do capítulo. III Não devo ao pobre (Id. IV Não peço ao rico (Id. Trouxe de Teresópolis uma caixa de pêssegos para seu pai que está na geladeira. Durante o namoro. Bernardes). F. os corvos sustentavam Elias no deserto (J. Carlos pediu que Maria se casasse com ele v á­ rias vezes. M. . Estive em São Paulo logo que me casei duas vezes. é varão perfeito (pleonasmo do sujei­ to) (M. VII Que aproveita ao homem ser senhor de todo o mundo? (A. Lisboa). Ele escreveu um ensaio sobre a arquitetura brasileira que não vale nada. V Não gabo nem repreendo o vão (Id.). G a r c i a ♦ 491 Vi a lua surgir no horizonte. Observo que o Rio não causou em mim o mesmo deslum bram ento produzido por Belo Horizonte em 1917. Rod.. e outras. Quase sempre passo uma sem ana com meus tios de férias. VI Umas vezes. Lobo). agradeço à Providência esses breves instantes de suaves repousos que me concede. VIII Se alguém não cair em pecado. viajando de avião pela primeira vez.U F P E B ib li o t e c a C e n t r a l O t h o n . e sinto-me feliz antes de abrir-me as portas do túmulo. Alugam-se quartos a cavalheiros com banheiro anexo no terceiro an ­ dar. Muitos alunos se sentem extrem am ente cansados depois de cinco au ­ las seguidas. IX A mente pura do poeta cria o m undo das visões (A.).). Quando contemplo o sol ao pé do leito de minha irmã que ilumina além do horizonte (. os anjos. m udando.). as seguintes frases apresentam pleonas­ mos enfáticos. a ordem das palavras: I Não peço nada ao avarento (F..). Pleonasmo enfático 314 Na sua forma original. mas também nunca deixou de ser severo. Fatos e ir 401 Distinj de que fato é a < rência é a deduç não em fatos. VIII Rio de Janei IX Joaquim Cara ço: seu primeiro X Ele fez um cui . i J I Joaquim Carapi ( ji. XIII Ao homem do sertão afiguram-se tais mom entos incomparáveis. InJ i. se sil. XI Ele era bondoso. XII Quem não vê a lei deve estar fora da grei (provérbio. IV Joaquim Cara deve ter-se casad V O calor está in VI O Rio de Jan^ tes. com pleonasmo do sujeito). ♦ II Machado de A Í III Fernando Pes< mões. que deixam dificuldades de D VII São Paulo. XIV O zelo pelo serviço d’Aquele que nunca fez tam bém esperar os desvali­ dos ocasionou a última doença do padre Vigário.492 ♦ C o m u n ic a ç ã o em P r o sa M o d e rn a X Deus deu ao homem inteligência para conhecê-lo. Eficácia e falácias do raciocínio Fatos e inferência 401 Distinga o que é fato do que é inferência. apesar das enchen­ tes. VII São Paulo. I Joaquim Carapuça é político muito sagaz. Inferência é opinião. V O calor está insuportável: o term ôm etro marca 38°C. da falta d’água e das dificuldades de transporte. em 1839. provada. VT O Rio de Janeiro é ainda uma cidade maravilhosa. ao passo que infe­ rência é a dedução pelo raciocínio. III Fernando Pessoa é considerado o maior poeta português depois de Ca­ mões. verificada. X Ele fez um curso na Sorbonne: é o nosso maior sociólogo. e não em fatos. dedução baseada apenas em indícios. que deixam as ruas enlameadas e esburacadas. . IX Joaquim Carapuça entrou num a casa de móveis para comprar um ber­ ço: seu primeiro filho já deve ter nascido. é a maior cidade do Bra­ sil. IV Joaquim Carapuça está usando um a aliança no dedo anelar esquerdo: deve ter-se casado. antes lembre-se de que fato é a coisa feita. testada.400 . VIII Rio de Janeiro é a cidade mais linda do mundo. segundo o último recenseamento. mas. II Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro. ped iu ao dev ed o r que lh e pagasse a dívida. ( ) Ele é um h o m e m d e g ra n d e cultura. ( ) Jo a q u im C arap u ça é m a u e s tu d a n te p o r­ (2) Ig n o râ n c ia d a q u e stã o . q u e se d edica aos esportes. m ais m etódico nas suas finanças. ) D epois d e o b se rv a r q u e três o u q u a tro a lu n o s d e su a tu rm a . ( ) O e s p o rte cle caça s u b m a rin a faz m u i­ to m al à sa ú d e p o rq u e p reju d ica o o r­ g an ism o . tom ei P epsolina e fiquei bom em três tem pos. X Os países de xarão de ser si . (4 ) P etição d e p rin cíp io . e ra m p o u co ap lica d o s. sam ba e praia. que passa. pois a p re c e ­ d e u d e p o ucos séculos. (5) F alsa an a lo g ia .d ec li­ n a ç ã o latin a. Se você fosse m ais previ­ d e n te . ( ) N ão é preciso conhecer m a tem ática para v e n c e r na vida: m eus conhecim entos d essa m a téria n ão vão além das q u atro o p eraçõ es e clas frações ordinárias. saiu-se com esta resposta: — N ão pago. num erando a primeira coluna de acor­ do com a segunda: ) O C ristian ism o foi a c a u sa cia d e c a d ê n ­ cia d o Im p ério R om ano. procurei. A u m am igo q u e sofria fortes dores ab d o ­ m inais J.494 ♦ c OMUNicAÇÀû e m P rosa M o d e r n a Identifie Identificação de sofismas 402 Identifique os sofismas. ( ) Os cariocas são uns boas-vidas: só p e n ­ sam em carnaval. não estaria agora precisando d e dinheiro. não leva VI O voto tan vida do povo. Jo a q u im C arapuça. Q u an d o este se viu sem d i­ n h eiro . te n h o um salário m aior d o que o d e m uitos engenheiros. in c ap a ze s d e a p re n d e r a 1. o p ro fe s­ so r d e c la ro u : — O s e s tu d a n te s n a tu ra is cio E stado X sã o to d o s u n s ig n o ra n te s. 404 Apo de: polarizaçãc sas premissas: I Este jornal é trangeiras de p II Este jornal é leo. VII Joaquim C quem m anda é VIII Detesto os IX A m ulher ni intuitivamente. III Aquele sujei IV O segundo « tos às escolas passar nos exa V A análise sin dário. (6 ) F alsa ca u sa (post hoc. Eu tam bém tin h a um as dores iguais às suas. futebol. pois é d ip lo m a ta e conhece vários países. uns a n a lfa b e ­ tos. em vez de pagar. 403 Digi seguida as alte possível: I É perigoso vi II Quem tem a tando um a fort III Filho de “p< IV Os moços qi V Os médicos curava a minh. aleg an d o q u e n u n c a faltava às a u las n em d e ix a ­ va d e fazer os exercícios. n a iu ra is d e ce rto E sta d o . no e n ta n to . C. (1 ) G e n e ra liz a ç ã o falsa p o rq u e b a s e a d a em e n u m e ra ç ã o in ­ co m p le ta o u im p e rfe ita . ergo p ro p te r hoc). ) C e rto a lu n o co n sid ero u in ju sta a n o ta ze ro q ue tira ra n u m a prova. (3) S ofism a d o tip o n o n sequitur. aconselhou: — Tom e Pepsolina. ( ) Jo a q u im C arapuça devia a um colega vin­ te m il reais. se for possível: I É perigoso viajar em carro dirigido por mulher. III Filho de “papai rico” não precisa fazer força para vencer na vida. . pois não contribui para elevar o padrão de vida do povo. V A análise sintática é inútil porque. Garcia ♦ 4 9 5 Identificação de falácias acor- 'Orque ão in- 7uitui: 403 Diga porque são falaciosas as seguintes declarações e faça em seguida as alterações ou acréscimos capazes de torná-las aceitáveis. IX A m ulher não pode ser diplom ata porque não sabe ser discreta e só age intuitivam ente. polissemia. II Este jornal é “com unista71 porque defende o monopólio estatal do petró­ leo.I O thon M. V Os médicos são todos uns charlatães: consultei dois ou três. III Aquele sujeito é ignorante porque não aprecia a pintura moderna. VII Joaquim Carapuça será um mau governador. generalizações apressadas ou fal­ sas premissas: I Este jornal é “entreguista” porque publica anúncios das com panhias es­ trangeiras de petróleo. pois mesmo os carros nacionais estão cus­ tando um a fortuna. ensinada durante todo o curso secun­ dário. porque em casa quem m anda é a m ulher dele. VI O voto também é inútil. para ver se curava a minha úlcera. 404 Aponte a falácia das seguintes declarações e diga se ela resulta de: polarização. ergo IV Os moços que se destacam na prática dos esportes são maus estudantes. se eleito. VIII Detesto os alemães porque são racistas. não leva ninguém a escrever bem. II Quem tem automóvel é rico. IV O segundo grau do curso fundam ental é inútil porque todos os candida­ tos às escolas superiores precisam freqüentar os “cursinhos” se pretendem passar nos exames vestibulares. X Os países de população mestiça situados nas zonas tropicais jam ais dei­ xarão de ser subdesenvolvidos. Fiquei até pior depois que os procurei. e não adiantou nada. preconceitos. todos os homens acabam morrendo. que método de raciocínio terá seguido? VIII Muitos brasileiros . você puser uma oração concessiva (em ­ bora. V Mas. (silogismo condicional). teorias. XII Se você passou no exame. que não quer nada com o trabalho. resultam de um processo de raciocínio dedutivo ou indutivo? V Somente os ricos tên rico. deduz. dedução e teste de silogismo II Todo brasileiro é cat 405 Diga se é indução ou dedução: III Alguns professores : fia. você conclui. De­ dução ou indução? IV Todo aluno de e sa você é aluno da Faculi completo. go. Não houve até agora nenhum a exceção. mais cedo ou mais tarde. algumas m< XI Se o m undo existe. II As leis científicas. o raci indutivo? Explique por 406 Assinale coi so(s) e com dois W oi I Alguns brasileiros sãc co. deve ser muito inteligente. ao sair de casa ] estar chovendo. X Se. ora. normas.) antes da principal e lhe acrescentar uma vírgula. regra) a um caso particular. XII Toda planta é ser \ planta. você ar­ mou um silogismo indutivo ou dedutivo? 407 “Invente” de maiores (falsas ou verd . XIV Ele não pode ser bom administrador: é um técnico. logo. regras. induz ou veri­ fica que está havendo algum incêndio nas proximidades? "Invenção" de p pelo método sil IX Para chegar à generalização de que toda laranja verde é azeda. IV Se você observar a pontuação adotada em relação às orações subordina­ das adverbiais antepostas à principal e concluir que elas vêm sempre segui­ das de vírgula. princípios.4 9 6 ♦ Comunicação em P rosa M oderna XI O carioca é um gozador da vida. e os bons adm inis­ tradores têm de ser bons políticos. Você chegou a essa conclusão pelo m étodo indutivo ou dedutivo? VII Agora. infere. Confrontandose.. o processo de raciocínio é dedutivo ou indutivo? VI Quem fuma sofre dt ma. tem sido verificado que. III Quando se aplica um princípio (teoria. você é profesí de de filosofia. ao fazer a sua redação. se.. VIII Ao ouvir a sirena de um carro do Corpo de Bombeiros que passa a grande velocidade pela sua rua. eu não sou brasileii X Tudo quanto ofende Deus. você está diante da palavra “urubu”: põe-lhe acento ou não? Q uando se decidir. pois só freqüenta “ro­ das” de grã-finos. generalizações en­ fim. verifica que o “i” e o “u” dessas palavras oxítonas só levam acento agu­ do quando precedidos por outra vogal. Indução. I Ao longo da história da hum anidade. raciocinou por in­ dução ou por dedução? IX As pessoas de grand soas de grande sensibili VI Você está lendo um livro e observa que muitas palavras oxítonas term i­ nadas em “i” e o “u” tônicos ora vêm acentuadas ora não. XIII Ele deve ser extrem am ente antipático e esnobe. Tal fato nos perm ite dizer que o hom em é mortal. seu raciocínio foi indutivo ou dedutivo? VII Ninguém é imortal. ora. logo. ora. ora. ao sair de casa pela m anhã. G arcia ♦ 497 X Se. o animal é ser vivo. logo. IX As pessoas de grande sensibilidade são infelizes. ora. ora. ora. lo­ go. logo. logo. você é brasileiro. os poetas são pes­ soas de grande sensibilidade. ora. o raciocínio que condicionou sua decisão foi dedutivo ou indutivo? Explique por quê. eu não sou brasileiro. ora. 406 Assinale com um V o(s) silogismo(s) válido(s). "Invenção" de premissa maior para desenvolvimento de idéias pelo método silogístico voce ar- 407 “Invente” declarações de ordem geral que sirvam de premissas maiores (falsas ou verdadeiras) e junte-lhes premissas menores (verdadei- . você é aluno da Faculdade de Direito. com F o(s) falso(s) e com dois W o(s) válido(s) e verdadeiro(s): I Alguns brasileiros são católicos. você não é ninguém. logo. você leva o guarda-chuva apesar de não estar chovendo. você é católi­ co. você é brasileiro. você é católico. ora. você é professor secundário. logo. Deus existe (silogismo condicional). você fu­ ma. XII Toda planta é ser vivo. você não é mortal. II Todo brasileiro é católico. VIII Muitos brasileiros já foram à Europa. Deus existe. os poetas são infelizes. ora. X Tudo quanto ofende a Deus deve ser odiado. ora. você tem curso fundam ental completo. VI Quem fuma sofre do coração. XI Se o m undo existe. logo. III Alguns professores secundários são diplomados por faculdade de filoso­ fia. IV Todo aluno de escola superior tem curso fundam ental completo. você é rico. logo. a m entira ofende a Deus. o mundo existe. logo. todo anim al é planta. você tem automóvel.U F P E B ib li o t e c a C e n t r a l O thon M. você é diplomado por faculda­ de de filosofia. logo. logo. você sofre do coração. algumas mentiras devem ser odiadas. V Somente os ricos têm automóvel. VII Ninguém é imortal. ora. eu nunca fui à Europa. 12.Pondi I Este livro é muito bom.. 408 Dos silogismos armados segundo as prescrições do exercício pre­ cedente. O romance XV O Brasil é um país pobre porque não tem carvão. 1. 11. As figuras ditas de 19. Os termos da oraçã . As artes XI O morcego é ave.. 1. IV Os analfabetos devem votar. XX A ONU tem (ou não tem) condições para m anter o m undo em paz. 3. 14.5. 8. Os vertebrados Os mamíferos A gramática A fonética 18. III Serafim sofre do fígado. II O ensino do latim deve ser excluído do currículo secundário. Os gêneros literário 4. 9. 4.0). 15. A poesia lírica XIII O serviço m ilitar deve ser obrigatório. PL. X Joaquim Carapuça é político muito hábil. 5. Id. recorra a com.5. VIII As leis são inúteis. 1. XVII] Os pais são os culpados da delinqüência juvenil. estrofes e ri As ciências A física 13. As figuras ditas de 7. 16. As escolas ou m ovi XVI O progresso do Brasil só será possível com uma reform a agrária.2) ou a argum entação (conforme sugestões de 7. V Ele é um ignorante. 17.2): 500 . escolha aqueles que se prestem a dissertação (seguindo o modelo proposto em 6. A química XIX O castigo físico é causa de sérios traum as psíquicos.4 9 8 Comunicação em P rosa M oderna ras) a fim de arm ar silogismos cujas conclusões sejam as seguintes proposi­ ções (rever 6. IX A inflação é sinal de riqueza. Os poemas de form XIV A dem ocracia é o único regime político digno de povos civilizados. O gênero dramáticc Versos. Análise e dass VI Ela acha que “dá” para professora. VII O ensino do xadrez deve ser incluído no curso secundário. As orações coorden 20. 6. A literatura XII O Brasil será em breve uma grande potência. 501 Supondo-se ção a respeito de quali análise e a classificaçãí form a de plano ou esq assunto. Id. 2. XVII Só a liberdade do comércio assegura a prosperidade das nações. 10. A literatura 3. A química 14. estrofes e rimas 11. 15. discriminando-as sob a forma de plano ou esquema (se não estiver bastante informado quanto ao assunto. As artes 2. Os poemas de forma fixa 6. Os gêneros literários 4. Versos. 17.17 500 . recorra a compêndios ou enciclopédias): 1.Pondo ordem no caos Análise e classificacão 501 Supondo-se que você queira fazer uma dissertação ou explana­ ção a respeito de qualquer dos temas a seguir indicados. O gênero dramático 10. As ciências 12. As figuras ditas de significação (tropos) 7. Os termos da oração . 16. As figuras ditas de sintaxe ou de construção 19. A física 13. As orações coordenadas e subordinadas 20. As escolas ou movimentos literários do século XVI ao século XX 9. A poesia lírica 5. O romance 8. tente primeiro a análise e a classificação das idéias neles implícitas. Os vertebrados Os mamíferos A gramática A fonética 18. Definição denotativa ou didática 505 Toda pergunta de “que é isto ou aquilo’7 tem como resposta uma definição denotativa. depois de re­ cordar as características da definição em 5.1).3 e 7. a m entira ou o mentiroso. Que é um metal? 4. 3. ciúme. Que é a eletricidade? 3. a curiosidade ou o curioso.2 a 3. 507 Procure definir denotativamente: a) Sentimentos: — am izade.5 0 0 ♦ Comunicação em P rosa M oderna 502 Agora procure definir denotativam ente cada um dos itens ou tó­ picos que aparecem na classificação do exercício precedente. OrcL. seguindo as sugestões de 3. o egoísmo ou o egoís­ ta.0. a vaidade ou o vaidoso. 10..3. seguindo a ordem cronológica. 8. Ord. 504 Esboce o plano de um conto ligeiro. o esnobismo ou o esnobe. Que Que Que Que é é é é poesia lírica? metáfora? estilo barroco? soneto? 506 Dê como resposta às perguntas precedentes uma definição alon gada (5.3. 2. Que é um mamífero? 5. 1. a timidez ou o tímido. das letras ou das artes em geral.3 e 1. Que é a inércia? 6. Aproveite seus conhecimentos e. o cabotinismo ou o cabotino. a arrogância ou o arrogante. responda às seguin­ tes perguntas (ou a outras que lhe possam ocorrer): 1. Par.. Que é o calor? 2. amor. b) Aspectos do caráter humano: — a avareza ou o avarento. b) Alimentos: . 9. ódio. c) Termos de co 503 Faça um plano-roteiro para a biografia de algum vulto das ciên­ cias. saudade. Que é o classicismo? 7. 1. PL. ditadura. livre-arbítrio. costa(s). ou então lhes acrescente um adjetivo cie sentido metafórico. laissez faire. . literária ou filosófica: s ciên- — democracia. pé(s). nariz. b) Alimentos: > egoisbotinisroso. cabelos da m ulher amada. lua. reacionário. tanto quanto possível origi­ nais. chuva. rabo. — a vida. os seguintes substantivos. olho(s). séries fraseológicas. arte participante. orelha. G arcia ♦ 5 0 1 ou tô- c) Termos de conotação política. pele. chuchu. o sono.O thon M. soldado. sangue. > de 3. crepúscu­ lo vespertino. trabalho. mel.). ventre. abacaxi. barriga. queijo. família. bi­ co. farisaísmo. surrealismo ou super-realismo. unha. papo. língua. evolucionismo. — amor. proferir dislates). estrada vista de um avião. determ inis­ mo. confundirse. céu. arroz com casca.) e em seguida explique-lhes o sentido: d alon- a) Partes do corpo: — m ão(s). livro. mercantilismo. ônibus cheio. saudade. Definição conotativa ou metafórica îsposta de re. cepticismo. sol quen­ te. 509 As seguintes palavras entram num a infinidade de locuções (fra­ ses feitas. batata. imperialismo. liberalismo. testa. ouvido(s). marmelada. cara. angu. café-pequeno. pena(s). pitoresco ou não: — dinheiro. sopa. boca. a — pão. mar.v. queixo. dadaísmo. xenofobia. Exemplo: Meter os pés pelas mãos (perturbar-se. calcanhar. — pátria. a morte. banana. nacionalismo. cabeça. comunismo. fruto(s).eguin- 508 Procure “traduzir” em metáforas. automóvel.. dedo(s). dúvida m etó­ dica. coração. atrapalhar-se. laissez pas­ sei. -uva. noite enluarada. fígado. bofes. lingüiça. rio. dente. — olhos. clichês metafóricos. tri­ pas. cauda. chá. lábios. ciúme. procure lembrar-se do maior núm ero possível (exclua as simples catacreses q. carismático. etc. alvorada. carne-seca. jovem. Seguindo as sugestões supram encionadas. 2.0). razões. faça ( nação e subordina um parágrafo de pondentes a cada IV Quanto à descriçã frasal de um parágr. Os pais devem d ba ratar o patrim Nem sempre as Segundo August ber para prever . 1. está começando a planejar. exemplos. Pl. e seu plano estará pronto. aos quais devem estar subordinados como subtópicos (rever 7. 3.. d) idem para narração. detalhes característic< V Quanto a narração a) esboce a intriga o b) considere as circu 3.Exercícios de redação: tem as e roteiros t a) dê aos tópicos esc* por contestação. Agora. faça 0 que se pede a seguir: a) relacione primeiro m entos (exemplos m entar a sua tese b) em seguida.1. Em seguida. Antes de iniciar a sua redação — seja um simples parágrafo. c) delineie previame m ente do protago A 1 Assinale os itens que podem ser tomados como: 1. 4. 1. então. seja um a série deles — . dada a possível relação com outros. Essa é a fase da análise (rever 5. pormenores) que lhe forem ocorrendo. Numere agora os tópicos e sub­ tópicos. assim. ao ela­ borar o trabalho.2). 1. se alguns tópi­ cos ou itens.. mãos à obra. 4.. Ord.1).1). i PL. Mas talvez não definitivamente pronto. Pl. Ord.3. clareza e consistência.1 e 1.2.. co­ erência. b) declarações ou tópicos para dissertação. devem ou não m udar de posição. — T kmas Só a democracia Apenas o desejo tos. c) temas para descrição. releia atentam ente essa lista para verificar se as idéias dela constantes estão num a ordem que lhe pareça lógica. o qual vai.. b) dê à proposição d um a argumentaçãc c) esboce o plano de III Quanto à dissertai. 601 O que se segue é um a lista de temas sob a forma de declara­ ções ou de simples tópicos nominais. Essa é a fase da classificação (ver 5. 4. Observe ainda a relação de dependência entre eles: uns talvez se­ jam aspectos particulares de outros. e quando você come­ ça a classificar.II Quanto à argumeni 600 . faça uma lista mais ou menos caótica das idéias ou ar­ gum entos (fatos. seguindo as recomendações contidas em 7. pois é provável que. 5. lhe ocorram outras idéias capazes de justificar alterações no plano. servindo ao mesmo tempo de teste e de “espelho” das qualidades indispensáveis a qualquer composição: ordem.1). unidade. a) proposições para argum entação (ver 7. Pl.2). sem o estágio da concordância parcial". pormenores. razões. principal­ m ente do protagonista e do antagonista (3. 3. a ordem e o ponto de vista (3. dê-lhe a feição de tópico frasal de um parágrafo a ser desenvolvido por indicação de aspectos ou detalhes característicos. provas. comee subestará o elarações : e de n. Par.[ u F P E B ib lio t e c a C e n t r a l O thon m . incluindo o estágio da “concordância parcial” (ver 7 PL. b) em seguida. Nem sempre as boas ações aproveitam a quem as pratica.2. além de outros corres­ pondentes a cada um dos dem ais tópicos. Só a democracia defende e respeita os direitos do cidadão. b) dê à proposição de outros um a estrutura verbal que lhe permita fazer um a argum entação informal.2.2). etc. Os pais devem dar aos filhos os meios para aum entar e não para m al­ baratar o patrim ônio que lhes leguem.. c) esboce o plano de uma e de outra.2. 3. que lhe perm ita desenvolvê-los por contestação. cofaça V Quanto a narração: a) esboce a intriga ou enredo (3.1 e 3. Apenas o desejo não é suficiente para a realização dos nossos propósi­ tos. b) considere as circunstâncias.) capazes de funda­ m entar a sua tese. faça o plano (classificação das idéias = ordenação. 4. A — Tem a s 1. c) delineie previam ente os traços do caráter das personagens.. 3. coorde­ nação e subordinação entre elas) de forma que nele estejam previstos: um parágrafo de introdução. III Quanto à dissertação: idéias a) relacione primeiro (análise das idéias = lista caótica) os fatos ou argu­ mentos (exemplos. 4. .1).2. G arcia ♦ 503 II Quanto à argumentação: a) dê aos tópicos escolhidos um a feição tal. 3. um de conclusão.3. Segundo Augusto Comte. Par. IV Quanto à descrição: escolhido o item da lista.3).. 5.Par. 2. a tríplice função da ciência consiste em “sa­ ber para prever a fim de prover”.1). 8. 10. Quanta coisa desagradável me aconteceu esta semana! Infeliz é o homem que se sente solitário no meio da m ultidão. 14. 22 . 48. Da doutrina de Monroe à Aliança para o Progresso: origens. 65. 61. 63. Os três (ou quatro. 38. 57. orientação honesta a respeito das questões sexuais. 21 . Causas do subdesenvolvimento dos países da América Latina. 42. 23. 44. O m aior estadista do nosso século. 68. 12 . Um episódio pitores Uma cena dramátice Fim de festa. ♦ Comunicação em P rosa M oderna Os exames orais são pura perda de tempo. 67. Ocidente: conflito ou coexistência? 35. 50. o Brasil é um país pobre. 53. 64.5 0 4 6. Descolonização e Desarmamento. Qualidades prim ordiais do verdadeiro professor. 43. A liberdade não é um conceito absoluto. 34. 40. Nao há democraçia 39. Os três “Ds”: Desenvolvimento. 20. 16. Apesar das suas imensas riquezas. 45. 70. 24. O analfabeto deve (ou não deve) ter o direito do voto. 29. 46. O direito de greve.. países subdesenvolvidos e m étodos anticoncep­ cionais: pontos de vista. 59. 47. 55. É o homem senhor do seu destino? 27. ou a máquina escrava do homem? 26. Porque a leitura das histórias em quadrinhos deve ser (ou não) conde­ nada. 17. 62. temporâneo. Governar é abrir estradas ou abrir escolas? A verdadeira arte de fazer amigos. De que depende prim ordialm ente o desenvolvimento do Brasil? A televisão é um passatem po mortificante. Os jovens devem receber. 52. O teatro é m ais educativo do que o cinema? No Brasil. 49. sucessos e vicissitudes do pan-americanismo. Porque sou a favor da (ou contra a) iniciativa privada. 58. 7. Ainda m e lembro dc A verdadeira hierarc O patriarcalismo rui O sertanejo como o dade dos nossos dia O brasileiro: homem A juventude do nosí Tem a ONU condiçõ Paz = desarm am ent Auto-retrato. 9. o futebol é o ópio do povo. 15. 28. Porque sou contra o (ou a favor do) divórcio. Porque o hom em $ó se deve casar depois dos vinte e cinco (trinta) anos. 51. As organizações estudantis constituem verdadeira escola de aprendiza­ do democrático. 33. 18. 69. Nada me lembra mais um círculo vicioso do que a inveja. 30. no lar ou na escola. em ruín Retrato de um profe A Igreja Católica e c O homem não se dt envergonhou de cria A missão da univers A técnica e o homer Todos os homens sã Diálogo entre pai af Sou contra (ou a fai Uma estranha coinci Eu vi a m orte de pe Há ou não há discrii O machismo e o es] de moderna. 37. Explosão demográfica. 60. 54. Oriente vs.. 31. Será que sou fatalist Sou um indivíduo ot São os homens de h Aspectos de paisagei Causas da angústia < . 13. O crepúsculo de um Casa velha. Porque a liberdade de cátedra é indispensável ao exercício do magisté­ rio. 66. 25. É o homem escravo da máquina. 11 . 56. 32. Nunca me senti em situação tão embaraçosa como naquele dia em que. Está o liberalismo em agonia? 36. 19. 41. 41. ou cinco) problemas fundam entais do Brasil con­ temporâneo. 70. Casa velha. 66. Diálogo entre pai aflito e filho rebelde. 64. 55. Causas da angústia do nosso tempo. 56. Há ou não há discriminação racial no Brasil? O machismo e o espaço que a mulher vem conquistando na socieda­ de moderna. 49. O sertanejo como o viu Euclides da Cunha e como o vemos na reali­ dade dos nossos dias. 58. Ainda me lembro do m eu primeiro dia de aula no ginásio. 46. 51. 47. O brasileiro: homem cordial. na cidade. A técnica e o homem m oderno. 54. A juventude do nosso tempo: rebeldia. 45. Uma estranha coincidência.. 38. Não há democracia sem liberdade. 48. 67. 50. à beira-mar). O direito de greve. A missão da universidade no Brasil contemporâneo.O thon M. O homem não se deve envergonhar de falar daquilo que Deus não se envergonhou de criar. incompreensão ou desamor? Tem a ONU condições para m anter o m undo em paz? Paz = desarm am ento + desnuclearização. Os três (ou quatro. 61. Um episódio pitoresco. 40. O patriarcalismo rural e a reforma agrária no Brasil. 42. 65. 44. 62. em ruínas. Retrato de um professor. A verdadeira hierarquia é a do mérito e do talento. 43.. 63. 39. São os homens de hoje menos cavalheiros do que os de outrora? 69. Sou contra (ou a favor) a pena de morte. 52. Aspectos de paisagem que m e despertam evocações da infância. O crepúsculo de um dia de verão (no campo. Eu vi a m orte de perto. . 60. portanto. Auto-retrato. Fim de festa. 59. 53. Será que sou fatalista? Sou um indivíduo otimista. A Igreja Católica e os problemas do nosso tempo. Todos os homens são iguais. 57. Uma cena dramática. G arcia 5 0 5 37. 68. 94. 98. vestido de baile. Nunca. 115. Só a liberdade de comércio assegura a prosperidade das nações. afeição e inteligência. Guerra-fria e “déte 123. Enquanto os campc 104. O papel da impren 121. nam oro. Conceito e projeção 101. A história do dinheiro. Os pais devem dar aos filhos liberdade bastante para que se tornem bastante responsáveis. Os grandes artistas refugiam-se na arte e nela se transfiguram. A América Latina e 105. De todas as paixões. A sorte só ajuda os audazes. progresso e cultura. mas só esta última se torna desnecessária à busca ou conquista da felicidade. A América para os . rebaixando-as 111. 90. 114. Influências do clima e das condições geográficas no com portam ento e nas realizações de um povo. Causas da delinqüência juvenil. 89.” 112. Homem feliz não é o que tem mais riquezas. 92. Verso e reverso da 107. 77. ou mais divertido. Colonialismo é anacronismo. 91. sofisticados meios < to. baseado em frases a eles atribuídas ou em referências a eles feitas pelo autor. 72.506 ♦ C o m u n ic a ç ã o em P r o sa m o d e r n a 71. 96. Os gênios são uns torturados. Quando mais da m etade da população de um país é constituída por analfabetos. “A educação nacior 117. 113. “A língua como fati 118. “O triunfo da tecnc des. Política externa do 124. 86. castigo. nunca se entenc 102. 76. “Educação é o mel cendentes. Nada tem sido mais funesto para a hum anidade do que a ambição do poder. Maiorias e minoria. ou mais em ­ baraçoso) de minha vida. “A verdadeira ciênc trói sobre o que vê 108. Sexo e violência: si 106. Feliz é o hom em que não tem remorsos.16. o. Retrato psicológico de personagens (ou tipos) de ficção. O mar na literatura.. O mundo é pequeno para quem sonha. Democracia: utopia 120. O tem po é um grande consolador. A história do papel 100. o intolerante. O meu prim eiro (cigarro. Imprensa e moralic 122. A felicidade só se traduz em termos de total integração com o outro sexo? 80. no curso d. no curso da ao mesmo tempo ti 103. desastre de autom óvel). o prepotente. Nunca. 95. 82. 93. “Aqueles que vêem cer que nossa situa de novas soluções i 109. mas o que tem menos desejos ou ambições. que representam as eleições? 99. 87. 88 . 97. 85. 81. Civilização ocidenn 119. 83. 78. Os maus nunca têm êxito: o crime não compensa. O impacto do dese temporânea. “O que importa nãi da nossa vida. O dinheiro é a mola do mundo. Urbanização e com 1. 79. O homem é sexo. 84. 74. O momento mais triste (ou mais feliz. O mar: fonte ou veículo de civilização. 73. O capitalismo intei 125. a avareza é a que mais avilta e serviliza o ho­ mem..” 110. Pragas da sociedade: o parasita. O progresso técnia malefícios. A severidade do pai é melhor ou pior do que a tolerância e o carinho da mãe para a formação do caráter dos filhos? 75. O m undo torna-se cada vez menor. A América para os americanos. sastre 121. Maiorias e minorias no século XX.” 117. “Aqueles que vêem apenas os males da tecnologia deixam de reconhe­ cer que nossa situação seria m uito pior se fosse interrom pida a busca de novas soluções tecnológicas. 100. as cidades se congestionam. nunca se entenderam tão pouco. no curso da História.” 118. as grandes nações foram tão poderosas e ao mesmo tempo tão im potentes como nos dias de hoje.O thon ento e m . “O que im porta não é a quantidade dos nossos bens mas a qualidade da nossa vida. Guerra-fria e “détente”: tensão e distensão? 123. 115. 125. para quem? . no en tan ­ to. Conceito e projeção internacional do Brasil no século XX. Urbanização e convivência na sociedade contemporânea. “O triunfo da tecnologia está am eaçando desum anizar as personalida­ des.” 110. arinho 102.” 109. s em- 119. Enquanto os campos se despovoam. a produção em massa e o indivíduo: benefícios e malefícios. Sexo e violência: signos do nosso tempo. “Educação é o melhor patrim ônio que podemos legar aos nossos des­ cendentes. Garcia ♦ 5 0 7 99. O papel da imprensa nas relações internacionais. Política externa do Brasil: pragmatismo responsável? a por 124. rebaixando-as a meras coisas. Civilização ocidental: herança greco-latina e judaico-arábica. 103. 105. A América Latina e os seus golpes de Estado. 104. 122. A história do papel e do livro. o hooutro tom a 106. ornem 101. do e m r. Nunca.” 112.11. Democracia: utopia? 120. Imprensa e moralidade pública.” 108.” 1. no curso da História. O capitalismo internacional e as multinacionais. os homens dispuseram de tantos e tão sofisticados meios de comunicação como nos dias de hoje. ão do 114. Nunca. nenos 116. “A língua como fator de unidade nacional. Verso e reverso da tecnologia: progresso e poluição. O progresso técnico. 107. O impacto do desenvolvimento das comunicações na diplomacia con­ tem porânea. e a África. “A verdadeira ciência nunca ultrapassa o andaim e que o homem cons­ trói sobre o que vê para atingir aquilo que nunca poderá ver. 113. “A educação nacional como fator de desenvolvimento. 6...... Os responsáveis pelos desatinos da juventude transviada são os próprios pais... sua cidade)..... através do incentivo de métodos anticoncepcionais. creva ou r a) o m om ent b) o local... Você mora num a pensão de estudantes: escreva um a carta ao “velho" com o propósito de convencê-lo da necessidade de aum entar-lhe a m e­ sada.... Redija um m emorial ao Governador..... abaixo-assinado....... r apartam ent 6. seu bairro. Prefeito ou qualquer outra autori­ dade. b) cessão de um a saia para a sede de um grêmio que acabam de fundar....... 4...... 2...... Você acab.... 5.... exposição de motivos (consulte prontuários ou manuais de redação oficial para saber a forma dos três últimos tipos de redação): 1.. 3.. a estado de .... Considere-s potencial.. 4. 8.... Argumente com fatos.. 4. d) permissão para organizar um a festa dançante ou esportiva com o fim de angariar recursos para a formatura...... sob a forma de abaixo-as­ sinado dos seus colegas.. Escreva uir profissão lil as inclinaçc 5... Escreva um rada falsa < 8....... 2. A lei da estabilidade do trabalhador protege ou não protege os assalaria­ dos? 5. c) a impressí olhar... A m ulher casada e mãe de filhos m enores não deve trabalhar fora de casa. f) substituição de algum professor considerado incapaz ou incompatibiliza­ do com a turm a.. 2... pleiteando providências ou medidas de interesse coletivo (da sua rua... se não.... h) . g) reconsideração de punição imposta a determ inado aluno ou turm a..... e) revogação de determinada(s) medida(s) considerada(s) prejudicial(..... ocorra hora vaga.........5 0 8 ♦ Comunicação em P rosa M oderna 602 Temas para argum entação formal ou informal (defesa ou contes­ tação) 1.. d) as primeii as saudaçí e) os lugares f) a volta. 7. c) permissão para sair da sala de aula quando falta algum professor ou quando.... 9... Preparar u Fazer café Fazer uma Fazer flore Preparar i um hóspei Limpar ou Fazer um Fazer cura Fazer algu Fazer uma 605 Na 1... Os países subdesenvolvidos que enfrentam o problema da explosão de­ mográfica devem adotar um a política realista de contenção da natalida­ de. 3. O celibato dos padres católicos deve ou não deve ser abolido? 603 Argumentação sob a forma de carta. Argumente carro ainda 604 De< Diga co: 1..ais) aos alunos. 10.... memorial. com o intuito de convencer o Diretor do seu colégio a concordar com algumas das seguintes pretensões: a) aquisição de uma mesa de pingue-pongue....... por qualquer motivo..... Escreva um tricular-se i 7.. Redija um a espécie de exposição de motivos... o aj dade?)............. 3.... a impressão que lhe ficou do seu (dele ou dela) estado de espírito. 4. omitidas as saudações convencionais).I i :ontes- >ra de ão detalidaóprios alaria- O thon M. dado o tem peram ento ou as inclinações dele. Escreva um bilhete a seu colega com o propósito de persuadi-lo a m a­ tricular-se no próximo ano no mesmo colégio que você freqüenta. Fazer flores artificiais. Argumente com o propósito de convencer um amigo de que o melhor carro ainda é o da marca X.ais) a) o mom ento do encontro. sor ou Diga como: 1. 8. c) a impressão que lhe causou no primeiro instante (o traje. Fazer um enxerto de roseiras. o percurso. 8. os gestos.. Preparar um jantar de cerimônia para doze pessoas em homenagem a um hóspede ilustre. Preparar um prato culinário (feijoada. Fazer café para seis pessoas. Você acaba de chegar de um passeio com sua(seu) nam orada(o). 6. a. a seu ver. pão-de-ló). procure convencê-lo de que. d) as primeiras palavras trocadas (diálogo vivo. soufflé. Fazer uma instalação elétrica doméstica. 7. 604 D escrição/narração de processos norial. ibilizaa. b) o local. Fazer curativos de emergência num acidentado. Fazer algum dos exercícios ou práticas das aulas de trabalhos m anuais. o aparente estado de espírito: satisfação? constrangimento? ansie­ dade?). das vantagens de comprar determ inada casa ou apartam ento em determ inado bairro ou cidade de veraneio. Garcia ♦ 5 0 9 4. a despedida... informal. a melhor carreira é.. 7. 605 N arração/descrição/diálogo o fim 1. 5. e) os lugares onde estiveram. Considere-se corretor de imóveis e tente convencer um com prador em potencial. 6. mas indeciso. 3. 9. 2. oficial velho” a me- ixo-as:1o seu ndar.. 5. Fazer uma experiência de laboratório na aula de química ou de física. o olhar. f) a volta. Escreva um a carta ao diretor de um jornal contestando notícia conside­ rada falsa ou caluniosa. autorida sua . Escreva uma carta a colega que esteja indeciso quanto à escolha da profissão liberal. Des­ creva ou narre: l(. Limpar ou polir baixelas de prata. 10. vatapá. breve. Romantismo e classicismo. 21. 27. 6. Curiosos e apáticos. 25. 4. Redija página de diário imaginário em que você retrate seu estado de espírito em determ inado dia ou momento. Jovens e velhos. 20. Extremistas da “direita” e da “esquerda”. 4. à Carlos Drummond de Andrade ou qualquer cronista de sua preferência (releia alguma(s) dela(s) para captar o tom e o estilo do autor). 9. 15. surpreendente. A Europa e a América. Comunismo e capitalismo. Escola pública versas escola particular. à Fernando Sabino. 23. 4. Pessimistas e otimistas. Iniciativa privada e estatização. confrontos ou contrastes I Redija apenas uni parágrafo iniciado por um tópico frasal que permita desenvolvimento por comparação. 3. 19. O pai e a mãe. 11. O A A A O vaga-lume aurora e o cigarra e a linha e a a rochedo e . em baraçosa. O campo e a cidade. 24. Tente uma crônica à Rubem Braga. 7. Presidencialis: O sertanejo e Apolíneos e c Esprit cle finei A floresta e c O litoral e o II Confrontos líri* m aneira das fábi 1. 8. confronto ou contraste dos seguintes te­ mas: 1. 5. 3. à Elsie Lessa. 10. 2. 29. 22. Idem. O soldado e o operário. Política e politicalha. 5. penosa). 606 Comparações. 14. A paz e a guerra. 3. Ateísmo e misticismo. O avarento e o pródigo. O trabalho e o divertimento. 2. A poesia e a prosa. Democracia e demagogia.2. Tente um conto à Machado de Assis. Reconstitua certo instante de sua vida pregressa (experiência divertida. 13. 30. O trabalho manual e o intelectual. 16. O político e o estadista. 26. 17. 12. em que você expresse opinião a respeito de pessoas ou fatos. Romantismo e realismo (ou parnasianismo). 18. O capital e o trabalho. Tímidos e cínicos. 28. 6. 5. 27. G arcia ♦ 511 Presidencialismo e parlam entarism o. 29. O litoral e o sertão. m . O A A A O vaga-lume e o beija-flor. cigarra e a formiga. A floresta e o mar. 4. aurora e o crepúsculo. Lessa. à eferência ). 5. rochedo e o mar. Apolíneos e dionisíacos. II Confrontos líricos. poéticos ou filosóficos. 2. livertida. 28. 30. O sertanejo e o gaúcho. 25. . 26. 3. Esprif de finesse et esprit de géometrie.[T jiF P E B ib li o t e c a C e n t r a l] O thon :stado de atos. linha e a agulha. com interpolação de diálogos à m aneira das fábulas ou apólogos: 1. Rio. 1948. G ilberto. Cia AZEVEDO. Jo rn a l d o Brasil. C aldas. G ram ática secundária da língua portuguesa. Rolanc Paris. 5v. Reflexões sobre a vaidade dos hom ens. 5. O guarani.]. Rio. Rio. M atias. L arousse. BANDEIRA. M em órias de um sargento de m ilícias. Iracem a. 6. Rio. M artins. Rio. BARRETO. ecl. A ntoine. 1 . 1960. Rio. . Jo sé O lím pio. Renato de. Jo s é O lím pio. Aluisic . M em ória de Lázaro. J. Yeos ALVES. As ARNTSON. ALENCAR.. Rio. Jos* ALONSO. 1954. M artins. R aim undo. Manii verso. . A N JOS. Ciro dos. AMADO. 1970. 1948. BAR-HILLEL. Rio. G ram ática histórica. Porto Alegre. Afonso lo. 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Casa d e Rui B arbosa. 3 4 7 .a p a r e n c ia l . 8 9 e f e c t iv o . 3 8 0 a n á fo ra . 2 3 4 . 3 8 4 . e f e it o e. 8 8 c u r s iv o . 3 8 9 re fu ta ç ã o de. f im e c o n c lu s ã o . 2 0 5 . 3 4 4 ad p o p u lu m . 3 8 5 a n á lis e . 3 8 3 . 4 a ssu n to fic h a de. 1 1 1 . 9 1 a n á stro fe . v o c a b u lá r io da. 9 0 a lu s ã o . 2 3 2 b io g ra f ia . 5 7 e x e r c íc io s . 1 0 0 p ro g re s siv o . 2 2 6 . 3 2 7 . 3 2 8 . 7 6 a n a lo g ia . 422. 428. 4 4 7 com fig u ra s . 3 4 6 c a t á lo g o o u fichário. 3 8 5 . 74. v o c a b u l á r i o d a . 9 1 b e n e f e c t iv o . 1 1 2 a n t ít e s e . 1 0 4 a x io m a . 4 4 7 p o t e n c ia l. “ 7 c ir c u n s t â n c ia s d e . 1 31 a m b itu s verborum . 2 7 6 in c o a t iv o o u in c e p t iv o an e d o ta. 4 8 0 . 78. 4 8 2 a p ê n d ic e s e a n e x o s . 7 2. 8 1 a u to b io g r a fia . 4 6 0 in t e n c i o n a l . a p ó lo g o . 37 9 . 9 0 a g r a d e c im e n t o s . 3 4 8 e x p r e s s ã o r e d u n d a n t e e. 1 1 2 e x e r c íc io s . 2 3 7 . 79. 9 2 d u r a t iv o . 2 0 3 . 3 6 4 d i s s e r t a ç ã o e. 9 9 . d iá lo g o à m a n e ir a de. S c e s s a t iv o o u c o n c l u s o . 4 9 8 . 5 1 1 33. 2 5 9 b r a n c o p a r a g r á f ic o . 8 6 . 3 8 8 . 8 0 . 3 v o c a b u lá r io . 4 1 2 122 a m b i g ü i d a d e . 2 5 3 r e s u l t a t iv o . 3 7 9 f o r m a l. 3 5 2 B argum e ntação . c a ta c re se . a c u m u la ç ã o e r e d u n d â n c ia . 3 9 0 m é t o d o ir r a d ia n t e d e . 2 3 2 . r o t e ir o p a r a . c o m p a r a ç ã o e. 3 2 7 m e tá fo ra n a tu ra l t II c a t a lo g a ç ã o . 9 1 c o n c e it o d e . 7 5 c o n s is t ê n c ia d o . 3 2 1 . 3 5 5 á r e a s e m â n t ic a . 3 3 0 in f o r m a l . 2 2 7 o p o s iç ã o e c o n tra ste s. 9 1 e x e r c íc io s . 2 7 0 a n im is m o . 3 9 0 c a m p o a s s o c ia t iv o . 9 2 fic h a d e . 3 2 7 e. 2 0 4 . v e r cau sa. 2 3 6 . 8 9 d e s c r iç ã o d e . 3 2 8 f o r m a l. p e r f e c t iv o o u im in e n t e . sem fig u ra s . 4 8 8 a p ó d o se . 9 6 ap a re n te . 381 p r a t ic a d a c o m o m e io . 77. 7 7 t e m p o e. 2 3 1 .p a d r ã o d e . 1 0 0 . 2 5 8 381 fo rm u la ç ã o d e . v o l i t i v o < d is tr ib u tiv o . 2 0 5 . 3 0 9 . 8 7 a u t o r id a d e d o t e s ip m c r . 421. Sé á re a s e m â n t ic a de. 2 9 i n d i c a ç ã o d e c i r c u n s t â n c ia s . 3 2 1 . 2 8 4 s e m e lh a n ç a t e m a e. 9 1 Índice de assuntos c a u s a t i v o o u f a c t iv o . c. 2 3 2 p e r m is s iv o . 2 8 6 c o n d iç õ e s da. 3 8 7 e x e r c íc io s . 1 1 3 o b r ig a t ó r io . 2 3 9 . 5 0 3 argu m e n to a d h o m in e m . 73. 3 1 7 206 a n a c o lu to . 3 9 0 d e c o m p o s iç ã o . 5 0 2 . 3 8 0 a n a d ip lo s e . 9 1 a m b ie n t e . 92 c o n a t iv o . 8 8 A s s o c ia ç ã o B r a s ile ir a de 410. 7 5 p la n o . e x e r c í c i o s p a r a e v ita r. 3 2 8 e le m e n to s d a. 1 2 1 . 2 0 6 d e c o n s e q ü ê n c ia . 2 8 5 d e te m p o . 3 8 1 in f o r m a l. 5 0 2 a n á l i s e li t e r á r ia d e o b r a s d e fic ç ã o . 7 8 . s e r m ã o c. 2 6 4 v a ria n t e s . v o c a b u lá r io d a . 2 0 6 d e c a u sa . 73 a m p l if i c a ç ã o . 2 0 5 v o c a b u lá r io . a b u s o d a . 2 5 9 n a p o e s i a b íb l i c a . 3 8 9 . 2 5 9 i n f e r e n t e o u p u t a t iv o . 7 8 in á b il . 3 8 5 asp e cto a c o m o d a c iv o . 2 6 2 a 2 6 6 a n á l i s e s in t á t ic a . 3*4 apódose ca tá stro fe . 4 0 7 a n o m a l i a s e m â n t ic a . 2 4 . 8 9 d e s id e r a t iv o . d e o p o s iç ã o . 3 8 1 fa ls a . 6 0 p e r íf ra s e s v e r b a is den< a le g o r ia . 4 8 1 a n t o n o m á s ia . 2 3 3 .o m ira iivo . 2 8 4 c o n t e s t a ç ã o e. 410. 105 5 2 3 . 89 efectivo. 344 catástrofe. 89 círculo vicioso. 91 conceito de. 267. 89 desiderativo. 88 Associação Brasileira de Normas Técnicas. 353 conceito de. 196. volitivo ou intencional. 330 exercícios. 105 metafórica. 267. 486 coleta de dados. 113 metafórico. 90 perífrases verbais denotadoras de. 422. 89 permissivo. 76. 75. 89 inferente ou putativo. 308 axioma. 500 clichê. 89 resultativo. 317 B biografia. 78 circunstâncias de. 112 propriamente dita. 90 iminente. 259 branco paragráfico. 482 cessação ou terminação. 330 bibliográfica. 76 de causa. 479. 80 falsa. 267 exercícios. 268. ver coerência e ênfase exercícios. 232 gramatical. 91 progressivo. 79. 446 exercícios. 81 gradação. 319 M. 347. 348 tema e. 92 durativo. 81 notória. 111. G arcia ♦ exclusão de. 288 ordem lógica e. 77. 111. 91 causativo ou facrivo. 329. 323. 81 vocabulário. 499. 80. 332 artificial e natural. 421. ver apódose causa. perfectivo ou transicional. 220 c campo associativo. 90 potencial. 287 no parágrafo e na frase. 342. 257 coerência. 80 efeiro e. 424 clareza. 91 tempo e. 234 parábola e. 78. 269 artifícios estilísticos. 428. 237. 331. 91 benefectivo. 342 decimal universal. 240. 92 obrigatório. 330. 316 circunstâncias. 429 assunto ficha de. 258 autobiografia. ênfase e. 352 analogia e. 78 indicação de> 75 exercícios. 112 metáfora natural e. 317 fim e. 78 causação. 444 citações. 197 catacrese. 488. 88 cursivo. ver pesquisa comparação. 346 catálogo ou fichário. 112 catalogação. 86 área semântica de. 331 hierarquização e. 91 incoativo ou inceptivo. 239. 99. 105 oratória. 445 cenas dramáticas. 90 motivação e. 289 unidade. 92 conativo. 90 comitativo. 77. 287 ordem espacial e. 78. 106 como obter. 344 ficha de. 343 esboço de plano e. 90 distributivo. 485. 237 causa e conseqüência. 113 clímax. 81. 87 modelos. 484. 489 classificação. 90 cessativo ou concluso. 342 decimal de Dewey. 445. 269 ordem cronológica. 82.Othon aparencial. 105. 259 autoridade do testemunho. 42 correlação. 44 subordinativas. 444. 387 confronto. 48 lógica. 81 do artigo-relatório. 52 semântica. 412 conseqüência. 340 . 83. 291 confirmação. 390 no parágrafo. 44. 72 coordenação. 436 correlação. 81 área semântica de. 385. 60 correspondência adminisirativa. exemplo de. 81. 103 concordância. 178. 42. 231 exercícios. 319 conclusão. 445 conseqüência. 445 concomitância. 43 adversativas. 331 período composto por. 231 desenvolvimento por. 510 conjunções aditivas ou aproximativas. 393 comunicação eficácia da. 290. 375. 386 contexto ad hoc . ver enredo composição. 55 contestação ou refutação. 508. 372. 299. principais gêneros. 82. 223 exercícios. ver plano contaminação sinrárica. 511 exercícios. 52 exercícios. 86 considerações gerais. 86 exercícios. 176 polissemia e. 353. 52. 493 linguagem e. 187. 81. 510 conversa dirigida. 393 comercial e bancária. paralelismo e. 299. 105 exercícios. 511 complicação.) símile. 189 condição. 51 falsa. conclusão e. 43 alternativas-concessivas. 340 coordenação. 352 confronto e. 386 concreto e abstrato. 393 não literária. 99 condicionante. 57 subordinação e. 454 conseqüência. 444. 180 exercícios.com paração (cont. 55 contaminação sintática ou. 33 conação. 303. 185. 52 relação causal e. 470 D dados. 50. falta de. 178. 42 ênfase e. 49 conjunções coordenativas e. 86 fim. 44 condicionais típicas. 364 sem paralelismo. 231 com interpolação cle diálogos. ou cruzamento. 358. 51. 43 alternativas. 179 denotação e. 493 falácias da. 52. 95 restritivas. 52 encadeam ento e. 82. fim e conclusão. 387. 43 conclusivas. 91 concisão falta de. 355. 123 assíndética. 447. 84 causa e. 97 coordenativas. 179 metaforização c. 72 conexão de idéias. 81. 385. fim e. 412 na argum entação formal. 186 palavras e. 80 relação de igualdade e. ver narração contraste. 301. 231 desenvolvimento por. 186. 357 em prosa. 188. 178 grau de generalização e. 317. 44 proporcionais. 48-9 gramatical. vocabulário. 393 cruzamento. 219 de tema colegial. 42 conotação. 316. paralelismo e. 510. ver pesquisa coleta de. 42. 175 conto. 42 explicativas. 55 de sensações. 97 ausência de. 297 do parágrafo. 253 de campo ou de laboratório. 332 semântica. 251 de processo. 154 discurso direto. 501 desenvolvimento por. 164 dentro do direto. 397. 244. . 214.216 de sinônimos. 473. 398 de personagens. 393 argumentação e. 501 definição conotativa estrutura formal da. -33 misto. 379. 178 na semântica estrutural. 380 científica. 509 dicíonário(s). 4 0 5 por analogia e comparação. 234 por confronto e contraste. 354. 371 do parágrafo. 332 requisitos da. 158 personagem e. 216. 248. 355 exercícios. 47 depoimento. 149 pontuação no. 306. 246 plano de. 376 roteiro ou plano de. 501 denotação. realista ou expressionista. 284 diálogo. 393 técnica. 253 subjetiva ou impressionista. 147 exercícios. 340 descrição de am biente (interior). 413 estrutura típica das. 232 p o r d e fin iç ã o . 167 técnica do. 153. 396 de objeto ou processo. 384 que prescinde de prova. 395 tipicamente científica. 323. 327. 331 classes de. 154. 480. 157. 216 enciclopédia e. 166. 481. 149. 243. 246 literária. ponto de vista e objetivo na. 209 uso do. 370. 502 dissertações científicas. 2 4 3 razões e conseqüências no. 249 finalidade da. 332. 507. 508. 153. 399 de objeto ou ser. 351. 147 verbos e pronomes no. 222. 164 indireto dentro do. plano-padrão de. 147. 248. 396 qualidade primeira da. 395 de paisagem. 147. 319 indução e. 313. 257 desenvolvimento. 176. 374 da idéia-núcleo. meialingüística ou lexicográfi­ ca. 153. 352 conotativa ou metafórica. 209. 208 de definições. 406 índice nas. 332 exercícios. 496 exercícios. 353. 157. 158 livre. 230. 215. características do. 195 diácope. 2>15. 178 conotação e. 353. 210. 333 analógico ou de idéias afins. 376.O thon estatísticos. 164. 208. 238 exercícios. 246 objètiva. 231. 216 popular. 209. 215. 482 desinência. 323 por c a u s a e e fe ito. 317 inexata. 165 ou semi-indireto. 154. 303 validade da. 396 desenlace ou desfecho. 149. 496 definição. 334 exercícios. 249 ordem dos detalhes na. 208 especializado ou técnico. 209. 405 como planejar e elaborar a. 240 por citação de exemplos. 210 discurso limites gramaticais do. 247 parágrafo de. 211. 332. 249 técnica. 230 G arcia ♦ 5 2 5 d o re la t ó rio . 273. 178 dependência semântica. 208 etimológico. 161 discurso indireto. 405 amostra de sumário de. 414 bibliografia nas. 215 de língua portuguesa mais recom endá­ veis. 383 declaração. 317 modus sciendi e. 334 referencial ou ostensiva. 302 dedução. 243 incorreta. 256. 373 dissertação. 413 . 169 discussão da idéia principal. 35 identificação de. 3C de situação ou entrecortada. 76 exposição. 421 duração. 11 redundante na ai expressividade n o e s t i lo de Eud: n o r m a s de. 381 fidedigno. 282 exercícios. 73 erro de acidente. 42 enciclopédia. 29. 30. 30^ exercícios. 317 incorreta. 348 fichário. 256. 203 qualidades do. do raciocínio. 42 hierarquização e.) nom enclatura das. 340. 120 em enta. 33 e feição estilística. ver aspecto eficácia da comunicação. 314 entrecho. 303. 123 defeitos a evitar. 376 incompleta. 32. 287 fluxo de consciênci frase. 263 clímax e. 33 curta modernist de arrastão. 402 encadeam ento coordenação e. 209. 334 silogística dedutiva no parágrafo. 280 clareza. 263 de frase. 284 no parágrafo. 321 de julgam ento. 433 a 511 experiência e observação. 242. 405 sumário nas. 131 complexa. 256 complicação e. 258 em imema. exercícios. características da.5 2 6 ♦ Comunicação em P rosa dissertações científicas (cont. 102 Euclides. 269. de estrutura dii de ladainha. 241. 319 natureza do. 3 entrecortada p r . 257 desfecho ou desenlace. 276 estertorante ou convulsivo. 267 ’“regrinha" da. 313. coerência c. 210 pensamento e. 35T. 301 espaços e entrelinhas. 357 estrutura sintática da frase. 30. 317 docum entação. 230 em '‘Meditações". 381 exemplos. 214 emblema. 276 gradação e. 370 e pesquisa. 282 como conseguir. 353 expressiva dos provérbios. 363 em "Medii ações". 55 enredo. 344 ênfase. 379 argum entação e. 3: de assunto. 254. 278 moderno. 340 enum eração. 178. 267. 344. 1 caótica. 347 de resumo. 316 escrever e pensar. 339. 234 exercícios. 493 feição estilística da 146 fichas bibliográficas. 39 perfeita. 298 do raciocínio dedutivo. 51. 352 divisão análise ou. 257 intriga ou. 345 fim. 30. 317. ver desenvolvimento exempfum. 492 suficiente e insu típico ou caractc validade do. 276. 267 estrutura ausente. 307 indício e. 299 do raciocínio. 355 formal da definição denotativa. 283 ordem de colocação e. 322 epanalepse. 182 da narrativa. 305 não caótica. 359 do silogismo. 284 epítese. 284 epiquirema. 128 indireto livre. 13C centopeica. 301 ensinar a. 73 exercícios. 317 evidência. 243 explicação. 373 em cadeia. 32 opositiva ou concessiva. 379 narrativa. 493 elucidário. 353 do raciocínio silogístico. 33 falácias da comunicação. 276 outros meios de conseguir. 127 prolixo. 376 M oderna imperfeita ou incompleta. 397 expressão luta pela. 423 estilo. 493 famílias de palavras faro. 489 enlace correlato. 32 brevidade da. 373 tema e assunto no. 208. 414 distinção. 312 episrrofe. 125 picadinho. 257 exposição e. 381 tipos de. i n s p i i e x p r e s s õ e s la t in a s uj fala. conseqüência < flashback. 268. 164 jornalístico. 257 estágios do. 373 entrevista. 3 inferência e. 257. 339 explanação. 33 falácias da comunicação. 186. 191 normas de. 348 de resumo. oração e. 254. 33. 45 hipérbato. 126 de arrastão. 267 sem verbo. 304 inferência c. 32 picadinha. 495 exercícios. 305 típico ou característico. 304. 347 de assunto. 132 entrecortada prejudicial. 130.O th on expressão luta pela. 345 fim. 204 expressividade no estilo de Euclides da Cunha. 214 gradação. Garcia ♦ 527 estrutura sintática e feição estilística da. 134 entrecortada. 38. 138. 331. 194. 35 in a r ric u la d a . 125 caótica. 353 identificação de. 194 “geração de 45”. 298 de ladainha. 30. 434. 132 exercícios. 137. 81. 140. 140 frase. 129 glossário. 123. 129. 319. 32 brevidade da. 29. 131 nominal. 3 8 labiríntica. 31. 30. 187 no estilo literário. 40 simples. 30. 144 período. 346. 493 feição estilística da frase. 71 fragmentária. 134. 71 expressões latinas usuais. 193. 344. 139. 381 fidedigno. 196 fato. 127. 135 parentética ou intercalada. 303. 319. 30. 209. inspiradas pela lógica. 493 famílias de palavras. 142. 124 de estrutura difícil de caracterizar. 143. 309 no método indutivo. 138 qualidades do parágrafo e da. 82 fla s h b a c k . 283 decrescente. 135. 427 F fala. 34. 304 exercícios. 131. 185. 195. 304 validade do. 348 fichário. 493 suficiente e insuficiente. 143 centopeica. 32. 127 pós-modernista. 321 I idéia (s) análogas ou afins. 30. 34 H hierarquização. 138. 38 oração subordinada e fragmento de. 231. 272 M. 123 expressividade máxima da. 311. 447 complexa. 33. 306-7 valor expressivo de. 128. 30. 33. 192. 356 nas ciências experimentais. 279 gramática e gramaticalidade. 173 redundante na amplificação. 33 soluçante. 127. 347. 42. 316 do raciocínio. 364 enfática. conseqüência e conclusão. 123 a 146 fichas bibliográficas. 77 . 186 generalização e especificação. 210 pensamento e. 447 G generalização e abstração. 299. 125. 139 gramaticalidade e inteligibilidade du. 188 no método dedutivo. 276 hipotaxe. 130. 131. 45 hipótese. 140 de situação ou de contexto. 29. 2 8 7 fluxo de consciência. 33 curta modernista. 139. 307 indício e. 111 metáfora e. 421. 382 imagem. 359 geral. 176 precisa. 402 lexema. 303 presunção e. 290 exercícios. 372 núcleo. 375 extensão da. primeiro contato com o. 241 explanação de. 312 M margens. 303 observação e. 89 J juízo de simples inspeção. 110 imantação semântica. 303 exercícios. 449 interrogação direta. 498 ignorância de causa ou questão. 219 circunstâncias e outras relações entre. 341 letter o f tran sm itta l . 320. 188. 413 indício. planejamento e desenvolvimento de. 423 listas bibliográficas. 75 como criar. 382 no parágrafo. 380 relevantes em parágrafos diferentes. 465. 59 itálico.I. 110 poética. 497 em cadeia. 340 interrupção intencional. clara e pitoresca. nos provérbios. 229 interrogatório. 303 fato e. 322 parcial ou imperfeita.528 ♦ C o m u n ic a ç ã o em Prosa idéia(s) (cont. 346 locuções verbais. 497. 337. 148. 76 central e secundária no parágrafo. 317 . 307.. 80 L leitura. 109 linguagem comunicação e.). 59. 370. subordinadas e coordenadas. 274 principal. 197 iminência. ver aspecto impertinência semântica. 110. 61 incidente. 228. discussão e desenvolvimento da. 321 dedução e. 48 casos de. 33 concreta. 428 livro. 221 no relatório. 350. 304 indução. 319. 353. 353. 272 transição e conexão de. 380 estágios progressivos da. 101 similicadência e. 366 criação. 175 linhas e batidas. desenvolvimento sem fragmenta­ ção. 381. 42. em relatórios ou artigos. 422 intelligence qaotient (I. 311. 48 relação causal e. 423 iteração. 174 intensidade dramática no período curto. 496 inferência. 306. 286 intriga. 371. 189 ideal. 89 lógica. 497 inversão. 276 Irmãos Maristas. 373 invenção de premissas.Q. 402 segundo Aristóteles. 340 Instituto Brasileiro de Bibliografia e Docu­ mentação (IBBD). 240 isocronismo. 89 inconseqüência. 61 índice. 381 justaposição. ou Q. 312. 257 introdução. 154 M od ern a indireta. 259 incoação. 321 ilustração. 496 inquérito. 148 parágrafo começado com. 321 exercícios. 422 máxima axioma e. 304 provável e improvável. 186 sistema de símbolos.) associação natural de. 496 de enum eração perfeita. 303 indício e. 464. 116. 307. 329 monografia. 256 enredo ou intriga na. 306. 509 em primeira e terceira pessoas. como tomar. 374 plano de. Garcia ♦ 5 2 9 ordem e ponto de vista na. 260. 138 de fluxo de consciência. 77. 257 novela. 64 articulação de. 141. 32 . 339. 254 M. 347 nouveau rom an . 509. 367. 264. 115 Modernismo. 138 heranças do. 244 antitética. 99. 38 “Meditações” de Gilberto Amado. 95 vocabulário da área semântica de. 32 hierarquização de. 309. 76 N narração. 497 sistemático. 376 análise das partes e plano de. 259 numeração de páginas. 256 parágrafo de. 378 m etáfora. 237 motivo. 393 de processo. 510 negação e afirmação. 114 de sentido concreto. 303 “O cajueiro" de Rubem Braga. 77. 90 observação. 192 relações reais de ordem qualitativa na. 424 normalização. 42 correlação de. advento do. 378 “O Ginásio Mineiro de Barbacena" de Dani­ el de Carvalho. 162 solilóquio e. 359 de raciocínio. 447 oração (ões) adverbiais. 143 diálogo e. 106. 101 estética ou estilística. 368 oposição concessão e. compromisso e necessidade. 306 de trabalho. 319 inferência e. 421 notas. 191. 317. posição da. 309 silogístico. 256 matéria e circunstâncias da. 98. 409 monólogo. 66 principal. 244 contigüidade na. 346. 306. 140. 49 frase. 111 pianos da. 114. 64 proposição e. 319 indutivo. 371 funções das partes de. 265 falsa coordenação de. 259 exercícios. 115. 71 principal. 142. escolha da.O th o n frase característica de. 368 inexata. 110 morta. 139 interior. 106 natural. 363. 45 justaposição de. 46. 143 principal. 104 exercícios. 319 acurada. 63. 423 O obrigação. 71 coordenação de. 327. 111 imagem e. 138 modos de saber. período e. 110 lingüística. 42 dependentes e independentes. idéia predom inante na. 503. 139. 256 epílogo da. 246. 368 variedades de. 45 deslocamento dos termos da. 111 motivações da. 370 análise das partes de. 373. 109. 48. progressão e. 466 negrito. 327 m odus sciendi. 99 tempo. 308 dedutivo. 305 de autoridade. relevância da. 107 método. 108 tropo e. 99 exercícios. 306. 305 experimental. 139 motivação e causação. 308. 301 experiência e. 327 metonímia. 138. 42 parentéticas. 65 principal. 230 como unidade de composição. 267 redação com modelos. 291 famílias de. núcleo do. 442 oratio obliqua . 97 subordinadas. 219 causa e efeito no. famílias de. 60 semântico. 47 para taxe. 290 explicativas. 176. funções das. 222 estrutura do. 251 provinciana. 112 paradoxo. K período. 319 de dissertação. 222 paralelo. 104 enlace correlato ou. 101 partícula e. 72 exercícios. 287 direta e inversa. 3 plano classificação de composiçz desenvolvime de dissertaçã de "Meditaçõ "esqueleto” d real e imagin roteiro ou es plano-padrão de argum enn de descrição passe-partout pleonasmo enfático. 186 contexto e. 481 palavra(s) abstratas e idéias confusas. 60. 55 parêntese de correção. 263 dos detalhes. phrase coupée. 261 descritivo. 201. 222 de narração. 173 sentidos das. 102 paisagem campestre. 422 parábola. pensamento e e pensar e escrevi perfil. 246. 96. composto po curto e inten frouxo ou la* híbrido. 1 . 288 gradativa. 41. 296 semântico. 219. 3 perspectiva sem. 256 espacial. 191.¥ 5 3 0 ♦ Comunicação em P rosa oração(ões) (cont. 487 paralogismo. 438. 223 justificação do. 225 principais quantidades do. 177. 178. 221. 175. 197 papel. 173. 262. 202 parágrafo. 238 extensão do. 195 famílias etimológicas de. 267 valor didático do estudo do. 283 lógica. 486 introdução. coerência e. 248 dos fatos narrados. 482 com figuras. 89. 24' personificação. desenvolvimento e conclusão no. 202 e resumo. 295 exercícios. 316. 100. 179 palavra-puxa-palavra. 182 e polissemia. 125 composto. 195 idéias e. 195 famílias ideológicas de. 260. 2 polarização. falta de. 244 exercícios. 54. falta de. 479. 4 clássico. 183 contexto e. 100 paráfrase. preparação dos. 479 tópico frasal implícito no. 247. ruptura de. 222. 42 subordinada e fragmento de frase. 4* personagem. 244 concisão do. 231 paralelismo. 53. 200. 286 rítmico e similicadência. 62 isométrico ou isocrônieo. 53. 196 formação de. 59 semântico. experiência e petição de princ círculo vicios declaração e. 57 gramatical. 62 implicações didáticas do. 491 intencional. 437. 252 desenvolvimento do tópico frasal no. 201. 60. 319 par alternativo. 261. 71. 286 partículas a partícula “pois”. 81 de transição. 357 como desenvolver o. 45 subordinadas substantivas. 101 métrico. 61 sintático. 486 parágrafo-padrão. 220. 290. polissemia. 46 subordinadas condicionais. 245 razões e conseqüências no desenvolvimento do. 147 ordem cronológica. 227 modos d e iniciar o. 289. 246. 223 omissão de dados no. 178 de referência ou transição. 350 exercícios. 250. 45 exercícios. pesquisa bibliográfica. 290. 148 oratio recta . 228 unidade. 477. 260. 220 incoerente. 52. 41 núcleo signif organização ■ posições maí tenso. 58 rítmico e sintático. 220 importância do. 480 descrição de. 473. coerência e ênfase do. 240 começado por interrogação. 42 par correlato. 419 oximoro. 135 subordinadas adjetivas. 32 agrupamento caudaloso.) subordinação de. 470 originais. 1 planejamento. 259 perifrase. 228 m o d e r n a com estrutura silogística dedutiva. 45 subordinadas. 54 falta de. 435. 481 urbana. 3 9 9 d e d u tiv o . 7 5 . 3 1 2 p e n s a m e n to e e x p re ss ã o . 3 1 3 p o la riz a ç ã o . 3 3 2 p la n o -p a d rã o ra c io c ín io . 7 3 . 3 3 c a u d a lo s o . 3 7 4 p la n o c la s s ific a ç ã o e e s b o ç o d e . 161 c lá s s ic o . 3 9 8 s in tá tic o . 3 2 . 3 1 6 . 3 4 2 e x p e r iê n c ia e. . 4 4 4 . 3 8 8 frase e. 2 4 7 p e rífra s e . 3 5 2 d e d u tiv o e c o tid ia n o . 2 4 7 . 2 2 8 . 163 n o d is c u rs o d ire to . 6 4 . 18 3 p o lis s e m ia . 4 3 5 . 6 3 . 4 2 8 p ro v é rb io s c o n s tr u ç õ e s p a fa le lís tic a s n o s . 7 2 . 3 5 6 f r o u x o o u la s s o . 4 0 . 3 3 9 p e tiç ã o d e p rin c íp io c í r c u l o v ic io s o o u . 6 9 te n s o . 3 1 2 . 3 2 n a n a rra ç ão . 3 2 n a a rg u m e n ta ç ã o fo rm a l. 73 e fic á c ia e x p re s s iv a d o s . 3 8 7 c o n s is tê n c ia . 3 5 9 ra d ic a l(is ) fa m ília e tim o ló g ic a e .38 o v e rb o nos. 65 p ro n o m e s . 1 58 p e s q u is a b ib lio g rá fic a . 3 5 6 c u rto e in te n s id a d e d ra m á tic a . 1 2 7 p la n e ja m e n to . 2 6 5 259 f ís ic o . 18 3 c o n te x to e. 7 3 . 1 9 5 . 95 s im u lta n e id a d e n a . 8 9 . 3 1 8 d e c la r a ç ã o e. in te n c io n a l. 91 c o m p o sto . re v is ã o d e . 71 p ro c e sso p o s iç õ e s m a is e n f á tic a s n o . 3 1 8 . 3 5 5 n o s d is c u rs o s d ir e to e in d ir e to . 3 9 7 . 2 7 6 p e rs p e c tiv a s e m â n tic a . 2 4 8 p e río d o . 2 8 5 p o r a n a lo g ia . 1 2 5 p o s s i b i l i d a d e e c a p a c i d a d e . 1 2 2 m e n ta l. 3 5 8 p a ss e -p c irto u t o u p l a n o . 3 5 8 c o m p o sto p o r c o o rd e n a ç ã o . 39 d e “ M e d ita ç õ e s " . 7 1 . 4 2 p ro g ressã o . 131 a te n u a d a . 381 tip o g rá fic a . 5 8 M. 41 p r e p a r a ç ã o d o s o rig in a is . 52 m a io r e in d u ç ã o . 4 4 7 p o n tu a ç ã o . 1 7 3 p e rfil. 6 3 . 2 5 6 . 2 2 7 . 11 3 p ro le p s e . 3 1 7 e n fá tic o . im p o r tâ n c ia d o . 131 e x e rc íc io s . 4 2 p re m is s a . ♦ s ilo g is m o s c o m o te s te d e . 1 0 8 ro te iro o u e sq u e m a . 7 3 e x e rc íc io s . 3 7 6 “e s q u e le to ” d e u m . 4 9 1 m é to d o s fu n d a m e n ta is d e . 3 1 9 p h rase coupéc. 6 0 p e n s a r e e sc re v e r. 1 8 2 e p o lis s e m ia . Garcia p o lis s ín d e to . 3 7 4 d e d is s e rta ç ã o . 3 5 9 s ilo g ís tic o . 74 p ro v a . 3 7 0 a 3 7 4 d e s e n v o lv im e n to d e . 3 2 9 d e c o m p o siç ã o . 5 5 o rg a n iz a ç ã o d o . 1 5 3 . m o d e lo d e . 3 1 3 p le o n a sm o fa lá c ia s d o . 4 4 6 p e rso n ag e m . 2 4 9 d e s c riç ã o d e . 3 8 1 d e d e s c riç ã o d e o b je to o u p ro c e s s o . 7 2 p re p o s iç ã o “a" e p a r a le lis m o . 15 7 . 4 4 9 m e n o r e c o n c lu sã o . 3 6 1 . 4 1 9 n ú c le o s ig n ific a tiv o d o . 95 p e rs o n ific a ç ã o . 17 5 531 p o lis s ilo g is m o . 7 1 . 3 0 1 . 3 3 . 3 0 2 p o n to d e v is ta . 3 7 5 R re a l e im a g in á rio n a m e tá fo ra .O th o n e x p lic a tiv a s . 2 6 5 a g ru p a m e n to d e o ra ç õ e s. 3 8 8 p ró ta s e . 4 9 7 h íb rid o . 1 5 7 p ro p o s iç ã o . 7 3 f r a s e c a r a c t e r í s t i c a d o s .p i l o r o . 7 6 d e a r g u m e n ta ç ã o fo rm a l. 393 técnica. 284 resolutio form alis e rcsolutio m aterialis . 284 sinédoque. 413. 395 exercícios. 472 rodapé. 105. 109. 356 como teste de raciocínio. í simploce. lógica. 117 simetria. pi vocabulário tempos verbais fundamenta . 319 acumulação e. 291 refutação ou contestação. 3 formal e ma identificação solilóquio. 312. 402 administrativo. 311 por erro de acidente. 186 intensional e extensional. 178 exercícios. 114. 117 sígno-símbolo. 459 exercícios. 311. 395. 312. 197 imantação. 502 sema. 353 completo e incompleto. 321. 3€ situações dramz sofisma. sinônimos dicionários d encadeamem sinopse. 331 psicológica. 401 técnico-científica. 129. 327. 496 símbolo. 310 tipos de. 354. 393 oficial. 322 semema. 385. 91 resumo. 284 referência bibliográfica. 409.5 3 2 ♦ Comunicação em P rosa radical(is) (cont. 428 rima. 259 roteiro para análise de obras de ficção. 53 símile. 322. 348 sumário e. 459 realce. 301 importância da. 178 Semana de Arte Moderna (1922). 353 em série. 410 redação colegial. 290. 463. 313. 409 sintagma. 503 redundância. 460 a 463. 312 falso e verdadeiro. 502. 313. falhas da. 138. 401 introdução de. 462 específico. 401. 464 sermão e argumentação. 423 subordinação coordenação enfadonha. 470 exercícios de vocabulário. 311 pontuação no. 415 repetição. * hipotaxe ou. 176 signo convencional. 220 silogismo. 311 non sequitur. fi da narrativz partículas d oposição. 398 técnico. no relatório. 345 palavras de. 412 desenvolvimento do. 311. 1 stream o f consá sublinhas. 407 maneira de resumo e. 138 semântica semantema. 262 a 266 M oderna tema e. 353. 385 significado. 314. 61 recomendações. í tempo aspecto e. 332 sensações cruzam ento de. dramático. 177. 313. 310. 414. 290. 177. 185 geral. 314 exercícios. 197 semelhança. 200 literária. 306 resultado. 109 dependência. 120 lingüístico e não-lingüístico. 319 tema e assunte exercícios. núcleo do. 313 dedutivo. 270 estilística ou retórica. 176 significante. 414. 47 constelação. 473 revisão. 355. 401 abertura e fecho do. 185 geral e abstração. 309. 117 signum sectionis. 297 reduplicaçao. relação de c exercícios. 414 referências bibliográficas em. 402. 386 relatório. omissãt sumário. 469 a 471 sentido afetivo ou conotativo. 42 síntese. plano-padrão de. 424 romance. 4 suspense.) latinos e gregos. 411 espécies de. 109 semiologia. 416 roteiro. 181 referencial ou denotativo. 403 anual. 404 apêndices e anexos do. 394. 344. 278 realismo mágico. 4 sujeito. 401 técnico. 409 ficha de. 391. 414 exercícios. 287 tautologia. 411 “recomendações” em. 77 causalidade i relações de < sinestesia. 10f similicadência. 393. 179 afinidades de. 291 transição ou. 321 termo médio no. 425 obras de. 95 oposição. 139 dramático. 45 lógica. 423 expressões latinas usuais. 225 explícito. 258 partículas denotadoras de. 383 falho. 284 sinédoque. 423 papel. 502. 138. 484 translatio. 425 sublinhas. 270 generalização e. 423 no parágrafo. 243 diferenres feições do. 229 no fim do parágrafo. 291 exercícios. 269 como conseguir. 51. 50. 106 similicadência. 268. 317 identificação de. 407 maneira de fazer. 377 desenvolvimento do. 316 formal e material. 340 autorizado. 216 encadeam ento de. 353 subtópico e. 473. 436 sujeito. 111 travessão. 424 numeração de páginas. 140.O th o n • simetria. 422 notas de rodapé. 52. 444. 383 títulos e subtítulos. 142 sublinhas. 423. 308. 229 exercícios. progressão e. 95 vocabulário da área semântica de. 162. 66 enfadonha. negrito e versai. 422 citações. 77 causalidade na. 161. 222 transição coerência e. 222. 163 tropo. 232. T tautologia. 107. 59 simploce. 409 sintagma. 442 hipotaxe ou. G arcia ♦ tonalidades aspectuais dos. 319 tema e assunto. 503 tempo aspecto e. 290. 409. 311. 139. 423 listas bibliográficas. 87 M. 258 sofisma. 264. 270 exercícios. 422 referências bibliográficas. 364 exercícios. 423 títulos e subtítulos. 228. 470 sinônimos dicionários de. 88 da narrativa. 364 exercícios. 364 tópico frasal. 144. 373 533 . 42 síntese. 223. 385 acadêmica. 114. omissão de. 258. 424 linhas e batidas. 224. 42. 287 314. 105. 408 resumo e. 114 relações de ordem quantitativa na. 46 relação de desigualdade e. 327. 229. 473 tópico. 290 partículas de. 116 sinestesia. 445 suspense. 363 situações dramáticas. 96 tempos verbais. 428 margens. 267. 406 testemunho. 223 implícito ou diluído. 427 itálico. 87. 423 subordinação coordenação. 92 tese. 494 solilóquio. 331 psicológica. 206 sinopse. 482 topic sentence. 53 símile. 373. 487 uniformização datiiográfica. 484 entre idéias. 87 a 94 fundamentais. 423 urdidura. 141 stream o f consciousness. 111 U unidade. 295 sumário. 424 espaços de entrelinhas. 198 por áreas semânticas. Amado. 181. Ciro dos. 253. 209 geral e específico. 185. 471 nível mental e. 206. Alonso. 4 Albalat. 153 tempos dos. Conrad. 460 tipos de. 460 redação e. Anjos. 90 índice o Adonias Filho. 214 importância do. 161. 201 pobreza dc. Said. Antônio de Ca Amado. 160. Manuel Ant 251. 149. Tomás de. 209. 451 das sensações. 161 funções do. 150. 171 a 184 amplificação e. 175 mediocrizado. 151 omissão do. 306 Assis. José de. 49. Machad 126. Julius. Jorge. 200. 190. 38. S Aranha. 161 separação do. 150 Almeida. 161 versai. 483 Almeida. Carlos Drui 114. 183 Alencar. 87 a 94 verbo dicendi ou de elocução anteposição do. Matias. 91 declarandi. 140. J. 47 286 Aliais. 151 posição do. 510 Associação Brasilein 405.5 3 4 ♦ Comunicação em P rosa V verbo(s) auxiliar aspectual. 407. dicendi. 203 ativo e passivo. 213 149. 100. 451. 133. 451. 41 428 . Antoine. 1* 440. * Arisróteles. 199 exercícios. 147. 27! Ali. 479 Aiken. 151 nos discursos direto e indireto. Guilherme ■ Almeida. Gilberto. E Graça. 195. 199 dicionário e. 251 Alves. sentiendi. 149. 22 Andrade. 406. 158. M. 148. 174 paráfrase e. 143 Aires. Gérard. 200 concreto e abstrato. Goulart de. 77 Aquino. 252. 49. Oswald de. M. 493. Renato de. 174. J. Andrade. 460 volição. 424 vocabulário. Antoine. M oderna como enriquecer o. José Améri< Almeida. 13< Amado. 451 glossário ou elucidário ou. 1! Andrade. Júlia Lopes Almeida. 153. Alphonse. 199. 460 de leitura e de contato. 47 Apresjan. 161 Almeida. Guilherme de. 318. 288. 153. 52. 421. 158. 448 Bokermann. 83. 49. Honoré de. 425 Bar-Hillel. 257 Bechara. 275. 92. 114. 284. 410. 43. J. 94. 476 Azevedo Filho. 182 Barreto. 231. 234. ' 126. 405. 433 Barreto. 150 Almeida. 161. 232. 457. 510 Andrade. 183 Alencar. 125. 63. Goulart de. 215 Azevedo. 1.. 126. 249. 95. 285 Barroso. E F. 374 Assis. 253. 47 Apresjan. 286 Aliais. 246. 428 Àtaíde. 190. 133. 148. 49. 38. Rui. 482. Caldas. 306 Aranha. 121 Bopp. Carlos Drummond de. 286. 252. Antoine. 133. 186 Bergson. 238. Antônio de Castro. Mário. 7. Ciro dos. Evanildo. 43. 483 Aristóteles. Julius. 488 Bonifácio. 216 Bocaiúva. 126. José. 149. 149. 115. 226. 30. Roland. 473 Amado. 283. Renato de.índice onomástico A Adonias Filho. 479 Aiken. 132. de Lima. 83. Alceu de Amoroso Aulete. . 314. 284. 250. 89. 205. 510 Associação Brasileira de Normas Técnicas. Oswald de. 232. 472 Andrade. Quintino. 406. Olavo. 490. Fernando de. Santos. 215. 74. 102. José Américo de. Machado de. 73. 7. Raul. A. 201 Azevedo. 152 Antoine. 47. 286. J. 232 Barreto. Gérard. 100. Tomás de. 212. 212. 456 Barthes. 163 Andrade. H. Francis. Lima. 126. 6. 376. 248. 251 Balzac. 147. 113 121. 440. 478 Almeida. Arthur. 169. P Graça. 251. 484. 133. 143 Aires. 77 Aquino. 422. 150. Manuel. 60. 63. 377. 153. Julia Lopes de. 65. Leodegário de. 223. 440. 490 Albalat. 226. 167. Amado. 190. 176. 277. 227. 108. 251 Alves. 491 Bentham. Conrad. 134. Yeoshua. 489. 285. v. 91. 441 Ali. 190. 472 Amado. Matias. 433. 457 Almeida. 121. Werner C. 408. 225. Alphonse.52. 480 Azevedo. 493. 279. 33. 306. 183 Bilac. 61. 29. Santo. 161. Henri. 230. 161. 233. 161 Bandeira. Manuel Antônio de. 397 Bolívar. Fausto. 154. 308 Bally. 134 Alonso. M. 373. 483 Almeida. 121. 480 Barbosa. 409. 407. 164. José de. J. Charles. 103 Bernardes. 216 B Bacon. Simón. Tristão de. M. Gilberto. 181. 136. 249. Aluísio de. 126 Anjos. Said. Manuel. 480. 456 Bivar. A. 109. Gustavo. 61. 344.. Jorge. 49. 327 Coutinho.y 536 ♦ C o m u n ic a ç ã o em P r o sa Braga. 240 Cousin. Cari G. 142.. 40. 472 Costa. Jacinto Prado. 108. 59. 119. 380. 176. Cândido de. 73.. A. 178. Jean. 263. 143 Ferreira. Noam. 204. Bernardo. 180. 339 Herculano. 285 Garcia. 479 Cruls. 93. 204 Dewey. Marcel. J. 160. Cláudio. Branco. E Lázaro. 152 Corção. J. 119 Galvâo. Cláudia Amorim. A. 505 Cuvillier. Antônio. Robert. Jackson de. 475 Galeno. Jr. 371 a 375. 215 Courault. 141 426. 117 Coelho. 150. Caio Júlio. 161. Rubem. 140. 43. 2 Gurrey. 206. 40 Cunha. 175 Cal.. 227 Descartes. 204. 37. 155. 456. Aldous. 342. 428 Humphrey. 191. Raimundo. H.. 442. Assis. 94. J. de. 112 Farias Brito. 167. 117 Chomsky. 133. G. Camilo Casteio Camões. Gérard. 95. 113 Gaum. Lúcio. 93. 117. Daniel de. 344 Carreter. 493 Campos. Othon M. Julio. 100.. Afrânio. ! Hegel. 308. 109 Callado. Rui. Themistocles Brandão. 176 Camilo. Umberto. M. 210. F. Joan Garcia < Guimarães. António. 84. 143 Brügmann. Sigmund. 128. 32. 269 Dourado. 174. Matoso. Coutinho. 446. Laudelino. Rui Ribeiro. 90. 339 Gray. 224. 281. 483 Couto. 215 Figueiredo.. 212 Castilho. 40. Gastão. 139. 165. 414 Garcia.. R. 90. 116. 121. Alexandre. Paulo Mendes. 433. Karl. Melvil. 95 Brasil. 463 M o d ern a Cunha. Celso. F. 33. O tto Maria. W. 40. Jesus Belo. 439 Diégues. 303 D Darwin. 368 Casares. 249 Greimas. 92. 178. 177. Graham. 231 Faulkner. Neto. 215 Figueiredo. M. 151. 244. 481 Cony. R. 456 Cohen. 252. 61 Cohen. 93. Victor. 73. 397 Genette. von. 7. 314. 347 Correia. Hume. Charles. 141. Charles Robert.. Conan. 215 Freud. 317 Evangelhos. 143 Doyle. Ernesto Guerra da. 143 Câmara Jr. 481. 169. Homero.. 158 Brandão. Luis. 251. 34. 73. 92. A. 91 Greene. Homem.. Belmiro. 38 Freire. 270. 100 Gorrell.. 72. 333 Du Cange. 214 Duchiez. 462 Cruz e Souza. Amando. Aurélio Buarque de Holanda. 474 Flaubert. 126. 471. Luís de. 258. Jean. 84. Gonçalves. João de. 102. 40 Comte. 193. 174. 164. M anuel. 258 Guilhade. 474 Cavalcanti. Camilo Castelo. Celso. 182 Carpeaux. Eugênio. Marco Túlio. 503 Condé. Luís de. W. 141 Carnap. Nelson. 231 Cavalcanti. 122. 186 Demóstenes. 177. Euclides da. Agenor. 39. G. 174 Hipócrates.. 484. A. Auguste. 115 Carvalho. 90. 33. 491 Herder. 226. Karl. José da. Gracio. 90 Bühler. 457 Braga. 216 Fontes. 185. 249. Carlos Heitor. 100. 249. 253. 196. 168. 182 Furtado. 428 Dias. 35. 181. 53.. v. David. 149. 107. 1. 510 Branco. 37. 182 F Hayakawa. F. 381 Deus. 339 Huxley. 41 Cardoso. 182. 340 Eco. 481 Houaiss. René. Roger. Gustave. José. Waldomiro Autran. 2 Gomes. 480 Francis. Rcbert M. A. 141. 58 Cícero. 475 Coelho. 122. 257 Frys. 479. 249 Dubois. 481 Couto de M agalhães. 141 . S. Victor. 13! Hugo. 314 Euclides. 249 Fonseca. 270 Gôngora. 198. 214. 84. 164. Gustavo. 328 César. William. 110 Marques. James. C. Aldous. 286. E Costa. da Rocha. 428 Humphrey. 339 Herculano. 101. 121 Leal. Franz. 225 Mallarmé. 114.. Monteiro. Henriques. 205. 434 Machado.. Robert. 257 Gomes. 339 M I Instituto Brasileiro de Bibliografia e Docu­ mentação (IBBD). 281. Xavier. 251 Lima. 40. 165. 114. 277.. 130. R C. 114 La Rochefoucauld. 131. 314. I. 85. 125. 456 K Kafka. O.aird. 257 Kierzek. 141. 270. Oswaldino.. 100 Gorrell. 91. 349 Konrad. 112 Maupassant. 244 Jespersen. B. J. Carlos de. 274. 182 Hegel. J. 101 Latino Coelho.. 105. Stéphane. Gérard. 127 Magne. G.. 340 Jakobson.. José Agostinho de. 258 Guilhade. André.. David. 491 Locke. 317. 53. Raimundo. G. 182 Martins Filho. 141 Hugo. 38. Graham. 424. 141. 122. Charles. 149. 174 Hipocrates. 43. 117. 126. 150. 434 Lobato. G arcia ♦ 5 3 7 L Laet. Jean de. 150 Marques. 106. 225. 332 Lapa. 174.O thon Gaum. J. 52. 10. Robert M. 242. 110. J. 399 Martins. Eugênio. 289. 67. Heinrinch. Victor. Cândido. 489 Mário Filho. 32. 275. 149 Joyce.. 235 Lins. 480 Maritain. 306. 258 Lewis. 257 Jucá Filho. 249 G reim as. 182 H Hayakawa. Clarice. 279 Júlia. 314. 164. 198 Machado. 330 Gracio. 192 Hume. 100. E. 113. 330 Lalange. 296 Maricá. Joan Garcia de. 484. Norman. M. 491 Lispector. 103. 258 Gurrey. 139. M arguerite. 109 Macedo. 397 Genette. 433. Homero. 47. 1 6 9 Lisboa. 270 Gôngora. M. Rodrigues. Alexandre. 106. 139. 426. 483 Lausberg. Marquês de. 86. Charlton. 316 Lida. 422 J Jagot. 34. 187. 143. 220 . Augusto. 347 Lips. 421. Luis de. 143. 110.ahr. 321 Marouzeau. 456 Homem. André. 73. L. Roman. 164. Alceu de Amoroso. E. Rodrigues. von. 481 Houaiss. 125 Lessa. N. 309. A. Jacques. Rui. 243. Francisca. Antonio de Alcântara. 447. S. 398 Mateus. 131 Lewis.. 339 Huxley. II. 216. Guy de. 90. 139.. Antônio. 73. 339 Gray. John M. 119. Guilherme. Hedwig. 232 La Fontaine. 189 Lobo. 491 Herder. John. 249 McLaughlin. 422. 477 Martinet. 434 Lima. Luis. Aníbal M. 133. Carl G. Alvaro. Pedro. 162. 141 M. Cecil Day. 100. 343 L. Jules. Brian K. 284 Marques. 115. 181. João Francisco. Bernardo. W. 91 Greene. 201 Guimarães. 321 I. 174 Liard. Otto. 118. 196. 227. 395. 490 M o d e r n a Portella. 184 Read. Cassia no. Eduardo. 439. 251 Robbe-Grillet. 168. 215. Todorov. 481 Silveira. João Luís. 350. 43. K. Antônio. 40 Polti. Hênio. Serrano. 52. 39. 175. Ferdinand de. Alben. 510 Sá-Cameiro. 17 Steel. Josué. José. José Lins do. Alexandre. 131 Paul. 140. 481 Queiroz. 137. 236 Guilher-Couch. Jônatas. 274. 161. Eduardo. 126. João Cabral de. Eric M. 110 N Nabuco.. 483 Monteiro. J. Cleôfano Lopes de. 149. 189 Oliveira. 449 Rego. 257 Romero. Graciliano. Benedicto. 233. Álvaro. J. 159. Paul. Augusto. 42. 427 Norberto. 151. 160 Plauto. Matos. J. 93. 132. 274 Mornet. 457 Mill. 176 Richter. 84 Richards. 108. Leyla. 253. . 215 Moreira. 381. 347. 174. Antônio. 457 R Rabelais. Antenor. 480 Rónai. I. 426 Ney. 341. 149. João. 350 Murray. Mário de. 138. Theobaldo Miranda. 257 Pessoa. Carlos. 101. Marques (Edy Dias da Cruz). 484 Ribeiro. 167. Raul.. 175. 231 Monteio. C. 160. 246. H arriet Bee Suberville. J.. Júlio. 176 Oiricica. 164 Ramos. 257 Queirós. 21 Stanford-Binet. 113. 190. 161. 484 Propp. 251. Fr Spitzer. Antoine. Fl de. 187 Quintana. Clóvis. 11 Stendhal. 7 Taunay. 309. Sílvio. Trainor. François. 110. 166. 109. Eça de. A Silva. Paulo. 127. Padre. Jaim e de. Souza da: Simenon. 167. 173 Schefer. 90 Meireles.. Ernesto Carneiro. Joel. 247. 250. Georges. 488 Reverdy. 276 Ribeiro. 141. Serrão. José Carlos. 249. 241 Nascentes. Rachel de. 161 Stowe. Arthur. 162. 339 Silva. Joaquim. 479. 216 Rousseau. 160 Santa Rosa. Gertrude. Júlio. 178 Mont’Alvernc. Elise. Afrânio.. Alain. Mário. 221. 161. 159 Penteado. Hermann. R. 175 Schaff. 387 Perrone-Moisés. 141. 258 Pompéia. Middleton. 161 Melo Neto. L A. 133 Platão. L. 20 Teófilo. 235. 474. Rebe 449 Silveira. A. 40 Sales. 41. 228 Queiroz.. 181 Mendonça. Joaquim. Margaret. 160. Dinah Silveira de. 13. 183. Stein. 185 Roquete. 214 Santos. Oswaldo Frota. 39. 107 Peixoto. 129 Passos. M. Augusto Séguier. 258 Proust. 141. Whitaker. 286 Ricardo. 457 Sand. 165 Ramos. 214. 75. Herbert. 456 Pena. 236 Oliveira. 139. George. 40. 352. Cecília. 236. 184. 59. Marcel.1 538 ♦ C o m u n i c a ç ã o em P r o s a Meillet. George. 43. Sousa. Joel. Alfredo d l Tavares. Fernando. 471. 261 Quental. 84. 448 Norgaard. 2 Thibaudet. Jean. Rodolfo. Lúcio de. 404 Nogueira. 249. Guerreiro. 161. 110 Rebelo. Cornélio. 441. 317 Sabino. 394. 478 Meyer. 433 Prado. Francis X. 328 Pimenta. 327 Saussure. 478. Vladimir. Adam. 128. 168 Moraes Silva. Stuart. Jean-Loui: Schmidt. 283. 260. 39. 396 O Ogden. Jean-Jacques. Daniel. 74. J. Tzvetan. Fernão Mendes. 110 Ribeiro. Luís de. 216. Antero de. 349 Pinto. 153. Jean-Louis. 159. H arriet Beecher. Jaim c de. 67. Stephen. 188. 39. Paul. 161 Vitorino. 100. 319 Vianna Filho. 151. 60. 110. 117 Zagury. 59.. 139. 249 . 29. Érico. 176 Vera. 232. 240 Verlaine. Luís. René. e Wavren. 180 Stendhal. Eliane. 174 Woolf. l 70. 100 Vendrycs. Virginia. 288 Serrão. 221 Thibaudet. 115 Wemeck. Joel. 65. J. Adam.Schaff. 77. Paul. 249 Sousa. 216 T W Taunay. Antônio. 483 Wilfred. 194.. 69. Jônatas. 258 Suberville. 160. 347 Veríssimo. 73 Spitzer. Alfredo d ’Escragnolle. Tzvetan. Francis X. Gertrade. 211.. 212. Jean. 173 Schefer. 475 Séguier. 225. 231. 128. Hênio. 206. 283. 216 Serrano. 390. Joel. 483 Tavares. Lope de. Pe. 261. 164. 68. Eduardo. 181 Várzea. 95. 106 Zola. 141. 449 Silveira. 165 Todorov. 182. A. Eric M. Funk. 339 Silva. Luís de. 94. 73. Mário Gonçalves. 239. 88. 232 Viana. 93. 216 Stanford-Binet. 143 Z U Ullmann. 258 Trainor. 402 Silva. 174 Steel. 162. 491 Vigny. Rodolfo. 262. 132. Émile.. 3 4 l Teófilo. 193. Alfred de. Benedicto. 197 Simenon. 32. 61. 236. 481 Silveira. L. Austern. Armando Asti. 286. 460 Vasconcelos.. Virgílio. 161 Wellek. 92. 489. Augusto Frederico. HO Schmidt. Frei. Carlos. George. Francisco de. 152. 448. 73. 60. Souza da. 220 V Vãléry. 100 Vieira. 59. 71. Eugênio. Rebelo da. 397 Stein. 74. 35. Albert. 161 Stowe. 74. 101 Vega. 257.


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