ARRITMIAS CARDÍACASJOSÉ LUÍS DA COSTA PINTO BRANDÃO SERVIÇO DE CUIDADOS INTENSIVOS Arritmias Cardíacas Uma arritmia cardíaca é uma anormalidade na frequência, na regularidade ou na origem do impulso cardíaco, ou uma alteração na sua condução causando uma sequência anormal da activação miocárdica. O Sistema de Condução Cardíaco Nó sinusal Nó auriculoventricular Sistema His-Purkinje P R T NS NAV Q S PRi HEINISCH, RH Exames para o diagnóstico das arritmias Eletrocardiograma Deve ser feito durante os sintomas de uma potencial arritmia Pode identificar arritmias e bloqueios cardíacos As arritmias frequentemente são paroxísticas e o ECG fora da crise pode ser normal O ECG pode não detectar a arritmia, mas sugerir a sua origem por: Presença de via anómala Sinais incipientes de toxicidade medicamentosa Prolongamento do QT por antiarrítmicos Prova de esforço A principal indicação é evidenciar isquemia no esforço Permite a identificação de arritmias induzidas pelo esforço Também para avaliar o prognóstico de uma arritmia . A não acentuação da arritmia pelo esforço é um sinal de bom prognóstico Holter Gravação do ritmo cardíaco por 24/48h 2 a 3 derivações Permite análise contínua do ritmo cardíaco Detecta episódios de isquemia miocárdica Monitor de Eventos Permite registo de arritmias sintomáticas por tempo longo O paciente aciona o gravador no momento do evento Tilt Test “Head up Tilt table test”, Tilt teste ou Teste de inclinação ortostática passiva Consiste em inclinar o paciente em um ângulo definido, com a cabeça para cima Diagnóstico de síncope vasovagal Resposta clássica na síncope vasovagal Queda abrupta na P.A. e FC Tilt Test FUNDAMENTOS Indivíduos susceptíveis apresentam comprometimento dos mecanismos compensatórios do controle da pressão arterial a nível de microcirculação, favorecendo o desencadeamento de hipotensão e bradicardia neuromediadas ao longo da exposição ao stress postural. Tilt Test PROTOCOLO Medida da PA e FC de minuto em minuto Paciente deitado por 10min. Mesa inclinada a 800 ( head up legs down) por 60 min. O teste pode ser potencializado por nitroglicerina ou isoproterenol Síncope A ANAMNESE e o exame físico são fundamentais para o diagnóstico Podem não contribuir para identificar a causa Cardiovasculares Causas mais comuns Vasovagal- a causa mais comum de síncope Bradiarritmias Taquiarritmias Psicogénica Neurológica Síncope vasovagal Causa mais comum de síncope Factores precipitantes dor trauma ficar muito tempo em pé A estimulação vagal ocasiona hipotensão e bradicardia tontura, náusea, zumbido palidez visão turva síncope - olhos abertos com pupilas dilatadas Estudo Electrofisiológico Consiste na colocação de eléctrodos intracardíacos para registo e estimulação eléctrica para diagnóstico e tratamento de arritmias Principais indicações Taquicardia supraventricular Taquicardia ventricular Bloqueios A/V Síncope de causa desconhecida Ritmo Sinusal ° Diagnóstico Eletrocardiográfico Ondas P precedendo cada QRS Ritmo regular (intervalos regulares entre os QRS) Frequência entre 60 e 100 bpm Taquicardia Sinusal Fisiológica Infância, Exercício, Ansiedade, Emoções Farmacológica Atropina, Adrenalina, β agonistas Café, Fumo, Álcool Patológica Choque, Infecções, Anemia, Hipertiroidismo, Insuficiência Cardíaca Taquicardia Sinusal Diagnóstico Clínico Palpitações Associada à causa desencadeante Início e término não abruptos Exame físico Taquicardia Taquicardia Sinusal Diagnóstico Electrocardiográfico Frequência acima de 100 bpm Ritmo regular Bradicardia Sinusal Fisiológica Atletas Qualquer pessoa durante o sono Morfina β bloqueadores Estimulação vagal pelo vômito Hipotiroidismo Hipotermia Fase aguda do EAM inferior Farmacológica Patológica Bradicardia Sinusal Diagnóstico Clínico Geralmente assintomática Quando acentuada pode causar tonturas e síncope Exame físico Bradicardia A FC aumenta com o exercício Bradicardia Sinusal Diagnóstico Eletrocardiográfico Frequência cardíaca abaixo de 60bpm Ritmo regular Arritmia Sinusal Geralmente tem relação com a respiração Arritmia sinusal respiratória Comum em crianças Não necessita tratamento Mais raramente pode não ter relação com a respiração Pode ser manifestação de Doença Degenerativa do Nó Sinusal Extrassístoles Batimentos precoces que se originam fora do marca passo sinusal Manifestações clínicas Assintomáticas Palpitações Sístole prematura geralmente sem onda de pulso Pausa prolongada pós extrassístole Exame físico A origem das extrassístoles só pode ser identificada pelo ECG Taquicardia Supraventricular O mecanismo é a reentrada nodal iniciada por uma extrassistole atrial / juncional com condução AV prolongada, representada no ECG por um PR longo Ocorre em pessoas normais e em diversas cardiopatias É freqüente em pacientes com Síndrome de Wolff Parkinson White Wolff Parkinson White Síndrome de Wolff Parkinson White Taquicardia Supraventricular Assintomáticos no intervalo das crises Crises abruptas, duração variável Exame físico FC alta, acima de 160 bpm. Ritmo regular Isquemia cardíaca Enfarte do Miocárdio Edema agudo de pulmão Repercussões dependem da FC e do miocárdio Tratamento da Taquicardia Supraventricular TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR MANOBRA VAGAL ADENOSINA 6MG EV BOLUS ADENOSINA 12MG ( 2MIN +12mg) EV BAIXO DÉBITO CARDIOVERSÃO ELÉTRICA SINCRONIZADA 100J Fibrilação auricular É muito comum Etiologia Valvulopatia mitral Cardiopatia isquémica Tireotoxicose Pode ocorrer em pessoas normais As aurículas despolarizam-se 400 a 700 vezes/minuto, como conseqüências: Perda da contração auricular (DC ⇓ 20%) Formação de trombos auriculares ⇒ embolias sistêmicas e pulmonares Fibrilação auricular Diagnóstico clínico Palpitações Assintomático Exame físico Ritmo cardíaco irregular FC variável Déficit de pulso (depende da FC) Fibrilação Auricular Diagnóstico Eletrocardiográfico Ausência da onda P Espaços R-R variáveis QRS normal Características da Fibrilação Auricular DETECÇÃO INICIAL PAROXÍSTICA Resolução espontânea (geralmente < de 24 horas) PERSISTENTE (Sem resolução espontânea) PERMANENTE* *CARDIOVERSÃO MAL CARDIOVERSÃO SUCEDIDA OU NÃO REALIZADA Princípios do Tratamento da Fibrilação Auricular Arritmia embolígena O uso contínuo de anticoagulantes é obrigatório Só tentar reversão após anticoagular por 40 dias A reversão da arritmia pode deslocar um trombo Nas primeiras horas (24-48) de instalação da arritmia o risco embolígeno é pequeno Pode-se reverter FA aguda sem anticoagular previamente Na dúvida se FA é aguda → CONSIDERÁ-LA CRÓNICA Taquicardia Ventricular É a ocorrência de 3 ou mais batimentos de origem ventricular com frequência acima de 100 bpm. Geralmente está associada a cardiopatias graves Manifestações clínicas A repercussão irá depender da disfunção miocárdica pré existente e da frequência ventricular Pode levar a Fibrilação Ventricular Exame físico Ritmo regular ou discretamente irregular Taquicardia Ventricular Diagnóstico Eletrocardiográfico FC: ⇑ 100 e ⇓ 220 bpm Ritmo: regular ou discretamente irregular Ondas P : Com FC alta não são visiveis Quando presentes não tem relação com o QRS Tratamento da Taquicardia Ventricular TAQUICARDIA VENTRICULAR PACIENTE INSTÁVEL PACIENTE ESTÁVEL CARDIOVERSÃO ELÉCTRICA SINCRONIZADA AMIODARONA 150 IV EM BOLUS EM 10 MINUTOS Fibrilação Ventricular FV fina A atividade contráctil cessa O débito cardíaco é zero, não há pulso, nem batimento cardíaco ⇒PARAGEM CARDÍACA No ECG temos um ritmo irregular, sem ondas P, QRS ou T FV grosseira Tratamento da Fibrilação Ventricular O tratamento é a desfibrilação eléctrica A sobrevida depende da precocidade da desfibrilação Cada minuto de demora em desfibrilar equivale a perda de 10% da chance de reverter ( e de sobrevida do paciente) Há necessidade da disseminação de desfibriladores automáticos Desfibriladores Externos Automáticos